UFU - Julho/2008 Émile Durkheim apresenta, em sua obra O suicídio (1897), uma síntese de seu método sociólogico e teoria sociológica. A respeito da análise durkheimiana do suicídio, exatamente no que diz respeito ao método e teoria durkheimianos, responda: S O C I O L O A) O que são correntes suicidógenas? G I B) Qual é a tese central de Durkheim e con- A tra quais outras teses ela se contrapõe para a explicação das modalidades de suicídio? Resolução: A) O estudo do suicídio é fruto de um trabalho científico de Durkheim no sentido de analisar, metodologicamente, as regularidades e tendências dos fatos por via da observação rigorosa de dados estatísticos. As taxas de suicídio foram analisadas por esse pensador frente a uma população determinada e Durkheim concluiu que toda sociedade apresentava uma predisposição a número de mortes voluntárias e que as taxas de suicídio são relativamente constantes, não variam arbitrariamente, mas, sim, em função de múltiplas circunstâncias sociais. Essas circunstâncias podem estar ligadas à rupturas sociais, como no caso dos suicídios anômicos, ou, às vezes, a integrações sociais muito fortes que chegam, inclusive, a anular o indivíduo e a fazer com que o mesmo deseje a própria morte (suicídio altruísta). Durkheim chamou de cor r entes suicidógenas essas taxas (ondas) de suicídios que podem ser explicadas em termos sociológicos. B) Durkheim, em sua obra “O suicídio” (1897), defende a tese de que esse fenômeno possui causas sociais. Isso significa que ele pode ser classificado como um fato social, coletivo e não meramente reflexo de inclinações pessoais e individuais, contrapondo, assim, à idéia de que o suicídio seria resultado unicamente de disposições psicológicas, hereditárias, raciais e/ou naturais. Nesse sentido, os motivos que levam às condutas suicidas são reflexos dos diferentes estados do meio social (religião, estrutura familiar, estrutura política, profissão, etc.). Partindo desse pressuposto, Durkheim estabelece uma tripla morfologia dos tipos de suicídio: o egoísta, o altruísta e o anômico. Portanto, em quaisquer casos analisados, Durkheim conclui que os suicídios não podem ser compreendidos como eventos particulares e isolados, pois o conjunto dos mesmos cometidos em cada sociedade durante um dado espaço de tempo não é a simples soma de eventos individuais independentes, mas um todo, uma unidade que possui uma natureza própria e comum a todos os fatos sociais.