UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA LEONARDO JOSÉ AMADOR SALAS MALDONADO CARACTERIZAÇÃO DE MATERIAIS MAGNÉTICOS A BAIXO CUSTO APLICADA À OBTENÇÃO DOS PARÂMETROS DE UM DISPOSITIVO ELETROMAGNÉTICO JOINVILLE 2015 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA LEONARDO JOSÉ AMADOR SALAS MALDONADO CARACTERIZAÇÃO DE MATERIAIS MAGNÉTICOS A BAIXO CUSTO APLICADA À OBTENÇÃO DOS PARÂMETROS DE UM DISPOSITIVO ELETROMAGNÉTICO Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica do Centro de Ciências Tecnológicas da Universidade do Estado de Santa Catarina, para a obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Elétrica. Orientador: Prof. Dr. Antônio F. L. Nogueira Coorientador: de A. B. Filho JOINVILLE 2015 Prof. Dr. Adalberto CARACTERIZAÇÃO DE MATERIAIS MAGNÉTICOS A BAIXO CUSTO APLICADA À OBTENÇÃO DOS PARÂMETROS DE UM DISPOSITIVO ELETROMAGNÉTICO" " por Leonardo José Amador Salas Maldonado Esta Dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Elétrica e aprovado em sua forma nal pelo PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA DO CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARTINA Prof. Dr. Antônio F. L. Nogueira CCT/UDESC (Orientador/presidente) Banca Examinadora: Joinville, 27 de fevereiro de 2015. Prof. Dr. Ademir Nied CCT/UDESC Prof. Dr. Mauricio V. F. da Luz. UFSC Prof. Dr. José de Oliveira CCT/UDESC (Suplente) À minha esposa, Sttela Maris, pelo apoio e compreensão. Aos meus lhos, Alessandra, Fernando e Leonardo Vinicius, por alegrarem a minha vida. Às minhas famílias, chilena e brasileira. Aos meus saudosos pais, Liliana e Evaristo. AGRADECIMENTOS A realização deste trabalho foi possível graças à cooperação de várias pessoas que se dedicaram ao longo do progresso desta contribuição cientíca. Gostaria de agradecer a todos que contribuíram para o desenvolvimento desta dissertação, em especial: à minha esposa, Sttela Maris, por sua ajuda na escrita e revisão ortográca e por seu apoio e carinho; ao meu orientador, o doutor Antônio Flavio Licarião Nogueira, por sua orientação e material didático, primordiais para evolução deste trabalho. Obrigado por sua dedicação e motivação; ao meu coorientador, o mestre Adalberto de Araújo Barreto Filho, por suas valiosas sugestões e material bibliográco; ao meu ex-aluno, Gabriel Hermann Negri, pelo auxílio com os códigos em Lua; ao meu ex-aluno, Arthur Garcia Bartsch, pela digitação e sugestões. A Lebre e a Tartaruga mostra a im- portância da perseverança, uma história contada por Esopo, fabulista grego do século VII AC, ou como eram chamados: "Peda-gogos", escravo de jogos. O en- sino fundamental, para os gregos, começava por princípios morais e éticos. "Só sei que nada sei". Sócrates. No início, acredita-se em ideias e conceitos, com o tempo se percebe o quão errado pode-se estar. Esta dissertação vai ao encontro de muitas dúvidas e o reaver de conceitos ditos básicos", mas que termina apresentando o quanto a natureza pode ser complexa. Frente a isso, só resta a perseverança da busca de uma resposta, que alguns chamam de modelo outros de teoria. RESUMO Este trabalho apresenta uma síntese do estado da arte sobre as caracterizações e perdas no ferro sob o enfoque da Engenharia Elétrica; pretende-se compreender e gerar subsídios para a caracterização de materiais ferromagnéticos a baixo custo, aplicado na avaliação de parâmetros eletromagnéticos e de eciência energética de dispositivos eletromagnéticos, através de uma visão qualitativa dos fenômenos eletromagnéticos complexos auxiliando na compreensão e estudo do projeto de máquinas elétricas. Palavras-chave: Contactores; Indutância; Método dos Elementos Fi- nitos; Perdas magnéticas; Programas de Simulação; Transformadores ABSTRACT This work presents a state of the art synthesis about the characterization and losses in iron under the focus of Electrical Engineering; it is intended to understand and to generate aids to ferromagnetic materials characterization at low cost, applied in the evaluation of electromagnetic parameters and energetical eciency of electromagnetic devices, using a qualitative view of complex electromagnetic phenomena, helping in the comprehension and in the study of the electrical machines project. Keywords: Contactors; Inductance; Finite Element Method; Magne- tic Losses; Simulation Software; Transformers LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 Laços de histerese, operação quase-estática. . . . . . . . . . . . Figura 1.2 Intensidade de campo H d. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Figura 1.3 Laços de histerese, f = 50 Hz. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Figura 1.4 Laços de histerese, f = 250 Hz. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . sura Figura 1.5 Figura 2.1 40 em uma laminação de espes41 42 43 Característica de magnetização, linearizada por partes. 45 Malhas formadas por elementos triangulares de pri- meira ordem; (a) malha incorreta; (b) malha correta. . . . . . . . . . . . . 51 Figura 2.2 Funções planares αi (x, y). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 Figura 2.3 Funções planares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 Figura 2.4 Os elementos 1, 2, 3 e 4 compartilham o nó a. . . . . . . . 55 Figura 3.1 Grão orientado (GO). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 Figura 3.2 Grão não-orientado (GNO). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 Figura 3.3 O dipolo magnético tem origem no momento angular dos elétrons nos íons ou átomos que formam a matéria. . . . . . . . . . . Figura 3.4 67 Através do diagrama de Linus Pauling, obtém-se a dis- tribuição dos elétrons nos orbitais. No caso do ferro são 4 momentos angulares de spin não nulos, isto é, 4 magnétons de Bohr. . . . Figura 3.5 68 O tamanho dos domínios está na escala micrométrica e, para um material policristalino, cada grão pode conter mais de um domínio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Figura 3.6 70 Ilustração da parede do domínio magnético que separa dois domínios cujos momentos atômicos mudam a orientação em ◦ 180 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 Figura 3.7 Metalograa do núcleo do transformador fabricado na China aço 1010. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Figura 3.8 A existência de domínios magnéticos é resultado da mi- nimização de energia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Figura 3.9 72 Mecanismo de magnetização não-linear do núcleo. . . . . 73 74 Figura 3.10 Curva aproximada da magnetização em um material ferromagnético (não linear) obtida pelo produto ponto a ponto M = Hµr do gráco permeabilidade versus intensidade de campo. 75 Figura 3.11 Curva de magnetização inicial de um material ferromagnético, na região de deslocamento de domínio. . . . . . . . . . . . . . . . 76 Figura 3.12 Processo de magnetização do material sob o enfoque do balanço energético. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 Figura 3.13 Lâmina de um material ferromagnético. . . . . . . . . . . . . . . 80 Figura 3.14 Formas de onda estilizadas de tensão PWM e da corrente que é proporcional à indução. A série de Fourier permite representar qualquer função como uma soma de ondas senoidais com diferentes amplitudes e frequências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 Figura 3.15 A técnica PWM gera uma onda de corrente distorcida que acompanha a senoide de referência, por efeito da integração da corrente, com base na constante de tempo RL do circuito. Esse processo de integração gera exponenciais crescentes e decrescentes que dão o caráter "recortado"ao sinal de corrente. . . . . . . . . . . . . . . . Figura 3.16 Forma da curva BH 84 para uma forma de tensão PWM as ondas recortadas, afetam só o contorno da curva de histerese, seu efeito sobre as perdas totais é mínimo, num inversor PWM as perdas cam por conta do aumento da frequência. . . . . . . . . . . . . . . . 85 Figura 3.17 Os dois tipos básicos de forma de distorção da indução magnética na formação de laços menores na curva de histerese magnética: (a) sem extremos locais e (b) quatro variações extremas no período. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 Figura 3.18 As susceptibilidades diferenciais são as inclinações das retas apresentadas na Fig. O algoritmo de Peuget (PEUGET, 1995) é aplicado para o encontro de um primeiro possível conjunto de parâmetros. Utiliza-se metade de um laço de histerese para a obtenção dos nove dados de entrada para o algoritmo. . . . . . . . . . . . 87 Figura 3.19 Pontos chaves sugeridos por Jiles para obtenção dos nove dados (Ms , Mm , Hm , χm , Mr , χr , Hc , χc , Hc, χin ) necessá- rios para a implementação do modelo JA estão indicados na gura traçada a 1 Hz. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 Figura 3.20 Transformador modelado no FEMM. . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 Figura 3.21 Aparelho de medida DW20. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90 Figura 3.22 Quadro de Epstein - foto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 Figura 3.23 Quadro de Epstein - ilustração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92 Figura 3.24 Circuito esquemático para realização do teste de perdas BH . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92 Figura 3.25 Esquema do sensor SST. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 Figura 3.26 Sensor de lâmina única SST. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 magnéticas e levantamento da curva Figura 3.27 Exemplo de OIM e código de cores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 Figura 3.28 Laminação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95 Figura 3.29 Magnetização em relação aos índices de Miller de uma estrutura CCC (Cúbica de Corpo Centrado). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96 Figura 3.30 Circuito para obtenção da curva de histerese. . . . . . . . . . 97 Figura 3.31 Formas de onda dos campos H(t) e B(t), proporcionais aos sinais de corrente primária e tensão secundária. . . . . . . . . . . . . . . 99 Figura 3.32 Curva de histerese do transformador construído utilizando osciloscópio digital com amostragem de 500 pontos. . . . . . . . Figura 3.33 Denição do comprimento médio adotado lm 99 = 0, 1686 m.100 Figura 3.34 O efeito de histerese é gerado pela resistência à movimentação de paredes de domínio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101 Figura 3.35 Formato do laço de histerese de acordo com o tipo de material. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102 Figura 3.36 Obtenção ponto a ponto da curva de magnetização BH a partir da curva de histerese. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103 Figura 3.37 Curva de magnetização levantada experimentalmente. 104 Figura 3.38 Curva BH de aço carbono 1010. Nessa nomenclatura, o número 1000 corresponde família de aços de baixo carbono, enquanto o número 10 corresponde ao teor de 0,1% de carbono. . . . . 105 Figura 3.39 Curva de magnetização em relação à intensidade de campo, obtida a partir da curva de histerese levantada pelo circuito proposto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106 Figura 3.40 Permeabilidade magnética relativa em função da intensidade de campo. Teoricamente, esta curva deveria partir do zero.108 Figura 3.41 Permeabilidade magnética relativa em função da corrente de excitação primária. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109 Figura 3.42 A curva da indutância primária é obtida multiplicando as ordenadas da característica permeabilidade versus corrente pelo fator KL1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111 Figura 3.43 Utilizando programa de elementos nitos, a indutância foi calculada considerando uma corrente de magnetização de 50 [mA]. Mas, existe um erro nesse valor porque a corrente de vazio é a soma da corrente de magnetização de 47 [mA] e uma outra corrente, associada as perdas do ferro, considerando resistor equivalente Rn = 12665 [Ω], cujo valor é 17 [mA]. Assim, refazendo as contas com 47 [mA], se obtém a curva corrigida, sendo essa muito próxima da curva experimental. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 Figura 3.44 Indutância própria secundária, obtida através do fator de proporcionalidade KL2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 Figura 3.45 Indutância mútua vista do secundário por efeito da corrente primária. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115 Figura 3.46 Curva da relutância em função da corrente primária. . 116 Figura 3.47 Curva da permeância do circuito primário em função da corrente de magnetização no enrolamento primário. . . . . . . . . . . 117 Figura 3.48 Distribuição de correntes em um transformador real. . . 118 Figura 3.49 Indutância primária de 8,28 [H] no ponto de operação. 121 Figura 3.50 Indutância secundaria de 0,095 [H] no ponto de operação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121 Figura 3.51 Curva indutância mútua em função da corrente primaria na condição sem carga o valor para a indutância gracamente está em torno de 0,903 [H] para uma corrente de primaria de 100 [mA] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122 Figura 3.52 Modelo ideal de transformador monofásico. . . . . . . . . . . . 123 Figura 3.53 Circuito para cálculo das mútuas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124 Figura 3.54 Circuito para cálculo das mútuas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124 Figura 3.55 Modelo série do transformador utilizado pelo FEMM. . 127 Figura 3.56 Transformação circuito série para circuito paralelo. . . . 127 Figura 3.57 Forma de onda da corrente de excitação em vazio para uma corrente de 100mA, torna-se necessário aumentar a tensão para atingir este valor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130 Figura 3.58 Forma de onda da corrente e tensão no ensaio de curto circuito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130 Figura 3.59 Modelo circuital do transformador. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132 Figura 3.60 Modelo circuital do transformador reetido ao primário.132 Figura 3.61 Forma de onda da corrente e tensão no ensaio de curto circuito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134 Figura 3.62 Modelo série do ensaio de curto circuito no transformador. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135 Figura 3.63 Curva de histerese correspondente aos ciclos de perdas do ferro: (a) perdas por histerese; (b) perdas por correntes de Focault; (c) perdas excedentes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137 Figura 3.64 Derivando a curva BH se obtém a curva de perme- abilidade incremental, em que percebe-se que o ponto de menor relutância coincide com uma intensidade de campo H = 100 [A/m].141 Figura 3.65 Curva de histerese traçada a 10 Hz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145 Figura 3.66 Separação perdas em função da Indução. . . . . . . . . . . . . . 146 Figura 3.67 Operação em regime quase estático: as perdas de histerese são muito próximas das perdas totais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146 Figura 3.68 Separação das perdas em função da frequência. . . . . . . . 147 Figura 3.69 Circuito não-linear para representação de um transformador com secundário em vazio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148 Figura 3.70 Fluxo de enlace em função do tempo logo após a energização do transformador. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149 Figura 3.71 Fluxo de enlace e corrente de in-rush em um transfor- mador. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151 inrush. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154 Figura 3.72 Circuito considerado para o cálculo da corrente de Figura 3.73 Curva BH gem de 500 pontos. do material obtida através de uma amostra- . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156 Figura 3.74 Corrente transitória in-rush de valor máximo 1,3 [A]. O transitório se mantém por 20 ciclos de rede aproximadamente. 157 Figura 3.75 Tendências da corrente de in-rush. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157 Figura 3.76 A corrente de pico na condição permanente atinge um valor máximo de 55 mA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158 Figura 3.77 Linhas de uxo no transformador simulado. . . . . . . . . . . . 158 Figura 3.78 Modelo do núcleo na obtenção da curva de magnetização. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161 Figura 3.79 Correção na curva BH experimental em função da corrente associada as perdas do ferro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162 Figura 3.80 A diferença nas curvas de indutâncias primaria L1 teó- rica e experimental é produzida pela corrente de vazio. Essa corrente afeta a curva BH e, consequentemente, a permeabilidade absoluta do material. Outro efeito dessa corrente é a redução da relação de transformação. Isso diculta signicativamente o processo de determinação das indutâncias de dispersão primária e secundária. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162 Figura 3.81 Modelo de núcleo com correntes de compensação. . . . . . 163 Figura 3.82 Variação na relação de transformação por efeitos da corrente de vazio I0 , o transformador atinge seu valor de projeto, neste caso de 9.17, com uma corrente iguais ou superior a nominal. Os valores experimentais estão indicados com 'x'. . . . . . . . . . . . . . . . 164 Figura 4.1 Dimensões do contactor em estudo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167 Figura 4.2 Sombreamento dos polos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168 Figura 4.3 Contorno utilizado para realização dos cálculos. . . . . . . . 169 Figura 4.4 Vista frontal do contactor em estudo. . . . . . . . . . . . . . . . . . 170 Figura 4.5 Parte xa do contactor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170 Figura 4.6 Contactor implementado no FEMM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171 Figura 4.7 Bobina de espiras conhecidas para determinar a tensão induzida por espira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 172 Figura 4.8 Montagem da bobina de espiras conhecidas que permite avaliar a tensão por espira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173 Figura 4.9 Diagramas dos uxos gerados pela bobina principal e a espira de sombra. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 174 Figura 4.10 Material Carpenter Silicon Iron da biblioteca do Femm.175 Figura 4.11 Material Carpenter Silicon Iron com entreferro de 0,4mm.175 Figura 4.12 Circuito proposto para dispositivos com uma única bobina de excitação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 176 Figura 4.13 Forma de onda da tensão CH2 (B) e corrente com baixo conteúdo harmônico CH1(H). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 178 Figura 4.14 Curva de histerese do material para a corrente nominal (75mA), sua acentuada inclinação se deve a presença de um minúsculo entreferro de 0,4mm, na trave central. . . . . . . . . . . . . . . . . 179 Figura 4.15 Curva experimental de Histerese do material utilizado no núcleo, sua acentuada inclinação se deve a presença de um minúsculo entreferro de 0,4mm, na trave central, da mesma forma que na operação nominal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 180 Figura 4.16 Em azul, a curva BH do modelo de simulação do mate- rial Carpenter com o efeito do entreferro e, em vermelho, a curva do material obtido experimentalmente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181 Figura 4.17 Gráco da permeabilidade relativa em função da intensidade de campo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182 Figura 4.18 Representação do contactor fechado e do circuito elétrico simplicado equivalente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183 Figura 4.19 Gráco de relutância do material e em função de entreferros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184 Figura 4.20 Curva aproximada da permeância experimental do contactor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187 Figura 4.21 Linhas de uxo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188 Figura 4.22 Gráco da curva λi, regiões de energia e coenergia. . . . 190 Figura 4.23 Entreferro e espalhamento associado. . . . . . . . . . . . . . . . . . 195 Figura 4.25 Gráco da curva de saturação magnética BH do mesmo material anterior com um entreferro de 5mm, é possível perceber que em função deste grande entreferro a curva se torna linear. . . . 197 Figura 4.26 Espalhamento do uxo magnético no entreferro e energia acumulada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199 Figura 4.27 Contorno para o cálculo do campo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201 Figura 4.28 Força produzida no contactor por uma corrente alternada (azul) e por uma contínua (vermelha) com um entreferro variando de zero até 5mm. Em verde, o tensor ponderado. . . . . . . 203 Figura 4.29 Modelo elétrico do contactor no FEMM, a indutância e o resistor equivalente estão em série. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 204 Figura 4.30 Modelo elétrico do contactor, a indutância e o resistor equivalente estão em paralelo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 205 Figura 4.31 Perdas no núcleo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 206 Figura 4.32 Formato de onda da corrente sem entreferro. . . . . . . . . . . 207 Figura 4.33 Formato de onda da corrente com entreferro. . . . . . . . . . 208 Figura 4.34 Espectro da forma de onda da corrente sem entreferro (THD = 32,14%). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 208 Figura 4.35 Espectro da forma de onda da corrente com entreferro (THD = 5,2%). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 209 Figura 4.36 Montagem de transformador inserindo um entreferro de 0,4mm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 210 LISTA DE TABELAS Tabela 3.1 Materiais ferrocristalinos: propriedades eletromagnéti- cas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Tabela 3.2 usados em núcleos de transformadores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Tabela 3.3 63 Algumas características de materiais ferromagnéticos 67 Classicação dos materiais quanto à susceptibilidade magnética e a relação de permeabilidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 Tabela 3.4 Resumo dos dados construtivos do transformador. . . . . 100 Tabela 3.5 Exemplos de materiais duros, moles e intermediários . . 102 Tabela 3.6 Perdas por massa usuais em máquinas de corrente al- ternada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139 Tabela 3.7 Perdas para diferentes frequências de operação, em [Hz]. A perda total simulada Ps e a perda total do modelo Pe são apre- sentadas em [W]. As parcelas de perdas dos modelos são expressas em [W] e em %. Nesse último caso, representa o quanto essa parcela contribui percentualmente para as perdas do dispositivo em uma frequência especíca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144 Tabela 3.8 Percetual de hamônicos de corrente utilizados por relés diferenciais para evitar disparos desnecessários. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152 Tabela 3.9 Resultados da simulação no FEMM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159 Tabela 3.10 Síntese dos cálculos de indutância no ponto de operação I0 = 23, 19+j46, 9, I2 = aI10 = 0, 5972 . . . . . . . . . . . . . 161 do transformador. Para os cálculos, considerar I10 = 65, 13, I1 = 88, 32 + j46, 9 Tabela 4.1 e Dados geométricos do núcleo magnético, contactor fe- chado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167 Tabela 4.2 Parâmetros do circuito de excitação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177 Tabela 4.3 Comparação dos resultados de relutância, com entre- ferro de 0, 4 mm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185 Tabela 4.4 ferro de Comparação dos resultados de relutância, com entre- 5 mm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Tabela 4.5 186 Perdas por massa e volume para diferentes condições de entreferro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189 Tabela 4.6 Distribuição da energia nas regiões do sistema, obtidas por simulação, para entreferro de 0,4 mm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191 Tabela 4.7 Distribuição da energia nas regiões do sistema, obtidas por simulação, para entreferro de 5 mm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192 Tabela 4.8 Triângulo de potência do contactor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193 Tabela 4.9 Energia acumulada no contactor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199 Tabela 4.10 Síntese dos resultados obtidos com o Tensor Ponderado de Maxwell. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201 Tabela 4.11 Resultados da simulação no FEMM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 205 Tabela 4.12 Resultados da simulação no FEMM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 211 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CA Corrente Alternada CAD Computer Aided Design CC Corrente Contínua CEE Conversão Eletromecânica de Energia FEMM Finite Element Method Magnetics GNO Grão Não-Orientado GO Grão Orientado IEC International Electrotechnical Commission JA Jiles-Atherton MEL Materiais Elétricos PWM Pulse Width Modulation LISTA DE SÍMBOLOS a ai aJA B B0 Bm Bmax Bsat Br Bs C D d dB dH dif dl dt dx dφ E Ean Ems Emt Et e e0 F FCA FCC Fc FP Relação de espiras Coeciente do potencial magnético Coeciente de JA Densidade de uxo magnético Indução máxima de vazio Indução magnética máxima no material na operação Indução de saturação máxima Indução no ponto de saturação Remanência Densidade de saturação Capacitância Dobro da área do triângulo da malha Distância das bordas de laminação Diferencial de indução magnética Diferencial de campo magnético Diferencial da corrente de Focault if Diferencial de comprimento Diferencial de tempo Diferencial da coordenada espacial x Diferencial de uxo Tensão induzida Energia de anisotropia magnetocristalina Energia magnetostática Energia de magnetostricção Energia de troca Espessura da lâmina Espessura inicial da lâmina Funcional Força CA Força CC Força do contactor Fator de potência f G g H H0 Hc Hm h hp I I0 , i0 I1 I1cc I2 Ie Inpk Ix Iy if im j K Kcont Kexc,B Kexc,C Kh KL1 KL2 kJA L L1 L2 LM Lm Frequência de operação Coeciente de atrito Comprimento do entreferro Intensidade de campo magnético Campo magnético máximo de vazio Coercividade Campo magnético do ponto nal da curva BH Altura da lâmina Constante de Plank Corrente Corrente de vazio Corrente RMS de primário Corrente de primário no ensaio de curto circuito Corrente RMS de secundário Corrente na espira de sombra Corrente nominal de pico Corrente no circuito da Figura 3.53 Corrente no circuito da Figura 3.54 Corrente de Focault Corrente de magnetização Unidade imaginária Fator de acoplamento Constante de força do contactor Constante de perdas excedentes de Bertotti Constante de perdas excedentes de Campos Constante de perdas por histerese Constante de indutância do primário Constante de indutância do secundário Constante de JA Indutância própria Indutância própria do primário Indutância própria do secundário Indutância mútua Indutância de magnetização l1 l2 lm M M12 M21 Mm Mr Ms mB me mv N N1 N2 Ne ne P P0 P1 Pcu Pe Pexc Pexc,B Pexc,C Pf Ph Ps Pt pi , qi , ri pm Q Q1 qe Indutância de dispersão do primário Indutância de dispersão do secundário Comprimento médio do percurso magnético Campo de magnetização Indutância mútua do primário em relação ao secundário Indutância mútua do secundário em relação ao primário Magnetização do ponto nal da curva BH Magnetização remanente Magnetização de saturação Magneton de Bohr Massa do elétron Massa especíca do material Número de espiras Número de espiras de primário Número de espiras de secundário Número de espiras do contactor Número de elementos da malha Potencial escalar magnético Derivada do potencial escalar magnético Potência ativa do primário Perdas no cobre Perda total do modelo Perdas excedentes Perdas excedentes de Bertotti Perdas excedentes de Campos Perdas por correntes de Focault Perdas por histerese Perda simulada Perdas totais Coecientes geométricos da malha Permeância Vetor de fontes enegéticas do sistema Potência reativa do primário Carga do elétron R R2 Rc Req Rf Rleq1 Rn Rp Rs Rsh resp S S0 S1 Sf SR SS Um V V1 V2 Vcc Vch1 Vch2 Vn Vo Vpk Vx Vy v W Wc We Wm Resistência Resistor de medição do secundário Resistência equivalente de perdas do núcleo Resistência equivalente Resistência elétrica do percurso magnético Resistência equivalente de primário Resistência equivalente do núcleo Resistência do modelo paralelo Resistência do modelo série Resistência shunt Desempenho magnético Seção transversal do núcleo Área corrigida da seção do entreferro Potência aparente do primário Área efetiva disponível para o uxo Matriz de rigidez dos coecientes Matriz global dos coecientes Tensão máxima da onda Potencial elétrico Tensão RMS de primário Tensão RMS de secundário Tensão de primário no ensaio de curto circuito Tensão do canal 1 do osciloscópio Tensão do canal 2 do osciloscópio Tensão nominal ecaz Campo coercitivo do objeto magnético Tensão de pico Tensão do circuito da Figura 3.53 Tensão do circuito da Figura 3.54 Volume Energia Energia acumulada no entreferro Energia elétrica Energia magnética Wn w Xleq1 Xlp Xm Xs x x1 x2 y Z1 Z2 Zx Zy αh αJA κx λ λm λR µ µ0 µabs µdif µmax µr ν φ φm φp ρ ρv σ Energia acumulada no núcleo Densidade de energia Reatância equivalente de primário Reatância indutiva do modelo paralelo Reatância de magnetização Reatância indutiva do modelo série Coordenada espacial horizontal Reatância de dispersão primaria Reatância de dispersão secundaria Coordenada espacial vertical Impedância vista do lado primário Impedância vista do lado secundário Impedância do circuito da Figura 3.53 Impedância do circuito da Figura 3.54 Expoente de histerese Expoente de JA Permissividade elétrica Constante que caracteriza o meio material Fluxo concatenado Fluxo de pico Fluxo residual Permeabilidade magnética Permeabilidade relativa do vácuo Permeabilidade absoluta Permeabilidade diferencial Máxima permeabilidade magnética relativa Permeabilidade relativa do material Relutividade magnética Fluxo magnético Fluxo máximo Potencial da malha Resistividade elétrica do material Densidade volumétrica de carga Condutividade elétrica θ χc χin χm χr Ω ω F < ∆ ∇2 |.| ||.|| Defasagem de onda Susceptibilidade coercitiva Susceptibilidade inicial Susceptibilidade do ponto nal da curva Susceptibilidade remanente Superfície matemática Frequência angular Força magnetomotriz Relutância Operador de variação discreta Operador laplaciano Notação de módulo Notação de tensor BH SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 1.1 39 REVISÃO DE LITERATURA . . . . . . . . . . . . . . BH 1.1.1 Modelos numéricos no plano 1.1.2 Cálculo de perdas magnéticas em programas de elementos nitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 44 45 1.2 PROPOSTA DA DISSERTAÇÃO 1.3 MOTIVAÇÃO DA DISSERTAÇÃO . . . . . . . . . . . 46 1.4 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO . . . . . . . . . . 46 2 O MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS 46 47 2.1 POTENCIAIS E MINIMALIDADE ENERGÉTICA . . 48 2.2 O MÉTODO VARIACIONAL . . . . . . . . . . . . . . . 49 2.3 ELEMENTOS TRIANGULARES DE PRIMEIRA OR- 2.4 2.5 DEM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 FUNÇÕES INTERPOLANTES DE PRIMEIRO GRAU 52 SISTEMAS INFORMÁTICOS PARA CÁLCULO NUMÉRICO DE CAMPOS ELETROMAGNÉTICOS 2.6 . . . 58 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO . . . . . . 59 3 CARACTERIZAÇÃO DE UM TRANSFORMADOR MONOFÁSICO 61 3.1 PERDAS EM MATERIAIS FERROMAGNÉTICOS . . 61 3.1.1 Aços de baixo carbono . . . . . . . . . . . . . . . 62 3.1.2 Aços de grão orientado . . . . . . . . . . . . . . . 64 3.1.3 Materiais ferromagnéticos amorfos (vidros metá- 3.1.4 Momento magnético, magnetização e materiais 3.1.5 Domínios magnéticos (ou, de Weiss): uma ques- licos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . magnéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 66 tão energética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 3.1.5.1 69 Paredes de domínio . . . . . . . . . . . 3.1.6 Magnetização e susceptância magnética . . . . . 70 3.1.6.1 . . . . . 73 3.1.7 Modelos de perdas para materiais magnéticos . . 77 3.1.7.1 Curva de magnetização inicial Perdas por histerese e perdas magnéticas totais . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 3.1.7.2 Histerese através da visão de energia 3.1.7.3 Perdas por correntes de Foucault ou pa- 3.1.7.4 Perdas por correntes de Foucault exce- nos domínios . . . . . . . . . . . . . . . rasitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . dentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.1.8 Extensão do modelo de perdas sob regime não 3.1.9 Modelo de Jiles Atherton de histerese magnética senoidal (PWM) . . . . . . . . . . . . . . . . . . e seus parâmetros ótimos 3.2 3.3 3.6 83 86 88 MÉTODOS E EQUIPAMENTOS PARA A CARACTE89 3.3.1 Medidor das perdas de histerese . . . . . . . . . 89 3.3.2 O quadro de Epstein . . . . . . . . . . . . . . . . 90 3.3.3 Circuito esquemático . . . . . . . . . . . . . . . . 91 3.3.4 O Sensor de lâmina única 91 3.3.5 Técnica para a medição dos processos de orien- 3.3.6 Textura Cristalográca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . OBTENÇÃO CURVA DE HISTERESE BH 93 95 . . . . . . . . . 96 . . . . . . . . . . . 101 3.4.1 Pontos notáveis da curva 3.4.2 Obtenção da curva . . . . . . . . . . . . . . 103 3.4.3 Identicação do material . . . . . . . . . . . . . . 103 BH CARACTERIZAÇÃO DO MODELO DE JILES-ATHERTOM104 CURVAS DE GRANDEZAS MAGNÉTICAS DO TRANSFORMADOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106 3.6.1 Curva da permeabilidade magnética diferencial . 106 3.6.2 Permeabilidade magnética do núcleo em função 3.6.3 Indutâncias próprias 3.6.4 Obtenção experimental da indutância primária e secundária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111 3.6.5 Cálculo de indutâncias mútuas . . . . . . . . . . 113 3.6.6 Curva de Relutância . . . . . . . . . . . . . . . . 114 3.6.7 Curva da permeância 115 3.6.8 Considerações sobre a permeabilidade e a curva da corrente primária . . . . . . . . . . . . . . . . rente primária BH 3.7 81 . . . . . . . . . . . . . tação cristalográca (EBSD) 3.5 79 DISPOSITIVO EM ESTUDO . . . . . . . . . . . . . . . RIZAÇÃO DE MATERIAIS FERROMAGNÉTICOS . . 3.4 79 L1 e L2 108 em função da cor- . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109 116 CÁLCULO DE INDUTÂNCIAS EM UM PONTO DE OPERAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116 3.7.1 Cálculo das indutâncias mútuas e reatância de 3.7.2 Cálculo de indutâncias mútuas por energia em dispersão pelo método concatenado . . . . . . . . 117 buc- condições de polaridade aditiva e subtrativa ( king test ) 3.8 3.9 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119 3.7.3 Cálculo das indutâncias pelo método gráco . . . 120 3.7.4 Fator de acoplamento 122 . . . . . . . . . . . . . . . DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DAS INDUTÂNCIAS MÚTUAS NO PONTO DE OPERAÇÃO . . . . . 123 MODELAGEM DO TRANSFORMADOR . . . . . . . . 125 3.9.1 Cálculo da corrente de vazio (corrente de magne- 3.9.2 Modelagem do núcleo do transformador 3.9.3 Transformação de impedâncias . . . . . . . . . . 126 3.9.4 Modelo através de ensaios experimentais . . . . . 129 tização) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125 126 3.10 MODELAGEM DAS PERDAS NO TRANSFORMADOR131 3.10.1 Cálculo das resistências primária e secundária do bobinado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133 3.10.2 Obtenção experiemental das perdas resistivas e a dispersão magnética . . . . . . . . . . . . . . . . 133 3.10.3 Perdas no ferro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135 3.10.4 Perdas Totais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136 3.11 ENERGIA DISSIPADA NA CURVA DE HISTERESE . 136 3.11.1 Perdas por unidade de massa e volume . . . . . . 139 3.11.2 Potência ativa por unidade de massa . . . . . . . 139 3.11.3 Rendimento máximo . . . . . . . . . . . . . . . . 140 3.11.4 Ponto ótimo de operação . . . . . . . . . . . . . 140 3.11.5 Triângulo de potências . . . . . . . . . . . . . . . 142 3.12 SEPARAÇÃO DAS PERDAS . . . . . . . . . . . . . . . 142 3.12.1 Perda de histerese . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.12.2 Perdas por correntes parasitas (Foucault) 143 . . . . 143 3.12.3 Perdas excedentes (modelo Bertotti) . . . . . . . 143 3.12.4 Aplicação do modelo de perdas . . . . . . . . . . 143 3.13 CORRENTE DE IN-RUSH . . . . . . . . . . . . . . . . 147 Comportamento em regime não-saturado . . . . 147 3.13.2 Comportamento em regime saturado . . . . . . . 150 3.13.3 Características de uma corrente de 152 3.13.1 in-rush . . . in-rush num 3.13.4 Os principais efeitos das correntes de sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.13.5 A intensidade e a duração das correntes de 153 in-rush 153 3.13.6 Modelo de transformador monofásico . . . . . . . 154 3.13.7 Representação da histerese 3.13.8 Curva BH . . . . . . . . . . . . do material ferromagnético do núcleo 3.13.9 Resultados experimentais 154 155 . . . . . . . . . . . . . 155 3.13.10 Resultados das simulações . . . . . . . . . . . . . 156 3.13.11 Considerações sobre os resultados do modelo para a corrente de in-rush . . . . . . . . . . . . . . . . 160 3.14 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO . . . . . . 160 4 CARACTERIZAÇÃO DE UM CONTACTOR CA 4.1 OBJETIVOS 4.2 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA 165 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.2.1 Determinação experimental do número de espiras 4.2.2 Tensão e corrente experimentais na espira de som- da bobina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . bra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.3 165 166 168 171 DETERMINAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS MAGNÉTICAS DO NÚCLEO . . . . . . . . . . . . . . . . . 174 4.3.1 Circuito proposto para levantar a curva de histerese176 4.3.2 Fatores de escala . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.3.3 Formas de onda da tensão (B ) e corrente (H ) em 4.3.4 Curva de histerese 4.3.5 Curva de saturação magnética 4.3.6 Curva da permeabilidade magnética relativa função do tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . BH em função da intensidade de campo . . . . . . . . 176 177 177 178 µr . . . . . . . 179 4.3.7 Obtenção gráca da permeabilidade absoluta no 4.3.8 Determinação da Relutância do Contactor . . . . 182 4.3.9 Determinação da Curva de Permeância 186 ponto de operação para a condição entreferro 0,4mm181 4.4 . . . . . SIMULAÇÕES DO DISPOSITIVO UTILIZANDO A CURVA BH EXPERIEMENTAL . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.4.1 Determinação da corrente na espira de sombra 4.4.2 Determinação da energia dissipada no ciclo de 4.4.3 4.4.4 Análise energética do contactor a partir da curva 4.4.5 Triângulo de potência 4.4.6 Energia e força nos entreferros 186 . 187 histerese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188 Perdas no dispositivo . . . . . . . . . . . . . . . . 189 BH . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.4.6.1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189 192 194 Método gráco através da curva BH da energia acumulada no entreferro de 0, 4 mm 196 4.4.6.2 Método gráco através da curva BH da 4.4.6.3 Método das energias nos entreferros 4.4.6.4 Método da densidade de força (pressão magnética) . . . . . . . . . . . . . . . . 200 4.4.6.5 Método dos elementos nitos . . . . . . 200 4.4.6.6 Comparação dos métodos de cálculo de energia acumulada no entreferro de força 5 mm 197 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.5 MODELAGEM ELÉTRICA DO DISPOSITIVO 4.6 EFEITOS DO ENTREFERRO NO PROJETO DE DIS- 4.7 . . . . 204 207 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO . . . . . . 209 213 PUBLICAÇÕES GERADAS AO LONGO DESSE TRABALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5.2 201 POSITIVOS ELETROMAGNÉTICOS . . . . . . . . . . 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 5.1 198 214 PERSPECTIVAS DE EVOLUÇÃO DA METODOLOGIA215 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 217 ANEXO A -- LAÇO DE HISTERESE MAGNÉTICA FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 223 ANEXO B -- MODELO DE JILES E ATHERTOM 229 ANEXO C -- METODOLOGIA DE CONSTRUÇÃO DE UM TRANSFORMADOR MONOFÁSICO 235 ANEXO D -- FORMAS DE ONDA 241 ANEXO E -- ARTIGOS DESENVOLVIDOS AO LONGO DO TRABALHO 245 ANEXO F -- PROGRAMAÇÃO EM LUA 247 ANEXO G -- MODELOS DE PERDAS EXCEDENTES DE BERTOTTI E CONCEITO DE OBJETO MAGNÉTICO (OM) 251 39 1 INTRODUÇÃO O estudo de transformadores e outros dispositivos remontam ao início das pesquisas em fenômenos magnéticos e, ainda hoje, são alvo de inúmeros estudos. Desse modo, nessa introdução, é realizada uma breve revisão de literatura a respeito dos fenômenos eletromagnéticos envolvendo transformadores e outros dispositivos eletromagnéticos. Adicionalmente, são apresentadas a proposta dessa dissertação e a motivação do trabalho e, por m, a organização geral de todo o estudo desenvolvido. 1.1 REVISÃO DE LITERATURA Transformadores e reatores são dispositivos cujas respostas a uma dada excitação dependem da frequência de operação e de fenômenos não lineares. O comportamento não linear do núcleo desses dispositivos se deve a fenômenos associados aos materiais ferromagnéticos como saturação e histerese magnética. Por outro lado, os efeitos associados à frequência de operação são causados por correntes induzidas nas laminações, conhecidas como correntes parasitas ou correntes de Foucault. O modelamento teórico completo do núcleo deve incluir o efeito das não linearidades e a inuência da frequência. Esses mo- delos são importantes no estudo de fenômenos como ferrorressonância, correntes transitórias de magnetização, bem como na estimativa das perdas irreversíveis de energia sob a forma de calor (SAY, 1983). As técnicas numéricas para análise dos fenômenos não lineares presentes nos materiais ferromagnéticos são, até hoje, objeto de muitas pesquisas e publicações que incluem uma detalhada fundamentação teórica bem como inúmeras aplicações voltadas para o desenvolvimento de projetos e construção de equipamentos elétricos (SILVESTER; FERRARI, 1990; NOGUEIRA; PEREIRA JR, 2006). As técnicas para inclusão dos efeitos das correntes parasitas são baseadas na solução da equação de difusão de correntes utilizando técnicas numéricas como diferenças nitas ou elementos nitos (STOLL, 1974). A inclusão da histerese magnética, por outro lado, requer um tratamento bem mais elaborado. Os modelos baseados no alinhamento 40 de domínios magnéticos descrevem de forma clara o fenômeno da histerese, mas a incorporação das previsões teóricas desses métodos às técnicas de análise de dispositivos ferromagnéticos resulta, quase sempre, em problemas numéricos de precisão e consistência de dados. Para explicar o fenômeno da histerese na condição estática ou quase-estática, pode-se considerar o comportamento do núcleo ferromagnético de um reator ou de um transformador operando em vazio. Quando o enrolamento primário de um transformador é energizado por uma fonte de corrente ajustada de forma que a corrente magnetizante varia entre os campos +im e −im e retorna para o B e H é representada por uma cida como laço de histerese. im valor +im , a relação entre característica cíclica conhe- Para valores da corrente magnetizante sucientemente elevados para levar o núcleo à saturação, os pontos de operação no plano BH seguem o laço mais externo da ilustração apresentada na Figura 1.1 que representa o limite dessa condição de operação. Quando a amplitude da corrente magnetizante máxima im é menor, laços menores, também simétricos em relação à origem do plano BH , são gerados. A ilustração da Figura 1.1 também mostra a curva normal de magnetização traçada a partir da origem do plano obtida a partir da união dos vértices dos laços concêntricos. Figura 1.1 Laços de histerese, operação quase-estática. Fonte: Adaptado de (NOGUEIRA; PEREIRA JR, 2006). BH e 41 Na operação em vazio, quando somente um enrolamento de um transformador é alimentado por uma fonte alternada, o processo de magnetização do núcleo passa a ser não uniforme devido à presença das correntes parasitas. O campo magnético criado por essas correntes se opõe ao campo magnetizante e, como consequência, a dissipação de calor é menor nas regiões mais próximas do centro geométrico das laminações. Nas regiões mais próximas às superfícies da laminação a dissipação de calor é maior devido à maior intensidade e concentração de correntes induzidas. A Figura 1.2 ilustra o processo de decaimento da intensidade de campo magnético resultante de espessura d H em uma laminação em função da distância até as bordas da laminação. Figura 1.2 Intensidade de campo H em uma laminação de espessura d. Fonte: Adaptado de (NOGUEIRA; PEREIRA JR, 2006). A discussão acima ilustra o grau de complexidade envolvido no desenvolvimento de modelos matemáticos para representar o funcionamento magneto-dinâmico de estruturas magnéticas laminadas. Um modelo preciso deve contemplar, simultaneamente, o fenômeno da histerese, que é não linear e independente da frequência e o fenômeno das correntes parasitas induzidas, que é magneticamente linear, mas 42 dependente da frequência. Os grácos apresentados nas Figuras 1.3 e 1.4 foram obtidos por (FÜZI, 1999) em seu trabalho com laminações de grãos orientados 27ZDKH95 com espessura de 0, 27 mm. Os grá- cos representam resultados da operação nas frequências de 50 e 250 hertz, respectivamente. Cada gráco contém quatro diferentes laços, concêntricos em torno da origem do plano BH . Cada laço representa os resultados de um procedimento diferente: medição experimental do laço de histerese na frequência de 1 hertz, ou seja, operação quase estática ( st.), medição experimental das perdas totais (meas.), simulação eddy c.) e simulação computaciocomportamento dinâmico (comp ). Ambos os grácos contêm de perdas por correntes parasitas ( nal do os resultados dos procedimentos associados à direção preferencial de magnetização da laminação. Figura 1.3 Laços de histerese, f = 50 Hz. Fonte: Adaptado de (FÜZI, 1999). 43 Figura 1.4 Laços de histerese, f = 250 Hz. Fonte: Adaptado de (FÜZI, 1999). Deve-se ressaltar que, em ambos os grácos, o mesmo laço repre- st.), na frequên- senta a histerese magnética da operação quase estática ( cia de 1 hertz. Observar, ainda, o aumento substancial na área do laço eddy c.) associado às perdas por correntes parasitas ( em decorrência do aumento da frequência, o que está em consonância com o entendimento físico do problema. Para ambas as condições de operação, observa-se que o modelo computacional gera ótimas estimativas dos valores obtidos a partir das medições em laboratório, essas últimas realizadas utilizando-se o sistema de medidas magnéticas descrito por (PFÜTZNER; SCHÖNHUBER, 1991). 44 1.1.1 Modelos numéricos no plano BH A literatura registra várias técnicas de medição de grandezas elétricas e magnéticas que permitem uma análise rápida e precisa das características dos materiais magnéticos a partir das bases físicas da relação entre a densidade de uxo magnético magnético H. B e a intensidade de campo Para contornar as diculdades associadas à não linea- ridade da relação entre os campos B e H, vários modelos numéricos aproximados, linearizados, têm sido propostos. Tais modelos usual- mente conduzem a previsões rápidas e úteis sobre o comportamento dos dispositivos em estudo, através de cálculos mais simples e de fácil entendimento. Os modelos matemáticos mais simples produzem características monotonamente crescentes e univalentes, como a característica apresentada na Figura 1.5. Alguns modelos, formados por segmentos lineares, são aproximações simplicadas de características como a curva inicial de magnetização que pode ser medida experimentalmente. O procedimento para medição das curvas iniciais de magnetização de materiais ferromagnéticos é descrito na norma técnica IEC 60404-4. Existem também os modelos matemáticos, linearizados ou não, que preservam o efeito da histerese magnética. Tais modelos são essenciais no estudo de equipamentos como máquinas de ímã permanente e amplicadores magnéticos (OSSART; MEUNIER, 1990). Diferentes modelos numéricos para o fenômeno da histerese magnética têm sido propostos. Tais modelos reetem, no plano BH , de forma aproximada, fenômenos físicos de alta complexidade como magnetização reversível, magnetização irreversível, laços menores, efeitos dinâmicos e efeitos da temperatura (MAZAURIC et al., 2005; JILES D. C.; ATHERTON, 1983). Um dos primeiros modelos matemáticos para o fenômeno de histerese magnética foi proposto, já em 1935, por Preisach (PREISACH, 1935). As características e aplicações dos modelos para a histerese quase estática propostos por Preisach, Globus, StonerWolhfarth e Jiles-Atherton foram comparadas por Liorzou, Phelps e Atherton (2000), levando em consideração vários aspectos, tais como: mecanismos de movimentação das paredes dos domínios, anisotropia, textura, reversibilidade, desmagnetização, parâmetros mensuráveis, domínios dos grãos, bem como o tipo de material da amostra: magneticamente duro, mole ou intermediário (LIORZOU; PHELPS; ATHERTON, 2000). 45 Figura 1.5 Característica de magnetização, linearizada por partes. Fonte: produção do autor. 1.1.2 Cálculo de perdas magnéticas em programas de elementos nitos Uma importante contribuição para o estado da arte é a incorporação da modelagem dos fenômenos de histerese e correntes parasitas em programas de simulação baseados na técnica de elementos nitos. É o que ocorreu com a suíte de programas gratuitos conhecida popularmente como FEMM (MEEKER, 2015) e com o módulo para análise de problemas harmônicos da suíte de programas da Infolytica Corporation (INFOLYTICA, 2006). 46 Um trabalho de pesquisa elementar voltado para a escolha e implementação de um procedimento experimental para aquisição e análise do laço de histerese do núcleo de contactores e transformadores de baixa potência é descrito nas seções que se seguem. 1.2 PROPOSTA DA DISSERTAÇÃO Este trabalho apresenta uma metodologia simples para avaliar as características magnéticas dos materiais, utilizando um circuito RC e equipamentos usuais de um laboratório de máquinas elétricas. Com esses equipamentos é possível obter as curvas de histerese e de saturação magnética BH . A partir destas curvas e com a teoria eletromagnética, é possível determinar os parâmetros elétricos de um dispositivo, como perdas e eciência energética, fornecendo uma visão qualitativa e auxiliando a compreensão compreensão de fenômenos eletromagnéticos no projeto de máquinas elétricas e transformadores. 1.3 MOTIVAÇÃO DA DISSERTAÇÃO A necessidade de apresentar uma visão qualitativa e prática de dispositivos abordados nos laboratórios das disciplinas de conversão eletromecânica de energia (CEE) e de materiais elétricos (MEL), servindo de apoio nas práticas pedagógicas destas disciplinas. 1.4 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO No Capítulo 2, são apresentados os fundamentos teóricos do método dos elementos nitos, que foi a principal ferramenta de simulação utilizada em todo o trabalho. No Capítulo 3, apresenta-se um estudo da caracterização de um transformador monofásico, determinando-se características de seu material e seus parâmetros eletromagnéticos, a partir de sua curva de histerese. No Capítulo 4, é apresentada a caracterização de um dispositivo eletromagnético com entreferro variável, o contactor, aplicando-se as mesmas técnicas desenvolvidas no Capítulo 3. Por m, no Capítulo 5 são apresentadas as conclusões e as considerações nais desse trabalho dissertativo, além de propostas para possíveis trabalhos futuros. 47 2 O MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS O método dos elementos nitos é baseado na ideia de dividir o domínio original do problema, o continuum, em um conjunto de domí- nios menores conhecidos como elementos. Uma formulação numérica, baseada na teoria das interpolações, é aplicada a esses elementos de forma a satisfazer a uma condição matemática e produzir uma solução numérica. Trata-se de uma técnica numérica para a solução, em grande escala, de problemas de alta complexidade utilizando uma estrutura de dados que é, ao mesmo tempo, simples e exível (NOGUEIRA; BOUDEC, 2007). Os elementos nitos são denidos com base em sua forma geométrica e no grau da função de aproximação. Essa função é, na maioria dos casos, polinomial e dene a forma como a variável primária de cálculo, usualmente um potencial, comporta-se no minúsculo espaço delimitado por cada elemento nito. Muitas formas geométricas podem ser uti- lizadas em uma análise bidimensional; o elemento triangular é o mais usado. Na maioria das aplicações, funções interpolantes de primeiro grau são sucientes para atender ao compromisso entre a precisão numérica requerida e as demandas em termos de esforço computacional e tempo de processamento (BASTOS, 1992). Na era moderna, o método dos elementos nitos foi aplicado inicialmente para resolver problemas de análise estrutural e, já nos anos 1950, o método foi empregado na solução de problemas de transferência de calor e escoamento de uidos. Em 1970, um artigo de Silves- ter e Chari intitulado solução por elementos nitos de problemas de campos magnéticos envolvendo saturação (no inglês, lution of saturable magnetic eld problems ) nite element so- abriu uma nova Era para o eletromagnetismo (SILVESTER; CHARI, 1970). Naquele trabalho, foram apresentados os detalhes da utilização conjunta da técnica dos elementos nitos com o método variacional. A formulação matemática apresentada formou a base de cálculo dos primeiros sistemas informáticos para o cálculo numérico de campos eletromagnéticos. Silvester e Chari (1970) forneceram contribuições de forma decisiva para o desenvolvimento dessa técnica amplamente utilizada na engenharia elétrica. 48 2.1 POTENCIAIS E MINIMALIDADE ENERGÉTICA A análise de campos eletromagnéticos é, algumas vezes, facilitada quando, ao invés de campos vetoriais, uma distribuição de potenciais é utilizada como grandeza primária da análise. As equações de Poisson e Laplace, expressas em termos de potenciais, podem ser derivadas das equações de Maxwell e resolvidas sob determinadas condições de contorno também especicadas em termos de potenciais (HAMDI; NOGUEIRA; SILVESTER, 1993). As equações de Poisson e Laplace são exemplos de equações diferenciais parciais que, respectivamente, descrevem problemas eletrostáticos e magnetostáticos. A equação de Poisson pode ser expressa como ∇2 V = onde V ρ é o potencial eletrostático, ρv (2.1) a densidade de carga elétrica e é a permissividade elétrica do meio material. A equação de Laplace pode ser expressa como ∇2 P = 0 onde P é o potencial escalar magnéticoe (2.2) ∇2 é o operador laplaciano. Em problemas eletrostáticos e magnetostáticos, as energias armazenadas, elétrica We e magnética Wm , respectivamente, podem ser expressas em termos de potenciais, 2 Z µ = 2 Z We = e Wm (∇V )2 dv (2.3) (∇P )2 dv. (2.4) v v É importante observar que ambas as energias são expressas em termos de valores quadráticos do gradiente de campo, uma característica que pode ser explorada para obter soluções numéricas. É importante ressaltar que existem muitos sistemas físicos nos quais o processo de minimização da energia potencial do sistema conduz à solução numérica do problema. Em outras palavras, a solução numérica consiste de uma distribuição de potenciais associados a um mínimo local e não trivial da função composta que dene a energia potencial do sistema. 49 Os potenciais que aparecem nas equações (2.3) e (2.4) são função da posição. Em problemas bidimensionais denidos no plano x − y , por exemplo, esses potenciais podem ser expressos como: V = V (x, y), (2.5) P = P (x, y). (2.6) A energia associada a cada distribuição de potencial é, pois, uma função dos potenciais os quais, por sua vez, são dependentes da posição. A energia é, portanto, representada por uma função composta conhecida como funcional energético (SILVESTER; FERRARI, 1990). 2.2 O MÉTODO VARIACIONAL A implementação da técnica de elementos nitos é normalmente feita em conjunto com métodos matemáticos como o método variacional e o método dos resíduos ponderados. Quando o método variacional é aplicado para obter a solução de uma equação diferencial parcial que descreve um problema de campo, a solução para a equação diferencial é obtida de forma indireta. No caso, dene-se um funcional energético, que é expresso como uma integral de volume de uma função denida em termos das variáveis dependentes do problema original. Para uma dada função P com derivadas parciais Px0 , Py0 e Pz0 , o funcional F é expresso como Z F = f (P, Px0 , Py0 , Pz0 )dv (2.7) v onde Px0 = ∂P ∂x ; Py0 = ∂P ∂y ; Pz0 = ∂P ∂z (2.8) O processo de solução consiste na busca de uma função multivariável P para a qual o funcional energético F é estacionário. Para obter a solução através dessa abordagem, o funcional maneira que o integrando Euler: f F é denido de da equação (2.7) satisfaça à equação de ∂f ∂ ∂f ∂ ∂f ∂ ∂f − − − =0 0 0 ∂P ∂x ∂x ∂y ∂y ∂z ∂z 0 (2.9) 50 onde o problema original está sujeito a condições de contorno na fronteira teira Ω Ω que delimita a região ou domínio de análise. Em geral, a fronpode ser denida como a união de duas superfícies: Ω = ΩD ∪ ΩN (2.10) ΩD , especica-se um valor constante para a função ∂P é nula. Esse tipo de condição de contorno é conhecido como condição de Dirichlet. Na superfície ΩN , as condições de fronteira são relacionadas à derivada da função P em relação ao vetor unitário n perpendicular ou normal aos pontos da superfície. Quando se especica derivada normal nula ao longo da superfície ΩN , a condição Na superfície P e, portanto, a variação de contorno é chamada de condição de Neumann homogênea. Essa condição de contorno é também conhecida como condição de contorno natural. Isso porque as funções F (P ) P sem restrições que tornam o funcional estacionário próximo da solução do problema, automaticamente satisfazem à restrição de derivada normal nula na superfície A obtenção de um funcional F ΩN . que é estacionário no entorno da solução e que satisfaz às condições de contorno do problema requer considerações sobre a natureza, escalar ou vetorial, da variável dependente, bem como considerações relativas à não linearidade do problema. Funcionais para potenciais escalares e vetoriais em problemas eletrostáticos e magnetostáticos são documentados em (BASTOS, 1992). Para cada potencial considerado, é apresentada a dedução/desenvolvimento da equação de Euler correspondente, bem como uma análise das condições de contorno. CARDOSO (1995) também registra algumas formulações variacionais e apresenta uma série de funcionais estacionários obtidos em termos de campos vetoriais. 2.3 ELEMENTOS TRIANGULARES DE PRIMEIRA ORDEM Para aplicar a técnica de elementos nitos, é necessário subdividir a região do problema em sub-regiões chamadas de elementos nitos. Essa subdivisão (discretização) é feita de modo que um mesmo elemento não pode conter mais que um meio material. O conjunto de elementos é conhecido como malha de elementos nitos e, em princípio, não existem restrições para o tamanho e orientação dos elementos. O elemento triangular de primeira ordem foi escolhido para esta discussão introdutória. Esse tipo de elemento é o mais usado na ciência e engenharia, e é 51 comumente empregado na apresentação dos princípios envolvidos pela técnica dos elementos nitos. Quando elementos triangulares de primeira ordem são usados, todos os pontos nodais ou simplesmente "nós" da malha devem coincidir com os vértices dos triângulos. Essa restrição é ilustrada com auxílio da Figura 2.1. Observa-se na Figura 2.1(a) uma malha incorreta em que um dos pontos nodais não coincide com um vértice de triângulo. Figura 2.1 Malhas formadas por elementos triangulares de primeira ordem; (a) malha incorreta; (b) malha correta. Fonte: produção do autor. O elemento triangular de primeira ordem também é conhecido como triângulo com três nós. Outros elementos triangulares também podem ser usados. É o caso do elemento triangular de segunda ordem, um elemento triangular que possui seis nós ou pontos nodais. No caso, três nós coincidem com os vértices e os outros três nós estão localizados na metade das arestas. No caso, a construção da malha propriamente dita é feita empregando-se triângulos com três nós. Os três nós de arestas são, na verdade, parte da denição da função interpolante quadrática empregada na solução do problema. Elementos nitos de ordem superior são usados para se obter soluções mais precisas. Entretanto, elementos triangulares de primeira ordem, desde que adequadamente usados, conduzem a excelentes resultados e apresentam vantagens em termos de custo computacional. 52 2.4 FUNÇÕES INTERPOLANTES DE PRIMEIRO GRAU A maioria das formulações de elementos nitos são baseadas em potenciais. Para elementos triangulares de primeira ordem, o potencial φp varia linearmente dentro do elemento, ou seja, φp (x, y) = a1 + a2 x + a3 y. Considere-se um triângulo no plano x−y (2.11) no qual os vértices são numerados como 1, 2 e 3. Se o potencial nesses vértices assume valores φ1 , φ2 e φ3 , respectivamente, a equação (2.11) pode ser aplicada em cada um dos três vértices, resultando em: φp,1 (x, y) = a1 + a2 x1 + a3 y1 , φp,2 (x, y) = a1 + a2 x2 + a3 y2 , (2.12) φp,3 (x, y) = a1 + a2 x3 + a3 y3 . A solução desse sistema de equações simultâneas fornece os valores dos coecientes a1 , a2 e a3 em termos da localização dos vértices e dos valores dos potenciais. Para se obter uma expressão que fornece o valor do potencial φp em uma localização genérica (x,y ) do elemento triangular, deve-se substituir os coecientes a1 , a2 e a3 na equação 2.11. Após algumas manipulações algébricas, obtém-se a seguinte expressão: φp (x, y) = Na equação 2.13, D 3 1 X (pi + qi x + ri y)φi . D i=1 (2.13) é igual ao dobro da área do elemento trian- gular, e os coecientes geométricos pi , qi e ri são expressos em termos das coordenadas dos três vértices, como segue: p1 = x2 y3 − y2 x3 , q1 = y2 − y3, r1 = x3 − x2 , (2.14) p2 = x3 y1 − y3 x1 , q2 = y3 − y1, r2 = x1 − x3 , (2.15) p3 = x1 y2 − y1 x2 , q3 = y1 − y2, r3 = x2 − x1 , (2.16) Vale observar na equação (2.13) que a expressão entre parênteses (pi + qi x + ri y ) representa uma função planar. É possível, pois, expres- 53 sar o potencial de uma forma mais compacta e de fácil interpretação. Primeiramente, são denidas as funções de forma, αi (x, y) = α, como a seguir: 1 (pi + qi x + ri y). D (2.17) A expressão para o potencial pode agora ser escrita como φ(x, y) = 3 X αi φi . (2.18) i=1 Essa forma compacta da expressão facilita a ilustração do processo de cálculo de valores da distribuição de potenciais. Cada função de forma α é nula em dois vértices e possui valor unitário no vértice restante, como ilustrado nas Figuras 2.2 e 2.3. A equação (2.18) fornece o potencial dentro de um dado elemento triangular e é válida para todos os elementos triangulares de uma dada malha. Vale ressaltar que o potencial ao longo de uma dada aresta é obtido através de um processo de interpolação linear entre os potenciais dos dois vértices que delimitam a aresta. Quando dois triângulos compartilham dois vértices (e a aresta correspondente), o potencial será contínuo ao longo da aresta que representa a fronteira entre esses elementos. Figura 2.2 Funções planares αi (x, y). Fonte: produção do autor Para um dado problema denido e discretizado no plano x − y, com a variação do potencial nos elementos triangulares descrita pela equação (2.18), o comportamento global do problema pode ser estabelecido pela aplicação de um método variacional. Nessa abordagem, o funcional energético do problema, F, é aproximado pelo somatório dos 54 Figura 2.3 Funções planares (a) Função α1 (x, y) (b) Função α2 (x, y) (c) Função α3 (x, y) Fonte: Produção do Autor. funcionais energéticos dos elementos individuais, a seguir: F = ne X Fi , como apresentado Fi (2.19) i=1 onde ne é o número de elementos da malha de elementos nitos. Para se obter uma solução aproximada para o problema, o funcional F é minimizado em relação aos potenciais sem restrições. 