CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA FACULDADE DE TECNOLOGIA DE INDAIATUBA IARA TOLEDO BELLODI Zona de Processamento de Exportação O modelo chinês como referência para a economia brasileira Indaiatuba – SP DEZEMBRO/2013 CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA FACULDADE DE TECNOLOGIA DE INDAIATUBA IARA TOLEDO BELLODI Zona de Processamento de Exportação O modelo chinês como referência para a economia brasileira Trabalho de graduação apresentado como pré requisito para formação no curso de Tecnologia em Gestão Empresarial com ênfase em Comércio Exterior da Faculdade de Tecnologia de Indaiatuba, elaborado sob a orientação da Professora Dra. Elisiane Sartori Menezes Garcia. Indaiatuba – SP DEZEMBRO/2013 Dedicado a minha família e em memória de Rogéria E. N. Toledo e Laércio A. Toledo, que sempre me apoiaram para que eu alcançasse meus objetivos. AGRADECIMENTOS Sou grata a Deus por me dar forças quando eu achava que não conseguiria. Agradeço a minha família por me apoiar no desenvolvimento deste estudo monográfico. Sou grata aos meus pais, que já faleceram, por terem me apoiado a cursar uma faculdade e por me incentivarem todas as vezes que eu pensava em desistir. Agradeço ao meu marido Paulo H.Bellodi que me ajudou a ter confiança para continuar. Sou grata ao Presidente da ABRAZPE, Helson Braga que me forneceu gentilmente um material muito rico para desenvolvimento deste trabalho monográfico. Agradeço também a professora Doutora Elisiane que foi paciente e me deu forças para acreditar no meu trabalho. Elisiane Sartori Menezes Garcia Jane Ferreti Marlucy Maria da Silveira Ribeiro 04/12/2013 “O que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano.” ( Isaac Newton ) RESUMO O rápido desenvolvimento econômico da China foi resultado de um cuidadoso planejamento governamental que utilizou como principal ferramenta a instalação de Zonas de Processamento de Exportação, também conhecidas como Zonas Especiais de Exportação. As ZPE‟s têm sido implantadas em diversos países como uma ferramenta estratégica para o desenvolvimento econômico nas regiões onde estão inseridas, auxiliando no processo de industrialização, atraindo investimentos estrangeiros e fomentando as relações internacionais. Considerando as similaridades econômicas da China e do Brasil até os anos 80, percebe-se claramente que a propagação das ZPE‟s pelo território chinês foi crucial para que o país deixasse de ter sua economia baseada na agricultura, enquanto o Brasil diverge completamente de tal proposta. Embora tenha sido criada um decreto-lei para a aplicação de ZPE‟s no território nacional, sua implementação foi precária e as ZPE‟S não entraram em funcionamento, os demais planejamentos governamentais demonstraram um governo passivo reagindo somente as mudanças do mercado internacional de forma defensiva. Objetiva-se estabelecer neste trabalho acadêmico as características do modelo de ZPE chinês, considerando a possibilidade de apropriação deste modelo bem sucedido para a instalação efetiva das ZPE‟s no Brasil. O método estabelecido para desenvolvimento da pesquisa consistiu em livros, artigos cientifico, reportagens, assim como se fez uso de sites relacionados ao tema. A analise resultante dos dados deste trabalho consiste na constatação da inabilidade do governo brasileiro na implementação das ZPE‟s em seu território, sendo que estas estimulando as exportações trariam ganhos econômicos e sociais para o país. Palavras-chave: ZPE, industrialização, exportação, desenvolvimento econômico. SUMÁRIO INTRODUÇÃO CAPITULO I..........................................................................................................................................15 1.1. História da Econômica Chinesa..........................................................................................15 1.2 Dificuldades enfrentadas pela China em seu processo de desenvolvimento.......................22 1.3. O Papel das ZPEs no desenvolvimento econômico...........................................................25 CAPITULO II.........................................................................................................................................31 2.1 Desenvolvimento econômico Brasileiro..............................................................................31 2.1 Análise histórica da formação econômica chinesa e brasileira............................................48 CAPITULO III........................................................................................................................................52 3.1 A busca pelo modelo de ZPE eficiente,...............................................................................52 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................................59 REFERENCIAS.....................................................................................................................................62 ANEXOS................................................................................................................................................66 LISTA DE ILUSTRAÇÕES, TABELAS E GRAFICOS Figura 1 – Mapa das Zonas de Processamento de Exportação da China .................................. 27 Figura 2 – Mapa das Zonas de Processamento de Exportação do Brasil ................................. 55 Tabela 1 - China:percentual de investimentos no período 1949-1978 .................................... 17 Tabela 2 - Composição do PIB da China: percentual do PIB da China 1949-1980 ................ 17 Tabela 3 - Crescimento das exportação do café.......................................................................36 Grafico 1 - Crescimento Percentual do PIB Chinês (1986-2008)……..................................21 Grafico 2 - Investimentos Diretos Estrangeiros Recebidos pela China.……….......................22 LISTA DE SIGLAS ZPE- Zona de Processamento de Exportação ZEE - Zona Especiais de Exportação IDE - Investimento Direto no Exterior CZPE- Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exportação INTRODUÇÃO A China demonstrou um rápido crescimento econômico, este crescimento é reflexo de um planejamento estratégico para atrair investimentos estrangeiros. Considerando o crescimento econômico chinês e a necessidade de desenvolver a economia brasileira, este estudo monográfico descreve as ZPEs (Zonas de Processamento de Exportação), que foram as ferramentas cruciais para o desenvolvimento da China, a partir desta descrição analisaremos se o modelo de ZPE chinês pode ser aplicado no Brasil de forma efetiva. Optar pela China como referência para o crescimento econômico foi uma escolha feita com base em diversos fatores como território, sua estrutura inicialmente baseada na agricultura e o período vivido pelo país em condição de semicolonialismo, características estas muito similares ao Brasil durante o colonialismo, sendo que também o país tem sua estrutura econômica fortemente ligada a área rural. Os países tem diversas similaridades históricas, no entanto seguiram planejamentos diferenciados o que fez com que a China apresentasse seu rápido desenvolvimento econômico. Segundo o Ministério de Desenvolvimento da Indústria e Comércio, as exportações brasileiras tem crescido, mas ao mesmo tempo, este crescimento tem apresentado desequilíbrios se considerarmos que o número de empresas exportadoras correspondem a quase metade das empresas importadoras. As exportações brasileiras ainda não possuem um modelo solido de incentivo ao comércio exterior. Atualmente o crescimento econômico de um país esta diretamente relacionado á sua internacionalização, segundo Rebono (2010,p.213): Nos dias de hoje, não é possível que um país possa no aspecto socioeconômico desenvolver-se isoladamente. Nenhum país, por mais que se esforce, consegue ser auto-suficiente, com a eficiência adequada, em tudo o que se faz necessário, seja pela limitação de seus recursos naturais(solo, clima, etc.)pela capacidade produtiva de sua mão-de-obra ou pela diferença de estagio de desenvolvimento tecnológico. Neste período Comércio Internacional se dá através da troca de bens e serviços entre os países, em geral ele representa uma significativa parcela do PIB e aparece desde o início das transações comerciais na sociedade. Porém, com a globalização vinda através de 10 tecnologias como os transportes e criação de corporações multinacionais, adquiriu importância social e econômica fazendo com que a saída desses produtos e serviços para além das fronteiras de origem fosse estudada e modernizada, notadamente no último século. Segundo o site REUTERS BRASIL (2012), a China, demonstrou um crescimento econômico de 10,4% em setembro de 2011. O crescimento econômico da China tem uma relação direta com a sua participação no comércio internacional, suas exportações aumentaram em 2010 28% em termos de volume, segundo o site World Trade Organization. O site da revista Veja publicou que a China, sendo o país mais populoso é também líder no recebimento de investimentos externos, ainda segundo a publicação, em 2003 o país atraiu 52,7 bilhões de dólares e superou os Estados Unidos no ranking mundial de investimentos diretos do exterior. A preparação para a abertura econômica chinesa se iniciou em 1978 com Deng Xiaoping, que efetuou a abertura de zonas comerciais, também conhecidas como Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs) nas províncias costeiras, permitindo assim o aumento do investimento estrangeiro e liberalização do comércio e do mercado agrícola, tendo como características atrativas a mão-de-obra barata. Quando a China abriu sua estrutura econômica para o mundo precisava de fundos para se desenvolver, Ramachandtra e Cletus (1999), deixaram claro que a estratégia foi atrair investidores estrangeiros para assim desenvolver sua estrutura local, utilizando como ferramenta as ZPEs. As ZPEs são ferramentas utilizadas no mundo para estimular a busca de investimentos , o site ABRAZPE(2012) define que as ZPEs são: [...]distritos industriais incentivados, onde as empresas neles localizadas operam com suspensão de impostos, liberdade cambial (podem manter no exterior, permanentemente, as divisas obtidas nas exportações) e procedimentos administrativos simplificados - com a condição de destinarem pelo menos 80% de sua produção ao mercado externo. A parcela de até 20% da produção vendida no mercado doméstico paga integralmente os impostos normalmente cobrados sobre as importações. Segundo Javantakumaran (2003), as ZPEs podem beneficiar o desenvolvimento de um país atraindo investimentos estrangeiros a investir na manufatura sem que estejam sujeitos a toda a regulamentação da economia interna, uma vez que estas ZPEs são favorecidas por benefícios relacionados à tarifação, à infra-estrutura, aos controles de importação e à regulamentação interna. 11 O Brasil e a China possuem algumas semelhanças, ambos os países são populosos, sendo o Brasil o quinto mais populoso e a China aparece em primeiro lugar segundo, Salim (2011). Em aspectos territoriais a China possui um território de 9.596.960 km² ,sendo o 3º país com o maior território e o Brasil com 8.547.403 km² se encontra em 5º lugar em comparativo aos demais países. Segundo o site mundo educação Brasil e China são considerados países emergentes, tendo em vista as semelhanças de Brasil e China, e crescimento econômico chinês, cabe avaliar possíveis investimentos no comércio exterior nacional para o desenvolvimento da economia. Um país somente pode ter seu crescimento econômico alavancado pelo processo de internacionalização, uma vez que nenhum país é capaz de se manter auto suficiente. Para facilitar a exportação de produtos nacionais e trazer investimentos externos para o país, são necessários incentivos públicos e privados. Atualmente, o Brasil possui alguns órgãos de incentivo a exportação públicos e privados tais como: BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), ABDI (Agência Brasileira de desenvolvimento Industrial), INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industria l), Apex- Brasil (Agência Brasileira de Produção a Exportação e Investimentos), etc. Considerando o rápido crescimento chinês, este estudo monográfico visa observar as principais características das ZPEs chinesas analisando se o modelo de ZPEs poderia ser aplicado no Brasil de uma forma funcional, impulsionando as exportações brasileiras e o desenvolvimento econômico do país. O objetivo estabelecido neste trabalho consiste em mostrar a importância das ZPEs para a economia chinesa no processo de abertura e expansão do comércio exterior, e realizar uma análise comparativa da história e implementação das ZPEs brasileiras. As ZPEs tiveram um importante papel no processo de internacionalização chinês, por este motivo estabeleceu-se os seguintes objetivos específicos que consistiam em obter o máximo de informações sobre as características principais e os benefícios das ZPEs chinesas que fomentaram o desenvolvimento de sua economia.No desenvolvimento deste trabalho monográfico também considerou-se relevante avaliar se as características das ZPEs chinesas seriam funcionais no Brasil e se trariam ganhos significativos para a economia nacional. A China desenvolveu rapidamente sua economia e tem um grande volume de exportações o que pode ser justificado pela utilização das ZPEs. Considerando as semelhanças entre Brasil e China as perguntas que norteiam o seguinte trabalho são: Quais as características das ZPEs chinesas? Como as ZPEs brasileiras podem se apropriar do modelo chinês com foco no desenvolvimento econômico brasileiro? 