Introdução NOTA: Este material foi preparado utilizando o livro “Lógica Elementar”, de Benson Mates, e o material “Lições de lógica” da Profa. Anbréa Loparic, além de notas de aula dos seus cursos. Trata-se somente de um material que pode servir de auxílio para o curso de Lógica 1 e que vem sendo ligeiramente alterado, mas que não foi elaborado com o rigor e o cuidado de um texto acabado. Porto Alegre, 20061. Sílvia Altmann 1. Introdução - Noções Lógicas Sentença ou proposição: Expressão que pode ser verdadeira ou falsa. Por exemplo: Várias bombas explodiram ao mesmo tempo em Madrid em 2004. Lula é o presidente do Brasil em 2005. Valor de verdade: Dizer que uma sentença é algo verdadeiro ou falso é dizer que ela tem valor de verdade. Assim, ter valor de verdade não significa ser verdadeira. Tanto o verdadeiro quanto o falso são valores de verdade possíveis para uma sentença. Por exemplo, "O Brasil é uma república" tem o valor de verdade verdadeiro; "O Brasil é parlamentarista" tem o valor de verdade falso. Argumento: Conjunto de afirmações onde se pretende oferecer certas proposições ou sentenças como base para a afirmação de outras. Exemplos: 1) O ataques em Madrid em 2004 foram obra do ETA, já que os explosivos são do mesmo tipo dos usados pelo ETA. 2) Como o ETA não costuma fazer ataques orquestrados e costuma avisar sobre atentados em locais públicos, dado que várias bombas explodiram ao mesmo tempo em Madrid em 2004 e não houve aviso prévio ao atentado, ele não foi responsável pelos ataques de 2004. Premissas e conclusão: As afirmações que servem de apoio são chamadas de premissas, ao passo que a afirmação que se pretende seja sustentada pelas premissas é chamada de conclusão. Podemos rescrever os argumentos explicitando o que é premissa e o que é conclusão. Por exemplo: Pr. 1: O ETA não costuma fazer ataques orquestrados e costuma avisar sobre atentados em locais públicos. Pr. 2: Várias bombas explodiram ao mesmo tempo. Pr. 3: Não houve aviso prévio. Conclusão: Logo, o ETA não foi o responsável pelos ataques. Observe que algo pode ser apresentado como conclusão de um argumento mesmo que não se trate de uma conclusão legítima do argumento, isto é, mesmo que a conclusão não se siga das premissas. Exercício I – Reconhecimento de argumentos Validade ou legitimidade de argumentos: Um argumento é legítimo ou válido se for impossível que suas premissas sejam verdadeiras e sua conclusão, falsa – ou seja, se, caso as premissas fossem verdadeiras (não importa se o são ou não), então a conclusão não poderia ser falsa. Relação de conseqüência lógica entre proposições: Uma proposição p é conseqüência lógica de uma proposição q (ou conjunto de proposições ) se for impossível que essa proposição p seja falsa caso a proposição q (ou todas as do conjunto ) seja verdadeira. (Assim, num argumento válido, a conclusão é conseqüência lógica da premissas.) Contra-exemplo: Raciocínio da mesma forma de um certo argumento no qual fica evidente que o argumento em questão não é válido. Lógica I - 2005 1 Introdução Contradição e proposições contraditórias Uma proposição é uma contradição (ou uma falsidade lógica) se é impossível que ela seja verdadeira. Por exemplo: "Tenho em casa um quadrado redondo de decoração". Duas proposições são contraditórias se uma implica a negação da outra – o que é o mesmo que dizer que duas proposições são contraditórias se não podem ambas ser verdadeiras ao mesmo tempo. Conjunto de proposições inconsistente Um conjunto de proposições é inconsistente se for impossível que todas as proposições sejam verdadeiras. Conjunto consistente Um conjunto é consistente se é possível que todas as suas proposições sejam conjuntamente verdadeiras. Verdade lógica Uma proposição é uma verdade lógica ou uma verdade analítica ou uma proposição válida se for impossível que ela seja falsa. Por exemplo: "Chove ou não chove". Exercício II - Definições 1. Introdução – Lógica formal Expressões para forma e expressões para conteúdo Podemos, grosso modo, falar de expressões na linguagem ordinária que servem para marcar um conteúdo (aquilo de que estamos falando) por contraposição a expressões de outro tipo que podemos chamar, frouxamente, de expressões para a "forma". Por exemplo, no seguinte argumento: Pr. 1: Todos os homens são racionais. Pr. 2: Alguns seres racionais são mulheres. Pr. 3: Todas as mulheres loiras são burras. Concl.: Ou algum ser racional não é loiro ou todos os seres racionais são burros. Mesmo sem uma definição menos "frouxa", podemos dizer que expressões como "homens", "racionais", "mulheres", "loiras", "burros" servem para designar um conteúdo, servem para designar do que estamos falando. Já "todos", "alguns", "não", "ou" não funcionam assim. Digamos, por contraposição às expressões para conteúdo, que elas servem para marcar uma "forma". Argumento válido em função da forma Consideremos agora o seguinte argumento: Pr. 1: Bebês são ilógicos Pr. 2: Ninguém que possa lidar com um crocodilo é desprezível. Pr. 3: Pessoas ilógicas são desprezíveis. Concl: Bebês não podem lidar com um crocodilo. Percebemos que esse argumento é válido, isto é, que não é possível que as premissas sejam verdadeiras e a conclusão, falsa, seja lá o que for que as expressões para conteúdo designem. Tanto é assim, que podemos substituir as expressões para conteúdo pelo que podemos chamar de letras esquemáticas e representar a forma do argumento: Pr. 1: Os As são Bs Pr. 2: Ninguém que (tal e tal coisa) C é D – Nenhum C é D Pr. 3: Os Bs são Ds. Concl: Os As não são Cs. Lógica I - 2005 2 Introdução Percebemos que o que quer que coloquemos no lugar de A, B, C e D, teremos um argumento válido. Dizemos, então, que esse é um argumento válido em função da forma. Contra-exemplo: Argumento com a mesma estrutura de um outro argumento mas que deixa evidente que é possível premissas verdadeiras e conclusão falsa. Por exemplo, consideremos o seguinte argumento: Pr. 1: A maioria dos livros da biblioteca nunca foi lida. Pr. 2: A maioria dos livros da biblioteca foi resenhada. Concl.: A maioria dos livros da biblioteca foram resenhados sem terem sido lidos. Não sabemos se as sentenças em questão são verdadeiras ou falsas, mas podemos representar a "forma" do argumento através da seguinte estrutura: Pr. 1: A maioria de A é B. Pr. 2: A maioria de A é C. Concl.: A maioria de A é B-C. Suponha que tenha o seguinte desenho: um retângulo com 3 quadrados, dois preenchidos e um vazado e 2 círculos vazados: Se substituímos A por "figuras nesse retângulo", B por "ser quadrado" e C por "ser vazado", percebemos a ilegitimidade do argumento. O argumento Pr. 1: A maioria das figuras neste retângulo são quadrados. Pr. 2: A maioria das figuras neste retângulo são vazadas. Concl: A maioria das figuras neste retângulo são quadrados vazados. é um contra-exemplo para o argumento sobre os livros, já que, por ter premissas verdadeiras e conclusão falsas, evidencia que a forma do argumento em questão não é válida. Exercício III – Forma lógica Lógica I - 2005 3 1. Linguagem L 1. Linguagem L 1.1. Vocabulário de L: Podemos, agora, começar a introduzir o vocabulário de uma linguagem artificial que funcionará como um instrumento para estudar propriedade lógico-formais da linguagem. Variáveis: letras minúsculas de u até z com ou sem um natural positivo como índice inferior. (Assim como as constantes individuais, são chamadas de símbolos individuais.) Ex.: u, x, y, z. u1, x1, y1, z1 u1, x2, y3, z4 ... Constantes individuais: letras minúsculas de a até t com ou sem um natural positivo como índice inferior. (Assim como as variáveis, são chamadas de símbolos individuais.) a, b, c, d,...,t a1, b1, c1, d1,...,t1 a2, b2, c2, d2,...,t2 a3, b3, c3, d3,...,t3 ... Letras predicativas de grau n: Letras maiúsculas com inteiro positivo como índice superior (que indica o grau ou "aridade" da letra) com ou sem índice inferior. P1, Q1, R1,... P11, Q11, R11,... P21, Q21, R21,... ... P2, Q2, R2,... P12, Q12, R12,... P22, Q22, R22,... ... P3, Q3, R3,... ... Letras sentenciais: Maiúsculas com ou sem índice inferior P, Q, R, S, ... P1, Q1, R1, S1, ... P2, Q2, R2, S2, ... P3, Q3, R3, S3, ... ... Constantes lógicas: conectivos unário e binários: , , , , (sinais para negação, conjunção, disjunção, implicação ou condicional e bi-implicação ou equivalência. quantificadores: e (quantificador universal e quantificador existencial) símbolos de pontuação: ( ) 1.2. Gramática de L: Definição de Fórmula: Fórmula