55 F , expresso pela equação (2.19), φk e igualando a zero, tem-se: Diferenciando o funcional relação a um potencial genérico em n e X ∂Fi ∂F = =0 ∂φp,k ∂φ p,k i=1 onde k (2.20) segue a numeração global dos nós com potenciais sem restrição. Vale observar na equação (2.20) que o somatório engloba todos os elementos da malha. O valor de cada funcional individual, nulo no elemento i Fi , é não e é igual a zero em todos os outros elementos. No somatório expresso pela equação (2.20), a contribuição de um determinado nó sem restrição se limita aos funcionais individuais dos elementos que compartilham aquele nó. No caso simples ilustrado na Figura 2.4, a contribuição para o somatório da equação (2.20) devido ao nó a que aparece no centro da malha é ∂F ∂F1 ∂F2 ∂F3 ∂F4 = + + + ∂φp,a ∂φp,a ∂φp,a ∂φp,a ∂φp,a (2.21) Figura 2.4 Os elementos 1, 2, 3 e 4 compartilham o nó a. Fonte: produção do autor. A minimização do funcional F conduz a um conjunto de equações simultâneas que pode ser expresso em forma matricial. Os funcionais são diferentes para cada classe de problema. Para problemas magnetostáticos, por exemplo, a denição do funcional deve levar em conta a 56 não linearidade magnética, bem como a presença de correntes elétricas e ímãs permanentes. A contribuição de um dado elemento j para o somatório presente na equação (2.20) é: ∂Fj ∂φ1 ∂Fj ∂φ2 ∂Fj ∂φ3 S11 = S21 S31 S12 S22 S32 S13 φp,1 Q1 S23 φp,2 + Q2 S33 φp,3 Q3 (2.22) onde os nós são numerados localmente como 1, 2 e 3. Na denição da equação matricial expressa pela equação (2.22), os vértices do elemento triangular 2 e 3. A matriz quadrada SX(3×3) j são identicados pelos números 1, é conhecida como matriz de rigidez, uma terminologia herdada da análise estrutural. O termo genérico Smn é expresso em termos da área do elemento, dos coecientes geométricos do elemento e do parâmetro SXmn = κx 2D (qm qn O parâmetro κ κx que caracteriza o meio material, + rm rn ) m = 1, 2, 3 n = 1, 2, 3. (2.23) representa, por exemplo, a permissividade elé- trica em problemas eletrostáticos, e a relutividade magnética (inverso da permeabilidade magnética) em problemas magnetostáticos. O vetor Q(3×1) contém informações relativas às fontes energéticas do sistema físico. Em problemas eletrostáticos, a m-ésima posição do vetor Q(3×1) m-ésimo nó. contém o valor do potencial elétrico especicado para o Em problemas eletrostáticos, magnetostáticos e magnetodinâmicos as fontes de energia devem representar os efeitos de cargas elétricas, correntes nodais e ímãs permanentes. O sistema global que representa as contribuições de todos os n nós da região discretizada é expresso pela seguinte equação matricial: SS(m×n) φ(n) = Q(n) . A matriz SS(m×n) (2.24) SS(m×n) é a matriz global dos coecientes. Q(3×1) são formados de acordo com os e o vetor A matriz seguintes procedimentos: 1. para cada elemento i, a sua contribuição, expressa pela equação (2.22), deve ser inserida na matriz SS e no vetor Q obedecendo à numeração global dos nós; 2. as restrições de Dirichlet também devem ser inseridas na equação matricial. φm , a m tem um SS terá valor Se o potencial do nó m-ésima linha da matriz va1or especicado, unitário na posição 57 mm, e zeros m-ésima posição do diagonal, em todas as posições restantes. Também, a vetor Q assume o valor φm , especicado para o potencial daquele nó. As matrizes de rigidez SX(3×3) representam as contribuições dos elementos individuais e são simétricas na maioria dos casos. O termo genérico, expresso pela equação (2.23), mostra que a simetria é garantida se o problema é estacionário. Em certas classes de problemas, incluindo aqueles que representam corpos em movimento, as matrizes de rigidez não são simétricas. Em muitos problemas, a matriz global de coecientes e de faixa. SS(m×n) tem as propriedades de ser simétrica, esparsa Essas propriedades são extremamente importantes, pois permitem a utilização de técnicas avançadas de armazenamento e manipulação de matrizes. Com respeito ao parâmetro κ que aparece na equação (2.23), vale e a con- ressaltar que, na maioria dos casos, a permissividade elétrica dutividade elétrica magnética µ σ são constantes. Por outro lado, a permeabilidade (ou relutividade magnética ν) de materiais ferromagné- ticos é representada pela característica de magnetização que é, quase sempre, não-linear. Nas regiões ocupadas por meios magnéticos o valor de ν (or µ) em cada elemento triangular é função da intensidade de campo magnético H, ν = ν(H). No caso, a relação entre os campos (2.25) B e H é representada mate- maticamente por B = kµ(H)kH, em que a notação k.k (2.26) indica, além da não-lineariadade da dependência do campo, um possível caráter tensorial de µ(H), devido a propriedades anisotrópicas do material ferromagnético. Surge assim, a necessidade de empregar um processo iterativo tal como o método das aproximações sucessivas (BASTOS, 1992; SILVESTER; FERRARI, 1990). O problema restante consiste na solução do sistema de equações lineares expresso pela equação (2.24) para obter o valor do potencial nos diversos nós da malha. Muitos métodos numéricos podem ser empregados e esses incluem métodos diretos e iterativos. Existe uma extensa literatura sobre o assunto (BASTOS, 1992; SILVESTER; FERRARI, 1990). 58 2.5 SISTEMAS INFORMÁTICOS PARA CÁLCULO NUMÉRICO DE CAMPOS ELETROMAGNÉTICOS A utilização da técnica de elementos nitos para resolver, numericamente, as equações de campo eletromagnético é, hoje em dia, realizada por programas de propósito geral que são rápidos e de implementação robusta. Existe, na realidade, grande interesse no desenvolvimento de sistemas gerais, em vez de programas orientados para um problema especíco. Estes sistemas são conhecidos como sistemas CAD para com- CAD é a abreviatura de Computer Aided Design, uma terminologia que realça a importância destes sistemas nos putação eletromagnética. projetos de equipamentos eletromagnéticos. Os três principais fatores que contribuíram para o desenvolvimento destes sistemas foram: 1. o advento do computador digital; 2. o desenvolvimento de computação gráca interativa; 3. os avanços na análise numérica, permitindo que tanto a geometria quanto as equações diferenciais parciais do eletromagnetismo possam ser tratadas de uma forma discretizada. É possível analisar um número de diferentes geometrias e as condições de funcionamento, sem a necessidade de construção de um protótipo físico. Além disso, a simulação numérica proporciona, na maioria dos casos, informações conáveis e precisas sobre comportamento, independentemente da geometria do dispositivo e da complexidade dos materiais não lineares empregados na construção do mesmo. Ambientes de software modernos que podem ser classicados como sistemas CAD para solução de problemas eletromagnéticos contêm três elementos principais, que têm acesso a uma base comum de dados (SILVESTER; FERRARI, 1990): 1. O pré-processador. Permite que o usuário dena a geometria, as condições de contorno e as fontes de energia. A geração da malha é também uma operação de pré-processamento; 2. O processador. É o programa para montagem e solução do sistema de equações. A solução, em geral, é apresentada como um conjunto de potenciais nos pontos nodais. 59 3. O pós-processador. Permite a visualização e manipulação dos dados. Trata-se de etapa altamente interativa onde são calculados parâmetros como forças, indutâncias e perdas. Existem hoje inúmeros sistemas CAD eletromagnéticos, alguns deles comercialmente disponíveis e estes sistemas podem diferir signicativamente em suas estruturas e capacidades. Sistemas CAD modernos incorporam no pré e pós-processadores, ambas as operações de interaçãocom o usuário e lote (gerenciamento de informações obtidas). A solução pode ser considerada como a parte principal do sistema, mas a sua operação normalmente não requer interação do usuário. Por outro lado, a modelagem do problema normalmente envolve uma série de questões relacionadas com a geometria dos dispositivos em questão e as características esperadas de seus domínios. 2.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO Neste capítulo, foram apresentadas as bases teóricas do método dos elementos nitos. Esse método numérico será utilizado para as simulações realizadas ao longo de todo o trabalho. No próximo capítulo, será apresentado um estudo de caracterização de um transformador monofásico. 60 61 3 CARACTERIZAÇÃO DE UM TRANSFORMADOR MONOFÁSICO Este capítulo apresenta uma técnica sistemática para obtenção de parâmetros de um transformador monofásico, através da caracterização do material ferromagnético. Essa caracterização é realizada com o auxílio do ciclo de histerese do material. Assim, ao longo do capítulo serão explorados, em ordem, os seguintes itens: estudo das principais estruturas de materiais ferromagnéticos; desenvolvimento de um modelo de perdas dos materiais ferromagnéticos; apresentação do dispositivo em estudo; métodos de aquisição do laço de histerese e obtenção do mesmo; apresentação de curvas dos parâmetros elétricos do transformador em estudo; análises de energia, potência e perdas do modelo desenvolvido; validação do modelo, com a determinação da corrente de in-rush. 3.1 PERDAS EM MATERIAIS FERROMAGNÉTICOS A avaliação das perdas nos materiais ferromagnéticos usados na construção de dispositivos eletromecânicos é um assunto complexo e multidisciplinar que envolve Física, Engenharia de Materiais e Engenharia Elétrica. A teoria de separação de perdas permite analisar separadamente os diferentes fenômenos físicos que provocam dissipação de calor em núcleos de estruturas ferromagnéticas (BERTOTTI, 1988). De acordo com essa teoria, as perdas em materiais ferromagnéticos submetidos a variações de uxo magnético na operação em corrente 62 alternada podem ser separadas em três componentes: (i) as perdas por histerese, por ciclo, consideradas constantes para uma dada frequência, são determinadas experimentalmente utilizando uma fonte de alimentação que opera em uma frequência muito baixa, da ordem de 1 hertz. Trata-se das perdas por histerese estática ou quase estática, e são causadas pelo deslocamento e rotação dos domínios magnéticos de uma estrutura submetida à ação de um campo magnetizante externo; (ii) as perdas causadas pelas correntes parasitas, presentes em meios materiais que apresentam condutividade elétrica elevada; (iii) as perdas anômalas, também associadas ao movimento dos domínios magnéticos e explicadas por Bertotti a partir de uma entidade física conhecida como objeto magnético (BERTOTTI, 1988). Essas perdas podem ser explicadas, de forma simplicada, como sendo o que resta após as perdas por histerese e por correntes parasitas terem sido subtraídas das perdas totais. Em materiais ferrocristalinos, as perdas anômalas são responsáveis por 50% das perdas totais. As medições de grandezas magnéticas incluem ensaios em corrente contínua (CC) e em corrente alternada (CA). Os ensaios CC são voltados para medição de intensidade de campo, uxo magnético, permeabilidade magnética, curvas BH e laços de histerese. Já as medições CA são voltadas principalmente para a medição das perdas nos materiais magnéticos sob condições de magnetização alternada. A determinação das perdas em materiais ferromagnéticos em unidades de watt/quilograma (W/kg) usualmente parte de condições préestabelecidas: indução magnética máxima de 1,0 T ou 1,5 T e frequência de 50 Hz ou 60 Hz. Amplamente empregados na construção de máquinas e transformadores, os materiais ferrocristalinos podem ser agrupados em três grandes famílias: (i) aços elétricos de grãos orientados (GO) e aços elétricos de grãos não orientados (GNO); (ii) ligas de ferro-níquel (FeNi) e ferro-cobalto (FeCo); (iii) ferrites de manganêszinco (MnZn) e níquel-zinco (NiZn). Valores típicos das perdas dos materiais ferrocristalinos, ao lado de propriedades eletromagnéticas como densidade de saturação (BS ), resistividade elétrica (ρ) e máxima permeabilidade magnética relativa (µmax ) são apresentados na Tabela 3.1. 3.1.1 Aços de baixo carbono Os primeiros transformadores construídos por volta dos anos 80 do século XIX usavam aços de baixo carbono, isto é, com teores inferiores a 0,03% C (CULLITY; GRAHAM, 2009). Estes aços são basica- 63 Tabela 3.1 Materiais ferrocristalinos: propriedades eletromagnéticas. Categoria Bs [T] ρ µmax [µΩ/m] Perdas cas Aço baixo C 2,1 0,40 Aço GNO 2,0 Aço GO (M-4) 2,0 Aços Ni-B típi- [W/kg]* 5000 2,0 (60/1,0) 0,35 8000 2,7 (60/1,0) 0,48 40000 0,9 (60/1,5) 2,0 0,45 - 1,2 (60/1,7) Fe-(40-50Ni) 1,6 0,48 150,000 110 (50k/0,2) Fe-(77-80Ni) 1,1 0,55 150,000 40 (50k/0,2) Fe-(79Ni-4Mo) 0,8 0,58 106 33 (50k/0,2) Fe-(49Co-2V) 2,3 0,35 50,000 2,2 (60/2,0) 2 · 106 6,000 35 (50k/0,2) Ferrites (NiZn) 0,35 101 0 4,000 *Os valores entre parentêses indicam a relação f /Bmax [Hz/T] Ferrites (MnZn) 0,5 mente ferro comercial com algumas impurezas indesejadas de carbono, normalmente sob a forma de cementita (Fe3 C). Atualmente não são utilizados na construção de dispositivos elétricos de potência, embora continuem a ser usados para a construção de pequenos motores onde as perdas do ferro não são um fator determinante, mas sim o baixo custo. Como exemplos podem citar-se os transformadores de potência de reguladores e fonte de tensão, feitos na China. Em 1900, o metalurgista inglês Sir Robert Hadeld, descobriu que a adição de silício ao ferro, em pequenas quantidades (inferiores a 3%), diminuía as perdas magnéticas para cerca de 1/4 dos valores nos aços de baixo carbono (MOSES, 1990). A aplicação deste tipo de aços começou nos EUA em 1903 e no Reino Unido em 1906. Otimizando-se o tamanho de grão, através da adição de silício, conseguiu-se que as perdas magnéticas a 1,5 T e 50 Hz passassem de 7 W/kg nos primeiros aços para 2 W/kg nos de melhor qualidade hoje em dia. A adição de silício ao ferro tem as seguintes vantagens: Aumento da resistividade elétrica do material provocando uma diminuição das correntes de Foucault e consequentemente das perdas magnéticas; Diminuição da anisotropia magnetocristalina, o que permite um aumento na permeabilidade magnética; Diminuição da magnetostricção. A adição do silício ao ferro também apresenta desvantagens, tais como: 64 A adição de Si diminui a indução magnética de saturação, em cerca de 0,05T/%Si (LANDGRAF, 2002), O material se torna mais frágil dicultando o processo de estampagem. Por isso, normalmente as adições de silício estão limitadas a 3%. 3.1.2 Aços de grão orientado Os aços de grão orientado (GO) foram descobertos em 1933, pelo metalurgista americano Norman P. Goss (CULLITY; GRAHAM, 2009). Ele descobriu que se os aços silício fossem laminados a frio com recozimentos intermédios, a uma temperatura que pode variar entre ◦ 900 e 1100 C (MOSES, 1990), e acabando o processo com um reco- ◦ zimento a cerca de 1200 C (liberação de tensões), se conseguia obter chapas com propriedades magnéticas muito superiores às obtidas por laminação a quente (CULLITY; GRAHAM, 2009). Este melhoramento devia-se ao fato de existir uma recristalização secundária que ocorria durante o recozimento a alta temperatura e que conduzia à obtenção de uma textura magneticamente favorável, que passou a ser conhecida por textura de Goss. Nesta textura uma das direções preferenciais de magnetização de cada grão, a direção [001], está paralela à direção de laminação e paralela ao plano da chapa, conseguindo-se obter excelentes propriedades magnéticas segundo a direção de alinhamento do grão. Nas Figuras 3.1 e 3.2 podem se observar micrograas de aços de GO e GNO, respectivamente. 3.1.3 Materiais ferromagnéticos amorfos (vidros metálicos) As ligas metálicas possuem normalmente estruturas atômicas cristalinas em que os átomos estão ordenados numa rede ordenada e repetida. Por outro lado, as ligas metálicas amorfas diferem das an- teriores pelo fato dos seus átomos estarem distribuídos de um modo praticamente aleatório e desprovidos de ordem a longa distância (como nos vidros). Essas ligas foram descritas pela fórmula geral M70−90 Y10−30 Z0,1−15 , onde M é um ou mais metais de transição como o Fe, Ni, Co e Cr, Y é um elemento não metálico (por exemplo, P, B ou C) e Z é um metalóide (como o Si, Al ou Ge) (DECRISTOFARO, 1998; VIEIRA et al., 2000). As ligas magnéticas amorfas utilizadas comercialmente são: 65 Figura 3.1 Grão orientado (GO). Fonte: adaptado de (GONÇALVES-MONTEIRO, 2010) Fe82 B12 Si6 descoberta em 1978 (METGLAS 2605S), Fe81,5 B13 Si3,5 C2 descoberta em 1979 (METGLAS 2605SC), Fe78 B13 Si9 descoberta em 1980 (METGLAS 2605S-2). A liga METGLAS 2605S-2 é, atualmente, a mais usada em projetos de sistemas de potência (FISH, 1990; VIEIRA et al., 2000). Algumas características de materiais ferromagnéticos usados em núcleos de transformadores estão apresentadas na Tabela 3.2 Para abordar o tema da caracterização dos materiais magnéticos e sua aplicação na avaliação das perdas é necessário fazer uma abordagem da teoria magnética, explorando o conceito de domínio magnético, as curvas de magnetização e as perdas magnéticas no ciclo de histerese. 66 Figura 3.2 Grão não-orientado (GNO). Fonte: adaptado de (GONÇALVES-MONTEIRO, 2010) 3.1.4 Momento magnético, magnetização e materiais magnéticos Os materiais que sob a ação de um campo magnético produzem eles próprios, no seu volume e no espaço que os envolve, um campo de indução magnética Bmag são chamados materiais magnéticos, dizendose que exibem a capacidade de se magnetizar ou se polarizar magneticamente (ROBERT, 1989). Na escala microscópica, o magnetismo resulta do movimento de spin dos elétrons no movimento orbital destes em torno do núcleo. Estes movimentos dão origem ao momentum angular de Spin ou Magnéton de Bohr (mB ), que, na órbita fundamental do átomo de hidrogênio, vale: mB = qe hp π = 9, 27 · 10−24 [Am2 ] 2me 2 67 Tabela 3.2 Algumas características de materiais ferromagnéticos usados em núcleos de transformadores. Material Bsat [T] Hc [A/m] ρ [µΩm] Pmag [W/kg] e [mm] MG* 2605 SA1 1,56 2,0 1,3 0,070 0,025 MG* 2605 HB1 1,64 1,5 1,3 0,063 0,025 Aço GO 2,03 4,5 0,5 0,440 0,23 *Material produzido pela empresa METGLAS. onde qe é a carga do elétron, me é a massa do elétron em repouso, é a constante de Plank. O valor de mB hp pode ser positivo ou negativo de acordo com o spin. Os dipolos magnéticos estão representados na Figura 3.3. Figura 3.3 O dipolo magnético tem origem no momento angular dos elétrons nos íons ou átomos que formam a matéria. Fonte: produção do autor A condição de ser gerado um momento magnético não nulo se deve à existência de subníveis internos incompletos que geram momentos magnéticos que não são anulados pelo elétron com spin contrário. 3s 2 2 2 6 No caso da distribuição eletrônica do Ferro tem-se: 1s 2s 2p 6 2 6 3p 4s 3d . A Figura 3.4 mostra a condição de orbitais e spins a partir da distribuição eletrônica de Linus Pauling do ferro. Os 4 elétrons desemparelhados do último subnível do átomo de ferro dão a ele um momento de dipolo magnético de 4 magnétons de Bohr. No caso do ferro, no subnível 3d, no primeiro orbital, o momento é nulo, já nos outros quatro, cada orbital aporta com um momentum, resultando assim num momento magnético de 4 magnétons de Bohr, isto é, um material com características ferromagnéticas. Nos materiais ferromagnéticos, alinhamentos cooperativos de momentos de spin ocorrem em volumes grandes (em relação ao volume atômico). A magnetização de um material é denida como o momento 68 Figura 3.4 Através do diagrama de Linus Pauling, obtém-se a distribuição dos elétrons nos orbitais. No caso do ferro são 4 momentos angulares de spin não nulos, isto é, 4 magnétons de Bohr. (a) Distribuição de Pauling. (b) Spins nos Orbitais Fonte: Produção do Autor. magnético dos dipolos por unidade de volume. Esta magnetização dá origem aos domínios magnéticos. 3.1.5 Domínios magnéticos (ou, de Weiss): uma questão energética Vários "spins"de elétrons orientados em uma mesma direção no cristal de ferro formam o que se chama de domínio magnético. Este termo foi cunhado por Weiss em 1906, ainda como sendo uma hipótese na qual a magnetização espontânea é igual à magnetização de saturação do domínio e seus limites denidos por um campo molecular. Somente em 1949 apareceu a evidência experimental do conceito de domínio magnético, demonstrado por Williams, Borzort e Shockley (WILLIAMS; BORZORTH; SHOCKLEY, 1949). 69 Os materiais ferromagnéticos são constituídos por estes domínios formando regiões volumétricas microscópicas onde os momentos de dipolo magnético se encontram alinhados, procurando a minimização da energia, com as regiões vizinhas. A magnitude do campo de magnetização M para um sólido como um todo é a soma vetorial das magnetizações de todos os domínios, onde a contribuição de cada domínio é ponderada de acordo com a sua fração volumétrica. No caso de uma amostra não magnetizada, a soma vetorial apropriadamente ponderada das magnetizações de todos os domínios é igual a zero. A Figura 3.5 apresenta uma imagem de metalograa evidenciando os domínios magnéticos. 3.1.5.1 Paredes de domínio Cada domínio está separado do adjacente por uma zona de transição (interface). Estas zonas chamam-se paredes de domínio ou paredes de Bloch, em homenagem a Felix Bloch que, em 1932, elaborou a primeira explicação teórica para a estrutura das paredes (CULLITY; GRAHAM, 2009). A Figura 3.6 representa esquematicamente a estru- ◦ tura de uma parede de domínio de 180 , isto é, uma parede que separa dois domínios cuja magnetização tem igual direção, mas sentidos opostos. A Figura 3.7 apresenta uma metalograa de um transformador fabricado com aço 1010, na China. As propriedades ferromagnéticas com interesse do ponto de vista do projeto de máquinas, tais como a histerese magnética (estática e dinâmica), a permeabilidade, etc., dependem fortemente da estrutura dos domínios e da forma como estes respondem sob a ação de um campo magnético aplicado. A estrutura dos domínios se ajusta de tal forma que tende a minimizar a energia interna do sistema (da amostra), a qual é composta pela soma de quatro termos distintos: Energia de anisotropia magnetocristalina, Energia magnetostática, Energia de troca, Energia de magnetostricção, ou magnetoelástica, Ean ; Ems ; Et ; Emt . A Figura 3.8 auxilia na compreensão desse fenômeno. Sua descrição no contexto molecular se encontra no Anexo A. 70 Figura 3.5 O tamanho dos domínios está na escala micrométrica e, para um material policristalino, cada grão pode conter mais de um domínio. Fonte:produção do autor, obtida através do ensaio de materiais no CCT, na UDESC. 3.1.6 Magnetização e susceptância magnética Quando um material magnético é submetido a um campo externo, a indução magnética é dada pela soma dos efeitos devidos ao campo externo e ao vetor chamado polarização magnética, isto é: B = µ0 (H + M ). (3.1) 71 Figura 3.6 Ilustração da parede do domínio magnético que separa ◦ dois domínios cujos momentos atômicos mudam a orientação em 180 . Fonte: adaptado de (GONÇALVES-MONTEIRO, 2010) Em módulo, a Equação (3.1) pode ser colocada sob a forma: M B = µ0 1 + H. H (3.2) O termo entre parênteses representa a permeabilidade magnética relativa do material, portanto: B = µ0 µr H, (3.3) B = µH. (3.4) e, nalmente A Figura 3.9 auxilia na compreensão do fenômeno de magnetização do material magnético. No caso dos materiais ferromagnéticos o aporte do termo µ0 H é muito pequeno, neste caso, podem se fazer algumas simplicações. A curva de magnetização do material pode ser aproximada a: M M µr = 1 + → µr − 1 = , H H 72 Figura 3.7 Metalograa do núcleo do transformador fabricado na China aço 1010. Fonte: produção do autor, obtida através do ensaio de materiais no CCT, na UDESC. como µr 1 (condição de ferromagnetismo), µr = M . H (3.5) A condição de ferromagnetismo ocorre em materiais para os quais os átomos têm momento magnético permanente relativamente grande. Além disto, possuem a capacidade de serem magnetizados fortemente por um campo magnético, mantendo um grau considerável de magnetização quando retirados do campo. Sobre esta hipótese se obtém a curva do vetor de magnetização M H , expresso como M = µr H . χm de um material é a sua capa- em função de intensidade de campo A susceptibilidade magnética cidade de ampliar o número das linhas de uxo que passam por ele, denido como: χm = M . H (3.6) 73 Figura 3.8 A existência de domínios magnéticos é resultado da minimização de energia. Fonte: produção do autor. No caso de ferroressonância, temos que χm = µr . Esta capacidade de "ampliar as linhas de força"é utilizada para classicar o comportamento magnético, neste caso, Xm > 500 segundo Xm os ma- o gráco de permeabilidade relativa, atendendo o valor de teriais são classicados de acordo com a Tabela 3.3. Tabela 3.3 Classicação dos materiais quanto à susceptibilidade magnética e a relação de permeabilidade. Mateial χm µ/µ0 Paramagnético >0 >1 Diamagnético <0 <1 Ferromagnético Ferrimagnético 0 0 1 1 Antiferromagnético >0 >1 A Figura 3.10 apresenta a curva aproximada de magnetização do transformador estudado nesse trabalho. 3.1.6.1 Curva de magnetização inicial Um material magnético submetido à ação de um campo magnético crescente H vai aumentando a sua magnetização (ou, a sua polari- zação magnética) até ser atingida a magnetização de saturação, isto é, 74 Figura 3.9 Mecanismo de magnetização não-linear do núcleo. Fonte: produção do autor até ser atingida a chamada magnetização técnica. O termo magnetização técnica deve essencialmente pela variação da direção dos domínios magnéticos saturados e não pela variação da respectiva magnetização espontânea (CULLITY; GRAHAM, 2009). Medindo a indução mag- nética no material (ou, densidade de uxo magnético), do campo magnético H B, em função aplicado a uma amostra ferromagnética des- magnetizada, obtém-se a chamada curva de magnetização inicial ou, curva de primeira magnetização, onde se observa um comportamento não linear entre a magnetização do material e o campo externo ao qual é submetido. Durante a magnetização de um material ferromagnético, a partir do estado desmagnetizado, podem distinguir-se na curva BH várias zonas correspondentes a diferentes etapas do processo de magnetização. Na Figura 3.11 está apresentada esquematicamente uma curva de magnetização inicial. A Figura 3.12 apresenta o processo de magnetização do material sob o enfoque do balanço energético. 75 Figura 3.10 Curva aproximada da magnetização em um material ferromagnético (não linear) obtida pelo produto ponto a ponto M = Hµr do gráco permeabilidade versus intensidade de campo. Fonte: Produção do Autor. Na zona de deslocamento irreversível das paredes, os domínios também rodam de forma a alinhar a sua magnetização espontânea com os eixos cristalográcos preferenciais, cuja direção seja a mais próxima daquela do campo H. Todo este processo de magnetização é irreversí- vel. Na região, o movimento das paredes não se dá de um modo contínuo, mas sim por variações abruptas conhecidas por saltos de Barkhausen, em homenagem ao físico alemão Heinrich Barkhausen que, em 1919, montou uma experiência em que se ouviam sucessivos estalidos correspondentes às variações descontínuas na magnetização do material. Os saltos são gerados pela ancoragem e libertação das paredes de domínios que se encontram presas (produto de defeitos no material, impurezas, tensões localizadas, limites de grão). O movimento abrupto produz uma variação abrupta de uxo magnético, o qual termina induzindo uma corrente na região gerando uma perda conhecida como perda excedente. 76 Figura 3.11 Curva de magnetização inicial de um material ferromagnético, na região de deslocamento de domínio. Fonte: produção do autor. Figura 3.12 Processo de magnetização do material sob o enfoque do balanço energético. Fonte: adaptado de (BATISTELA, 2001) As perdas magnéticas totais que ocorrem num material ferromagnético quando sujeito à ação de um campo de indução B variável no tempo são dadas por: Pt = Ph + Pf + Pexc (3.7) 77 onde Ph Ph representa as perdas por histerese, por correntes de Foucault clássicas e Pexc de Foucault excedentes ou, anômalas. são as chamadas perdas são as perdas por correntes Por vezes pode também ser adotada a divisão em perdas estáticas e dinâmicas em que, as primeiras correspondem às perdas por histerese, e as segundas às perdas por correntes de Foucault clássicas e excedentes. Atualmente existem duas linhas de investigação principais quanto à interpretação física dos vários mecanismos de perdas. Segundo Bertotti, Cullity e Graham (BERTOTTI, 1988; CULLITY; GRAHAM, 2009; GRAHAM, 1982), entre outros, não existe distinção física entre os processos de magnetização que ocorrem sob excitação DC ou AC, isto é, quer em regime quase estático quer em regime variável no tempo, estes autores consideram que as perdas magnéticas resultam de dissipação de calor por efeito de Joule resultante de correntes de Foucault induzidas no material. O que difere entre os vários tipos de perdas é qual o mecanismo interno que as origina. Por outro lado, M. F. Campos e a equipe de F. Landgraf (CAMPOS; EMURA; LANDGRAF, 2006; LANDGRAF; EMURA; CAMPOS, 2008), consideram que as perdas por histerese não têm origem em correntes induzidas no material durante o ciclo de magnetização, mas, sim, na nucleação e aniquilação de paredes de domínios magnéticos. 3.1.7 Modelos de perdas para materiais magnéticos A partir das estruturas teóricas que descrevem o comportamento dos materiais magnéticos, foi possível distinguir três tipos principais de perdas nesses materiais: perdas por histerese, perdas por correntes parasitas e perdas excedentes. 3.1.7.1 Perdas por histerese e perdas magnéticas totais As perdas por histerese, Ph , numa amostra de material ferro- magnético são proporcionais à área do ciclo de histerese, obtido em regime quase estático, multiplicada pelo volume da amostra, frequência de operação f, v e pela isto é, I Ph = f v HdB (3.8) 78 Porém, se o mesmo cálculo for efetuado a partir do ciclo de histerese obtido nas frequências industriais de 50 ou 60 hertz, ou superiores, são adquiridos dados relativos às perdas magnéticas totais da amostra. Ou seja, em regime dinâmico, a área do ciclo de histerese é uma medida da energia total dissipada no material por unidade de volume. No m do século XIX, C.P. Steinmetz obteve uma fórmula empírica que permitia calcular as perdas por histerese em função da indução máxima no material, Bm , que é, αh P h = K h Bm f em que Kh (3.9) é a constante de perdas por histerese e que depende das propriedades do material e αh é o chamado coeciente ou expoente de Steinmetz e que, na equação original de Steinmetz valia aproximadamente 1,6 para os aços. Atualmente considera-se que αh pode variar entre 1,5 e 2 (FISH, 1990) para induções máximas até 1,2 T (LANDGRAF, 2002) e, acima desse valor até 1,6 T, podem determinar-se experimentalmente valores que podem chegar a αh = 5 (LANDGRAF; EMURA; CAMPOS, 2008). O aumento do coeciente de Steinmetz acima de determinados valores de Bm , também foi referido por (BOZORTH, 2000). O meca- nismo físico que está na origem das perdas por histerese ainda não é consensual. Segundo G. Bertotti (BERTOTTI, 1988), C. Graham (GRAHAM, 1982) e Cullity (CULLITY; GRAHAM, 2009), entre outros, as perdas por histerese têm origem nas micro-correntes de Foucault induzidas no material, tais como as restantes componentes. Esta idéia foi inicial- mente sugerida por Becker (BECKER, 1963), o qual considerou que o único mecanismo de perdas existente nos materiais magnéticos seriam as perdas resistivas resultantes de correntes de Foucault. Em seu conceito fundamental, a origem da histerese encontra-se no caráter descontínuo do processo de magnetização, na escala submicroscópica. Nesse escopo, a movimentação das paredes de domínios ocorre de forma discreta, isto é, por saltos quantizados e não através de um movimento contínuo das paredes. Ou seja, mesmo em uma frequência de operação muito baixa (na ordem de mHz), não há continuidade no movimento. Logo, os saltos, conhecidos por saltos de Barkhausen, provocam localmente variação da indução magnética e, portanto, na força eletromotriz induzida. Essa tensão origina microcorrentes, localizadas em volta dos segmentos em movimento que provocam perdas por efeito de Joule. A ocorrência do processo de movimentação por saltos de Barkhausen resulta da ancoragem das paredes de domínio a 79 impurezas, defeitos cristalinos ou limites de grão, as quais só se libertam quando o campo na vizinhança dessas paredes é suciente para provocar o seu deslocamento. 