12 Após o desenvolvido deste estudo monográfico será possível identificar as características das ZPEs chinesas, sendo assim pode-se estabelecer um modelo a ser seguido para implementação das ZPES brasileiras. Com os objetivos deste trabalho alcançados, este trabalho monográfico irá motivar em curto prazo a abordagem deste tema tão atual por outros estudantes da área de Comércio Exterior e que atuem em áreas relacionadas, permitindo, assim, que desenvolvam o tema direcionando-o conforme seus objetivos. Posteriormente o interesse gradativo pelas ZPEs poderá ocasionará um movimento empresarial e político para que mais ZPEs sejam implantadas no país, trazendo benefícios para o comércio exterior e também para o desenvolvimento econômico nacional. As ZPEs, ou Zonas de Processamento de Exportação, consistem em áreas que oferecem benefícios tributários e cambiais, sendo sua política diferenciada das demais áreas do país onde é instalada. O emprego de ZPEs para atrair investimentos estrangeiros tem demonstrado ser uma estratégia bem sucedida utilizada por diversos países dentre eles podemos citar Estados Unidos, Japão, Philipinas, Índia, China, dentre outros. Considerando os benefícios econômicos atribuídos as ZPEs, justifica-se o desenvolvimento deste estudo monográfico que pretende oferecer uma nova perspectiva sobre o desenvolvimento da economia chinesa e brasileira baseado no comércio exterior. Dentro do contexto em que o comércio exterior impulsiona a economia chinesa, considera-se relevante entre as técnicas aplicadas para desenvolvimento das relações internacionais avaliar os ganhos com a implantação de ZPEs no país. Através do estudo das ZPEs e compreendendo seu funcionamento e suas características será possível através de incentivo privado e político implementar esse recurso para desenvolvimento da economia nacional. Estimular as exportações e desenvolver o co mércio exterior brasileiro ofereceria ganhos para a economia nacional. A China teria utilizado as ZPEs para desenvolver sua economia e se internacionalizar, por isso um comparativo entre às ZPEs Chinesas e o desenvolvimento da ZPE brasileira se faz necessário. Este trabalho se faz importante aos empresários brasileiros e ao governo, uma vez que desejando ampliar a participação do Brasil no comércio exterior, devem analisar a aplicação bem sucedida das ZPEs na China investindo assim na implementação de novas ZPEs no Brasil. Este estudo também se faz necessário para aumentar a percepção de estudantes sobre as diversas possibilidades de direcionamento e desenvolvimento da economia brasileira, uma vez que com a abertura de ZPEs com incentivo de empresas privadas e do governo a economia nacional obviamente sofreria modificações positivas. 13 Para desenvolver este trabalho monográfico foram considerados alguns tipos de metodologia de pesquisa. São inúmeros os conceitos e métodos de pesquisa, não existe um consenso sobre o melhor método. Ander-Egg (1978, p28, apud LAKATOS &MARCONI, 1991) afirma que a pesquisa consiste em um “procedimento reflexível sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos, dados, relações ou leis em qualquer campo de conhecimento.”. Este trabalho monográfico não fugirá do conceito de Ander-Egg sendo desenvolvido de forma descritiva, organizando os dados de forma lógica e objetiva. O desenvolvimento do trabalho ocorrerá de forma a organizar dados quantitativos e dados históricos, sendo esse trabalho desenvolvido com uma pesquisa descrita como bibliográfica que segundo Gil (2010, p.29), consiste: Tradicionalmente, esta modalidade de pesquisa inclui material impresso, livros, revistas, jornais, teses, dissertações e anais de eventos científicos. Todavia, em virtude da disseminação de novos formatos de informação, estas pesquisas passaram a incluir outros tipos de fontes, como discos, fitas magnéticas, CDs, em como o material disponibilizado pela internet. Este trabalho monográfico utilizará dados coletados através da utilização de artigos, jornais, revistas e bibliotecas eletrônicas como o Scientific Eletronic Library (Scielo) assim como, dados fornecidos pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Os principais sites utilizados serão sites os governamentais que tratam do tema comércio exterior como o site do MDIC. Alguns dos trabalhos acadêmicos mais utilizados no desenvolvimento deste estudo monográfico foram: Export Processing Zones: The Chinese Experience and its Lessons for Tamil Nadu e Export Processing Zones in China, que foram utilizados para construir a história de formação da ZPEs na China. Alguns dos autores mais utilizados como referencial teórico no desenvolvimento deste trabalho monográfico foram Furtado (2007), que desenvolveu um trabalho acadêmico sobre a história do desenvolvimento econômico chinês e Jayanthakuman (2003), responsável pelo desenvolvimento de um artigo cientifico que relata os benefícios das Zonas de Processamento de Exportação. Para estabelecer uma discussão mais clara sobre o desenvolvimento da economia brasileira utilizei como principais referências os autores Furtado (2012) e Baer (2004), que descreveram em suas obras o desenvolvimento do país dês da época da colonização. 14 Conforme citado acima este trabalho acadêmico foi desenvolvido, em três capítulos. O primeiro capítulo discorre sobre o processo de desenvolvimento econômico Chines, sendo que será descrito neste capítulo os benefícios que são atribuídos as ZPEs e sua implementação. O segundo capítulo descreve a história do Brasil retomando aspectos de seu desenvolvimento econômico, pretende-se ilustrar suas políticas de industrialização, serão abordados neste capítulo também a necessidade da instalaç ão de ZPEs para desenvolver o país economicamente e está prevista a descrição dos benefícios atribuídos à primeira ZPE aberta no país no Acre, em 13 de setembro de 2012. Por fim, no terceiro capítulo objetiva-se estabelecer comparações entre o processo de desenvolvimento da economia chinesa e da brasileira, demonstrando a necessidade da instalação de ZPEs como estratégia de desenvolvimento econômico. Nas considerações finais iremos retomar o que foi tratado nos capítulos anteriores fazendo as devidas conexões necessárias. CAPITULO I A História da Economia Chinesa A história da China foi marcada por muitos conflitos, inicialmente sua relação com o comércio exterior não foi tão promissora como nos tempos atuais. Baseado em informações de Furtado (2007) este capítulo será desenvolvido. Ocorreram grandes mudanças no país desde a revolução comunista em 1949, quando a China era considerada um país atrasado. A China apresentou entre 1949 a 1978 um crescimento correspondente a uma taxa média de 5,9% ao ano. Diferente do que se pode cogitar a inserção da China no comércio exterior no inicio não foi proveitosa, a relação de comércio foi imposta pela Grã-Bretanha na primeira Guerra do Ópio em 1840, antes disso a China era fechada ao comércio exterior. Os ingleses, mediante a derrota da China fizeram as seguintes exigências segundo Furtado (2007): (a)Abrir os portos chineses ao comércio; (b)Criar extraterritorialidade(empresas e cidadãos britânicos são julgados no país de origem); (c) conceder à Grã-Bretanha status de nação mais favorecida; (d)Conceder aos britânicos o porto e cidade de Hong Kong; (e)Criar tarifa única de imposto de importação de 5%; A China também teve que se sujeitar ao comércio do ópio, principal motivo da Guerra do ópio. Atraídos pelas vantagens obtidas pelos britânicos, outros países do ocidente entraram em conflito com a China tais como França, Estados Unidos,Japão e a Russia também participaram de guerras contra a China. Além do conflito com outros países a China passou por conflitos internos como revoltam locais. Com a guerra sino-russo-japonesa, a China é forçada a entregar territórios a alemães, britânicos e japoneses. Mediante as derrotas nos conflitos, tendo seus portos ocupados por estrangeiros e sujeita as penalidades dos países, vencedores a China fica impossibilitada neste período de desenvolver sua economia. Diante de tais conflitos, o país tenta investir suas forças na indústria pesada e na produção de 16 armamento militar. Diante do cenário vivido pela China, após os conflitos e se distanciando cada vez mais da Europa o país se transformou no "doente da Ásia", sendo alvo de um território cobiçado, de riquezas minerais e portos de domínio de comércio exterior. Ainda segundo Furtado (2007,p.12) "entre 1894 e 1914 os investimentos externos passaram de 109 para 962 milhões de dólares". Em 1900, outros países dominavam os setores bancário, pesca, ferrovia, mineração e energia da China. Em 1930 a China começa a produzir bens de capitais que eram antigamente importados do ocidente, mas a concorrência era desleal entre as empresas chinesas e estrangeiras, sendo o governo chinês impossibilitado de proteger sua indústria devido aos acordos comerciais impostos pelo ocidente. Somente em com o inicio do comunismo, em 1949 foi possível livrar o país do semicolonialismo e unir o país, com exceções de Hong Kong,Macau e Taiwan. Durante o período comunista, o governo tem o maior poder sobre a indústria e faz aliança com a URSS que passou a apoiar o desenvolvimento da China, mesmo diante do embargo americano. Com base em Furtado (2007, p.16) governo comunista focava no processo de industrialização e com isso a taxa de investimento passou de 5% ao ano até 1949, para 10% logo após a revolução comunista. A meta primordial econômica do país foi a de se industrializar rapidamente com indústrias pesadas, mas tendo a agricultura como base, uma vez que seu processo de reforma econômica se iniciou com o desenvolvimento neste campo e a China já detinha mais experiência nesta área. Para acelerar o processo de industrialização o governo mantinha salários baixos e o sistema comunal de agricultura per mitia acesso aos bens de subsistência mantendo-os com preços baixos, conforme demonstra a Tabela 1, abaixo: 17 Tabela1:China:percentual de investimentos no período 1949-1978 Fonte:Aiguo,Lu 2000. Conforme é possível observar pela tabela acima, os investimentos são principalmente na agricultura e na indústria pesada, sendo que a neste período a industrial leve ainda não possuía um destaque tão grande na economia do país. Uma comparação propicia para identificarmos a evolução no processo de industrialização chinês pode ser feito considerando a seguinte tabela: Tabela 2:Composição do PIB da China: percentual do PIB da China 1949-1980. Fonte: Furtado (2007,p.17,apud Aiguo,Lu 2000). 