atômica: Uma letra predicativa n-ária seguida de n-termos é uma fórmula atômica e uma letra sentencial é uma fórmula atômica. Fórmula molecular: Se e são fórmulas, , (), (), () e () são fórmulas. Fórmula geral: Se é uma fórmula e é uma variável, e são fórmulas. Nada mais é fórmula. Exs.: R2ab Lógica I - 2005 (PyR2ya) x(F1z(PyR2ya)) 4 1. Linguagem L Árvore de geração de fórmula Dada a definição de fórmula, temos que qualquer fórmula é ou atômica (letra sentencial ou letra predicativa seguida de n-termos) ou é o resultado da aplicação de , ou (onde é uma variável) a uma fórmula ( é ou ou ) ou é o resultado da aplicação de um dos conectivos binários a duas fórmulas 1 e 2 ( é da forma (12) ou (12) ou (12) ou (12)). Podemos, então “desmontar” a fórmula em fórmulas mais simples através de uma árvore de geração de fórmulas: Ex: ((R2xy xF1x) (x(F2xy G1x) yR2yx)) Para saber qual conectivo corresponde a cada parênteses podemos numerar os parânteses so seguinte modo. Leio a fórmula da esquerda para a direita prestando atenção nos parênteses e nos conectivos binários. A fórmula começa abrindo um parênteses. Começo numerando esse um: ((R2xy xF1x) (x(F2xy G1x) yR2yx)) 1 Em seguida, outro aberto. Como o último aberto foi o 1, numero o seguinte como 2: ((R2xy xF1x) (x(F2xy G1x) yR2yx)) 12 Ao encontrar um conectivo binário, numero-o como o último parênteses aberto: ((R2xy xF1x) (x(F2xy G1x) yR2yx)) 12 2 Ao encontrar um parêntese que fecha, numero-o como último parênteses ainda aberto: ((R2xy xF1x) (x(F2xy G1x) yR2yx)) 12 2 2 Ao encontrar um novo conectivo binário, numero-o como o último parênteses aberto: ((R2xy xF1x) (x(F2xy G1x) yR2yx)) 12 2 2 1 Ao encontrar um novo parênteses que abre, numero-o com um número ainda não usado. ((R2xy xF1x) (x(F2xy G1x) yR2yx)) 12 2 213 E assim por diante: ((R2xy xF1x) (x(F2xy G1x) yR2yx)) 12 2 213 4 4 43 31 Como sabemos que a fórmula começa com o parênteses 1, sabemos que ela só pode ter, de cada lado desse conectivo, outras fórmulas. Podemos então “desmanchá-la”: ((R2xy xF1x) (x(F2xy G1x) yR2yx)) 12 2 213 4 4 43 31 / \ (R2xy xF1x) (x(F2xy G1x) yR2yx)) De cada lado, temos novamente conectivos binários. Continuamos: ((R2xy xF1x) (x(F2xy G1x) yR2yx)) 12 2 213 4 4 43 31 / \ (R2xy xF1x) (x(F2xy G1x) yR2yx)) / \ / \ R2xy xF1x x(F2xy G1x) yR2yx A primeira é uma fórmula atômica, não pode ter outra fórmula como parte dela. A segunda é uma existencial. Ao x, deve-se seguir uma fórmula. Analogamente para as demais. Assim, podemos continuar: ((R2xy xF1x) (x(F2xy G1x) yR2yx)) 12 2 213 4 4 43 31 / \ (R2xy xF1x) (x(F2xy G1x) yR2yx)) / \ / \ 2 1 2 1 2 R xy xF x x(F xy G x) yR yx | | | Lógica I - 2005 5 1. Linguagem L F1x (F2xy G1x) R2yx A primeira e a última são atômicas. Com a segunda, podemos obter: ((R2xy xF1x) (x(F2xy G1x) yR2yx)) 12 2 213 4 4 43 31 / \ (R2xy xF1x) (x(F2xy G1x) yR2yx)) / \ / \ R2xy xF1x x(F2xy G1x) yR2yx | | | F1x (F2xy G1x) R2yx / \ F2xy G1x Terminamos cada “galho” com uma fórmula atômica. Sempre que tratarmos de uma fórmula bem formada, poderemos adotar esse procedimento. Definição de ocorrência de variável livre e ligada: Dizemos que uma ocorrência de uma variável numa fórmula é ligada se ela se dá numa subfórmula de (parte de que também é fórmula ou a própria ) da forma ou . Se a ocorrência de em não é ligada, ela se diz livre. Exemplo: (x(F2xy G1x) yR2yx) três primeiras ocorrências de x – ligadas quarta ocorrência de x – livre primeira ocorrência de y – livre segunda e terceira ocorrências de y - ligadas Podemos observar que uma árvore de geração pode ser útil para ver quais ocorrências são livres. Uma ocorrência de só é ligada se seguir-se imediatamente a um quantificador ou se a fórmula atômica da qual ela faz parte está num ramo onde algum nó inicia como ou . No exemplo: ((R2xy xF1x) (x(F2xy G1x) yR2yx)) lig lig lig / \ (R2xy xF1x) (x(F2xy G1x) yR2yx)) / \ / \ R2xy xF1x x(F2xy G1x) yR2yx liv liv | | | F1x (F2xy G1x) R2yx lig / \ lig liv F2xy G1x lig liv lig Definição de fórmula aberta e de fórmula fechada (sentença): Uma fórmula que contém ocorrêncas de variáveis livres é dita aberta. Se não contém ocorrências de variáveis livres, é uma sentença (fórmula fechada). Definição de substituição: / é o resultado da substituição de todas as ocorrências livres da variável pelo símbolo individual . Exs.: F1x x/a é F1a (x (R2xyQ2xy)S2xa)y/c = (x (R2xcQ2xc)S2xa) Exercício IV – Reconhecimento de fórmulas Lógica I - 2005 6 2. Interpretação 2. Interpretação Uma interpretação I consiste num conjunto não vazio de objetos (chamado de universo de I) e numa função para o conjunto das constantes não-lógicas da linguagem L que associa, a cada constante individual, um objeto do universo, a cada letra sentencial, V ou F e a cada letra predicativa n-ária uma relação n-ária. Isto é: UI = conjunto não vazio I(k) = atribuição de um objeto do universo para cada constante I() = atribuição de V ou F para cada letra sentencial I(n) = atribuição de uma relação n-ária para cada letra predicativa de carência n (ou, o que dá no mesmo, um conjunto de nuplas de objetos) Exemplos: UI = naturais I(a) = 0, I(a1) = 1, I(a2) = 2, I(a3) = 3,... para as demais constantes individuais, I(k) = 0 I(P) = V I(Q) = F I(R) = V para as demais letras sentenciais, I() = V I(P1) = conjunto dos pares I(Q1) = conjunto dos primos I(R1) = {4, 7, 8} I(R2) = menor que I(S2) = a metade de I(T2) = {(24,5), (6,7)} I(P3) = função soma = {(0,0,0); (0,1,1); (0,2,2),... (1,0,1); (1,1,2); (1,2,3),... (2,0,2); (2,1,3); (2,2,4),... : } para as demais letras para predicados, I(n) = projeção do primeiro UI = conjunto dos seres humanos I(a) = Maria I(b) = João I(c) = Pedro I(a3) = Clara para as demais constantes individuais, I(k) = Clara I(P) = F I(Q) = V I(R) = V I(S) = F para as demais letras sentenciais, I() = V I(P1) = conjunto das mulheres I(Q1) = conjunto dos solteiros I(R1) = {João, Clara e Maria} I(R2) = ser filho de I(S2) = ser casado com I (P3) = ser filho de ... e ... para as demais letras para predicados, I(n) = projeção do primeiro Essa definição de interpretação permitirá, mais adiante, fazer com que as constantes individuas sirvam para identificar objetos de um universo dos objetos dos quais tratamos e e as letras sentenciais como "substitutos" de sentenças, de algo que é verdadeiro ou falso. Vejamos o que ocorre com as letras predicativas: Tomemos, em primeiro lugar, por exemplo, sentenças como "2 é par" e "Pedro é solteiro". Uma interpretação pode fazer com que uma letra individual sirva para designar um objeto do universo. Nos exemplos acima, I(a2) = 2 e I(c) = Pedro. Lógica I - 2005 7 2. Interpretação O que significa dizer que 2 é par e que Pedro é solteiro Significa atribuir a propriedade de "ser filósofo" a Sócrates. Mas o que faz uma propriedade Uma propriedade serve para distinguir indivíduos de outros indivíduos: há coisas que são marrons e coisas que são verdes. Há coisas que são solteiras e coisas que não são, há números que são pares e números que não são. Quando digo que 2 é par, digo que ele faz parte de um conjunto, do conjunto dos números pares. Quando digo que Pedro é solteiro, digo que ele faz parte do conjunto das pessoas solteiras. Assim, é por isso que interpretamos letras predicativas unárias como conjuntos de objetos. De modo análogo, consideremos agora as relações. Por exemplo, "1 é menor que 2" e "Maria é casada com João." 1 e estão na relação "menor que" Maria e Pedro estão na relação "ser casado com". Percebam que, assim como "ser par" e "ser solteiro" deixam um lugar em aberto, "ser menor que" e "ser casado com" deixa dois. O que pode entrar ou não nos espaços em branco são, não objetos, mas pares de objetos. São pares de objetos que podem ou não estar na relação "menor que" e na relação "casado com". Assim, como 1 é menor que 2, podemos dizer que o par (1,2) pertence ao conjunto dos pares de objetos tais que o primeiro é menor que o segundo. Como Maria é casada com João, podemos dizer que o par (Maria, João) está na relação "casada com" É por isso que interpretamos letras predicativas binárias por conjuntos de pares de objetos. Ao invés de, para I(R2) =, escrever "relação menor que", poderia escrever o conjunto infinito {(0,1), (0,2), (0,3),... (1,2), (1,3), (1,4),... (2,3), (2, 4),... : } Ao invés de, para I(S2) =, escrever "ser casado com", poderia listar os casais. O mesmo vale para predicados unários. Poderia, por exemplo, listar os pares ou os solteiros. Vemos, então, que, com a definição de