UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO MONIKE DE PAULA GOMES VIEIRA Estudo da eficácia e toxicidade do colírio de moxifloxacino 0,5% no tratamento de úlceras de córnea RIBEIRÃO PRETO 2014 MONIKE DE PAULA GOMES VIEIRA Estudo da eficácia e toxicidade do colírio de moxifloxacino 0,5% no tratamento de úlceras de córnea Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências Médicas. Área de Concentração: Mecanismos Fisiopatológicos nos Sistemas Visual e ÁudioVestibular. Orientador: Prof. Dr. Sidney Júlio de Faria e Sousa RIBEIRÃO PRETO 2014 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial desta dissertação, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. FICHA CATALOGRÁFICA Vieira, Monike de Paula Gomes Estudo da eficácia e toxicidade do colírio de moxifloxacino 0,5% no tratamento de úlceras de córnea / Monike de Paula Gomes Vieira - Ribeirão Preto, 2014. 48p.: 1il. 30 cm Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Área de Concentração: Mecanismos Fisiopatológicos nos Sistemas Visual e Áudio Vestibular. Orientador: Sousa, Sidney Júlio de Faria e 1. Úlceras de córnea; 2. Moxifloxacino 0,5% colírio; 3. Toxicidade medicamentosa; 4. Infecção bacteriana. FOLHA DE ARPOVAÇÃO Aluna: Monike de Paula Gomes Vieira Título: Estudo da eficácia e toxicidade do colírio de moxifloxacino 0,5% no tratamento de úlceras de córnea. Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências Médicas. Área de Concentração: Mecanismos Fisiopatológicos nos Sistemas Visual e ÁudioVestibular. Aprovado em: Banca Examinadora Prof. Dr. ________________________________________________________ Instituição: ______________________________________________________ Assinatura ______________________________________________________ Prof. Dr. ________________________________________________________ Instituição: ______________________________________________________ Assinatura ______________________________________________________ Prof. Dr. ________________________________________________________ Instituição: ______________________________________________________ Assinatura ______________________________________________________ Agradecimentos Agradeço a Deus e a todos que colaboraram para a realização desta pesquisa. Em especial aos meus pais, ao meu orientador Prof. Dr. Sidney Júlio de Faria e Sousa, meu marido, meu irmão, à minha amiga irmã Daniela Sampaio, Gardenia e Clarinha. Gostaria também de expressar minha gratidão a todos os médicos residentes. Sem eles minha pesquisa não teria sido realizada. Meu eterno agradecimento a todos que compõem o Serviço de Oftalmologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Auxílio Financeiro Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) Resumo Resumo Vieira, M.P.G. Estudo da eficácia e toxicidade do colírio de moxifloxacino 0,5% no tratamento de úlceras de córnea. 2014. 48f. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Medicina de Riberão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto. 2014. Objetivo: Na busca de um substituto de mais fácil acesso para os colírios fortificados, objetivou-se, neste estudo, avaliar a eficácia e toxicidade do colírio de moxifloxacino a 0,5% nas úlceras de córnea de etiologia bacteriana. Casuística e Método: Participaram do estudo 48 pacientes adultos com úlcera de córnea bacteriana, comprovada por cultura do raspado corneano. Foi instilado colírio de moxifloxacino a 0,5% (Vigamox®) de hora em hora, por dez dias, no período de vigília do paciente. Os pacientes foram examinados no primeiro, terceiro sétimo, décimo e décimo primeiro dia do tratamento à lampada de fenda. Especial atenção foi dada ao tamanho da úlcera, à presença de ceratite puntata e reação folicular, tanto antes como após o tratamento. Resultados: Dois pacientes foram excluídos do estudo no terceiro dia por não responderem ao tratamento. Um deles, infectado pela Pseudomonas aeruginosa apresentou cura com colírio fortificado de amicacina. O outro, infectado pelo Streptococus pneumoniae evoluiu para endoftalmite e enucleação. Os 46 pacientes restantes foram curados no décimo dia de tratamento. Isto significa que, para a população de onde a amostra foi obtida, a expectativa de cura ficou entre 86% e 99%, com nível de confiança de 95%. O tempo de cura foi menor para as úlceras menores que 1x1 mm. Somente dois pacientes apresentaram lesões puntiformes não coalescentes, coradas com rosa bengala, na conjuntiva nasal inferior, sugestivas de leve toxidade medicamentosa. Nenhum caso apresentou reação tóxica folicular. Conclusões: O colírio da moxifloxacino a 0.5 % (Vigamox®), quando instilado de hora em hora, no período de vigília, por dez dias, demonstrou expectativa de cura entre 86% e 99%, com nível de confiança de 95%. O tempo mínimo da cura parece depender do tamanho da lesão e da forma com foi usado, não provocou reações tóxicas clinicamente importantes. Palavras-chave: Úlceras de córnea; Ceratite bacteriana; Moxifloxacino 0,5% colírio; Toxicidade medicamentosa. Abstract Abstract Vieira, M.P.G. Study of the efficacy and toxicity of moxifloxacin eye drops in the treatment of corneal ulcers. 