18 Ainda segundo Furtado (2007) durante o período comunista a China comprava no exterior instalações necessárias e fornecia divisas para pagar emergências alimentares para evitar causar uma influência negativa ao mercado interno, mesmo o intenso comércio com os blocos soviéticos gerou influência em sua economia tendo como consequência déficits externos. Entre 1953 e 1956, os chineses compraram 156 plantas industriais na URSS, além de assistência tecnológica e treinamento a chineses. A China tenta ampliar gradativamente seu comércio com outros países e em 1952 estabelece o primeiro acordo de comércio com o Japão. Em 1960 quando ocorre uma crise entre China e URSS colocando um fim ao comércio entre os países a China se volta para o Japão, assinando um memorando chamado Liao Chengzhi- Takasaki Tatsumoto, no mesmo ano. O Japão passa a responder por 13% do comércio chinês, tornando-se o seu principal parceiro. Entre 1971 e 1972 com o fim do embargo Americano, a China passa a comercializar com os Estados Unidos estabelecendo uma relação lucrativa para ambos os países, sendo que os próprios déficits ocasionados pelo comércio entre eles estimulavam a China a se abrir mais ao comércio exterior. Os novos padrões de consumo fazem com que a China volte sua estratégia para o desenvolvimento da indústria leve, considerando o consumo das massas. O governo planeja reformas em todos os setores da economia de forma gradativa, estimulando setores não estatais, suas primeiras medidas foram reformar a organização da agricultura visando torná- la mais eficiente. Algumas das medidas tomadas pelo governo na reforma foram as seguintes: Concedeu-se ampla liberdade de produção, de preços e extinguiram-se as comunas agrícolas. Isto foi feito para aumentar a eficiência e melhoria da atividade agrícola, com incentivos individuais (às famílias). (FURTADO 2007,p.22). No presente período também foram criadas as TVE ( Town Vilages Enterprise) empresas voltadas diretamente para a produção agrícola. O desenvolvimento da agricultura foi muito significativo para a economia da China, a indústria estatal nesse período que era de 80% passou para 50% em 1997. Com a reforma e desenvolvimento da economia rural toda a economia foi beneficiada, estimulando assim o desenvolvimento de empresas que atuassem na indústria leve. O governo conduziu as mudanças na economia, mas aos poucos de diligente ele passa a delegar seus poderes embora a presença governamental ainda seja perceptível de forma social, mas sua imagem é cada vez mais relacionada às empresas. 19 As reformas sofridas pelo país com a condução do governo introduziram empregos e rendas cada vez mais diferenciados, a reforma também se aplica ao comércio exterior que é estimulado às mais diversas empresas se desenvolvem, porém o governo no entanto não abre mão do controle do câmbio. Uma das demonstrações da forma como o governo começa a delegar poderes pode ser observada na citação abaixo: Em 1993,93% dos preços do varejo eram determinados pelo mercado, 90% dos preços agrícolas e 85% do atacado. O estado que era o fixador de preços vai, aos poucos, se retirando desta tarefa, apesar de manter alguns sob controle como energia, petróleo e seus derivados, etc, o que, aliás, acontece em muitos países em desenvolvimento. "(FURTADO, 2007,p.24). As autoridades da China são cada vez mais estimuladas a buscarem investimentos no exterior como o estabelecimento de empresas estrangeiras em território chinês e a formação de joint-ventures. Desde os anos 90 as joint-ventures e empresas estrangeiras são importantes para a economia chinesa respondendo por 40% das exportações.Um dos métodos utilizados pelos chineses para atrair investimento estrangeiro e parecerias como as joint-ventures foi a formação de ZPEs (Zonas de Processamento de Exportação), segundo JAYANTHAKUMARAN(2003,p52), a China utilizou as ZPEs no seu processo de reforma econômica de Deng Xiaoping para abrir sua política ao comércio exterior a partir de 1979. O governo chinês tinha com as reformas o objetivo de tornar sua moeda forte, ter acesso a tecnologia e equipamentos, diminuindo cada vez mais a exportação primária e valorizando o crescimento das exportações de produtos industrializados e com maior valor agregado. A partir das reformas, a área militar foi afetada uma vez que a indústria antigamente voltada a produção de armas começa a se interessar e se envolver com empresas lucrativas da indústria leve. O estado incentiva e se envolve diretamente com empresas privadas, “economia e estado quase se fundem”(FURTADO,2007,p.26). A China recebe muito investimentos externo, porem Taiwan e Hong Kong não investem tanto na China e também não recebem em retorno investimentos, isso ocorre porque a politica diferenciada vivenciada em ambos os casos pretende aguardar por mais benefícios no comércio com a China e Taiwan não permitindo que investimentos de empresas chinesas em seu território, posteriormente a relação entre Hong Kong, Taiwan e China de mudar. 20 Aos poucos com o investimento na indústria leve entre 1980 e 1990, ocorre o desenvolvimento da indústria de eletrodomésticos como fogões, geladeiras, dentre outros, que desenvolvem marcas fortes a serem exportadas para diversos países. Mesmo obtendo bons resultados com as reformas efetuadas nas indústrias leves entre 2000 e 2007, a China volta a investir na indústria pesada considerando uma oportunidade de lucro a ser explorada. Ela passa a investir, por exemplo, na produção de aço, de não ferrosos como alumínio, produção de energia e carvão. Dentre as suas produções existe a indústria de minério de ferro que acabou por afetar a indústria brasileira. O motivo do investimento da China ocorrer novamente no setor de indústria pesada foi devido a necessidade de desenvolver sua infraestrutura, uma vez que buscava expandir áreas urbanas construindo ferrovias, aeroportos e expandindo seus portos. Existem algumas previsões quanto aos investimentos na infraestrutura da China: Em ferrovias investiu 71 bilhões de dólares entre 2003-2007, e prevê investimentos de 41 bilhões de dólares em 2008. Neste setor o país investe em 7.820km em 2008 iniciará a construção de um trem bala Pequim-Shangai. No total a China colocará em uso mais de 15000 km de novas ferrovias em três anos, sendo 7000 km apenas destinados ao transporte de passageiros de alta velocidade. Em 2020 pretende atingir 120000 km de ferrovias. Em 2008 transportará 1,4 bilhões/dia de passageiros e mais de 3,3 bilhões de toneladas de carga com receitas de 49,5 bilhões de dólares. Tudo isso mostra que a infraestrutura em construção é muito elevada, exigindo bens minerais como aço, cobre e gerando elevado montante de negócios e faturamento. Há ainda grandes investimentos em gasodutos, e apenas um deles o que vem do Cazaquistão demandará 6 milhões de toneladas de aço. (FURTADO, 2007,p.30). O desenvolvimento do país de forma planejada acaba por acarretar consequências em seu PIB que cresce chegando a alcançar 11,9% em 2007.Mesmo tentando refrear a economia chinesa devido a inflação em um determinado período o governo já não obtém sucesso, conforme demonstra o Gráfico 1 baixo: 21 Gráfico1: Crescimento Percentual do PIB Chinês (1986-2008). Fonte: Furtado, Marco A.T.;Morales,Denise K. a partir do China Statistical Yearbook. Apud (FURTADO, 2007, p.31).*2008 corresponde a uma previsão. Com o investimento estrangeiro no país e o aumento da empregabilidade gerada pelas joint- ventures, conforme pode ser observado no gráfico acima, no decorrer dos anos o país demonstrou um crescimento gradativo de seu PIB. Outras áreas da economia chinesa foram alavancadas por influência dos investimentos estrangeiros, vide a tabela abaixo: 22 Gráfico 2: Investimentos Diretos Estrangeiros Recebidos pela China. : Fonte: Furtado, Marco A.T. Morales,Denise K.2007, a partir do China Statistical Yearbook. Conforme pode ser observado no gráfico, a China recebeu cada vez mais investimentos estrangeiros após a sua abertura econômica. O fim do embargo americano entre 1971-1972 também facilitou o aumento de sua participação no comércio e xterior. Ainda segundo Furtado (2007) entre 1972-1978, a China teve sua participação no comércio exterior desenvolvida de 4,8 bilhões de dólares em 1972 para 20,6 bilhões em 1978. É perceptível que todo processo de mudança é alavancado pelo governo, este processo de mudança tem como ferramenta um planejamento estratégico que atraiu investimentos estrangeiros, as ZPEs consistiram em grande parte desta estratégia de desenvolvimento por meio de investimentos permitindo assim a atual situação bem sucedida da economia chinesa que conhecemos hoje. 1.2 Dificuldades enfrentadas pela China em seu processo de desenvolvimento. A China permaneceu isolada do mundo por um longo período, seu distanciamento do ocidente ocorreu desde 1500 segundo Furtado (2007), embora sua economia fosse muito 23 forte até esse período, o crescimento populacional nos séculos XVI a XVIII, dentre outros problemas como constantes conflitos internos, fizeram com que o país se tornasse um dos países mais pobres do mundo. A China teve sua fraqueza exposta com a “Guerra do Ópio”, já citada anteriormente. Impossibilitada de proteger seu país, esse foi por um longo tempo sujeito ao semicolonialismo uma vez que o país sofreu com diversas guerras, sendo os ataques resultado do interesse de outros países que buscavam obter as mesmas vantagens da Grã-Bretanha, assim sua tentativa inicial em participar do comércio exterior foi apenas uma tentativa de defesa diante da condição vivida pelo país em decorrência dos diversos conflitos internos e externos. A inicial tentativa de se ocidentalizar foi mal sucedida agravando ainda mais sua condição econômica. Existem diversas suposições sobre as causas da dificuldade da China se “ocidentalizar”, dentre elas podemos citar: a) falta de industrialização.Não há consenso sobre o por que a China não conseguiu se industrializar. b)sociedade permaneceu rural. c) inércia social.Ocidentalização foi apenas um movimento superficial, mas a sociedade demandava uma revolução que mudasse socialmente o país. d) uns vêem no imperialismo ocidental uma barreira para o processo de industrialização. e)outros comparam China e o Japão e concluem que razões diferentes levaram ao fracasso chinês e ao sucesso japonês.Na China o stado enfraquecido não pode desenvolver o papel que o governo japonês teve, protegendo sua indústria, acumulando capital,etc.A própria ascensão do Japão ocorreu ao mesmo tempo em que este passa a ter uma atitude agressiva cm vizinhos, e particularmente com a China, tomando territórios, obrigando a pagar indenizações de guerra,etc. g) outro motivo poderia ser a fraqueza da burguezia chinesa, que sempre foi muito fraca para ter um papel destacado na industrialização. h) a aliança entre donos da terra e governo sempre foi um dificultador do processo.Estes proprietários não desejavam mudanças sociais.(FURTADO,2007,p.13). Retomando alguns dados históricos já tratados aqui, foi com o comunismo que país começou a se tornar autossuficiente e estabeleceu parceria com a URSS para se desenvolver. A China em 1849 começou a ter melhorias em sua economia, que se iniciam por uma reforma agrícola, sendo esta bem sucedida acaba por estimular o desenvolvimento do planejamento da reforma na indústria chinesa. As alianças estabelecidas com outros países também permitiram um o desenvolvimento gradativo da economia da China. Em 1943, a China também foi favorecida pela devolução de alguns de seus territórios pelos Estados Unidos e pela Grã- 24 Bretanha como forma de se aproximarem na guerra contra o Japão. Posteriormente, ao final dos conflitos, o Japão se torna um dos principais parceiros da China. Estados Unidos também se alia aos chineses 1971-72 exportando e importando. Observando a história da China é possível perceber que uma vez que seu processo de industrialização foi mais tardio, o método encontrado pelo país para alavancar sua economia foi a instalação de ZPEs, estas Zonas de Processamento de Exportação, que favoreceram a entrada de investimentos estrangeiros que se interessavam pelos benefícios oferecidos pelo governo, com a abertura econômica e a formação de ZPEs o país conseguiu desenvolver sua tecnologia.Cabe assim ao leitor observar que a China desenvolveu sua economia de forma eficiente a partir do momento em que se tornou participativa no comércio exterior, sendo esse resultado de desenvolvimento o reflexo de um planejamento estratégico que partiu do governo. A China já foi um país pobre como mencionado aqui, seu processo de industrialização e desenvolvimento de áreas urbanas obviamente fez com que o governo se preocupasse com a migração da população para áreas rurais: O Controle da migração de mão de obra para morar na cidade era necessário ter o cartão que autoriza o cidadão a viver ali e obter emprego, com o intuito de reduzir o risco de favelização em um país com 1,3 bilhões de habitantes. (FURTADO, 2007.p.18). Outra preocupação vivenciada pela China foi desenvolver-se tecnologicamente para que pudesse produzir produtos com maior valor agregado, sem que fosse necessário fazer um grande número de importações, para evitar causar danos ao sua economia. Um relato do cartunista e repórter HENFIL (1982), pode demonstrar talvez um pouco da preocupação da população chinesa em se industrializar, em uma visita a uma fabrica na China fundada em 1953, que produzia fresadoras: [...] Fresadora é vital, ela é capaz de fresar uma peça de metal sem precisar abrir o metal. Você faz o diabo com o aço. Mas o importante não é isto. O importante é que não importam máquinas, o que gera uma dependência insuportável. A China tem suas próprias fabricas de maquinas para fazer maquinas. Quem trabalha no ramo deve entender bem a importância disto... A operária-chefe se desculpa dizendo que só 97% dos equipamentos da fabrica de Pequim são nacionais, quer dizer chineses – 3% ainda são importados. (HENFIIL, 1982, p.64). 