interpretação, aproximamos as constantes individuais de nomes para objetos e as letras predicativas de predicados. Com as definições de interpretação e de sentença, já vistas, mais a definição de verdade que veremos mais adiante, poderemos fazer com que combinações de constantes e letras predicativas sirvam para expressar, por exemplo, "2 é par". Antes disso, contudo, vejamos como definição fórmula aberta mais a interpretação de letras predicativas num universo de interpretação permite expressar predicados mais complexos. Para isso, devemos introduzir uma nova definição. Definição de I' k-variante de I: Uma I' k-variante de I é uma interpretação que difere de I por, no máximo, o objeto atribuído a I'(k). Exercício V - Interpretação Lógica I - 2005 8 3. Definição de verdade e satifação para fórmulas atômicas 3. Definição de verdade e satisfação para fórmulas atômicas 3.1. Definição de verdade para sentenças atômicas Antes de introduzir a definição de verdade, vejamos intuitivamente onde vamos querer chegar. P1a: Tomemos, em primeiro lugar, sentenças atômicas, do tipo "P 1a", por exemplo. "P1a" servirá para expressar que o indivíduo designado por "a" pertence ao conjunto determinado por "P 1". Assim, queremos que "P1a" seja verdadeira se o indivíduo designado por "a" pertencer ao conjunto determinado por "P 1". Ocorre que só uma interpretação associa indivíduos a constantes individuais e a letras predicativas. Logo, o valor de verdade pode variar conforme a interpretação. Daí que o que definimos é sempre um vI, um valor de verdade em uma interpretação I. Voltando a "P1a", queremos, então, que seja verdadeira se o que o indivíduo que a interpretação associa a "a" pertencer ao conjunto que a interpretação associa a "P 1": vI(P1a) = V sse I(a)I(P1) De modo análogo, consideremos agora as relações. Dissemos, ao comentar a atribuição de "conjuntos de pares" a símbolos binários que, se digo que a está numa relação R2 com b, então posso dizer que o par formado por a e b está no conjunto dos pares que estão na relação R2. Por exemplo, num universo formado por países e cidades, posso dizer que Brasília é a capital do Brasil se uma interpretação atribuir a, por exemplo "a", Brasília, Brasil a, por exemplo "b" e a "R 2" "ser a capital de" Desse modo, "R2ab" (Brasília é a capital do Brasil) será verdadeira em I se somente se o par "Brasília, Brasil" pertencer ao conjunto de pares onde o primeiro elemento é capital do segundo, se e somente se o que é designado por "a" (Brasília) e o que é designado por "b" (Brasil) pertencerem à relação binária associada a "R 2" (ser a capital de): vI(P2ab) = V sse [I(a),I(b)]I(P2) De modo geral, poderemos dizer que (i) vI(nk1,…,kn) = V sse I(k1),…I(kn)I(n) P: O outro tipo de sentença atômica a ser consideradas são as letras sentenciais. Elas são introduzidas para representar algo que é verdadeiro ou falso. Daí que tudo que a interpretação faça seja indicar um valor de verdade e, naturalmente, a letra será verdadeira se e somente se a interpretação assim o determinar: (ii) vI() = I() Vemos que a definição de verdade se aplica somente a sentences. Que papel pode ter uma fórmula atômica aberta 3.2. Satisfação e conjunto solução para fórmulas atômicas abertas Tomemos o seguinte exemplo: P 1x Dizemos que essa fórmula é satisfeita numa interpretação I pelos objetos de U I que estão em I(P1). Observe que essa definição pode ser dada em função da definição de verdade: um objeto de UI satisfaz P1x (pertence ao conjunto solução em I de P1x) se e somente se vI'(P1a) = V para uma I' a-variante de I onde a nomeia esse objeto. Nos exemplos de I acima, temos que o conjunto dos objetos que satisfazem P 1x (conjunto solução de P1x) são CSI [P1x] = cjto dos partes ou {0, 2, 4, 6, 8, 10,...} CSI [P1x] = cjto das mulheres Tomemos agora uma fórmula com com 2 variáveis livres: R2xy Lógica I - 2005 9 3. Definição de verdade e satifação para fórmulas atômicas O CS para essa fórmula será não um conjunto de objetos do universo de interpretação, mas um conjunto de pares de objetos. CSI[R2xy] = {(0,1), (0,2), (0,3),... (1,2), (1,3), (1,4),... (2,3), (2, 4),... : } = conjunto dos pares de objetos onde o primeiro é menor que o segundo. Para três variáveis livres, teríamos como conjunto solução um conjunto de tríades de objetos. De um modo geral, uma fórmula com n variáveis livres terá como conjunto solução um conjunto de n-uplas. Até aqui, o conjunto solução era sempre idêntico ao que a interpretação associa à letra predicativa em questão. Vejamos o que ocorre com o seguinte exemplo: R2xa3 Diremos que essa fórmula é satisfeita pelos objetos cuja imagem em I(R 2) é o objeto I(a3). Assim, CSI[R2xa3] = {0, 1, 2} Em I: CSI [R2xa3] = conjunto dos filhos de Clara Vejamos agora a seguinte fórmula: P3xya3 Dizemos que esta fórmula será satisfeita por aqueles pares de objetos U I que formam o começo de uma tríade em I(P 3) que termina com I(a3). Isto é, CSI[P3xya3] = conjunto dos objetos cuja soma é três = {(0,3), (3,0), (1,2), (2,1)} Em I: CSI[P3xya3] = conjunto dos pares formados por cada um dos filhos de Clara e seu pai Podemos dar uma definição de satisfação e de conjunto solução utilizando a definição de verdade (de modo análogo ao que indicamos acima) ou dar uma definição de satisfação independente da definição de verdade. Satisfação para fórmulas atômicas: Seja I uma interpretação Seja sI uma função que associa um objeto de UI a cada variável – sI() Para cada constante individual k, seja sI(k) = I(k). Seja uma fórmula atômica - é ou ou n1,...,n Se é , sI satisfaz sse I() = V. Se é n1,...,n, sI satisfaz se e somente se a n-upla sI(1),...sI(n) pertence a I(n). Conjunto-solução para fórmulas abertas: Seja uma fórmula atômica aberta. Sejam 1,...,n as variáveis livres de O conjunto solução de CSI() é formado pelas n-uplas sI(1),...,sI(n) onde sI satisfaz . ExercícioVI - Conjunto solução e valor de verdade (fórmulas atômicas) Lógica I - 2005 10 4. Definição de verdade para fórmulas complexas 4. Definição de verdade para sentenças complexas: 4.1. Conectivo unário: (iii) vI[()] = V sse vI[]=F 4.2. Conectivos binarios: (iv) (v) (vi) (vii) vI[()] = V sse vI[]=V e vI[] = V vI[()] = V sse vI[]=V ou vI[] = V vI[()] = V sse vI[]=F ou vI[] = V vI[()] = V sse vI[] = vI[] Exemplos: vI[(R2abQ1a)] = V sse vI[R2ab]=V e vI[Q1a] = V. vI[((PR2aa)M2ba)] = V sse vI[(PR2aa)]=F ou vI[M2ba] = V 4.3. Quantificadores: Com uma sentença como xP1x, queremos expressar algo como P 1a, mas não somente para o objeto a, mas para qualquer objeto do universo. Se tivéssemos, na interpretação, nomes para todos os objetos, poderíamos dizer que xP1x é V sse P1_ é V seja qual for a constante que coloco no lugar de _ Como podemos ter objetos não nomeados no universo, a solução é tomar P 1a e fazer o significado de a variar por todos os objetos do universo. Ou seja, mantenho tudo igual na interpretação, mas vario o significado de a. Isto é, tomo uma I' a-variante. Nem sempre a constante a serve. Exemplo: xR2xa. Se tomar R2aa, terei condições para xR2xx, não xR2xa. Por isso, devemos pegar uma constante nova. Chegamos à definição: (viii) vI[] = V sse vI'[k] = V para toda I' k-variante de I onde k é a primeira constante individual que não ocorre em É fácil ver como isso resolve também o problema para : (ix) em vI[] = V sse vI'[k] = V para alguma I' k-variante de I onde k é a primeira constante individual que não ocorre Juntando definições para cada caso, damos um valor de verdade a qualquer sentença, por mais complicada que seja. Exemplo: x(R2xaQ1xy) vI[x(R2xaQ1x)] = V sse para toda I' b-variante de I, vI'[(R2baQ1b)] = V isso ocorre sse para toda I' b-variante de I, vI'[R2ba] = V e vI'[Q1b] = V isto é, sse para toda I' b-variante de I, vI'[R2ba] = V e vI'[Q1b] = F Com isso, conseguimos com que os conectivos e quantificadores se comportem de modo análogo (até que ponto a analogia é fiel não cabe discutir aqui) a certas expressões da linguagem natural: (AB) é verdadeira se e somente se A e B são verdadeiros. x(F1xG1x) poderá expressar que tudo o que é F é G. Exercício VII – Valor de verdade de fórmulas não atômincas (parcial) Lógica I - 2005 11 5. Tradução (1a parte) 5. Tradução (parte 1) Utilizando as definições de interpretação e verdade, podemos fazer com que as sentenças da linguagem L sirvam para expressar a afirmação de certas propriedades ou relações entre objetos dos objetos de um universo de interpretação. Podemos, com base na definição de verdade e, dada uma interpretação particular, "traduzir" sentenças da linguagem ordinárias para a linguagem formal e vice-versa. Vejamos alguns exemplos. Seja I a seguinte interpretação: UI = {0, 1, 2, ...