04 gosto muito, pouco ou nada... gosto muito, pouco ou nada... As actividades desta secção podem ajudar os alunos a... Descobrir o papel dos cinco sentidos na degustação dos alimentos. Identificar os alimentos preferidos e aqueles de que não gostam. Despertar para novos sabores e texturas. Aperceberem-se da componente emocional, social e cultural da alimentação. quando abordar este tema? No Dia Mundial da Alimentação (16 de Outubro). Por ocasião do Dia de Portugal (10 de Junho), explorando as tradições gastronómicas do nosso país. Na semana do Dia da Europa (9 de Maio), explorando as tradições gastronómicas europeias. Próximo de uma festa familiar (Páscoa ou Natal), abordando as tradições familiares e as preferências alimentares de cada aluno. Próximo de festividades locais (S. João, St.º António...), abordando tradições regionais. Sempre que oportuno. apetece-me... saber mais! os cinco sentidos abrem várias portas... (42) Apetece-me... estar bem! A natureza concebeu a alimentação de forma a dar-nos prazer (e, por vezes, mesmo muito prazer!). E esta característica não é por acaso: somos capazes de apreciar os alimentos para não esquecermos que precisamos deles; deste modo a natureza tem a garantia de que nos mantemos vivos (e bem-dispostos)! Sorte a nossa... Praticar uma alimentação variada passa, em grande parte, pela capacidade de apreciar os diferentes cheiros, sabores, cores e texturas dos alimentos. Se as crianças desenvolverem, desde cedo, as suas capacidades de degustação, se estiverem despertas para a alegria que representa a riqueza alimentar, mais facilmente aceitarão alimentos novos, sabores mais peculiares, texturas a que não estão habituadas... e também, naturalmente, os sabores de outras regiões e países, abrindo, assim, as suas portas para o surpreendente mundo da cultura gastronómica. Saber apreciar os alimentos é também isto mesmo: estar aberto a novos povos e culturas... E o mesmo é válido para nós adultos, por vezes tão avessos a inovações alimentares! Por tudo isto é tão importante a sensibilização para o papel desempenhado por cada um dos cinco sentidos, na apreciação das características dos alimentos. Para sensibilizar os alunos para o papel de cada um dos sentidos, ponha em prática os jogos explicados na página de actividades (pág. 45), completando com a ficha de trabalho n.º 7, sobre as sensações causadas pelos alimentos e os cinco sentidos. o olfacto Ainda antes de vermos um alimento, é bem possível que o nosso olfacto já se tenha apercebido da sua presença... Os aromas dos alimentos entram pelo nariz, onde se encontram células neurorreceptoras, e daqui seguem viagem até ao cérebro onde está armazenada a memória: reconheço este cheiro? É bom? O que me faz lembrar? a visão "Os olhos também comem" e, se acontece um alimento não ser do nosso agrado — porque não gostamos da cor ou do aspecto — é muito provável que já nem sequer o provemos. E, por vezes, bem nos enganamos... Isto acontece porque é a visão que elabora a primeira impressão geral de um alimento (normalmente, com a ajuda do olfacto). a audição À partida, poderá parecer que este é um sentido excluído da apreciação dos alimentos. Mas será a mesma coisa comer uma tosta estaladiça com acompanhamento sonoro e comer uma tosta mole e sem som? É óbvio que não... O tacto tem uma intervenção importante quando cozinhamos (que bom é "pôr a mão na massa" enquanto se está na cozinha, e quem de nós não apalpa uma fruta antes de a ingerir...?); mas tem uma intervenção ainda maior quando nos apercebemos da textura dos alimentos dentro da boca. o paladar São as papilas gustativas, situadas na língua, as responsáveis pela transmissão do sabor dos alimentos. As células que formam as papilas renovam-se com regularidade de forma a estarmos sempre aptos a apreciar os diferentes sabores. É natural, por exemplo, que as pessoas tenham maior apetência para o doce do que para o amargo. (43) Gosto muito, pouco ou nada... o tacto o g amar ácido salgado do ce uma paleta de sabores Sabe-se que a apreciação dos diferentes sabores dos alimentos, corresponde a determinadas zonas da língua. - Os sensores responsáveis pela apreciação do sabor "doce" encontram-se à frente, na zona da ponta da língua. - Os sensores que captam o sabor "amargo" encontram-se atrás, bem no fundo da língua. - Os sensores dos sabores "salgado" e "ácido" correspondem às zonas laterais da língua: os sensores do salgado encontram-se de lado, mais à frente; os do ácido de lado, mais atrás. o papel do açúcar e das especiarias no gosto (44) Apetece-me... estar bem! Não havia mousse de chocolate, não havia caril de frango, não havia pudim, não havia arroz de açafrão! Era assim há 500 