Corpo social: relação entre o poder e as práticas médicas francesas

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Corpo social: relação entre o poder e as práticas médicas francesas do
século XVIII e XIX em Michel Foucault
Rita Márcia Amparo Macedo*
* é aluna de Filosofia da Universidade Estadual de Feira de Santana
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As discussões a respeito das semelhanças e dissensões entre realidade e aparência não
configuram, definitivamente, uma questão recente na história. A filosofia, como se
concebe atualmente, ainda se firmava quando os diálogos clássicos já traziam à baila as
discussões sobre as fronteiras, ora tênues ora robustas, entre ser e parecer.
A criação da medicina social na França foi objeto de estudo do filósofo francês, Michel
Foucault. A formação de uma nova sociedade com base no capitalismo e a criação de
uma medicina social são, na visão do filósofo, pontos de contradição que permitem
observar minuciosamente como e por que esse modelo de medicina preventiva e curativa
acontece em fins do século XVIII, o qual tem como suporte a urbanização e consiste em
analisar e avaliar o espaço urbano e tudo que pode provocar doenças. As práticas
médicas francesas dos séculos XVIII e XIX revelam o surgimento de um paradoxo: como
e por que em uma sociedade capitalista que se forma com toda força, a medicina caminha
para o lado contrário? Deixa de ser uma medicina curativa e parte para uma medicina
preventiva e curativa? A partir desse contexto, surge o corpo social, também objeto de
análise, que traz a questão do poder vinculada às condições econômicas e políticas,
fazendo com que o filósofo se debruce sobre a microfísica dos poderes que atuam sobre
ele, configurando o interesse pela situação do homem e da saúde relacionada aos
grupos. Cuidar dos espaços urbanos, tendo como finalidade sanear os espaços públicos,
tendo como preocupação a circulação do ar e das águas, fiscalizar os prédios públicos e
higienizar os espaços coletivos foram medidas que fizeram parte do controle estabelecido
sobre as pessoas que formavam o corpo social, como critérios de prioridades nesse novo
modelo de medicina que ali se instaurava. Foucault faz referência ao controle dos
mecanismos e efeitos, levando em consideração o modo como se estrutura o poder de
forma global na sociedade francesa. A estrutura do poder utilizada no “Corpo Social”
estabelece uma relação com as práticas empregadas para mapear o corpo da população
a propósito da qualidade das condições de saúde e das relações de força existentes
dentro desse novo sistema social.
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