} I(F1) = pares I(G1) = primos I(R2) = relação menor que I(M2) = relação divisível por I(a) = 0 I (b) = 5 I(c ) = 2 I(d) = 1 para qualquer natural n, I(en) = n Exemplos de sentenças, verdadeiras e falsas, na linguagem natural e traduzidas para linguagem lógica, segundo esta I. Consideremos a sentença 1) F1c Segundo a definição de verdade, ela será verdadeira em uma interpretação I se e somente se o objeto que I associa a c estiver no conjunto que I associa a F1. Na interpretação do nosso exemplo, o objeto associado a c é 2 e o conjunto associado a F 1 é o conjunto dos pares. Assim, a sentença F1c será verdadeira se e somente se 2 for par. Ou seja, F 1c serve, nessa interpretação em questão, para expressar que 2 é par. 2) G1a: exercício 3) R2db: exercício Já R2db será verdadeira se e somente se a dupla de objetos representados em I por d e b estiver no conjunto de duplas associado por I a R2. R2 representa o conjunto de duplas de números onde o primeiro é menor que o segundo. Logo, ela será verdadeira nessa I em questão se e somente se o objeto representado por d for menor que o representado por d. Como I associa d a 1 e b a 5, a sentença expressa 1 é menor que 5 4) R2bc : : exercício Se consideramos a definição de verdade para uma sentença que é uma negação, vemos que ela será verdadeira se e somente se a negada for falsa. 5) F1c: Ora, já havíamos visto que F1c expressava, na interpretação em questão, que 2 é par. Logo, F1c expressa que 2 não é par ou 2 é ímpar Podemos fazer um racicínio análogo para os demais conectivos: 6) ( F1c G1c ) : exercício 7) (F1d R2 cb) : exercício 8) (G1c R2dc) : exercício 9) (R2cd R2dc) : exercício Vejamos, por fim, o que acontece com algumas sentenças gerais simples. 10) x G1x Lógica I - 2005 12 5. Tradução (1a parte) Segundo a definição de verdade, essa sentença será verdadeira na interpretação I se e somente se a sentença G 1a for verdadeira para toda I' a-variante de I, ou seja, se e somente se G1a for verdadeira seja qual for o objeto do universo que a nomeie. Assim, ela será verdadeira se e somente se todos os objetos do universo forem G 1. Na intepretação em questão, isso significa que ela será verdadeira se e somente se tudos os números naturais forem primos. Portanto, ela expressa que Todos os naturais são primos 11) x R1xa: exercício 12) x F1x: exercício Exemplo 2: Observe que a "tradução" só pode ser dada com uma dada interpretação. Com uma interpretação diferente, as mesmas sentenças podem expressar afirmações diferentes. Seja I a seguinte interpretação: UI = conjunto dos seres humanos1 I(a) = Ana I(b) = João I(c) = André I(F1) = conjunto dos brasileiros I(G1) = conjunto das mulheres I(P2) = relação ser pai de I(M2) = relação ser mãe de I(Q1) = conjunto dos pais I(R2) = relação ser casado com I(S2) = relação ser mais velho que I(I2) = relação ser o irmão de I(A2) = relação ser amigo de I(d) = Márcia 13) F1c Segundo a definição de verdade, ela será verdadeira em uma interpretação I se e somente se o objeto que I associa a c estiver no conjunto que I associa a F1. Na interpretação desse nosso segundo exemplo, o objeto associado a c é André e o conjunto associado a F 1 é o conjunto dos brasileiros. Assim, a sentença F1c será verdadeira se e somente se André for brasileiro. Assim, F 1c serve, nessa segunda interpretação, para expressar que André é brasileiro. 14) G1a : exercício 15) R2db Já R2db será verdadeira se e somente se a dupla de objetos representados em I por d e b estiver no conjunto de duplas associado por I a R2. R2 representa o conjunto de duplas de pessoas uma casada com a outra. Logo, ela será verdadeira nessa I em questão se e somente se o objeto representado por d for casado com o representado por d. Como I associa d a Márica e b a João, a sentença expressa Márcia é casada com João 16) S2bc : exercício Se consideramos a definição de verdade para uma sentença que é uma negação, vemos que ela será verdadeira se e somente se a negada for falsa. 17) F1c É importante observar que, rigorosamente falando, não é possível caracterizar o universo desta maneira – este conjunto não é um conjunto bem determinado - não é claro, por exemplo, se são todos os seres humanos que existem agora e os que já existiram ou ainda estão por nascer. Também não é claro qual o ancestral mais antigo que deve contar como ser humano. Como exercício, contudo, e ignorando os casos limites, é possível pensar em traduções neste universo. 1 Lógica I - 2005 13 5. Tradução (1a parte) que Ora, já havíamos visto que F1c expressava, na interpretação em questão, que André é brasileiro. Logo, F1c expressa André não é brasileiro ou André é estrangeiro 18) ( F1c G1c ) : exercício 19) (F1d R2 cb) : exercício 20) (G1c R2dc) : exercício 21) (R2cd R2dc) : exercício Vejamos, por fim, o que acontece com algumas sentenças gerais simples na nova interpretação. 22) x G1x Segundo a definição de verdade, essa sentença será verdadeira na interpretação I se e somente se a sentença G 1a for verdadeira para toda I' a-variante de I, ou seja, se e somente se G1a for verdadeira seja qual for o objeto do universo que a nomeie. Assim, ela será verdadeira se e somente se todos os objetos do universo forem G 1. Na intepretação em questão, isso significa que ela será verdadeira se e somente se tudas as pessoas forem mulheres. Portanto, ela expressa que Todos são mulheres 23) x R1xa : exercício 24) x F1x : exercício Exercício VIII - Tradução (1a parte) Lógica I - 2005 14 6. Cálculo proposicional 6. Cálculo proposicional 6.1. Introdução A linguagem L introduzida acima é uma linguagem do chamado Cálculo de Predicados de Primeira Ordem. No entanto, uma parte das relações lógicas que queremos estudar pode ser tratada com um cálculo mais simples (parte do Cálculo de Predicados) e que será estudado primeiro: o chamado Cálculo Proposicional ou Cálculo Sentencial. É para esse cálculo que serão especialmente úteis as letras sentenciais, que até agora não pareceram particularmente expressivas. No Cálculo Proposicional, trataremos de relações lógicas entre proposições que se devem exclusivamente ao fato de utilizamos expressões lógicas que combinam proposições entre si, seja qual for a estrutura interna dessas proposições. Tomemos o seguinte exemplo: Pr. 1: Ou você come o bolo agora ou você guarda o bolo. Pr. 2: Se você guardar o bolo, então ficará com fome. Pr. 3: Se você comer o bolo, então não poderá comer o bolo mais tarde. Concl: Logo, ou você ficará com fome ou não poderá comer o bolo mais tarde. Podemos perceber que esse é um argumento válido simplesmente considerando "em bloco" as seguintes proposições: "Você come o bolo agora" "Você guarda o bolo" "Você ficará com fome" "Você poderá comer o bolo mais tarde" Em suma, tudo que importa para perceber a validade do argumento é que cada uma das expressões acima é algo que pode ser verdadeiro ou falso. Daí a utilidade de dispor, na linguagem L, de símbolos que "substituam" "proposições como um todo". Podemos representar a estrutura do argumento acima do seguinte modo: Pr. 1: ( P Q ) Pr. 2: ( P R ) Pr. 3: ( Q S ) Concl: ( R S ) Basta utilizar as cláusulas da definição de verdade relativas aos conectivos para perceber as relações lógicas relevantes aqui. Ora, essas relações lógicas vigem não só os conectivos ligam letras sentencias, mas quando eles ligam quaisquer sentenças da linguagem L. Tomemos as seguintes sentenças: 1: (xR2ax x(F1xG1x)) 2: xR2ax 3: (F1a x(F1xG1x)) 4: F1a 5: G1a Suponha agora que eu quisesse provar que 4 é conseqüência de {1,2,3}, isto é, que 4 não pode falsa quando 1, 2 e 3 forem verdadeiras. Percebemos que, para mostrar essa impossibilidade, não é importante a estrutura interna de F 1a, de xR2ax e 1 x(F xG1x); não é importante, por exemplo, que F1a sirva para expressar a atribuição de uma propriedade a um objeto. A única coisa importante foi o modo como sentenças mais simples são combinadas em sentenças mais complexas. Isso fica visível se substituímos essas sentenças mais simples por letras sentenciais: 1: (A B) 2: A 3: (C B) 4: C Quando uma sentença 4 de L é conseqüência {1, 2, 3} de um conjunto e essa conseqüência é tal que depende só do modo como sentenças (que são V ou F) são combinadas em sentenças mais complexas, dizemos que 4 é conseqüência veri-funcional (ou