3.1.7.2 Histerese através da visão de energia nos domínios Por outro lado, M. Campos e F. Landgraf et al. (CAMPOS; EMURA; LANDGRAF, 2006), consideram que as perdas por histerese resultam do processo de aniquilação e formação de paredes de domínio o qual origina dissipação irreversível de energia, independentemente da existência ou não de correntes de Foucault. As perdas são diretamente proporcionais à área das paredes nucleadas e aniquiladas durante um ciclo de magnetização (CAMPOS; EMURA; LANDGRAF, 2006). Segundo estes investigadores uma das provas da teoria que defendem é o fato do envelhecimento magnético, originado pelas mudanças das estruturas do grão durante o tempo de vida dos aços elétricos, apenas fazem aumentar as perdas por histerese (CAMPOS; EMURA; LANDGRAF, 2006). Nota-se que o aumento do volume de precipitados no aço aumenta o número de possíveis pontos de nucleação e aniquilação de paredes. Outro aspecto a considerar é o fato da própria estrutura dos domínios, isto é, o número de paredes em movimento, variar com a frequência de operação tornando discutível para alguns autores considerar as perdas magnéticas totais como uma soma das perdas em regime estático e dinâmico (BECKER, 1963). Parece, pois evidente que o mecanismo responsável pelas perdas histereses ainda será motivo de muita investigação. 3.1.7.3 Perdas por correntes de Foucault ou parasitas Quando uma massa metálica é submetida a uma densidade de uxo magnético variável, forças eletromotrizes serão induzidas no seu interior, produzindo correntes que circularão pelo metal. Essas correntes recebem o nome de correntes parasitas (ou correntes de Foucault). A circulação dessas correntes provoca aquecimento e, consequentemente, perdas de energia no material ferromagnético. As perdas por correntes de Foucault clássicas, ou simplesmente perdas Foucault Pf , resultam da variação temporal do campo de indu- ção magnética no material o que origina uma corrente induzida e sua 80 grandeza vai depender da resistividade do material. As perdas clássicas por correntes parasitas são calculadas com base nas equações de Maxwell. No desenvolvimento do modelo, foi considerado que a condutividade elétrica do material é constante, e isotrópico magnética e eletricamente. Não se leva em consideração o efeito pelicular na distribuição da corrente só considerando um valor médio da condutividade. A Figura 3.13 ilustra a lâmina de um transformador. Figura 3.13 Lâmina de um material ferromagnético. Fonte: adaptado de (GONÇALVES-MONTEIRO, 2010) 81 Considerando a espessura e h, que representa a altura da lâmina, a partir da lei de Faraday tem-se: V = dφ , dt (3.10) de modo que, a tensao induzida no percurso seja √ E = 2 2πf Bm hx (3.11) e a resistência elétrica do percurso médio lm seja Rf = 2hρ . lm dx (3.12) Assim a corrente innitesimal induzida no percurso é dif = E = Rf √ 2πf Bm lm xdx . ρ (3.13) A potência de perdas no ferro, por circulação de correntes parasitas, é dada por: Z Pf = 0,5e Z E dif = 0 0 0,5e 2 2 hlm e3 hlm x2 dx π 2 f 2 Bm 4π 2 f 2 Bm → Pf = . ρ 6ρ (3.14) Considerando o volume total da lâmina v = hlm e (3.15) tem-se que a perda "Focault"no volume total do ferro é dada por Pf = π2 2 2 2 2 2 2 2 B f e v → Pf = kf Bm f e v . 6ρ m (3.16) ρ é a resistividade do material (inuenciada pelo teor de silício), kf é o coeciente de perdas de Focault, f é a frequência de alimentação, e é a espessura da chapa e v é o volume total do núcleo. em que 3.1.7.4 Perdas por correntes de Foucault excedentes Medindo as perdas magnéticas totais numa lâmina de material ferromagnético a operar em regime dinâmico, medindo também as res- 82 pectivas perdas por histerese em regime quase estático e calculando as perdas de Foucault clássicas pela equação (3.16), verica-se que a soma Ph + Pf é inferior às perdas totais. A essa diferença chama-se perdas excedentes ou, anômalas, Pexc , tendo-se então, Pexc = Pt − (Pf + Ph ). (3.17) As perdas excedentes estão associadas com o movimento em larga escala das paredes de domínios (BERTOTTI, 1988; FIORILLO, 2004) e respectiva rotação de domínios magnéticos que ocorre na zona dos joelhos da curva de magnetização. Segundo o modelo estatístico de Bertotti (com subíndice B ), as perdas excedentes podem ser traduzidas pela equação: r Pexc,B = Kexc,B em que Kexc,B 1 23 3 Bm f 2 ρ (3.18) é um parâmetro relacionado com a estrutura dos domí- nios magnéticos, sendo diretamente proporcional ao tamanho de grão, condutividade elétrica σ, coeciente de atrito do objeto magnético seção referente a indução magnética mv Vo , S, G, densidade de massa especíca e o ente equivalente a um campo coercitivo do objeto magnético de modo que: Kexc,B = 8, 76363 p σGVo S. mv (3.19) Para M. Campos (CAMPOS; EMURA; LANDGRAF, 2006), as Pexc (com subíndice C) variam de acordo com a equação (3.20), a constante obtida empiricamente Pexc,C = Kexc,C em que o parâmetro Kexc,C 1 2 3 B f2 ρF e m (3.20) é diretamente proporcional à raiz quadrada do tamanho de grão. Considerando o modelo de Bertotti pode então escrever-se para as perdas de ferro totais Pt = αh Kh Bm f + kf e 2 2 2 vBm f r + KexcB 1 32 3 Bm f 2 . ρm (3.21) 83 As perdas por correntes induzidas calculadas de maneira clássica, o parâmetro mais difícil de ser obtido é a condutividade elétrica do material devido a não ser homogênea e isotrópica. 3.1.8 Extensão do modelo de perdas sob regime não senoidal (PWM) A primeira tentativa da compreensão dos efeitos do conteúdo harmônico do uxo magnético, como aqueles produzidos pela modulação por largura de pulso (PWM), sobre as perdas em lâminas magnéticas remonta ao ano de 1969 (FISH, 1990). Hollitscher (HOLLITS- CHER, 1969) avalia experimentalmente as perdas no ferro com a presença de harmônicos de baixa ordem no uxo, controlando o efeito desses harmônicos em módulo e em fase. Este estudo concluiu que a presença de harmônicos acarreta diretamente um forte aumento nas perdas do ferro. Através da equação de separação de perdas de Steinmezt-Bertotti aplicável só a ondas senoidais é possível estender sua aplicação a ondas não senoidais através da série de Fourier. Para isto, é necessário obter o espectro da corrente o qual é proporcional ao espectro da indução. A perda total vai corresponder à soma de todos estes aportes. As Figuras 3.14, 3.15 e 3.16 elucidam esses fatos. Figura 3.14 Formas de onda estilizadas de tensão PWM e da corrente que é proporcional à indução. A série de Fourier permite representar qualquer função como uma soma de ondas senoidais com diferentes amplitudes e frequências. Fonte: adaptado de (BATISTELA, 2001) 84 Figura 3.15 A técnica PWM gera uma onda de corrente distorcida que acompanha a senoide de referência, por efeito da integração da corrente, com base na constante de tempo RL do circuito. Esse processo de integração gera exponenciais crescentes e decrescentes que dão o caráter "recortado"ao sinal de corrente. Fonte: adaptado de (BATISTELA, 2001) Embora contrariamente ao esperado o formato de onda PWM não aumenta em forma expressiva a perda total, no caso da forma de onda da indução na Figura 3.17 que introduz harmônicas de baixa frequência (principalmente a terceira e a quinta) gerando laços menores, as perdas aumentam de forma proporcional ao número de laços. 85 Figura 3.16 Forma da curva BH para uma forma de tensão PWM as ondas recortadas, afetam só o contorno da curva de histerese, seu efeito sobre as perdas totais é mínimo, num inversor PWM as perdas cam por conta do aumento da frequência. Fonte: adaptado de (BATISTELA, 2001) Figura 3.17 Os dois tipos básicos de forma de distorção da indução magnética na formação de laços menores na curva de histerese magnética: (a) sem extremos locais e (b) quatro variações extremas no período. Fonte: adaptado de (BATISTELA, 2001) 86 3.1.9 Modelo de Jiles Atherton de histerese magnética e seus parâmetros ótimos A curva de histerese corresponde na verdade a energia dissipada por ciclo, que inclui a histerese propriamente e as perdas por correntes induzidas ou dinâmicas. Uma modelagem físico-matemática adequada contribui no projeto de máquinas com melhor eciência energética. Na procura de representações matemáticas mais elaboradas, o modelo proposto por Jiles-Atherton (JA) (JILES D. C.; ATHERTON, 1983) para a histerese magnética tem um fundamento físico que provém de uma série de modelos matemáticos explicando o fenômeno de perdas de ferro na literatura: Ferromagnetismo de Maxwell, interação mútua entre momentos magnéticos; Weber, de Weidemann, dipolos magnéticos moleculares; Ewing, interação mútua entre momentos magnéticos; Langevin, teoria matemática do Paramagnetismo; Weiss, interação entre os domínios magnéticos e conceito de indução efetiva magnética no fenômeno ferromagnético. Kersten, Becker e Doring na interpretação da mudança de magnetização do material em termos da movimentação das paredes dos domínios. Sua formulação é em termos de uma equação diferencial trans- cendental de primeira ordem não-linear em função da variável independente de campo magnético aJA , αJA e kJA ). H, contendo cinco parâmetros (Ms , χs , Os valores iniciais são obtidos através de curvas de histerese experimentais. A otimização dos cinco parâmetros do modelo −1 JA e Jiles-Atherton inverso (JA ) (JILES D. C.; ATHERTON, 1983) se baseia em um gráco de magnetização em função da susceptibilidade diferencial Mr e χr , e χin χm . Os pontos notáveis: Ms , Mm , Hm , χm , Hc , χc , são denidos a partir das formulações de Jiles (JILES D. C.; ATHERTON, 1983) e são o ponto de partida para o cálculo iterativo das variáveis aJA , αJA e kJA utilizando o algoritmo iterativo proposto por Peuget (PEUGET, 1995). Na condição de convergência chega-se aos valores nais para "aJA , e Figura 3.19). αJA e kJA "(vericar Figura 3.18 87 Os parâmetros, iniciais obtidos experimentalmente do gráco de susceptibilidade, as equações básicas para este m, as denições dos parâmetros e o algoritmo estão no Anexo B. Figura 3.18 As susceptibilidades diferenciais são as inclinações das retas apresentadas na Fig. O algoritmo de Peuget (PEUGET, 1995) é aplicado para o encontro de um primeiro possível conjunto de parâmetros. Utiliza-se metade de um laço de histerese para a obtenção dos nove dados de entrada para o algoritmo. Fonte: adaptado de (BATISTELA, 2001) 88 Figura 3.19 Pontos chaves sugeridos por Jiles para obtenção dos nove dados (Ms , Mm , Hm , χm , Mr , χr , Hc , χc , Hc, χin ) necessários para a implementação do modelo JA estão indicados na gura traçada a 1 Hz. Fonte: adaptado de (BATISTELA, 2001) 3.2 DISPOSITIVO EM ESTUDO O modelo numérico foi construído seguindo um roteiro proposto Alfonso Martignoni (MARTIGNONI, 1969) e analisado no software bidimensional FEMM (Finite Element Method Magnetics). O roteiro utilizado é apresentado no Anexo C. Um corte transversal representando o modelo bidimensional pode ser visto na Figura 3.20. Ao redor do transformador incluiu-se uma região circular com ar cuja extremidade é denida com potencial magnético nulo. Esta condição de fronteira é denominada contorno de Dirichlet, e tem como função limitar o domínio de análise. 89 Figura 3.20 Transformador modelado no FEMM. Fonte: produção do autor. 3.3 MÉTODOS E EQUIPAMENTOS PARA A CARACTERIZAÇÃO DE MATERIAIS FERROMAGNÉTICOS Nessa seção, o objetivo é apresentar as ferramentas de laboratório que permitem uma adequada caracterização dos materiais (perdas por kg, curva BH , permeabilidade, textura GO). A utilização de circui- tos de baixo custo é uma boa alternativa, já que na maioria dos casos o projetista precisa fazer comparações qualitativas entre os materiais que dispõe para o projeto de forma expedita e rápida. 3.3.1 Medidor das perdas de histerese Este instrumento (vericar Figura 3.21) é utilizado nas empresas de manufatura de núcleos para máquinas elétricas na recepção de matéria-prima. Através de uma bobina que produz uma indução especicada pelo operador e por meio de um circuito eletrônico, calcula-se a energia 90 dissipada no ciclo de histerese no ponto especicado. O resultado é apresentado em watt/kg, de modo que é necessário especicar espessura da chapa. Figura 3.21 Aparelho de medida DW20. Fonte: adaptado de (FUKUHARA, 2010). 3.3.2 O quadro de Epstein A estimativa das características de magnetização dos materiais e obtenção das perdas magnéticas pode ser realizada através do teste de Epstein, procedimento padronizado pela norma brasileira NBR-6151 (1996). O quadro de Epstein assemelha-se a um transformador constituído por dois enrolamentos: primário e secundário (vericar Figuras 3.22 e 3.23). As amostras de teste formam o núcleo magnético do transformador. O quadro de Epstein apresenta ainda um indutor mútuo para compensar o uxo disperso no interior das bobinas que em consequência da disposição das bobinas é alto. O indutor de compensação é localizado no centro do espaço formado pelos enrolamentos. Os enrolamentos apresentam um total de 700 espiras e são recomendados para teste num intervalo de frequência de 25 a 400 Hz. Excita-se o enrolamento primário e mede-se a tensão secundária. O comprimento efetivo para o caminho magnético é adotado convencionalmente como 0,94 m, para o quadro de 25 cm (NBR-6151, 1996). O material a ser ensaiado deve ser cortado com dimensões especícas. 91 Figura 3.22 Quadro de Epstein - foto. Fonte: adaptado de (PEREIRA JUNIOR, 2011) 3.3.3 Circuito esquemático O esquema de ligação para realização do ensaio de perdas magnéticas é ilustrado pelo circuito esquemático representado pela Figura 3.24. A maioria dos quadros de Epstein existentes no Brasil foram desenvolvidos pela empresa Yokogawa. Essa empresa já não fabrica mais os medidores de Epstein. Tais medidores podem ser adquiridos junto a empresas estrangeiras como a Brockhaus, o que diculta e encarece o ensaio. 3.3.4 O Sensor de lâmina única O ensaio com o sensor de lâmina única (single-sheet tester) não é normalizado. O "single-sheet tester"(SST) é composto por dois enrolamentos, que envolvem a tira (vericar Figuras 3.25 e 3.26). O campo 92 Figura 3.23 Quadro de Epstein - ilustração. Fonte: adaptado de (PEREIRA JUNIOR, 2011) Figura 3.24 Circuito esquemático para realização do teste de perdas magnéticas e levantamento da curva Fonte: NBR-6151, 1996. BH . 93 magnético externo é aplicado no enrolamento primário, mais externo. A medição de indução magnética é realizada no enrolamento secundário. Figura 3.25 Esquema do sensor SST. Fonte: adaptado de (FUKUHARA, 2010). 3.3.5 Técnica para a medição dos processos de orientação cristalográca (EBSD) A difração de elétrons retro espalhados (Electron BackScatter Diraction-EBSD) é uma técnica que fornece informações da orientação cristalográca obtidas de amostras através da análise de padrões de difração em um microscópio eletrônico de varredura (MEV). A análise dos dados obtidos por EBSD é realizada pela observação do mapa (conferir Figura 3.27) de distribuição de orientações (Orientation Imaging Microscopy-OIM). Esta técnica é aplicada na avaliação dos processos de laminação na obtenção de material de grão orientado. A tecnologia de obtenção e controle do grão tem sido muito explorada devido às vantagens de eciência energética do equipamento. A laminação reduz a espessura inicial da chapa e se torna um indicador do processo. A técnica de grão orientado melhora a permeabilidade, reduzindo a área do ciclo de histerese. Com isso, consegue-se melhorar o desem- 94 Figura 3.26 Sensor de lâmina única SST. Fonte: adaptado de (FUKUHARA, 2010). Figura 3.27 Exemplo de OIM e código de cores. Fonte: adaptado de (FUKUHARA, 2010) 95 penho do equipamento em termos de perdas magnéticas, de modo que, em termos percentuais: resp = e 1− e0 × 100 (3.22) O circuito proposto também poderia indicar que material apresenta melhor orientação (observar Figuras 3.28 e 3.29). Figura 3.28 Laminação. Fonte: adaptado de (FUKUHARA, 2010) 3.3.6 Textura Cristalográca Os grãos não estão orientados aleatoriamente, privilegiando algumas direções em relação à direção da laminação. A distribuição das orientações em relação à laminação é conhecida como textura cristalina. Seu controle permite a fabricação de máquinas de alto rendimento. As texturas usuais são: Textura Goss. [100]: favorece as propriedades magnéticas, é conhecida como direção espontânea ou de fácil magnetização. Esta textura é fortemente orientada. Caracteriza o aço silício de grão orientado, ideal para transformadores e máquinas estáticas; Textura cúbica [101]: índice de magnetização médio, ideal para motores; Fibra grama [111]: de magnetização difícil. Não apresenta utilidade em qualquer tipo de máquina. 96 Figura 3.29 Magnetização em relação aos índices de Miller de uma estrutura CCC (Cúbica de Corpo Centrado). Fonte: adaptado de (FUKUHARA, 2010) 3.4 OBTENÇÃO CURVA DE HISTERESE O circuito da Fig. 3.30 possibilita investigar o ciclo de histe- rese de um núcleo magnético. A fundamentação teórica do método de medição é descrita no Anexo A. No presente estudo, utiliza-se um núcleo magnético fechado de um pequeno transformador de teste. O campo magnético é gerado pela passagem da corrente na bobina primária ligada ao transformador variável. O campo H é diretamente proporcional à corrente que circula na bobina primária. Portanto, a queda de tensão também é proporcional ao campo H. VR1 sobre o resistor Da lei de Ampere, I H dl = N1 i1 (3.23) 97 Figura 3.30 Circuito para obtenção da curva de histerese. Fonte: adaptado de (SILVA, 1995) Com base na Figura 3.30, a imagem exibida no canal 1 do osciloscópio é proporcional à corrente: i(t) = Vch1 (t) , R1 (3.24) N1 Vch1 lm R1 (3.25) logo: H(t) = onde lm é o comprimento médio do núcleo, do primário e R1 é o resistor shunt de N1 é o número de espiras 1 Ω. De acordo com a lei de Faraday, a tensão VS na bobina secundária é diretamente proporcional à derivada do uxo total em relação ao tempo. Empregando-se um circuito RC para integrar o sinal VS tem- se, da lei de Faraday: V2 = N2 escolhendo-se um resistor R2 dφ(t) , dt (3.26) apropriado de forma que a maior parte da queda de tensão ocorra no mesmo: V2 = ic (t)R2 . (3.27) 98 No caso, foi escolhido um resistor de ic (t) = C 100 kΩ, assim, lembrando-se que dVc (t) , dt (3.28) tem-se que dφ(t) dVc (t) =C R2 . dt dt Vc (t) = Vch2 (t), tem-se que N2 Como φ = B(t)S e B(t) = onde S R2 C Vch2 N2 S (3.30) N2 é o número de espiras do C é o capacitor de 1, 5 µF. H(t) e VC (t) é proporcional a é a seção transversal do núcleo, secundário, R2 No caso, B(t). (3.29) é o resistor de 100 Vr (t) kΩ e é proporcional a Essas duas tensões são lidas pelos canais 1 e 2 do osciloscópio. xy (canal 1→eixo x) exibe B(t) = F (H(t)) do núcleo magnético. A operação no modo histerese a característica de No caso de se tratar de dispositivos com uma única bobina, como é o caso de contactores, reatores e até mesmo motores de indução é possível utilizar uma variação do mesmo circuito, que será apresentado no Capítulo 4. Na Figura 3.31, obtêm-se as formas de onda em função do tempo da tensão e correntes, as quais são proporcionais à indução intensidade de campo H(t). B(t) e à Na montagem do circuito ilustrado na Figura 3.30, foi utilizado um osciloscópio digital TEKTRONICS de 30 MHz. Na Fig. 3.32 temos o ciclo de histerese do material analisado experimentalmente. Esta curva foi obtida ao multiplicar as 500 amostras das tensões dos canais do osciloscópio pelos fatores de escala que aparecem nas equações (3.25) e (3.30). Nesse caso, utilizou-se o programa Excel para produzir os valores de B(t) e H(t). O cálculo dos fatores de escala baseia-se em dimensões geométricas do equipamento sob análise. O uso do programa de elementos nitos auxilia na identicação de valores como: (i) volume de material magnético v; (ii) seção magnética S; (iii) comprimento médio de circu- lação do uxo magnético lm . Assim, ao traçar-se o percurso médio do uxo no FEMM (conferir Figura 3.33), obtém-se lm = 0, 168602 [m]. A Tabela 3.4 apresenta um resumo dos dados construtivos do transformador em estudo. 99 Figura 3.31 Formas de onda dos campos H(t) e B(t), proporcionais aos sinais de corrente primária e tensão secundária. Fonte: Produção do Autor. Figura 3.32 Curva de histerese do transformador construído utilizando osciloscópio digital com amostragem de 500 pontos. Fonte: Produção do Autor. 100 Figura 3.33 Denição do comprimento médio adotado lm = 0, 1686 m. Fonte: Produção do Autor. Tabela 3.4 Resumo dos dados construtivos do transformador. V1 V2 f B S lm N1 N2 R1 R2 C 220 V 24 V 60 Hz 10000 gauss 7,6 cm 2 2 (3,9 cm ) 0,1686 m 1100 espiras 120 espiras 1R/1W 100kΩ/0,25W 1,5µF/250V 101 Considerando os valores apresentados na Tabela 3.4 e as Equações (3.25) e (3.30), é possível determinar fatores de escala para os campos H e B , de modo que, fH = 6524, 3 [Ae/V] e fB = 1, 644 [T/V]. 3.4.1 Pontos notáveis da curva BH Considerando a Figura 3.34, é possível determinar os pontos notáveis na curva BH . Figura 3.34 O efeito de histerese é gerado pela resistência à movimentação de paredes de domínio. Fonte: produção do autor Esses pontos notáveis são: A Remanência (Br ) corresponde ao campo após a retirada do campo H B (ou seja, quando residual na amostra H = 0). No caso da curva obtida, a remanência do material magnético foi de 0,75[T]. 102 A Coercividade (Hc ) corresponde ao campo magnético sário para reduzir o campo caso da curva BH B H neces- no interior da amostra a zero. No obtida, foi encontrado um valor de 140[A/m] para a coercividade. É esse parâmetro que dene o material como mole ou doce. A Indução de saturação (Bmax ), que corresponde ao ponto de máxima indução magnética. No caso da curva obtida, seu valor esteve em torno de 1,5[T]. Na Figura 3.34, o ciclo de histerese é representado pela linha sólida na cor preta; a curva de magnetização inicial está representada na cor azul. A primeira caracterização do material, a partir da curva de histerese, se refere ao campo coercitivo Hc . Materiais ferromagnéticos que possuem uma coercividade alta são denominados duros (coercividade maior que 104 kA/m); aqueles que possuem coercividade baixa são denominados moles ou doces (coercividade menor que 500 A/m). A Figura 3.35 exemplica o comportamento do laço de histerese para esses casos. Figura 3.35 Formato do laço de histerese de acordo com o tipo de material. Fonte: Produção do Autor. A Tabela 3.5 apresenta alguns exemplos de cada tipo de material. Tabela 3.5 Exemplos de materiais duros, moles e intermediários Materiais duros Materiais Moles Materiais intermediários Ferrites de Ba Aço Silício Fe2 O3 Sm-Co Ferro CrO2 Ne-Fe-Bo Mumetal Tintas metálicas de Fe e Co 103 3.4.2 Obtenção da curva BH Através de uma interpolação ponto a ponto (valor médio da soma), implementada com o ração magnética BH , software Excel, obteve-se a curva de satu- que permite a caracterização do material (veri- car Figura 3.36). Trata-se de um requisito básico no projeto e avaliação de desempenho de máquinas e equipamentos. Figura 3.36 Obtenção ponto a ponto da curva de magnetização BH a partir da curva de histerese. Fonte: Produção do Autor. 3.4.3 Identicação do material A região que caracteriza um material ferromagnético está próxima da região de retentividade da curva de histerese. Ampliando esta zona é possível identicar dois "candidatos"que mais se aproximam ao material levantado no laboratório (vericar Figura 3.37). Neste caso se percebe que o aço carbono 1010 é o mais próximo (vericar Figura 3.38), na biblioteca do FEMM aparece com uma condutividade de 5,8MS/m e ◦ um ângulo de histerese de 20 . Estes dados são necessários para rodar a simulação, isto é, a curva BH experimental permite identicar o tipo 104 de material e em função de dados de biblioteca se obtém parâmetros eletromagnéticos (condutividade, ângulo de histerese) e metalúrgicos (liga aço 1010). Figura 3.37 Curva de magnetização levantada experimentalmente. Fonte: Produção do Autor. 3.5 CARACTERIZAÇÃO DO MODELO DE JILES-ATHERTOM Para traçar a curva de magnetização, a indução B da curva de histerese deve ser multiplicada pelo inverso da permeabilidade do vácuo µ0 , resultando num gráco proporcional ao da curva de histerese. Os pontos notáveis para a montagem dos parâmetros do modelo Jiles Athertom, estão indicados na Figura 3.39. Pontos notáveis da curva denidos a partir das formulações de Jiles, no Anexo B, são os pontos de partida para o cálculo iterativo das variáveis aJA , αJA e kJA . O procedimento de obtenção dos 9 pontos a partir do gráco de magnetização é claramente ilustrado na curva da Figura 3.39. Assim, χin = ∆Min [−5 − (−5, 329)] · 105 = = 632. ∆Hin −173 − (−225) 105 Figura 3.38 Curva BH de aço carbono 1010. Nessa nomenclatura, o número 1000 corresponde família de aços de baixo carbono, enquanto o número 10 corresponde ao teor de 0,1% de carbono. Fonte: Produção do Autor através de dados da biblioteca de materiais do software FEMM Com isso, Mr = 2, 8 · 105 [A/m], ∆Mr [−2, 15 − (−3, 416)] · 105 = = 2694, ∆Hr 23, 5 − (−23, 5) Hc = 40 [A/m], χr = ∆Mc [−9, 49 − (−8, 56)] · 105 = = 90566, ∆Hc 56, 24 − 36, 31 = 4, 5 · 105 [A/m], χc = Mm Hm = 175 [A/m], (4, 83 − 3, 99) · 105 ∆Mc = = 90566, ∆Hc 197 − 250 Ms = 2Mm = 9, 0 · 105 [A/m]. χm = 106 Figura 3.39 Curva de magnetização em relação à intensidade de campo, obtida a partir da curva de histerese levantada pelo circuito proposto. Fonte: produção do autor. 3.6 CURVAS DE GRANDEZAS MAGNÉTICAS DO TRANSFORMADOR Nesta seção, são apresentadas as curvas da variação das grandezas magnéticas do transformador, como permeabilidade, indutância e relutância, em função das características do material que o constitui. 3.6.1 Curva da permeabilidade magnética diferencial Através da curva BH obtida ponto a ponto é possível calcular sua derivada nos pontos em questão, com o auxílio de programas feitos em MatLab ou Excel, para se obter a curva de permeabilidade absoluta diferencial. 107 Com a curva de permeabilidade absoluta do material em função da intensidade de campo, podem ser obtidas outras curvas como: permeabilidade relativa, indutâncias primária e secundária, indutância mútua, magnetização, susceptibilidade, relutância e permeância. Assim, com essa informação, é possível ter uma visão qualitativa da operação da máquina para diferentes correntes de operação, ajudando a denir melhor os critérios de projeto adotados. É importante destacar que existem vários tipos de permeabilidades magnéticas para um dado material (BERTOTTI, 1988; BOZORTH, 2000). São eles: Permeabilidade normal, ou simplesmente permeabilidade dada pela razão B/H µ, é obtida a partir do material no estado des- magnetizado; Permeabilidade inicial, BH µi , obtida a partir do declive da curva na origem; Permeabilidade máxima, µmax , que é o maior valor obtido para a permeabilidade normal; Permeabilidade diferencial, dB/dH µdif , que é calculada pelo declive para um dado ponto da curva de magnetização. A Figura 3.40 apresenta a curva da variação da permeabilidade relativa do material magnético em estudo. Observa-se que usualmente se utiliza uma densidade magnética de 1,0 [T] no projeto de transformadores. Assim, com a curva BH caracterizada pode-se estimar, com um erro pequeno, a corrente de excitação de uma máquina e com isto as perdas a vazio. 108 Figura 3.40 Permeabilidade magnética relativa em função da intensidade de campo. Teoricamente, esta curva deveria partir do zero. Fonte: Produção do Autor. 3.6.2 Permeabilidade magnética do núcleo em função da corrente primária A partir do gráco da permeabilidade magnética em função da intensidade de campo, é possível plotar a relação da permeabilidade versus corrente. Esse gráco permite visualizar como a relação das correntes de operação está atrelada à permeabilidade magnética do material. A permeabilidade relativa se obtém através da relação µr = µabs µ0 e a corrente através da lei de Ampere, de modo que: i1 = lm 0, 1686 H(t) = H(t). N1 1100 (3.31) A Figura 3.41 exprime a permeabilidade em função da corrente de excitação primária. 109 Figura 3.41 Permeabilidade magnética relativa em função da corrente de excitação primária. Fonte: Produção do Autor. 3.6.3 Indutâncias próprias L1 e L2 em função da corrente primária Da lei da Faraday e de Ampere se obtém uma expressão para as indutâncias presentes no transformador, de modo que: dφ , dt N1 i1 H= , lm B = µH, V1 = N1 φ = BS. (3.32) (3.33) (3.34) (3.35) Relacionando (3.32), (3.33), (3.34) e (3.35), temos que: φ= e V1 = N1 S µ(i)i(t) lm N12 S di(t) µ(i) . lm dt (3.36) (3.37) 110 Da denição de indutância Nφ , i (3.38) N12 S µ(i) [H]. lm (3.39) L= temos que a indutância primária é: L= Isto é, a indutância primária é proporcional à permeabilidade magnética que, por sua vez, depende da corrente de excitação. Como S , N1 e lm 1 são constantes, podemos reescrever a Equação (3.39) de modo que: L1 = KL1 µr (i), com KL1 = SN12 µ0 = 0, 006855. lm (3.40) (3.41) Observar que a Equação (3.40) está em termos da permeabilidade relativa. De forma análoga a indutância própria do secundário pode ser obtida: com KL2 = L2 = KL2 µr (i), (3.42) SN22 µ0 = 0, 00008153. lm (3.43) Da relação, entre as indutâncias se chega a uma expressão que relaciona o número de espiras e a relação de transformação, que será utilizada para simplicar cálculos nas seções seguintes: L1 N1 = = a2 L2 N2 (3.44) 1 O parâmetro l , na realiadade, varia com a saturação magnética do material. m Contudo, para efeitos de simplicação, considerou-se que o comprimento médio geométrico é igual ao comprimento médio magnético do material. 111 3.6.4 Obtenção experimental da indutância primária e secundária Através dos fatores de proporcionalidade obtidos anteriormente se torna simples traçar as curvas de indutância primária e secundária a partir da curva de permeabilidade. A curva da indutância (conferir Figuras 3.42, 3.43 e 3.44) são obtidas derivando a curva de magnetização através de programas como Excel ou MatLab. Figura 3.42 A curva da indutância primária é obtida multiplicando as ordenadas da característica permeabilidade versus corrente pelo fator KL1 . Fonte: Produção do Autor. 112 Figura 3.43 Utilizando programa de elementos nitos, a indutância foi calculada considerando uma corrente de magnetização de 50 [mA]. Mas, existe um erro nesse valor porque a corrente de vazio é a soma da corrente de magnetização de 47mA e uma outra corrente, associada as perdas do ferro, considerando resistor equivalente Rn = 12665 [Ω], cujo valor é 17 [mA]. Assim, refazendo as contas com 47 [mA], se obtém a curva corrigida, sendo essa muito próxima da curva experimental. Fonte: Produção do Autor. Figura 3.44 Indutância própria secundária, obtida através do fator de proporcionalidade KL2 . Fonte: Produção do Autor. 113 3.6.5 Cálculo de indutâncias mútuas A partir da Lei de Faraday, tem-se que dφ di1 di1 dt (3.45) S di1 µ(i) . lm dt (3.46) V1 = N1 que pode ser reescrita como V1 = N12 Analogamente, para o secundário, tem-se que: V2 = N2 dφ di1 di1 dt (3.47) que pode ser reescrita como di1 S V2 = N2 N1 µ(i) . lm dt (3.48) Assim, pode-se inferir que a tensão induzida no bobinado secundário, em função da corrente de excitação primária, é dado por: V12 = M12 di1 , dt (3.49) com o fator que relaciona a tensão com a derivada temporal da corrente, denominado indutânica mútua, dado por: M12 = N1 N2 S µ(i) [H]. lm (3.50) Analogamente, a tensão induzida no bobinado primário, em função da corrente de excitação secundária, é dado por: V21 = M21 com: M21 = N2 N1 di2 , dt S µ(i) [H], lm (3.51) (3.52) 114 de modo que M21 = M12 = LM = N1 N2 S µ(i), lm (3.53) cuja estrutura é similar à observada nas indutâncias próprias: S µ(i), lm S L2 = N22 µ(i). lm L1 = N12 O quociente S/lm (3.54) (3.55) nas equações (3.53), (3.54) e (3.55) é o mesmo. Isso permite relacionar os três valores de indutâncias como: L2 LM L1 = 2 = . N12 N2 N1 N2 (3.56) A relação de transformação é denida como a = N1 /N2 . Uti- lizando essa relação de transformação, a indutância mútua pode ser expressa em função da indutância própria primária ou secundária: e L1 LM L1 = → LM = N12 N1 N2 a (3.57) L2 LM = → M = aL2 . N22 N1 N2 (3.58) Isto é, a indutância mútua pode ser calculada em função da indutância primária ou secundária desde que a relação de transformação seja conhecida. A partir disso, foi gerada a curva que expressa a in- dutância mútua em função da corrente de excitação do transformador (Figura 3.45). O valor experimental obtido para a indutância mútua foi de 1,15[H]. Contudo, este valor se altera em função da corrente de magnetização. 3.6.6 Curva de Relutância Análoga a resistência, a relutância expressa a diculdade à pas- lm µ(i)S , onde lm a seção transversal do sagem de linhas de força, denida pela relação: corresponde ao percurso médio do uxo e S < = 115 Figura 3.45 Indutância mútua vista do secundário por efeito da corrente primária. Fonte: Produção do Autor. núcleo, lm = 0, 1686[m] e S = 0, 76 [cm2 ]. A curva experimental da relutância é apresentada na Figura 3.46. 