25 Anteriormente, devido ao semi-colonialismo a China não tinha como defender sua indústria nacional, mas atualmente o processo parece se inverter. Em uma matéria da revista América Economia (2011), a empresa Impsa, que produz turbinas para geração de energia hídrica e eólica, também fabricante de gruas utilizadas usadas em portos, demonstra sua experiência negativa ao se aventurar no mercado chinês. A empresa Impsa teria feito uma parceria com uma subcontratada para a fabricação de gruas, sendo que os itens de maior valor agregado eram produzidos em Mendonza, na Argentina, mas em pouco tempo a empresa teve problemas com a subcontratada que passou a se tornar uma concorrente e em 1992, fundou a Shangai Zhenhua Port Machinery(SZPM). A vice-presidente da empresa Impsa afirma: Eles tiveram grandes subsídios do estado chinês, ganharam um porto, dez barcos receberam dinheiro muito barato, e foi praticamente impossível para nós e para o resto dos fornecedores do mundo competir com isso.”(PESCARMONA,2011,p.36). Ainda segundo a revista América Economia em 2011 s SZPM possuíam mais de 70% de participação no mercado global de gruas de porto, sendo que muitas delas eram vendidas para a América Latina. Com as parcerias com empresas estrangeiras, as empresas chinesas passaram a desenvolver sua própria tecnologia, sendo que com algum apoio do governo estas passaram gradativamente a se tornarem independentes das empresas as quais se aliaram, muitas vezes competindo no mesmo mercado de atuação. 1.3O papel das ZPEs no desenvolvimento econômico. A parte referente do presente trabalho acadêmico será desenvolvido com base nos autores: YEUNG,LEE e KEE,(2009). As ZPEs trazem benefícios para a economia do país onde são instaladas, alguns casos bem sucedidos foram a Coréia do Sul, Malásia, Sirilanka, China e Indonésia. A China com seu rápido desenvolvimento econômico, fez utilização das ZPEs para atrair o investimento do exterior desenvolvendo assim sua tecnologia .De um país que tinha sua base rural, passa a exportar gradativamente produtos mais industrializados com um maior valor agregado. 26 Segundo o MADANI (1999,10-20) os termos Zona de Processamento de Exportação(ZPE), Zona de Livre Comércio(ZLC), Zonas de Econômica Especial(ZEE), Zona do Processamento de Fabricas(ZPF) são detentores de conceitos similares com variações determinadas por normas e objetivos do país onde estão sediadas. ZPE ou ZEE são os termos mais utilizados para tratar sobre o tema. As Zonas de Processamento de Exportação consistem em áreas estratégicas de um país, as áreas territoriais onde são instaladas as ZPEs é possível criar-se um sistema diferenciado de regras para o processo de exportação. As empresas que se localizam nessas regiões são beneficiadas por uma infraestrutura diferenciada, pagam baixos impostos, o controle da regulamentação industrial não segue os padrões da legislação nas demais regiões do país. As empresas estrangeiras tendem a serem atraídas pelos benefícios oferecidos pelas ZPEs, as empresas consideram que podem obter um lucro superior em uma ZPEs em comparação ao lucro obtido em seus países de origem, sendo que as mesmas beneficiadas pelas ZPEs exportam o produto produzido para não afetarem a economia do país onde estão instaladas. A ZPEs tem por objetivo facilitar o processo do comércio entre países, encorajando assim a transferência de tecnologia que podem ser uma grande ferramenta em um processo de industrialização. Podem ser considerados diversos tipos de motivos para um país necessitar da utilização de uma ZPE, Madani(1999,p.5) faz as seguintes justificativas: Promover divisas de exportação não tradicional; Promover empregos ou evitar problema com desemprego no páis; Atrair investimentos diretos estrangeiros e promover a transferência de tecnologia e conhecimento, o resultado desta troca de conhecimentos poderia encorajar os empresários nacionais a se aventurarem em atuar na produção de novos produtos; A China começou a instalar ZPE em 1979 em áreas costeiras, considerando que a proximidade com os portos facilitaria o escoamento da produção. As primeiras ZPE foram abertas em Shantou, Shenzhen, Xiamen e Zhuhai, em 1980. Em 1984, considerando o sucesso adquirido com as primeiras ZPEs a China instalou mais em 14 novas ZPEs em cidades costeiras e em1988 de Hainan recebeu oficialmente a declaração de ZPE. Conforme demonstra o mapa da Figura 1: 27 Figura 1: Mapa das ZPEs na China Fonte :http://casatolerancia.blogspot.com.br/2011/11/talvez-tenham-acordado-tarde-osbem.html(2012). Conforme o mapa acima é possível observar como a China investiu cada vez mais na abertura das ZPEs ao longo dos anos, conforme a citação abaixo se pode considerar um sucesso o processo de instalação das ZPEs: As ZPEs são um sucesso na China, com cerca de 230 já instaladas com crescimento mensal variando de 14% e 15%.Essas bem sucedidos experiências gozam de benefícios fiscais, tributários e cambiais, além de procedimentos aduaneiros simplificados.(TASSIGNY, et al, 2007,p.11) As ZPEs atraíram o investimento estrangeiro e rapidamente esses benefícios se estenderam das áreas costeiras e seguiram gradativamente para dentro do país. Cada ZPE detinha características especificas que favoreceram o seu desenvolvimento, tais como: A ZPE de Shenzheng desenvolveu sua economia utilizando como referencia o capitalismo de Hong Kong, aos poucos sua política se separou gradativamente da do estado. 28 Foi a primeira cidade a ter bolsa de valores na China, seu mercado foi líder em modernização, a mão de obra oferecida por essa cidade era a mais qualificada. Zhuhai: localizada próxima a Macau, considerando a proximidade entre eles, Zhuhai busca aumentar suas relações comerciais com Macau e estende seu negócios a Europa e países onde se faz uso da língua portuguesa. Esta ZPE é a primeira a criar uma legislação própria, teve sucesso ao desenvolver sua infraestrutura e dispunha de um aeroporto, facilitando ainda mais os processos de importação e exportação. A cidade de Shantou é a 12ª maior cidade de Guandong, e após a instalação da ZPE ela se demonstrou propicia ao desenvolvimento rápido. Embora demonstrasse uma forte tendência ao desenvolvimento a ZPE localizada em Shantou foi a que menos apresentou inovações se comparadas as demais ZPEs. Foi a cidade a possuir na China autofinanciamento de empresas. Xiamen é a cidade central do sudeste da China, a ZPE ali estabelecida teve com favorável a facilidade em estabelecer relações políticas com Taiwan, esta região caracterizouse por desenvolver competitividade empresarial. Segundo Xiong(2006) esta região foi responsável por desenvolver a legislação sobre o uso de distritos navais, estabelecimentos acadêmicos de novas empresas, gestão de trafego marítimo e normas mínimas de proteção a vida. A cidade de Hainan foi beneficiada também pela ZPE que aos poucos permitiu que sua administração se tornasse gradativamente mais independente, sendo a primeira a simplificar os registros de uma companhia, implementar a proteção do seguro social e envolver-se em projetos de grande infra-estruturar. Pudong teria sido a mais bem sucedida as ZPEs da China, localizada em Shangai. Segundo Ramachandra,Cleetus(1999),as características desta ZPE consistiam que demonstraram-se atrativas foram: A possibilidade de empresas estrangeiras poderem tocar suas divisas livremente; A disponibilidade de companhias de seguros serem estabelecidas; As empresas tinham liberdade para construir e operar instalações portuárias; As empresas estrangeiras poderiam se envolver no comércio exter ior sem restrições dentro de uma determinada zona; As empresas poderiam negociar em mercados de títulos recém-criados. Sendo que nesta ZPE as políticas de incentivo à exportação seriam ainda segundo RAMACHANDRA,CLEETUS(1999,p.10): 29 Gestão de taxa de câmbio; Gestão da Inflação e reformas baseadas nos preços do mercado; Redução de tarifas e cotas; Criação de créditos favoráveis e incentivos fiscais; Construir infra-estrutura necessária; Fortalecimento de sistemas burocráticos da alfândega; Educação e treinamento trabalhista e a realização de reformas trabalhistas; Pudong certamente oferecia um campo atrativo para o investimento estrangeiro, sendo que obviamente este investimento desenvolveu a indústria de sua região assim como houve o mesmo reflexo das ZPEs em todos os países. Outro aspecto atrativo para as empresas estrangeiras consistia no baixo valor de mãode-obra, conforme citado anteriormente, o governo controlava a migração dos trabalhadores da zona rural para as áreas urbanas. Alguns trabalhadores que migravam ilegalmente da zona rural da China para a área urbana muitas vezes trabalhavam por salários ainda mais inferiores que os disponíveis no mercado e dormiam nas fábricas, esta é uma das situações que estes investidores estrangeiros não vivenciavam em seus países. Outros benefícios atribuídos as ZPEs foi a formação de joint-ventures. No período em que as ZPEs foram instaladas no país, se fazia necessário para a entrada das empresas estrangeiras a formação de uma parceria com uma empresa nacional, isso era um requisito exigido pela política do país. A formação de joint-ventures permitiu as empresas nacionais conhecerem a tecnologia estrangeira, sendo que as empresas chinesas passam gradativamentea produzir de forma a competir com suas parceiras no mesmo campo de atuação. O resultado das parcerias também facilitou a pirataria chinesa que passou a vender produtos com nomes de marcas famosas sem o devido pagamento pelas patentes. Fica que a claro China desenvolveu sua tecnologia com base na tecnologia estrangeira conhecida através das joint-ventures, uma vez que quando estabelecidas as joint-ventures as empresas chinesas passavam a desenvolver sua própria forma de produção. Como resultado da instalação bem sucedida das ZPEs, em 1992 a China, possuía 60 ZPEs espalhadas em seu território, segundo EMILIO, SANTOS, GUERRA, VALVERDE, MARINHO, GONÇALVES, LYLIA, PONTES (2007), em 2007 a o país chega a alcançar o número de 230 ZPEs já instaladas. 30 Os benefícios oferecidos pelas ZPEs são comprovados em diversos países, a aposta por essa estratégia segundo VEIGA (2010) ,135 países utilizam ZPEs e empregam mais de 68 milhões de pessoas (sendo 40 milhões na China). Conclui-se com isso que a opção pela utilização das ZPEs foi decisiva para o processo de desenvolvimento econômico chinês, que precisou dos investimentos estrangeiros para desenvolver sua indústria e atuar no comércio exterior. CAPITULO II Brasil em seu desenvolvimento econômico Para estabelecer um comparativo entre a economia da China e do Brasil é estritamente necessário um conhecimento básico histórico dos dois países, considerando-se que em sua história fica perceptível como se estabeleceram suas atuais condições econômicas. Como no capitulo anterior, este capítulo se iniciará com um breve relato dos acontecimentos históricos do Brasil. Como este trabalho acadêmico busca demonstrar a importância das ZPE‟s, os dados históricos aqui descritos serão focados em aspectos econômicos, deixando de fora pormenores desnecessários ao tema. Este capítulo teve como principal referência teórica os autores Baer (2007) e Furtado (2012). 