2014. 48f. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Medicina de Riberão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto. 2014. Objective: in the pursuing an easier access replacement for the fortified eye drops, the goal of this research is to study the efficacy and toxicity of moxifloxacin 0,5% eye drops in the treatment of bacterial corneal ulcers. Material and Methods: the study involved 48 adult patients with bacterial corneal ulcer, confirmed by corneal scrapes cultures. In these patients, moxifloxacin 0,5% eye drops (Vigamox®) were instilled hourly, during the patient's waking time, for ten days. Patients were examined in the first, third, seventh, tenth and eleventh day of treatment, on the slit lamp. Special attention was observed to the size of the ulcer, the presence of punctate keratitis and follicular response, both before and after treatment. Results: two patients were withdrawn from the study on the third day due to lack of response to the treatment. One of them, infected by Pseudomonas aeruginosa healed after using amikacin fortified eye drops. The other, infected by Streptococcus pneumoniae, progressed to endophthalmitis and enucleation. The remaining 46 patients were all healed at the tenth day of treatment. This means that, for the population from which the sample was taken, the cure expected will be something between 86% to 99%, with a confidence level of 95%. The healing time was shorter for ulcers smaller than 1x1 mm in size. Only two patients showed non coalescent punctate lesions, stained with Bengal Rose, in the inferior nasal conjunctiva suggestive of a mild toxic reaction. No case presented toxic follicular reaction. Conclusion: The drops of moxifloxacin 0.5% eye drops (Vigamox) when instilled hourly, on waking time, for ten days has a healing expectation, for the population from which the sample was taken, between 86% to 99%, with a confidence level of 95%. The minimum healing time seems to depend on the size of the lesion. The way it was used, it does not seem to cause clinically important toxic reactions. Keywords: Corneal ulcer; Infectious keratitis; Moxifloxacin 0,5% eyedrop; Drug toxicity. Lista de Figuras Lista de Figuras Figura 1- Curva de sobrevivência, com intervalo de confiança de 95%, de 46 úlceras de córnea tratadas com colírio de moxifloxacino a 0,5% ......... 32 Lista de Tabelas Lista de Tabelas Tabela 1- Perfil bacteriológico das úlceras de córnea ......................................... 29 Tabela 2- Área e dimensões das úlceras ............................................................. 30 Tabela 3- Tempo de cura em função do tamanho da área da úlcera .................. 31 Tabela 4- Exame da superfície ocular com rosa bengala 1% imediatamente antes e após o tratamento ................................................................... 33 Lista de Abreviaturas Lista de Abreviaturas ANVISA- Agência Nacional de Vigilância Sanitária DOE- Doenças Oculares Externas HCFMRP-USP- Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo IC- Intervalo de confiança SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 17 2. OBJETIVO .................................................................................................... 22 3. CASUÍSTICA E MÉTODOS .......................................................................... 24 3.1. Aspectos éticos................................................................................................ 25 3.2. Grupo de estudo .............................................................................................. 25 3.3. Critério de exclusão ......................................................................................... 25 3.4. Procedimento................................................................................................... 25 3.5. Critério diagnóstico .......................................................................................... 26 3.6. Protocolo de tratamento ................................................................................... 26 3.7. Monitoramento da evolução ............................................................................. 26 3.8. Avaliação da reação medicamentosa .............................................................. 27 4. RESULTADOS ............................................................................................. 28 5. DISCUSSÃO ................................................................................................. 34 6. CONCLUSÕES ............................................................................................. 38 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 40 8. ANEXOS ....................................................................................................... 