funcional-veritativa ou tautológica), pois tudo que levamos em conta é a combinação de sentenças em sentenças mais complexas que são função de verdade das mais simples. Uma sentença é função de verdade de outras se seu valor de verdade é exclusivamente determinado pelo valor de verdade dessas outras e seu modo de combinação. A definição de verdade, ao definir o valor de verdade de sentenças com conectivos, diz como determinar o valor de verdade de uma sentença molecular em função das mais simples. Isso pode ser expresso pelas seguintes tabelas: Lógica I - 2005 15 6. Cálculo proposicional V V F F V F V F V V F F () V F F F V F V F () V F V V V V F F V F V F () V V V F V F F V Para saber se uma sentença é conseqüência tautológica de um conjunto de sentenças, podemos representar as sentenças em questão só levando em conta a aplicação do conectivo a senteças mais simples (não a fórmulas) Para isso, fazemos uma árvore de composição molecular – árvore de geração mas paramos antes de tirar os quantificadores 1: (xR2ax x(F1xG1x)) 2: xR2ax 3: (F1a x(F1xG1x)) 4: F1a Exemplo de árvore de composição molecular: (xR2ax x(F1xG1x)) \ xR2ax x(F1xG1x) V V F F () V V F F V F F V Podemos, a seguir, representar cada sentença mais simples por uma letra sentencial e obter uma CS-associada: uma sentença só com letras sentenciais que representa a estrutura molecular das sentenças acima: xR2ax: A x(F1xG1x): B F1a: C 1': (A B) 2': A 3': (C B) 4': C Como tudo que estamos considerando aqui é como o valor de verdade das sentenças mais simples determina o valor de verdade das mais complexas, podemos testar se é possível ter premissas V e conclusão falsa numa tabela do seguinte tipo: A V V V V F F F F B V V F F V V F F C V F V F V F V F (AB) V V V V V V F F A F F F F V V V V (CB) V F V V V F V V Vemos que o conjunto de CS-associadas 1': (A B) 2': A 3': (C B) somente uma possibilidade combinação de valor de verdade das letras sentenciais que dá V a todas as sentenças do conjunto: a linha 5, a linha que representa a seguinte atribuição de valores de verdade: A–F B–V C–V Isso mostra que, só considerando a estrutura molecular do conjunto 1: (xR2ax x(F1xG1x)) 2: xR2ax 3: (F1a x(F1xG1x)) Lógica I - 2005 16 6. Cálculo proposicional percebemos que, seja qual for a interpretação, ela só poderá verificar todas as sentenças do conjunto se for tal que vI[xR2ax] =F vI[x(F1xG1x)] = V vI[F1a] = V A tabela testa as possíveis atribuições de verdade às sentenças considerando somente a estrutura molecular das sentenças. A sentenças gerais e a sentenças atômicas que não são sub-fórmulas de gerais, atribuímos um valor qualquer. Podemos agora introduzir a seguinte definição: 6.2. Definição de valoração booleana Uma valoração booleana (vb) é uma atribuição de valores de verdade às senteças de L tal que: (a) vb[] = V sse vb[] = F (b) vb[()] = V sse vb() = V e vb() = V (c) vb[()] = V sse vb() = V ou vb() = V (d) vb[()] = V sse vb() = F ou vb() = V (e) vb[()] = V sse vb() = vb() Como uma tabela de verdade tal como a acima testa todas combinações relevantes que obedecem essas regras, temos a atribuição de valor de verdade para as sentenças em qualquer valoração booleana. Quando uma valoração booleana dá V a todas as sentenças de um conjunto, dizemos que ela é um modelo funcionalveritativo do conjunto. Vejamos o que ocorre com 4 no único modelo funcional-veritativo do conjunto do exemplo. Vemos que ela é verdadeira. Ou seja, não há valoração booleana que atribua V a todas as sentenças do conjunto e F à 4. Temos, então, que 4 é conseqüência tautológica ou veri-funcional do conjunto.2 6.3. Definições das noções lógicas: Modelo veri-funcional: Uma valoração booleana vb é modelo veri-funcional de um conjunto de sentenças se e somente se, para toda sentença , vb() = V. Conseqüência tautológica ou veri-funcional: Uma sentença é conseqüência tautológica de um conjunto de sentenças ( ╦ ) se e somente se, para toda valoração booleana vb que é modelo de veri-funcional de , vb() = V. Como isso é determinado examinando somente a estrutura molecular, nem precisamos considerar as diferentes interpretações possíveis que eram modelo o conjunto. Isso porque, seja lá como elas fossem, teriam de induzir uma valoração booleana. E, pela tabela, sabemos que qualquer valoração booleana (e, portanto, qualquer valoração induzida por uma interpretação) que verifique o conjunto, também verifica 4. Quando temos uma conseqüência lógica desse tipo, dizemos que trata-se de uma conseqüência tautológica ou verifuncional. Consistência veri-funcional: Um conjunto de sentenças é veri-funcionalmente consistente se e somente se existe pelo menos uma valoração booleana vb tal que, para toda sentença , vb() = V. Tomemos 1 a 5: 1: (xR2ax x(F1xG1x)) 2: xR2ax 3: (F1a x(F1xG1x)) 4: F1a 5: G1a Se queremos ver se esse conjunto é funcional-veritativamente consistente, i.e., se é possível atribuir atribuir V respeitando somente a estrutura molecular, então basta fazer uma tabela de verdado conjunto: Obtemos a CS-associada para cada sentença (usando a mesma letra sentencial para o mesmo componente sentencial básico em diferentes fórmulas) 1': (A B) 2': A 2 Se lembrarmos que essas condições da valoração booleana são condições satisfeitas por qualquer valoração induzida por uma interpretação, vemos que será impossível encontrar uma interpretação que atribuia V às sentenças do conjunto e F à 4. Isso significará, como veremos, que 4 é conseqüência lógica do conjunto também no Cálculo de Predicados. Lógica I - 2005 17 6. Cálculo proposicional 3': (C B) 4': C 5': D Fazemos a tabela de verdade: A V V V V V V V V F F F F F F F F B V V V V F F F F V V V V F F F F C V V F F V V F F V V F F V V F F D V F V F V F V F V F V F V F V F (AB) V V V V V V V V V V V V A (CB) V V C V V V V V V V V V V V V V V V V D V V V V V V V V V V V V V V V V V V Para mostrar que é funcional-veritativamente consistente, precisamos mostrar que é possível encontrar uma valoração booleana que verifica o conjunto. Como as linhas da tabela representam todas as valorações booleanas relevantes, se encontrar uma linha que dê V para todas sentenças do conjunto, terei encontrado uma valoração booleana que verifica todas. No caso, a linha 10 expressa a seguinte valoração booleana que verifica o conjunto: vb(xR2ax) = F vb(x(F1xG1x) = V vb(F1a) = V vb(G1a) = F Tautologia Uma sentença é uma tautologia (╦) se e somente se não há valoração booleana (atribuição de valor de verdade que respeita a estrutura molecular da sentença) que dê falso: Exemplo: ((xF1x(G1aG1a))( xF1x x(G1xR2xb))) Obtenho a CS-associada: ((A(BB))( A C)) Faço tabela de verdade: A V V V V F F F F B V V F F V V F F C V F V F V F V F (( A ( B B ) ) ( A C ) ) V F V F V V V V As linhas 2 e 4 mostram valorações booleanas que falsificam a sentença. Logo, ela não é uma tautologia. Compatibilidade e incompatibilidade veri-funcional: Lógica I - 2005 18 6. Cálculo proposicional Duas sentenças e são compatíveis funcional-veritativamente se e somente se existe pelo menos uma valoração booleana que é modelo de ambas. Caso contrário são incompatíveis. (Isto é, e são compatíveis funcional-veritativamente se e somente se {, } é consistente.) Equivalência veri-funcional: Duas sentenças e são funcional-veritativamente equivalente se são verdadeiras nas mesmas valorações booleanas. (Isto é, se uma é conseqüência tautológica da outra). 