150 - International Plant Nutrition Institute

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INFORMAÇÕES
AGRONÔMICAS
No 150
MISSÃO
Desenvolver e promover informações científicas sobre
o manejo responsável dos nutrientes das plantas para o
benefício da família humana
JUNHO/2015
ISSN 2311-5904
– ANO INTERNACIONAL DOS SOLOS –
EDIÇÃO ESPECIAL1
Robert Mikkelsen2
A
cada dia, cada um de nós mantém uma estreita relação
com o solo, porém, raramente paramos para considerar
sua importância. Na verdade, se não houvesse solo,
não haveria vida na Terra! Em reconhecimento ao papel essencial
que os solos desempenham na manutenção da água, do ar e do
alimento no planeta, as Nações Unidas declararam 2015 como o
Ano Internacional dos Solos.
A importância dos solos está diretamente relacionada à missão
do International Plant Nutrition Institute (IPNI), a qual é promover
o manejo responsável dos nutrientes das plantas para o benefício da
família humana. O solo, com sua capacidade de manter a produção
agrícola adequada, desempenhará papel fundamental na realização
da nossa meta. Temos o prazer de dedicar este número do jornal para
destacar algumas áreas-chave relacionadas ao papel essencial do solo.
O elo fundamental que existe entre solo e segurança alimentar
é indiscutível. Ao longo da história, solos férteis e produtivos têm
sustentado sociedades saudáveis e prósperas. O alimento, que é
cultivado para fornecer energia, proteínas, vitaminas e minerais,
depende diretamente da condição do solo.
A maior parte dos solos do mundo requer algum grau de
melhoria para que as culturas alcancem seu pleno potencial de
produtividade. Felizmente, vivemos em época na qual esses fatores
limitantes são conhecidos. Mas a implementação de estratégias para
superá-los continua a ser um desafio em muitas partes do mundo.
A degradação dos solos ocorre inevitavelmente quando eles são
negligenciados, resultando em declínio do rendimento das culturas
e queda na rentabilidade do agricultor. O manejo inadequado dos
nutrientes é um fator importante que leva à degradação dos solos.
A capacidade do solo de agir como regulador do fluxo de gases,
água e energia e sustentar o crescimento das plantas depende de
muitos processos invisíveis, porém vitais. As raízes das plantas crescem em ambiente edáfico incrivelmente complexo, no qual existem
muitos organismos do solo. Ainda há muito a aprender sobre essa
ligação vital entre as raízes das plantas e a comunidade microbiana
do solo. O papel do solo na manutenção do ambiente químico, físico
e biológico, onde as raízes podem sustentar o crescimento saudável
das plantas, também está sendo melhor compreendido.
O cuidado adequado dos recursos do solo permite que a quantidade máxima de alimentos seja produzida em uma determinada área
de terra, conservando, assim, mais terras para serem utilizadas para
outros cultivos. Este conceito de intensificação sustentável requer
cuidadosa aplicação de técnicas de manejo e conservação. A seleção
de práticas de manejo específicas para a proteção do solo irá considerar resultados sociais, ambientais e econômicos equilibrados.
Quando os solos estão deficientes em algum dos nutrientes
essenciais para as plantas, não podem manter o crescimento saudável
da cultura, resultando em menor produtividade e qualidade. Considerando o conhecimento avançado sobre nutrição vegetal e manejo de
nutrientes e a abundância de excelentes fertilizantes existentes, não
há mais motivo para a escassez de nutrientes no solo, dificultando a
produção de alimentos. No entanto, os nutrientes das plantas precisam
ser utilizados com técnicas adequadas de manejo. O IPNI adotou o
quadro educacional dos 4Cs – aplicação de nutrientes na fonte certa,
na dose certa, na época certa e no local certo – para orientação nas
decisões de manejo de nutrientes.
A implementação dos princípios do manejo 4C corresponde à
aplicação dos conceitos da agricultura de precisão, utilizando apenas os nutrientes específicos exigidos em cada parte de um campo.
Práticas de manejo do solo abrangentes devem ser mais amplamente adotadas a fim de satisfazer as necessidades alimentares de
uma população mundial em crescimento. O IPNI continua comprometido com essa meta, conduzindo pesquisas e realizando esforços
educacionais sobre manejo do solo que resultem em melhorias
contínuas na nutrição das plantas.
1
Fonte: Better Crops with Plant Food, v. 99, n. 1, 2015.
2
Vice-Presidente do IPNI, Diretor da Região Nordeste dos Estados Unidos; e-mail: [email protected]
INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTE - BRASIL
Avenida Independencia, nº 350, Edifício Primus Center, salas 141 e 142 - Fone/Fax: (19) 3433-3254 - CEP13419-160 - Piracicaba-SP, Brasil
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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
1
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS
Publicação trimestral gratuita do International Plant
Nutrition Institute (IPNI), Programa Brasil. O jornal
publica artigos técnico-científicos elaborados pela
comunidade científica nacional e internacional visando
o manejo responsável dos nutrientes das plantas.
N0 150
JUNHO/2015
CONTEúDO
ISSN 2311-5904
Ano Internacional dos Solos - Edição especial
Robert Mikkelsen .......................................................................................1
COMISSãO EDITORIAL
Solo e segurança alimentar
Terry Roberts, John Ryan........................................................................... 3
Editor
valter Casarin
A saúde humana depende dos nutrientes do solo
John Duxbury, Graham Lyons, Tom Bruulsema ........................................ 6
Editores Assistentes
Luís Ignácio Prochnow, Eros Francisco, Silvia regina Stipp
Manejo do solo visando o aumento da produtividade das culturas
Luís Ignácio Prochnow, Heitor Cantarella ................................................9
Gerente de Distribuição
Evandro Luis Lavorenti
Estratégias para proteger e conservar os recursos do solo
Ana Wingeyer, Fernando O. García.........................................................12
INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTE (IPNI)
Os solos e as raízes das plantas
Robert Mikkelsen .....................................................................................15
Presidente do Conselho
Steve wilson (CF Industries holdings, Inc.)
Vice-Presidente do Conselho
Mhamed Ibnabdeljalil (OCP Group)
Tesoureiro
Jim Prokopanko (Mosaic Company)
Presidente
Terry L. roberts
Vice-Presidente, Coordenador do Grupo da Ásia e África
Adrian M. Johnston
Vice-Presidente, Coordenadora do Grupo do
Oeste Europeu/Ásia Central e Oriente Médio
Svetlana Ivanova
Vice-Presidente Senior, Diretor de Pesquisa e
Coordenador do Grupo das Américas e Oceania
Paul E. Fixen
Intensificação sustentável para proteger os recursos do solo
Robert Mikkelsen .....................................................................................18
Aplicando os princípios do manejo de nutrientes 4C ao manejo do solo
Brian Arnall, Steve Phillips .....................................................................20
Divulgando a Pesquisa ...........................................................................22
IPNI em Destaque .................................................................................. 23
Painel Agronômico .................................................................................26
Cursos, Simpósios e outros Eventos ..................................................... 28
Publicação Recente do IPNI..................................................................30
Ponto de Vista .........................................................................................32
NOTA DOS EDITORES
PROGRAMA BRASIL
Todos os artigos publicados no Informações Agronômicas estão disponíveis
em formato pdf no website do IPNI Brasil: <http://brasil.ipni.net>
Diretor
Luís Ignácio Prochnow
Opiniões e conclusões expressas pelos autores nos artigos não refletem
necessariamente as mesmas do IPNI ou dos editores deste jornal.
Diretores Adjuntos
valter Casarin, Eros Francisco
FOTO DESTAQUE
Publicações
Silvia regina Stipp
Analista de Sistemas e Coordenador Administrativo
Evandro Luis Lavorenti
Assistente Administrativa
Elisangela Toledo Lavorenti
Secretária
kelly Furlan
ASSINATURAS
Assinaturas gratuitas são concedidas mediante aprovação prévia
da diretoria. O cadastramento pode ser realizado no site do IPNI:
http://brasil.ipni.net
Mudanças de endereço podem ser solicitadas por email para:
[email protected] ou [email protected]
2
Trado utilizado para a retirada de amostra de solo para análise.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
SOLO E SEGURANÇA ALIMENTAR
Terry L. Roberts1
John Ryan2
N
iStockphoto/Son-Ha
o século passado, inovações na
ciência agrícola e na tecnologia
amenizaram as preocupações
da sociedade em relação à capacidade da
agricultura global de alimentar e vestir a
crescente população mundial. No entanto,
com a previsão de que a população mundial
deverá aumentar dos atuais 7 bilhões para
9 bilhões, ou mais, em meados do século,
têm-se questionado se a humanidade poderá
responder aos desafios inerentes a tais mudanças demográficas. Considerando o aumento da
demanda de alimento nos países em desenvolvimento, em especial a demanda por carne,
a produção mundial de alimentos terá que
duplicar até 2050. O desafio de atender esse
objetivo é ainda mais difícil, uma vez que ele
terá que ser alcançado em terras aráveis com
disponibilidade per capita cada vez menor,
agravada pela urbanização e degradação do
solo, além do aumento exagerado do uso de
água e energia (LAL e STEwArT, 2010). A
agricultura tem que competir com outros usos
do solo. Garantir a capacidade de produzir Solos terraceados suportam a produção intensiva de arroz em Mu Cang Chai, Yen Bai, Vietnã.
suprimento adequado de alimentos para a
humanidade nunca foi tão assustador (GOdFrAy et al., 2010). desses nutrientes estarão baixas ou deficientes no tecido da planta.
Enquanto a redução no desperdício de alimentos, a mudança na dieta Por outro lado, quando os nutrientes ou outros minerais estão em
e a expansão da aquicultura podem ajudar a satisfazer a demanda excesso no solo, podem ocorrer efeitos tóxicos para os seres humade alimentos, o aumento da produtividade das culturas e a redução nos ou animais que consomem as plantas cultivadas nesses solos
do déficit de rendimento entre agricultores eficientes e agricultores (BrEvIk e BUrGESS, 2012). O uso de fertilizantes pode melhorar
de subsistência são os principais objetivos. A segurança alimentar a qualidade nutricional das culturas (BrUULSEMA et al., 2012).
é mais do que a produção de alimentos no nível de exploração, ela Por exemplo, o N pode aumentar o teor de proteína vegetal, depené influenciada por fatores econômicos, sociais, políticos e admi- dendo da dose de aplicação, enquanto os fertilizantes fosfatados
nistrativos que afetam a estabilidade, o acesso e a segurança do aumentam o teor de P no produto da colheita e os micronutrientes,
abastecimento de alimentos no mundo. Em termos mais simples, a tais como Zn e Se, podem ser aumentados pela adubação. Antes do
segurança alimentar garante que todas as pessoas tenham acesso à uso generalizado dos fertilizantes fosfatados, a deficiência de P era
alimentação suficiente, segura e nutritiva para que possam manter comum em animais e humanos. Atualmente, a deficiência de Zn em
uma vida saudável e ativa. Solos saudáveis sustentam plantas, seres humanos encontra-se generalizada globalmente.
animais e seres humanos e funcionam como um ecossistema vivo,
devido à estreita relação entre os nutrientes e o crescimento
mantendo uma comunidade diversificada de organismos do solo da cultura, sua disponibilidade no solo têm sido intensamente
que não só melhoram a produção agrícola, mas também promo- estudada. A fertilidade, ou o fornecimento de nutrientes disponíveis
vem a qualidade do ar e da água (FAO, 2008). Embora os solos para as plantas, é um componente essencial de um solo saudável e
saudáveis estejam associados principalmente a bons rendimentos produtivo. Ela integra os processos físicos (textura, estrutura, água
das culturas, mais atenção tem sido dada à qualidade nutricional e ar), biológicos (microrganismos e matéria orgânica) e químicos
de tais rendimentos, embora o benefício econômico deste aspecto (minerais e nutrientes) do fornecimento de nutrientes essenciais às
da nutrição das culturas seja difícil de ser avaliado.
plantas. Um solo produtivo é sempre um solo fértil, mas o estado
A composição química da planta reflete a composição do solo; nutricional por si só não garante a produtividade do solo. Umidade,
se os teores de nutrientes estão baixos no solo, as concentrações temperatura, drenagem, condições físicas, acidez, salinidade,
Abreviações: K = potássio; N = nitrogênio; P = fósforo; S = enxofre; Mn = manganês; MOS = matéria orgânica do solo; Se = selênio; Zn = zinco.
1
2
Presidente do IPNI, Peachtree Corners, GA, Estados Unidos; e-mail: [email protected]
Professor de Ciência do Solo, Consultor, Carrigataha, Irlanda; e-mail: [email protected]
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
3
estresses bióticos (ervas daninhas, insetos, doenças) e outros fatores
podem reduzir a produtividade até mesmo de solos mais férteis.
Enquanto as propriedades físicas do solo são relativamente
estáveis, a fertilidade do solo é dinâmica ou sujeita a alterações no
tempo e no espaço. Os nutrientes são constantemente removidos
do solo por meio da colheita dos produtos vegetais, são perdidos
pela lixiviação, erosão e outros processos naturais, ou são fixados
pelas argilas e minerais do solo. Os organismos do solo imobilizam os nutrientes e, em seguida, os liberam, sendo estes, então,
incorporados na matéria orgânica do solo (MOS). Os nutrientes das
plantas estão em ciclo contínuo, mas o sistema não é fechado; além
da remoção pelas plantas, alguns nutrientes se perdem do sistema,
reduzindo a sua eficiência e aumentando o impacto no ambiente.
Embora os diferentes tipos de solo no mundo variem quanto à
fertilidade, nenhum deles tem capacidade ilimitada para sustentar a
produtividade das culturas indefinidamente. Antes da era moderna da
adubação química, a qual se firmou em meados do século passado, a
produção agrícola e a produtividade das culturas eram dependentes
da fertilidade natural do solo. Quando os nutrientes são removidos
do sistema pela colheita dos produtos vegetais e animais ou perdidos
através de outros processos, devem ser repostos para que se mantenha
a fertilidade e a produtividade do solo. Se a remoção de nutrientes
excede continuamente a sua entrada, o solo torna-se degradado.
A matéria orgânica é um componente vital dos solos saudáveis
(JOhNSTON et al., 2009), e quando ela se esgota, a estrutura do
solo tende a desagregar-se, tornando-o mais suscetível à erosão
e, por fim, incapaz de sustentar um sistema agrícola produtivo.
Os nutrientes das plantas devem ser devolvidos ao sistema com a
aplicação de fontes de nutrientes minerais ou orgânicas, e outras
medidas de conservação devem ser implementadas a fim de permitir
que os níveis de matéria orgânica sejam restabelecidos até que o
potencial produtivo e a saúde do solo sejam restaurados.
O advento da era dos fertilizantes minerais foi, juntamente
com os progressos na medicina, o principal fator que sustentou a
expansão da população mundial desde o início do século 20. Juntamente com a mecanização e o desenvolvimento de variedades
melhoradas, os fertilizantes têm sido o principal fator de apoio no
aumento do rendimento das culturas. Os fertilizantes minerais têm
sido a principal via de adição de nutrientes ao solo e têm desempenhado um papel decisivo no acesso da humanidade à alimentação.
Não obstante as preocupações despropositadas da sociedade
moderna e as reservas dos ambientalistas quanto ao uso de fertilizantes minerais, evidências esmagadoras mostram claramente que
a produção mundial de alimentos é largamente dependente do uso
dos fertilizantes químicos. de fato, o falecido Norman Borlaug,
pai da Revolução Verde, há algumas décadas afirmou que o mundo
sem fertilizantes minerais poderia manter não mais do que um
sexto da população mundial. Com base em numerosos estudos de
longo prazo desenvolvidos em todo o mundo, Stewart et al. (2005)
atribuíram mais de 50% da produtividade das culturas ao uso de
fertilizantes minerais; os autores sugerem que a dependência será
ainda maior com o aumento da produtividade das culturas no futuro.
A relação entre fertilizantes e segurança alimentar é mais claramente mostrada no caso do N – o nutriente dominante, em termos de
utilização global. Erisman et al. (2008) estimaram que o fertilizante
nitrogenado foi responsável pela alimentação de 48% da população
mundial desde 1908. Embora fatores como fertilidade natural do solo,
condições climáticas, sistemas de cultivo, melhoramento de plantas,
modificações genéticas e manejo agronômico tornem difícil a quantificação exata da população mundial que depende dos fertilizantes
4
para a produção de alimentos, as estimativas sugerem que 40% a 60%
da produção mundial de cereais se devem aos fertilizantes (rOBErTS
e TASISTrO, 2012). dada a divergência no uso de fertilizantes nos
países desenvolvidos e em desenvolvimento, aliada à diversidade de
culturas para consumo humano, bem como ao prazo a ser considerado,
tal variação de resposta não é esperada. Alguns dados são pertinentes
para indicar o significado agrícola dos fertilizantes.
Como o N domina o uso de fertilizantes comerciais, é relevante
examinar seu impacto na produção de cereais nos Estados Unidos
(Tabela 1). A omissão do fertilizante nitrogenado reduziu os rendimentos de milho, arroz, cevada e trigo de 16% a 41%. Os fertilizantes
contendo P e k, bem como os nutrientes secundários e os micronutrientes, são igualmente importantes para garantir uma dieta equilibrada de nutrientes. Os nutrientes orgânicos também são importantes.
Embora a importância relativa dos fertilizantes orgânicos como fator
de produção na agricultura dos países desenvolvidos tenha diminuído
em relação ao uso dos fertilizantes minerais, a eliminação do estrume
animal excedente tornou-se uma ameaça ambiental. No entanto,
muitos agricultores de subsistência nos países em desenvolvimento
dependem em grande parte dos fertilizantes produzidos localmente.