3.6.7 Curva da permeância A Permeância pm se dene como o inverso da Relutância (1/<), é propriedade que facilita a passagem de uxo pelo circuito magnético, equivale à condutância no circuito elétrico: pm = µ(i) S [Wb/A] lm (3.59) em que facilmente se percebe que é proporcional à permeabilidade absoluta. A curva experimental da permeância é apresentada na Figura 3.47. 116 Figura 3.46 Curva da relutância em função da corrente primária. Fonte: Produção do Autor. 3.6.8 Considerações sobre a permeabilidade e a curva BH A partir da curva BH , determina-se a permeabilidade do mate- rial. A derivada da permeabilidade em relação à corrente é proporcional a indutância primária e secundária, dependendo dos dados geométricos e o número de espiras do circuito. As derivadas da permeabilidade em relação as correntes vistas do lado primário e secundário são iguais. Através das curvas levantadas e da geometria do dispositivo é possível realizar qualquer cálculo eletromagnético em forma gráca com uma precisão na maioria dos casos em torno dos 5%. 3.7 CÁLCULO DE INDUTÂNCIAS EM UM PONTO DE OPERAÇÃO Esta seção apresenta o cálculo das indutâncias do transformador, em ponto de operação, através de diversos métodos. 117 Figura 3.47 Curva da permeância do circuito primário em função da corrente de magnetização no enrolamento primário. Fonte: Produção do Autor. 3.7.1 Cálculo das indutâncias mútuas e reatância de dispersão pelo método concatenado Para realizar esse cálculo, é necessário considerar a inuência da corrente de magnetização. A Figura 3.48 auxilia a compreender a distribuição de correntes no primário de um transformador real. Observar que essas correntes possuem um aspecto fasorial. É fácil perceber que R= Ir pode ser determinada com: 2202 220 V2 = = 13, 4 kΩ → Ir = = 16, 4 mA. P 3, 6 13400 A corrente de magnetização pode ser obtida a partir da Lei de Im = 33, 16 [mA]. Desse modo, tem-se que I0 = IR + jIm = 16, 4 + 33, 16 [mA]. Para a simulação no FEMM, é necessário utilizar a corrente de pico, assim: I0 = 23, 19 + 46, 9 [mA], observar que |I0 | = 52, 0 [mA]. O módulo da corrente de entrada no primário I1 é 100 [mA]. 0 Contudo, essa corrente corresponde à soma I1 = I1 + I0 . Assim, I1 = Amperé, de modo que, 118 Figura 3.48 Distribuição de correntes em um transformador real. Fonte: produção do autor. 88, 19 + j46, 9. Com aI10 = 596 [mA]. isso, I10 = I1 − I0 = 65 [mA]. Tem-se que I2 = Utilizando-se esses valores na simulação do FEMM, tem-se que L1 = 8, 6535 [H], L2 = 0, 1581 M12 = [H] λ12 = 0, 092 [Wb]. Tem-se que: λ12 = 0, 9422 [H]. i1 Sabe-se que M21 = a2 M12 = 8, 6399 [H]. A indutâcia de dispersão do primário l1 é dada por: l1 = L1 − M12 ∗ a = 13, 5 [mH.] Por m, a indutância de dispersão do secundário l2 é dada por: l2 = L2 − M21 = 0, 066 [mH.] a 119 3.7.2 Cálculo de indutâncias mútuas por energia em condições de polaridade aditiva e subtrativa (bucking test ) No transformador os uxos primários e secundários se opõem (lei de Lenz), isto é, φ1 −φ2 = φ0 , o uxo magnético resultante corresponde ao gerado pela corrente de magnetização, levando ao transformador trabalhar num determinado ponto da curva BH , condição natural de operação do transformador. Se o transformador fosse simulado numa condição de uxos primário e secundário em adição, isto nos levaria ao valor máximo de uxo na curva BH , que corresponde à indução máxima campo máxima Bs e intensidade de Hs . Através deste procedimento é possível percorrer toda a curva BH e calcular parâmetros como a indutância mútua e a reatância dispersiva. Assim, considerando a densidade de energia na curva BH , tem-se que: Z w= Z w= Lembrando que H dB, (3.60) B 1 2 dB, = B . µ 2µ (3.61) B = µH e B= Hlm = N i, tem-se que: µN1 i1 . lm (3.62) Reescrevendo (3.63), tem-se que: w= multiplicando pelo volume 1 µ2 N12 2 i1 ., 2 2µ lm v = Slm , W = (3.63) tem-se que a energia é dada por: 1 µN12 S 2 i . 2 lm 1 (3.64) Assim, a energia acumulada na condição de ligação aditiva é dada por: Wa = L1 i21 L2 i22 M i 1 i2 + + 2 2 2 (3.65) 120 e a energia acumulada na condição de ligação subtrativa é dada por: Wb = L1 i21 L2 i22 M i 1 i2 + − . 2 2 2 (3.66) Fazendo (3.65) - (3.66): LM = Wa − W b . i1 i2 (3.67) Esta expressão está apresentada supondo valores de corrente do tipo RMS. O FEMM utiliza valores de corrente de pico, desta forma a expressão em termos da corrente de pico ca: LM = 2(Wa − Wb ) . i1 i2 (3.68) Dadas as considerações de operação do ensaio anterior, após simular no FEMM tanto na condição acumulativa quando na diferencial, Wd = 0, 0101992 [J] e Wa = 0, 0617093 [J]. Com isso, utiLm = 0, 8642. Além disso, L1 = 8, 6535 e L2 = 0, 8642. Desse modo, a indutância de dispersão do primário l1 é dada tem-se que lizando (3.68), obtém-se por: l1 = L1 − aLM = 729 [mH], e a indutância de dispersão do secundário l2 é dada por: l1 = L1 − LM = 63, 8579 [mH]. a 3.7.3 Cálculo das indutâncias pelo método gráco Considerando as mesmas condições de ensaio dos testes anteriores, pode-se determinar as indutâncias através das curvas traçadas na Seção 3.6. Assim, a Figura 3.49 apresenta a curva de indutância primária, com a indutância no ponto de operação em que se trabalha. Assim, a Figura 3.50 apresenta a curva de indutância secundária, com a indutância no ponto de operação em que se trabalha. Assim, a Figura 3.51 apresenta a curva de indutância mútua, com a indutância no ponto de operação em que se trabalha. 121 Figura 3.49 Indutância primária de 8,28 [H] no ponto de operação. Fonte: produção do autor. Figura 3.50 Indutância secundaria de 0,095 [H] no ponto de operação. Fonte: produção do autor. 122 Figura 3.51 Curva indutância mútua em função da corrente primaria na condição sem carga o valor para a indutância gracamente está em torno de 0,903 [H] para uma corrente de primaria de 100 [mA] Fonte: produção do autor. 3.7.4 Fator de acoplamento O fator de acoplamento é denido como: LM K=√ , L1 L2 (3.69) de modo que seu valor máximo é a unidade. Dessa forma, para o método dos uxos concatenados, o fator K = 0, 81. K = 0, 73. de acoplamento é acoplamento é Para o médoto da energia, o fator de 123 3.8 DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DAS INDUTÂNCIAS MÚTUAS NO PONTO DE OPERAÇÃO Para um transformador ideal, como mostrado na Figura 3.52, podem-se obter as seguintes equações no domínio do tempo: di1 di2 +M , dt dt di2 di1 V2 = L2 +M . dt dt V1 = L1 (3.70) (3.71) Figura 3.52 Modelo ideal de transformador monofásico. Fonte: produção do autor No domínio da frequência, tem-se: V1 = jω(L1 I1 + LM I2 ), (3.72) V2 = jω(L2 I2 + LM I1 ). (3.73) Para a situação indicada na Figura 3.53 observa-se que: Vx = V1 + V2 (3.74) ix = i1 = i2 . (3.75) Considerando as Equações (3.72) e (3.73), tem-se que: Vx |Zx | = = ω(L1 + L2 + 2M ). Ix (3.76) 124 Figura 3.53 Circuito para cálculo das mútuas. Fonte: produção do autor Para a situação indicada na Figura 3.54 observa-se que: Vx = V1 − V2 (3.77) ix = i1 = −i2 . (3.78) Considerando novamente as Equações (3.72) e (3.73), tem-se que: Vy |Zy | = = ω(L1 + L2 − 2M ). Iy Figura 3.54 Circuito para cálculo das mútuas. Fonte: produção do autor (3.79) 125 Utilizando as Equações (3.76) e (3.76) chega-se nalmente a equação da indutância mútua: LM = |Zx | − |Zy | . 4ω (3.80) Aplicam-se as tensões indicadas mantendo a mesma corrente em ambos ensaios , neste caso de 100mA, obtendo as impedâncias nas condições de polaridade aditiva e subtrativa , variando a tensão. Assim: Vx = 319 [V], Ix = 71 [mArms ], Vy = 234 [V], Iy = 71 [mArms ]. Logo, Vx 319 = 4493 [Ω], = Ix 0, 071 Vy 234 = 3296 [Ω], Zy = = Iy 0, 071 Zx = e, por consequência, LM = 4493 − 3296 = 0, 794 [H] ≈ 0, 8 [H]. 4 · 2π · 60 3.9 MODELAGEM DO TRANSFORMADOR Para modelar o núcleo do transformador realizou-se o ensaio de vazio. Para simular a transformador trabalhando na condição de vazio, primeiramente deve-se determinar a sua corrente de vazio. Para este m, utiliza-se a curva BH obtida experimentalmente para obter os parâmetros do transformador relacionados a esse ensaio. 3.9.1 Cálculo da corrente de vazio (corrente de magnetização) φ√ = φm sin(ωt), Vpk = 220 2 = N φm ω . Considerando um uxo magnético senoidal expressão para a tensão de pico é dada por a 126 A expressão para a densidade magnética máxima, considerando N = 1100 [e] e S = 7, 6 [cm2 ]: Bm = Vpk = 0, 9876 [T], N Sω (3.81) o que se aproxima do valor de 1 [T] do gráco. Ainda da curva obtém a intensidade de campo Hlm = N i → i = H BH , se e da lei de Ampere: 350 [Ae/m] · 0, 1686 [m] = 0, 054 [A], 1100 [e] (3.82) sendo que o valor RMS da corrente é 0, 054 √ = 0, 038 [Arms ]. 2 Como pode-se ver, o valor teórico através da curva o experimental através de um amperímetro true BH obtido e RMS é próximo. Nas simulações é utilizado o valor de 0,052[A] que corresponde ao valor de corrente experimental de 37 mA rms. 3.9.2 Modelagem do núcleo do transformador Uma vez localizada as características do material na biblioteca e com a corrente de magnetização é possível rodar a simulação. O programa utiliza um modelo série para o núcleo (observar Figura 3.55), sendo que habitualmente a literatura apresenta um modelo paralelo. Em decorrência disso, faz-se uma mudança de associação série para associação em paralelo através de uma transformação de impedâncias. 3.9.3 Transformação de impedâncias Uma impedância formada por um resistor e um indutor em série pode ser representado por um circuito equivalente paralelo, formado também por um resistor e indutor equivalentes (observar Figura 3.56). Separando partes real e imaginária: Rs = 2 Rp Xlp 2 Rp2 + Xlp (3.83) 127 Figura 3.55 Modelo série do transformador utilizado pelo FEMM. Fonte: Produção do Autor. Figura 3.56 Transformação circuito série para circuito paralelo. Fonte: Produção do Autor. e Xs = Rp2 Xlp 2 Rp2 + Xlp (3.84) 128 de modo que: 2 Rp2 + Xlp = Rp2 Xlp Rs (3.85) 2 Rp2 + Xlp = 2 Rp Xlp . Xs (3.86) e Igualando (3.85) com (3.86) obtém-se: Xlp Rp Xs Rp = → = . Rs Xs Rs Xlp Em (3.83), fatorando-se (3.87) 2 Xlp e com as relações em (3.87) se obtém a resistência paralela equivalente: Rs = " Rp 2 Rp 2 Xlp → Rp = Rs +1 Xs Rs # 2 +1 . (3.88) Analogamente " Xlp = Xs Rs Xs # 2 +1 . (3.89) Considerando a corrente de vazio de 52 mA, ao modelar-se o núcleo no FEMM, obtém-se no primário: Corrente total = 0,052 A; Queda de tensão = 139,613+j 292,947 V; Fluxo concatenado = 0,777066-j 0,368843 Wb; Fluxo/Corrente = 14,9436-j 7,09314 H; Tensão/Corrente = 2684,86+j 5633,6 Ω. Os valores da simulação para o resistor série a reatância indutiva série Rs = 2684Ω e para Xs = 5634Ω. A resistência paralela equivalente é dada por: " Rp = Rs Xs Rs 2 # + 1 = 2684 " 5634 2684 2 # + 1 = 14510 Ω. (3.90) 129 A reatância paralela equivalente é dada por: " Xlp = Xs Rs Xs # 2 " + 1 = 5634 2684 5634 # 2 + 1 = 6914Ω. (3.91) O modelo série apresentado pelo programa FEMM para uma determinada corrente de operação, está atrelada a uma tensão, que neste caso, é de 324 V (229 Vrms ). No modelo paralelo a tensão e considerada 220 V, assim para impor a mesma corrente é necessário compensar a os valores de impedâncias obtidos por um fator de 311/324. Dessa forma: Rp = e Xlp = 311 14510 = 13927Ω 324 311 6914 = 6636Ω → Lp = 17, 61 [H]. 324 3.9.4 Modelo através de ensaios experimentais Pelo fato de ser um transformador de pequeno porte não foi possível utilizar wattímetros, por conta do intervalo da escala naqueles que estavam disponíveis no laboratório. O problema foi contornado utilizando osciloscópio e um multímetro true rms, além de ferramentas da matemática fasorial. No ensaio de circuito aberto, utilizou-se uma tensão rms de 277 V e uma corrente true rms de 71 mA. O defasamento observado foi de 62º. A Figura 3.57 mostra as curvas obtidas nesse ensaio. Com essa defasagem, é possível obter as correntes sobre o resistor e o indutor do modelo paralelo. Dessa forma, IR = I cos(62) = 33, 3 [mA] e IL = I sin(62) = 62, 68 [mA]. Com isso, Rn = 8310Ω e L = 11, 72 [H]. Para a condição de curto circuito, utilizou-se tensao de 7,8 V e a mesma corrente de 71 mA. O defasamento obtido nessa condição foi de 5º. A Figura 3.58 mostra as curvas obtidas nesse ensaio. 130 Figura 3.57 Forma de onda da corrente de excitação em vazio para uma corrente de 100mA, torna-se necessário aumentar a tensão para atingir este valor. Fonte: produção dos autor. Figura 3.58 Forma de onda da corrente e tensão no ensaio de curto circuito. Fonte: produção dos autor. 131 Nesse ensaio, toma-se o modelo série do transformador (com a resistência do cobre e a indutância de dispersão). Assim, VR = I cos(5) = 7, 77 [mA] e VL = I sin(5) = 0, 6798 [mA]. Com isso, R1 = 54, 7Ω, R2 = 0, 72Ω, l1 = 12, 7 [mH] e l2 = 0, 151 [mH]. 3.10 MODELAGEM DAS PERDAS NO TRANSFORMADOR Através do modelo matemático apresentado na Figura 3.59, é possível determinar as perdas no transformador. Considerar: R1 : Resistência equivalente primário; x1 : Reatância de dispersão primaria; Z1 : impedância vista do lado primário; R2 : Resistência equivalente secundário; x2 : Reatância de dispersão secundaria; Z2 : impedância vista do lado secundário; Rc : Perdas do núcleo; Xm : Reatância de magnetização. Da relação de transformação a, pode-se representar as grande- zas do secundário em um circuito equivalente, visto do lado primário (Figura 3.60) ou secundário. Para a condição de transferência máxima de potência a impedância da fonte deve ser igual à da carga, no caso em particular do circuito apresentado: Z1 = a2 Z2 (3.92) R1 = a2 R2 (3.93) x1 = a2 x2 . (3.94) assim, e 132 Figura 3.59 Modelo circuital do transformador. Fonte: Produção do Autor. Figura 3.60 Modelo circuital do transformador reetido ao primário. Fonte: Produção do Autor. Associando-se as grandezas, tem-se como parte real a2 R2 e xleq1 = x1 + a2 x2 . Req1 = R1 + 133 3.10.1 Cálculo das resistências primária e secundária do bobinado Através da simulação se obtêm as perdas no cobre, nas bobinas primária e secundária. Para as correntes primária de secundária de I2 = 3, 3718 A, com I1 = 0, 4197 A e a = 9, 17. Através da simulação no FEMM, a perda na bobina primária é P1 = 0, 9518 W e na secundária é de P2 = 2, 12 W. Assim, no total, tem-se que P = 3, 1W. Com esse total, é possível calcular a resistência de equivalente, de modo que: Req1 = 2 3.1 = 46Ω 0.36772 (a multiplicação por dois se deve ao fato de ser a corrente de pico). Assim, R1 = Req1 = 23Ω 2 R2 = R1 = 0, 27Ω. a2 e 3.10.2 Obtenção experiemental das perdas resistivas e a dispersão magnética Pelo fato de não haver disponível miliwattimetros para potências baixas, utilizou-se a matemática fasorial e o uso de formas de onda (Figura 3.61) para a análise do ensaio de curto-circuito experimental. Assim, foi utilizado um procedimento semelhante ao utilizado no ensaio de circuito aberto. Do circuito RL série (Figura 3.62), proposto para avaliar as perdas e dispersão magnética, obteve-se: I1cc = 0, 253 Vcc = 28, 1 A, corrente primária na condição de curto circuito; V => Tensão reduzida primária; Ângulo de desfasamento ≈ 4, 085◦ . Como se trata de um circuito série a corrente que gera as quedas de potencial é a mesma, e depois de operações matemáticas obteve-se: Vr = 28, 1 cos 4, 085 = 27, 93 →= Req1 = Vr = 110, 4Ω. Icc1 134 Figura 3.61 Forma de onda da corrente e tensão no ensaio de curto circuito. Fonte: Produção do Autor. e Vl = 28, 1 sin 4, 085 = 27, 93 →= Xleq1 = Vl = 7, 72Ω. Icc1 Em função das relações (3.93) e (3.94), tem-se Xl1 = e Xl2 = Xleq1 = 3, 86Ω → L1 = 10, 24 mH 2 Xleq1 = 0, 046Ω → L2 = 0, 0122 mH. 2a2 R1 = e R2 = Req1 = 55, 2 [Ω] 2 Req1 = 0, 656 [Ω]. 2a2 135 Figura 3.62 Modelo série do ensaio de curto circuito no transformador. Fonte: Produção do Autor. Estas medições, em função da grande discrepância entre os valores teóricos, foram realizadas 5 vezes obtendo valores similares. Uma hipótese é que o programa de elementos nitos é bidimensional de tal forma que o 50% da espira não é considerada. 3.10.3 Perdas no ferro As perdas foram determinadas através da curva de histerese, onde sua área multiplicada pelo volume de ferro representa as perdas sobre o ferro. Estas perdas são identicadas como: Perdas de histerese, perdas Foucault e anômalas. Através da caracterização da curva BH se obteve da biblioteca o material mais aproximado à curva experimental, neste caso, corresponde ao material de aço de baixo teor de carbono, aço 1010. Neste material a condutividade apresentada é de 5,8MS/m e um ângulo de 136 ◦ histerese máxima de 20 . Com estes dados as perdas atingiram 3,6 Watts nas condições nominais onde a corrente primária nominal é de I1 = 0, 4197 [A] e uma secundária I2 = 3, 3718 [A]. O valor obtido para as perdas de cobre e ferro caram próximos, o que faz concluir que os valores utilizados no projeto estão corretos. 3.10.4 Perdas Totais As perdas totais são dadas pelo somatório das perdas no cobre bobina primária, das perdas no cobre bobina secundária, das perdas no ciclo de histerese e das perdas Foucault, logo: Pt = (Pf + Ph ) + Pcu1 + Pcu2 (3.95) Pt = 3, 6 + 1, 19565 + 2, 088 = 6, 88 [W]. (3.96) assim 3.11 ENERGIA DISSIPADA NA CURVA DE HISTERESE A energia dissipada na curva do ciclo de histerese como consequência do deslocamento dos domínios magnéticos do material acarreta uma perda, no núcleo e corresponde a área da curva de histerese multiplicada pelo volume de ferro atravessado pelo campo magnético. A curva de histerese obtida experimentalmente, como ilustra a Fig. 3.63, na verdade corresponde a soma de três tipos de perdas já comentadas: Somente perdas por histerese (curva azul, na Fig. 3.63). Perdas por histerese e correntes de Foucault (curva vermelha, na Fig. 3.63). Perdas por histerese, correntes Foucault e excedentes (curva verde, na Fig. 3.63). A área da curva de histerese pode ser calculada pela solução da integral Z w= ~ · dB ~ H (3.97) considerando B = µH → dB = µdH, (3.98) 137 Figura 3.63 Curva de histerese correspondente aos ciclos de perdas do ferro: (a) perdas por histerese; (b) perdas por correntes de Focault; (c) perdas excedentes. Fonte:adaptado (GUERRA, 2010) tem-se que: Z w= H · µdH → w = µ B2 BH H2 = = [J/m3 ]. 2 2µ 2 Considerando o volume do ferro v = Slm , (3.99) tem-se que a energia é dada por W = Considerando que 3 142, 6 [cm ], 1 BHSlm . 2 lm = 0, 1686 [m], S = 84, 66 [cm2 ] (3.100) e v = da curva levantada experimentalmente obtemos a rela- ção da energia por unidade de volume, multiplicado pelo volume do 138 ferro se obtém a energia dissipada no ciclo. Assim calculando a área gracamente da curva de histerese obtida, temos que W = 1 BHSlm = 0, 048 [J]. 2 Para obter a potência por ciclo basta dividir a energia pelo tempo correspondente de um ciclo ou simplesmente multiplicar pela frequência 0, 052 ∗ 60 = 3, 12 [W] (erro 10%). Na simulação, utilizou-se a corrente de vazio experimental de 52 mA o resultado apresentado 3,6 watt. No caso da operação em vazio com uma corrente de pico de 52[mA] a energia acumulada foi de 10,6[mJ] na simulação. Dos pontos do gráco da curva BH através de iterações obtemos a área correspondente à energia para os valores máximos de indução B0 = 0, 9544 [T] e intensidade de campo H0 = 337 [A/m] na condição corrente de vazio (52mA). Assim: Energia máxima = Coenergia = 168[J/m3] ( cálculo de coenergia realizado no gráco B0 H0 = 322[J/m3] ( obtido da curva BH ). em Excel, através da técnica dos trapézios). Energia =322-168, obtendo a uma energia total de 154[J/m3] Para calcular a potência do transformador nestas condições, basta multiplicar por 60Hz. Para determinar a potência de projeto teríamos que obter a energia acumulada no núcleo para a corrente nominal do primário acrescida da corrente de vazio. No presente caso, a corrente de simulação foi de 367,7 mA (transferência) + 52 mA (magnetização + corrente de perda núcleo). Para atingir a área máxima, é necessário fazer o transforma- 2 dor operar na condição acumulativa . Realizando a simulação nesta condição, obtém-se a energia no valor de 0,82 joule por ciclo. Essa informação indica que a potência máxima que o transformador poderia fornecer, neste caso, é de de 50 W. O transformador foi projetado segundo um roteiro proposto por Alfonso Martingnoni (vericar Anexo C). A potência de projeto se encontra entre 50 VA e 57 VA dependendo dos fatores de laminação considerados para a chapa (0.85-0,9) e dos fatores magnéticos 1, 3[T] e H = 140[A/m] B = do gráco. Assim, observa-se que poderia ser 2 A condição acumulativa ocorre quando os uxos de primário e secundário se somam. Essa condição permite vericar a capacidade máxima de uxo possível no interior do transformador. Na prática, porém, ocorre apenas a condição diferencial (ou subtrativa), em que os uxos se contrapõem, respeitando a Lei de Lenz. 139 obtida uma potência aparente um pouco maior do que a prevista pelo projeto, considerando o fator de potência. 3.11.1 Perdas por unidade de massa e volume Através da curva de histerese foi possível determinar as perdas sobre o volume de ferro, isto é, as perdas por unidade de volume do material o que é muito útil para o projeto das máquinas, já que na fase de projeto e simulação o volume do dispositivo é uma informação disponível. Se a densidade do material da chapa é um dado conhecido é possível determinar as perdas por kg de ferro, neste caso: Perdas por volume = 3,6 W/0,000142738m3 = 25[Kw/m3] Peso do transformador = 7900 kg/m3* 0,000142738m3 = 1,14[kg] Perdas por kg = 3,6W/1,14g = 3,2W/kg A Tabela 3.6 apresenta valores usuais para perdas por unidade de massa, em máquinas de corrente alternada, na condição de g = 0, 5 [mm] e f = 50 [Hz], B = 1 [T]. Tabela 3.6 Perdas por massa usuais em máquinas de corrente alternada Qualidade da lâmina Perdas por massa Ausência de sílicio 3,6 Baixa concentração de silício 3,0 Alta concentração de silício 1,7 [W/kg] (Alfonso Martignoni, Máquinas de Corrente Alternada). 3.11.2 Potência ativa por unidade de massa Através da curva BH e a operação em condição acumulativa foi possível determinar a energia acumulada sobre o volume de ferro. Esta energia acumulada por ciclo permite o cálculo da potência máxima do dispositivo. Como é conhecido o volume e a densidade do material é possível determinar a potência máxima associada à unidade de volume e de massa, neste caso: 140 Potência por volume = 50W/0,000142738 m Peso do transformador = 7900 kg/ m * 0,000142738m3 = 1,14 kg Potência por kg =50 W/1,14 kg = 46,5 W/kg 3 = 370 kW/ m 3 3 3 A densidade típica do ferro é de 7900 kg/ m , variando levemente segundo a liga formada. 3.11.3 Rendimento máximo Ao dispor das informações de potência máxima e perdas máximas é possível estimar o rendimento do dispositivo. As perdas do ferro e cobre por simulação resultaram serem próximas, usualmente no projeto de máquinas estes valores são próximos. Na simulação se obteve a perda do ferro de 3,6 W e as perdas do cobre de 3,1W (condição de projeto ótima no ferro e no cobre). potência calculada no gráco BH Dessa forma, considerando a (de 50 W), tem-se que o rendimento máximo é a razão: η= 50 − 3, 6 = 0, 87. 50 + 3, 1 + 3, 6 Isto é, com as características das chapas utilizadas só será possível obter um transformador com uma eciência máxima de 87%. 3.11.4 Ponto ótimo de operação Através da caracterização do material no gráco de permeabilidade magnética percebe-se que o mesmo não está operando em seu ponto "ótimo". O ponto ótimo de operação corresponde àquele de permeabilidade máxima, atingida com uma intensidade de campo de 100 A/m e uma indução magnética de 0,3 T, como mostra o gráco da Figura 3.64. Considerando um uxo magnético senoidal φ = φm sin(ωt) , a expressão para a tensão de pico, considerando a Lei de Faraday, é dada por: p Vpk = N φm ω = 220 (2) A expressão para a densidade magnética máxima: Bm = Vpk Vpk →N = → N = 3620 [e]. N Sω Bm Sω 141 Figura 3.64 Derivando a curva BH se obtém a curva de permeabili- dade incremental, em que percebe-se que o ponto de menor relutância coincide com uma intensidade de campo H = 100 [A/m]. Fonte: Produção do Autor. Da intensidade de campo H, através da lei de Ampere, obtém-se a corrente de pico de 4,7 [mA ]. Os demais dados por consequência dos quesitos de tensão e corrente no secundário são: Número de espiras primárias: Número de espiras secundárias: Material: Aço 1010; Relação transformação: N1 = 3620 [e]; N2 = 394 [e]; a = 9, 17. Simulando com estes parâmetros, se obtêm perdas no ferro de 0,336039 W. No caso do transformador sem otimização, para uma cor- 142 rente de pico de 20 [mA], a perda obtida no núcleo era de 3,6W, isto é, 11 vezes maior. Com isso, verica-se que o número de espiras no projeto original era de 1100, e aumentando 3 vezes este valor, as perdas são reduzidas em mais de 11 vezes. Logicamente, deve-se avaliar se na prática a factibilidade da construção desse transformador ótimo, uma vez que o número de espiras é muito alto e a capacidade da janela do transformador é limitada. 3.11.5 Triângulo de potências Para determinar a potência aparente na condição nominal será utilizada a corrente de pico nominal acrescida da corrente de vazio: I1 = 0, 3677 [A] + 0, 052 (vazio) = 0, 4197 [A], a tensão nesta condição foi de 220V, assim: Potência aparente: Potência ativa: √ S1 = I1 V1 = 1/ 2 · 0, 4197 · 220 = 65, 3 [VA]; P1 = 53, 1 [W] (obtida a partir das características BH ); magnéticas curva Potência Reativa: Q1 = 38 [VAR]; Fator de potência F P = 0, 81. Portanto, a eciência energética do pequeno transformador considerando seu rendimento e fator de potência é baixa, da ordem dos 70,5% (0, 87·0, 81). Isto se deve, neste projeto em particular, à corrente de vazio, cujo valor se mostrou maior do que o tipicamente esperado em relação à corrente nominal. 3.12 SEPARAÇÃO DAS PERDAS Obtendo diferentes curvas de histerese utilizando a frequência como parâmetro variável e mantendo constante a indução B f é possível utilizar o modelo de Steimetz e Bertotti para separar as perdas, montando um sistema de equações lineares de 3 variáveis correspondentes aos coecientes de cada perda. 143 3.12.1 Perda de histerese C.P. Steinmetz propôs uma fórmula empírica que permite calcular as perdas por histerese em função da indução máxima Bm , no material: αh Ph = Kh Bm f, em que αh (3.101) pode variar entre 1,5 e 2 para induções de até 1,5[T]. 3.12.2 Perdas por correntes parasitas (Foucault) Esta equação foi modelada a partir das equações das correntes induzidas de Faraday: Pf = pi2 2 2 2 2 2 2 B f e v → Pf = Kf Bm f e v. 6ρ m (3.102) 3.12.3 Perdas excedentes (modelo Bertotti) Foi considerado o modelo de Bertotti para avaliar as perdas excedentes, 3 3 2 f 2. PexcB = KexcB Bm (3.103) 3.12.4 Aplicação do modelo de perdas Foram realizados lenvantamentos do ciclo de histerese empregando o mesmo circuito descrito anteriormente nas frequências de 10, 50 e 60 Hz. Considerou-se uma indução magnética máxima Bm =0,7 T. Nessas condições, foi possível avaliar as perdas totais do ferro. Com as perdas do ferro associadas às diferentes frequências, os coecentes dos modelos de cada parcela podem ser determinados, resolvendo um sistema linear de 3×3 equações, com base no modelo proposto: 3 3 2 2 αh 2 f 2 + Kf e2 vBm f . Pt = Kh Bm f + KexcB Bm (3.104) 144 Uma vez resolvido o sistema, considerando a espessura da chapa 3 0, 5 [mm] e o volume do material magnético 0,000142738 [ m ], são obtidos os seguintes coecientes: 3 3 αh 2 2 2 Pt = 0, 0454Bm f + 0, 00068Bm f 2 + 4, 48 · 106 e2 vBm f . (3.105) A Tabela 3.7 apresenta a distribuição percentual das perdas totais em função da indução e frequência. A simulação foi feita com a corrente de 0,041 [A] que corresponde, segundo a curva BH , a uma indução de aproximadamente 0,8 [T]. Tabela 3.7 Perdas para diferentes frequências de operação, em [Hz]. A perda total simulada Ps e a perda total do modelo Pe são apresenta- das em [W]. As parcelas de perdas dos modelos são expressas em [W] e em %. Nesse último caso, representa o quanto essa parcela contri- bui percentualmente para as perdas do dispositivo em uma frequência especíca. f Ps Pm Ph [W] Ph % Pexc [W] Pexc % PF [W] PF % 60 2,29 2,34 1,74 74 0,22 9,4 0,34 14,5 50 1,86 1,88 1,45 77 0,17 9 0,26 13,8 10 0,317 0,32 0,29 90 0,015 4,7 0,0102 3,2 Da Tabela 3.7 se pode armar que, na faixa de frequências utilizadas na indústria, as perdas por causa da histerese são muito signicativas e tendem a aumentar proporcionalmente quando a frequência diminui. Utilizando o modelo de histerese na frequência de 1 [Hz] se obteve uma perda da ordem dos 98%, na simulação. Conclui-se que a eciência das máquinas está fortemente atrelada às perdas de energia nos domínios magnéticos. Como foram apresentados na parte introdutória, os vidros metálicos parecem ser promissores. 145 Figura 3.65 Curva de histerese traçada a 10 Hz, por métodos grá- 3 cos se obteve uma densidade de energia de 30[J/ m ], corresponde a uma potência de 0,32 watt. Segundo a literatura as irregularidades no contorno podem ser causa dos saltos de Barkausen, embora existe a possibilidade de uma contaminação com ruído, o qual se torna notório em baixas frequências. Fonte: Produção do Autor. Do gráco da Figura 3.66 se percebe que as perdas por correntes parasitas tornam-se maiores em frequências próximas a 300 Hz, esta é a frequência máxima que pode operar um inversor, neste caso a estratégia mais rentável é diminuir a condutividade do material, no caso dos materiais amorfos, isto se consegue pela adição de Boro e silício. Observar também Figuras 3.65, 3.67 e 3.68 para melhor compreensão desses fenômenos. 146 Figura 3.66 Separação perdas em função da Indução. Fonte: Produção do Autor. Figura 3.67 Operação em regime quase estático: as perdas de histerese são muito próximas das perdas totais. Fonte: Produção do Autor. 147 Figura 3.68 Separação das perdas em função da frequência. Fonte: Produção do Autor. 3.13 CORRENTE DE IN-RUSH Os parâmetros levantados anteriormente serão utilizados para modelar a corrente de in-rush do transformador. Esta corrente apa- rece durante a energização do transformador, devido à magnetização e à saturação do seu núcleo, sendo sua magnitude determinada pela declividade da característica de magnetização na região saturada. rush Nos transformadores de elevada potência, altas correntes de in- podem ser atingidas. Os transformadores usados nos sistemas elétricos de potência requerem, em regime permanente, correntes de excitação da ordem de 0,5% a 2% da corrente nominal. 3.13.1 Comportamento em regime não-saturado O circuito RL da Fig. 3.69 destina-se ao estudo do transitório de corrente durante a energização de um transformador monofásico por fonte de tensão senoidal, com o secundário em aberto. O indutor nãolinear indicado possui característica de magnetização i = f (λ), onde λ 148 Figura 3.69 Circuito não-linear para representação de um transformador com secundário em vazio. Fonte: adaptado de (GUERRA, 2010) é o uxo de enlace no primário. Inicialmente, são desprezadas as perdas no núcleo. Após o fechamento da chave, tem-se: dλ + Ri = Um sin(ωt) dt Como a relação i = f (λ) (3.106) é não-linear, a Equação (3.106) só poderá ser resolvida numericamente. Entretanto, se for assumido que o núcleo magnético não atinge a saturação, pode-se fazer λ/Lm , onde Lm i = f (λ) = e a indutância de magnetização do transformador, que corresponde a inclinação da reta que passa pela origem e pelo ponto de joelho da curva Para λ − i; assim, (3.106) pode ser escrita como: dλ + R/Lλ = Um sin(ωt) dt simplicar, supõe que λ(0) = 0; assim, (3.107) esta equação tem por solução: λ(t) = ωL2m Um R ωL2m Um −(R/Lm )t e + sin ωt − cos ωt R2 + (ωLm )2 R2 + (ωLm )2 ωLm (3.108) Considerando R ωLm e fazendo λm = Um /ω , λ(t) = λm [e−(R/Lm )t − cos ωt] resulta (3.109) A solução desejada é composta por duas partes fundamentais: a solução particular e a solução complementar. 