44 1- Introdução Introdução 18 A úlcera de córnea bacteriana é uma doença de alta morbidade, principalmente nos países em desenvolvimento que, sem tratamento adequado, pode levar à perda variável da visão, que ocorre em 54% a 94% dos casos (Duke-Elder; Leigh, 1965; Lichtinger et al., 2012). As bactérias infectantes variam com a região onde o paciente vive. Por isso, é importante que médico conheça a epidemiologia local, para prover um tratamento inicial mais direcionado (Linchtenstein et al., 2006). A maior parte das úlceras de córnea ocorre quando fatores locais ou sistêmicos como trauma, cirurgia intraocular, doenças da superfície ocular, uso de lentes de contato, alterações palpebrais, uso indiscriminado de medicação tópica e doenças consumptivas sistêmicas vencem os mecanismos de defesa do organismo. Embora algumas poucas bactérias como o Corynebacterium sp, o Haemophilus sp e a Listeria sp possam invadir o epitélio intacto, usualmente é necessária solução de continuidade do mesmo para que os agentes infecciosos ganhem acesso ao estroma corneano e nele se multipliquem. Como consequência, instala-se um processo inflamatório agudo (Duke-Elder; Leigh, 1965). A história natural da úlcera de córnea e sua evolução clínica foram divididas em três estágios (Duke-Elder; Leigh, 1965). O primeiro caracteriza-se pela adesão da bactéria à superfície ocular, seguida por entrada no estroma, onde suas toxinas e enzimas passam a destruir o tecido afetado. A aderência é facilitada para as bactérias produtoras de glicocálice e portadoras de cílios (Hindiuk, 1881; Hindiuk et al., 1983). O segundo estágio corresponde à resposta inflamatória inespecífica do hospedeiro à invasão bacteriana. É representada por um infiltrado de leucócitos polimorfonucleares, atraídos para a área de infecção. As enzimas liberadas por esses leucócitos, para destruir o invasor, acabam contribuindo ainda mais para a necrose do estroma (Hindiuk, 1981). A úlcera nada mais é do que a perda do tecido corneano por lise enzimática e tóxica. Nesse estágio, as bordas e a base da lesão apresentamse acinzentadas e a córnea totalmente edemaciada. O quadro clínico é caracterizado por dor, fotofobia, lacrimejamento, blefaroespasmo, hiperemia e Introdução 19 baixa visão. A piora do mesmo caracteriza-se pelo progresso do infiltrado e pelo aprofundamento da úlcera. Nos casos não controlados, pode haver perfuração da córnea e progresso da infecção para o interior do olho. O terceiro estágio, ou estágio de regressão ocorre quando a infecção é debelada. É marcado pela melhora dos sinais e sintomas. O infiltrado diminui de tamanho, a úlcera torna-se mais demarcada, a reação da câmara anterior desaparece, a destruição do colágeno é suspensa, o epitélio começa a recobrir a base da úlcera e a dor diminui de intensidade. O tecido necrótico é substituído por tecido cicatricial, constituído por fibroblastos que se transformam em histiócitos e ceratócitos. O novo tecido, eventualmente, empurra o estroma para o seu nível normal ou quase normal, restando, por vezes, uma depressão irregular. As novas fibras colágenas, resultantes da reparação tecidual, não são tão regulares quanto as originais. Como consequência, forma-se uma cicatriz que tende a diminuir permanentemente a visão, particularmente quando localizada no centro da córnea. A cura da úlcera bacteriana manifesta-se pela completa epitelização da ferida. A forma mais comum de tratamento das úlceras de córnea, particularmente as que afetam o centro, é a associação de dois colírios de antibióticos fortificados. A escolha inicial dos mesmos varia de acordo com o tipo de bactéria esperada para a região onde o paciente habita. Por volta do terceiro dia, a terapêutica pode ser reavaliada com os resultados do exame de cultura e antibiograma do raspado corneano, colhido previamente. Se a bactéria for sensível a ambas as medicações, escolhe-se apenas uma delas para continuar o tratamento que, em geral, é de dez dias. Se for resistente às duas, troca-se o tratamento, guiado pelas novas informações. Classicamente, os colírios fortificados são preparados pelo próprio oftalmologista, por meio de diluições das apresentações comerciais de antibióticos de uso endovenoso. É denominado fortificado por conter concentrações cerca de dez vezes maiores que as dos colírios industrializados. As altas concentrações se justificam pela gravidade da enfermidade (Gangopadhyay et al., 2000) e pela sua resistência aos colírios convencionais. 