Tabela 1. Efeito estimado da omissão de fertilizante nitrogenado na produção de cereais nos Estados Unidos.
Produtividade estimada (t ha-1)
Produtividade base
Sem N
Redução pela
falta de N (%)
Milho
7,65
4,52
41
Arroz
6,16
4,48
27
Cevada
2,53
2,04
19
Trigo
2,15
1,81
16
Cultura
Fonte: Stewart et al. (2005).
Fertilizantes minerais e orgânicos são complementares;
frequentemente, os melhores rendimentos só são alcançados
quando aplicados em conjunto. dados de um estudo de campo de
9 anos na Índia mostraram que os maiores rendimentos foram
obtidos quando o fertilizante foi aplicado em combinação com o
esterco de animais (Tabela 2).
Tabela 2. Efeito do fertilizante e do esterco animal na produtividade e na estabilidade da produção de milho durante nove anos em Bangalore, Índia.
Tratamento
anual
Número de anos nos quais a
Produtividade
produtividade
média (t ha-1) foi:
média de grãos
(t ha-1)
<2
2a3
3a4
4a5
Testemunha
1,51
9
0
0
0
Esterco
2,55
1
6
2
0
NPk
2,94
0
5
4
0
Esterco (10 t ha-1)
+ NPk*
3,57
0
1
5
3
*Fertilizante 50-50-25 (kg ha-1 N-P2O5-k2O)
Fonte: roberts e Tasistro (2012).
Juntos, nutrientes orgânicos e inorgânicos produziram pelo
menos 3 t ha-1 de grãos em 8 dos 9 anos de estudo. Isso é mais
evidente em solos exauridos ou onde o esgotamento de nutrientes ao longo dos anos (a saída de nutrientes excedeu em muito
a entrada) provocou a degradação do solo até o ponto em que a
resposta à adubação mineral só é obtida quando esterco ou outros
materiais orgânicos são utilizados em conjunto. Por exemplo, os
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
Produtividade de milho (t ha-1)
100 N
(t ha-1)
100 N + nutrientes1
100 N
(t ha-1)
BREVik, E. C.; BuRgEss, L. C. Soils and human health. Boca raton, FL: CrC Press, 2013.
Bruulsema, T.; HEFFER, P.; WElCH, R. M.; CAkMAk, i.; MORAn, k. (Ed.). Fertilizing
crops to improve human health: A scientific review. Paris: iFA/ norcross: iPni, 2012.
gEissElER, D.; sCOW, k. M. Better Crops with Plant Food, v. 98, n. 4, p. 13-15, 2014.
FAO. Food Integrated crop management 6. rome: FAO, 2008.
ERisMAn, J. W.; suTTOn, M. A.; gAllOWAy, J. n.; kliMOnT, Z.; WiniWARTER, w.
Nature Geoscience, v. 1, p. 636-639, 2008.
gODFRAy, H. C.; BEDDingTOn, J. R.; CRuTE, i. R.; HADDAD, l.; lAWREnCE, D.;
MuiR, J. F.; PRETTy, J.; ROBinsOn, s.; THOMAs, s. M.; TOulMin, C. Science, v. 327,
p. 812-818, 2010.
JOHnsTOn, A. E.; POulTOn, P. R.; COlEMAn, k. Advances in Agronomy, v. 101,
p. 1-57, 2009.
lAl, R.; sTEWART, B. A. 2010. Food security and soil quality. CrC Press, Taylor and
Francis, Boca raton, FL.
ROBERTs, T. l.; TAsisTRO, A. In: BRuulsEMA, T.; HEFFER, P.; WElCH, R. M.; CAkMAk, i.; MORAn, k. (Ed.). Fertilizing crops to improve human health: A scientific review.
Paris: IFA/ Norcross: IPNI, 2012.
RusinAMHODZi, l.; CORBEEls, M.; ZingORE, s.; nyAMAngARA, J.; gillER, k. E.
Better Crops with Plant Food, v. 98, n. 3, p. 24-27, 2014.
RyAn, J.; singH, M.; PAlA, M. Advances in Agronomy, v. 97, p. 273-319, 2008.
sTEWART, W.; DiBB, D. W.; JOHnsTOn, A. E.; sMyTH, T. J. Agronomy Journal,
v. 97, p. 1-6, 2005.
100 N + 15 t
esterco
c) Solo argiloso empobrecido
Testemunha
REFERÊNCIAS
Produtividade de milho (t ha-1)
a) Solo arenoso empobrecido
Testemunha
Em resumo, a agricultura moderna está relacionada à qualidade do
solo e depende da utilização de fertilizantes minerais; estes mantém a
alta produtividade atual e, assim, garantem a segurança alimentar para
a crescente população mundial. Os fertilizantes podem também contribuir para melhorar a qualidade biológica e física dos solos e, assim,
influenciar o ambiente por meio do sequestro de carbono, resultante
do crescimento radicular reforçado. O benefício secundário do uso
de fertilizantes é a contribuição indireta para a melhoria da nutrição
humana e animal através do enriquecimento de nutrientes na produção
das culturas. A chave para maximizar o potencial produtivo dos solos e
explorar os efeitos benéficos diretos e indiretos dos fertilizantes, além
de minimizar os efeitos ambientais potencialmente prejudiciais, é a
adoção das melhores práticas de manejo comprovadas cientificamente.
100 N + nutrientes1
100 N + 15 t
esterco
b) Solo arenoso
Testemunha
Produtividade de milho (t ha-1)
Produtividade de milho (t ha-1)
solos degradados na África Subsaariana respondem melhor quando
o fertilizante é usado junto com o esterco. vantagens adicionais
dos fertilizantes orgânicos em tais situações são o aumento da
matéria orgânica (MOS) e a melhora das propriedades físicas dos
solos, que por sua vez facilitam o crescimento das culturas por
melhorar o estado microbiano, o arejamento e as relações hídricas.
rusinamhodzi et al. (2014) relataram, em um estudo de 9 anos no
Zimbábue, com pequenos produtores, que os rendimentos de milho
em solos pobres em nutrientes aumentaram apenas marginalmente
com o uso de fertilizantes minerais e diminuíram quando o N foi
aplicado sozinho, mas aumentaram quando esterco bovino foi usado
em conjunto com fertilizantes nitrogenados (Figura 1). A resposta
do milho a fertilizantes e estercos variou de acordo com a textura do
solo e o estado de fertilidade do solo. Esta é apenas uma ilustração
da necessidade de se adequar as práticas de manejo da fertilidade
às características do solo que afetam o crescimento (por exemplo,
profundidade do solo, camadas de subsolo, acidez).
Embora o uso de fertilizantes minerais, especialmente de N,
promova o crescimento das culturas, alguns diriam que seu uso a
longo prazo prejudicaria a biologia do solo e reduziria a capacidade do solo de tornar os nutrientes nativos disponíveis para as
plantas. Não há nenhuma base para este equívoco popular, o qual
é refutado por extensos estudos de campo. Uma recente metaanálise de 64 ensaios de adubação de culturas a longo prazo, a
partir de 107 conjuntos de dados coletados em várias partes do
mundo, mostraram que o uso da adubação nitrogenada aumentou
a biomassa microbiana em 15% e o carbono orgânico do solo em
13% (GEISSELEr e SCOw, 2014). Um ensaio sobre rotação de
culturas plurianual, com aplicação localizada de fertilizantes, avaliando vários fatores agronômicos em um local semi-árido no norte
da Síria, com baixo teor de MO, mostrou que os níveis globais de
carbono no solo aumentaram consistentemente com o aumento das
taxas de aplicação de N e P (ryAN et al., 2008).
100 N
(t ha-1)
100 N + nutrientes1
100 N + 15 t
esterco
100 N + nutrientes1
100 N + 15 t
esterco
d) Solo argiloso
Testemunha
100 N
(t ha-1)
Figura 1. Produtividade inicial e final de milho e respostas da produção à aplicação de esterco e de fertilizantes minerais a longo prazo, em condições
variáveis de fertilidade do solo, no Zimbábue. As barras representam o erro padrão das médias. 1Nutrientes = 30 kg ha-1 de P + 25 kg ha-1 S
+ 20 kg ha-1 Ca + 5 kg ha-1 Mn + 5 kg ha-1 Zn.
Fonte: rusinamhodzi et al. (2014).
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
5
A SAÚDE HUMANA DEPENDE
DOS NUTRIENTES DO SOLO
John Duxbury1
Graham Lyons2
Tom Bruulsema3
Abreviações: As = arsênico; B = boro; Ca = cálcio; Cu = cobre; FAO = Food and Agriculture Organization; Fe = ferro; I = iodo; IDR = ingestão diária
recomendada; K = potássio; Mg = magnésio; Mn = manganês; Mo = molibdênio; N = nitrogênio; Ni = níquel; P = fósforo; ppm = partes por milhão;
S = enxofre; Se = selênio; Si = silício; Zn = zinco.
Professor, Soil Science and International Agriculture,Cornell University, Ithaca, NY, Estados Unidos; e-mail: [email protected]
Pesquisador Associado; School of Agriculture, Food and Wine; University of Adelaide, Austrália; e-mail: [email protected]
3
Diretor do IPNI, Guelph, ON, Canadá; e-mail: [email protected]
1
2
6
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
Cortesia de Fernando Calle e Hernan Ceballos, CIAT
A
nutrição humana continua em crise.
Embora a prevalência da fome tenha
diminuído em 21% desde 1990, pelo
menos 805 milhões de pessoas ainda passam fome.
Entre as crianças menores de cinco anos, estima-se
que 161 milhões apresentem crescimento atrofiado
(baixa altura para a idade). A deficiência de micronutrientes devida à falta de vitaminas e minerais
na dieta afeta cerca de 2 bilhões de pessoas, com
vários impactos adversos à saúde e, muitas vezes,
prejudicando tanto o desenvolvimento físico como
o mental das crianças. Como os níveis atmosféricos
de dióxido de carbono tendem a aumentar, as deficiências de zinco (Zn) também seguem a mesma
tendência (MyErS et al., 2014).
A maior parte dos nutrientes essenciais às plantas
também é essencial aos seres humanos. A Ingestão
diária recomendada (Idr) para a nutrição humana
é proporcionada por cada nutriente considerado
essencial para as plantas (NAS, 2014). O boro (B)
Adubação da cultura da mandioca com selênio, zinco e iodo no Centro Internacional
não é plenamente reconhecido como essencial, porém,
de Agricultura Tropical (CIAT), na Colômbia.
algumas evidências indicam que ele exerce papel nos
ossos, no raquitismo e nas funções mentais. diversas
funções do níquel (Ni) são reconhecidas, embora sua necessidade na Tabela 1. Efeitos da adubação com Zn na concentração de Zn nos grãos
de arroz e de trigo.
dieta humana seja < 100 mg por dia (wELCh e GrAhAM, 2012).
Zn nos grãos de trigo (mg kg-1)
A adubação com Zn, Ni, iodo (I), molibdênio (Mo) e selênio
Fonte
(Se) aumenta a concentração desses nutrientes nos grãos dos cereais
pH do solo
Sem Zn Solo (S) Foliar (F) S + F
e nos tecidos vegetativos. Por outro lado, a adubação com ferro (Fe),
1
7,0-8,2
25
35
cobre (Cu), manganês (Mn) e silício (Si) tem pouco efeito sobre as
2
7,8
10
18
27
35
concentrações nos grãos. Em geral, os tecidos das plantas têm níveis
mais elevados de micronutrientes do que os grãos, com base no peso
3
5,5
24
40
48
seco, e, assim, podem ser relevantes para a nutrição animal e para
-1
Zn nos grãos de arroz (mg kg )
o valor nutricional dos produtos alimentares derivados de animais.
Fonte
pH do solo
Sem Zn Solo (S) Foliar (F) S + F
As deficiências de micronutrientes mais importantes são as de
4
8,2
20
29
Fe, Zn e I. Para as culturas de grãos, o teor de Zn no trigo e no milho
pode ser aumentado em duas vezes por meio da adubação foliar, e
5
4,8-8,8
19
21
24*
26*
um pouco menos pela adubação no solo, mas os ganhos com arroz
6
7,0
20
22
25
geralmente são menores que 50% (TArIQ et al., 2014; Tabela 1).
*Contaminação potencial com a segunda aplicação de Zn uma semana após
A FAO e outras organizações têm enfatizado que a boa nutrição a floração, e o arroz em casca apresentou alto teor de Zn.
requer sistemas alimentares sustentáveis, equitativos e resilientes. A Fontes: 1) Malakouti (1998); 2) yilmaz et al. (1997); 3 e 6) Bodruzzman e Duxdiversidade nos sistemas de cultivo é importante. As leguminosas bury (não publicado); 4) shivay et al. (2014); 5) Phattarakul et al. (2012).
geralmente contêm níveis mais elevados de micronutrientes, comparadas aos cereais, mas sua viabilidade relativa diminuiu desde a
revolução verde. Exceção notável é o crescimento do cultivo da
soja em Bangladesh, cuja expansão foi de quase zero, em 1980,
para mais de 40.000 ha, em 2010. dietas sustentáveis para a família
humana requerem o planejamento de sistemas agrícolas que proporcionem melhor nutrição.
vastas áreas de solos no mundo têm ph baixo, restringindo a
absorção de Ca e Mg, dois macronutrientes muito importantes para
a saúde humana. Simples adições de calcário dolomítico podem
aumentar a concentração desses dois elementos minerais, em
especial nos produtos hortícolas, e, assim, prevenir doenças, como
o raquitismo. Trabalho apoiado pela Universidade de Cornell, em
Bangladesh, demonstrou aumentos de rendimento (10% a 50%) e
melhorias na qualidade de mais de 40 culturas, incluindo amendoim,
rabanete, alho, repolho, couve-flor, berinjela e açafrão, resultado
da adoção da calagem em mais de 86.000 ha, por mais de 280 mil
agricultores. A adição de iodato nos canais de irrigação tem sido
utilizada com sucesso na China e na Mongólia para combater a
deficiência de i onde o sal iodado não foi aceito (REN et al., 2008).
A água fortificada distribuiu i no sistema de cultivo, aumentando
os níveis nos solos, nas culturas e nos produtos de origem animal
(carne, ovos e leite). Isso resultou em ganhos extraordinários na
saúde humana, incluindo a diminuição de 50% na mortalidade
infantil. A produtividade animal também foi maior, enfatizando os
benefícios da melhora na qualidade nutricional dos alimentos para
animais, bem como nos alimentos de origem vegetal.
victor Moritz Goldschmidt (1888-1947), o pai da geoquímica moderna, introduziu o termo biophile para definir os
elementos encontrados em concentrações elevadas, absolutas ou
relativas nos organismos vivos. Eles incluem N, S, P, k, Se, I,
Zn e B. Esse conceito aponta para a importância do manejo do
sistema solo-planta considerando esses nutrientes para plantas,
animais e seres humanos.
se e s são elementos fortemente biófilos. na forma de sulfato e
de selenato são muito lixiviáveis. Como consequência de incêndios,
sobretudo nos cerrados, eles também podem ser perdidos para a
atmosfera sob a forma de SeO2 e SO2 (ChrISTOPhErSEN et al.,
2012). Quando o solo está deficiente em s, há diminuição no conteúdo de proteínas nos vegetais, principalmente aquelas ricas em S.
Nas partes mais úmidas da África Subsaariana existem grandes áreas
onde a dieta humana é deficiente em aminoácidos. Essa deficiência
surge tanto pela baixa ingestão protéica como pela deficiência de s
nos solos. A disponibilidade de Se é muito baixa em muitos solos na
Zâmbia, Malawi, ruanda, Burundi e outros países da África Subsaariana, com níveis comuns menores de 20 mg kg-1 (hUrST et al.,
2013). Pesquisa com milho na Zâmbia, realizada em 2012, revelou
concentração média de S de somente 1.030 mg kg-1 e relação N:S
de 13 a 15 (LyONS et al., 2014), valores equivalentes a apenas 60%
dos níveis de deficiência críticos (REUTEr e rOBINSON, 1997).
Assim, nos programas que abordam as necessidades primárias de
NPk dos solos na África Subsaariana, o S e o Se precisam ser
levados em maior consideração.
Em muitos estudos, o selenato mostrou-se cerca de cinco vezes
mais eficaz do que o selenito no aumento da concentração de se
nos grãos de cereais (cevada, trigo) e de leguminosas (grão-de-bico,
ervilha). relação inversa entre rendimento e concentração de Se nos
grãos tem sido observada, devido à variação climática, indicando
efeito de diluição/concentração da produtividade (McGrATh et
al., 2013).
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
décadas de experiência e pesquisa na Finlândia têm documentado grandes benefícios do Se em humanos a partir de programas
de enriquecimento de fertilizantes com Se, iniciados na década de
1980. Na década de 1970, o consumo per capita de Se na dieta era
de 30 mg, dos quais 70% vinham da carne e do leite. A deficiência
de Se era generalizada, mas o Se inorgânico adicionado à dieta dos
animais não era transferido em quantidade suficiente à carne ou
ao leite. Os baixos níveis de Se nas culturas alimentícias e nos alimentos para os animais foram devidos à forte ligação dos ânions
Se aos óxidos, em solos tipicamente ácidos. A partir de 1984,
o selenato foi adicionado a todos os fertilizantes NPk utilizados em culturas forrageiras (16 mg kg-1) e de cereais (6 mg kg-1)
como estratégia para alcançar níveis nutricionalmente adequados e
seguros aos seres humanos. Em 1990, as taxas foram alteradas para
6 mg kg-1 em todas as culturas e depois aumentadas para 10 mg kg-1
em 1996. As alterações foram associadas às mudanças nos níveis de
Se nos alimentos com a ingestão alimentar (Tabela 2). Os resultados
incluíram a duplicação dos níveis de Se no soro humano e, embora
outros fatores também estivessem envolvidos, a diminuição das taxas
de mortalidade por doenças cardíacas em cerca de dois terços, no
período de 1982 a 1997 (LAATIkAINEN et al., 2005). Efeitos sobre
as taxas de câncer variaram de zero a moderado.