149 O primeiro representa o regime permanente e o segundo é o termo transitório. A equação (3.109) é composta por um termo com decaimento exponencial, relacionado ao comportamento transitório de λ logo após a aplicação da tensão, e por um termo senoidal relacionado ao regime permanente. A Fig. 3.70 mostra a variação de λ logo após a energização do transformador. Figura 3.70 Fluxo de enlace em função do tempo logo após a energização do transformador. Fonte: adaptado de (GUERRA, 2010) Um fator de importância fundamental no grau de assimetria da onda de uxo é o valor da tensão da fonte no momento da energização do transformador. u = Um sin ωt, de modo que u(0) = u(0) 6= 0. A seguir, é u = Um sin(ωt + θ), o que implica ter u(0) = Um sin θ, Na análise anterior, fez-se 0. Porém, o caso mais comum ocorre quando considerado onde θ, denominado angulo de chaveamento, determina o valor inicial da tensão. Caso haja interesse em apenas avaliar o valor de pico inicial de λ, o amortecimento nos instantes subsequentes pode ser ignorado. Fazendo R=0 no circuito da Fig. 3.69, se obtêm: dλ(t) = Um sin(ωt + θ) dt Considerando λ(0) = λR e λm = Um /ω , (3.110) resulta λ(t) = λR + λm [cos(θ) − cos(ωt + θ)] (3.111) 150 A onda de uxo no núcleo apresenta valor máximo quando kπ(k = 1, 3, .5, ...) e θ = 0, ωt = caso em que a tensão da fonte é nula no instante da energização. Assim, o máximo valor de λ é λR + 2λm . Por λ para λR = 0 de pico Um em outro lado, não ocorre assimetria na forma de onda de θ = π/2, situação em que a tensão assume o valor t = 0. Esta é a condição mais favorável, pois são evitados e sobreuxos que poderiam levar o núcleo a saturação. Devido ao termo transitório, pode-se observar um fenômeno constatado por Fleming em 1892. O fenômeno observado mostrou que quando um transformador é conectado à rede, por vezes há o aparecimento de uma grande corrente transitória de magnetização. O efeito da referida corrente é causar momentaneamente uma queda de tensão alimentadora e uma possível atuação de relés instantâneos ou relés diferenciais. O valor atingido nesse regime transitório depende de dois fatores: ponto do ciclo da tensão, no qual a chave para o energizamento seria fechada; condições magnéticas do núcleo, incluindo a intensidade e polaridade do uxo residual. Para um pequeno aumento de uxo no núcleo, necessita-se uma grande corrente (devido ao fenômeno da saturação, conforme Figura D.3, presente no Anexo D), denominada de in-rush ou corrente de avalanche. 3.13.2 Comportamento em regime saturado Durante os primeiros instantes da energização de um transformador, os elevados valores de uxo atingem a região de saturação do laço de histerese do núcleo. Assim, para pequenas variações de λ, po- dem ocorrer variações muito elevadas de i, de modo a se estabelecer um surto de corrente. Isto pode ser entendido mediante análise da Figura 3.71. No caso anterior, a característica λ versus i do núcleo foi re- presentada pela curva de saturação (relação biunívoca correspondente a uma curva que passa pela origem), o que não permite considerar a existência de uxo residual ou remanescente. cia do uxo residual λR nos valores de i, Para avaliar a inuên- considera-se o núcleo com histerese. Como a excitação é assimétrica, a trajetória descrita no plano apresenta laços menores também assimétricos. λi 151 Figura 3.71 Fluxo de enlace e corrente de in-rush em um transforma- dor. Fonte: adaptado de (GUERRA, 2010). Como λ acha-se limitado pelo nível de saturação, λS , não é alcançado. o valor λm Observa-se que, se o uxo residual no núcleo apre- sentar mesmo sinal do uxo imposto pela fonte, a região de saturação pode ser atingida mais rapidamente, com maior intensidade, resultando em maior assimetria da onda de uxo e em valores de pico de corrente de in-rush mais elevados. Por outro lado, se os citados uxos apresen- tarem sinais contrários, a corrente de in-rush será atenuada. Frente a estas situações de uxo residual, é possível a ocorrência de seis situações "fortuitas": 1. Energização com tensão em 0 Volt e sem magnetismo residual; 2. Energização com tensão em 0 Volt e máximo magnetismo residual com polaridade oposta ao uxo normal; 3. Energização com tensão em 0 Volt e máximo magnetismo residual com mesma polaridade do uxo normal; 4. Energização com máxima tensão e sem magnetismo residual; 5. Energização com máxima tensão e máximo magnetismo residual com polaridade oposta ao uxo normal; 152 Tabela 3.8 Percetual de hamônicos de corrente utilizados por relés diferenciais para evitar disparos desnecessários. Harmônico % Em relação à fundamental 2H 63% 3H 26,80% 4H 5,10% 5H 4,10% 6H 3,70% 7H 2,40% 6. Energização com máxima tensão e máximo magnetismo residual com mesma polaridade do uxo normal. As correntes de in-rush podem fazer com que relés de proteção de operação rápida atuem de modo indevido durante a energização do transformador. Para evitar que isto ocorra, os relés diferenciais utilizam um critério capaz de distinguir uma corrente de uma corrente de curto-circuito. in-rush se baseia na avaliação do conteúdo de harmônicos da corrente. corrente de in-rush de O critério tradicionalmente utilizado Uma típica apresenta uma composição de harmônicas onde predomina a harmônica de segunda ordem, que pode representar mais de 60% do valor da componente fundamental. Assim, quando o transformador é energizado em condições normais, essas harmônicas são ltradas, exercendo uma ação de bloqueio que evita a operação do relé. A Tabela 3.8 apresenta os valores comparativos utilizados pelos relés. Por outro lado, as correntes de curto-circuito típicas são normalmente compostas por uma componente fundamental acrescida de uma componente contínua com decremento exponencial, sendo o conteúdo de harmônicos insignicante em comparação com os observados nas correntes de in-rush. Assim, não se verica a ação de bloqueio no sentido de impedir a operação do relé. 3.13.3 Características de uma corrente de in-rush Entretanto, durante o processo de energização ( transitório), podem ocorrer surtos de corrente com as seguintes características: 153 valor de pico inicial que pode superar vinte vezes o valor de pico da corrente nominal, nas condições mais severas; duração de vários ciclos; amplo espectro de harmônicos que inclui componentes de ordem par, predominando a segunda harmônica. 3.13.4 Os principais efeitos das correntes de tema Os principais efeitos das correntes de in-rush in-rush num sis- sobre um sistema elétrico, no caso de transformadores de potência são descritos a seguir: atuação indevida de fusíveis e relés de proteção; afundamentos temporários de tensão, com deterioração da qualidade de energia; solicitações de natureza eletromecânica e térmica no transformador e nos demais componentes do sistema, o que incorre em redução de vida útil; sobtensões causadas por fenômenos de ressonância harmônica em sistemas que contem ltros elétricos (sistemas industriais e linhas de transmissão em corrente contínua). 3.13.5 A intensidade e a duração das correntes de in-rush A ordem de grandeza e a duração deste efeito afetam a operação e conabilidade de um sistema de potência, sua amplitude e tempo dependem dos seguintes fatores: valor instantâneo da tensão aplicada ao transformador no instante da energização; magnitude e sinal do uxo residual no núcleo magnético; resistência e indutância equivalentes em série do circuito alimentador; resistência e indutância de dispersão do enrolamento primário do transformador; velocidade de fechamento dos contatos do disjuntor. 154 3.13.6 Modelo de transformador monofásico O circuito da Fig. 3.72 ilustra o processo de chaveamento de um transformador monofásico com o secundário em aberto. Para este circuito, pode-se escrever: dλ(t) + Ldi(t)dt = u dt (3.112) dλ(t) dλ(t) + Ldi(t)dλ + Ri = u dt dt (3.113) Figura 3.72 Circuito considerado para o cálculo da corrente de rush. in- Fonte: adaptado de (GUERRA, 2010). dλ(t) u − Rf (λ) = dt 1 + L/Lm A condição inicial e λ(0) = λR (3.114) (uxo residual no núcleo antes da energização). 3.13.7 Representação da histerese Ha determinados estudos relacionados a transformadores onde o efeito de histerese no núcleo magnético pode ser desprezado, sendo suciente representar a relação i = f (λ) do material pela curva de saturação. Isto ocorre em estudos de fenômenos transitórios, onde são alcançados graus de saturação elevados (como e o caso do fenômeno de 155 in-rush ) e a remanência é pequena ou não constitui objeto de interesse da análise. Porém, ao se representar a característica de magnetização do núcleo em termos da curva de saturação, não é possível se considerar valores de uxo residual diferentes de zero no instante da energização. Isto se deve ao fato de que o lugar geométrico descrito no plano λi consiste em uma curva singular que passa pela origem. O problema pode ser resolvido mediante consideração do efeito de histerese (uxos residuais). Diversos modelos de histerese foram desenvolvidos, alguns fundamentados em leis físicas (JILES; ATHERTON, 1986; NAIDU, 1990) outros baseados em observações experimentais (FRAME; MOHAN; LIU, 1982). Como não é necessário representar o efeito de histerese com grau de precisão muito elevado no cálculo das correntes de in-rush, o impasse pode ser resolvido através da uti- lização de modelos com formulação simples, os quais permitam que o uxo residual seja levado em consideração. 3.13.8 Curva BH do material ferromagnético do núcleo Inicialmente, realizou-se o levantamento das características de um transformador e a partir da curva de histerese traçada através de um osciloscópio digital levantando 500 pontos de amostras. A curva BH do material ferromagnético do núcleo foi obtida experimentalmente e é apresentada na Figura 3.73. 3.13.9 Resultados experimentais Utilizando um resistor shunt de 10 [Ω] para obter a forma de onda da corrente, no regime transitório a corrente atinge um valor máximo de 1,3 [A]. Em regime permanente, o valor máximo obtido foi de 55 [mA]. A relação entre a corrente de regime permanente e a de é de: iin-rush = in-rush 1, 3[A] = 23, 63. 55[mA] Desse modo, constata-se que a corrente de in-rush é 24 vezes maior que a corrente de regime do transformador. Através de um gráco de tendências (conferir Figura 3.75), é possível estimar o número de ciclos do transitório (conferir Figura 3.76). 156 Figura 3.73 Curva BH do material obtida através de uma amostragem de 500 pontos. Fonte: Produção do Autor. 3.13.10 Resultados das simulações A corrente de in-rush aparece como consequência de um uxo residual, que se encontra em quadratura com a tensão aplicada, matematicamente é possível compreender através da lei de Faraday: Vt = −N sendo dφ , dt (3.115) φ(t) = φm sin(θ). Assim, quando o transformador é novamente energizado, numa condição particular, estes uxos podem somar seus efeitos, aumentando a indução B o que por sua vez aumenta a intensidade de campo H, e, consequentemente, a corrente de vazio do transformador. Se o transformador é religado na condição V (t) = 0 (pior caso), num curto intervalo, os uxos residual e máximo se somam, duplicando o valor máximo da indução B. 157 Figura 3.74 Corrente transitória in-rush de valor máximo 1,3 [A]. O transitório se mantém por 20 ciclos de rede aproximadamente. Fonte: Produção do Autor. Figura 3.75 Tendências da corrente de in-rush. Fonte: Produção do Autor. Se o transformador é ligado em forma sucessiva, estes uxos residuais começam a se somar devido ao fato de que o transitório é muito lento. Neste caso, o transitório dura em torno de 20 ciclos de rede. 158 Figura 3.76 A corrente de pico na condição permanente atinge um valor máximo de 55 mA. Fonte: Produção do Autor. Para determinar o uxo máximo que pode ser atingido na condição de saturação máxima, o transformador será simulado na condição de uxos aditivos e não em condição diferencial, que é o caso natural de operação (observar Figura 3.77). Figura 3.77 Linhas de uxo no transformador simulado. Fonte: Produção do Autor. A intensidade de campo nesta condição é a densidade magnética B = 5 [T] H = 5200 [Ae/m] e aproximadamente, a corrente nesta condição pode ser calculada pela lei de Ampere: 159 Hlm = N i => i = 5200 [Ae/m] × 0, 1686 = 0, 800 [A], 1100 [e] o que corresponde a uma corrente 15 vezes maior que a corrente de vazio de projeto. Experimentalmente, encontrou-se um valor para a corrente de in-rush de 24 vezes a corrente de vazio. A diferença se deve ao fato que a corrente de in-rush é a soma das correntes de saturação do núcleo mais a corrente gerada pelo efeito de uma indutância de magnetização de um valor muito pequeno, assim L = Lm ≈ 0 (lembrando que a indutância é proporcional a permeabilidade diferencial, ver gráco da Figura 3.42). Isto é, as indutâncias se tornam curtos, transformado o circuito equivalente do transformador da Figura 3.72 em uma resistência equivalente, que representa as perdas do cobre e ferro. A Tabela 3.9 apresenta resultados da simulação na condição de operação aditiva que leva à saturação o núcleo. Tabela 3.9 Resultados da simulação no FEMM. Corrente total 0,4197 Ampere Queda de tensão = 230,779+j 1578,91 Volt Fluxo concatenado 4,18819-j 0,600128 Weber Fluxo por corrente 9,97901-j 1,4299 Henry 549,865+j 3762 Impedância Potência ativa Ω 48,4289 Watt Potência reativa 331,334 VAr Potência aparente 334,855 VA A corrente na condição onde a indutância de magnetização é muito pequena: ir1 = 311 = 0, 565 [A]. 550 Dessa maneira, o valor teórico que a corrente de seria de: irush = isat +ir1 corrente de in-rush in-rush atingiria = 0,8[A] +0,565[A] = 1.365[A]. Entretanto, a obtida de forma experimental foi de 1,3[A]. Assim, o erro entre o modelo desenvolvido e o valor experimental foi de 5%. 160 3.13.11 Considerações sobre os resultados do modelo para a corrente de in-rush Através da caracterização do material do núcleo ferromagnético foi possível estimar as correntes de saturação magnética, simulando o transformador na condição aditiva. A corrente de saturação magnética torna a indutância de magnetização Lm um valor muito pequeno, per- mitindo assumir uma condição de curto circuito. Desse modo, o modelo indica apenas a existência de uma resistência equivalente, correspondente as perdas geradas no cobre e no núcleo que pode ser obtida da simulação. Isso explica os elevados valores transitórios da corrente de in-rush. Foi possível, assim, validar o modelo do transformador desenvolvido com os dados da caracterização do material, através da obtenção teórica da corrente de in-rush. O erro obtido foi de 5%, comprovando a validade do modelo de simulação gerado através da caracterização do transformador. 3.14 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO Neste capítulo, foi realizado um estudo aprofundado de um dispositivo magnético sem entreferro, o transformador monofásico. O estudo inicialmente concentrou-se em determinar um modelo de perdas para o dispositivo, através das características dos materiais magnéticos. A partir disso, o enfoque do estudo foi a curva de perdas do ferro, também conhecida como curva de histerese, e, dessa, a curva BH do material. Essa curva permitiu o desenvolvimento de um modelo aprofundado do transformador, com a obtenção de todos os seus parâmetros magnéticos. Constatou-se que, tal qual a própria curva, todos apresentavam características não lineares, dependentes da corrente de excitação. Uma vez obtidos os parâmetros, no ponto de operação nominal do transformador, foi possível fazer a avaliação de perdas, conforme o modelo estudado inicialmente. Os parâmetros foram obtidos por diversos métodos, de modo que a Tabela 3.10 apresenta uma síntese dos resultados obtidos. Por m, foi realizada a validação desse modelo no estudo de um fenômeno ímpar dos transformadores: a corrente de in-rush. 161 Tabela 3.10 Síntese dos cálculos de indutância no ponto de operação do transformador. Método L1 I0 = 23, 19 + j46, 9, I2 = aI10 = 0, 5972 Para os cálculos, considerar I10 = 65, 13, I1 = 88, 32 + j46, 9 [H] L2 e [H] LM [H] l1 [mH] l2 [mH] K Fluxo 8,643 0,158 0,942 13,5 0,066 0,81 Gráco 8,236 0,098 0,903 0,15 0,0018 1,0 8,643 0,158 0,851 839 65 0,73 11,720 0,055 0,800 12,7 0,0678 0,98 Energia Experimental Seguem apenas algumas considerações a respeito das discrepâncias observadas na Tabela 3.10. Na obtenção da curva BH a partir da curva de histerese, a corrente associada as perdas do ferro já estavam implícitas, gerando um erro no gráco BH o qual deveria ser traçado só com a corrente de magnetização Ix (Figura 3.78). A curva BH por sua vez afeta o com- portamento da permeabilidade do material. O resultado nal disto é um erro aditivo nos diferentes métodos com relação ao método experimental (observar Figuras 3.79 e 3.80). Figura 3.78 Modelo do núcleo na obtenção da curva de magnetização. 162 Figura 3.79 Correção na curva BH experimental em função da corrente associada as perdas do ferro. Figura 3.80 A diferença nas curvas de indutâncias primaria L1 teó- rica e experimental é produzida pela corrente de vazio. Essa corrente afeta a curva BH e, consequentemente, a permeabilidade absoluta do material. Outro efeito dessa corrente é a redução da relação de transformação. Isso diculta signicativamente o processo de determinação das indutâncias de dispersão primária e secundária. 163 A corrente primária corresponde a soma fasorial da corrente de vazio e a corrente primaria transformação a i01 , a qual é multiplicada pela relação de para obter a corrente secundaria i2 (conforme Figura 3.81). Figura 3.81 Modelo de núcleo com correntes de compensação. Desse modo: → − → − i2 = i01 a Assim a corrente I10 : → −0 → − → − i1 = i1 − io onde → − → − → − io = ir − ix Como conseqüência disto a relação Figura 3.82. a = i2/i1 , segue a curva da 164 Figura 3.82 Variação na relação de transformação por efeitos da corrente de vazio I0 , o transformador atinge seu valor de projeto, neste caso de 9.17, com uma corrente iguais ou superior a nominal. Os valores experimentais estão indicados com 'x'. Nesta curva, percebe-se que a relação passa a ser constante próxima do valor nominal da corrente primária, isto é, com uma corrente em torno do 30% da nominal os erros tornam-se grosseiros. No caso de transformador com núcleos de ar, onde a permeabilidade relativa é unitária, não existiria esse problema, em função da corrente de magnetização. No próximo capítulo, é realizado um estudo de dispositivos com entreferro variável. 165 4 CARACTERIZAÇÃO DE UM CONTACTOR CA Com base nas limitações da análise clássica do circuito magnético, o capítulo aborda a utilização, em conjunto, da análise de elementos nitos e o princípio da dualidade entre circuitos elétricos e magnéticos. O dispositivo utilizado na derivação de circuitos elétricos equivalentes e modelos de elementos nitos é um contactor de corrente alternada (AC) de tensão nominal de 220 volt, 60 hertz. Duas con- dições de funcionamento são consideradas: a manobra de fechamento bloqueado e a conguração de núcleo fechado. A metodologia utilizada no Capítulo 3 para caracterizar um transformador pode ser facilmente aplicada a dispositivos com entreferros variáveis como é o caso de um contactor. Neste capítulo, apresenta-se a sequência que permite caracterizar materiais com entreferro especíco. Com a geometria e os dados experimentais do dispositivo, são geradas as diferentes curvas características, necessária para avaliar o desempenho do dispositivo, tendo em vista a eciência energética. 4.1 OBJETIVOS O presente capítulo contempla os seguintes objetivos: apresentar uma sequência para projetar e avaliar o desempenho de um dispositivo com entreferro variável. O ponto de partida é a caracterização do material magnético. Para isso, é utilizado um circuito simples e de baixo custo, que permite obter um gráco das perdas de ferro (curva de histerese). Com esta informação e com a geometria do dispositivo, podem ser derivadas todas as curvas necessárias que permitem obter os parâmetros elétricos e magnéticos, para diversas correntes de operação. Os cálculos dos parâmetros de interesse são feitos via teoria eletromagnética clássica e pelo método gráco e o erro é avaliado utilizando os resultados da simulação como referências; 166 obter o fator de potência e rendimento do dispositivo, utilizando a energia e coenergia calculada na curva BH através de programas como Excel e Matlab; apresentar uma técnica gráca que englobe uma visão qualitativa de fenômenos complexos de eletromagnetismo, de forma que sejam úteis em práticas didáticas; compreender o efeito dos entreferros nas máquinas, as alterações na curva BH e os cálculos de força associados. 4.2 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA O eletroímã presente em um contactor é um componente que afeta diretamente sua ação em termos de produção de força e que é determinante no processo de fechamento do contactor. O eletroímã do contactor em estudo contém uma bobina contendo aproximadamente 5.000 espiras. Essa bobina está enrolada em torno da trave central do núcleo laminado e em forma de "E", formando a porção estacionária do contactor. Para a conguração de núcleo fechado, cada janela retangular do núcleo tem uma altura de 3,2 cm e uma largura de 1,05 cm. A altura da bobina é de 1,4 cm, aproximadamente. As partes que compõem o eletroímã, juntamente com as principais dimensões geométricas, estão indicadas na Figura 4.1. A profundidade do dispositivo é de 1,2 cm. O contato físico entre os dois núcleos magnéticos em forma de "E"está restrito a pequenas regiões localizadas nas traves laterais. A parte mais interna das superfícies magnetizadas em contato é conhecida como polo não sombreado. As regiões adjacentes também têm contato com a porção superior, móvel do núcleo. Tais regiões são envolvidas por espiras em curto-circuito e são conhecidas como polos sombreados. Uma ilustração representativa dessas regiões pode ser vista na Figura 4.2. A distância que separa as duas traves centrais dos núcleos desse eletroímã é de 8,0 mm quando o contactor está aberto e, apenas 0,4 mm quando o mesmo está fechado, como está indicado na Figura 4.3. Na Tabela 4.1 estão indicados dados geométricos adicionais referentes ao núcleo na conguração do contactor em que as duas seções do núcleo estão em contato físico (contactor fechado). Esses dados são empre- gados nos cálculos analíticos. O comprimento médio de circulação do uxo magnético, lm , é empregado nos cálculos envolvendo a lei circui- 167 Figura 4.1 Dimensões do contactor em estudo. Fonte: adaptado de (NOGUEIRA; PEREIRA JR, 2006) tal de Ampère e está representado pela linha tracejada que aparece na Figura 4.3. Nos cálculos analíticos, assume-se que a seção magnética do núcleo, Sn , é igual à área de uma das traves laterais do contactor. Também, na Tabela 4.1, estão indicadas as dimensões geométricas da espira de sombra do contactor. Tabela 4.1 Dados geométricos do núcleo magnético, contactor fechado. Comprimento médio de circulação do uxo Seção magnética do núcleo Espira de sombra 11,6 cm 126 · 10−6 m2 Comprimento 13,0 mm Largura 5,0 mm Altura 1,6 mm Espessura 1,0 mm 168 Figura 4.2 Sombreamento dos polos. Fonte: adaptado de (NOGUEIRA; PEREIRA JR, 2006) Foram estudadas as relações eletromagnéticas e o princípio de conversão eletromecânica de um contactor, o qual corresponde a um eletroímã com entreferro variável acoplado à parte móvel. A Figura 4.4 apresenta a vista frontal do contactor em estudo. O contactor em questão é formado por dois núcleos em "E" iguais, como ilustrado na Figura 4.5. Um deles está na parte xa do contactor e o outro faz parte do conjunto móvel. Um detalhe importante na construção do contactor CA é a utilização de uma espira sombreada, conforme apresentado na Figura 4.5. A Figura 4.6 apresenta o contactor modelado no sistema CAD do FEMM. 4.2.1 Determinação experimental do número de espiras da bobina Diferentemente do caso do transformador, em que o número de espiras era dado por condições de projeto, no caso do contator é necessário se desenvolver uma metodologia para este m. 169 Figura 4.3 Contorno utilizado para realização dos cálculos. Fonte: adaptado de (NOGUEIRA; PEREIRA JR, 2006) A base teórica dessa metodologia é a lei da indução de Faraday, em sua forma simplicada. Com o contactor fechado e alimentado com tensão nominal ecaz, Vn , de 220 V, mede-se a tensão induzida E nos terminais do enrolamento de uma bobina de 4 espiras alocada no núcleo. De acordo com a lei de Faraday, tem-se E = Nc onde φ (4.1) denota o uxo magnético que circula nas traves laterais do contactor e seja, dφ dt Nc = 4 Nc denota o número de espiras do enrolamento extra, ou (conferir Figura 4.7). 170 Figura 4.4 Vista frontal do contactor em estudo. Fonte: Produção do Autor. Figura 4.5 Parte xa do contactor. Fonte: Produção do Autor. O valor ecaz da tensão medida nos terminais da espira é de 176 [mV]. A taxa de variação do uxo é numericamente igual à queda de tensão em uma única espira, dφ E = = 44 mV/espira. dt Nc 171 Figura 4.6 Contactor implementado no FEMM. Fonte: Produção do Autor. O procedimento de cálculo assume que a "queda de tensão por espira" é a mesma no enrolamento principal da bobina excitadora e no enrolamento extra. Para uma tensão terminal de 220 V no enrolamento principal, o número de espiras, Ne , Ne = desse enrolamento é Vn . dφ/dt (4.2) Substituindo os valores, tem-se Ne = 220 Vn = = 5000 espiras. dφ/dt 0, 044 4.2.2 Tensão e corrente experimentais na espira de sombra Para determinar a tensão induzida na espira, construiu-se uma bobina de 6 espiras e mediu-se a tensão induzida, neste caso de 73mV. Essa tensão corresponde a uma tensão por espira de 0,012V (observar Figura 4.8 que apresenta a bobina utilizada para a avaliação da corrente na espira de sombra). 172 Figura 4.7 Bobina de espiras conhecidas para determinar a tensão induzida por espira. Fonte: Produção do Autor. Em teoria, seria necessário apenas uma espira na bobina auxiliar, para identicar a relação de tensão gerada. Entretanto, para melhorar a medição usualmente são utilizadas 10 espiras. Com isso, a tensão induzida, geralmente da ordem de milivolt, aumenta para ordem de volt e, dessa forma, a precisão também se eleva. Utilizaram-se bobinas de 4 e 6 espiras por questões de espaço no dispositivo em função das bitolas de os de que estavam disponíveis. O ideal, porém, teria sido 10 espiras em cada caso. S = = 13 + 5 + 13 + 5 = 36 [mm] e = 0, 0175[ Ωm/mm2] é possível calcular a Através da geometria, considerando a seção transversal 1, 6 × 1 [mm2 ], o comprimento médio lm a resistividade do cobre ρcu resistência da espira: R= ρcu lm = 0, 328 mΩ. S 173 A corrente na espira Ie = 12 mV = 37 A. 0, 328 mΩ A Figura 4.9 apresenta um diagrama ilustrativo sobre os uxos gerados pela bobina principal e pela espira de sombra. Figura 4.8 Montagem da bobina de espiras conhecidas que permite avaliar a tensão por espira. Fonte: Produção do Autor. 174 Figura 4.9 Diagramas dos uxos gerados pela bobina principal e a espira de sombra. Fonte: adaptado de (NOGUEIRA; PEREIRA JR, 2006) 4.3 DETERMINAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS MAGNÉTICAS DO NÚCLEO O material usualmente utilizado em máquinas elétricas é ferrosilício. O silício melhora as propriedades magnéticas do ferro fazendo que se oriente rapidamente e mantenha baixo seu magnetismo residual. Diversos fabricantes têm desenvolvidos diferentes tipos de ferros com adição de silício. No caso de ferro para acionamentos, a série vai do Carpenter Silicon Iron até M-45. Neste caso, foi utilizada a liga chamada de Carpenter. A curva BH do material a vazio é apresentada na Figura 4.10. No estudo realizado nesse trabalho, a inclinação e o nível de saturação foram muito inuenciados por um entreferro minúsculo de 0, 4 mm do núcleo. Para compreender seu efeito sobre o acionamento foi levantada a curva BH especíca do dispositivo através de métodos semelhantes aos descritos no Capítulo 3, para a condição de entreferro de 0,4mm. Essa curva é exibida na Figura 4.11. 175 Figura 4.10 Material Carpenter Silicon Iron da biblioteca do Femm. Fonte: Produção do Autor. Figura 4.11 Material Carpenter Silicon Iron com entreferro de 0,4mm. Fonte: Produção do Autor. A subseção 4.3.1 detalha o procedimento de obtenção da curva BH apresentada na Figura 4.11. 176 4.3.1 Circuito proposto para levantar a curva de histerese No caso especíco de um contactor ou qualquer dispositivo só com uma bobina o circuito proposto é uma variante daquele utilizado para caracterizar o transformador (conferir Figura 4.12). Figura 4.12 Circuito proposto para dispositivos com uma única bobina de excitação. Fonte: adaptado de (NOGUEIRA; SALAS, 2013) No caso, B(t). Vx (t) é proporcional a H(t) e Vy (t) é proporcional a Essas duas tensões são lidas pelos canais 1 e 2 do osciloscópio. A operação no modo xy (com o canal 1 relacionado ao eixo característica de histerese B(t) = f (H(t)) x) exibe a do núcleo magnético. 4.3.2 Fatores de escala O circuito da Figura 4.12 apresenta só as tensões que são proporcionais à indução B(t) e a intensidade de campo H(t). Para obter os valores dos campos, é necessário multiplicar estas tensões por fatores de escalas, de forma semelhante a observada no estudo do transformador. H(t) = N Vx → H(t) = 4310Vx lm Rsh 177 H(t) = RC Vy → B(t) = 0, 208Vy NS A Tabela 4.2 apresenta os parâmetros do circuito apresentado na Figura 4.12. Tabela 4.2 Parâmetros do circuito de excitação. lm Rsh R C S 0, 116 m 10 Ω 100 kΩ 1, 5 µF 12 × 12 mm2 4.3.3 Formas de onda da tensão (B ) e corrente (H ) em função do tempo As formas de onda obtidas apresentam uma tensão senoidal cor- B e uma corrente distorcida correspondente à H . Embora a corrente ainda continue distorcida respondendo à indução intensidade de campo seu conteúdo harmônico é muito menor considerando às formas de onda da corrente de vazio do transformador, graças à presença do entreferro (conferir Figura 4.13). 4.3.4 Curva de histerese Através de fatores de escala previamente calculados, pode-se obter o gráco da curva de histerese, que representa não apenas o fenômeno da histerese magnética em si, mas também todas as perdas do ferro, como as correntes de Foucault e as perdas anômalas. A curva de histerese obtida na condição nominal de operação do contactor (a 75 mA) está apresentada na Figura 4.14. Ressalta-se que a curva foi obtida para a operação do contactor na condição nominal. Assim, os pontos extremos da curva estão suavizados de forma que a curva se assemelha a uma elipse. Isso decorre de que, obviamente, na condição de operação nominal, não ocorre saturação. Outro detalhe importante, observado na curva apresentada na Figura 4.14, é que a inclinação do centro da "elipse" é maior do que a esperada, em relação ao eixo da indução magnética. Essa condição de inclinação é decorrente da presença do entreferro de 0,4 mm no contactor. Caso não houvesse 178 Figura 4.13 Forma de onda da tensão CH2 (B) e corrente com baixo conteúdo harmônico CH1(H). Fonte: Produção do Autor. entreferro, a inclinação dos eixos da elipse seria menor. Essa curva foi utilizada para o cálculo de perdas de histerese que é exibido na subsecção 4.4.2. A Figura 4.15 apresenta a curva de histerese encontrada na condição de saturação. Foram aplicados 260 V na energização do contactor ao invés dos 220 V da condição nominal. 4.3.5 Curva de saturação magnética BH Através da curva de histerese obtida experimentalmente (conferir Figuras 4.11 e 4.14), que possui a presença de entreferro, e de técnicas de interpolação, foi selecionado um material no banco de dados do FEMM, para simulação. E foi incorporado ao mesmo o efeito do entreferro no material. Assim, a Figura 4.16 apresenta a comparação das curvas BH do material que constitui o contactor, obtida experimentalmente, com 179 Figura 4.14 Curva de histerese do material para a corrente nominal (75mA), sua acentuada inclinação se deve a presença de um minúsculo entreferro de 0,4mm, na trave central. Fonte: produção do autor a curva obtida pelo material Carpenter, presente no banco de dados do FEMM, com o efeito de entreferro, que foi desenvolvido para a simulação por elementos nitos. O material Carpenter foi o que mais se aproximou do comportamento experimental. 4.3.6 Curva da permeabilidade magnética relativa µr em função da intensidade de campo A permeabilidade magnética diferencial diferenciação ponto a ponto dos dados BH . B e H µ se obtém através da da curva de saturação Na Figura 4.17 é apresentada a curva de permeabilidade com en- treferro de 0,4mm. Embora no gráco de saturação magnética BH , a dispersão de valores sobre a curva de tendência seja mínima, na curva 180 Figura 4.15 Curva experimental de Histerese do material utilizado no núcleo, sua acentuada inclinação se deve a presença de um minúsculo entreferro de 0,4mm, na trave central, da mesma forma que na operação nominal. Fonte: Produção do Autor. 181 Figura 4.16 Em azul, a curva BH do modelo de simulação do mate- rial Carpenter com o efeito do entreferro e, em vermelho, a curva do material obtido experimentalmente. Fonte: Produção do Autor. de permeabilidade ∆B/∆H , variações mínimas produzem uma grande dispersão de valores. Nestes casos, trabalhou-se com a curva de tendência. Por praticidade, trabalha-se com a permeabilidade relativa. Assim, na Figura 4.17, os valores foram calculados dividindo a permeabilidade absoluta obtida no processo de diferenciação pela permeabilidade do ar µ0 = 4π · 10− 7[ Wb/Am]. 