20 Introdução O preparo pelo oftalmologista, embora não seja ideal, se justifica pela urgência de acesso à medicação. O atraso no uso do colírio é crítico no prognóstico visual. Nos países desenvolvidos, o acesso aos colírios fortificados é rápido, em função da abundância de farmácias que os disponibilizam. Como essa não é a realidade dos países em desenvolvimento, os oftalmologistas são encorajados a manipulá-los, em ambiente limpo, sob condições estéreis. Entretanto, fica implícito que, se o paciente tiver acesso à farmácia de um hospital ou de manipulação, que esses locais tenham a prioridade de aviamento. Independentemente das violações técnicas que essa opção "pelo mal menor" possa gerar, o fato é que ela sempre funcionou satisfatoriamente. O que veio modificar essa situação no Brasil foi a aprovação da Resolução 67 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), de 8 de outubro de 2007, proibindo a manipulação de preparações magistrais e oficinas de uso humano por profissionais e serviços sem autorização. Isto retirou do médico e da maioria dos hospitais brasileiros a possibilidade do preparo de colírios oftálmicos fortificados. Como consequência, todo o país passou a depender de farmácias de manipulação, especialmente autorizadas, que por sua sofisticação só se encontram nos grandes centros. No caso particular dos colírios oftalmológicos, passou-se a depender de uma única firma sediada na cidade de São Paulo-SP. Como pela mesma resolução, também não se pode estocar medicações manipuladas, os tratamentos das úlceras com antibióticos fortificados ficam, em regra, retardados em dois a três dias, período de espera da chegada da medicação pelos correios. Nesse tempo de espera, uma úlcera de córnea pode perfurar. Este fato incentivou os autores desta pesquisa a buscarem uma alternativa para os colírios fortificados, que fosse eficiente e ao mesmo tempo de fácil acesso. Em 1996, foi lançado no mercado o colírio de moxifloxacino a 0,5%, para o tratamento de conjuntivites, que progressivamente, passou a ser empregado no tratamento de úlceras de córnea de maneira empírica. 21 Introdução O moxifloxacino, 8-metoxi-fluoroquinolona, é uma fluoroquinolona de terceira geração, muito eficiente e de largo espectro de atividade (Wong et al., 2012). Atua inibindo duas enzimas, a topoisomerase II e a topoisomerase IV (Scheld, 2003), presentes em microorganismos gram-positivos, gram- negativos, anaeróbios e germes atípicos (Alfonso;Crider, 2005; Schlech; Alfonso, 2005). É trezentas vezes mais solúvel do que o ciprofloxacino em pH 7,0, não formando precipitados (Alfonso;Crider, 2005). Aparentemente, sua única desvantagem, se comparado às fluoroquinolonas de segunda geração, é a de ter uma concentração inibitória mínima mais alta para certas cepas de Pseudomonas sp (Alfonso et al., 2003; Kowalski et al., 2005; Oldenburg et al., 2013b). O colírio de moxifloxacino a 0,5% é comercializado com o nome de Vigamox® (Alcon, São Paulo, Brasil). Por ser livre de conservante, é considerado de baixa toxicidade epitelial (Kowalski et al., 2005). Em função dessa peculiaridade e de sua efetividade é largamente empregado no tratamento de conjuntivites e na profilaxia de enfermidades bacterianas do olho (Abshire et al., 2004; Durrie; Trattler, 2005; Lichtenstein et al., 2006; Miller et al., 2006; Bispo et al., 2008; Tsai et al., 2010). Embora já existam na literatura alguns estudos sobre a sua eficácia no tratamento das úlceras de córnea (Moshirfar et al., 2006; Constantinou et al., 2007; Oldenburg et al., 2013a,b; Sharma et al., 2013), até onde se sabe não há nenhum estudo avaliando conjuntamente a sua eficácia e tolerabilidade. 2- Objetivos Objetivo 23 O objetivo deste estudo é avaliar a eficácia e toxicidade do colírio de moxifloxacino a 0,5% (Vigamox®) na superfície ocular, no tratamento de úlceras de córnea de etiologia bacteriana. 3. Casuística e Métodos Casuística e Métodos 25 3.1. Aspectos éticos O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP) (Anexo A) e foi registrado no Clinical trials.gov. Os participantes foram devidamente esclarecidos sobre os objetivos da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo B). 3.2. Grupo de estudo Foram avaliados 48 pacientes com úlceras de córnea bacteriana, no período de fevereiro de 2011 a janeiro de 2013, atendidos no Ambulatório de Doenças Oculares Externas (DOE) do HCFMRP-USP. O critério de participação foi o de entrada no período do estudo. 3.3. Critério de exclusão Foram excluídos do estudo os casos de olho único, menores de 18 anos, mulheres grávidas, a não aderência ao protocolo de tratamento e aqueles que até o terceiro dia não haviam respondido minimamente à terapêutica instituída. 3.4. Procedimento Todos os casos foram submetidos ao protocolo clássico de diagnóstico clínico e laboratorial de úlceras microbianas do Ambulatório de DOE do HCFMRPUSP que inclui: a) exame à lâmpada de fenda; b) raspagem da lesão, sob anestesia tópica, em lâmpada de fenda para cultura e antibiograma; Casuística e Métodos 26 c) semeadura do raspado em agar sangue, agar chocolate, agar Sabouraud e em meio líquido de tioglicolato. 3.5. Critério diagnóstico Foram consideradas como úlceras bacterianas as lesões da córnea com solução de continuidade do epitélio, acompanhadas de infiltrado estromal, em que os raspados da lesão forneceram culturas positivas para bactérias, em pelo menos dois meios de cultura. Nesse critério não foi considerado o tamanho da lesão. 