Tabela 2. A adubação com Se afeta os níveis do elemento nos alimentos
e na dieta, na Finlândia.
Ano
Se na forragem, mg kg-1
Se no cereal, mg kg
1984
1991
1996
2002
16
6
10
10
6
6
10
10
Se no cereal de primavera*, mg kg-1
0,01
0,28
0,07
0,18
Se no leite, mg kg-1
0,05
0,20
0,14
0,22
Se na carne, mg kg
0,20
0,90
0,38
0,60
40
110
80
80
-1
-1
Dieta, μg dia-1
*Os teores de Se no trigo e no centeio de inverno foram muito inferiores
(0,02 e 0,07 mg kg-1) devido à redução do teor de selenato adicionado como
selenito durante o inverno, mas aumentaram para cerca de 0,1 mg kg-1 quando
o Se foi adicionado durante o crescimento da cultura.
Fonte: Eurola (2005).
A disponibilidade de micronutrientes pode ser influenciada pela
adição de macronutrientes. Quando fertilizantes fosfatos são adicionados a diferentes solos, a disponibilidade de Se para as plantas pode
ser aumentada ou diminuída como resultado das reações de sorção
e precipitação no solo. Mesmo que os fosforitos marinhos (rocha
fosfática sedimentar) contenham muito mais Se do que os minerais
fosfatados de origem ígnea (por exemplo, os da Península de kola,
na rússia), a razão de concentração P/Se muitas vezes não é tão
elevada como a dos solos aráveis dos ecossistemas naturais terrestres
(McCONNELL, 1979). A aplicação de fertilizantes comerciais pode
levar à redução da razão de concentração total Se/P no solo (dependendo da relação Se/P do fertilizante), que também pode conduzir à
redução da proporção Se/P nos alimentos e nas plantas forrageiras.
Isso remete ao princípio geral de manejo da fertilidade do solo, ou
seja, quando os fertilizantes são usados para fornecer o nutriente
mais limitante, pode haver implicações de longo prazo na absorção
de outros nutrientes para as plantas. A aplicação de fertilizantes
fosfatados de forma contínua, sem levar em conta outros nutrientes,
pode levar à deficiência de outros nutrientes no solo, como s, se e Zn.
O uso de águas subterrâneas contaminadas com arsênio (As)
com propósito doméstico ou de irrigação, na bacia do Bengal, Índia,
levou ao aumento dos níveis de As na água potável e nas culturas
7
irrigadas. Estima-se que 140 milhões de pessoas em todo o mundo
estejam sob risco de contrair doenças relacionadas ao As, a maioria
em Bangladesh. Pesquisas recentes com animais têm mostrado o
papel potencial do enriquecimento da ração com Se na luta contra
a toxicidade por As. Sah et al. (2013) forneceram lentilhas com
conteúdo variável de Se (lentilhas em Saskatchewan com 0,3 ppm
Se comparadas a lentilhas do noroeste do Estados Unnidos com
< 0,01 ppm Se) a ratos e observaram que o Se desempenhou papel
na redução da retenção e aumento da excreção de As, resultando
em níveis mais baixos de danos no fígado dos animais. A relevância
dessas descobertas para a nutrição humana precisa ser confirmada
por ensaios clínicos. no entanto, a biofortificação de lentilhas com
Se por meio do melhoramento de plantas e adubação, e/ou seleção
de grãos alimentícios com base no nível de Se dos solos em que
as plantas foram cultivadas, poderá desempenhar papel relevante
na solução dos problemas relacionados aos danos causados pelo
excesso de As na saúde humana.
REFERÊNCIAS
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yilMAZ, A.; EkiZ, H. et al. Effect of different zinc application methods
on grain yield and zinc concentration in wheat cultivars grown on zincdeficient calcareous soils. Journal of Plant Nutrition, v. 20, p. 461-471, 1997.
CONCURSO FOTOGRÁFICO ANUAL DO IPNI SOBRE
DEFICIÊNCIAS NUTRICIONAIS EM CULTURAS
O prazo para as inscrições no concurso fotográfico anual do iPni sobre deficiências nutricionais em culturas – Crop Nutrient Deficiency Photo Contest – termina em 9 de dezembro.
Neste ano, além das quatro categorias de nutrientes (N, P, k e outros nutrientes) há uma nova
categoria, relacionada a feno e forragem.
Os prêmios são os seguintes:
• us$ 300 para o primeiro lugar e us$ 200 para o segundo lugar para a melhor foto sobre
deficiência em culturas.
• us$ 150 para o primeiro lugar e us$ 100 para o segundo lugar dentro de cada uma das
categorias de nutrientes: N, P, k e outros de nutrientes.
Além desses, todos os vencedores receberão uma cópia atualizada da coleção de imagens do IPNI
em USB. Para detalhes sobre o coleção, consulte http://ipni.info/NUTrIENTIMAGECOLLECTION
As inscrições só podem ser realizadas eletronicamente no site do concurso: www.ipni.net/photocontest. As informações
necessárias (em inglês) para todas as fotos, devem incluir: nome do candidato, filiação e informações de contato; cultura e estádio
de crescimento, local e data da foto; informações relacionadas à planta, como análise foliar, análise de solo, fatores de manejo e
detalhes que possam estar relacionados à deficiência.
Os vencedores serão anunciados e notificados em janeiro de 2016. Os resultados serão postados no site: www.ipni.net
8
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
MANEJO DO SOLO VISANDO O AUMENTO DA
PRODUTIVIDADE DAS CULTURAS
Luís Ignácio Prochnow1
Heitor Cantarella2
DISPONIBILIDADE DE SOLO NO MUNDO
C
erca de 12% da área agricultável do mundo – aproximadamente 1,5 bilhão de hectares – são atualmente
utilizados para produção agrícola. Embora ainda
existam quantidades razoáveis de terra potencialmente adequadas
para a agricultura, grande parte é coberta por florestas, protegida
por razões ambientais ou utilizada para assentamentos urbanos
(FAO, 2013). Como consequência direta do aumento da população mundial, o índice de terra arável per capita está diminuindo
rapidamente. Estima-se que o mundo terá somente 0,20 ha per
capita em 2050, em contraste com 0,45 ha em 1960. Essa “crise”
de terra arável é resultado do mundo em desenvolvimento, onde a
disponibilidade esperada será de 0,15 ha per capita contra 0,45 ha no
mundo desenvolvido (BrUINSMA, 2009). Sendo assim, o aumento
na demanda por produtos agrícolas causará maior pressão para a
incorporação de terras potencialmente agricultáveis (pastagens existentes – 3,4 mil milhões de ha – ou pastos, savanas e caatingas com
produtividade baixa ou marginal – 1,1 bilhão de ha) para produção
de alimentos (CAI et al., 2011). No entanto, a maior parte dessas
áreas tem pelo menos uma condição de solo abaixo da ideal que
precisa ser considerada. Todas essas questões sugerem a necessidade
de intensificar a produção de alimentos, rações, fibra e energia em
áreas já cultivadas. Isso somente será possível por meio do avanço
em tecnologias focadas na integração do manejo adequado de todos
os fatores que influenciam o crescimento da cultura.
CONDIÇÕES DE SOLO QUE AFETAM O CRESCIMENTO
DA CULTURA
Várias condições de solo influenciam o crescimento da cultura
e a produtividade final. Os fatores considerados mais importantes
incluem: ph, disponibilidade de nutrientes, umidade, disponibilidade de oxigênio, permeabilidade, temperatura e salinidade do
solo (Figura 1). As plantas variam na necessidade de cada uma
dessas condições. No entanto, rendimentos elevados e econômicos somente são obtidos quando todos os fatores estão próximos
do ideal. Por exemplo, a produtividade sustentável não pode ser
alcançada em um solo com bom equilíbrio de nutrientes mas
com baixa permeabilidade do solo restringindo o crescimento
das raízes das plantas.
Para atender o desafio de aumentar o rendimento das culturas
por unidade de área cultivada é importante entender onde e por
que existe o déficit de produtividade, ou yield gap. O conceito de
déficit de produtividade é definido por van ittersum e Cassman
Matéria
orgânica Energia H O
2
solar
CO2
- pH
- Disponibilidade de nutrientes
- Umidade
- Disponibilidade de oxigênio
- Permeabilidade
- Temperatura
- Salinidade
Figura 1. A produtividade da planta é, em parte, reflexo do manejo do
solo, o qual deverá criar condições necessárias para otimizar
todos os fatores do solo considerados mais influentes para o
crescimento das plantas.
(2013) como a diferença entre a produtividade obtida sob manejo
ótimo (em condições não limitantes de água, nutrientes e livres
de estresses bióticos) e a produtividade média alcançada pelos
agricultores locais (Figura 2). As boas práticas de manejo (BPMs)
são as ferramentas utilizadas para modificar a condição do solo,
assegurando bom crescimento das plantas e reduzindo a amplitude
de qualquer desvio de rendimento existente. Essas práticas serão
mais eficazes e sustentáveis se forem respaldadas por princípios
científicos universais e estiverem adaptadas aos contextos sociais,
econômicos e ambientais nos quais são empregadas.
deve-se reconhecer que alguns problemas no solo são relativamente fáceis de serem manejados, enquanto outros são influenciados
apenas indiretamente. O ph do solo, a disponibilidade de nutrientes
e a disponibilidade de água são exemplos de condições do solo que
podem ser modificados mais facilmente.
Abreviações: Al = alumínio; Ca = cálcio; N = nitrogênio.
1
Diretor do IPNI, Programa Brasil; e-mail: [email protected]
2
Pesquisador do Instituto Agronômico, Campinas, SP; e-mail: [email protected]
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
9
Produtividade relativa (%)
tecido vegetal e experimentação agronômica local. Em países onde
essas técnicas não estão disponíveis, ou viáveis, outras ferramentas
devem ser desenvolvidas para ajudar a determinar a disponibilidade
de nutrientes no solo e aplicar o método dos 4Cs (ou seja, uso da fonte
certa, na dose certa, na época certa e no local certo) em escala de
campo. Um exemplo de sucesso é o desenvolvimento da ferramenta
de apoio à decisão Nutrient Expert®, que se baseia na utilização combinada de ensaios com omissão de nutrientes no campo e modelagem
do acúmulo de nutrientes para, finalmente, determinar as necessidades
nutricionais para culturas específicas e fornecer a recomendação de
adubação regionalizada ao agricultor (PAMPOLINO et al., 2012).
Déficit de
produtividade
Manejo atual
Manejo ótimo
(atingível)
Figura 2. A diferença entre as produtividades agrícolas real e ideal, ou
atingível, é um reflexo principalmente do desenvolvimento e da
adoção de melhores práticas de manejo.
pH DO SOLO
O excesso de acidez do solo é um problema grave em grandes
áreas do globo, principalmente em solos altamente intemperizados
dos trópicos, em terras de pastagem com baixo rendimento e em
solos marginais. A capacidade das plantas de tolerar a acidez do
solo é variável, porém, a maior parte das plantas cresce melhor em
condições de solo ligeiramente ácidas (ph 5,5-6,5). Por exemplo,
as plantas de arroz crescem bem em pH baixo, como 4,8; o milho
normalmente se desenvolve melhor em pH entre 6,0 e 6,5; a alfafa
cresce melhor se o pH do solo estiver próximo de 7,0. A acidificação
do solo pode ocorre mesmo em solos altamente produtivos, devido à
lixiviação de cátions básicos e ao uso de fertilizantes nitrogenados.
Com o monitoramento da acidez do solo, por meio da análise periódica, e com o uso de calcário pode-se evitar a perda de qualidade
do solo associada à acidificação, principalmente na profundidade
onde as propriedades do solo são mais difíceis de serem corrigidas.
Assim, a calagem também pode colaborar na recuperação dos solos
para a produção agrícola de alto rendimento. Em alguns casos, o
gesso pode ser utilizado para corrigir os problemas de excesso de
Al3+ e falta de Ca2+ no subsolo, permitindo, assim, o crescimento
radicular profundo, o que é importante para a absorção de água e
nutrientes abaixo das camadas superficiais do solo.
DISPONIBILIDADE DE NUTRIENTES
As propriedades químicas inadequadas do solo, relacionadas à
disponibilidade de nutrientes, podem ser modificadas para melhorar
a produção de biomassa. Para a produção adequada de plantas é
importante que o solo disponha de um bom e consistente suprimento
de nutrientes, o qual pode ser avaliado e gerenciado com o uso
de diferentes ferramentas. A análise de solo e as recomendações
nutricionais com base nas curvas de resposta de produtividade sob
condições locais, com a orientação de especialistas, é um meio
eficaz de garantir rendimentos elevados, evitando a degradação do
solo pelo aporte desequilibrado de nutrientes, e fazendo bom uso
das terras que apresentam limitação de fertilidade.
diagnósticos adequados da disponibilidade de nutrientes geram
recomendações de adubação específicas para o local, reduzem custos e
evitam o acúmulo de nutrientes em excesso e seus impactos ambientais
indesejáveis. Outras tecnologias que podem ajudar na determinação
da disponibilidade de nutrientes no solo incluem diagnósticos para
interpretar sintomas visuais de deficiência ou toxicidade, análise de
10
UMIDADE DO SOLO
A disponibilidade de água no solo é um fator de crescente
preocupação na maior parte dos sistemas de produção agrícola. A
seleção de variedades bem adaptadas e eficientes no uso da água é
fundamental para alcançar o melhor uso da água no solo. Ferramentas eficientes de campo e técnicas sofisticadas de instrumentação,
necessárias para monitorar a umidade do solo e a demanda das
culturas por água – tanto em sequeiro como em sistemas irrigados –,
muitas vezes são facilmente acessíveis em muitas partes do mundo
afetadas pela seca. Práticas de manejo adaptativo (por exemplo,
sistemas conservacionistas, cobertura do solo) são necessárias para
otimizar as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, estimular o enraizamento profundo dentro do perfil do solo e diminuir
o impacto da redução da disponibilidade de água.
PRÁTICAS PARA MELHORAR AS CONDIÇÕES DO SOLO
Problemas como compactação, salinização, erosão, formação
de crostas, perda de matéria orgânica e de diversidade microbiológica do solo podem ser corrigidos com várias práticas agronômicas
restauradoras. Em alguns casos, a subsolagem e outras operações
mecânicas e equipamentos (por exemplo, uso de pneus adequados
no campo) podem minimizar ou corrigir problemas de compactação
e falta de aeração no solo. Muitas práticas adaptativas são adotadas
com o objetivo de melhorar, a curto e a longo prazo, o sistema de
cultivo e a condição do solo. dois bons exemplos de tais práticas
são o plantio direto e a rotação de culturas específicas da região.
PLANTIO DIRETO
O plantio direto (também chamado de cultivo mínimo) é uma
maneira de cultivar lavouras ou pastagens em anos sucessivos
com a mínima perturbação física do solo. Ele geralmente promove aumento na retenção de matéria orgânica, modifica a macro
e microporosidade do solo e também influencia a ciclagem de
nutrientes. Em muitas regiões, pode reduzir ou eliminar a erosão
do solo. Como resultado de tais modificações, o plantio direto pode
influenciar positivamente as condições do solo, tais como aeração,
calor e permeabilidade. Também pode influenciar a disponibilidade
de nutrientes e água, proporcionando melhores condições para o
crescimento das plantas.
ROTAÇÃO DE CULTURAS
A rotação de culturas específica (ou seja, a sequência de culturas
adaptada à região) também pode ter influência positiva sobre as
condições do solo. Alternativas criativas, como a prática brasileira
de utilizar gramíneas forrageiras em rotação com culturas de cereais,
pode gerar grandes benefícios para as condições do solo e a disponibilidade de nutrientes (Figura 3). A rotação de culturas utilizando
plantas com diferentes arquiteturas e fisiologias de raiz promove o
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
CONCLUSÃO
O bom manejo do solo permite melhorar e manter a qualidade
do solo e aumentar a produtividade das culturas. O manejo dos
nutrientes, associado a outras práticas agronômicas, é ferramenta
fundamental para a correção dos solos que apresentam limitações
permanentes ou temporárias, a fim de incorporá-los ao sistema
agrícola. A literatura é extensa em informações que orientam na
modificação do solo de acordo com as melhores práticas de manejo,
as quais devem ser sempre adaptadas às condições locais.
O plantio direto reduz o potencial de erosão, porém, aumentam os
processos acidificantes (como decomposição de resíduos culturais,
nitrificação dos fertilizantes nitrogenados, etc.) na superfície do solo.
acesso aos nutrientes em diferentes camadas e formas químicas no
solo. A extensão mais longa do sistema radicular e a liberação de
exsudatos radiculares aumentam a capacidade da planta de acessar
formas de nutrientes que não estão facilmente disponíveis em sistemas tradicionais de cultivo de cereais (CrUSCIOL et al., 2010).