2.1 A formação Econômica O relato sucinto da história do Brasil terá como principais autores referenciais o economista Celso Furtado em sua obra Formação Econômico do Brasil edição de 2012 e Werner Baer em sua obra A Econômia Brasileira edição de 2004. O descobrimento do Brasil ocorreu com a uma esquadra de Portugal, a Coroa portuguesa definiu que a esquadra liderada por Vasco da Gama deveria garantir a liderança portuguesa na Índia. Para acompanhá- lo Vasco da Gama convocou o fidalgo Pedro Alvares Cabral que ao se desviar da rota definida teria descoberto o Brasil. Portugal se interessou pelo Brasil por interesses políticos, no reinado de Dom João III o comércio português estava em crise na Índia principalmente em virtude da concorrência com Holanda e Inglaterra principalmente. Motivados pelo descobrimento de metais preciosos Portugal buscou se estabelecer no país recém descoberto. Como a descoberta de metais preciosos não ocorria, em busca de lucro Portugal investiu na extração da madeira e na açúcar. formação de engenhos de 32 Martin Afonso de Souza foi o primeiro a trazer mudas de cana-de-açúcar e fundar um engenho em 1610. A maior produção açucareira se concentrava na região Nordeste, destacadamente em Pernambuco e Bahia. Os senhores de engenho obtinham terras por doação de sesmarias para cultivo do cana de açúcar e para fornecimento de madeira, eram representantes da Coroa(governadores gerais) que se interessaram pelo empreendimento na nova América. Devido a grande faixa de território utilizada para este empreendimento dificultou-se a formação de uma classe camponesa e o desenvolvimento significativo de atividades diferenciadas de comércio. Osprodutos dos engenhos eram enviados para Portugal e depois para os países baixos, onde o açúcar era refinado e comercializado. Segundo Furtado (2012) a produção de açúcar pelos portugueses ocasionou na ruptura do monopólio veneziano. Desde o início Portugal encaminhava uma parte considerável de sua produção para Flandres na Europa, mas devido a pressão da baixa de preço, decidiu restringir a produção, a terça parte se encaminhava para os flamengos. Os flamengos retiravam o produto em Lisboa, refinavam o açúcar e faziam a distribuição por toda a Europa, os flamengos contribuíram muito para o mercado do açúcar, principalmente os holandeses que proporcionaram condições para comercialização do açúcar em grandes dimensões. Existem indícios de grande participação dos holandeses com parte substancial dos capitais requeridos pela empresa açucareira. Os portugueses inicialmente possuíam uma relação positiva com os índios, o auxilio indígena era obtido com simples trocas de presentes, no entanto os portugueses precisavam de mão de obra e a mão de obra barata, sendo assim optaram por escravizar os índios. Após os índios deixarem de ser uma mão de obra viável devido a motes pelo trabalho forçado, epidemias causadas pelo contato com o homem branco e fugas, Portugal decidiu optar por seu conhecimento com o mercado africano de escravos. Com o auxilio da mão de obra escrava os engenhos de açúcar se desenvolveram, sendo que se tornaram os maiores produtores de açúcar no século XVI e início do século XVII. Neste período a Espanha se encontrava em crise, precisando deste modo importar mais metais preciosos da colônia Espanhola, situada nas Antilhas, para amenizar sua crise financeira. A dificuldade financeira da Espanha, so mado ao fator de não aproveitamento de seu espaço para produção de açúcar, segundo Furtado (2012, p41) foram fatores que levaram a produção agrícola portuguesa ao sucesso. No século XVII os holandeses controlavam praticamente todo o comércio europeu por mar, a produção portuguesa de açúcar dependia diretamente dos holandeses para refinamento 33 e distribuição do açúcar, sendo impraticável o processo de venda do produto sem esta parceria. O controle do açúcar torna-se o motivo da guerra promovida pelos holandeses que culminou na perda do monopólio português do açúcar, devido a ocupação militar os holandeses descobriram as técnicas do cultivo do açúcar, passando a implanta-las na região do Caribe. Devido ao desenvolvimento do mercado de açúcar no Caribe os preços do açúcar se reduziram pela metade no século XVII, sendo que persistirão neste nível relativamente baixo no século seguinte. Ainda segundo Furtado (2012, p.44) o volume das exportações açucareiras portuguesas, anuais na segunda metade do século XVII, d ificilmente alcançaram cinquenta por cento dos pontos mais altos atingidos em torno de 1650. Existem indícios de que a renda real gerada pelo açúcar estava reduzida a um quarto do que fora conseguido em melhor período, observa-se a depreciação da moeda portuguesa, tamanho era a importância do açúcar brasileiro para a balança de pagamentos de Portugal. Prejudicada pela crise, Portugal se apóia nas leis “pragmáticas” que consistem na proibição do uso de produtos estrangeiros para reduzir com isso importações e equilibrar assim a balança comercial, alem de reintegrar as atividades produtivas no reino e nas colônias. Holanda, França e Inglaterra no século XVII também se interessaram pelas Antilhas, terras ocupadas pelos espanhóis no Brasil onde eram efetuadas a extração de metais preciosos. França e Inglaterra, estrategicamente passaram a estabelecer núcleos de população européia na região das Antilhas. Essas novas colônias inicialmente deram prejuízo as companhias que patrocinaram sua instalação, necessitava-se que as colônias fornecessem lucro por meio algum tipo de produto que pudesse ser produzido em pequenas propriedades para ser exportado para a Europa, no entanto não foi possível encontrar um produto que com a sua exportação para a Europa fosse capaz de remunerar os capitais investidos. A condição climática das Antilhas permitia o cultivo de artigos como algodão, anil e café e principalmente fumo, com promissoras perspectivas no mercado Europeu, o lucro das pequenas propriedades fez com que França e Inglaterra necessitassem aumentar gradativamente suas milícias. A Inglaterra neste período se esforçou para atrair mão de obra para a América, mas aparentemente o resultado obtido deveria ser insuficiente uma vez que chegaram a ocorrer raptos de adultos e crianças para encaminha- los para a América. Embora tenham desenvolvido colônias França e Inglaterra jamais chegaram a se apoderar do terreno espanhol na América, principalmente devido a rivalidade que tinham entre si. Devido a uma queda de preços no fumo, por exemplo, e na busca de uma estratégia lucrativa de colonização, iniciou-se a produção de açúcar nas Antilhas, sendo que possuía uma localização geográfica favorável, devido a este crescimento o trabalho escravo foi 34 implantado com mais intensidade e se viam diminuir a população inglesa e francesa na região das Antilhas. Na tentativa de reduzir o abandono do povo europeu foi introduzido nas ilhas atividades manufatureiras. Neste período a colônia inglesa teve dificuldades quanto dispor de força hidráulica para mover os engenhos, também não dispunha de madeira para fabricar caixas em que se exportava açúcar, seu desenvolvimento foi no campo da indústria de construção naval, porque dispunham em abundância da madeira adequada a esta função,. Também iniciou-se neste período a indústria de destilação de bebidas alcoólicas, neste aspecto franceses e ingleses competiam entre si para vender seu produto no mercado de bebidas da Metrópole, e por conseguinte no século XVIII as colônias inglesas tiveram produção relativamente baixa. A partir da segunda metade do século XVII, Portugal teria ficado do lado da Espanha contra os holandeses, depois de expulsado os holandeses da parte da colônia que foi invadida, a Espanha se tornará uma ameaça, uma vez que este país nunca admitirá sua independência. Para manter sua colônia no Brasil Portugal compreendeu a necessidade de estabelecer uma aliança com uma superpotência, optou então por fazer uma aliança com a Inglaterra em 1642-54-61. Os benefícios recebidos pelos ingleses segundo FURTADO(2012,p.64) foram: Os privilégios conseguidos pelos comerciantes ingleses em Portugal foram de tal ordem - incluíam extensa jurisdição extraterritorial, liberdade de comércio com as colônias, controle sobre as tarifas que as mercadorias da Inglaterra deveriam pagar – que os mesmos passaram a constituir um poderoso e influente grupo com ascendência sobre o governo português. Optar pela aliança com a Inglaterra permitiu a Portugal garantir a sobrevivência como potência colonial, sendo que em 1661 o acordo apresentava uma cláusula onde secreta pela qual os ingleses concordavam em entrar em defesa de Portugal contra qualquer inimigo. Segundo Furtado (2012) o ouro quando descoberto no Brasil proporcionou apenas uma aparência de riqueza para Portugal, porque mesmo os escravos eram vestidos pelos ingleses. No século XVIII Portugal somente atuava como entreposto entre Brasil e Inglaterra no ciclo do ouro, mas o ouro foi vantajoso para o Brasil porque possibilitou a expansão demográfica, trouxe alterações para a população, sendo que os escravos anteriormente em maior número passaram a constituir minoria entre os europeus. O Brasil foi responsável por metade da produção mundial de ouro em XVIII, Baer (2004,p36). Mesmo assim o autor afirma que a busca pelo ouro possibilitou a formação de cidades, desenvolvimento do setor artesanal e o surgimento de grupos bancários privados, 35 com o aumento da população foi estimulada também a produção agrícola em São Paulo, Minas gerais e nas regiões localizadas mais ao sul e mesmo no Nordeste. Outra consequência foi que neste período o porto do Rio de Janeiro se destacou como principal centro exportador de minérios e pelo qual entravam artigos manufaturados. A Coroa portuguesa intensificou seu controle administrativo para obter seu quinto do ouro extraído, dentre os métodos de controle foram proibidas embarcações particulares, os bens que poderiam ser produzidos pela metrópole não podiam ser produzidos no Brasil , outro método de controle foi: A infraestrutura de transporte era mantida intencionalmente primitiva a fim de se controlar o contrabando, o que manteve limitadas as dimensões do mercado interno durante muito tempo. ”BAER (2004, apud BUESCU &TABAJÓS,p.110-11). Ao término do ciclo do ouro no século XVIII a população voltou-se para a criação de gado, produção agrícola e houve também um aumento do cultivo e exportação de algodão no Maranhão, em Pernambuco e Bahia. A produção de açúcar que havia descaído, mas que não cessará por completo revitalizou-se. O ciclo do ouro favoreceu em muito a Inglaterra devido ao acordo com Portugal para obter proteção, a Inglaterra passou a ser o principal centro financeiro da Europa. Segundo Furtado (2012), o processo de independência do Brasil decorreu gradativamente. Com a transferência do governo português para o Brasil os privilégios que favoreciam os ingleses em Portugal passaram para o Brasil, sendo que se a independência do país fosse considerada uma ameaça para Portugal a Inglaterra teria que intervir, para facilitar o processo de independência o Brasil ficou com as obrigações atribuídas antigamente pelo acordo com Portugal. Mesmo após conseguir a independência de Portugal em 1822 o Brasil ainda permaneceu por algum tempo mantendo-se ligado a Inglaterra por acordos internacionais que traziam diversos benefícios aos ingleses como benefícios tarifários e extraterritorialidade. A medida que aumentava a produção de café, aumentava sua relação comercial entre Brasil e os EUA, o que permitiu que em 1842 o Brasil se visse livre do acordo comercial com a Inglaterra, sem que fosse obrigado a estabelecer um novo acordo sobre pressão. O ciclo do café foi uma etapa muito importante para a economia do Brasil, com base em textos de Baer (2004) e Furtado (2012) é perceptível como foi significativo o comércio deste produto. Logo nos primeiros 10 anos da independência o café já contribuía com dezoito 36 por cento o valor das exportações do Brasil, vindo logo depois do açúcar e do algodão, algum tempo depois o café ficou em primeiro lugar das exportações representando mais de quarenta por cento dos valores das exportações. Os fazendeiros utilizavam inicialmente como meio de transporte as mulas e a quantidade de escravos eram menor, isso se considerarmos estabelecer um comparativo com a indústria açucareira. O processo de crescimento das exportações de café no século XIX é indicado pelos seguintes dados abaixo sendo que 1000 sacas correspondem a 60kg cada: Tabela 3:Crescimento das exportações do café. 1821-30 1831-40 1841-50 1851-60 1861-70 1871-80 1881-90 3.178 10.430 18.367 27.339 29.103 32.509 51.631 Fonte: Baer, 2004, p.38. O café, inicialmente produzido no Vale do Paraíba em 1880 se transfere para São Paulo. Em 1860 os engenhos ingleses haviam construído estradas de ferro que ligavam São Paulo ao porto de Santos, e nas décadas seguintes foram construídas ferrovias nas zonas cafeeiras. Com o aumento da produção de café de 1880 a 1890 o porto de Santos exportava tanto quanto o porto do Rio de Janeiro. Fica claro que o crescimento econômico do país se deve em muito ao café durante quase todo o século XIX. Houveram outros produtos a serem explorados no Brasil alem do café, segundo Furtado (2012) o começo da criação de gado se deu mais no Nordeste, uma vez que era