Estrutura da Lisozima A. Rita Simões, Jorge Beira, Rita Malcata Metabolismo e Endocrinologia 2.º Ano LEBM, 5 de Abril de 2006 Grupo 4: A. Rita Simões, Jorge Beira, Rita Malcata; Tema: Estrutura da lisozima Uma enzima é uma proteína que catalisa (aumenta a velocidade de) uma reacção química. O termo enzima provém do grego ένζυµο, énsymo, que significa én – em – simo – levedura (Louis Pasteur descobriu que o processo de fermentação do álcool, pelas leveduras, era catalisado por alguma substância). Como qualquer catalisador, as enzimas desempenham o seu papel baixando a energia de activação de uma reacção, aumentando, deste modo, a sua velocidade, e não sofrendo qualquer alteração no decurso da reacção. A função de uma enzima, tal como sucede com as restantes proteínas, é eterminada pela sua estrutura. Uma enzima pode ser uma proteína monomérica (contendo apenas uma cadeia polipeptídica, tipicamente de 100 ou mais aminoácidos) ou oligomérica (que consiste em cadeias de diversos polipeptídeos que actuam juntos como uma unidade) . As enzimas apresentam, na sua estrutura, um centro activo – local onde a molécula do substrato se une -, funcionando através do modelo “chave – fechadura” sendo, como tal, dotadas de grande especificidade. A lisozima é uma enzima vulgarmente conhecida como o antibiótico natural do organismo, uma vez que destrói bactérias. Encontra-se em abundância em secreções, como as lágrimas, a saliva e a mucosa nasal, bem como em grânulos citoplasmáticos de granulócitos neutrófilos e ainda na clara do ovo (sendo esta muito útil a nível industrial, nomeadamente no controlo de bactérias lácteas no vinho). Foi descoberta acidentalmente, em 1922, por Alexander Fleming que, estando constipado, deixou cair algumas gotas de muco nasal numa cultura de bactérias, verificando depois que alguma substância presente no muco as tinha matado. Esta enzima é antibacteriana, uma vez que degrada os polissacarídeos que se encontram nas paredes celulares de muitas bactérias (não tem, no entanto, efeito nas bactérias gram negativas). Ela desempenha este papel catalisando a inserção das moleculas de água em determinados pontos das cadeias polissacarídeas bacteriais, mais concretamente nos locais onde os dois amino-açúcares que compõem as cadeias (N-acetilglucosamina e ácido N-acetilmurámico) se ligam. Pertence, portanto, à classe funcional enzimática das hidrolases. Uma deficiência em lisozima pode ser causada pelo gene LYZ, do cromossoma 12, e pode estar associada a um aumento da tendência das infecções. A estrutura primária da lisozima consiste numa única cadeia polipeptídica constituída por 129 aminoácidos. Ao longo da cadeia existem 4 pares de cisteínas (aminoácidos hidrofóbicos que contêm um grupo tiol: -SH) ligados por uma ponte dissulfídica (ligações covalentes que unem pontos distantes da estrutura primária da proteína, e que são comuns 1 Estrutura da Lisozima A. Rita Simões, Jorge Beira, Rita Malcata em proteínas extracelulares). Isto leva a concluir que a cadeia constituinte da lisozima não é linear, podendo encontrar-se nela algumas “dobras”. A lisozima é uma proteína globular que apresenta uma fenda profunda ao longo de parte da sua superfície, à qual se ligam seis hexoses dos substratos. A cristalografia de raios-X permitiu verificar a forma elipsoidal desta molécula e ainda que, à medida que o substrato e a lisozima se unem, cada um deles vai sendo ligeiramente deformado. Devido às modificações químicas da cadeia polissacarídea, a lisozima promove, diminuindo a energia de activação do processo, a inserção da molecula de água entre as duas hexoses, ocorrendo assim a hidrólise da cadeia. Quanto à enzima, a ligação que ela efectua ao substrato induz um ligeiro movimento de determinados resíduos de aminoácidos, podendo, deste modo, a sua fenda fechar-se ligeiramente sobre o substrato (mecanismo de “chave-fechadura”). Em relação à estrutura secundária da lisozima, sabe-se que ela tem 5 regiões helicoidais, sendo três delas alfa hélices e as restantes intermediárias. Nas alfa hélices, há extensão dos radicais dos aminoácidos para fora e extensão dos grupos carbonilo de cada ligação peptídica paralela ao eixo da hélice, apontando para o grupo NH do aminoácido da cadeia que se situa numa posição de 4 a.a. antes desse, formando com ele uma ponte de hidrogénio. A lisozima apresenta ainda cinco regiões de camadas beta. Estas consistem em pares de cadeias que se situam lado a lado (frequentemente anti-paralelas), sendo estabilizadas por pontes de hidrogénio entre os átomos de hidrogénio ligados aos azotos de cada ligação peptídica e o átomo de oxigénio carbonílico das ligações peptídicas da cadeia peptídica adjacente. Ao nível da sua estrutura terciária (que consiste na orientação espacial de regiões da estrutura secundária e que é estabilizada por interacções não covalentes), a lisozima é, como já foi referido, uma proteína globular. Esta enzima apresenta ainda cinco regiões de camadas beta. Estrutura, ligações, flexibilidade funcional: Estrutura primária: cadeia polipeptídica única, com 129 aminoácidos; Ao longo da cadeia existem 4 pares de cisteínas (aminoácidos hidrofóbicos que contêm um grupo tiol: -SH) ligados por uma ponte dissulfídica (ligações covalentes que unem pontos distantes da estrutura primária da proteína, e que são comuns em proteínas extracelulares). 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