BrUINSMA, J. The resource Outlook to 2050. By how much do land, water use and
crop yields need to increase by 2050? In: ExPErT MEETING ON hOw TO FEEd
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A
B
C
D
Crédito das fotos: Emerson Borghi (A e B) e Rogério Soratto (C e D)
barroncountywi.gov
REFERÊNCIAS
Figura 3. rotação braquiária-milho em diferentes estádios: (A) antes da colheita, (B) no momento da colheita, (C) logo após a colheita e (d) algumas
semanas após a colheita.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
11
ESTRATÉGIAS PARA PROTEGER E CONSERVAR
OS RECURSOS DO SOLO
Ana Wingeyer1
Fernando O. García2
Tabela 1. Área sob plantio direto em países da América do Sul (2008-09).
Área sob plantio direto
(ha)
Área total cultivada
(%)
Brasil
25.502.000
70
Argentina
19.719.000
70
País
Paraguai
2.400.000
90
Bolívia
706.000
72
Uruguai
655.100
82
indicadores, tais como COs, atividade biológica, eficiência do uso
da água e parâmetros físicos do solo. A intensificação do uso do
solo (por exemplo, redução do período de pousio, uso de culturas
duplas), as plantas de cobertura e a inclusão de pastagens no sistema
de rotação estão associados a maiores estoques de COS e melhor
estabilidade dos agregados do solo sob Pd (NOvELLI et al., 2013).
O aumento da frequência de uma dada cultura na rotação (ou seja,
tendência para a monocultura) tem impactos negativos nos estoques
de COS e na estabilidade dos agregados do solo (Figura 1). O índice
de frequência da soja foi o que mais estreitamente se associou à
redução dos estoques de COS e da estabilidade dos agregados.
Trigo
Soja
Cereais
Estoque de carbono
(0 a 30 cm), t ha-1
A
s práticas de manejo do solo afetam os processos
e as propriedades do solo em diferentes escalas de
intervenção (BrINGEZU, 2014). A eficácia dessas
práticas, para atender as diversas necessidades de manejo do solo,
deve ser avaliada simultaneamente no campo/fazenda, nas bacias
hidrográficas e em escalas regionais/globais.
A adoção de práticas conservacionistas, incluindo o plantio direto
(Pd), tem predominado na América do Sul. Benefícios comuns do
Pd incluem melhores resultados econômicos, melhoria e estabilidade
da produtividade por meio da melhor eficiência no uso da água,
maior atividade biológica no solo, controle da erosão, economia
de combustível e de trabalho/tempo, entre outros. O Pd é adotado
em 70% a 90% da área cultivada no Paraguai, Brasil, Argentina,
Bolívia e Uruguai (Tabela 1).
0
0,1
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,7
0,8
Índice de frequência da cultura
Diâmetro médio ponderado
(0 a 5 cm), mm
Fonte: derpsch e Friedrich (2009).
No entanto, somente a adoção do Pd, sem a implementação de
controle da erosão hídrica e eólica (por exemplo, terraços, quebraventos), rotação de culturas, adubação equilibrada e outras práticas, não
mantém, de forma sustentável, a produtividade agrícola e a proteção
do solo. Monoculturas de soja proporcionam menores acréscimos de
carbono (C) e promovem o aumento das taxas de decomposição do
carbono orgânico do solo (COS), comparadas às rotações de culturas
com milho ou sorgo, o que pode levar à perda de 3 t COS ha-1 ano-1,
independentemente da implementação do Pd (hUGGINS et al.,
2007). A rotação de culturas promove a proteção do solo por meio de
cobertura contínua da superfície; diversificação de culturas e padrões de
enraizamento em profundidade; populações e atividades microbianas;
retorno de resíduos; melhora na utilização de água e nutrientes; redução de doenças e pragas; controle mais eficiente de ervas daninhas e,
ainda, melhores condições sociais de trabalho. Esses efeitos da rotação
de culturas e das plantas de cobertura foram verificados por meio de
0,2
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
Índice de frequência da cultura
Figura 1. Estoque de carbono orgânico na profundidade de 0-30 cm em
um vertisol e um Molisol e diâmetro médio ponderado dos
agregados do solo a 0-5 cm de profundidade de um Molisol em
função da frequência da cultura na rotação sob plantio direto.
Fonte: Adaptada de Novelli et al. (2013).
Abreviações: C = carbono; CAD = capacidade de água disponível; COS = carbono orgânico do solo; FPNP = fonte de poluição não pontual; K = potássio;
N = nitrogênio; P = fósforo; PD = diâmetro do peso médio = índice do estado de agregação do solo.
1
Estación Experimental Agropecuaria Paraná, Oro Verde, Entre Rios, Argentina; email: [email protected]
2
Diretor do IPNI América Latina/Cone Sul, Buenos Aires; email: [email protected]
12
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
Soja plantada diretamente sobre resíduo de palha de milho, cultivado anteriormente, em María-Teresa, Santa Fé, Argentina.
A incorporação de plantas de cobertura entre duas culturas
principais pode acentuar os benefícios decorrentes da rotação de
culturas. Proteção do solo contra erosão eólica e hídrica; redução
da perda de nutrientes por meio de escoamento superficial, transporte de sedimentos, lixiviação ou perdas gasosas; incorporação
de n pelas leguminosas por meio da fixação biológica; atividade
biológica do solo e sequestro do COS estão entre os processos que
são beneficiados pelo uso de plantas de cobertura.
O manejo dos resíduos é o componente-chave dos serviços
ecossistêmicos em diferentes escalas (Figura 2). A produtividade
agrícola, a conservação do solo e da água e a qualidade do solo
são afetadas positivamente pela retenção dos resíduos no solo. Em
média, os resíduos das culturas contém 40% de C, 0,8% de N, 0,1%
de P e 1,3% de k, fornecendo alimentos e habitat para a biota do
solo. A remoção dos resíduos das culturas para utilização como biocombustível, ração ou outros fins aumenta a remoção de nutrientes
e expõe o solo à erosão e degradação, com vários impactos adversos sobre o solo, o ar e a qualidade da água. Assim, é necessário a
correção do solo com resíduos orgânicos para melhorar e manter a
qualidade do solo e a produtividade das culturas.
A nutrição equilibrada contribui para a produtividade agrícola e
a saúde do solo. A Figura 3 mostra o efeito da nutrição equilibrada
na atividade microbiana e na concentração de glomalina. A glomalina é uma substância que se acumula nas paredes celulares dos
fungos do solo e contribui para a formação dos agregados do solo.
A implementação do manejo de nutrientes 4C (ou seja, a aplicação
da fonte certa de nutrientes, na dose certa, na época certa e no local
certo) também contribui para evitar ou diminuir os efeitos externos
associados à poluição do ar ou da água.
A proteção e a conservação dos recursos do solo, por meio de
técnicas de manejo adequadas, é essencial para agro-ecossistemas
sustentáveis e para atender às demandas globais de alimentos,
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
rações, biomateriais e biocombustíveis. Práticas como as descritas
anteriormente deverão contribuir para esse objetivo.
REFERÊNCIAS
BRingEZu, s.; sCHuTZ, H.; PEnguE, W.; O’BRiEn, M.; gARCiA,
F.; siMs, R.; HOWARTH, R.; kAuPPi, l.; sWilling, M.; HERRiCk,
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supply. Land and Soils working Group: International Panel for Sustainable resource Management, United Nations Environment Program,
Paris, 2014.
DERPsCH, R.; FRiEDRiCH, T. development and current status of
no-till adoption in the world. In: TrIENNIAL INTErNATIONAL SOIL
TILLAGE rESEArCh OrGANIZATION CONFErENCE, 18., Izmir,
2009. Proceedings... Izmir, Turkey: ISTrO, 2009. Cd rOM.
gRüMBERg, B.; COnFORTO, C.; PéREZ BRAnDán, C.; ROVEA,
A.; BOXlER, M.; RODRíguEZ gRAsTORF, s.; MinTEguiAgA, J.;
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y los hongos micorrízicos en el cultivo de maíz. In: CONGrESO LATINOAMErICANO dE LA CIENCIA dEL SUELO, 19., e CONGrESO
ArGENTINO dE LA CIENCIA dEL SUELO, 23., 2012, Mar del Plata.
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carbon dynamics and storage. Soil Science Society of America Journal,
v. 71, p. 145-154, 2007.
LAL, r. Crop residues and soil carbon. In: Proceedings of the FAO/CTIC
Conservation Agriculture Carbon Offset Consultation, 28-30 October, 2008.
disponível em: <http://www.fao.org/ag/ca/carbonconsult.html>
nOVElli, l. E.; CAVigliA, O. P.; WilsOn, M. g.; sAsAl, M. C.
Land use intensity and cropping sequence effects on aggregate stability
and C storage in a vertisol and a Mollisol. Geoderma, v. 195-196, p.
260-267, 2013.
13
Ecossistema Melhorado pela Retenção de Resíduos Vegetais no Solo
Conservação do
solo e da água
Benefícios na
qualidade do solo
Vantagens externas
Produtividade
Ambiente
Infraestrutura
Produtividade
Agregação
Menor lixiviação
Altas
produtividades
Qualidade da
água
Baixo índice de
inundação
Aquicultura
Infiltração
Baixa evaporação do solo
Lucratividade
Qualidade do ar
Menor filtragem
Rendimento
das culturas
CAD
Baixa erosão
Sustentabilidade
Baixa emissão
FPNP mínima
Lucratividade
Ciclagem de
nutrientes
Perda mínima
de elementos
Baixo uso de
energia
Menor dano na
infraestrutura
Menor hipóxia
Turismo
Biota do solo
Ambiente Saudável e Seguro
Manejo Eficiente, Rentável e Produtivo
Benefícios locais
Sequestro de
carbono
Alta Qualidade Ambiental e Menor Dano ao Turismo
Ambiental e Infraestrutura
Melhor Qualidade do Solo e Produção Agrícola
Manejo Sustentável de Uso da Terra
Figura 2. Impactos da retenção dos resíduos de culturas na produtividade agrícola e na qualidade ambiental. CAd = capacidade de água disponível,
FPNP = fonte de poluição não pontual.
Glomalina (mg g-1 de solo)
1,90
1,75
1,61
1,46
1,32
Testemunha
NS
PS
NP
Tratamentos
NPS
NPS micro
Respiração microbiana (mg CO2/g solo/semana)
Fonte: Adaptada de Lal (2008).
0,61
0,55
0,50
0,44
0,39
Testemunha
NS
PS
NP
NPS
NPS micro
Tratamentos
Figura 3. Concentração de glomalina no solo e atividade microbiana sob diferentes tratamentos de fertilização, na província de Santa Fé do Sul, Argentina. letras acima das colunas denotam as diferenças significativas entre os tratamentos (p = 0,05).
Fonte: Grumberg et al. (2012).
14
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
OS SOLOS E AS RAÍZES DAS PLANTAS
Robert Mikkelsen1
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DAS RAÍZES
Os solos devem fornecer suporte suficiente para sustentar a planta
por meses ou anos e fornecer quantidades adequadas de nutrientes,
água e ar por meio da rede de poros. Quando as propriedades físicas
do solo são danificadas, a capacidade de manter o crescimento do
sistema radicular da planta fica prejudicada. A compactação do solo
pode ser um grande impedimento para o crescimento normal das
raízes. A compactação causada pelo tráfego de tratores e máquinas
é significativa, principalmente com o aumento do tamanho dos equipamentos agrícolas. A compactação do solo provoca compressão dos
macroporos do solo, o que resulta em menor velocidade de infiltração
de água, movimento do ar e crescimento das raízes.
As raízes devem forçar o caminho através do solo e só crescem
nos poros existentes, ou nos solos compressíveis. Nos solos com-
iStockphoto/T. Skanks
A
s raízes das plantas desempenham muitas funções
importantes – sustentam fisicamente as plantas,
aumentam a superficial para a absorção de água e
nutrientes e servem como local de síntese de hormônios e reguladores de crescimento. A despeito da sua importância,
os programas de melhoramento de plantas concentram-se prioritariamente no aumento da produtividade e da resistência a pragas, sem
dedicar a devida atenção à incorporação de características de raízes
potencialmente valiosas. Algumas das características-chave incluem:
vigor radicular inicial, elevada superfície radicular e capacidade de
enraizamento profundo durante períodos de estresse hídrico.
As raízes das plantas crescem em ambiente complexo no solo,
densamente povoado por organismos, incluindo bactérias, fungos,
leveduras, protozoários e insetos, que se alimentam de vários substratos. No solo da rizosfera ocorre grande variedade de interações
entre plantas e organismos do solo – interações que podem ser
positivas ou negativas para a raiz.
uma quantidade significativa de carbono (C), fixado por meio
da fotossíntese, é alocada para sustentar o crescimento das células
radiculares. Por exemplo, entre 5% e 30% do C da planta são liberados
para o solo como exsudatos orgânicos, e as associações simbióticas
com micorrizas podem utilizar 20% do C adicional fixado nas folhas.
A fixação de nitrogênio (n) também requer fontes substanciais de C
(5 a 10 gramas de C para cada grama de n fixado). A manutenção de
raízes saudáveis exige o emprego de grande quantidade do C total
da planta. Em condições de estresse, como seca ou deficiência de
nutrientes, as plantas geralmente respondem com aumento do fluxo
de C para ampliar o crescimento das raízes, em detrimento da parte
aérea da planta. Esse estímulo radicular aumenta a probabilidade
de exploração e aproveitamento dos escassos recursos do solo, mas
pode reduzir a rentabilidade da parte aérea.
pactados, as raízes tornam-se atrofiadas, caso encontrem grande
resistência; muitas vezes, têm menor comprimento total, ficam mais
concentradas na camada superior do solo (acima de um hardpan)
e encontram-se em densidades menores do que a normal em profundidade, no perfil do solo. sistemas radiculares menores podem
reduzir a capacidade de absorção de água e nutrientes, resultando em
maior suscetibilidade ao estresse durante o período de crescimento.
Considerando que muitos nutrientes têm mobilidade limitada no
solo, as raízes devem crescer em direção ao volume de solo onde
os nutrientes estão localizados. A baixa densidade radicular no solo
compactado resulta em maior distância entre as raízes vizinhas, o
que resulta em menor oportunidade para absorver os nutrientes.
A subsolagem profunda ajuda a diminuir as limitações do solo
para o crescimento radicular. Equipamentos agrícolas estão disponíveis para romper as camadas compactadas existentes no solo, e
a utilização de padrões de tráfego controlado no campo mantém as
rodas de compactação em áreas específicas. Culturas que possuem
enraizamento profundo também podem ajudar na descompactação
dos solos. Práticas de cultivo mínimo proporcionam melhoria gradual, a longo prazo, dos solos compactados.
ABSORÇÃO DE NUTRIENTES PELAS RAÍZES
As raízes se desenvolvem em coordenação com o vigor global
de toda a planta, dependendo do ambiente do solo. Elas invariavelmente encontram estresses ambiental, químico ou biológico durante
o período de crescimento, levando-as a se adaptar rapidamente. Por
Abreviações: Al = alumínio; C = carbono; Ca = cálcio; H = hidrogênio; K = potássio; N = nitrogênio; P = fósforo.
1
Vice-Presidente do IPNI, Diretor da Região Nordeste dos Estados Unidos; email: [email protected]
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
15
Câmera
Cortesia
Abertura
Baterias
Filtro polaroide
Estudando
as raízes
das plantas
Luz halógena
Espelho ótico
Abertura de visualização
As raízes das plantas têm sido tradicionalmente estudadas por
meio de extensos projetos de escavação, com a finalidade de
extraí-las do solo. Nos últimos 50 anos, a utilização de técnicas não destrutivas tem tornado os estudos radiculares mais
convenientes e rápidos. Por exemplo, foram desenvolvidos os
rizotrons e os mini-rizotrons (janelas de raiz) para observar a
atividade radicular no solo sem a necessidade de amostragem
destrutiva. No início, os rizotrons consistiam de câmeras de
vidro colocadas contra o perfil do solo. Os mini-rizotrons
envolvem a instalação de um tubo transparente na zona da
raiz, inserindo-se um dispositivo de imagem dentro do solo.
Além da observação direta e da quantificação do sistema
radicular, há muitas mensurações não-invasivas do crescimento
das raízes que podem ser feitas diretamente usando-se microsensores e sensores óticos.
exemplo, as plantas que possuem sistemas radiculares bem adaptados para utilizar eficientemente os recursos das camadas superficiais
do solo precisam sofrer uma mudança estrutural (plasticidade) para
poder explorar a umidade do solo ou os nutrientes nas camadas
mais profundas do solo e sobreviver durante os períodos de seca.
Nitrogênio: O nitrato é a principal forma de N inorgânico
absorvida pela maior parte das culturas. Em ensaio realizado com
milho, observou-se que o N foi absorvido pelas raízes da seguinte
forma: 79% por fluxo de massa, 20% por difusão e 1% por intercepção direta (wATT et al., 2013). O vigor radicular inicial e a alta
densidade radicular são características importantes para interceptar
o nitrato à medida que ele se move com a água do solo, e antes
que seja lixiviado abaixo da zona radicular no início da estação de
crescimento. Se a amônia é a principal fonte de N para as plantas,
a exploração do solo pelas raízes pode ser mais vantajosa, visto
que esta forma de N não é altamente móvel com a água do solo.
A importante relação simbiótica entre as raízes das plantas
leguminosas e as bactérias fixadoras de n2 contribui para o fornecimento de N a muitas culturas. A meta de longo prazo dos
cientistas tem sido entender os controles genéticos que impedem
as plantas não-leguminosas de servirem como hospedeiras para
a fixação de n2.