impraticável a criação de gado em área litorânea, pois a penetração de animais em plantações de açúcar gerou diversos conflitos fazendo com que o governo português proibisse a criação de gado em faixa litorânea. Segundo Antonil (apud FURTADO, 2012,p.97) os currais variavam de duzentas a mil cabeças de gado, sendo que o valor de cada cabeça em média era de 2,5 libras, correspondente ao valor bruto de 125 mil libras por curral, porém seu valor não era muito significativo em comparação a exportação do açúcar. Para obtermos uma percepção mais apurada dos ciclos da economia brasileira também devemos considerar segundo Baer (2004, p.40) algumas outras exportações. Após o incentivo da implementação do algodão, este produto passou a fazer parte das exportações, mas sem aumento significativo, seu crescimento foi somente de 43% no período entre 1850 a 1900, já a produção do fumo que se iniciou no final do século XIX, não vai adiante devido as precárias 37 praticas de produção empregadas. No final do século XIX, iniciou-se a exportação do cacau da Bahia, sendo que em 1907 as plantações expandiram- se. A borracha também teve um papel importante nas exportações, tendo início na Região Amazônica, a mão-de-obra se transferiu do Nordeste principalmente do Ceará em busca de trabalho devido seca em 1870. As exportações de borracha passaram de uma média anual de 6 mil toneladas em 1870, para 21 mil toneladas em 1890 e para 35 mil toneladas na primeira década do século XX.90% da borracha distribuída no mercado mundial vinha do Brasil.O produto em 1910 era responsável por 40% das expo rtações do país. Somente ocorreu queda nos preços da borracha devido ao início da concorrência ocasionada pelo contrabando de sementes da seringueira. Em 1899 ocorreu a formação de fazendas de seringueiras na Ásia, surgindo a primeira borracha asiática no mercado mundial. O mercado brasileiro não conseguiu competir com o baixo preço do produto asiático e em 1921 o valor da borracha atingiu menos de um sexto em relação aos valores de 1910, com a perda de participação no mercado mundial. Neste período segundo Baer (2004) os lucros líquidos obtidos com a borracha eram praticamente imperceptíveis, então a renda gerada passou a ser empregada em sua maioria nasimportações e no consumo voltado para obras como o teatro construído em Manaus. Conforme pode ser observado, o desenvolvimento econômico do país consistiu em uma busca por explorar o que o Brasil tinha a oferecer de lucrativo, considerando também que as escolhas do governo buscavam atender a necessidade de sobrevivência das colônias, ou seja, o desenvolvimento da estrutura econômica do país não foi devidame nte planejado, embora houvessem intervenções governamentais. Conforme Baer (2004, p41) uma década e meia antes da proclamação da Independência, a Corte portuguesa, com o objetivo de diversificar a sócio-economia, fundou o primeiro banco do Brasil em 1808 no Rio de Janeiro, importou a primeira prensa topográfica, efetuou a contratação de técnicos para dar assistência a vários tipos de empreendimentos industriais, como a indústria metalúrgica de São Paulo e Minas Gerais. As políticas de industrialização fracassaram inúmeras vezes após a proclamação da Independência conforme descrito ao longo deste trabalho acadêmico, isso devido a política de portas abertas, considera-se também o reflexo de tarifações sobre importação e exportação que consistiam mais propriamente em uma fonte de renda para o governo. As limitadas tentativas de promover a produção de artigos manufaturados nos últimos anos do Brasil colonial foram anuladas pelas políticas de portas 38 abertas do governo pós-Indepêndencia. A presença de mercadorias inglesas era muito grande e elas tiveram acesso privilegiado ao mercado brasileiro durante muitos anos. Produtos de outros países europeus e dos Estados Unidos apareceram depois dos tratados na década de 1820. A tarifa de 1828, que fixou taxas de importação a 15%, precedeu o período mais liberal. (BAER, 2004,p.45). Outra medida tomada pelo governo, na segunda metade do século XIX, foi o incentivo da construção de ferrovias, em que governo fornecia subsídios e taxas de retorno garantidas, mas o desenvolvimento da malha ferroviária se mostrou diferenciado. Linhas diferentes possuíam diferentes bitolas 1 já que foram construídas por empresas independentes e em muitos casos possuíam trajetos não tão eficientes, de acordo com Baer (2004). Com o incentivo governamental o crescimento da malha ferroviária de 14 quilômetros em 1854 passou para 474 quilômetros em 1864, posteriormente seu crescimento atingiu 16.306 quilômetros em 1904 e 33106 quilômetros em 1934. Quando foram suspensas as garantias das taxas de retorno em 1901, seu crescimento passou a ser em geral de responsabilidade do governo. Já no final do século XIX o governo passou a focar seus esforços na proteção dos setores de exportação, garantiu a isenção de tarifas na importação de equipamentos para empresas nacionais com a finalidade de estimular o investimento em usinas de açúcar, e que também beneficiou muito as indústrias têxteis. Estas por sinal, embora motivadas, possuíam um impacto social secundário empregando somente três mil trabalhadores, atendendo a 90% do consumo doméstico em 1920. Neste período a indústria leve era predominante, produtos têxteis como roupas, calçados e alimentos eram responsáveis por mais de 57% da produção industrial em 1907 aumentando para mais de 64% em 1919 segundo Baer (2004,p.47). Conforme mencionado anteriormente o café impulsionou o desenvolvimento industrial uma vez que o setor cafeeiro precisava de estradas de ferro, usinas elétricas e etc. Considerando os dados anteriores cabe mencionar a citação de Warren Dean(apud BAER, 2004, p.47): Os primeiros produtos a serem manufaturados... foram aqueles cuja relação peso-custo era tão elevada que,mesmo com o emprego das técnicas mais 1 Bitola – Largura da ferrovia. 39 rudimentares, ficava mais barato produzi-los do que comprá-los na Europa...As atividades mais importantes empregavam produtos agrícolas locais, especialmente o algodão, o couro, o açúcar, cereais e madeira, ou minerais não metálicos, principalmente argila, areia, cal e pedras. Neste trecho deste estudo monográfico se faz necessário um adendo, é possível com os dados tratados até aqui estabelecer com mais facilidade um comparativo entre a economia chinesa e a brasileira, como vimos no capítulo inicial, a China também sofria inicialmente com a concorrência do mercado estrangeiro em seu país, sendo que sua inicial tentativa de industrialização foi com a indústria leve. Dando continuidade, após a citação podemos observar que a indústria leve era a mais valorizada, mesmo os cafeicultores optaram por buscar desenvolver a indústria para reduzir gastos com importadores. Mais a frente pode-se observar que a tentativa do governo de proteção de tarifas não foi significativa em 1840, foi mais relevante para as concessões especiais e /ou subsídios para siderúrgicas. Ainda conforme Baer (2004) a desvalorização da moeda brasileira em relação a inglesa na compra de bens importados auxiliou no desenvolvimento da indústria. Com a Primeira Guerra Mundial, o Brasil estagnou sua economia, somente aumentando a produção da indústria têxtil e de produtos alimentícios, uma vez que com a guerra navegação foi interrompida dificultando a importação dos produtos que seriam necessários para aumento da capacidade produtiva. Com base no raciocínio de Baer é possível compreender que o desenvolvimento industrial do país se deu sem um devido planejamento, sendo mais um reflexo da indisponibilidade dos produtos importados, o que nos leva também a conclusão de que o processo de industrialização era precária e sem influência significativa na economia do país. Conforme os dados de Baer (2004, p.59) a indústria inicialmente contribuiu somente com 21% do total dos produtos físicos em 1907 e 1919, enquanto 79% eram apresentados pela agricultura. Em 1929 a crise da bolsa de Nova York atingiu todo o mercado internacional, neste período o setor cafeeiro sofreu um grande impacto, segundo Furtado (2007) a baixa correspondeu de 22,5 centavos de dólar por libra para 8 centavos. A economia brasileira com sua base ainda fortemente apoiada na agricultura, no decorrer da crise precisou tomar como medida protecionista a retirada e queima de parte do café produzido para evitar baixas de 40 preço. A agricultura teve um papel muito relevante na eco nomia brasileira como pode ser observado pelos dados já mencionados. Somente em 1930 o papel da indústria passa a ser mais significativo devido também aos preços mais baixos dos produtos agrícolas, principalmente o café. No período de 1919 a estrutura industrial existente tinha maior participação das indústrias leves que corresponde a produtos como roupas, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que segundo Baer (2004,p.60) correspondiam a 70% da produção industrial. Ainda segundo Baer, em 1939 os produtos da indústria leve decairam para 58% com o crescimento de produtos metalúrgicos, maquinário e produtos eletrônicos, isso se deu porque o governo começava a investir de forma mais significativa em um planejamento para desenvolvimento industrial. O Brasil já havia tomado iniciativas com relação um planejamento de sua economia como as políticas de defesa do café, no entanto a preocupação do país em desenvolver sua economia de forma mais estruturada ocorreu nas décadas de 1930 a 1940. O primeiro relatório econômico surgiu em 1930 com Niemweyer que escreveu o Niemeyer Report, publicado em 1931, em sua publicação ele deixava claro que a fraqueza de nossa economia residia na dependência da exportação de algumas poucas lavouras, ele defendia a diversidade na estrutura econômica brasileira, no entanto seus argumentos não foram bem recebidos por aqueles que confiavam nas lavouras de café para o crescimento econômico do país. O Brasil quando se aliou aos Estados Unidos durante a guerra, patrocinou técnicos americanos e brasileiros para a condução de estudos para guiar o desenvolvimento econômico do país no período de 1942 e 1943, este trabalho foi conhecido como a Missão Cooke. A Missão Cooke apontou os aspectos que dificultavam o desenvolvimento industrial tais como: um sistema de transporte inadequado; assim como forma inadequada de distribuição de combustível retrogrado; a restrição ao capital estrangeiro; dentre outros aspectos. A Missão Cooke propunha o desenvolvimento da indústria siderúrgica, focando no crescimento das empresas para desenvolvimento de bens de capital, tanto para o mercado interno como para exportação. Embora o estudo tenha sido ministrado com patrocínio do governo não houve um reflexos significativos para a economia. Considerando o estudo desenvolvido pela Missão Cooke já dava indícios do grau de significância do desenvolvimento industrial e dos benefícios do investimento direto estrangeiro, propostas estas que facilmente poderiam ser alavancadas com o desenvolvimento de ZPE‟s no país. Podemos observar que o Brasil concentrava suas exportações em uma pequena gama de produtos como: café, cacau, açúcar, algodão e fumo. A queda das importações de bens 41 ocorreu no período da Segunda Guerra Mundial, sendo em número de bens de capital e de combustíveis, o que retrata a preocupação em substituir as importações que não podiam ser obtidas dos outros países, devido a guerra. Com base em Furtado (2007) no período pós-guerra em 1947, quando foram liberadas as importações, o governo tomou as seguintes medidas para controlar o seu aumento: desvalorizou substancialmente a moeda e introduziu uma série de controles de importações. Essas medidas para o controle das importações favoreceram muito a indústria, uma vez que a concorrência diminuiu e os equipamentos para produção e matéria-prima podiam ser adquiridos por um valor relativamente baixo. Com processo de desenvolvimento industrial Baer (2004) destacou que o país acabou desenvolvendo mais os centros urbanos o que estimulou a migração populaciona l em grande escala advinda das zonas rurais em 1950, neste período todo o aumento da produção de alimentos foi conseqüência da utilização de novas terras, uma vez que não houve estimulo para aumento da produção em antigas área agrícolas. A falta de desenvolvimento da produção agrícola neste período e com aumento da necessidade de mais alimentos na área urbana houve pressão por desenvolver-se a rede de transporte rural- urbano que sofreu grandes perdas devido a dificuldade de comercialização. Se