3.6. Protocolo de tratamento Todos os participantes foram tratados com colírio de Vigamox®, (moxifloxacino a 0,5%) uma gota no saco conjuntival, de hora em hora, cerca de 17 vezes por dia, por dez dias. 3.7. Monitoramento da evolução Todos os casos foram avaliados biomicroscopicamente no primeiro, terceiro, sétimo, décimo e décimo primeiro dia de tratamento. No primeiro dia, foram medidas as dimensões vertical e horizontal da úlcera pelo seu ponto central, com o auxílio da fenda luminosa graduada da lâmpada de fenda. Essas medidas foram transformadas em área multiplicando o seu produto por ( ). Foram considerados curados os casos com regressão total do infiltrado estromal e epitelização completa da ferida. A não melhora da condição clínica, em três dias, avaliada pela diminuição do infiltrado estromal à lâmpada de fenda ou à presença de um microorganismo na cultura resistente ao moxifloxacino, implicou na substituição do tratamento. Casuística e Métodos 27 3.8. Avaliação da reação medicamentosa As possíveis reações tóxicas ou alérgicas do colírio de moxifloxacino foram avaliadas à lâmpada de fenda, comparando-se o quadro ocular no início do tratamento e um dia depois do seu término. O exame concentrou-se em três sinais objetivos: microdesepitelização puntata difusa na córnea, na conjuntiva nasal e fornical inferior e reação folicular. A microdesepitelização foi avaliada com colírio de rosa bengala a 1%, instilado no saco conjuntival, após a anestesia, com uma gota de colírio anestésico de proparacaína a 0,5%, sendo classificada em quatro graus: 0= ausência de coloração; 1= poucos pontos separados; 2= muitos pontos separados; 3= muitos pontos confluentes. Foi considerada como reação folicular a presença de mais de cinco folículos na conjuntiva fornical ou tarsal inferior. A reação foi classificada simplesmente como presente ou ausente. Ficou-se ainda atento a sinais mais exuberantes como atraso na reepitelização da córnea, quemose conjuntival, eczema da borda palpebral ou secreção mucosa abundante. 4. Resultados 29 Resultados A idade dos participantes variou de 18 a 88 anos com média de 44 anos e desvio padrão de 20 anos, sendo 16 do sexo feminino e 32 do masculino. Dois dos 48 casos foram excluídos durante o estudo, por motivos éticos: a úlcera não estava respondendo ao tratamento. Em um deles, o agente etiológico foi a Pseudomonas aeruginosa e no outro, o Streptococcus pneumoniae. Ambos receberam tratamento com colírio fortificado. O primeiro sarou e o segundo evoluiu para endoftalmite e enucleação. A Tabela 1 mostra o perfil bacteriológico das úlceras de córnea e a Tabela 2 mostra o perfil das áreas e as dimensões das úlceras. Tabela 1: Perfil bacteriológico das úlceras de córnea. Bactéria Frequência Aeromonas hydrophilia 1 Bacillus sp 1 Enterobacter aerogenes 2 Haemophilus influenzae 1 Morganella morganii 1 Moraxella catarrhalis 1 Pseudomonas aeruginosa 6 Staphylococcus aureus 7 Staphylococcus epidermidis 16 Staphylococcus haemolyticus 1 Staphylococcus hominis 2 Staphylococcus lugdunensis 2 Staphylococcus warneri 2 Streptococcus mitis 1 Streptococcus pneumoniae 4 Total 48 30 Resultados Tabela 2: Áreas e dimensões das úlceras. 2 Áreas (mm ) Dimensões (mm) Frequência 0,2 0,5x0,5 11 0,4 0,5x1,0 2 0,8 1,0x1,0 11 1,0 1,0x1,3 1 1,6 1,0x2,0 4 1,8 1,5x1,5 1 2,0 1,0x2,5 2 2,4 1,0x3,0 1 3,1 2,0x2,0 2 4,9 2,5x2,5 2 6,3 2,0x4,0 1 7,1 3,0x3,0 2 9,2 3,0x3,9 1 9,4 3,0x40 1 9,9 3,3x3,8 1 15,9 4,5x4,5 1 17,0 4,5x4,8 1 28,8 4,7x7,8 1 31,4 5,0x8,0 1 61,5 8,7x9,0 1 As úlceras foram divididas em dois grupos: grupo 1 com áreas menores e grupo 2 com áreas maiores que a mediana, e os tempos de cura foram distribuidos segundo esses grupos (Tabela 3). Aplicando-se o teste do Chiquadrado, observou-se diferença estatisticamente significativa entre os grupos, em relação ao tempo de cura. A Tabela 3 mostra o tempo de cura da úlcera de córnea em função do tamanho da lesão. 31 Resultados Tabela 3. Tempo de cura em função do tamanho da área da úlcera. 2 Área (mm ) Dias Total 3 7 10 ≤ 0,9 3 14 6 23 >0,9 0 9 14 23 3 23 20 46 Total 2 Pearson Chi (2)= 7,2870; Pr= 0,026. A Figura 1 apresenta a curva de sobrevivência e o intervalo de confiança (IC) das 46 úlceras tratadas. Resultados 32 Figura 1: Curva de sobrevivência, com intervalos de confiança de 95%, de 46 úlceras de córneas tratadas, por dez dias, com colírio de moxifloxacino 0,5%. No terceiro dia de tratamento, cerca de 94% das úlceras encontravam-se ativas, com IC de 95%, de 86% a 100%; no sétimo dia, cerca 44% se apresentavam ativas, com IC de 29 a 58% e no décimo dia, todas as úlceras estavam curadas. 33 Resultados No terceiro dia, foram excluídos dois casos, em virtude de não responderem ao tratamento. Tabela 4: Exame da superfície ocular, com rosa bengala 1%, imediatamente antes e depois do tratamento. Lesões puntatas na superfície ocular Grau Frequência Antes Após 0 46 44 1 0 0 2 0 2 3 0 0 Fisher´s exact = 0,242 O exame biomicroscópico revelou pequena quantidade de folículos (menos que cinco folículos em fórnice inferior conjuntival) em quatro pacientes, sem queixas, logo após o tratamento. 