Fósforo: Há um contínuo interesse na melhoria da eficiência
de recuperação a curto prazo dos fertilizantes fosfatados aplicados.
várias práticas agronômicas ajudam a alcançar esse objetivo, mas
também é possível promover o aumento da recuperação de P modificando a arquitetura da raiz da planta. A concentração de P solúvel
16
é bastante baixa no solo, mas as exigências das plantas são bastante
elevadas. Por causa de suas fortes reações com os componentes do
solo, o P é fornecido para as raízes das plantas principalmente por
difusão. Pontas de raízes jovens, continuamente em expansão no
solo, estão expostas a concentrações mais elevadas de P na solução
do solo. A abundância de pelos radiculares e a associação com
fungos micorrízicos também melhoram a absorção de P do solo.
Como a absorção de P ocorre na superfície da raiz, uma zona de
depleção de 0,2 a 1,0 mm se desenvolve em torno dela. Esta zona
de depleção ao redor da raiz é o principal fator que influencia a
química da rizosfera e a disponibilidade do nutriente.
Potássio: As raízes absorvem o k diretamente da solução do
solo, que está em equilíbrio com o k trocável. Quando a concentração de k na solução atinge valores muito baixos, pode haver difusão
de parte do potássio contido nas estruturas dos argilominerais e
dissolução dos minerais primários que contém k, indicando que as
formas de k não trocáveis são potencialmente disponíveis para as
plantas. As raízes das plantas possuem mecanismos específicos para
a aquisição de k do solo. Por exemplo, transportadores e canais de
k facilitam sua absorção sob condições de baixo suprimento de k.
O PAPEL DE PELOS RADICULARES
Os pelos radiculares são os principais órgãos para a aquisição
de água e nutrientes minerais do solo. Eles são constituídos por
células radiculares individuais, com formato tubular, que podem
estender-se por 80 a 1.500 mm dentro do solo (aproximadamente
a espessura de um cartão de crédito). Os pelos radiculares sobrevivem por alguns dias a até duas semanas. Enquanto novos pelos
radiculares estão sendo produzidos por trás da ponta da raiz, os
pelos radiculares mais velhos estão morrendo.
Os pelos radiculares facilitam a absorção de nutrientes principalmente pelo aumento da área superficial da raiz em contato com
o solo e pela diminuição da distância de difusão do P para a raiz. é
por meio da área superficial adicional fornecida por eles que ocorre
maior absorção de P. Foi demonstrado que os sistemas radiculares
que possuem pelos radiculares absorvem 78% mais P do que aqueles
sem pelos (BArLEy e rOvIrA, 1970). Plantas que se desenvolvem em solos deficientes em P frequentemente respondem à falta do
nutriente com o aumento do comprimento e da densidade dos pelos
radiculares. O aumento da colonização por fungos micorrízicos, os
quais podem estender-se a vários centímetros no solo deficiente em
P, também realizam trabalho semelhante por meio da transferência
de P para a raiz. Os pelos radiculares também são importantes para
a absorção de k, visto que aumentam a área superficial da raiz e da
zona de depleção de k no solo.
ACIDEZ DO SOLO E SALINIDADE
A acidez do solo é uma das restrições mais importantes para a
produção global das culturas. O crescimento debilitado das plantas
nos solos ácidos não é causado por um único fator, mas inclui a
toxicidade por alumínio (Al3+) e hidrogênio (h+) e várias outras
deficiências nutricionais (como Ca e P). Os sintomas iniciais
da concentração elevada de Al aparecem primeiramente como
encurtamento e espessamento das raízes. As raízes muitas vezes
adquirem coloração marrom e a ramificação diminui à medida que
o Al é acumulado. Plantas tolerantes ao Al usam ácidos orgânicos
para se desintoxicar do Al, tanto internamente como na rizosfera.
A aplicação de calcário é a prática mais amplamente adotada para
corrigir os solos ácidos. A adição de calcário reduz a concentração
do Al solúvel no solo, elevando o ph, e fornece mais Ca, o qual
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
limita a atividade radicular quando em baixas quantidades no solo. O
gesso também é útil como corretivo da falta de Ca nos solos ácidos.
Concentrações excessivas de sais também representam um
entrave para o crescimento das plantas em muitos solos agrícolas. Os
nutrientes devem ser dissolvidos na solução do solo antes de serem
absorvidos pelas raízes. No entanto, quando a concentração salina se
torna excessiva, o potencial da solução do solo fica igual, ou menor, ao
potencial da água nas células radiculares. Algumas plantas podem se
ajustar a essas condições de elevada salinidade, porém, muitas plantas
cultivadas não são tolerantes ao estresse osmótico e, assim, as células
radiculares e as membranas ficam permanentemente danificadas.
O estresse salino muitas vezes é mais visível nas folhas do que nas
raízes. As culturas diferem largamente na tolerância à salinidade
devido, principalmente, às diferentes capacidades das raízes de
excluir os sais absorvidos da planta. A lixiviação é o método mais
eficaz para a recuperação de solos salinos. A técnica recomenda a
aplicação de água em quantidade suficiente para dissolver e transportar os sais solúveis da zona radicular até o sistema de drenagem.
RESUMO
A manutenção das condições do solo favoráveis ao crescimento
saudável das raízes é fundamental para sustentar um abastecimento
alimentar seguro e promover a responsabilidade ambiental. A
melhor eficiência no uso de água, nutrientes e recursos é atingida
quando raízes saudáveis promovem melhor crescimento das culturas. Sem raízes saudáveis, o potencial de produção das plantas
não pode ser cumprido. A atenção recente para a importância das
várias funções das raízes conduzirá a melhor capacidade para gerir
sistemas de cultivo produtivos.
REFERÊNCIAS
BARlEy, k. P.; ROViRA, A. D. The influence of root hairs on the uptake
of phosphate. Communications in Soil Science and Plant Analysis, v. 1,
p. 287-292, 1970.
WATT, M.; WAssOn, A. P.; CHOCHOis, v. In: EShEL, A., BEECkMAN, T. (Ed.). Plant roots: The hidden half. Boca raton: FL CrC Press,
2013.
PRÊMIO IPNI BRASIL EM NUTRIÇÃO DE PLANTAS, VERSÃO 2015 –
PESQUISADOR SÊNIOR E JOVEM PESQUISADOR
As inscrições para o Prêmio IPNI Brasil em Nutrição de
Plantas estão abertas até 8 de Julho de 2015.
O Prêmio IPNI Brasil em Nutrição de Plantas tem por objetivo
reconhecer pesquisadores brasileiros que contribuem com
pesquisas relevantes em assuntos relacionados à missão
do Instituto. A premiação conta com o apoio da Sociedade
Brasileira de Ciência do Solo (SBCS).
Este ano, o prêmio será entregue no Congresso Brasileiro
de Ciência do Solo 2015, a ser realizado em Natal, RN, de
2 a 7/08/2015.
Este prêmio é anual e contempla os pesquisadores em
duas categorias: Pesquisador Sênior e Jovem Pesquisador.
Pesquisador Sênior: o Prêmio é indicado por sócios da
Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS), sendo o
julgamento dos indicados realizado por comissão sugerida
pela SBCS.
Jovem Pesquisador: são candidatos ao Prêmio todos os
alunos que enviam ao evento (Fertbio em anos pares e
Congresso Brasileiro de Ciência do Solo em anos ímpares)
trabalhos científicos relacionados às áreas de Fertilidade do
Solo, Nutrição de Plantas e/ou Adubos e Adubação.
Dr. Luís Prochnow (à esquerda) e os vencedores do Prêmio IPNI Brasil
2014: Dr. Victor Hugo Alvarez Venegas e Lívia Pereira Horta.
Premiados na categoria Pesquisador Sênior:
Premiados na categoria Jovem Pesquisador:
2014 - Dr. Victor Hugo Alvarez Venegas, UFV
2013 - Dr. Alfredo S. Lopes, UFLA
2012 - Dra. Janice G. de Carvalho, UFLA
2011 - Dr. Ibanor Anghinoni, UFRGS
2010 - Dr. Bernardo van Raij, IAC
2009 - Dr. Segundo S. Urquiaga Caballero, Embrapa Agrobiologia
2014 - Lívia Pereira Horta, UFMG
2013 - Roger Borges, UFPR
2012 - Fernando Viero, UFRGS
2011 - Carlos A. Casali, UFSM
2010 - Gelton G. F. Guimarães, UFV
2009 - Tancredo A. F. de Souza, UFPB
Mais informações podem ser obtidas no site do IPNI: http://info.ipni.net/Premio_Brasil
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
17
INTENSIFICAÇÃO SUSTENTÁVEL PARA
PROTEGER OS RECURSOS DOS SOLOS
Robert Mikkelsen1
Ensaio de campo mostrando o déficit de produtividade de milho (yield gap) no Zimbábue. À esquerda, talhão controle, à direita, parcelas
adubadas com NPK.
O
s solos desempenham papel vital na sustentação da
produção de alimentos no mundo, mas também fornecem suporte essencial para muitos outros serviços do
ecossistema, como armazenamento e filtragem de água, sequestro
de gases de efeito estufa, processamento de resíduos, hospedagem
microbiana e vida terrestre. Ameaças de degradação exigem maior
urgência na proteção e reconstituição dos solos. Especialistas
calculam a necessidade de aumento da produção de alimentos em
70% até 2050 para alimentar a crescente população mundial. Sem
o manejo adequado dos recursos do solo será impossível atender
a essa demanda em expansão.
Agricultores líderes, cientistas e grupos governamentais estão
reunidos em torno do princípio da "intensificação sustentável".
Por meio desse modelo, busca-se aumentar a produção de alimentos nas áreas já existentes usando métodos que apresentem
menor pressão sobre o ambiente. O princípio da intensificação
sustentável surgiu do reconhecimento de que existe a necessidade
urgente de aumentar a produção de alimentos. O desafio é assegurar o aumento de produtividade com maior eficiência, alicerçado
em ações sustentáveis, sem a perda de novas áreas naturais. é
importante reconhecer que não há uma única maneira de alcançar
a intensificação sustentável, uma vez que deve ser adaptada aos
recursos e condições locais.
O conceito de déficit de produtividade, yield gap, é utilizado
para medir a diferença de rendimento obtido por agricultores mais
eficientes na produção (com limitações mínimas de crescimento
das culturas) em relação aos agricultores menos eficientes. Existem
inúmeros fatores que explicam os déficits de produtividade, porém,
existem muitas oportunidades para aumentar a produção de alimentos,
ajudando os agricultores a utilizar o solo, a água e os outros recursos
de forma mais eficiente (Tabela 1). Em recente avaliação mundial dos
déficits de rendimento, descobriu-se que quase três quartos das áreas
pouco produtivas poderiam melhorar significativamente a produtividade concentrando-se no aporte adequado de nutrientes (Figura 1).
Abreviações: K = potássio; N = nitrogênio; P = fósforo.
1
Vice-Presidente do IPNI, Diretor da Região Nordeste dos Estados Unidos; email: [email protected]
18
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
Tabela 1. Fatores que provocam perdas de produtividade e impedem a intensificação sustentável.
Deficiência e desequilíbrio de nutrientes
Estresse hídrico (secas e inundações)
Matocompetição
danos por insetos
doenças de plantas
Genética vegetal inferior
Manejo indequado do solo
Limitações do solo (salinidade, acidez, compactação, etc.)
Fonte: Lobell et al. (2009).
Cientistas agrícolas e agrônomos entendem que a
falta de qualquer um dos nutrientes essenciais para as
plantas é prejudicial ao crescimento e à produtividade
das culturas. Com o conhecimento avançado sobre
nutrição de plantas e manejo de nutrientes, e com a
abundância de excelentes materiais fertilizantes, é
imperativo que a principal causa do déficit de produtividade seja prontamente corrigida.
Práticas de manejo do solo abrangentes precisam
ser amplamente implementadas se os objetivos da
intensificação sustentável necessitam ser cumpridos.
Algumas dessas práticas incluem a manutenção do
solo coberto em grande parte do ano, utilizando
plantio direto e rotações de culturas apropriadas;
implementação de técnicas integradas de manejo
Grandes culturas: rendimento atingível alcançado (%)
de nutrientes, eliminando as restrições do solo que
limitam o crescimento da planta (como acidez e salinidade) e adoção de práticas de prevenção da erosão
e conservação da água.
Figura 1. Déficits de produtividade média de milho, trigo e arroz medidos como percentaO desafio de produzir alimentos em quantidades
gem do rendimento atingível alcançado no ano 2000. O déficit de produtividade
suficientes e com baixo impacto ambiental exige uma
em cada célula da grade é calculado como média ponderada da área das culturas
reavaliação cuidadosa das práticas atuais. O uso dos
e é exibido em 98% da área cultivada.
Fonte: Mueller et al. (2012).
recursos do solo em seu pleno potencial e a preservação das funções vitais do solo exigem engajamento
multi-disciplinar. Muitas das ferramentas necessárias
para eliminar os déficits de produtividade existentes já estão desen- REFERÊNCIAS
volvidas e as tecnologias disponíveis podem contribuir de forma lOBEll, D. B.; CAssMAn, k. g.; FiElD, C. B. Crop yield gaps: their
substancial para o aumento de produtividade. O objetivo atual é importance, magnitudes and causes. Annual Review of Environment and
implementar a intensificação sustentável em benefício da huma- Resources, v. 34, p. 179-204, 2009.
nidade em contexto global, e parte das medidas a serem seguidas MuEllER, n.D.; gERBER, J. s.; JOHnsTOn, M.; RAy, D. k.;
inclui o fortalecimento das ações de transferência de tecnologia, RAMAnkuTTy, n.; FOlEy, J. A. Closing yield gaps through nutrient and
water management. Nature, v. 490, p. 254-257, 2012. doi:10.1038/nature11420.
tanto em nível local como entre países.
VIII SIMPÓSIO REGIONAL IPNI BRASIL SOBRE
BOAS PRÁTICAS PARA USO EFICIENTE DE FERTILIZANTES
Visando o aumento da produção agropecuária brasileira, o
Instituto Internacional de Nutrição de Plantas (IPNI), realizou o
VIII Simpósio Regional IPNI Brasil sobre Boas Práticas para Uso
Eficiente de Fertilizantes em Vilhena, RO. Esse evento, coordenado pelo Dr. Eros Francisco, Diretor Adjunto do IPNI, abordou
o manejo adequado dos fertilizantes, de forma a utilizar a dose
e a fonte certas dos insumos, no local e na época corretas, com
respeito ao ambiente e à sociedade. O evento contou com o apoio
da Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA) e da
Faculdade Avec de Vilhena.
O objetivo do evento foi fornecer informações técnicas
aos produtores que buscam um sistema produtivo adequado,
aplicando o manejo agronômico que proporcione aumento da
eficiência dos insumos utilizados.
Mais informações em http://brasil.ipni.net/article/BRS-3338
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
19
APLICANDO OS PRINCÍPIOS DO MANEJO 4C
AO MANEJO LOCALIZADO DO SOLO
Brian Arnall1
Steve Phillips2
P
or definição, precisão
significa "ser preciso"
ou é uma "medida de
exatidão" em relação a alguma
prática. Essa definição descreve
perfeitamente o que tentamos realizar quando adotamos o manejo
de nutrientes 4C e selecionamos a
fonte certa, a dose certa, a época
certa e o local certo para a aplicação
de nutrientes. de fato, várias fontes
na literatura definem agricultura de
precisão (AP) como "a aplicação do
insumo certo, na época certa e no
local certo". Quando definem AP,
muitas pessoas tendem a pensar
apenas em equipamentos de alta tecnologia, satélites e computadores; porém, na realidade, a AP consiste no uso de informações
específicas do local para melhor auxiliar consultores e produtores
na tomada de decisão de manejo e na utilização mais eficaz e
eficiente dos insumos agrícolas. Em alguns casos, as tecnologias
de direcionamento automático e os aplicadores em taxa variável
facilitam esse processo, enquanto em outros, as ferramentas de
apoio à decisão de baixa tecnologia, como tabelas de cores da folha,
aumentam o conhecimento de forma eficaz e reduzem o risco da má
gestão. Também importante no manejo 4C é o mecanismo dinâmico
de interação entre os agentes envolvidos. As estratégias de manejo
de informação comuns na AP fortalecem consideravelmente este
componente do manejo 4C. do retorno imediato ao operador à
credibilidade da informação para os legisladores, a AP permite ir
além e mostrar às pessoas que está fazendo a coisa certa dentro da
porteira, ao invés de simplesmente dizer-lhes.
é a conexão entre a ciência dos 4Cs e as ferramentas e tecnologia da AP que aumenta a oportunidade dos agricultores e gestores
agrícolas de atingirem as suas metas de sustentabilidade e alcançarem
os seus objetivos de gestão. Por exemplo, a seleção da fonte certa
de nutrientes pode ter um grande impacto na eficiência de absorção da planta, evitando perdas potenciais, e na entrega pontual de
nutrientes essenciais. Novas tecnologias de nutrientes amplamente
utilizadas para atender essas necessidades são aquelas encontradas
nos fertilizantes com eficiência aumentada. Enquanto comercializado
em grande parte como uma solução, esses produtos incorporam a
interdependência do manejo 4C. Ao manter os nutrientes em for-
mas disponíveis para as plantas e
ao mesmo tempo protegendo-os de
diversos mecanismos de perda no
campo, essas fontes podem afetar a
taxa ideal de aplicação (em alguns
casos, baixando-a ligeiramente,
devido à maior eficiência de absorção), a época de aplicação (menor
risco de perda de nutrientes nas
aplicações pré-plantio ou no início
da estação) e o local de aplicação
dos nutrientes (a incorporação do
fertilizante não é tão crítica quando
a volatilização e o escoamento não
são motivo de preocupação).