4.3.7 Obtenção gráca da permeabilidade absoluta no ponto de operação para a condição entreferro 0,4mm Com a acorrente nominal Inpk = 75 mA, a partir da Figura 4.14, 3000[ A/m]. Utilizando-se com este obtém-se a intensidade de campo de valor na curva de permeabilidade relativa, apresentada na Figura 4.17, e 182 Figura 4.17 Gráco da permeabilidade relativa em função da intensidade de campo. Fonte: Produção do Autor. multiplicando pela permeabilidade do ar µ0 , obtém-se a permeabilidade absoluta neste ponto de trabalho. Assim, a permeabilidade relativa, a partir do gráco, corresponde ao valor de µr = 175. De modo que a permeabilidade absoluta calculada é: µabs = µ0 µr = 2192 · 10−7 [ Wb/Am] 4.3.8 Determinação da Relutância do Contactor Em forma análoga aos procedimentos do Capítulo 3, a partir dos pontos obtidos na curva BH , e através da denição da Relutância, obteve-se a curva de relutância em função da intensidade de campo H, este procedimento será realizado para os entreferros de 0,4 mm e 5,0 mm. Estes valores foram comparados aos obtidos com cálculo clássico através da simulação, vericando-se o método gráco é uma ferramenta útil para o cálculo de relutâncias variáveis. 183 A expressão para relutância depende do comprimento médio, da permeabilidade absoluta e a seção transversal do material, relacionado isto através da equação constitutiva: <= lm µS (4.3) Na Figura 4.18(a), identicam-se os parâmetros geométricos do contactor e, na Figura 4.18(b), o circuito elétrico equivalente simplicado (desprezando o efeito da espira de sombra e do entreferro de 0,4 mm da trave central do núcleo). Trabalhando com estas ideias, obtevese uma curva de relutância para diferentes condições de entreferros, apresentada na Figura 4.19. Figura 4.18 Representação do contactor fechado e do circuito elétrico simplicado equivalente. (a) Contactor fechado com entreferro de (b) Circuito elétrico simplicado equiva0,4mm. lente das relutâncias (são desprezados os efeitos da espira de sombra e do entreferro da trave central) Fonte: Produção do Autor. Considera-se o comprimento do material magnético lm = 0, 1156 m, 0, 4 mm, medidas da coluna: 8 · 12 µm2 , me2 considerando espriamento: 12, 2 · 6, 2 µm , fator de comprimento do entreferro didas do núcleo laminação: 0, 9. Outro aspecto a ser considerado nos cálculos em circuitos magnéticos é que normalmente os núcleos são laminados, como forma de redução das correntes parasitas. Então, a espessura do isolamento que separa cada par de lâminas deve ser descontada no cálculo da área; em outras palavras, a área efetivamente disponível para o uxo (Sf ) é menor que a área total do núcleo (S ). Assim o fator de empilhamento é denido como: f = Sf /S e, neste caso, se considera 0,9. 184 Figura 4.19 Gráco de relutância do material e em função de entreferros. Fonte: Produção do Autor. Assim, para <t,0,4 = e para g = 0, 4 mm 1 1 (<c1 + Rn ) = 2 2 1065, 25 + 4, 210 · 106 µr g = 5 mm <t,5 1 1 = (<c1 + Rn ) = 2 2 1065, 25 + 64, 59 · 106 µr 185 Ao comparar as expressões se percebe que a relutância no caso 5 mm só acrescenta um fator 5 mm, corresponde a uma 32, 3 · 106 [Am/Wb]. do entreferro de aditivo, que, neste caso, para a posição de relutância constante de Da Figura 4.19, da relutância em função da intensidade de campo, se obtém a relutância para o ponto de trabalho especíco do dispositivo. A intensidade de campo correspondente à corrente nominal Inpk = 75mA é de 3000 [Ae/m], que por sua vez corresponde a uma relutân6 cia < = 5, 3 · 10 [Ae/Wb]. Comparando este valor através do cálculo realizado via equações de eletromagnetismo clássicas, temos: <t = 1 2 lm l0 + µr µ0 Smn 0, 9 µ0 Smn Através da simulação numérica no = 5, 2 · 106 Ae/Wb. software FEMM é possível calcular a relutância a partir do uxo e da força magnetomotriz, assim: <t = 2 · 5000 · 0, 075 2F = = 5, 0 · 106 . φ 150 · 10−6 A Tabela 4.3 apresenta uma comparação dos resultados de relutância obtidos para o ponto de operação do contactor. Tabela 4.3 Comparação dos resultados de relutância, com entreferro de 0, 4 mm. Método de Cálculo Gráco Analítico Numérico Valor Erro 6 5, 3 · 10 5, 2 · 106 5, 0 · 106 4,35% 3,8% 0 % (valor de referência) O mesmo procedimento apresentado anteriormente pode ser aplicado ao caso do entreferro de 5 mm. Dessa forma, a Tabela 4.4 apre- senta os resultados do cálculo de relutância e os respectivos erros, para o caso do entreferro de 5 mm. No caso da obtenção gráca da relutância, os valores obtidos, através de dados experimentais para as duas condições de entreferros, mostraram que o método gráco é razoavelmente preciso, para entreferros pequenos. Nos maiores, por efeito do espalhamento, o erro aumenta. Para a obtenção da relutância associada a qualquer entreferro basta somar a relutância do material com o cálculo no entreferro de interesse (fator aditivo). 186 Tabela 4.4 Comparação dos resultados de relutância, com entreferro de 5 mm. Método de Cálculo Valor Erro Gráco 32, 3 · 106 35, 4 · 106 36, 31 · 106 2,5% Analítico Numérico 11% 0% (valor de referência) 4.3.9 Determinação da Curva de Permeância A Permeância pm se dene como o inverso da Relutância (1/<). Essa propriedade indica a facilidade da passagem de uxo pelo circuito magnético, equivalente à condutância no circuito elétrico. Assim: pm = µ A [Wb/A]. lm (4.4) A partir de 4.4, facilmente percebe-se que a permeância é proporcional à permeabilidade magnética absoluta. A Figura 4.20 apresenta a curva de permeância experimental do contactor. Através das curvas levantadas e da geometria do dispositivo é possível realizar qualquer cálculo eletromagnético em forma gráca com uma precisão na maioria dos casos em torno dos 5%. 4.4 SIMULAÇÕES DO DISPOSITIVO UTILIZANDO A CURVA BH EXPERIEMENTAL Uma vez caracterizado o núcleo, é possível inserir estas características no BH software de elementos nitos FEMM. Através da curva obtida e a corrente de operação é possível realizar as simulações do material especíco do dispositivo. Assim, o ponto de operação é determinado por: √ 2V 2 · 220 = = 1, 1 [T]. = N Sω 5000 · 12 · 12 · 10−6 · 2π · 60 √ Bm A partir da curva BH do material, apresentada na Figura 4.16, determina-se que a intensidade de campo magnético equivalente a é H = 3075 [Ae/m]. 1, 1 [T] 187 Figura 4.20 Curva aproximada da permeância experimental do contactor. Fonte: Produção do Autor. Utilizando a Lei de Ampere: Hlm = N I → I = 3075 [Ae/m] · 0, 116 [m] = 0, 071 [A]. 5000 [e] No ensaio, o valor do pico de corrente foi I = 0, 075 [A]. 4.4.1 Determinação da corrente na espira de sombra Utilizando a curva BH experimental e a corrente calculada, o modelo pode ser testado, neste caso, avaliando a corrente induzida na espira de sombra (observar Figura 4.21). Na Figura 4.21, tem-se a representação do vetor de uxo, o qual pela lei de Faraday induz uma corrente na espira de sombra gerando um campo magnético que tende a manter fechado o contactor. O programa fornece como corrente na espira j13, 47 [A]. I = −31, 28 + Esse valor complexo representa o defasamento da corrente na espira em relação à excitação principal. Em módulo, a corrente na espira I = 34 [A]. Ressalta-se que o resultado obtido experimental- 188 Figura 4.21 Linhas de uxo (a) Imagem das linhas magnéticas equi- (b) Imagem das linhas de uxo magnépotenciais do contactor fechado. tico, o sentido do núcleo está em oposição com as das colunas. Fonte: Produção do Autor. mente foi igual a 37 [A]. O erro percentual foi de 8%. Uma possível fonte de erro neste caso pode ser o aumento da temperatura pelo efeito Joule 4.4.2 Determinação da energia dissipada no ciclo de histerese A energia no ciclo de histerese é dada por: 1 W = 2 Z Z Bsat H dBdv, v que corrensponde ao produto da área da curva dispositivo analisado. Com o auxílio do software (4.5) −Bsat BH pelo volume do Excel, é possível obter o valor da área BH experimental, apresentada na Figura 4.14. Considerando 3 o volume v = 17, 75 [cm ], a densidade de uxo B = 0, 9 [T] e o campo magnético H = 1000 [A/m], tem-se que a energia W = 32 [mJ]. Assim, 3 o valor do produto BH obtido é de aproximadamente 3600 [WbA/m ]. Esses valores de B e H utilizados, foram obtidos da aproximação da curva BH de forma geométrica elipsoidal por um paralelogramo. da curva 189 A partir da simulação, considerando os dados de corrente e o núcleo caracterizado, a energia obtida no ciclo de histerese é de 33 [mJ], este valor será usado como referência para os cálculos de erros. A diferença de valores da simulação experimental é de 1 [mJ] (3%). 4.4.3 Perdas no dispositivo A potência média dissipada no ciclo de histerese é obtida a partir de: P = ∆W = W f. ∆t (4.6) Assim, experimentalmente, a potência dissipada no ciclo de histerese, considerando frequência de forneceu o valor de 2, 0 [W] 60 [Hz], foi de 1, 9 [W]. A simulação para a potência dissipada. Com a informação anterior e a densidade média da liga (7900 [kg/m3 ]) é possível obter as perdas por unidade de volume e massa. Considerando a massa do contactor 0, 140 [kg], a Tabela 4.5 apresenta as perdas por volume e massa, para diferentes congurações de entreferro. Tabela 4.5 Perdas por massa e volume para diferentes condições de entreferro Entreferro Perdas por volume 0 mm 0,4 mm [kW/m3 ] Perdas por massa 30 3,6 113 14,28 [W/kg] A discrepância observada entre os valores da literatura (conferir Tabela 3.6) e os obtidos é explicada pela diferente condição da obtenção dos dados (frequência, indução magnética e entreferro). Isso é percebido claramente com o aumento do entreferro, que aumenta também quantidade de perdas por unidade de massa. 4.4.4 Análise energética do contactor a partir da curva BH A densidade de energia presente no ciclo da curva de magnetização w produto corresponde a diferença da densidade de energia obtida pelo Hsat Bsat e da densidade de coenergia, assim, a densidade de energia é dada por: 190 Hsat Z B dH [J/m3 ]. w = Hsat Bsat − (4.7) 0 Os termos Hsat e Bsat correspondem respectivamente à inten- sidade de campo magnético na saturação e a densidade de campo na saturação. Observar que estes pontos são de difícil denição. A coenergia é representada pela integração da indução magnética em função do campo magnético, avaliada da origem até o ponto de saturação do campo (observar Figura 4.22) e no volume. No caso de um dispositivo feito de material linear, a energia e a co-energia são numericamente iguais, o que simplica os cálculo. Neste caso, esse princípio não é válido, por se tratar de um material não linear. O conceito de "co-energia", embora seja um artifício matemático, facilita a análise do sistema e permite calcular a força diretamente como uma função da corrente. Figura 4.22 Gráco da curva λi, regiões de energia e coenergia. Fonte: adaptado de (CULLITY; GRAHAM, 2009) Através da curva da saturação magnética da curva BH , obtida experimentalmente, e com o uso de métodos grácos, é possível obter a área correspondente a coenergia, descontando da área total é possível obter a energia no ciclo. Nesta condição, é calculada a potência máxima disponível. A densidade de energia para a condição máxima pode ser calcu- Hsat = 5367 [A/m] Bsat = 1, 45 [T], tem-se que a densidade energia total é de 7782 [J/m3 ]. 3 A densidade de coenergia no mesmo ponto é 4867 [J/m ] (o que resulta lada de acordo com a Equação (4.7). Considerando e 191 na coenergia de 51, 74 [mJ], 86, 4 [mJ]). Assim, a energia máxima de um ciclo é considerando o volume do dispositivo. Entretanto, devido à existência do ciclo negativo, a energia total é dobrada, de modo que Wtot = 103, 5 [mJ]. Utilizando a Equação (4.6), tem-se que a potência máxima do 6, 2 [W]. A partir disso, a potência máxima por unidade 350 [kW/m3 ] e a potência máxima por unidade de massa é 44, 2 [W/kg]. Para uma corrente de operação de 0, 075 [A] obtida do gráco BH , está atrelada a intensidade de campo H de 2929 [A/m] e a indução magnética B de 1, 095 [T], nestas condições a densidade de energia na 3 curva BH é de 3207 [J/m ]. dispositivo é de de volume é Utilizando-se o método dos trapézios, é possível calcular a densidade de coenergia e, consequentemente, a energia do dispositivo, na 1772 [J/m3] 50.8 [mJ], o que condição nominal. Assim, a densidade de coenergia é igual a e a energia na condição nominal (usando (4.7)) é igual a representa um erro de 4, 3% em relação ao valor obtido anteriormente. A partir da simulação, foi obtido o valor de 48, 7 [mJ] para a energia total fornecida, obtido da soma das parcelas de energia em cada região do sistema (apresentadas na Tabela 4.6). Tabela 4.6 Distribuição da energia nas regiões do sistema, obtidas por simulação, para entreferro de 0,4 mm. Região Entreferro de Energia 0, 4 [mm] [mJ] 29 Perdas do ferro 3,1 Núcleo magnético 1,7 Dispersão no espaço 14,44 Bobina 0,46 Energia total 48,7 Energia da parcela do entreferro é a que pode ser utilizada para realizar trabalho mecânico Wg = 29 [mJ], e, neste caso, corresponde a energia acumulada na mola. A diferença entre a energia obtida pela simulação e a curva BH se deve as considerações construtivas, fator de laminação (0,9), espessura das lâminas (0,5 mm) e condutividade do material ferromagnético, que consta na biblioteca do FEMM, (4 MS/m). Alterando-se estes parâmetros, a soma se aproxima ou se afasta dos 50 [mJ] obtidos pelo método gráco. Alterando estes parâmetros foi possível obter uma energia em 192 torno 49, 5 [mJ], considerando a hipótese que esta seja uma máquina otimizada. O erro do método gráco foi de 4%, em relação à simulação numérica. Com o uso de (4.6), verica-se que a potência nominal é de 3, 48 [W]. 5 [mm] A curva para entreferro de foi determinada através de simulações a partir do material Carpenter Silicon Iron. Para a condição de entreferro de 5 [mm], a corrente obtida foi de 353 [mA] , a intensidade de campo 15354 [A/m] e a indução de 0, 33 [T]. Com isso, ao utilizar-se o método gráco, a energia máxima que pode ser obtida nesse ponto de operação é igual a 90 [mJ]. Através da simulação por elementos nitos, a energia máxima desse ponto de operação foi determinada em 84, 6 [mJ]. A Tabela 4.7 apresenta a energia nas diversas regiões simuladas do sistema. Tabela 4.7 Distribuição da energia nas regiões do sistema, obtidas por simulação, para entreferro de 5 mm. Região Entreferro de Energia 5 [mm] Perdas do ferro [mJ] 44,6 0.57 Núcleo magnético 0,1 Dispersão no espaço 30.53 Bobina 8,8 Energia total 84,6 Para manter a mesma indução ocorre um aumento na corrente que vai dos 53 [mA] aos 250 [mA], isto é, um aumento de 5,4 vezes a corrente de operação. 4.4.5 Triângulo de potência Da curva BH anterior, é possível, através dos conceitos de energia e coenergia, encontrar a máxima energia que o dispositivo pode fornecer. Com isso, encontra-se a potência ativa máxima. Como a corrente e a tensão nominais são conhecidas, facilmente se obtém a potência aparente do dispositivo. Através de relações trigonométricas, obtém-se a potência reativa e fator de potência ótimo para a operação do dispositivo. Neste cálculo, não foi levada em consideração o efeito das harmônicas na corrente. Da seção anterior, através do gráco se obteve para a condição de corrente nominal (Inpk = 75 [mA]) uma energia de 51 mJ que corres- 193 ponde a uma potência de ativa de 3,1 W. Como é conhecida a corrente e tensão nominal , facilmente se obtém a potência aparente. Através de relações trigonométricas, se obtém a potência reativa e fator de potência ótimo para a operação do dispositivo. Neste cálculo não foi levada em consideração o efeito das harmônicas na corrente. Dessa forma, a Tabela 4.8 sintetiza os valores teóricos e experimentais de potência obtidos no contactor. P = 51 [mJ] · 60 [Hz] = 3, 2 [W]; S = 220 [V] · 53 [mA] = 11, 66 [VA]; p Q = 11, 662 − 3, 12 = 10, 9 [VAr ]; Tabela 4.8 Triângulo de potência do contactor. Tipo de potência Resultado teórico Resultado experimental 3, 1 [W] 11, 24 [VAr ] 11, 66 [VA] 71◦ 3, 2 [W] 10, 9 [VAr ] 11, 66 [VA] 73◦ Ativa Reativa Aparente Ângulo Utilizando a curva de saturação BH , é possível determinar a energia máxima, (produto da área máxima multiplicada pelo volume), para se obter a potência máxima por ciclo de rede deve-se multiplicar a energia máxima pela frequência, com isto tem-se a potência máxima ativa que o dispositivo pode fornecer. Utilizando a mesma metodologia foram feitos cálculos para a potência ativa nominal utilizando a corrente de operação, no caso especíco, para 75 [mA] corrente de pico. Como é conhecida a tensão para esta corrente é possível facilmente obter a Potência Aparente e em função do triângulo de potências a Potência Reativa e o Fator de Potência do dispositivo. A curva BH obtida experimentalmente também ajuda a identi- car os tipos de materiais utilizados pelos fabricantes nos dispositivos. 194 4.4.6 Energia e força nos entreferros O cálculo de energia e força nos entreferros será realizado através de quatro métodos descritos a seguir: método gráco pela curva BH, especíca para cada entreferro; método da energia no entreferro; método da densidade de força; método de elementos nitos. Considerando a energia acumulada no volume do entreferro do contactor: Z 0 w = uma vez que, no entreferro, w0 = B0 dH, B0 = µ0 H0 , Z µ0 H0 dH = (4.8) temos que 1 B2 µ0 H02 = 0 . 2 2µ0 (4.9) Para encontrar a energia no entreferro, é necessário calcular todo o volume do entreferro, considerando o efeito do espalhamento na secção transversal (observar Figura 4.23). Assim, a energia é dada por W0 = em que S0 B02 0 S g, 2µ0 é a seção transversal corrigida e (4.10) g é o comprimento do en- treferro. Essa equação evidencia o fato que a energia no entreferro é proporcional ao quadrado da indução. Através da curva de saturação magnética BH para entreferros especícos, obtém-se os valores da indução, tornando possível calcular a energia no entreferro e, consequentemente, a força. Será utilizado o método gráco para o cálculo de energia em duas condições de entreferros de 0, 4 e 5 [mm]. A força é dada por: Fc = W0 , g (4.11) No caso da operação CC, dessa forma, Fc = B2 0 S. 2µ0 (4.12) 195 Figura 4.23 Entreferro e espalhamento associado. Fonte: adaptado de (NOGUEIRA; BOUDEC, 2007) No caso da operação CA, supondo que a corrente e o uxo sejam perfeitamente senoidais, temos que: B = Bmax cos(ωt). (4.13) Substituindo (4.13) em 4.12, temos que: Fc = 2 Bmax cos2 (ωt) 0 S. 2µ0 (4.14) Com o uso da identidade trigonométrica cos2 (ωt) = 1 1 + cos(2ωt), 2 2 (4.15) tem-se que a força CA é dada por: FCA = Para ω = 0, 2 Bmax B 2 cos(2ωt) 0 S 0 + max S. 4µ0 4µ0 (4.16) a força CC é: FCC = 2 Bmax B2 S 0 + max S 0 = 2FCA,med 4µ0 4µ0 (4.17) 196 A Figura 4.24 auxilia na compreensão da força CA, através da exibição da forma de onda no tempo. Figura 4.24 Formas de onda da corrente e força no contactor, a força tem dobro da frequência da corrente. Fonte: produção do autor 4.4.6.1 Método gráco através da curva BH da energia acumulada no entreferro de 0, 4 mm 0, 4 [mm] do gráco BH com a = 75 [mA]), obtém-se a intensidade de campo H = 3000 [A/m]), e a indução B = 1.095 [T] no entreferro. O uxo pode 2 ser obtido pelo produto da indução e da seção transversal (144 [µm ]). Assim, o uxo no núcleo φ = 157 [µWb]. Na simulação, obteve-se B = 0, 08 [T] e φ = 153 [µWb], com erros do método gráco de 8% e Para a condição de entreferro de corrente de operação (i0 3% respectivamente. Utilizando (4.10), tem-se que a energia no entreferro é W0 = 1, 12 (12 + 0, 2)2 (0, 4) · 10−9 = 29 [mJ]. 2µ0 Observar que as dimensões do núcleo foram acrescentadas em g/2 0, 4/2mm. 0, 4 [mm], F = 72, 5 N. por causa do espalhamento do uxo, neste caso, Com o uso de (4.11), para o entreferro de 197 4.4.6.2 Método gráco através da curva BH da energia acumulada no entreferro de 5 mm No caso da presença de entreferros variáveis, é possível conseguir a curva BH por simulação a partir da curva obtida experimentalmente. A metodologia, neste caso, é denir o material com a curva BH experimental, criar o entreferro no qual o dispositivo vai operar e através de um programa implementado em LUA (conferir Anexo F) obter as características BH para os diferentes valores de correntes. Experimentalmente se encontrou uma corrente de caz (353 [mA] de pico) para o entreferro de 5 [mm]. 250 [mA] e- No Figura 4.25, desenvolvido pela simulação, se localizam estes valores. Figura 4.25 Gráco da curva de saturação magnética BH do mesmo material anterior com um entreferro de 5mm, é possível perceber que em função deste grande entreferro a curva se torna linear. Fonte: Produção do Autor. A partir de (4.10) e dos dados da curva 5 [mm], BH com entreferro de obtidos por extrapolação, calcula-se a energia nos entreferros 198 46 [mJ], 48 [µWb]. de para a corrente de pico de O valor de pico de 350 [mA], B 350 [mA], B = 0, 333 [T] e φ= considerado foi obtido, considerando a corrente de tem-se que: H= N 5000 · 0, 350 = 15354 [A/m]. Ie = lm 0, 116 Associando o valor de H O valor da energia com a Figura 4.25, se obtém W B = 0, 333 [T]. foi obtido considerando: B2 0, 3332 · (12 + 2, 5)2 · 5 · 10−9 = 46 [mJ]. v= 2µ0 2 · 4π · 10−7 W = Observar que as dimensões do núcleo foram acrescentadas em g/2 0, 4/2mm. FCC = 4, 6 [N] envalor CC, logo FCA = por causa do espalhamento do uxo, neste caso, Utilizando (4.11), a força de atração CC é quanto a força de atração CA é a metade do 2, 3 [N]. 4.4.6.3 Método das energias nos entreferros A energia nos entreferros será calculada através do Tensor de Maxwell, a indução B necessária para realizar os cálculos será obtida por simulação. No caso do contactor aberto, existem 2 entreferros, as colunas e o núcleo (trave central), do núcleo e as colunas (simétricos). Da simulação, encontra-se que rando o volume v B = 0, 149 [T], assim, conside- do material magnético, a energia acumulada no en- treferro da coluna é dada por: Wc = B2 0, 1492 v= · (8 + 2, 5)2 · 5 · 10−9 = 6, 7 [mJ]. 2µ0 2 · 4π · 10−7 Observar que as dimensões do núcleo foram acrescentadas em 0, 4/2mm. B = 0, 273 [T], assim, g/2 por causa do espalhamento do uxo, neste caso, Da simulação, encontra-se que a energia acumulada no núcleo é dada por: Wn = 0, 2732 B2 v= · (12 + 2, 5)2 · 5 · 10−9 = 31, 2 [mJ]. 2µ0 2 · 4π · 10−7 199 Assim, o total de energia obtida é: Wte = Wc + Wn = 2 · 6, 7 + 31, 2 = 44, 6 [mJ]. A Tabela 4.9 sintetiza os resultados obtidos no cálculo das energias. Tabela 4.9 Energia acumulada no contactor. W 0 [mJ] Região B [T] φ [µWb] Entreferro das colunas 0,149 14,3 6,7 Entreferro do núcleo 0,273 39,3 31,2 Com os dados da Tabela 4.9, conclui-se que a energia total é de 44, 6 [mJ]. Com isso, Fc = 44, 6 [mJ] = 4, 46 [N]. 2 · 5 [mm] A Figura 4.26 apresenta o espalhamento do uxo magnético, na simulação desenvolvida para o cálculo da força pelo método da energia. Figura 4.26 Espalhamento do uxo magnético no entreferro e energia acumulada. Fonte: Produção do Autor. Com a Figura 4.26, é possível perceber os problemas da obtenção da indução magnética média, já que esta varia ao longo do percurso traçado. Por outro lado tem-se a elevada dispersão de uxo que caracteriza entreferros grandes. 200 4.4.6.4 Método da densidade de força (pressão magnética) Este método utiliza o conceito da pressão magnética e será descrito a partir da equação do tensor de Maxwell. Considerando as Equações (4.10) e (4.11), temos que Fc = em que B = µ0 N i/g , g = 2x e B2 0 S, 2µ0 µ0 = 4π · 10−7 [H/m]. Fc = Assim, µ0 2 2 0 N i S. 8x2 Dividindo (4.19) pela área corrigida força ou pressão magnética (4.18) (4.19) S0, obtém-se a densidade de pm , nessas duas regiões que separam os dois pares de faces polares. Assim, pmag = µ0 2 2 N i . 8x2 (4.20) Conforme a Figura 4.27, para o caso particular do dispositivo em estudo, temos pmag = x = 5 [mm], N = 5000 [e] e i = 250 [mArms ]. Logo: 4π · 10−7 · 50002 · 2502 · 10−6 = 9812, 5 [N/m2 ] 8 · 52 · 10− 6 Para o cálculo da força é preciso multiplicar a pressão magnética pmag pela área das interfaces ferro-ar nas duas traves laterais e trave central do acionador, no caso A força magnética FCC S 0 = 5148 [µm2 ]. na operação em corrente contínua é: FCC = pmag S 0 = 5, 05 [N]. A força CA, conforme (4.17), é FCA = 2, 525 [N]. 4.4.6.5 Método dos elementos nitos Utilizando a curva BH experimental e os dados geométricos do entreferro, simulou-se a operação do contactor. Dessa maneira, a força foi obtida de forma direta com o auxílio do vetor ponderado de Maxwell. A Tabela 4.10 sintetiza os resultados obtidos. 201 Figura 4.27 Contorno para o cálculo do campo. Fonte: adaptado de (NOGUEIRA; BOUDEC, 2007) Tabela 4.10 Síntese dos resultados obtidos com o Tensor Ponderado de Maxwell. Tipo de Força Componente x [N] Componente CC -0,0147 -5,45 CA -0,0073 -2,73 y [N] 4.4.6.6 Comparação dos métodos de cálculo de força A partir dos resultados apresentados na seção anterior, é possível realizar o compartivo dos métodos de cálculo de força apresentados: Método da curva BH Requisitos: dispor do gráco BH, com escalas apropriadas ou das tabelas que o geraram. Para ω = 0, FCC = 4, 6 [N]. Para ω 6= 0, FCA = 2, 3 [N]. Erro em relação à simulação: 15%. 202 Método das energias nos entreferros Requisitos: conhecer a geometria dos entreferros e a indução magnética B na região de interesse. Para ω = 0, FCC = 4, 46 [N]. Para ω 6= 0, FCA = 2, 23 [N]. Erro em relação à simulação: 18%. Método da densidade de força (pressão magnética) Requisitos: conhecer geometria dos entreferros e dados construtivos do dispositivo. Para ω = 0, FCC = 5, 05 [N]. Para ω 6= 0, FCA = 2, 525 [N]. Erro em relação à simulação: 7%. Método dos elementos nitos Requisitos: conhecer a geometria do dispositivo e a curva de saturação magnética BH do material. Para ω = 0, FCC = 5, 45 [N]. Para ω 6= 0, FCA = 2, 72 [N]. Esses resultados foram utilizados como referência. A Figura 4.28 apresenta um estudo comparativo das forças através de elementos nitos de um contactor operando em corrente CC, CA e pelo tensor de Maxwell. Observar que, através da Figura 4.28, não é possível armar que a força CC é o dobro da força CA para toda a distância, mas apenas para pequenas condições de entreferro. Em todos os casos o valor de pico da corrente foi considerada de 250 [mA] e o comprimento do entreferro variando de 1 até 5 [mm]. Ao representar gracamente a força em função do entreferro percebe-se que para entreferros maiores que 10% das grandezas geométricas envolvidas não é possível armar experimentalmente que a relação seja válida. Para um entreferro de 2 [mm], FCC = 2 · FCA só é possível armar que a força CC é levemente maior que a CA. Através do tensor de Maxwell é possível perceber que a força varia com o valor inverso do quadrado da distância do entreferro, gerando um formato típico de uma equação quadrática. Para a simulação do tensor de Maxwell em função do entreferro utilizou-se a expressão: 203 Figura 4.28 Força produzida no contactor por uma corrente alternada (azul) e por uma contínua (vermelha) com um entreferro variando de zero até 5mm. Em verde, o tensor ponderado. Fonte: Produção do Autor. Fc = onde Kcont = 51, 57 [Nmm2 ] µ0 2 2 0 Kcont N i S = , 8x x2 e (4.21) x ∈ (0, 5] [mm]. Os métodos propostos para a obtenção da energia e da força nos entreferros apresentam bons resultados considerando a elevada dispersão que o entreferro de 5 [mm] introduz, o que contribui em muito para os erros. O método através da curva de saturação magnética BH , em- bora apresente um erro de 15%, resulta de interesse pela simplicidade e rapidez. A partir da curva de material levantada experimentalmente, é possível obter uma curva de saturação magnética BH para uma con- dição de entreferro especíca. Ao trabalhar a expressão da força em CA conclui-se que força em CC é o dobro da CA, percebível só com entreferros 10% menores 204 que as grandezas envolvidas, e a frequência da força resulta ser o dobro de frequência fundamental da corrente. 4.5 MODELAGEM ELÉTRICA DO DISPOSITIVO No modelo de núcleo fornecido pelo FEMM, os componentes de indutância própria e resistência equivalente das perdas se encontram em série (Figura 4.29). Entretanto, na literatura de máquinas, usualmente estes modelos são apresentados como circuitos paralelos (Figura 4.30). Figura 4.29 Modelo elétrico do contactor no FEMM, a indutância e o resistor equivalente estão em série. Fonte: Produção do Autor. Utilizando as expressões previamente deduzidas e considerando as perdas na resistência do bobinado como sendo desprezíveis pode ser feita a mudança de série para paralelo. O modelo paralelo é usualmente utilizado para a modelagem das perdas em dispositivos eletromagnéticos. Da simulação do contactor fechado utilizando a curva BH experimental e a corrente nominal, foram obtidos os resultados apresentados na Tabela 4.11. A resistência paralela equivalente é dada por: " Rp = Rs Xls Rs 2 # + 1 = 21768 Ω. 205 Figura 4.30 Modelo elétrico do contactor, a indutância e o resistor equivalente estão em paralelo. Fonte: Produção do Autor. Tabela 4.11 Resultados da simulação no FEMM. Corrente total 0,075 Ampere Queda de tensão 337 Volt Fluxo concatenado 0.877304-j 0,15212 Weber Fluxo por corrente 11,6974-j 2,02827 Henry Impedância 933,234+j 4409,81 Ohm Potência ativa 2,62472 Watt Potência reativa 12,4026 VAr Potência aparente 12,6773 VA A reatância paralela equivalente é dada por: " Xlp = Xls Rs Xls 2 # + 1 = 4606 Ω. Em ambos os casos, deve-se utilizar os fatores de compensação Rp = 311/337 · 21768 = 20026 [Ω] Xlp = 311/337 · 4606 = 4238 [Ω], o que resulta em Lp = 11, 24 [H]. Experimentalmente, foram obtidos Rp = 20670 [Ω] e Lp = 10, 45 [H]. comentados na Seção 3.4. Assim, e Dessa maneira, os erros obtidos foram de 3% e 7% respectivamente. 206 As perdas no núcleo são dadas pela soma das perdas por histerese e pelas correntes de Foucault, resultando em 0,5 Watt. As perdas do cobre são dadas unicamente pelo efeito Joule na bobina, assim podemos determinar a resistência série equivalente destas perdas, neste caso, Pcu = 0, 8035 Watt. Assim, como a corrente é de 53 [mA], a resistência se determina pela expressão P = Req I 2 , de modo que, Req = 286 [Ω]. Experimentalmente, encontrou-se uma resistência para o bobinado de Req = 534 [Ω]. No procedimento, utilizou-se uma fonte de corrente CC e para a medição da queda tensão. O erro é da ordem dos 46%, de modo que uma causa provável para o mesmo seja a determinação da bitola utilizada na simulação. A Figura 4.31 apresenta o resultado da simulação desenvolvida para obtenção das perdas no cobre. Figura 4.31 Perdas no núcleo. Fonte: Produção do Autor. Na bobina, a perda do cobre foi de 0,475 W e nas espiras ao todo de 0,33W. A perda total do cobre Pcu foi de 0, 8 W e a do ferro PF e foi de 1,82 W. Assim, as perdas totais foram de 2,62 W Assim, a perda total é dada pela soma das perdas no núcleo, nas bobinas e nas espiras, o que resulta em 2, 6525 [W]. 207 4.6 EFEITOS DO ENTREFERRO NO PROJETO DE DISPOSITIVOS ELETROMAGNÉTICOS Os efeitos de um pequeno entreferro no núcleo da bobina de um contactor produzem uma linearização da indução B, o que por sua vez afeta o formato da corrente no acionamento tornado- a mais senoidal, com isso as harmônicas são reduzidas. Os grácos apresentados são de um pequeno transformador onde se introduziu um entreferro de aproximadamente 0, 3 [mm] com o uso de uma ta isolante, resultando na alteração no formato da onda (o que é observado nas Figuras 4.32 e 4.33). Figura 4.32 Formato de onda da corrente sem entreferro. Fonte: Produção do Autor. As Figuras 4.34 e 4.35 apresentam, respectivamente, o espectro de frequência da corrente sem a presença de entreferro e com a presença de entreferro. Assim, através da análise da taxa de distorção harmônica (THD), calculada a partir do espectro, observa-se que, sem o entreferro, a distorção na corrente atinge 32,14%. A presença do entreferro, porém, faz com que a corrente apresente 5,2% de distorção harmônica. Isso mostra que o uso do entreferro auxilia na melhora da eciência energética do elemento magnético. 208 Figura 4.33 Formato de onda da corrente com entreferro. Fonte: Produção do Autor. Figura 4.34 Espectro da forma de onda da corrente sem entreferro (THD = 32,14%). Fonte: Produção do Autor. 209 Figura 4.35 Espectro da forma de onda da corrente com entreferro (THD = 5,2%). Fonte: Produção do Autor. A Figura 4.36 apresenta o esquema de montagem da inserção do entreferro. A corrente, ao trabalhar numa região mais linear, reduz suas perdas, é de interesse comparar o desempenho das ligas de ferro ao silício M-27 e Carpenter com e sem entreferro de 0, 4 [mm]. Os resultados são apresentados na Tabela 4.12. Nela pode-se comparar, entre outras grandezas, as perdas do ferro e a corrente na espira de sombra para cada situação. Um fato de interesse é que, ao trabalhar-se com um pequeno entreferro, diferentes tipos de material apresentam praticamente o mesmo desempenho, como é o caso do M-27 e do Carpenter. Dessa forma, num âmbito comercial, há interesse para fabricantes de contactores poder adquirir desempenho similar com materiais diferentes, pois evita-se dependências de fornecedores especícos. 