6.4. Exemplos de relações tautológicas "úteis": (Exercício: justifique cada uma delas) Equivalências Tautológicas: ( ) ((* ) ( * )) ((( * ) * ) ( * ( * )) (( ) ( )) (( * ) ( )) (( * ) ( )) (( ( * )) (( ) * ( ))) (( * ) ) ((( ) ) ( ( ))) (( ) ( )) (( ) ( )) (( ) ( )) (( ) ( )) (( * ( * )) ( * )) (( * ( )) ) (( ) (( ) ( ))) (( ) (( * ) ( * ))) Dupla negação Comutação para * {, , } Associação para * {, , } Contraposição de Morgan se * = então = onde se * = então = distributiva onde se * = então = se * = então = Contração onde * {, } Exportação/Importação Definição da implicação em L Definição da implicação em L Definição da conjunção em L Definição da disjunção em L Absorção para * {, } onde se * = então = se * = então = onde se * = então = se * = então = (( ) ( )) (( ) ( ) Implicações Tautológicas: ( ( )) (( ) ) (( ) ) ( ( )) ( ( )) ( ( )) ( ( )) (( ) (( ) )) (( ) (( ) )) ( ( ( ))) (( ) (( ) (( ) ))) (( ) ) (( ) ) Prefixação por implicação Eliminação do segundo conjuntivo Eliminação do primeiro conjuntivo Introdução do segundo disjuntivo Introdução do primeiro disjuntivo Lei de Duns Scott Lei de Duns Scott Lei de Redução ao Absurdo Lei de Redução ao Absurdo Introdução da conjunção Eliminação da disjunção Redução de casos Redução de casos Tautologias: ( ) ( ) ( ) Lei do Terceiro Excluído Lei da Não Contradição Lei da Identidade Proposicional Ao lado das tautologias, consideremos aquelas fórmulas CS que são falsas em qualquer valoração booleana (como, por exemplo, as especificações do esquema ‘( )’). Tais fórmulas são ditas contradições. Se, agora, representarmos por um Lógica I - 2005 19 6. Cálculo proposicional esquema tautológico e por proposicionais: ( ) (( ) ) (( ) ) um esquema contraditório, teremos, ainda, a possibilidade de formular as seguintes leis (( ) ) (( ) ) (( ) ) (( ) ) (( ) ) (( ) ) Inferências: {, ( )} ╦ {, ( ) ╦ {( ), ( )} ╦ ( ) {( ), } ╦ {( ), } ╦ {, } ╦ ( ), ( ), ( )} ╦ Modus Ponens Modus Tollens Silogismos Hipotético Silogismo Disjuntivo Silogismo Disjuntivo Duns Scott Prova por Casos Exercício IX - Estrutura molecular de sentenças Lógica I - 2005 20 7. Satisfação e conjunto solução para fórmulas complexas 7. Satisfação e conjunto solução para fórmulas complexas Voltaremos agora para o cálculo de predicados. Antes de introduzir o modo de tratar as relações lógicas próprias do cálculo de predicados, devemos nos aprofundar um pouco mais no que podemos expressar se levamos em conta a quantificação. Retomemos como exemplo as interpretação da página 5. Vimos que uma fórmula aberta como P 1x servia, na primeira interpretação, para expressar o conjunto dos pares e, na segunda, para expressar o conjunto das mulheres. Tomemos agora uma fórmula complexa: P1x Dizemos que essa fórmula será satisfeita em I pelos objetos que não pertencem a I(P1). Assim, CSI[P1x] = conjunto dos ímpares e CSI[P1x] = conjunto os homens Tomemos agora (P1xQ1x) Dizemos que essa fórmula será satisfeita em I pelos objetos de U I que estiverem no CSI(P1x) e no CSI(P1x). Com isso, a fórmula acima terá como conjunto solução em I os números pares primos – ou seja, somente o número 2. Com isso, a fórmula (P1xQ1x) expressa, na I acima, o predicado "ser primo par" CSI[(P1xQ1x)] = conjunto das mulheres solteiras. Com isso, a fórmula aberta (P1xQ1x) pode, em I, expressar o predicado composto "ser mulher solteira" Mais uma vez, podemos usar uma definição baseada na definição de verdade ou oferecer uma independente: Definição de satisfação para fórmulas moleculares: sI satisfaz se e somente se não satisfaz sI satisfaz () se e somente se satisfaz e sI satisfaz () se e somente se satisfaz ou sI satisfaz () se e somente se não satisfaz ou satisfaz sI satisfaz () se e somente se satisfaz e ou não satisfaz nem nem Definição de conjunto-solução: O conjunto solução em uma interpretação I de uma fórmula com m variáveis livres é formado pelas m-uplas de UIm que são o segmento inicial de uma seqüência que satisfaz . Exemplos: CSI[R2xa] = conjunto dos objetos que não são menores do 0 = U I CSI[R2xa] = conjunto dos que não são filhos de Maria CSI[(R2xa3 P1x)] = conjunto dos ímpares menores do que 3 CSI[(R2xa3 P1x)] = conjunto dos filhos-homens de Clara CSI[(Q1yP1y)] = conjunto dos números que não são nem primos nem ímpares = pares menos o número 2 CSI[(P1xR2ax)] = entram no conjunto pares e números maiores que 0 = UI CSI[(P1zQ1z)] = ímpares primos e pares não primos CSI[(P1y R2yx)] = conjunto dos pares onde o primeiro é ímpar e o segundo é maior que ele Vejamos brevemente o que ocorre com fórmulas abertas gerais: CSI[xR2xy] = conjunto dos números maiores que qualquer número = CSI[x(P1xR2yx)] = conjunto dos números menores do que qualquer ímpar = {0} CSI[zT2zx] = conjunto dos números que estão no contradomínio de I(T 2) = {5,7} CSI[z(P3xyzP1z)] = conjunto dos pares de objetos cuja soma é par Definição de satisfação para fórmulas gerais: Lógica I - 2005 21 7. Satisfação e conjunto solução para fórmulas complexas sI satisfaz se e somente se toda seqüência s'I que difere no máximo por sI() satisfaz sI satisfaz se e somente se alguma seqüência s'I que difere no máximo por sI() satisfaz Definição de verdade alternativa para fórmulas gerais Observe que uma sentença da forma é verdadeira se e somente se o conjunto solução de é igual ao universo. Como podemos definir satisfação de modo independente da definição de verdade, podemos usar essa definição. Assim, vI [x(R2xa3 P1x)] = V sse CSI[(R2xa3 P1x)] = UI, isto é, sse o conjunto dos ímpares menores do que 3 é igual ao universo De modo análogo, temos que vI [x(R2xa3 P1x)] = V sse CSI[(R2xa3 P1x)] , isto é, sse o conjunto dos ímpares menores do que 3 é diferente do "Regras derivadas" para determinar conjunto solução e valor de verdade de certos tipos de fórmulas complexas: Sejam e duas fórmulas com uma única e mesma variável com ocorrências livres. Então, CSI[] = Cmpl CSI[] CSI[()] = CSI[] CSI[] (cjto formado pelos objs que estão nos dois) CSI[()] = CSI[] CSI[] (cjto formado pelos objs que estão em pelo menos um) CSI[()] = Cmpl CSI[] CSI[] CSI[()] = (CSI[] CSI[]) (Cmpl CSI[] Cmpl CSI[]) vI[] = V sse CSI[] = UI vI[] = V sse CSI[] vI[] = V sse CSI[] UI vI[] = V sse CSI[] = vI[] = V sse CSI[] = vI[] = V sse CSI[] UI vI[] = V sse CSI[] vI[] = V sse CSI[] = UI Da combinação das duas regras, temos alguns casos mais interessantes: vI[()] = V sse CSI[] CSI[] = UI (sse todos os objetos satisfazem tanto quanto ) vI[()] = V sse CSI[] CSI[] (sse pelo menos um objeto satisfaz tanto quanto ) vI[()] = V sse CSI[] CSI[] = UI (sse todo objeto satisfaz pelo menos um de e ) vI[()] = V sse CSI[] CSI[] (sse pelo menos um objeto satisfaz pelo menos um de e ) vI[()] = V sse CSI[] CSI[] (sse todo objeto que satisfaz , também satisfaz ) vI[()] = V sse CSI[] = CSI[] (sse todo objeto que satisfaz , também satisfaz e vice-versa) Seja 2 uma letra predicadicativa binária, e sejam e variáveis. Então: CSI[2] = conjunto dos objetos que são imagem de todos os objetos Por exemplo, num universo UI = {1,2,3}, na relação {(1,1) (1,2), (2,2), (3,1), (3,2), (3,3)}, 2 é foco (Fc). CSI[2] = conjunto dos objetos que são imagem de pelo menos um objeto No exemplo acima, tanto 1, 2, quanto 3 pertencem ao contradomínio da relação (Cdom). CSI[2] = conjunto dos objs que têm todos por imagem No exemplo acima, 3 é um mirante (Mr). CSI[2] = conjunto dos objetos que têm pelo menos uma imagem. No exemplo acima, tanto 1, 2 quanto 3 pertencem ao domínio da relação (Dom). Lógica I - 2005 22 7. Satisfação e conjunto solução para fórmulas complexas Combinando essas regras com as regras para valor de verdade de sentenças gerais obtemos que: vI[2] = V sse I(2) = UI (sse todos "vêem" todos) vI[2] = V sse I(2) = UI (sse todos "vêem" todos) Por exemplo, a relação {(1,1), (1,2), (1,3), (2,1), (2,2), (2,3), (3,1), (3,2), (3,3)} no universo UI = {1,2,3} é universal vI[2] = V sse Fc I(2) (sse algum "é visto" por todos) Por exemplo, no universo acima, a relação {(1,1) (1,2), (2,2), (3,1), (3,2), (3,3)} vI[2] = V sse Cdom I(2) =UI (sse todos são vistos por pelo menos um) Por exemplo, no universo acima, a relação {(1,1) (1,2), (2,2), (3,3)}, todos objetos do universo aparecem como segundo lugar em pelo menos um par. vI[2] = V sse I(2) (sse algum "vê" algum) vI[2] = V sse I(2) (sse algum "vê" algum) Basta que algum veja algum, que haja pelo menos um par na relação. vI[2] = V sse Mr I(2) (sse algum "vê" todos) Por exemplo, no universo acima, a relação {(1,1) (1,2), (2,2), (1,3), (3,2), (3,3)} vI[2] = V sse Dom I(2) = UI (sse todos "vêem" algum) Por exemplo, a relação {(1,1), (2,1), (2,2), (2,3), (3,2), (3,3)} no universo UI = {1,2,3} não é universal, mas seu domínio é universal, pois todos objetos do universo aparecem como primeiro lugar num par. Exercício X - Conjunto solução e valor de verdade (fórmulas não-atômicas) Lógica I - 2005 23 8. Significado formal 8. Significado Formal Tomemos a seguinte fórmula: ( xF1x R2ab ) Já vimos que, independentemente de uma interpretação, não podemos dizer o que a sentença significa; independentemente de interpretação, não sabemos quais são suas condições de verdade. No entanto, percebemos que a fórmula em questão só poderá ser verdadeira numa interpretação desde que essa interpretação satisfaça certas condições: Todo objeto do universo deve pertencer ao que I associa a F1 e os objetos que I associa a a e a b devem se relacionar por I(R 2) de tal modo que I(b) seja imagem de I(a) (Obs: Como " relacionar-se" é ambíguo (dizer que os objetos o e o' se relacionam numa determinada relação binária R pode significar que o