5. Discussão Discussão 35 A Tabela 1 mostrou o perfil bacteriológico das úlceras estudadas. Mesmo sendo uma amostra pequena, ela seguiu o perfil de bactérias correntemente encontrado no Serviço de DOE do HCFMRP-USP, onde 52% correspondem à família dos Staphylococcaceae, 13% dos Streptococcaceae e 10% dos Pseudomonadaceae. Apenas a família dos Enterobacteriaceae aparece subrepresentada, sendo de apenas 9% do total. A Tabela 2 apresentou o perfil de área e tamanho das úlceras estudadas na sua forma original. A mediana das áreas (0,9 mm 2) correspondeu à de uma úlcera de pequena dimensão. Na verdade, cerca da metade delas apresentou tamanho máximo de 1x1 mm e cerca de 2/3, ≤ 2,0x2,0 mm. Este é um dado importante, uma vez que a análise estatística da Tabela 3 demonstrou que o tempo de cura da úlcera parece aumentar de acordo com a área da lesão. De qualquer forma, 25% delas eram de tamanho médio ou grande e, nem por isso, deixaram de responder ao tratamento. A Figura 1 demonstrou a curva de sobrevivência e o IC de 95% das 46 úlceras de córneas que participaram de todo o experimento. Ela é instrutiva, pois mostra que, até o terceiro dia, cerca de 94% das úlceras ainda estavam ativas. As três que apresentaram cura nesse período tinham dimensões de 1x1 mm, sugerindo que, na repetição do experimento, a porcentagem de úlceras ativas, no terceiro dia de tratamento, ficou entre 87% e 100%, com IC de 95%. No sétimo dia, a porcentagem de úlceras ativas foi de 43%. Este dado revela que, na repetição do experimento, a porcentagem de úlceras ativas, no sétimo dia de tratamento, ficou entre 28% e 56%, com IC de 95%. No décimo dia, todos os pacientes estavam curados. Como já citado anteriormente, por motivo ético dois pacientes foram excluídos do estudo, uma vez que, no terceiro dia de tratamento, a úlcera não estava evoluindo bem. Em um dos pacientes, de 55 anos e do sexo feminino, o agente etiológico era a Pseudomonas aeruginosa, parcialmente sensível ao moxifloxacino. A medicação foi substituída por colírio de amicacina fortificado a 3,3%, e a úlcera sarou em 10 dias. Casos como este não são exceção na literatura (Gilbert et al.,1987; Gangopadhyat et al., 2000). A menor resposta de certas cepas de Pseudomonas aeruginosa parece decorrer da modificação na Discussão 36 molécula das floroquinolonas de quarta geração que, se por um lado amplia seu espectro de ação, por outro, deprime sua eficiência sobre essas cepas (Oldenburg et al., 2013b). No segundo paciente, de 29 anos, do sexo masculino, o agente etiológico era o Streptococcus pneumoniae. O mesmo havia sido submetido a um transplante de córnea, há um ano, no olho afetado. O tamanho inicial da úlcera era de 3x4 mm. Trocou-se o tratamento por colírio fortificado de cefalotina a 3,3%, de hora em hora. O quadro continuou a piorar, terminando em endoftalmite e enucleação. Embora esses dois pacientes não tenham completado o tratamento, é muito provável que eles representem dois insucessos de tratamento (Tankovic et al., 1999; Mather et al., 2002). Assumindo, então, que neste estudo a proporção de cura foi de 96% (46/48), a expectativa de melhora da população de onde a amostra foi obtida, com este esquema terapêutico, ficou algo entre 86% e 95%, com IC de 95%. Pela experiência dos autores desta pesquisa, o terceiro dia é crítico porque, nesse dia, a úlcera já deve expressar alguma evidência de melhora, nem que seja subjetiva, como a diminuição da dor. Além disso, esse é o dia em que chega o resultado da cultura do raspado corneano. Com ambas as informações, tanto a conduta como o próprio diagnóstico ficam mais fáceis de serem reavaliados. As reações às medicações oftalmológicas tópicas podem ser tóxicas ou alérgicas. As primeiras respondem por 90% dos casos (Wilson 2nd, 1983b). A coloração puntiforme com o colírio de rosa bengala é o sinal mais objetivo e proeminente dessas reações (Wilson; Roncada, 1985; Laroche; Cambell, 1988). Elas tendem a ser mais prevalentes no terço inferior da córnea e na conjuntiva bulbar e tarsal, que forra o canto nasal inferior do olho, onde o colírio se acumula, antes de ser drenado pelo ponto lacrimal (Wilson 2nd, 1983a). Algumas medicações, como a brimonidina e atropina, causam reação folicular, que é mais proeminente no fórnice e na conjuntiva tarsal inferior. Como no paciente adulto não se espera a hipertrofia espontânea dos nódulos linfáticos da conjuntiva, a simples presença do fenômeno pode ser tomada como indício de algum evento atípico. Assim, o surgimento de uma reação folicular, após o uso da medicação, é um forte indício de toxicidade. Não é necessária, portanto, a Discussão 37 quantificação dessa reação. O tratamento clássico das úlceras de córnea bacterianas é realizado com antibióticos fortificados. O principal problema com