retomarmos o tema tratado no capítulo um para somente fazermos um adendo, podemos comparar este período ao início de desenvolvimento da China que foi consideravelmente mais estruturado, sendo que o governo chines para controlar a migração do campo para a cidade, afim de não prejudicar a agricultura nacional, teria instituído um tipo de cartão que regularizava a transferência do civil da área rural para o meio urbano. Dando continuidade ao processo de industrialização brasileira, dentre as políticas de destaque para aceleração do no processo de desenvolvimento industrial podemos citar como referência o governo de Jucelino Kubitscheck (1956-1961), seu plano de metas focava em cinco aspectos principais energia, transporte, produção de alimentos, Indústria de base e educação. Seu plano de metas obteve financiamento de empréstimos de órgãos internacionais e da entrada de capital estrageiro. O plano de metas de Kubitscheck foi muito significativo principalmente para a indústria. Dentre os programas promovidos por Kubitscheck podemos mencionar o da área do automobilismo, onde a instituição Gaia (Grupo Executivo da Indústria Automobilística), oferecia benefícios para a fabricação e para componentes automotivos durante alguns anos, em contra partida as empresas deveriam posteriormente focar em uma substituição progressiva das importações por produtos de origem brasileira. Outras áreas da indústria 42 tentaram seguir a mesma linha do projeto desenvolvido com a indústria automobilística como a construção de navios, maquinaria pesada, tratores e equipamentos telefônicos automáticos. O reflexo da política de industrialização quando observamos alguns dados, segundo Baer(2004,p.83) no período de 1947 a 1961, o produto real agrícola real aumentou somente 87% enquanto o real produto industrial demonstrou um aumento de 262%. Outro fator que retrata o reflexo do desenvolvimento industrial é o grau de significância da agricultura no PIB que passou a corresponder 18% enquanto a indústria ficava responsável por todo o valor restante. Tratando-se do comércio exterior, na década de 1960 as exportações primarias respondiam por 90% do total exportado, os produtos manufaturados correspondiam somente a 2% ainda segundo Baer (2004,p. 244). Aqui ainda podemos observar como a economia Brasileira ainda tinha dificuldade de alavancar sua economia, ainda focando no desenvolvimento agrícola e pautando o desenvolvimento industrial na tentativa de autossuficiência da maioria dos produtos importados. Outro reflexo do descaso com a exportação esta relacionado ao balanço de pagamentos, a queda dos ganhos com exportação e com a redução do das importações poderia acarretar na estagnação industrial.O reflexo de políticas de incentivo de desenvolvimento indutrial foi evidente até 1960, quando o crescimento do PIB real atingiu o pico de 10,3% em 1961 e houve um declínio nos anos subseqüentes chegando a 2,4% em 1964, Baer (2004,p.91). A economia do Brasil sofreu uma estagnação em 1961 devido crise vivida pelo país com a renuncia de Jânio Quadros que tinha políticas como restrição de créditos, congelamento de salários, sendo que já existiam evidências neste período do crescimento da inflação. Posteriormente o governo de Goulart não ofereceu grandes melhorias uma vez que em seu governo não conseguiu estabelecer políticas de estabilização da inflação de forma eficaz, com base neste cenário de incertezas políticas e com a inflação chegando a 100% em 1964 os investimentos nacionais e internacionais caíram em conseqüência também houve declínio gradativo do crescimento econômico. Uma das medidas mal sucedidas do governo de Goulart que podemos mencionar foi o Plano Trienal de 1963, que tinha por objetivo a fiscalização sobre a inflação buscando seu controle, mas sua aplicação não foi efetiva até pela dificuldade do governo em aplicá- lo. As medidas numa tentativa de estabilização da inflação foram a principio as ideias de contenção de gastos públicos, aumento da receita tributária, como resultado de melhorias no mecanismo de arrecadação de impostos, restrição de crédito e uma racionalização no setor salarial. Neste período o comércio exterior passa a ser considerado muito relevante para o desenvolvimento econômico do país, para desenvolver este campo o governo tomou medidas 43 como simplificação de processos administrativos para exportação, revogação de tarifas de exportação, introdução de incentivos fiscais e crédito subsidiado. Outra tática governamental em 1968 consistiu em uma pequena desvalorizar a moeda nacional em alguns momentos para evitar que a moeda chegasse a superdesvalorização a medida que a inflação prosseguia. No período de 1960 a 1970 o governo buscando desenvolver-se fez vários empréstimos como com entidades como o Banco Mundial e também e fetuaram empréstimos privados, neste período devido a grande oferta de moeda internacional foi necessário ao governo estabelecer um tempo mínimo de permanência aos fundos estrangeiros. Seundo Cano (2007,p.23), entre 1970 e 1980, durante o período militar houveram planos de desenvolvimento econômico como os chamados I e II PND (Plano Nacional de Desenvolvimento) que demonstrou ser muito significativa, o incentivo a exportação teria trasido resultados consideráveis com um aumento de 22% anual, as manufaturas neste período chegaram de 15% à 45%. O PNI II tinha como principal objetivo desenvolver a estrutura industrial subistituindo importação de bens básicos e bens de capital houve também a preocupação em recorrer a instauração de novos projetos como o desenvo lvimento da siderurgia, carvão, celulose, álcool de cana de açúcar, enegia elétrica, petróleo e petroquímica, isso foi feito com intenção de atravessar de forma produtiva a crise do petróleo. Outros aspectos positivos do Plano Nacional de Desenvolvimento II consistiam em aproveitar ao máximo os recursos naturais do país como recursos hídricos, minerais, terras e florestas. A parcela de desenvolvimento e de diversificação da Indústria após este plano pode ser demonstrado pelo exemplo de Baer (2004, p. 97), onde a soja não fazia parte dos produtos exportados em 1960 sendo que sua parcela de participa chegou a 7,4% em 1974. Dentro do período de 1970 e 1980 ocorreu também uma significativa participação de empresas estatais que também auxiliaram no desenvolvimento do quadro econômico. Mesmo com a crise do petróleo ocorreu desenvolvimento neste período impulsionando pelas medidas tomadas pelo governo conforme abordado, este período também foi conhecido como “milagre econômico”. O desenvolvimento alavancado por empréstimos tanto pelo estado quanto por pelo setor privado ocasionou em aumento na inflação a partir de 1980, o reflexo disso foi o gradativo aumento dos preços dos produtos, uma vez que as empresas acabavam repassando seus custos para seus clientes finais devido a crise. De 1980 a 1983 com o resultado da crise o PIB foi afetado caindo o total de 14%, segundo Cano (2007, p.77). Os reflexos da crise também afetaram o desenvolvimento industrial, tais como a crise fiscal e financeira do Estado nacional, a redução dos sistemas de incentivo fiscais regionais e queda nos investimentos da infra-estrutura econômica e social. 44 Segundo Baer(2004, p.297) ,em 1985 o BNDES e outros bancos de desenvolvimento do governo respondiam por 70% dos empréstimos com fins de investimento. O papel das empresas estatais aumentou significativamente no decorrer dos anos, em 1990 as empresas estatais atuavam no setor de aço, químicos e petroquímicos, mineração, serviço de transporte, distribuição de gasolina, fertilizantes e equipamentos de transporte. Em decorrência da crise o governo utilizou seu controle sobre as empresas estatais regulando os preços como ferramenta de controle das taxas de inflação. No ano de 1988 foi instituído o Decreto-Lei de nª 2.452 referente ao regime diferenciado das Zonas de Processamento de Exportação, embora a instalação e atividade das ZPE's fosse de interesse nacional, o Decreto-Lei estabelecido em 1988 pelo governo acaba por repassar a responsabilidades da aplicação e efetivação do processo de inserção das ZPE's no Brasil ao poder executivo. Este primeiro decreto também deixava claro que os bens produzidos no território das ZPE‟s poderiam ser unicamente comercializados no exterior para não inflingir as empresas nacionais com uma concorrência desleal. Mesmo com o Decreto- lei as ZPE‟s não entram em funcionamento, podemos compreender que na verdade este decreto buscava motivar o desenvolvimento industrial nacional , porém sem auxiliar efetivamente a abertura das ZPE's dispensando aos empresários a responsabilidade de dar continuidade ao desenvolvimento desta ferramenta e focando em outros aspectos para o desenvolvimento econômico. Averbug(1999,p.46) afirma que no período de 1988 e 1989 houveram mudanças no sistema de exportação devido a situação econômica do país como a queda de tarifas e abolição dos regimes especiais de exportação com algumas exceções, como por exemplo os regimes vinculados ao drawback 2 , regimes ligados ao governo e a acordos internacionais. Diferente dos moldes que focavam a substituição de produtos importados, a partir de 1990 o governo passa a desenvolver o comércio exterior brasileiro, de 1990 a 1994 foi instituída a Nova Política Industrial de Comércio Exterior que, reduzia as tarifas de importação como método protecionista ao mercado nacional. Averbug (1999, „p.46) menciona as seguintes regras que foram instituídas: a alíquota seria nula para produtos sem similaridade 2 drawback: isenção, suspensão e restituição de tributos. A primeira modalidade consiste na isenção dos tributos incidentes na importação de mercadoria, em quantidade e qualidade equivalentes, destinada à reposição de outra importada anteriormente, com pagamento de tributos, e utilizada na industrialização de produto exportado. A segunda, na suspensão dos tributos incidentes na importação de mercadoria a ser utilizada na industrialização de produto que deve ser exportado. A terceira trata da restituição de tributos pagos na importação de insumo importado utilizado em produto exportado.Definição da Receita Federal, disponível em< http://www.receita.fazenda.gov.br/aduana/drawback/regime.htm>,em 28 de out. 2013. 45 nacional e para commodities de baixo valor agregado, os produtos que possuíam nível tarifário de 5% permaneceriam com esta mesma alíquota em 1990, os setores intensivos em insumos com tarifa nula teriam tarifas de 10 e 15%, produtos manufaturados receberiam alíquota de 20% podendo chegar a 30%, os setores de automobilismo e informática possuíram tarifas de 35% e 40%. No mesmo período de 1990 iniciou-se o processo de privatização sendo que em 1994 a privatização das empresas estatais se tornou prioridade. O governo formou o Programa Nacional de Desestatização (PND) que teria por base a privatização do BNDES. O processo de privatização inicialmente atendia algumas regras e limitava a participação estrangeira, uma das regras era que o capital estrangeiro deveria permanecer no país por 12 anos. Em 1992 a regra foi alterada e o capital estrangeiro deveria permanecer por 6 anos no país e posteriormente foi liberada a participação ilimitada de estrangeiros na compra de empresas estatais. Essa estratégia de privatização foi um método de proteção segundo Coes apud (BAER, 2004, p.308): [...] a privatização ofereceria uma vantagem ao país em relação aos outros países ou tinham sido ou poderiam tornar-se vítimas de ataque especulativo. Nesse aspecto, a privativatização era vista como um tipo de „rede de proteção‟ ou „ponte de estabilidade‟, concedendo ao país alguma margem para resolver seus dois principais dediquilíbrios, a conta corrente e os déficits. Outro aspecto muito relevante para a economia do país foi a privatização de serviços como as estradas de ferro, pontes, energia elétrica, telecomunicações, estradas e serviços sanitários. Estes setores necessitavam de investimentos e ofereciam menor rentabilidade a empresas estatais. A tática da privatização também foi uma forma do governo tentar saldar as dívidas anteriormente feitas nas empresas estatais, melhorando assim a balança de pagamentos. Os reflexos da privatização não foram completamente positivos em todos os aspectos, uma vez que muitos empregados foram demitidos no processo. O presidente Itamar Franco e o seu Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso desenvolveram estratégias para melhoria da economia tais como o “Plano de Ação Imediata”, cortando gastos públicos, iniciou-se uma cobrança mais severa aos impostos, além de restringir empréstimos aos estados até que estes estivessem em dia com seus pagamentos. 