A escolha da dose certa de fertilizante é desafiadora devido à
variabilidade temporal e espacial da disponibilidade de nutrientes
e da demanda das culturas. A equação de Stanford, que tem sido
historicamente utilizada para determinar a dose de fertilizantes
nitrogenados, afirma que a dose de n = [(n absorvido pela planta
– contribuições de n do solo) / eficiência de uso do fertilizante].
Este cálculo parece muito simples; no entanto, cada uma das variáveis incluídas na equação é afetada pela variabilidade no campo,
criando desafios ao produtor. Em primeiro lugar, a absorção de n
é impulsionada pelo rendimento. Enquanto o rendimento-alvo do
produtor tende a permanecer constante, o rendimento real obtido
pode ser muito diferente de um ano para o outro, principalmente para
a agricultura de sequeiro. Num estudo de longo prazo sobre fertilidade do trigo, realizado em Oklahoma, Estados Unidos, observou-se
que a produtividade média de grãos nos últimos dez anos foi de
53 bu acre-1, com faixa de produtividade de 31 a 88 bu acre-1
(Figura 1). A dose ótima econômica de N nos primeiros cinco
anos variou de 20 a 100 lb acre-1, representando quase o dobro da
eficiência agronômica no período de dez anos, unicamente devido
à variabilidade temporal que não poderia ter sido prevista antes da
estação de crescimento. Atualmente, os produtores têm acesso a um
conjunto de ferramentas que os auxiliam na seleção da dose certa
de fertilizante. A utilização de grandes bases de dados de respostas
regionais vinculadas ao solo específico e ao ambiente, a análise de
dados de rendimento de vários anos, os modelos de culturas e condições meteorológicas, os testes de tecido e os sensores que medem
o status da planta são todos os métodos atualmente utilizados para
otimizar as recomendações da dose de fertilizante.
Abreviações: AP = agricultura de precisão; N = nitrogênio; P = fósforo.
1
2
Professor Assistente, Precision Nutrient Management, Oklahoma State University, Estados Unidos; email: [email protected]
Diretor do IPNI, Owens Cross Roads, Alabama, Estados Unidos; email: [email protected]
20
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
Produtividade, bu acre-1
Dose ótima econômica de N, lb acre-1
Fonte
Época
Figura 1. Produtividades de trigo de inverno (bu acre-1) obtidas com o uso
de doses economicamente ótimas de n (us$ acre-1) em ensaio
de longo prazo, em Lahoma, Oklahoma. Cálculo da dose ótima
econômica: (Produtividade x 6,00) – (dose-N x 0,60). As doses
de N avaliadas variaram de 0 a 100. Apenas as parcelas que
receberam doses equilibradas de P e k foram avaliadas (dados
não publicados).
O estabelecimento de várias zonas de manejo dentro do campo
com base em uma combinação de fatores é uma forma bem testada e comumente utilizada para tratar a variabilidade espacial.
No entanto, mesmo quando se utiliza a melhor tecnologia para
identificar onde os campos precisam ser tratados de forma diferente, as limitações do equipamento impedem que os produtores
tratem a variabilidade espacial dos nutrientes no solo de forma
eficiente. Dr. Randy Taylor, especialista da Oklahoma state university Extension Machinery, assinala que os agricultores têm
aplicado o N em taxa variável há anos, sendo que nem sempre a
critério do produtor. Por exemplo, aplicadores de amônia anidra
comumente utilizados nos últimos anos muitas vezes aplicam
doses variadas de N ao longo do dia, conforme a temperatura
aumenta durante o dia e diminui à noite, causando alterações de
pressão dentro do tanque. Atualmente, os equipamentos avançados
não só permitem a dosagem uniforme em todo o aplicador, mas
também permitem alterações dinâmicas na dose de aplicação à
medida que o aplicador caminha pelo campo, seguindo um mapa
de prescrição, ou o uso de outras tecnologias, como os sensores
de culturas. As tecnologias de taxa variável atuais oferecem aos
produtores a possibilidade de obter a dose certa de fertilizante em
todas as áreas do campo.
Idealmente, a época certa para a aplicação de nutrientes corresponde ao momento da absorção pelas plantas e ocorre ao longo de todo
o ciclo vegetativo da cultura para garantir que os nutrientes aplicados
não sejam perdidos para o ambiente nem complexados organicamente
ou quimicamente em formas indisponíveis para as plantas. Melhorias
nas máquinas agrícolas permitiram aos produtores maior flexibilidade
em relação à época de aplicação de nutrientes, proporcionando-lhes a
possibilidade de cobrir o terreno mais rapidamente e caminhar sobre as
culturas mais altas. Aplicadores foram projetados com hastes capazes
de injetar o fertilizante com largura de trabalho de 1,80 m, enquanto
pulverizadores autopropelidos podem passar por meio de um campo
de milho na fase de pendoamento. A irrigação em taxa variável
é uma tecnologia que oferece aos produtores a oportunidade de
realizar aplicações controladas de nutrientes na cultura em toda
a estação de crescimento. A fertirrigação permite aos agricultures
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
Dose
Local
Fonte certa, dose certa,
época certa e local certo
Decisões requerem:
• Planejamento
• Bom manejo
• Adaptabilidade
• Criatividade
A ciência do manejo 4C apoia a implementação da agricultura de
precisão por meio da integração do conhecimento dos fatores que
controlam o fornecimento de nutrientes.
a possibilidade de ajustar a dose, a época e o local de aplicação de
fertilizantes para melhorar a eficiência do uso de nutrientes.
A escolha do local certo também pode ter implicações sobre
a eficiência dos nutrientes aplicados. Para os nutrientes imóveis,
tais como P e muitos dos nutrientes secundários, a aplicação do
fertilizante em faixas aumenta a sua eficiência de uso, melhorando a intercepção radicular e diminuindo o ritmo com que os
nutrientes se tornam indisponíveis para a planta por meio de
reações químicas.
A aplicação do fertilizante abaixo da superfície do solo
reduz as perdas por escoamento, volatilização e imobilização nos
resíduos das culturas. No passado, os produtores que adotaram
o plantio direto foram desafiados a melhorar a tecnologia de
aplicação de fertilizantes porque a maior parte dos equipamentos
disponíveis para incorporar fertilizantes causavam significativa
perturbação no solo. No entanto, o uso de aplicadores que causam
baixo impacto no solo tem permitido aos produtores incorporar
fertilizantes com pouca perda de resíduo da superfície. Estes
mesmos aplicadores também podem ser utilizados para incorporar o n aplicado em cobertura no trigo sem danificar a cultura,
oferecendo, assim, outra opção para mesclar o momento certo
e o local certo da aplicação de nutrientes.
Com a implementação da prática de manejo de nutrientes 4C
os produtores são capazes de maximizar os rendimentos, otimizar
a eficiência dos fertilizantes e minimizar os impactos ambientais. A
adoção do manejo 4C requer planejamento, boa gestão, capacidade
de adotar novas ideias e criatividade. Muitas das tecnologias da AP
disponíveis atualmente ajudam no objetivo de melhor administrar
a terra. Um programa bem sucedido de AP deve ser baseado na
ciência agronômica adequada, tal como os princípios fundamentais
que norteiam o manejo de nutrientes 4C.
21
DIVULGANDO A PESQUISA
DECOMPOSIÇÃO E LIBERAÇÃO DE MACRONUTRIENTES DA
PALHADA DE MILHO E BRAQUIÁRIA, SOB INTEGRAÇÃO
LAVOURA-PECUÁRIA NO CERRADO BAIANO
FLáVIA CRISTINA dos SANTOS, MANOEL RICARDO de ALBUQUERQUE FILHO, LOURIVAL VILELA, GILVAN BARBOSA FERREIRA,
MARIA da CONCEIçãO SANTANA CARVALHO, JOãO HERBERT MOREIRA VIANA. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 38,
n. 6, p. 1855-1861, 2014.
O
sistema de integração lavoura-pecuária (ILP) foi
amplamente difundido nos últimos anos pelos benefícios que proporciona à atividade agropecuária, com
possibilidade de ganhos econômicos e ambientais, entre outros.
Nesse sistema, o consórcio milho e braquiária merece destaque por
ser a combinação predominante na ILP, ocupando as maiores áreas
de cultivo. O conhecimento da dinâmica de decomposição e liberação de nutrientes em sistemas de produção é de grande importância
para o manejo da fertilidade do solo e para a economia de recursos.
dessa forma, foi conduzido um experimento em solo de Cerrado do
oeste baiano com o objetivo de estudar a decomposição e liberação
de macronutrientes da palhada de milho mais Brachiaria ruziziensis,
sob sistema de integração lavoura-pecuária (ILP). As avaliações
foram realizadas por meio de litterbags coletadas aos 0, 15, 40,
110, 170 e 220 dias após a dessecação da palhada, que ocorreu em
outubro de 2008. A matéria seca total inicial foi de aproximadamente
6,6 Mg ha-1, com meia-vida de 115 dias (Figura 1). A liberação de
nutrientes desse volume de palhada, com o respectivo percentual em
relação à quantidade total de nutrientes acumulada na planta, até o
final das avaliações, foi de 29,3 kg ha-1 n (62%); 7,8 kg ha-1 P (80%);
42,2 kg ha-1 k (94%); 48,6 kg ha-1 Ca (74%); 17,0 kg ha-1 Mg (81%)
e 7,7 kg ha-1 S (79%). Esses resultados auxiliam o manejo da adubação das culturas e se traduzem em economia de recursos. Como
exemplo, e transformando-se as quantidades de nutrientes liberadas
até os 110 dias, período de certa coincidência com o florescimento
da cultura sucessora principal, pelos três principais macronutrientes
(N, P e k) em quantidade de adubos, ter-se-ia uma economia de
R$ 243,00 ha-1 (Tabela 1). Esse valor é de grande impacto econômico, considerando-se que na fazenda onde foi realizado o experimento cultivam-se cerca de 15.000 ha; logo, haveria uma economia
total em fertilizantes estimada de R$ 3.650.700,00.
Conclusões:
• A dinâmica de decomposição e liberação de nutrientes evidencia uma rápida disponibilização de até, aproximadamente,
70 dias após a dessecação, à exceção do N.
• Praticamente todo o k foi liberado da palhada de milho + braquiária, restando cerca de 20% dos demais macronutrientes.
• Em relação à matéria seca de palhada, 36% da quantidade
inicial permaneceram na área após o período de avaliação.
Figura 1. variação na massa de matéria seca de cobertura do solo em função de dias após a dessecação das plantas com herbicida. Barras
verticais representam o desvio-padrão da média de cada ponto.
Tabela 1. Economia (R$ ha-1) com base nas quantidades de fertilizantes equivalentes às quantidades de N, P e k liberadas pela palhada até 110 dias
após a dessecação.
Nutriente
N
Liberado pela palhada
Equivalente em fertilizante(1)
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (kg ha ) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -1
26,5
59
Economia
(R$ ha-1)
77,29
P (P2O5)
7,3 (16,7)
93
63,24
k (k2O)
51,0 (51,0)
85
102,85
Total
243,38
n: ureia (45% n, R$ 1,31 kg-1); P: superfosfato simples (18% P2O5, R$ 0,68 kg-1); k: cloreto de potássio (60% k2O, R$ 1,21 kg-1). Preços locais dos
adubos a granel.
(1)
22
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
EM DESTAQUE
NUTRIÇÃO DE PLANTAS COMO FERRAMENTA
DO ENGENHEIRO FLORESTAL
IPNI NA LUTA PARA MELHORAR A PRODUTIVIDADE
DAS CULTURAS NO BRASIL
Em abril, dr. valter Casarin, diretor Adjunto do IPNI,
ministrou a aula intitulada "A Nutrição de Plantas como ferramenta do engenheiro florestal” para os alunos da XXVi turma
do curso de graduação Engenharia Florestal da Faculdade de
Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp, Campus de Botucatu.
Durante a aula, Dr. Casarin apresentou tópicos técnico-científicos
sobre o tema abordado, além de experiências profissionais, com
o intuito de motivar os futuros engenheiros florestais. A aula
ministrada faz parte da programação da disciplina de Nutrição
Mineral de Plantas, sob responsabilidade do professor Thiago
Assis rodrigues Nogueira, do departamento de Solos e recursos
Ambientais da FCA.
Em recente visita ao estado do rio Grande do Sul, dr. Luís
Prochnow, Diretor do iPni Brasil, apresentou a palestra "Desafios
para a obtenção de maiores produtividades das culturas no Brasil"
a mais de 200 pessoas na Universidade de Passo Fundo. durante
a apresentação, dr. Prochnow discutiu sobre as várias limitações
enfrentadas pela agricultura brasileira que limitam a produtividade
das culturas. Ele abordou questões das mais básicas às mais complexas e enfatizou a necessidade de melhorar a eficiência do manejo
nutricional das culturas.
Dr. Luís Prochnow apresentando os desafios para aumentar a produtividade das culturas, em Passo Fundo, RS.
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MANEJO
DO SOLO DA ESALQ
XXVI turma do curso de graduação Engenharia Florestal da Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp, Campus de
Botucatu, SP.
dr. Eros Francisco, diretor Adjunto do IPNI, ministrou aula
sobre dinâmica de Nutrientes no Solo para a turma de alunos do
curso de especialização em Manejo do Solo da ESALQ em Primavera do Leste-MT.
WEBINAR DIVULGA AS BOAS PRÁTICAS DE MANEJO DO
PERFIL DO SOLO PARA ALTAS PRODUTIVIDADES
dr. Eros Francisco, diretor Adjunto do IPNI Brasil, moderou
a palestra do Sr. Ivo Frare, consultor agrícola, que discorreu sobre
as melhores práticas de manejo do solo para a produção de grãos
no Brasil com a palestra “Construção do Perfil do solo para Altas
Produtividades”. Segundo o palestrante, “avaliar e corrigir a acidez
do solo subsuperficial é um fator-chave para a obtenção de alta
eficiência no uso de nutrientes em regiões onde as condições são
limitantes”. Os vídeos do webinar estão disponíveis em http://
brasil.ipni.net/article/BrS-3331 e http://brasil.ipni.net/article/
BrS-3334
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
Dr. Eros junto à turma de alunos do curso de especialização em Manejo
do Solo da ESALQ, em Primavera do Leste, MT.
23
IPNI NO DIA DE CAMPO SOBRE MANEJO DO CAFEEIRO
No dia 15 de maio, a Emater-rO realizou um dia de campo
sobre a cultura do cafeeiro no município de Ministro Andreazza,
rO, na propriedade do Sr. Gilmar Monteiro, que contou com a
visita de produtores da região. dr. Eros Francisco, diretor Adjunto
do IPNI Brasil, apresentou aos participantes os princípios da boa
nutrição das plantas de cafeeiro e do manejo da adubação: “o estado
de rondônia é um importante produtor de café do tipo Conilon,
cuja área cultivada é de aproximadamente 100 mil hectares, porém,
apresenta nível tecnológico de manejo associado a baixas produtividades (10-15 sacas ha-1). Contudo, há produtores investindo
no manejo do solo e na boa nutrição da planta, obtida com o uso
adequado de nutrientes, como, por exemplo, nesta propriedade, na
qual a intensificação do cultivo do cafeeiro proporcionou produtividades acima de 100 sacas ha-1, demonstrando o potencial produtivo
desta cultura na região”, disse dr. Francisco. O IPNI Brasil tem
realizado atividades de difusão de informação sobre o uso adequado
de nutrientes nos Estados de rondônia e Piauí como parte de um
programa de aproximação de regiões no país que apresentam índices inadequados de aproveitamento de nutrientes para algumas
culturas, visando, com isso, contribuir para o aumento produtivo
do agroecossistema.
DR. PROCHNOW VISITA FAZENDA CONHECIDA POR
ADOTAR A CONSERVAÇÃO DO SOLO
dr. Luis Prochnow, diretor do IPNI Brasil, visitou a fazenda
Sementes Falcão, próxima a Passo Fundo, rS, reconhecida por
adotar excelente manejo da conservação do solo. Com o emprego
da tecnologia há aumento da eficiência nos cultivos, principalmente
na utilização de nutrientes.
Conservação do solo observada na Fazenda Sementes Falcão, em
Passo Fundo, RS, com baixa perda de água e nutrientes.
QUEBRANDO BARREIRAS NA PRODUTIVIDADE DE SOJA
Dr. Eros Francisco, instruindo os participantes.
Dr. Eros Francisco no dia de campo sobre café.
24
Um novo experimento está sendo conduzido em Ponta Grossa,
Pr, com o objetivo de estudar o efeito de diferentes fatores de
produção no rendimento de grãos de soja. A atividade faz parte
das ações de pesquisa do IPNI sobre sistemas de produção de soja
propostas para as Américas: Quebrando barreiras na produtividade
da soja: Integração de práticas de produção de culturas e estratégias de fertilização – Sistema de Cultivo 2014. Essa é uma região
agrícola muito importante no Brasil e na qual a soja está inserida no
sistema de rotação de culturas, juntamente com o milho, que também está sendo pesquisado. Esta é a primeira fase do experimento,
e os resultados estarão disponíveis em Junho de 2015. Para saber
mais sobre o projeto visite o site: http://research.ipni.net/project/
IPNI-2014-GBL-62#
Sistemas experimentais de produção de soja em Ponta Grossa, PR.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
IPNI NAS GRANDES REGIÕES PRODUTORAS DE SOJA
E MILHO NO ESTADO DO PIAUÍ
dr. valter Casarin, diretor Adjunto do IPNI Brasil, visitou
as três principais regiões agrícolas do Estado do Piauí. durante
a viagem, dr. Casarin reuniu-se com os principais produtores de
soja e milho, participando de palestras e dias de campo. O objetivo
da viagem foi conhecer as novas áreas de produção bem como o
manejo nutricional adotado. "O Piauí é uma região que carece de
informações técnicas e o IPNI desenvolverá alguns trabalhos de
pesquisa para determinar o manejo nutricional correto, especialmente de fósforo e potássio", disse dr. Casarin.