essa terapêutica é a toxicidade que, com frequência, impede a reepitelização, mesmo após a esterilização da lesão. A úlcera passa insidiosamente de etiologia bacteriana para tóxica. Quando infecciosa, cora bem com fluoresceina, porque o estroma está descoberto. Uma vez livre da infecção, o epitélio passa a proliferar e recobrir o leito da lesão. Com isso, dificulta o acesso da fluoresceína ao estroma, daí a menor coloração com ela. Entretanto, por estar intoxicado, é incapaz de recompor plenamente a cobertura epitelial da córnea. Em apenas dois dos 46 olhos tratados (4%) foi possível se detectarem lesões puntiformes na conjuntiva do canto nasal inferior. Elas eram de intensidade 2, ou seja, vários pontos não confluentes. Como não foram observados antes, atribuiu-se o seu aparecimento à leve toxicidade. Os pacientes portadores desse fenômeno não apresentavam queixas associadas ao colírio. Entretanto, os dados da Tabela 4 mostram que, o fenômeno não foi estatisticamente significativo. Quanto à reação folicular, nenhum paciente apresentou uma quantidade de folículos, no fórnice ou conjuntiva tarsal inferior, que pudesse caracterizar uma reação folicular. Na verdade, quatro pacientes apresentaram menos que cinco folículos nessa região, que não haviam sido detectados antes. Entretanto, nenhum deles coincidiu com a presença das lesões puntiformes conjuntivais. É possível que eles não tenham sido notados previamente, devido ao edema conjuntival associado à inflamação da úlcera ativa. Finalmente, as instilações foram feitas no período de vígilia do paciente, com tempo não inferior a 17 horas. A lógica dessa medida é que o sono é importante para a recuperação física e mental das pessoas. Não se desejou que a falta do mesmo pudesse influenciar negativamente a imunidade. Concluindo, no present estudo, o colírio de moxifloxaciono a 0,5%, disponível no mercado com o nome de Vigamox®, se mostrou altamente eficiente no tratamento das úlceras bacterianas e com muito baixo potencial tóxico. Vale ressaltar que, a despeito do seu bom desempenho, espera-se que algumas bactérias não respondam bem a ele. Particular atenção deve ser dada às Pseudomonas aeruginosas (Oldenburg et al., 2013b). Mais um motivo para se colher o exame de cultura e antibiograma em todas as úlceras de córnea tratadas com este antibiótico. 6. Conclusões Conclusões 39 Após a análise dos resultados concluiu-se que: 1) O colírio de moxifloxacino a 0.5% (Vigamox®), quando instilado de hora em hora, no período de vigília, por dez dias seguidos, apresentou expectativa de cura, para a população de onde a amostra foi obtida, entre 86% e 99%, com IC de 95%. 2) O tempo mínimo da cura parece depender do tamanho da lesão. 3) O colírio não causou reações clinicamente importantes de microdesepitelização ou folicular, sugerindo que possui baixa toxicidade para a superfície ocular. 7. Referências Bibliográficas Referências Bibliográficas 41 Abshire R, Cockrum P, Crider J, Schlech B. Topical antibacterial therapy for mycobacterial keratitis: potential for surgical prophylaxis and treatment. ClinTher. 2004; 26(2):191-6. Alfonso E, Crider J. Ophthalmic infections and their anti-infective challenges. Surv Ophthalmol. 2005;50(Suppl 1):S1-6. Constantinou M, Daniell M, Snibson GR, Vu HT, Taylor HR. 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Anexos 45 Anexos ANEXO A APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA 46 Anexos ANEXO B TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO GRUPO DE ESTUDO: TRATAMENTO DE ÚLCERA DE CÓRNEA COM COLÍRIO DE MOXIFLOXACINO 0,5% Projeto de pesquisa: Estudo da eficácia e toxicidade do colírio de moxifloxacino 0,5% (Vigamox©, Alcon, Fort Worsth, Tx) no tratamento de úlceras de córnea. Para qualquer esclarecimento: Banco de Olhos, 12º Andar do HC da FMRP-USP (Av. Bandeirantes, 3900, Campus Universitário USP) - (16) 3633-1322. Responsável pela pesquisa: Prof Dr Sidney Júlio de Faria e Sousa Monike de Paula Gomes Vieira - Médica Adida HC-FMRP I- Identificação do Participante Nome:_________________________________Idade:_________sexo_____ Endereço:_____________________________________RG:_____________ Telefone:_______________________E-mail:_________________________ II- Testemunha imparcial Nome:_________________________________Idade:_________sexo_____ Endereço:_____________________________________RG:_____________ Telefone:_______________________E-mail:_________________________ O senhor(a) está convidado a participar de uma pesquisa que visa: Evidenciar se o antibiótico moxifloxacino 0,5% colírio, já comercializado no mercado e utilizado amplamente por oftalmologistas, pode substituir adequadamente o tratamento da úlcera de córnea com colírio antibiótico fortificado, já que este foi proibido pela Anvisa de ser manipulado manualmente em hospitais. Use o tempo que for preciso para ler e entender este termo de consentimento informado. Tendo qualquer dúvida, por favor, sinta-se à vontade para nos