4.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO O método da transformação de impedâncias atende os modelos série (FEMM) e paralelos (clássico). Os dados experimentais da carac- 210 Figura 4.36 Montagem de transformador inserindo um entreferro de 0,4mm. Fonte: produção do autor terização do núcleo estão próximos aos obtidos pela simulação a partir da curva BH levantada, sendo que o maior erro está em torno dos 7%. Existe uma grande discrepância com a resistência da bobina, atribuído à diculdade de medir a bitola do o. Ao introduzir um minúsculo entreferro melhora-se o desempenho do material no dispositivo e reduz-se o conteúdo harmônico. A técnica do entreferro pequeno permite que materiais com curvas BH diferentes apresentem um mesmo desempenho evitando a dependência de fornecedores especícos. Com esse estudo, pode-se perceber que, através de um circuito de baixo custo, é possível obter-se a curva de histerese. Esta curva do ponto de vista das energias envolvidas correspondente às perdas totais do núcleo magnético (perdas de histerese+Foucault+anômalas), assim permite avaliar a eciência energética do dispositivo. Utilizando os dados experimentais e programas Excel ou Matlab foi possível traçar a curva BH característica do material ferromagnético permitindo sua identicação na biblioteca de materiais. Das relações constitutivas e da geometria do dispositivo podem ser obtidas as curvas de: Permeabilidade, Indutância e Relutância. Em todos os casos os valores obtidos gracamente foram calculados por métodos alternativos e 211 Tabela 4.12 Resultados da simulação no FEMM. Grandeza Física M-27 (0,4 mm) M-27 Carpenter (0,4 mm) Carpenter 0,071 0,071 0,071 0,071 41,7+j 283,6 116+j 504 39,7+j 284 122+j 516 0.75-j 0,078 1,3-j 0,2 0.75-j 0,07 1,4-j 0,3 10.6-j 1,1 8,9-j 3,9 10.7-j 1.0 19,4-j 4,1 0.6+j 4,0 1,6+j 7,1 0.6+j 4,0 1,7+j 7,3 1,47 4,12 1,41 4,3 10,1 17,8 10,1 18,2 10,2 18,3 10,2 18,7 na 36,8 70,8 35,3 72,3 no 0,198 W 0,652 0,199 1,4 Corrente total [A] Queda de tensão [V] Fluxo concatenado [Wb] Fluxo por corrente [H] Impedância [kΩ ] Potência ativa [W] Potência reativa [VAr] Potência aparente [VA] Corrente espira [A] Perdas núcleo [W] nalmente por simulações, estas últimas são utilizadas como referência na avaliação da precisão obtida. Utilizando as curvas traçadas no cálculo de grandezas especícas a técnica gráca mostra-se rápida e, na maioria dos casos, precisa. A curva de relutância para qualquer condição de entreferro pode ser calculada a partir da curva do material sem entreferro somando um fator aditivo que corresponde à relutância que apresenta o entreferro, obtendo assim um conjunto de curvas que permite simplicar o cálculo de uxo para diferentes condições de entreferro. A presença de entreferro melhora o desempenho do material no dispositivo e reduz o conteúdo harmônico. Também observou- se que materiais com curvas BH diferentes apresentam um mesmo desempenho evitando a dependência de fornecedores especícos. 212 Ao trabalhar a expressão da força em CA conclui-se que força em CC é o dobro da CA, percebível em forma experimental só com entreferros 10% menores que as grandezas envolvidas. A frequência da força resulta ser o dobro da frequência fundamental da corrente. Por m, com este estudo de dispositivos com entreferro, percebeuse que as metodologias abordadas também serviriam para avaliar o desempenho e eciência de máquinas girantes de indução. 213 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho apresenta uma síntese do estado da arte sobre as caracterizações e perdas no ferro sob o enfoque da Engenharia Elétrica; teve a intenção de compreender e gerar subsídios para a caracterização de materiais ferromagnéticos aplicado na avaliação de parâmetros eletromagnéticos e de eciência energética de dispositivos eletromagnéticos utilizando uma técnica simples e de baixo custo, dispensando instrumentação cara e em alguns casos não disponíveis. Os resultados obtidos foram satisfatórios do ponto de vista de uma análise qualitativa dos fenômenos, mostrando coerência entre a simulação e obtenção dos parâmetros na aplicação do modelo, tanto para o caso do transformador quanto para o caso do contactor. No caso dos parâmetros do modelo de Steinmetz do transformador, o erro dos parâmetros obtidos foi aceitável. Da mesma forma, o erro da corrente de Inrush em relação ao resultado experimental foi pe- queno, demostrando a validade do modelo na previsão desse complexo fenômeno. No caso da força no contactor, embora o erro apresentado tenha sido alto, os resultados obtidos com o modelo garantem uma boa noção do valor. A vantagem do método qualitativo apresentado é a rapidez de cálculo e a visão macro do processo, apesar dos erros em relação ao valor real da força. Desta forma, é perceptível que a visão qualitativa fornecida pelos grácos e curvas das características eletromagnéticas dos dispositivos pode ajudar, do ponto de vista pedagógico, na compreensão do funcionamento e no projeto de máquinas elétricas e transformadores. O processo de obtenção da caracterização dos materiais através dos grácos BH permite denir o material e corrente, requisitos básicos para tornar possível rodar programas simuladores destinados à análise, concepção e projeto de dispositivos eletromagnéticos (FEMM). O ponto de partida é a curva de histerese, a qual é obtida através de um circuito RC e de osciloscópio digital, e, a partir desta, com auxílio de programas como Excel e MatLab, os pontos são tratados derivando em diferentes grácos como curva BH, permeabilidade diferencial e outros usuais no projeto de máquinas. E, com o auxílio da teoria eletromagnética se consegue obter os outros parâmetros de dis- 214 positivos com e sem entreferro. Por condições inerentes do processo digital os bancos de dados do material são criados em forma natural. A caracterização obtida também permite fazer uma abordagem através dos conceitos de energia e coenergia obtendo assim a potência máxima, perdas do ferro, eciência energética e o triângulo de potencias do dispositivo. A caracterização das perdas do ferro através das curvas de histerese a diferentes frequências possibilita a obtenção da equação Steinmetz Bertotti para a separação das perdas do ferro, em histerese, excedentes e de Foucault . Esta equação também permite avaliar as perdas geradas por correntes não senoidais através de seu espectro harmônico utilizando a série de Fourier. A metodologia experimental abordada neste trabalho pode ser facilmente adaptada ao roteiro de laboratório das disciplinas de Conversão de Energia e Materiais Elétricos do curso de graduação de Eng. Elétrica levando o aluno a um plano mais prático, agregando motivação ao estudo de temas complexos e abstratos. 5.1 PUBLICAÇÕES GERADAS AO LONGO DESSE TRABALHO As seguintes publicações foram geradas ao longo desse trabalho: A.F.L. Nogueira, L.J.A.S. Maldonado and F.C. Schulz. Analytical and nite-element calculation of magnetic forces on ac contactors [devices], Revista Sodebrás, vol. 8, n. 89, maio, 2013. The principle of duality between electric and magnetic circuits applied to the analysis of electromagnetic devices/ the use of fea to overcome the limitations of the classical magnetic circuit analysis, IJRRAS, vol. 1 n. 3, 2013. A. F. L. Nogueira andL.J.A.S. Maldonado. A. F. L. Nogueira andL.J.A.S. Maldonado. Analysis of ac contactors combining electric circuits, time-harmonic nite element simulations and experimental work, 2013. O resumo dessas publicações está incluido no Anexo E. 215 5.2 PERSPECTIVAS DE EVOLUÇÃO DA METODOLOGIA No desenvolvimento deste trabalho apareceram séries de dúvidas, as quais poderão servir como ponto de partida de novas investigações, ou corrigidas e explicadas. Enumeram-se possíveis trabalhos de continuação: 1. Extensão do estudo para os núcleos de transformadores de ferrite amplamente utilizados na eletrônica de potência; 2. Aprimorar a metodologia da obtenção das reatâncias dispersivas que apresentaram erros elevados; 3. Desenvolvimento de uma bancada experimental em função de um estudo das perdas rotacionais, visando aplicar a metodologia a motores elétricos; 4. Estudo de procedimentos experimentais para avaliar a eciência energética de máquinas girantes através dos conceitos de energia e coenergia; 5. Metodologia para avaliar a condutividade dos materiais ferromagnéticos do ponto de vista do modelo das perdas magnéticas por corrente induzidas clássicas; 6. Avaliar o tratamento térmico nas chapas de aço 1010 e obter outro tipo de amostra para testar a metodologia; 7. Banco de dados das curvas obtidas de materiais ferro e Ferri magnéticos; 8. Desenvolver instrumentação para trabalhar em regime quase estático (em torno de 1 Hz); 9. Implementar o algorimmo para obter o modelo de Jiles-Athertom a partir da curva de Histerese. 216 217 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Caractérisation et Prédiction des Pertes dans les Tôles Fer Silicium Soumises à des Tensions Non-Sinusoidales. AMAR, M. Tese (Doutorado) Université Paris, 1994. BASTOS, J. Eletromagnetismo e cálculo de campos. 2nd. ed. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1992. Caracterização e modelagem eletromagnética de lâminas de aço ao silício. Tese (Doutorado) UFSC, 2001. BATISTELA, N. J. BECKER, J. J. Magnetization changes and losses in conducting ferromagnetic materials. Journal of Applied Physics, 1963. v. 34, n. 4, p. 13271332, 1963. BERTOTTI, G. 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(A.1) Se o diâmetro do toroide for grande em comparação com a área da seção transversal da amostra, pode-se fazer r igual ao raio médio do toroide e usar a equação A.1 para calcular a intensidade de campo. É comum na literatura do Eletromagnetismo Aplicado considerar o exemplo de um núcleo toroidal como o mostrado na Figura A.1 para explicar os processos de obtenção do laço de histerese. O com- portamento de um material magnético submetido a uma variação do campo magnetizante H depende fortemente de seu estado inicial de magnetização. Entretanto, se o material é submetido a um campo sucientemente intenso, H1 , como mostrado na gura A.2 e esse campo é revertido um certo número de vezes, o material entra em um estado cíclico. É como se o material tivesse perdido a memória do estado inicial. Esse aspecto tem que ser levado em consideração no levantamento experimental de curvas no plano (BH ), tais como a curva inicial de magnetização e curva normal de magnetização (SLEMON, 1974). Circuitos magnéticos como o ilustrado na Figura A.1 são utilizados para demonstrar que a área envolvida pelo laço de histerese está relacionada à energia dissipada sob forma de calor no material magnético (GRAY, 1989; HAMMOND, 1986; PARKER, 1990). Partindo-se de uma variação innitesimal da força magnetomotriz N dI , chega-se à seguinte expressão para a variação da energia suprida pela fonte elétrica dW = (2πrA)H dB. Como 2πrA (A.2) V de material magnético, a dW = V H dB. (A.3) representa o volume equação acima pode ser expressa como 224 Figura A.1 Circuito magnético com núcleo toroidal Fonte: produção do autor Figura A.2 Laço de histerese. Fonte: produção do autor A energia associada a um ciclo completo é obtida a partir da integral cíclica I W =V H dB. (A.4) 225 A equação acima mostra que a energia por unidade de volume dissipada em um ciclo completo de histerese pode ser calculada pela área interna do laço. Essa dissipação de energia tem várias causas. Estas incluem correntes parasitas localizadas e atrito causado pela presença de impurezas no material (HAMMOND, 1971). A aquisição de apenas dois sinais elétricos é suciente para a obtenção e posterior processamento numérico do laço de histerese (SILVA, 1995; LUCIANO, 1995). Um dos sinais deve ser proporcional à densidade de uxo B , o outro proporcional à intensidade de campo H . Para a aquisição do laço de histerese foram utilizados dois sinais de tensão, obtidos a partir da montagem mostrada na Figura A.3. Figura A.3 Montagem para aquisição do laço de histerese. Fonte: produção do autor Na escolha da montagem, procurou-se levar em consideração aspectos de natureza econômica, bem como a facilidade de implementação. A montagem ilustrada é baseada naquelas propostas por (DRAPER, 1963; GROSSNER, 1983). No trabalho em laboratório, foi utilizado um autotransformador variável (Variac) de 500 VA, 0-220 V para alimentar o primário do transformador em teste. O resistor R2 empre- gado na montagem deve ter valor elevado, de maneira que o secundário do transformador opere como um circuito aberto. Desse modo, a corrente que circula no circuito primário é a corrente de excitação, cujo sinal é obtido indiretamente, através da tensão sobre o resistor R1 . Com o secundário operando como um circuito aberto, o transformador em teste se comporta como um indutor não linear, com baixo 226 nível de dispersão magnética. Assim, o circuito primário apresenta comportamento análogo ao do circuito magnético da Figura A.1 e a intensidade de campo H pode ser aproximada pela expressão: N1 iφ H = lm , (A.5) N1 é o número de espiras do enrolamento primário, iφ é a corrente lm é o comprimento médio do núcleo. Uma vez que iφ = VR1 /R1 , pode-se expressar a intensidade de campo H em função da tensão sobre o resistor R1 , onde de excitação e H = N1 lm R1 VR1 . (A.6) Para se obter um sinal elétrico proporcional à densidade de uxo B, pode-se partir das expressões da tensão induzida e corrente no se- cundário. A tensão induzida no secundário pode ser expressa como e2 = N2 dφ dt . (A.7) A corrente no secundário é ic = e2 e os valores dos componentes (A.8) 1 jωC R2 + R2 e C devem ser escolhidos de forma que R2 1 jωC . (A.9) Com isso, a expressão da corrente no secundário pode ser aproximada por ic ≈ e2 R2 .. (A.10) Substituindo (A.7) em (A.10), obtém-se: ic = N2 dφ R2 dt . (A.11) Integrando-se a relação acima no tempo, tem-se: Z Z ic dt = N2 R2 dφ. (A.12) 227 Como R ic dt Q = Vc C representa a carga armazenada no ca- pacitor, pode-se escrever: N2 Vc = φ. R2 (A.13) O uxo magnético pode ser expresso em função da tensão sobre o capacitor R2 C φ= N2 Fazendo-se uso da relação Vc . (A.14) φ = BA, chega-se, nalmente, à relação: B= R2 C N2 A Vc , (A.15) ou seja, uma relação entre a densidade de uxo B e o sinal de tensão sobre o capacitor. VR1 Tomando-se o sinal de tensão o sinal de tensão no modo XY Vc no canal Y, no canal X do osciloscópio e faz-se a composição desses dois sinais e se obtém o laço de histerese. A densidade de energia dissipada em cada ciclo é calculada pela relação: Z W = H dB. (A.16) Substituindo as expressões A.6 e A.15 em A.16 chega-se a: W = O termo H N1 R2 C I N2 R1 Alm VR1 dVc . (A.17) VR1 dVc representa a área interna do ciclo. Essa área, N1 R2 C/(N2 R1 Alm ), for- quando multiplicada pelo termo constante nece a energia por unidade de volume. O volume médio do transformador é em cada ciclo é: W =C Se f N1 R2 Alm , e a energia dissipada I VR1 dVc . N2 R1 (A.18) é a frequência de rede, a potência média dissipada pode ser obtida por: W = fC N1 R2 N2 R1 I VR1 dVc . (A.19) 228 ANEXO B -- MODELO DE JILES E ATHERTOM Pontos notáveis da curva experimental proposto por Jiles e Athertom (JILES D. C.; ATHERTON, 1983) como valores iniciais para o algoritmo de otimização de parametros M = Mirr + Mrev , (B.1) Mrev = c(Man − Mirr ), a He − , Man = Ms coth a He Man − Mirr dMirr = , dHe kδ He = H + αM. As constantes Ms , a, c, k e α são os δ uma variável um laço de histerese , sendo (B.2) (B.3) (B.4) (B.5) parâmetros próprios para condicional representante do sentido da evolução da magnetização: δ= +1 para dH dt ≥0 −1 para dH dt <0 . (B.6) B.1 PARÂMETROS DO ALGORITMO DE JILES Nessa seção, apresentam-se os parâmetros do modelo de Jiles. B.1.1 Susceptibilidade diferencial Jiles utiliza a susceptibilidade diferencial como uma ferramenta para deduzir e encontrar algumas das equações, e denir os seus respectivos valores pontuais: χ= lim ∆H,∆M →0 ∆M ∆H = dM dH . (B.7) 230 B.1.2 O parâmetro Ms Ms Segundo Jiles (JILES D. C.; ATHERTON, 1983), [A/m] é o parâmetro mais fácil de ser obtido, correspondendo à magnetização de saturação e sendo uma característica conhecida para um certo material. B.1.3 O parâmetro k k O parâmetro [A/m] expressa quanto as paredes dos domínios estão presas na estrutura metalúrgica do material, dicultando o deslocamento e a manutenção de uma homogeneidade magnética no processo de magnetização (JILES D. C.; ATHERTON, 1983). Pode ser aproximado pelo valor do campo coercitivo Hc dado por: k ≈ Hc ou (B.8) k= Man Hc α + 1−c 1−c . dMan Hc χc − c dH (B.9) B.1.4 O parâmetro α O parâmetro αé um fator representante do acoplamento entre domínios magnéticos (JILES D. C.; ATHERTON, 1983), utilizado inicialmente por Weiss. Ele é determinado no ponto em que é denido o conceito de indução remanente Br , ou χr . magnetização remanente Mr , onde se obtém a susceptibilidade Mr = Man Mr + k α 1−c − χr − c 1 dMan Mr dH . (B.10) 231 B.1.5 O parâmetro a O parâmetro tante de Boltzmann a [A/m] está relacionado diretamente com a consκ e a temperatura, e inversamente com o momento magnético (JILES D. C.; ATHERTON, 1983). Mm = Man Hm − O parâmetro versível a, Mver c (1 − c)kχm αχm + 1 obtém se o valor do coeciente H→0+ (B.11) No modelo, a componente de magnetização re- é determinada pelo coeciente χin = lim . c c. Conhecendo-se Ms e diretamente. dMan Ms =c =c . ∆H dH M →0+ 3a ∆M (B.12) A equação (B.12) é utilizada como uma restrição para os parâmetros a e α. A susceptibilidade Xna é a susceptibilidade sem histerese na origem (curva sem histerese). B.2 ALGORITMO DE JILES Nessa seção apresenta-se o algoritmo de Jiles. 232 Figura B.1 Algoritmo principal de obtenção dos parâmetros proposto por Peuget. Fonte: adaptado de (BATISTELA, 2001) 233 Figura B.2 Algoritmo da subrotina do método da secante para obtenção do parâmetro α. Fonte: adaptado de (BATISTELA, 2001) 234 Figura B.3 Algoritmo da subrotina do método da secante para obtenção do parâmetro a. Fonte: adaptado de (BATISTELA, 2001) ANEXO C -- METODOLOGIA DE CONSTRUÇÃO DE UM TRANSFORMADOR MONOFÁSICO Este anexo apresenta um roteiro para projeto de transformadores monofásicos baseado em (MARTIGNONI, 1969). C.1 SEÇÃO GEOMÉTRICA DO NÚCLEO (SGN ) Sgn = a · b [cm2 ] a: b: (C.1) largura da coluna central em cm; espessura do núcleo em cm. a = 2, 9 [cm] a = 2, 9 [cm] Sgn = 8, 41 [cm2 ] C.2 SEÇÃO MAGNÉTICA DO NÚCLEO (SM N ) Smn = Sgn · Fu [cm2 ] Sgn : Seção Geométrica do Núcleo; Fu : Fator de utilização. Número que varia (C.2) entre 0,8 e 0,9, dependendo do estado de conservação das chapas. Sgn = 8, 41 [cm] Fu = 0, 9 Smn = 7, 6 [cm2 ] C.3 POTÊNCIA DO NÚCLEO OU POTÊNCIA DO PRIMÁRIO (S1 ) S1 = (Smn )2 [VA] Smn : 2 Seção magnética do núcleo (cm ); Smn = 7, 6 [cm2 ] (C.3) 236 S1 = 58 VA C.4 POTÊNCIA DO SECUNDÁRIO (S2 ) A potência do secundário é inferior a potência do primário, devido às perdas internas no transformador. S2 = S1 : S1 1, 1 [VA] (C.4) Potência do Primário (VA); 1,1: constante provenientes das perdas internas no transformador. S1 = 58 [VA] S2 = 53 [VA] C.5 CORRENTE DO PRIMÁRIO (I1 ) I1 = S1 : V1 : S1 V1 [A]. (C.5) Potência do primário (VA); Tensão do primário (V). Tem-se que: I1 = S1 220 S1 = 58 [VA] V1 = 220 [V] I1 = 0, 26 [A] → I1,pk = 0, 3676 [A] C.6 CORRENTE DO SECUNDÁRIO (I2 ) I2 = S2 V2 [A]. (C.6) 237 S2 : V2 : Potência do secundário (VA); Tensão do secundário (V). I2 = S2 V2 = 2, 2 [A] → I2,pk = 3, 1112 [A] Observação: Quando o enrolamento secundário possuir mais de uma tensão, devemos calcular a corrente correspondente a cada tensão. C.7 SEÇÃO DO FIO DO ENROLAMENTO PRIMÁRIO (S1C ) S1c = I1 d [mm2 ] (C.7) I1 : Corrente do enrolamento primário (A); d: Densidade de corrente ( A/mm2 ), escolher-se-á um valor entre os 2 limites de 3 a 6 A/mm . S1c : Seção calculada do enrolamento primário ( [mm2 ]); S1r : Seção real do enrolamento primário, obtida mediante consulta a tabela de os. S1c = I1 (C.8) d I1 = 0, 26 [A] d = 5 [A/mm2 ] S1c = 0, 052 [mm2 ] S1r = 0, 081 [mm2 ] (só há um tipo de bitola para primário AWG 28 (0,081) C.8 SEÇÃO DO FIO DO ENROLAMENTO SECUNDÁRIO (S2C ) S2c = I2 d [mm2 ] I2 : Corrente do enrolamento secundário (A); d: Densidade de corrente ( A/mm2 ), escolher-se-á (C.9) um valor entre os 238 limites de 3 a 6 S2c : S2r : A/mm2 . Seção calculada do enrolamento secundário ( [mm2 ]); Seção real do enrolamento secundário, obtida mediante consulta a tabela de os. S1c = I1 (C.10) d I2 = 2, 2 [[A]] d = 5 [A/mm2 ] S2c = 0, 44 [mm2 ] S2r = 0, 33 [mm2 ] só se dispõem de o 0,33 [mm2 ]. C.9 DENSIDADE REAL DE CORRENTE DO PRIMÁRIO (DR1 ) dr1 = I1 S1r [A/mm2 ] I1 : Corrente do enrolamento primário (A); S1r : Seção real do enrolamento primário. dr1 : Densidade de corrente real ( A/mm2 ), 2 limites de 3 a 6 A/mm . (C.11) deve permanecer entre os Observação: Quando o enrolamento primário possuir mais de um valor de tensão, logo, mais de um valor de corrente devemos calcular todas as densidades correspondentes, tendo então. I1 = 0, 26 [A] S1r = 0, 081 [mm2 ] dr1 = 3, 2 [A/mm2 ] 239 C.10 DENSIDADE REAL DE CORRENTE DO SECUNDÁRIO (DR2 ) dr2 = I2 S2r [A/mm2 ] I2 : Corrente do enrolamento secundário (A); S2r : Seção real do enrolamento secundário. dr2 : Densidade de corrente real ( A/mm2 ), deve 2 limites de 6 a 9 A/mm . Observação: (C.12) permanecer entre os Quando o enrolamento secundário possuir mais de um valor de tensão, logo, mais de um valor de corrente devemos calcular todas as densidades correspondentes, tendo então. I2 = 2, 2 [A] S2r = 0, 33 [mm2 ] dr2 = 6, 7 [A/mm2 ] C.11 NÚMERO DE ESPIRAS DO ENROLAMENTO PRIMÁRIO (N1 ) N1 = V1 · 108 4, 44f BSmn [espiras] V1 : Tensão do enrolamento primário (V); f : Freqüência (60 Hz); B : Indução magnética, valor entre 10.000 (C.13) e 11.000 Gauss. Sm n = 7, 6 [cm2 ] Observação: Se as chapas do núcleo forem de boa qualidade usa-se 11.000 Gauss, caso contrário B = 10.000 B= Gauss. Se o enrolamento primário possuir outras tensões, podemos determinar o seu número de espiras aplicando a fórmula acima ou pela relação: V1 = 220 [V] f = 60 [Hz] 240 B = 10000 [Gauss] Smn = 7, 6 [cm2 ] N1 = 1087 ≈ 1100 [espiras] C.12 NÚMERO DE ESPIRAS DO ENROLAMENTO SECUNDÁRIO (N2 ) N2 = V2 · 108 4, 44f BSmn [espiras] V2 : Tensão do enrolamento secundário (V); f : Frequência (60 Hz); B : Indução magnética, valor entre 10.000 e 11.000 (C.14) Gauss. Sm n = 7, 6 [cm2 ] Observação: Se as chapas do núcleo forem de boa qualidade usa-se 11.000 Gauss, caso contrário B = 10.000 B= Gauss. Se o enrolamento primário possuir outras tensões, podemos determinar o seu número de espiras aplicando a fórmula acima ou pela relação: V1 = 24 [V] f = 60 [Hz] B = 10000 [Gauss] Smn = 7, 6 [cm2 ] N1 = 119 ≈ 120 [espiras] ANEXO D -- FORMAS DE ONDA Figura D.1 Corrente do ensaio à vazio (I1 0 [mA]) Fonte: produção do autor = 50 [mA] e I2 = 242 Figura D.2 Corrente do ensaio de curto-circuito (I1 I2 = 1936 [mA] e a = 7, 42) Fonte: produção do autor = 300 [mA], 243 Figura D.3 Corrente de Inrush Fonte: produção do autor 244 ANEXO E -- ARTIGOS DESENVOLVIDOS AO LONGO DO TRABALHO ANALYTICAL AND FINITE-ELEMENT CALCULATION OF MAGNETIC FORCES ON AC CONTACTORS [DEVICES] Antônio Flavio Licarião Nogueira and Leonardo Jose Amador Salas Maldonado and F. C. Schulz Universidade do Estado de Santa Catarina, Joinville, Santa Catarina, Brazil ABSTRACT The paper addresses the theoretical basis of the magnetic forces generated in dc and ac contactors. Keywords: contactor, contact bounce, nite element analysis, magnetic forces, shading ring. THE PRINCIPLE OF DUALITY BETWEEN ELECTRIC AND MAGNETIC CIRCUITS APPLIED TO THE ANALYSIS OF ELECTROMAGNETIC DEVICES / THE USE OF FEA TO OVERCOME THE LIMITATIONS OF THE CLASSICAL MAGNETIC CIRCUIT ANALYSIS Antônio Flavio Licarião Nogueira and Leonardo Jose Amador Salas Maldonado Universidade do Estado de Santa Catarina, Joinville, Santa Catarina, Brazil ABSTRACT The paper addresses complementary approaches to the calculation of electromagnetic parameters of an industrial alternating current (AC) contactor rated for 220 volts and 60 hertz. The methods of analysis include conventional electric circuits derived from measurements of terminal characteristics. The duality between interlinked electric and magnetic circuits is employed to calculate the contactor's magnetizing reactance during a locked closing maneuver and during the closed-core conguration. The parameters obtained from the circuit analyses are compared to the more precise estimates of nite element analyses. Special attention is given to the subtle dierences of circuit properties applied to the conductive regions containing driving currents as well as to regions where current is actually induced due to time variation of the magnetic ux. Attempt is made to facilitate the understanding of the physical phenomena related to the presence of eddy currents in the shading rings. 246 Keywords: Contactor, Duality model, Finite element analysis, Magnetic circuits, Magnetic forces. ANALYSIS OF AC CONTACTORS COMBINING ELECTRIC CIRCUITS, TIME-HARMONIC FINITE ELEMENT SIMULATIONS AND EXPERIMENTAL WORK Antônio Flavio Licarião Nogueira and Leonardo Jose Amador Salas Maldonado Universidade do Estado de Santa Catarina, Joinville, Santa Catarina, Brazil ABSTRACT The paper addresses complementary approaches to the calculation of electromagnetic parameters of an industrial alternating current (AC) contactor rated for 220 volts and 60 hertz. The methods of analysis include conventional electric circuits derived from measurements of terminal characteristics. The duality between interlinked electric and magnetic circuits is employed to calculate the contactor's magnetizing reactance during a locked closing maneuver and during the closed-core conguration. The parameters obtained from the circuit analyses are compared to the more precise estimates of nite element analyses. Special attention is given to the subtle dierences of circuit properties applied to the conductive regions containing driving currents as well as to regions where current is actually induced due to time variation of the magnetic ux. Attempt is made to facilitate the understanding of the physical phenomena related to the presence of eddy currents in the shading rings. Keywords: Contactor, Finite element analysis, Magnetic cir- cuits, Magnetic forces, Shading ring. ANEXO F -- PROGRAMAÇÃO EM LUA Neste anexo, é apresentada a programação em Lua desenvolvida para operar o FEMM. F.1 CURVA DE HISTERESE E PERDA A VAZIO NO TRANSFORMADOR print("Curva BH e perdida de ferro trafo a vazio") print ("t i1 i2 B H Wh") for t=0,100,1 do i1= t/1000+ 0.00000001A CORRENTE NÃO PODE SER ZERO i2= 9.17*0 mi_modifycircprop("primario",1,i1)entre aspas o nome do circuito mi_modifycircprop("secundario",1,i2) mi_analyze(0) iniciar os calculos mi_selectgroup(2)corresponde ao bobibado primario mi_loadsolution() Carrega Pós processador mo_addcontour(0,34.5) mo_addcontour(14.2,34.5) A= mo_lineintegral(0) B=A/0.000406 mi_analyze(0) mi_selectgroup(3)corresponde ao bobinado secundario mi_loadsolution() Carrega Pós processador mo_addcontour(7.4,7.7) mo_addcontour (35.2,7.7) mo_addcontour(35.2,7.7) mo_addcontour(35.2,64.3) mo_addcontour(35.2,64.3) mo_addcontour(7.4,64.3) mo_addcontour(7.4,64.3) mo_addcontour (7.4,7.7) C= mo_lineintegral(1) H=C/0.1688 mi_analyze(0) mi_selectgroup(1)corresponde ao nucleo mi_loadsolution() Carrega Pós processador mo_groupselectblock(1) nucleo onde sera feito o calculo wh=mo_blockintegral(3)perdidas de histerese print(format("%.2f %.4f %.4f %.8f %.8f %.8f",t,i1,i2,B,H,wh )) 248 mo_close() end F.2 INDUTÂNCIA ATRAVÉS DE VETOR DE POTENCIAL MAGNÉTICO COM SECUNDÁRIO COM CARGA print("Indutancia no tranformador com secundario com carga") print ("t i1 AJ1 I2 AJ2") for t=0.00000000001,100,1 do i1= (0.3677 + 0.052)*t/100 A CORRENTE NÃO PODE SER ZERO i2= 0.3677*9.17*t/100 mi_modifycircprop("primario",1,i1)entre aspas o nome do circuito a ser modicado mi_modifycircprop("secundario",1,i2) mi_analyze(0) inicie calculo mi_selectgroup(2)corresponde ao bobibado primario selecione a parte do circuito que sera analizada mi_loadsolution() Carrega Pós processador mo_groupselectblock(2)selecione o que va a ser operado k= mo_blockintegral(0)calcule a in tegral de potencial mag AJ bob primaria mi_analyze(0) mi_selectgroup(3)corresponde ao bobinado secundario mi_loadsolution() Carrega Pós processador mo_groupselectblock(3) M= mo_blockintegral(0)vetor potencial mag AJ bob secundaria print(format("%.3f %.4f %.8f %.4f %.8f ",t,i1, k ,i2,M )) mo_close() end F.3 CÁLCULO DE FORÇA NO CONTACTOR Rotina para trasladar objeto direção y print("Iteração Tensor de força cc Tensor fortça CA distancia") for i=1,2,1 do dy= 0.1*i mi_selectgroup(1) mi_movetranslate(0,-dy,(4)) 249 mi_analyze(0) mi_loadsolution() Carrega Pós processador mo_groupselectblock(1) print(format("%.1f %.8f %.8f %.2f", i, mo_blockintegral(19),mo_blockintegral(21),dy )) mo_close() end F.4 ROTINA PARA ROTACIONAR OBJETO print("rutina para rotar") for i=1,2,1 do alfa= 5*i mi_selectgroup(1) mi_moverotate(0,0,alfa,(4)) mi_analyze(0) mi_loadsolution() Carrega Pós processador mo_groupselectblock(1) print(format("%.1f %.8f %.8f %.8f %.8f %.1f", alfa, mo_blockintegral(18),mo_blockintegral(19),mo_blockintegral(20), mo_blockintegral(21),i )) mo_close() end 250 ANEXO G -- MODELOS DE PERDAS EXCEDENTES DE BERTOTTI E CONCEITO DE OBJETO MAGNÉTICO (OM) G. Bertotti (BERTOTTI, 1983, 1984) abordou de uma forma estatística o processo de magnetização dinâmica e as perdas por excesso. Ele deniu uma nova entidade física, o objeto magnético ou OM, pelo qual a magnetização se inverte. A noção dos OMs e a justicação se deve ao fato de que o deslocamento de uma parede, ou segmento de parede, a qual é a origem da variação da magnetização no material, não pode ser feita de forma isolada. OM (peça de domino) é o ente conceitual responsável por toda a modicação da magnetização, e por conseqüência das perdas do material causadas pelo fenômeno de magnetização. Assim, o estado magnético do material será caracterizado pelo número de OMs que participam do processo de magnetização (chamados OMs ativos, na analogia todas as peças que mudaram sua posição) Seja uma lâmina magnética de condutividade ϕ e seção magnéS , submetida a uma indução periódica alternada B(t), de freqüência f e de valor máximo Bm . A cada instante t, a variação da indução é gerada por um número nom (t) de OMs, aqueles que participam do processo de magnetização. Seja He (t), chamado de campo por excesso, tica a parte necessária do campo aplicado para contrabalançar o campo de frenagem produzido pelas correntes induzidas dos OMs em movimento( lei de Lenz). O valor médio das perdas por excesso produzidas nas lâminas pelos nom (t) OMs ativos é expresso pela equação (G.1),baseada na equação de perdas na curva BH proposta por Bertotti (BERTOTTI, 1985) e Fiorillo (FIORILLO; NOVIKOV, 1990). We = 1 T Z T He (t) 0 ∂B(t) ∂t dt [J]. (G.1) A questão é como determinar este campo de excesso He (t). De acordo com o trabalho de Williams et al (WILLIAMS; SHOCKLEY; KITTEL, 1950), o campo magnético necessário para que uma parede se desloque é proporcional a velocidade da variação do uxo induzido pelo movimento da parede. He(t) dφ/dt indu- Neste caso, o campo por excesso será proporcional a velocidade da variação do uxo local zido pelo deslocamento do OM. Esta proporcionalidade é expressa pela 252 equação (G.2), onde G representa o coeciente de atrito do OM, igual a 0,136 no caso onde o OM corresponde a uma parede (AMAR, 1994). He (t) = Gσ dφ (G.2) dt dφ/dt Quando cada OM participa com uma variação no pro- cesso global de magnetização, a velocidade da variação do uxo global S dB/dt resulta da contribuição do número nom (t) dos Oms ativos. Isto é formulado na equação S dB(t) dt = nom (t) dφ(t) (G.3) dt e, por consequência He (t) = σGS 1 dB(t) nom (t) dt . (G.4) Esta relação é traduzida pela Equação (G.5), onde o parâmetro Vo equivale a um campo coercitivo e caracteriza a oposição dos OMs a se ativar, quando inuenciados por um campo externo aplicado. Considerando nom (t) = He (t) Vo (G.5) tem-se que We = 1 p f mv σGVo S 1 T Z T 0 dB(t) 1,5 dt [J/kg] dt (G.6) Para uma indução na forma de onda senoidal, de freqüência f e valor máximo Bm , as perdaspor excesso por período são expressas pela equação (G.7) We = p 8, 76363 p 1,5 σGVo S(Bm f ). mv (G.7)