par (o,o')R mas também que o par (o',o)R), se (o,o') R, diremos que o vê o' por R e o' é visto por o em R.) Podemos chamar esse significado de "significado formal", pois ele leva em conta somente a forma da sentença, não o conteúdo que uma determinada interpretação atribuir às constantes não lógicas. Dada a definição de verdade, podemos dizer que o significado formal de P1a é que o objeto denotado por a (em seja qual for a interpretação) pertença ao conjunto que a interpretação associa a P 1. Assim, SF[P1a] = I(a)I(P1) (Obs: Ao invés de I(a), I(P1), I(R2) etc. podemos adotar a seguinte convenção: a, P, R etc.) De modo análogo, SF[Q2cb]: (I(c), I(b))I(Q2) (para simplificar: (c,b )Q) Assim, SF[R2ab] = (a,b )R Quanto às letras sentenciais, é fácil: SF[P]: I(P) = V pois P é verdadeira numa interpretação se e somente se essa interpretação atribui o V a P. Negação de atômicas SF[P1a]: a P SF[Q2a,c]: (a ,c ) Q SF[P]: I(P) = F Moleculares: Vejamos um exemplo: (Q1b S2ac) Sabemos, pela definição de verdade, que o valor de verdade desta sentença é igual a V se e somente se cada um dos "lados" é verdadeiro. Assim, SF[(Q1b S2ac)]: Q1b é verdadeiro e S2ac é verdadeiro ou seja, SF[(Q1b S2ac)]: bQ e (a,c )S Ora, afirmar que Q1b é verdadeira é afirmar Q1b. Assim, SF[(Q1b S2ac)]: SF[Q1b] e SF[S2ac] Temos, como uma regra geral, que, para sentenças e , SF[()]: SF [] e SF []. Note-se que o uso de conectivos pode se sobrepor: SF[(Q1b S2ac)]: SF(Q1b) ou SF(S2ac) = bQ ou (a,c )S Analogamente, para as demais sentenças moleculares. Negação de moleculares: Lógica I - 2005 24 8. Significado formal SF[(Q1b S2ac)]: não é o caso que bQ e (a,c )S = bQ ou (a,c )S SF[(Q1b S2ac)]: nem bQ nem (a,c )S SF[(Q1b S2ac)]: b Q e (a,c )S SF[(Q1b S2ac)] : b Q se e somente se (a,c )S SF[(Q1b S2ac)] : b Q ou (a,c )S SF[(Q1b S2ac)] : b Q e (a,c )S Equivalências entre sentenças moleculares: Obtermos, assim, uma série de regras gerais que permitem chegar a certas equivalências. Comparemos, por exemplo, sentenças da seguintes formas: () e () Ora, SF [() ]: não é o caso que tanto quanto sejam verdadeiras. Mas isso é equivalente a dizer que ou é falsa ou é falsa, isto é, SF[(). Com o mesmo tipo de raciocício, recorrendo às condições que qualquer interpretação deve satisfazer para verificar uma sentença, podemos perceber as seguintes equivalências lógicas: SF[()] = SF [()] SF[()] = SF [()] SF[()] = SF [()] SF[()] = SF [()] SF[()] = SF [ () ] SF[()] = SF [() ]= SF [(] SF[()] = SF [ (()()) ] = SF[ (() ())] Exercício: mostrar essas equivalências, mostrando que é impossível construir uma interpretação que verique uma e falsifique outra. "Equivalências" entre fórmulas abertas Podemos dizer que duas fórmulas abertas são equivalente se e somente se, em qualquer interpretação, elas são satisfeitas pelos mesmos objetos. Tomemos o seguinte exemplo: CS[(F1xG1x)] = Cmpl (CmplF G) = F CmplG = CS [(F1xG1x)] Com isso, temos a seguinte equivalência: SF[x(F1xG1x)] = SF [x(F1xG1x)] Algumas regras úteis: Se e são fórmulas abertas cuja única variável livre é , então, para qualquer interpretação: CS[] = CS[] CS[()] = CS [()] CS[()] = CS [()] CS[()] = CS [()] CS[()] = CS [()] CS[()] = CS [ () ] CS[()] = CS [() ]= CS [(] CS[()] = CS [ (()()) ] = CS[ (() ())] Exercício: Para cada igualdade acima, mostrar que é impossível construir uma interpretação na qual uma fórmula tenha um conjunto solução diferente da outra. Significado formal de sentenças gerais: Lógica I - 2005 25 8. Significado formal O que é necessário para que xP1x seja verdadeira? Que todo objeto do universo seja P, que tudo seja P, que todo objeto do universo pertença àquilo que a interpretação associa a P. Ou seja, que I(P1) seja igual ao universo da interpretação. Logo, SF[xP1x]: I[P1] = UI Vimos que, de um modo geral, uma sentença da forma é verdadeira sse CSI[] = UI. Assim, podemos dizer que SF[xP1x]: P = UI Analogamente, SF[xP1x]: P1x Tomemos agora as fórmulas abertas moleculares fechadas por um quantificador: SF[x F1x]: O que está fora de F deve ser o UI = Cmpl F = UI SF[x (F1x G1x)]: F G = UI SF[x (F1x G1x)]:F G = UI SF[x (F1x G1x)]: F G SF[x (F1x G1x)]: F =G SF[x F1x]: Cmpl F SF[x (F1x G1x)]: F G SF[x (F1x G1x)]: F G SF[x (F1x G1x)]: CmplF G SF[x (F1x G1x)]:F G ouF G UI Interdefinição de quantificadores Considere a seguinte sentença: xP1x Para qualquer interpretação, ela é verdadeira se e somente se nem todo objeto do universo está em I(P 1). Ou seja, ela é verdadeira se e somente se existe um objeto do universo que não está em I(P1). Daí que: SF[xP1x] = SF [ xP1x] De um modo geral, temos que, para qualquer variável e para qualquer fórmula : SF[ ] = SF [ ] SF[ ] = SF [ ] SF[ ] = SF [ ] CS para predicados binários Por enquanto, o conjunto solução de cada fórmula atômica é sempre dado imediatamente pela interpretação. Mas retomemos agora exemplos do seguinte tipo: R2ax Quais objetos satisfazem essa fórmula? Aqueles que são vistos pora (são a imagem dea) emR. Logo, CSI[R2ax]: objetos vistos por I(a) em I(R2) (objetos que são imagem de a em R) Ou seja, em I(R2), devo ter um par (a,...) Analogamente, CSI[R2xc]: objetos que vêem I(c) por I(R (têm c por imagem em R) 2 Em I(R ), devo ter um par (...,c) Com isso, fica fácil determinar: CS[R2ax]: objetos que não são vistos por a em R CS[R2xc]:objetos que não vêem c em R. SF para sentenças com predicados binários Lógica I - 2005 26 8. Significado formal O que ocorre agora se quantificamos sobre uma fórmula como essas últimas que vimos Por exemplo: xR2ax Ela diz que o CS de R2ax é o universo de I: SF[xR2ax]: todos os objetos do universo são vistos por a em R (podemos dizer quea é um "mirante" emR) Ou seja, deveremos ter, para cada objeto do universo, um par (a, ...) Analogamente, SF[xR2xc]: todos os objetos do universo vêem c (podemos dizer quec é um "foco" emR) Tomemos agora xR2ax Ela diz o CS de R2ax deve ser diferente do vazio, isto é, que deve haver pelo menos um objeto que é visto por a em R: SF[xR2ax]: algum objeto é visto por a em R Devo ter um par da forma (a,...) Dizemos que os objetos que vêem algum objeto por R estão no domínio de R. Logo, podemos dizer que SF[xR2ax]: a Dom(R) (a pertence ao domínio de R, vê algum objeto por R) Analogamente, SF[xR2xc]: algum objeto c em R Equivalentemente: SF[xR2xc]: cCdom(R) (c pertence ao contradomínio de R, é visto por algum objeto em R) Ainda: SF[xR2xc]: cCdom(R) (nenhum objeto vê c por R) SF[xR2xc]: nem todo objeto vê c por R SF[xR2xc]: nem todo objeto vê c por R SF[xR2xc]: cCdom(R) Gerais com predicados unários e binários SF[x (F1xR2ax)]: F {imagens de a em R} SF[x (R2xc G1x)]: {objetos que têm c por imagem em R} G SF[x(R2axQ2xc)]:{imagens de a em R} Cmpl {objetos que têm c por imagem em Q} Moleculares com gerais como elementos: SF[(xF1xQ1b)]: ou F ou bQ SF[(xF1xxR2ax)]: ou F = UI ou {imagens de a em R}= Dois quantificadores: SF[xyR2xy]: R SF[x(F1xyR2xy)]: F Dom (R) SF[x(G1xyR2yx)]: G {objetos vistos por todos em R} Exercício XI - Significado formal e equivalência de sentenças Lógica I - 2005 27 9. Validade, Consistência e Conseqüência no Cálculo de Predicados 9. Validade, Consistência e Conseqüência Modelo: Uma interpretação é modelo de um conjunto se e somente se verifica todas as sentenças do conjunto. (I é modelo de se e somente se para toda sentença , vI() = V.) Validade: Uma sentença é válida se e somente se é verdadeira para toda e qualquer interpretação. Dizemos também que essas sentenças são logicamente válidas. (Uma sentença é válida (╞ ) se e somente se, para toda interpretação I, vI() = V.) Para mostrar que uma sentença não é válida: exibir uma interpretação que a falsifique. Ex.: (x(R2xaG1x)xG1x) Tentamos falsificar a sentença. Para isso, temos que encontrar uma I tal que vI[x(R2xaG1x)] = V e vI[xG1x] = F Para isso, tenho que conseguir uma I tal que {objetos que vêema porR} G e G= Por exemplo: UI = {0,1,2} I(a) = 0 I(G1) = I(R2) = {(0,2), (1,2)} Para mostrar que é válida: mostrar, por um argumento, que é impossível construir uma interpretação que falsifique a sentença. Ex.: (xR2xa xR2xx) Para falsificar a sentença, teria de encontrar uma I tal que vI[xR2xa] = V e vI[xR2xx] = F Para isso, todos objetos deveriam ter a por imagem e nenhum objeto poderia ter a si mesmo por imagem em R. Mas, para que todos objetos tenham a por imagem, o objetoa deve ser imagem de todos; portanto, também dele mesmo. Assim, pelo menos um objeto vê a si mesmo por R. Logo, é impossível encontrar uma interpretação que falsifica a sentença