perguntar. III- Esclarecimentos sobre a úlcera de córnea A- O senhor é portador de uma úlcera de córnea, isto é uma ferida na parte transparente da frente do olho chamada córnea. B- A úlcera pode ser causada por bactérias, fungos e vírus. C- Se não for tratada ela rapidamente perfura o olho, levando a cegueira. D- Quando a úlcera é causada por bactérias o tratamento é feito com colírios de antibióticos. Quando não, usam-se outras medicações. Anexos 47 E- Em todos os casos de úlcera é feito uma raspagem da córnea para o estudo da sua causa e melhor tratamento. A raspagem é realizada colocando o senhor num aparelho que tem lentes de grande aumento para o médico visualizar melhor seus olhos, onde o senhor encosta o queixo e a testa. O médico pinga um colírio anestésico no seu olho, depois com uma pinça em formato de “culher” raspa um pouco da ferida e coloca em frascos para serem analisados em laboratório, para ver se cresce alguma bactéria. Essa raspagem não dói, não coça e não arde. F- Com o resultado do exame o tratamento é revisto. Se for o que o exame indica, ele continua; se não, ele é trocado. G- Quando o tratamento funciona a úlcera cicatriza, mas pode diminuir muito a visão. H- Apesar de todos os tratamentos, algumas úlceras não saram. Nesses casos, ocorre perfuração do olho o que diminui muito a visão, fazendo com que o paciente necessite de transplante de córnea. III- Esclarecimentos sobre esta pesquisa I- O problema que o senhor (a) está tendo no olho é uma úlcera de córnea. J- O colírio que vai ser usado no seu tratamento, chamado Vigamox, contém o antibiótico moxifloxacino 0.5%. K- Ele já é usado amplamente no tratamento de conjuntivites(inflamação do olho) e de úlceras de córnea.Sabe-se que este é um antibiótico muito usado na pratica clínica oftalmológica, porém não há um estudo em que comprove a eficácia deste antibiótico para o tratamento de úlcera de córnea. Uma única gota desse colírio é pingada sobre a úlcera, de hora em hora, por 10 dias, da hora em que se acorda até a hora em que se vai dormir. L- Estamos pedindo que nos autorize usar as informações escritas em sua pasta para sabermos qual o tempo mínimo necessário para que a úlcera sare a partir do uso deste colírio. M- Queremos também saber se sua úlcera curou só com esse colírio ou se foi preciso trocá-lo por outro colírio. N- Antes do tratamento, será feito uma raspagem da úlcera do seu olho para determinar o germe que a está causando e o melhor medicamento contra ele. O- Se esse exame indicar que o melhor medicamento para você não é o Vigamox© ele será imediatamente trocado e você será avisado disso. P- Seu olho será examinado no primeiro, terceiro, sétimo e décimo dia de tratamento. No décimo primeiro dia será avaliado se há alguma reação tóxica medicamentosa do colírio IV- Riscos A- Até hoje o único risco do Vigamox© (moxifloxacino 0,5%) para o olho é a alergia, mas esse risco é o mesmo para qualquer colírio existente. 48 Anexos B- Como o Vigamox© deverá ser pingado com grande número de repetições ele certamente provocará irritação ocular intensa. Entretanto isso é o esperado para qualquer colírio usado no tratamento das úlceras de córnea. C- No caso da irritação ser maior do que a esperada e havendo outra forma de tratamento mais apropriado o Vigamox© será imediatamente substituído. V- Informações adicionais Aceitando participar desse estudo, o senhor(a) endende que: A- Está dando permissão para que sejam realizados os procedimentos normais de tratamento da sua doença, descritos no Item III. B- Está dando autorização para que os seus dados médicos da pasta hospitalar sejam publicados, contanto que dados pessoais sejam garantidos que não irão aparecer. C- Caso o senhor(a) concorde, deve voltar ao Hospital das Clínicas para o acompanhamento da sua doença: no 1º, 3º, 7º, 10°e 11° dia de tratamento. D- Se o senhor(a) não participar deste estudo o seu tratamento não será prejudicado. Também pode sair do estudo, a hora que você quiser, sem prejuízo. F- Será garantido o tratamento de qualquer problema do olho decorrente da sua participação neste estudo. H- Nosso serviço não possui condições de pagar o tratamento nem o transporte para os retornos. I- Mesmo fazendo o tratamento correto da doença não há garantia de cura. Caso a ferida não sare com nenhum tratamento existe a chance do senhor(a) perder a visão ou até mesmo o olho. J- Para qualquer informação: 12º Andar do HC da FMRP-USP – (16) 3633-1322 Após ter lido e entendido tudo o que está escrito neste documento, eu ______________________________________________, aceito participar deste estudo. ______________________________________ Participante do estudo Data: / / -------------------------------------------------Testemunha Data: / / ______________________________________________ Pesquisadores responsáveis: Prof Dr Sidney Júlio de Faria e Sousa Monike de Paula G. Vieira- Médica Adida HC-FMRP Ribeirão Preto,_______de _______________________de_____________.