IPNI NO SIMPAS 2015
dr. Luis Prochnow, diretor do IPNI Brasil, apresentou uma
palestra sobre Boas Práticas para uso Eficiente de Fertilizantes
durante o SIMPAS 2015 – Sistemas Integrados de Manejo na
Produção Agrícola Sustentável –, ocorrido em Barbacena, MG.
O SIMPAS é um simpósio organizado por várias instituições,
incluindo o IPNI Brasil, com o objetivo de proporcionar atualização dos profissionais relacionados à assistência técnica, extensão
rural, pesquisa e ensino, dentro de uma visão integrada de produção
agrícola sustentável, com o intuito de estabelecer práticas racionais
de aumento de produtividade e de rentabilidade do agronegócio
brasileiro, em diferentes regiões do Brasil. A apresentação do
dr. Prochnow focou o Manejo de Nutrientes 4C e forneceu exemplos de campo sobre como melhorar a produtividade das culturas
e os retornos sobre os investimentos em agricultura.
Dia de campo com produtores no Piauí.
Organizadores e palestrantes do SIMPAS 2015, em Barbacena, MG.
IPNI PROMOVE ATIVIDADE SOBRE MANEJO DE
NUTRIENTES 4C NO ESTADO DE RONDÔNIA
Abertura de novas áreas para a produção de soja no Piauí.
WEBINAR AJUDA A DIVULGAR O MANEJO 4C NO BRASIL
dr. valter Casarin, diretor Adjunto do IPNI Brasil, moderou
a apresentação do dr. Eros Francisco e do Sr. Evandro Lavorenti
no webinar sobre balanço de nutrientes na agricultura brasileira
no período de 2009-2012, bem como na apresentação da nova
ferramenta de balanço de nutrientes, que está disponível para
uso no site do IPNI Brasil. O IPNI Brasil tem se esforçado para
desenvolver periodicamente o balanço de nutrientes na agricultura
brasileira; além disso, desenvolveu uma ferramenta para cálculo
do balanço de nutrientes no nível de exploração. desde o seu lançamento, em Novembro de 2014, mais de 2.200 usuários visitaram
o site para fazer uso da ferramenta. Para melhor entendimento da
ferramenta, o IPNI Brasil desenvolveu um webinar para detalhar o uso do balanço de nutrientes, o qual está disponível em
http://brasil.ipni.net/article/BrS-3334
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
dr. Eros Francisco, diretor Adjunto do IPNI Brasil, em
parceria com instituições locais, realizou uma série de apresentações sobre a utilização de nutrientes em soja, café e gramíneas
forrageiras, para consultores, agricultores e estudantes em regiões
agrícolas importantes no estado de rondônia. As palestras
fazem parte da iniciativa do iPni na difusão do uso eficiente de
nutrientes no estado de rondônia, o qual apresenta, de acordo
com o último balanço de nutrientes realizado (http://www.ipni.
net/publication/ia-brasil.nsf/issue/IA-BrASIL-2014-145), certo
desequilíbrio no uso de N e k. Sete apresentações foram feitas
em três locais diferentes: rolim de Moura (80 participantes),
Jí-Paraná (350 participantes) e Ariquemes (295 articipantes).
"O estado de rondônia é muito importante para a economia da
região norte do país, apresentando crescimento significativo na
área plantada com grãos nos últimos anos, bem como rebanho
bovino comercial expressivo para a produção nacional de carne.
há pessoas sérias desenvolvendo pesquisas e educando os produtores, técnicos e estudantes locais, e o IPNI deseja colaborar
para que o uso de nutrientes seja mais eficiente, impactando
positivamente na produção agropecuária local", comentou
dr. Francisco. Essas atividades estão relacionadas ao Outcome 1
do Plano Estratégico do IPNI Brasil.
25
PAINEL AGRONÔMICO
ULTRA-ADENSAMENTO DE PLANTIO DE CITROS PODE
QUASE DOBRAR PRODUÇÃO
FOSFITO DE POTÁSSIO CONTROLA DOENÇAS
PÓS-COLHEITA DE UVAS
Plantar árvores de citros mais perto umas das outras aumenta a
produção, além de compensar as perdas causadas pelo huanglongbing
(hLB), considerada a mais severa doença dos citros da atualidade.
Os resultados foram registrados em experimentos desenvolvidos pela
Embrapa em parceria com a Estação Experimental de Citricultura de
Bebedouro (EECB), no interior paulista.
Segundo o pesquisador Eduardo Stuchi, da Embrapa Mandioca
e Fruticultura, “os ganhos são significativos com o pomar mais
adensado, principalmente nas primeiras etapas. “Chega-se a ter
até 89% a mais de produção quando você compara um pomar de
714 plantas por hectare (7 m x 2 m) contra um pomar de 238 plantas
(7 m x 6 m), nas cinco primeiras safras. A vantagem dos plantios mais
adensados se mantém até a décima safra. A partir daí (da 11ª a 15ª
safra), verificamos um ‘empate’. isso ocorreu porque não realizamos
podas. Por esse motivo, os pomares mais adensados ficaram prejudicados por terem as plantas muito próximas e, por isso, recebiam
menos iluminação. Mesmo assim, na média das 15 safras, a diferença
foi de 20% em favor do mais adensado”. (UniversoAgro)
Pesquisa da engenheira agrônoma rafaela Carolina Constantino
roma Almeida no programa de pós-graduação em Fitopatologia, da
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da USP,
em Piracicaba, avaliou o efeito do fosfito de potássio no controle
de doenças pós-colheita na cultura da uva, como a podridão mole e
o mofo cinzento. A recorrente preocupação com resíduos de agrotóxicos acima do permitido em alimentos, inclusive nas uvas, tem
exigido métodos alternativos no controle de doenças. No estudo, as
análises físico-químicas da uvas tratadas com o fosfito de potássio
não evidenciaram alterações significativas nos cachos após oito
dias, indicando que o produto não afeta sua qualidade.
“O fosfito de potássio é comercializado como fertilizante foliar
e existem vários trabalhos publicados demonstrando seu efeito
sobre o desenvolvimento de patógenos de importância pós-colheita,
porém ainda não havia nada descrito para as uvas”, comenta a
pesquisadora. Foi avaliado o efeito do fosfito de potássio sobre os
patógenos Rhizopus stolonifer, causador da podridão mole, Botrytis
cinerea, causador do mofo cinzento, e Colletotrichum gloeosporioides, causador da podridão da uva madura, tanto in vitro quanto em
bagas. O trabalho permitiu observar, de fato, o controle das doenças
estudadas, sendo que a aplicação do fosfito após a inoculação do
patógeno proporcionou cerca de 63% de controle da podridão mole
na maior concentração utilizada. (ESALQ)
ALGODÃO DE FIBRA LONGA PARA TECIDOS DE LUXO
Pesquisadores da Embrapa selecionaram linhagens de algodão
de fibra longa e adaptadas às condições de produção brasileiras. O
resultado da pesquisa foi publicado na revista Crop Science com o
título "seleção para aumento do comprimento da fibra de algodão
em progênies de Acala e tipos não Acala" . durante o estudo foi
obtida uma alta porcentagem de progênies (plantas filhas) de comprimento superior a 32 mm. O algodão de fibra longa permite a produção de fios mais finos usados pela indústria têxtil na confecção de
tecidos de luxo e linhas de costura. Apenas 3% da produção mundial
de algodão é de fibras longas ou extralongas e está concentrada nos
Estados Unidos, Peru e Egito, país que gerou a chancela "algodão
egípcio". O Brasil já cultivou algodão de fibra longa, o algodão
arbóreo (Gossypium hirsutum L.r. marie galante), mas a variedade
tem hábito de crescimento perene, o que significa que permanecem
vivas no campo por vários anos, o que dificulta o manejo do bicudodo-algodoeiro e praticamente já não vem sendo produzida nos
últimos dez anos. Os novos materiais têm ciclo anual e facilitam
o manejo do bicudo.
Para o pesquisador da Embrapa Algodão (PB) Luiz Paulo de
Carvalho, o algodão de fibra longa e extralonga é um importante
nicho de mercado que pode ser explorado pelos pequenos produtores
do Semiárido, a exemplo de outros algodões especiais como o colorido e o orgânico. “O Brasil tem um mercado potencial de cerca de
30 mil toneladas de pluma, que seriam suficientes para suprir esse
mercado e deixaríamos de importar esses materiais”. Segundo ele,
a melhoria da qualidade da fibra é uma das estratégias da cadeia
produtiva nacional para garantir competitividade. “O algodão tem
perdido mercado para as fibras sintéticas derivadas de petróleo e
uma aposta para garantir a sustentabilidade da cultura é investir em
fibras naturais de qualidade diferenciada e que remunere melhor o
produtor,” afirmou. (Embrapa Algodão)
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NOVA RECOMENDAÇÃO DE ZINCO
PARA A CANAVICULTURA
O Instituto Agronômico (IAC-APTA) apresentou uma nova recomendação de aplicação de zinco na adubação do plantio da cana-deaçúcar no Estado de São Paulo. Os novos estudos do IAC sugerem
o dobro da dose até então sugerida. Na nova tabela de adubação de
plantio para a cana, o IAC passa a recomendar a aplicação de até
dez quilos de zinco, por hectare, no sulco de plantio, em solos de
baixa fertilidade. O objetivo é aumentar a produtividade da cultura.
A correção da dose em solos deficientes em zinco poderá viabilizar
ganhos de 16% na produtividade da cana na primeira safra. “Além
de aumentar a produtividade, a aplicação de dez quilos, por hectare,
de zinco no sulco de plantio é capaz de proporcionar o efeito residual nas soqueiras e aumentar a produtividade da cana nas safras
subsequentes”, explica Estêvão vicari Mellis, pesquisador do IAC.
Conforme observado em estudos realizados pelo IAC, na
primeira e segunda soqueiras, o ganho médio na produtividade da
cana é de 10%. “Com uma única aplicação no plantio, o aumento da
produção pode chegar a 36 toneladas por hectare, em três safras de
cana”, afirma. Esse resultado deverá elevar a produtividade média
atual, que está em torno de 80 toneladas por hectare. As informações estarão na edição atualizada do Boletim 100, manual oficial de
recomendação de adubação e calagem para o Estado de São Paulo.
dados referentes à safra de 2012/13 indicam que a canavicultura,
principal atividade agrícola paulista, ocupa 5,53 milhões de hectares,
que representam 21% da área total do Estado. Segundo Mellis, cerca
de 60% desses campos podem estar deficientes em zinco. (iAC)
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
PRÊMIO BRASIL AGROCIÊNCIA – EDIÇÃO 2015
Da esquerda para a direita: Professor Luiz Roberto Guimarães; Professor Alfredo Scheid Lopes; ex-Ministro da Agricultura, Professor
Alysson Paolinelli e Professor Antônio Nazareno Mendes.
Pozati Comunicação
E
m Abril, durante a abertura da Agrishow – maior feira
agropecuária do país – o professor emérito da Universidade Federal de Lavras (UFLA), dr. Alfredo Scheid
Lopes, recebeu o Prêmio Brasil Agrociência, edição 2015, como
reconhecimento por sua contribuição para a construção e o desenvolvimento do agronegócio brasileiro, em especial na área de Ciência
do Solo. O prêmio foi entregue pelo vice-Presidente da república,
Michel Temer, juntamente com outras autoridades presentes na
cerimônia: governador de são Paulo, geraldo Alckmin; Ministra da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, kátia Abreu; secretário de
Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim
e o Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de
São Paulo (Faesp) e Presidente da Agrishow, Fábio Meirelles.
honrado com o reconhecimento, o professor destacou: “profundamente sensibilizado com essa homenagem, espero que ela,
muito mais do que representar um tributo às nossas atividades
no passado, me dê forças, vontade, coragem, garra, disposição e
saúde para continuar na defesa dos princípios éticos, científicos e
tecnológicos nos quais acredito. Para mim, essa homenagem tem
um significado mais especial neste ano em que comemoramos o Ano
Internacional do Solo”. O professor ainda dedicou a homenagem
aos alunos, nestes mais de 50 anos de atividade na ESAL/UFLA,
e ainda aos agricultores brasileiros, verdadeiros heróis no processo
da produção nacional. “vocês são a razão da minha existência
profissional”, completou.
O professor Alfredo Scheid foi escolhido para a distinção em
função de uma carreira e trajetória profissional de destaque no segmento agrícola mundial, sendo reconhecido nacional e internacionalmente como uma das maiores autoridades na área de fertilidade
e manejo de solos na região tropical.
O pioneirismo das pesquisas do professor Alfredo Scheid produziram conhecimentos científicos que levaram ao desenvolvimento
sustentável na região dos cerrados, sendo que as tecnologias de
manejo por ele desenvolvidas são hoje aplicadas em vários países
da América do Sul e da África.
O Prêmio Brasil Agrociência surgiu para estimular a produção de obras técnico-científicas que tragam resultados e
benefícios claros, tangíveis e mensuráveis para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro e com aplicação prática que
contribua efetivamente à sociedade.
É um reconhecimento à contribuição do agronegócio à sociedade brasileira e se destina a pessoas ligadas a entidades
públicas ou privadas (empresas, institutos de pesquisa e
universidades). Esta é uma iniciativa das entidades sócias
da Agrishow – ABAG, ABIMAQ, ANDA e SRB – e de seu
Presidente, Maurílio Biagi Filho.
A partir de 2015, o Prêmio será concedido anualmente a
personalidades de destaque nas categorias: Fitotecnia, Zootecnia, Engenharia Rural, Economia Rural e Sustentabilidade.
Para valorizar e conferir maior credibilidade ao Prêmio, a direção da Agrishow decidiu convidar personalidades renomadas
e respeitadas nacionalmente para constituir o Conselho de
Notáveis, que ficará encarregado de julgar os projetos inscritos. O Conselho de Notáveis será composto por grandes
nomes do agronegócio e da pesquisa e seu Curador será o
ex-Presidente da Embrapa, Silvio Crestana. Também compõem o Conselho: os ex-Ministros da Agricultura, Antônio Delfim
Netto, Alysson Paulinelli, Luiz Fernando Cirne Lima e Marcus
Vinicius Pratini de Moraes; os ex-Presidentes da Embrapa,
Eliseu Roberto de Andrade Alves e Carlos Magno Campos da
Rocha; os ex-Diretores da Faculdade de Agronomia, Antônio
Roque Dechen, Antônio Nazareno Guimarães Mendes; o professor Paulo Gabriel Nacif, além do ex-Diretor do IAC (Instituto
Agronômico de Campinas), Ondino Cleante Bataglia.
O Prêmio distribuirá, inicialmente, entre os vencedores, o valor
de R$ 150 mil, cotizado entre as realizadoras da feira, que
também formam a Comissão Organizadora da premiação:
ABAG – Associação Brasileira do Agronegócio, ABIMAQ –
Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, ANDA – Associação Nacional para Difusão de Adubos,
FAESP – Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de
São Paulo e SRB – Sociedade Rural Brasileira. Além desse
montante, o projeto contempla a possibilidade de se ampliar,
significativamente, a premiação anual nos próximos anos.
Junto com o prêmio, cada vencedor receberá um troféu e
um selo, que poderá ser utilizado em cartões de visitas,
websites, como divulgação do premiado e das instituições
nas quais ele atua.
Foto: Antônio Sérgio/Revista Cafeicultura.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
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CURSOS, SIMPÓSIOS E OUTROS EVENTOS
SIMPÓSIO IPNI BRASIL SOBRE BOAS PRÁTICAS PARA
USO EFICIENTE DE FERTILIZANTES EM FERTIRRIGAÇÃO
Local: hotel Quality resort & Convention Center Itupeva
rodovia dos Bandeirantes - km 72, s/nº
Campinas – Itupeva, SP
Data: 8 a 10 de Setembro de 2015
Inscrições: Somente através do website do IPNI Brasil:
http://brasil.ipni.net
Informações: International Plant Nutrition Institute - IPNI Brasil
Contato: kelly Furlan
Telefone/fax: (19) 3433-3254 ou (19) 3422-9812
Email: [email protected]
PROGRAMA
8/SETEMBRO/2015 – TERÇA-FEIRA
14:00-14:30 h Abertura
PERíODO I – Panorama Mundial e Brasil
Moderador: Prof. Dr. Roberto Lyra Villas Boas, FCA/UNESP
14:30-15:30 h Visão geral sobre fertirrigação no mundo.
Harmen T. Holwerda, SQM
15:30-16:15 h Visão geral sobre fertirrigação no Brasil.
Prof. Dr. Marcos Folegatti, ESALQ/USP
16:15-16:45 h Coffee break
16:45-17:45 h O uso eficiente da água em fertirrigação.
Dra. Regina Célia Mattos Pires, IAC
17:45-18:30 h Princípios globais sobre BPUFs e dinâmica de
nutrientes visando o adequado uso em fertirrigação. Dr. Luís I. Prochnow, IPNI Brasil, e Prof.