acima. Consistência: Um conjunto de sentenças é consistente se e somente existe uma interpretação que é modelo das sentenças desse conjunto. (Um conjunto de sentenças é consistente se e somente se existe uma interpretação I tal que, para toda sentença , vI () = V. Para mostrar que um conjunto é consistente: exibir um modelo do conjunto Ex.: {F1a, x(G1xF1x), x(G1xR2xa)} Tenho que encontrar uma I ondea F, G F e algumG vêa porR. Por exemplo: UI = {0,1} I(a) = 0 I(F1) = {1} I(G1) = {1} I(R2) = {(1,0)} Inconsistência: Um conjunto de sentenças é inconsistente se e somente se não existe nenhuma interpretação que é modelo de suas sentenças. (Um conjunto é inconsistente se e somente se, para toda interpretação I, existe pelo menos uma sentença tal que vI() = F.) Para mostrar que um conjunto não é consistente: dar um argumento mostrando que é impossível construir um modelo para o conjunto. Ex.: {R2ab, x(R2axF1x), xF1x} Para verificar todas as sentenças do conjunto, teria de construir uma I tal que a "vê"b porR ((a,b ) R); todo objeto visto pora emR éF ({imagens dea emR}F e nada éF (F = ) Mas, se (a,b ) pertencer aR,b é imagem dea emR e, pela segunda sentença, deve serF. Logo, será impossível verificar a terceira sentença. Conseqüência: Uma sentença é conseqüência de um conjunto de sentenças se e somente todos os modelos do conjunto verificarem a sentença. ( é conseqüência de (╞ ) se e somente para todo modelo I de , vI() = V.) ( não é conseqüência de ( | ) se e somente se existe pelo menos um modelo I de tal que vI() = F.) Para mostrar que não é conseqüência de : exibir um modelo de que falsifica Ex.: = {x(G1xF1x), x(F1xR2xa)} = F1b Lógica I - 2005 28 9. Validade, Consistência e Conseqüência no Cálculo de Predicados Para mostrar que não é conseqüência de , precisamos encontrar uma I tal que algo está emG eF tudo está ou fora deF ou vêa porR; isto é, todoF deve tera por imagem emR b F Por exemplo: UI = {0} ou UI = {, , } I(a) = 0 I(a) = I(b) = 0 I(b) = I(F1) = {0} I(F1) = {, } 1 I(G ) = {0} I(G1) = {} 2 I(R ) = {(0,0)} I(R2) = {(,) ,(, )} Para mostrar que é conseqüência: dar um argumento mostrando que não é possível construir um modelo de que falsifique . Ex.: = { x ( F1x G1x ) , ( G1a F1b ) } = x G1x Para verificar e falsificar , seria necessário uma I tal que F G a G oub F G Sea estiver emG,G não poderá ser vazio, o que verificaria . Resta, para verificar a segunda sentença, queb esteja emF. Mas seb está emF, pela primeira sentença, teria de estarG eG não seria vazio. Logo, é impossível ter uma I que verifica e falsifica . Logo, é conseqüência lógica de . Compatibilidade: Uma sentença é compatível com um conjunto de sentenças se e somente se existe um modelo para {}. Caso contrário, é incompatível. Para mostrar que é compatível com basta mostrar que {} é consistente. Para mostrar que incompatível, basta dar um argumento para mostrar que {} é inconsistente. Contraditoriedade: Uma sentença é contraditória se não há interpretação que verifique a sentença. Para mostrar que uma sentença não é contraditória, basta exibir uma interpretação que a verifique. Para mostrar que é contraditória, é necessário dar um argumento mostrando que não é possível haver uma interpretação que a verifique. Equivalência: Duas sentenças são equivalentes se e somente se são verdadeiras nas mesmas interpretações. Para mostrar que duas sentenças e são equivalente, basta mostrar que mostrar que uma é conseqüência a outra. Exercício XII – Validade, Consistência e Conseqüência Lógica I - 2005 29 10. Tradução (final) 10. Tradução (final) Consideremos agora sentenças mais complexas que as examinadas na primeira parte sobre tradução (seção 5). Retomemos a interpretação I utilizada: UI = {0, 1, 2, ...} I(F1) = pares I(G1) = primos I(R2) = relação menor que I(M2) = relação divisível por I(a) = 0 I (b) = 5 I(c ) = 2 I(d) = 1 para qualquer natural n, I(en) = n 1) xR2dx : Todo natural é maior que 1 Ao invés de afirmar que todos naturais são maiores que 1, podemos afirmar, por exemplo, que os primos são maiores que 1. Para isso, usamos 2) x(G1xR2dx) Em outras palavras, diz-se aqui que é condição suficiente para ser maior que 1, ser primo. Ou seja, para qualquer natural, se ele é primo, então é maior que 1. Este tipo de sentença é chamado de uma universal restrita. Ela tem a seguinte forma: x ( _____ _____ ) Na primeira posição (‘___’) está a restrição e, na segunda, a propriedade que se atribui. Já uma sentença como x (G1x F1x) não tem restrição: ela diz que para qualquer objeto do U I , ele é primo e ele é ímpar. Para traduzir da linguagem natural uma sentença como 3) “Todos primos maiores que dois são ímpares” é preciso notar em primeiro lugar que essa é uma sentença que tem uma dupla restrição. A forma geral dela é a de uma universal restrita, i.e. ‘x ( ___ ___ )’. A restrição é: ser um primo maior do que dois. Como é que podemos dizer que 4) “Cinco é um primo maior que 2”? (G1b R2cb) Portanto, a restrição, pode ser (G1x R2cx) pois o conjunto solução desta fórmula, segundo essa interpretação I, é o conjunto dos números que são primos e que são maiores que dois. Já sabemos que o conjunto solução da fórmula F1x é o conjunto dos ímpares. Assim, a fórmula que diz que todos primos maiores que dois são ímpares pode ser traduzida para linguagem lógica como 5) x ((G1x R2cx) F1x) Agora, se tomarmos uma sentença em linguagem lógica também devemos ser capazes de traduzi-la, segundo a interpretação dada, para linguagem natural. Tomemos 6) x ((G1x R2cx) F1x) Essa sentença, na interpretação acima, diz que Todos objetos do UI são primos, maiores que dois e são ímpares. Lógica I - 2005 30 10. Tradução (final) Uma sentença como esta, ao contrário da anterior, implica a afirmação da existência dos objetos a que ela se refere quer dizer, esta sentença afirma que os objetos são de tal e tal modo, enquanto que a sentença anterior diz que se algum objeto tiver tais e tais características, então este objeto é de tal e tal maneira. Vejamos agora as traduções usando o quantificador existencial (‘‘): 7) Algum natural é primo : xG1x 8) Alguns naturais são ímpares : xF1x 9) Alguns ímpares são primos : x(F1xG1x) 10) Alguns primos são ímpares : x(G1xF1x) : x(F1xG1x) É importante observar que as duas últimas sentenças dos exemplos acima não são condicionais. Nas sentenças com o quantificador universal, o tipo de quantificação é radicalmente diferente - impomos condições gerais para falar de conjuntos menores. O quantificador existencial, diferentemente, “capta cada objeto”; daí que as composições em um e em outro quantificador são bem distintas. Observe que uma sentença existencial com implicação não traduz sentenças do tipo “algum G é F”. Vejamos uma existencial com implicação: 11) x (G1x F1x) equivale a x (G1x F1x) e a (xG1xxF1x) 1 1 SF (x (G x F x) : há um objeto que ou não é primo ou não é ímpar 12) Nenhum par maior que 2 é primo : Queremos dizer que não existe um natural que é par, maior que 2 e primo: x((F1xR2cx)G1x) Ou então que para todo número, se ele é par e maior que 2, então não é primo: x((F1xR2cx)G1x) Exemplo 2: Seja I a seguinte interpretação: UI = conjunto dos seres humanos3 I(a) = Ana I(b) = João I(F1) = conjunto dos brasileiros I(G1) = conjunto das mulheres I(P2) = relação ser pai de I(M2) = relação ser mãe de I(A2) = relação ser amigo de I(Q1) = conjunto dos pais I(R2) = relação ser casado com I(S2) = relação ser mais velho que I(I2) = relação ser o irmão de 13) Nem todas as mães são casadas Temos como expressar que a é mãe de b. Como expressar a é mãe (seja lá de quem for)? yM2ay Logo, para expressar o conjunto das mães: yM2xy Para expressar “ser casado”: yR2xy Para “Nem todas as mães são casadas” x(yM2xyyR2xy) 14) Nem todas avós paternas brasileiras são casadas: Vejamos primeiro como expressar “ser avó paterna”. Isto é, ser mãe do pai de alguém”: y(M2xyzP2yz) Para a sentença toda: x(y(M2xyzP2yz)yR2xy) 3 Cf. nota 1. Lógica I - 2005 31 10. Tradução (final) 15) João é solteiro, assim como todos seus irmãos: (xR2bxx(I2bxyR2xy)) 16) xy((I2xbI2ya)R2xy): Nenhum irmão/irmã de João é casado com nenhuma irmã/irmão de Ana. 17) xy((R2xy(F1xF1y))z(A2xyA2yz)): Nem todos casais de brasileiros têm os mesmo amigos. 18) xy((I2xy(G1xG1y))zw(((G1zG1w)I2zw)(R2xzR2yw))): Existem dois irmãos casados com duas irmãs. 19) xy(((R2xyG1y)(F1xF1y))S2xy)): Nem todos brasileiros casados com brasileiras são mais velhos que a mulher. Exercício XIII – Tradução (2a parte) Lógica I - 2005 32