anos, antes dos Descobrimentos... quando o cacau, o açúcar e as especiarias ainda não tinham chegado à nossa mesa. A revolução que introduziram no nosso paladar é inimaginável: a nossa paleta de gostos ficou muito diversificada e enriquecida. Os pratos passaram a ter novos sabores e puderam inventar-se novas receitas e paladares. Para isso, contribui muito a inclusão das especiarias na culinária. Há inúmeras receitas que hoje fazem parte do nosso dia-a-dia gastronómico e cuja existência já nem questionamos. Faça com os alunos uma viagem no tempo e peça-lhes para listar receitas / alimentos que hoje saboreamos em parte graças à aventura dos Descobrimentos. Poderá completar esta viagem no tempo, utilizando os alimentos da folha de recortes. Coloque os alimentos num saco. Cada grupo / par de alunos retira um e deverá fazer uma pesquisa sobre a história / origem do alimento. propostas de actividades jogo: descobrir sabores O professor / escola disponibiliza ou pede aos pais várias amostras de alimentos (cortadas em pedaços): alimentos doces, salgados, amargos e ácidos (exemplos: chocolate, pão, azeitona, rabanete, limão, nabo, pickle...); alimentos com diferentes texturas, ou seja, duros, moles, pegajosos, gelatinosos, fibrosos...(exemplos: cogumelos, caramelos, atum, tostas, alface, banana, cenoura, gomas...); alimentos com diferentes aromas (exemplos: ananás, iogurte, maçã, queijo, salsa, hortelã...); alimentos que produzam som (exemplos: cereais de pequeno-almoço, miolo de nozes, tostas, bolachas...); alimentos líquidos (exemplos: vinagre, azeite, sumo, água, água gaseificada, refrigerante gaseificado, leite...). Convidar os alunos a saborear em silêncio e de olhos vendados algumas das amostras. Para maior concentração durante as provas (e também por uma questão logística), o professor pode ir chamando os alunos, um a um, enquanto os outros observam o que se passa. Na ficha de trabalho n.º 8, cada aluno regista de seguida as sensações, memórias, preferências... relativas às provas que fez. Cada aluno deverá escolher uma imagem de um alimento da folha de recortes, e depois escolher, entre uma lista de cartões com palavras, alguns adjectivos que o caracterizem. Depois, poderão recortar os cinco sentidos da folha de recortes, colar numa cartolina, e caracterizar a sensação que o alimento escolhido provoca em cada um dos sentidos, escrevendo essa mesma sensação, por baixo das imagens. expedição: em busca de novos sabores Esta actividade exige ser preparada com antecedência: alguns dias antes da "expedição", o professor faz um reconhecimento do espaço da escola, para definir por onde passarão (45) Gosto muito, pouco ou nada... jogo: verbalizar sensações provocadas pelos alimentos as equipas. São escolhidos seis locais de paragem, onde as equipas deverão chegar através de pistas. Em cada local, é escondido um baú (ou uma caixa) que deverá conter um alimento / especiaria / sabor proveniente de outras paragens. O professor terá de pedir a seis voluntários para ficarem nestes postos de paragem. Estes seis alunos não participarão na expedição, mas ajudarão o professor a preparar o jogo para os colegas. A ideia da expedição é que os alunos, divididos por equipas, descubram alguns dos alimentos que fazem parte do património gastronómico mundial. Será mais interessante se estes alimentos forem muito exóticos (ver sugestões no fim desta página). Os alunos começam o jogo como quem inicia uma verdadeira expedição: cada equipa leva uma mochila com água, um bloco de notas, uma caneta... A primeira equipa recebe a primeira pista e, depois de a decifrar, dirige-se para o posto A. Aí, é-lhe entregue um enigma / jogo sobre um alimento misterioso. Se a equipa decifrar o enigma, o ajudante do posto A autoriza-a a procurar a caixa escondida e a provar o alimento em causa. No seu bloco de notas, a equipa regista as sensações provocadas por aquela viagem dos sabores (faz um desenho, escreve uma rima...). Depois, recebe a segunda pista e dirige-se para o posto B, onde encontrará mais uma pista e de novo a possibilidade de provar um alimento... E assim sucessivamente. Cada posto pode representar um país (ou região do mundo) e estar decorado de acordo com ele. (46) Apetece-me... estar bem! Ganha a equipa que decifrar mais enigmas e que fizer os registos mais interessantes de sabores, no seu bloco de notas. Cada adjectivo adequado ganha dois pontos, por exemplo. Sugestões de alimentos a descobrir: América do sul: abacate, maracujá, jaca, manga... Ásia: cogumelos chineses, lichia, algas, raiz de lótus, peixe seco, rebentos de bambu, pasta de caril... África: fruta-pão, anona, papaia, coco... Europa: queijos, salames, carnes frias, kefir...