Dr. Roberto L. Villas Boas, FCA/UNESP Botucatu
PERíODO III – Espaço Técnico (Palestras das empresas)
Moderador: Dr. Ondino Cleante Bataglia, Conplant
16:30-16:50 h Palestra 1 - SQM (patrocinadora OUrO)
16:50-17:10 h Palestra 2 - yArA (patrocinadora OUrO)
17:10-17:30 h Palestra 3
17:30-17:40 h Palestra 4 - hErINGEr (patrocinadora PrATA)
17:40-17:50 h Palestra 5
17:50-18:00 h Palestra 6
18:00-18:30 h Mesa redonda - Período III
10/SETEMBRO/2015 – QUINTA-FEIRA
PERíODO IV – Fertirrigação em Culturas
Moderador: Dr. Marcos Folegatti, ESALQ/USP
9/SETEMBRO/2015 – QUARTA-FEIRA
08:00-09:00 h Fertirrigação em culturas de grãos. Prof. Dr.
Durval Dourado Neto, ESALQ/USP
PERíODO II – Fundamentos da fertirrigação
Moderador: Dr. Luís Ignácio Prochnow, IPNI Brasil
09:00-09:30 h Fertirrigação em cana-de-açúcar. Dr. Glauber
José de Castro Gava, Apta Jaú
08:00-09:00 h Injetores e automação para fertirrigação.
Prof. Dr. Roberto Testezlaf, Unicamp
09:00-09:45 h Sistemas de aplicação de água e fertirrigação
com ênfase em gotejamento. Dr. Rubens Coelho,
ESALQ/USP
09:45-10:30 h Fertilizantes em fertirrigação. Prof. Dr. Arnaldo Antonio Rodella, Aposentado da ESALQ/USP
10:30-11:00 h Coffee break
11:00-11:45 h Química das soluções na fertirrigação. Dr. Pedro
Furlani, Conplant
11:45-12:30 h Uso de biofertilizantes e vinhaça em fertirrigação. Eng. Luiz Geraldo C. Santos, Sócio-Gerente
da Ensistec Consultoria
12:30-14:15 h Almoço
14:15-15:00 h Água de reuso em fertirrigação: da teoria a
prática. Prof. Dr. Adolpho José Melfi, Aposentado da ESALQ/USP
15:00-16:00 h Ferramentas para controle de fertirrigação.
Prof. Dr. Roberto Lyra Villas Boas, FCA/UNESP
Botucatu
16:00-16:30 h Coffee break
09:30-10:30 h Fertirrigação em fruteiras de clima tropical.
Palestrante em definição
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10:30-11:00 h Coffee break
11:00-11:30 h Fertirrigação por pulso em tangerina verona.
Dr. Raul Castro Carriello Rosa, Embrapa Mandioca e Fruticultura
11:30-12:00 h Fertirrigação em café. Dr. André Luís Teixeira
Fernandes, Uniube
12:00-12:30 h Fertirrigação em tomate. Eng. Agr. João R. A.
Junior, Consultor Agronômico
12:30-14:15 h Almoço
14:15-15:15 h Fertirrigação em fruteiras de clima temperado.
Dr. Gilmar Nachtigall, Embrapa Uva e Vinho
15:15-15:45 h Fertirrigação em flores. Roberto Barreto, Consultor Agronômico
15:45-16:15 h Fertirrigação em pasto rotacionado. Prof. Dr.
Luis Cesar Dias Drumond, UFV - Campus de Rio
Paranaíba
16:15-16:45 h Fechamento do evento
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
OUTROS EVENTOS
1. CONGRESSO MUNDIAL SOBRE SISTEMAS DE
INTEGRAÇãO LAVOURA-PECUÁRIA-FLORESTA
3º SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE SISTEMAS
DE INTEGRAÇãO LAVOURA-PECUÁRIA
Local: Centro de Convenções Ulysses Guimarães, Brasília, dF
Data: 12 a 17/JULhO/2015
Informações: Comissão Organizadora
Email: [email protected]
website: http://www.wcclf2015.com.br
7. II WORKSHOP DE FERTILIZANTES
Local: Auditório Central, Campus de rio Paranaíba, Universidade
Federal de viçosa, rio Paranaíba, MG
Data: 19 a 21/AGOSTO/2015
Informações: departamento de Solos - UFv
Fone: (31) 3899-1044
Email: [email protected]
website: http://www.gefert.com
2. VII SIMPÓSIO TECNOLOGIA DE PRODUÇãO DE
CANA-DE-AÇúCAR
Local: Piracicaba, SP
Data: 15 a 17/JULhO/2015
Informações: FEALQ
Email: [email protected]
website: www.fealq.org.br
8. 10º CBA - CONGRESSO BRASILEIRO DO ALGODãO
Local: recanto Cataratas Thermas resort Convention, Foz do
Iguaçu, Pr
Data: 2 a 5/SETEMBrO/2015
Informações: Comunicato Eventos Inteligentes
Fone: (61) 3028-9700
Email: [email protected]
website: http://www.congressodoalgodao.com.br
3. XXXV CONGRESSO BRASILEIRO DE CIêNCIA DO
SOLO
Local: Centro de Convenções de Natal, Natal, rN
Data: 2 a 7/AGOSTO/2015
Informações: Espacial Eventos
Fone: (31) 3899-2471
Email: [email protected]
website: http://www.cbcs2015.com.br
9. 44º CONBEA - CONGRESSO BRASILEIRO DE
ENGENHARIA AGRíCOLA
Local: hotel Fazenda Fonte Colina verde, São Pedro, SP
Data: 13 a 17/SETEMBrO/2015
Informações: SBEA
Fone: (16) 3203-3341
Email: [email protected]
website: http://www.sbea.org.br/conbea2015/
4. XXIX CONGRESSO BRASILEIRO DE AGRONOMIA
Local: rafain Palace hotel, Foz do Iguaçu, Pr
Data: 4 a 7/AGOSTO/2015
Informações: Ceres Eventos
Fone: (45) 3096-0081
Email: [email protected]
website: http://www.cba-agronomia.com.br/
5. II SIMPÓSIO DE NUTRIÇãO MINERAL DE
PLANTAS: EQUILíBRIO NUTRICIONAL QUE
MODULA A SANIDADE VEGETAL
Local: Anfiteatro Admar Cervellini, CEnA/usP, Piracicaba, sP
Data: 14/AGOSTO/2015
Informações: GELQ
Email: [email protected]
website: http://www.gelq.com.br
6. XIX CURSO SOBRE MANEJO DE NUTRIENTES EM
CULTIVO PROTEGIDO
Local: Instituto Agronômico, Campinas, SP
Data: 17 a 21/AGOSTO/2015
Informações: Elaine Abramides - Infobibos
Fone: (19) 3243-0396
Email: [email protected]
website: http://www.infobibos.com/mncp
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
10. INTERNATIONAL CITRUS CONGRESS
Local: Mabu Thermas & resort, Foz do Iguaçu, Pr
Data: 18 a 23/SETEMBrO/2016
Informações: F&B Eventos
Fone: (43) 3025-5223
Email: [email protected]
website: http://www.icc2016.com
11. 23º SEMINÁRIO DO CAFé DO CERRADO
Local: Espaço Cultural Municipal Joaquim Constantino Neto,
Patrocínio, MG
Data: 29/SETEMBrO/2015
Informações: ACArPA PATrOCINIO
Fone: (34) 3831-8080
Email: [email protected]
website: http://www.acarpa.com.br
12. ENCONTRO DE ADUBAÇãO DE PASTAGENS
Local: Centro de Eventos do ribeirão Shopping, Avenida Coronel
Fernando Ferreira Leite, 1540, ribeirão Preto, SP
Data: 29 e 30/SETEMBrO/2015
Informações: Scot Consultoria
website: http://www.scotconsultoria.com.br/
encontros/
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PUBLICAÇãO RECENTE DO IPNI
O livro Matemática e Cálculos para Agrônomos e Cientistas do Solo tem o objetivo de servir de literatura básica para aqueles
que necessitam de auxílio no entendimento e resolução de problemas envolvendo as diferentes atividades relacionadas à Agronomia,
como, por exemplo, emprego correto de unidades de medida; cálculos envolvendo fertilizantes; remoção de nutrientes do solo; aplicação de defensivos agrícolas; taxas de semeadura e população de plantas; armazenamento de forragem e grãos; correção da acidez,
sodicidade e salinidade do solo; estimativa de custo de produção, entre outras.
Com o progresso gradativo do conhecimento sobre aspectos relacionados à Agronomia, o livro procura propiciar condições
para que estudantes e profissionais do setor agronômico possam adquirir ou aprimorar seus conhecimentos.
Uma importante característica desta obra é apresentar, em cada capítulo, vários exercícios envolvendo situações reais e que
ajudam o leitor na solução dos problemas apresentados.
O livro tem 241 páginas (21,5 x 28,0 cm). A encadernação é em espiral.
Preço: R$ 120,00
Pedidos pelo site do IPNI: https://www.ipni.net/ppiweb/BRAZIL.NSF/IPNIBrasilPublications
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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
LANÇAMENTO RECENTE DO IPNI
BALANÇO DE NUTRIENTES NAS CULTURAS (BNC)
O balanço de nutrientes nas culturas
(BNC) é uma das ferramentas para avaliação do uso de fertilizantes na agricultura
e representa a diferença entre a saída
de nutrientes pela colheita (exportação)
e sua entrada no sistema (adubação).
Saldos negativos, nos quais a exportação
excede a adubação, levam à diminuição
da fertilidade do solo e, eventualmente, à
redução da produtividade, uma vez que a
disponibilidade de nutrientes cai abaixo
dos níveis críticos. Saldos positivos geralmente estão associados
ao aumento da fertilidade
do solo e podem, eventualmente, representar um
elevado risco de perda de
nutrientes para o ambiente.
O IPNI, acreditando
que a principal função
do manejo nutricional é
facilitar o equilíbrio entre
exportações e adições de
nutrientes em níveis que
suportem o crescimento
ideal das culturas e a
mínima perda de nutrientes, desenvolveu esta ferramenta visando facilitar
o acesso de agrônomos,
consultores, produtores e
técnicos às informações
de exportação e balanço
de nutrientes em 18 culturas cultivadas no Brasil. Em seu primeiro
acesso, o usuário deverá se cadastrar, fornecendo informações de
contato como nome, email e telefone. Todos os dados inseridos
serão armazenados para fins de levantamento estatístico.
O cálculo do balanço de nutrientes poderá ser feito para uma
cultura individualmente ou para uma sequência de culturas em um
sistema de produção. Para uma sequência de culturas, as informações serão adicionadas em abas individuais. Em ambos os casos,
haverá três etapas:
Etapa 1 (Exportação): selecione a cultura de interesse, informe
o valor da produção por unidade de área (produtividade) e pressione o botão calcular. Nesta etapa, serão informados os valores
da exportação de cada nutriente. Somente quando a cultura selecionada for a soja, deverá ser informado também se o manejo do
solo de cultivo é inadequado (ausência de palhada na superfície,
ocorrência de encharcamento prolongado em função de compactação, presença de forte acidez do solo e processo de inoculação
das sementes negligenciado) ou adequado (presença de palhada na
superfície, boa drenagem pela ausência de compactação, ausência
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
de forte acidez do solo e processo de
inoculação das sementes apropriado),
pois haverá impacto sobre a nodulação.
Após o cálculo da quantidade exportada
de nutrientes, o usuário poderá imprimir
o resultado ou enviá-lo para o email
cadastrado no primeiro acesso.
Etapa 2 (Adubação): introduza a
quantidade aplicada de cada nutriente na
adubação da cultura e pressione o botão
prosseguir. Caso tenha selecionado a
opção de múltiplas culturas, introduza
a quantidade aplicada de
nutriente em cada uma
delas, ou a quantidade total
aplicada no sistema.
Etapa 3 (Balanço): a
ferramenta irá, automaticamente, fornecer os valores
do balanço de nutrientes
e o índice de desfrute que
representa o percentual
exportado em relação à
adubação. Caso o balanço
de nutrientes seja calculado
para as culturas de soja ou
feijão, a ferramenta levará
em consideração que:
• Soja: a FBN atenderá
90% da quantidade de N
exportada em solos em
manejo adequado ou 80%
da quantidade de N exportada em solos em manejo inadequado.
Ademais, o balanço contabilizará o crédito de 30 kg ha-1 de N ao
sistema;
• Feijão: a FBN atenderá 50% da quantidade de N exportada.
Ao final da etapa 3 (Balanço), haverá a opção de impressão
do relatório para arquivamento ou o envio do mesmo para o email
cadastrado, bem como a possibilidade de visualização das informações em formato gráfico.
As culturas atualmente incluídas são: algodão, amendoim,
arroz, banana, batata, cacau, café (beneficiado), café (coco), canade-açúcar, feijão, fumo, laranja, mamona, mandioca, milho, soja,
sorgo, tomate, trigo.
A ferramenta é compatível com todos os computadores e dispositivos móveis e está disponível gratuitamente em:
Cultura solteira: http://ipni.info/balanco
Cultura em sistema de produção: http://ipni.info/sistema
Mais informações sobre a ferramente podem ser obtidas no site
do ipni: http://brasil.ipni.net/article/BrS-3293
31
Ponto de Vista
ANO INTERNACIONAL DOS SOLOS
Valter Casarin
E
sta edição do Jornal Informações
Agronômicas presta uma homenagem especial àquele que sustenta a
vida animal e a dos seres humanos no planeta:
O SOLO. é por intermédio dele que as plantas mantém sua sustentação física e obtém os
nutrientes minerais para sua sobrevivência. Utilizando esses nutrientes, os vegetais conseguem
metabolizar os diferentes compostos orgânicos
solos
que darão forma aos seus diferentes órgãos.
Os animais, quando se alimentam das plantas,
saudáveis
suprem suas necessidades nutricionais visando
seu crescimento e desenvolvimento. Assim,
para uma
podemos afirmar que, indiretamente, os animais,
para saciar suas necessidades minerais, estão
vida saudável
ingerindo solo, ou melhor, seus componentes.
À medida que nos tornamos mais urbanizados, menos contato direto temos com o
solo, e perdemos de vista o quanto dependemos
dele para nossa prosperidade e sobrevivência.
No futuro, nosso grau de dependência do solo
tende a aumentar. O crescimento geométrico
International
da população mundial está intimamente ligado
Year of Soils
à necessidade de produção de alimentos, e
isso evidencia o cuidado que devemos ter na
preservação do solo, tornando-se prioritário quando pensamos na
segurança alimentar. Basta lembrarmos de um dia comum em nossas
2015
vidas, quando nosso café da manhã é mantido pelo
solo, seja pelo fornecimento do trigo, que é transformado em pão, seja pelo café, ou seja pelo leite,
oriundo dos animais, cuja base de alimentação é o
capim. Isso permite entender que os animais são
vegetais transformados em carne e leite. No caso
do arroz e do feijão, base alimentar dos brasileiros,
são plantas que também têm seu desenvolvimento
dependente do solo. vale lembrar, ainda, das nossas roupas, as quais têm origem tanto do vegetal
(algodão) como do animal (lã).
Porém, a despeito da grande importância do
solo na manutenção da vida deste planeta, ainda
estamos muito longe de tratá-lo como um recurso
vital. A pouca informação da sociedade acerca
dos solos faz com que sua preservação tenha
pouca importância. Assim, devemos aprofundar
nosso conhecimento sobre preservação e manejo
do solo como fornecedor de recursos vitais se
desejarmos sobreviver como espécie. E ensinar
a esta e às futuras gerações a respeitá-lo e preservá-lo como mantenedor da vida neste planeta.
“No fim, conservaremos apenas o que amamos. Amaremos apenas o que compreendemos. E compreenderemos apenas o que nos
ensinaram”. (Baba Dioum)
INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTE
Avenida Independência, nº 350, Edifício Primus Center, salas 141 e 142
Fone/Fax: (19) 3433-3254 / 3422-9812 - CEP 13416-901 - Piracicaba (SP) - Brasil
LUÍS IGNáCIO PROCHNOW - Diretor, Engo Agro, Doutor em Agronomia
E-mail: [email protected] Website: http://brasil.ipni.net
VALTER CASARIN - Diretor Adjunto, Engo Agro, Engo Florestal, Doutor em Ciência do Solo
E-mail: [email protected] Website: http://brasil.ipni.net
EROS FRANCISCO - Diretor Adjunto, Engo Agro, Doutor em Agronomia
E-mail: [email protected] Website: http://brasil.ipni.net
MEMBROS DO IPNI
• Agrium Inc.
• Arab Potash Company
• Belarusian Potash Company
• BHP Billiton
• CF Industries Holding, Inc.
• Compass Minerals Plant Nutrition
• International Raw Materials Ltda.
• Intrepid Potash, Inc.
• K+S KALI GmbH
• LUXI Fertilizer Industry Group
• The Mosaic Company
32
• OCP S.A.
• PhosAgro
• PotashCorp
• Qatar Fertiliser Company
• Shell Sulphur Solutions
• Simplot
• Sinofert Holdings Limited
• SQM
• Toros Tarim
• Uralchem
• Uralkali
MEMBROS AFILIADOS AO IPNI
• Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA)
• Arab Fertilizer Association (AFA)
• Canadian Fertilizer Institute (CFI)
• International Fertilizer Industry Association (IFA)
• International Potash Institute (IPI)
• The Fertiliser Association of India (FAI)
• The Fertilizer Institute (TFI)
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015
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