46 As tentativas mal sucedidas em governos anteriores de controlar a inflação com o congelamento de preços fizeram Fernando Henrique Cardoso tomar outras medidas. O novo programa propunha o ajuste fiscal, um novo sistema de indexação com uma nova moeda, sendo introduzido em 1994. Os reflexos das propostas aplicadas por Fernando Henrique Cardoso trouxeram resultados rapidamente, segundo Baer (2004,p.222) a taxa mensal da inflação consistia em 50,7% em junho de 1994 e passou para 2,37% em dezembro do mesmo ano. Com a aplicação do Plano Real houve um crescimento de 4,3% em 1994 na economia e chegou a 7,3% em 1997. Outro método de controle econômico dentro do Plano Real foi o controle de câmbio, para manter a estabilidade de preços com a abertura econômica. Dentre os aspectos mais relevantes de 1995, ano em que Fernando Henrique Cardoso se tornou presidente da republica, esta a aplicação da Tarifa Extena Comum do Merconsul, que abriria ainda mais as portas para o comércio exterior, a aprovação da emenda para exploração e produção do petróleo e a aprovação da emenda que para simplificação das tributações. Segundo Yano e Monteiro (2008) o processo de privatização com a entrada de IDE (Investimento Direto do Exterior), permitiu o desenvolvimento na área de informática e na área de patentes de bioquímica, outro beneficio atribuído foi a privatização de empresas nacionais que passaram a ter auxilio financeiro de modo a se equipararem-se ao nível das empresas estrangeiras, sendo que o capital estrangeiro foi mais significativo no período de 1995 a 2002, reduzindo-se em alguns momentos com as crises estrangeiras. No entanto conforme observa-se no trabalho dos autores citados anteriormente, a abertura econômica do país em 1990 foi mais significativa para as importações, uma vez que o reflexo não foi tão relevante no que se diz respeito as exportações, que mantiveram-se estáveis de 1988 a 1998. O que prejudicou o seu desempenho foi a valorização da moeda, falta de investimento em infraestrutura devido as dívidas adquiridas na década de 1980, em meio a crise do petróleo. Retomando Baer (2004), com a redução da inflação e das taxas de juros, os ind ivíduos e empresas favorecidas por créditos bancários acabaram por endividar-se. Os bancos estatais, por terem concedido empréstimos em grande escala, foram afetados diretamente pela inadimplência. No período de 1995 a 1998 ocorreu a crise bancária, o gove rno então tomou medidas como abrir o seu sistema bancário para participação estrangeira com a finalidade de fortalecer-se e auxiliar os bancos privados, foi criado o Fundo de Garantia de Crédito, também foi viabilizado o processo de fusões e aquisições pelo Proer, criado em 1995. Conseguiu-se com as medidas tomadas a melhoria da qualidade do sistema bancário, no entanto a participação publica foi reduzida. 47 Com a crise asiática em 1997 e a crise da Rússia em 1998 as reserva brasileiras caíram de US$75 bilhões em 1998 para US$35 bilhões em 1999. Como tentativa de impedir a retirada de capital dos investidores, o governo tentou aumentar estrategicamente as taxas de juros que chegaram a 50% ao ano em termos reais, Baer (2004, p.237). Consequentemente o governo percebeu que embora aumentasse os juros, seria impossível impedir a saída de capital em 1999, o resultado disso foi a flutuação cambial. O Plano Real perdeu a credibilidade, com reflexos também no Mercosul, uma vez que, com a desvalorização do real os produtos brasileiros foram altamente exportados para a Argentina, enquanto reduziu-se a importação de produtos da Argentina para o Brasil. Como meio de proteção a Argentina instituiu taxas de importação. No final de 1999 a inflação chegou a 8,9%, nesse sentido, para obter empréstimo do FMI o governo brasileiro teria que alcançar um superávit primário do orçamento de 3,1% do PIB, para isso foi necessário aumentar impostos e reduzir gastos, chegando a um superávit primário de 3,8% do PIB, porém tais medidas fizeram com que o crescimento continuasse baixo embora a previsão de queda de 4% do PIB não tenha ocorrido. O índice de crescimento do PIB com a desvalorização do Real foi de 0,22% em 1998 para 0,79% em 1999, a reação inflacionária foi pequena devido ao alto índice de desemprego e pelo fato da economia apresentar um grande excesso de capacidade industrial, (BAER, 2007, p. 471). Na segunda metade do ano 2000 o Banco Central do Brasil reduziu a taxa Selic para 16,5 % e posteriormente para 15,25 % em 2001, tal medida foi tomada na expectativa da continua redução das taxas de inflação, (BAER, 2007, p.474). No entanto o cenário econômico sofreu impactos internos como a crise de energia, os desequilíbrios da economia argentina que afetaram o câmbio e as exportações e o ataque terrorista aos Estados Unidos, fatores que aumentaram as incertezas no mercado internacional dificultando assim aspectos como consumo e investimentos. Em 2001 o setor industrial atingiu a estagnação, sendo que o PIB somente não apresentou queda devido ao crescimento significativo da agricultura. A crise da Argentina acabou por afetar não somente as exportações brasileiras bem como influenciou a redução de investimentos estrangeiros, sendo que tais investimentos no ano 2000 chegaram a US$32,8 bilhões, reduzindo para US$22,5 bilhões, fazendo com que o Banco Central elevasse a taxa Selic para 19%. Com o lento crescimento do PIB e devido as taxas de juros, a dívida pública somente aumentou, a dificuldade com o balanço de pagamentos e a redução substancial dos investimentos estrangeiros resultaram na crise de 2002 , onde o real foi desvalorizado frente 48 ao dólar americano. Com 50% da dívida pública vinculada à moeda americana a desvalorização aumentou a relação dívida/PIB. A economia voltou a crescer significativamente em 2004 atingindo 5,7%, em 2005 3%, e 3,5% em 2006 (Carcanholo, 2010, p.120). Atribui-se esse crescimento significativo ao aumento das exportações, sendo que estavam alavancadas em maior número por produtos primários, (CANO, 2007). Os mesmos representavam 30,66% do total das exportações em 2004, chegando a 33,45% em 2007, com o superávit, (CARCANHOLO, 2010, p. 20). O desenvolvimento econômico brasileiro, considerando aspectos como o baixo crescimento da indústria de transformação, o ínfimo desenvolvimento no setor de serviços e o aumento da participação cada vez mais significativa da agricultura e da mineração no PIB aponta um possível processo de desindustrialização no decorrer de sua história conforme apontado por Cano (2007). A economia brasileira apresentou diversas oscilações, sendo perceptível o impacto imediato dos investimentos estrangeiros, tais investimentos que apresentaram motivações diferentes ao longo do tempo. Observa-se que a participação no mercado internacional é uma necessidade, muito embora as exportações brasileiras tenham aumentado, as importações ainda detém números alarmantes. A abertura econômica ao mercado estrangeiro em 1990 exerceu influência na tecnologia nacional, como resultado da concorrência gerada pelas importações. O desenvolvimento industrial foi estimulado, considerando-se que, anteriormente, a indústria nacional somente atendia a necessidade de substituição dos produtos estrangeiros. Os reflexos da concorrência estrangeira não foram unicamente positivos, como podemos observar no setor automobilístico de 1994 a 1995. A entrada de tantos produtos estrangeiros fez com que o governo aumentasse temporariamente as tarifas na tentativa de proteger o setor. Mesmo com a interferência estrangeira e com a necessidade de se industrializar, o Brasil ainda reflete uma economia baseada em produtos primários, fortemente ligados a agricultura. A área industrial responde em sua maioria por produtos de baixa e média tecnologia. 2.2 Analise histórica da formação econômica chinesa e brasileira. No decorrer da história nacional as ZPE‟s consistiram unicamente em uma lei criada em 1988, porém sem o devido estímulo para sua implementação, diferentemente da China que 49 tomou medidas eficazes para aplicação das ZPE‟s. Ambos os países possuíam similaridades em sua economia até os anos 80 quando a China instalou suas primeiras ZPE‟s, alavancando rapidamente seu processo de industrialização. Com base na descrição da história da economia chinesa e brasileira podemos compreender como o a implantação das ZPE‟s fez total diferença no desenvolvimento da China. Cabe ressaltar que entre as similaridades na economia dos dois países, durante um certo periodo, a agricultura tinha um peso superior em comparação com a indústria leve e pesada. O que fez a diferença para o processo de desenvolvimento industrial da China foi a inclusão das ZPEs como estratégia principal para alavancar sua economia. O governo chinês atuou diretamennte na condução da reforma econômica, o país assim como o Brasil, também restringiu-se por certo periodo ao comércio exterior, no entanto sua abertura foi bem sucedida devido a um planejamento devidamente estruturado. O Brasil se propôs a substituir os produtos importados durante algum tempo a fim de desenvolver sua indústria e voltou a se abrir para o comércio exterior em 1990. Como consequência da abertura econômica as empresas nacionais sofreram diretamente com a concorrência estrangeira. Diferentemente das medidas tomadas pelo Brasil, o governo chinês, para alavancar sua indústria sem causar danos ao mercado nacional, instalou as ZPE‟s. Os beneficios obtidos com a redução de tarifas fez com que o país fosse alvo de investimentos estrangeiros. As empresas instaladas nestes territórios obtinham incentivos para trabalhar em parceria com empresas nacionais e deveriam exportar sua produção, fator que protegia o mercado interno. Com as joint ventures as empresas chinesas se apropriavam da tecnologia estrangeira, com tal conhecimento e com auxilio de financiamento do governo, tornou-se possível as empresas se desenvolverem, estabelecendo-se de forma mais competitiva no mercado internacional. Conforme observado anteriormente, em alguns casos as empresas chinesas se apropriavam tanto da tecnologia de empresas estrangeiras que acabavam se tornando concorrentes das quais anteriormente eram aliadas. O modelo chinês das ZPE‟s consistia, conforme observado no capítulo anterior, em instalar suas estruturas em locais que facilitassem o escoamento das exportações, como portos e aeroporotos. As regiões onde eram estabelecidas as ZPE‟s detinham certa autonomia sobre a legislação vigente, a tributação era diferenciada, isentando alguns impostos a fim de atrair as empresas estrangeiras. Outro atributo do modelo chinês de ZPE consisitia em estimular o desenvolvimento de novos produtos e o conhecimento obtido entre empresas estrangeiras 50 certamente fez com que as empresas chinesas melhorassem a qualidade de seus produtos tornando-as mais competitivas. O Brasil não teve uma economia devidamente planejada, embora tenham sido tomadas medidas para o desenvolvimento de sua indústria, o país tende somente a reagir aos acontecimentos do mercado, demonstrando uma postura passiva na economia mundial. O papel de destaque tende a ser de produtos primários com menor valor agregado. A falta de estratégias sólidas, a ausência de aspectos como estímulos a formação de joint ventures, de incentivos tributários para investimento estrangeiro e a precariedade de politicas resguardando o mercado nacional diante da competitividade de produtos importados, atrasou o processo de maturidade econômica e criou a necessidade da utilização de ferramentas que auxiliem o desenvolvimento industrial. CAPITULO III China X Brasil, estudo comparativo das ZPE’s Neste capítulo o enfoque será estabelecer um comparativo, ainda que modesto, das ZPE‟s brasileiras e chinesas, tendo em vista que não entrarei em méritos como a tributação específica de cada região. Este capítulo foi desenvolvido com base em artigos científicos estrangeiros e nacionais, sendo os autores de maior relevância Yeung, et al (2009), Carcanholo (2010) e Miranda (2013). Considerou-se também a utilização dos sites da ABRAZPE e do Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio. 3.1 Análise das ZPE’s Chinesas e Brasileiras Conforme podemos concluir no capítulo anterior, os declives no desenvolvimento econômico brasileiro são reflexos da falta de planejamento. O fato do país se basear fortemente em produtos primários também constitui claramente uma fraqueza em sua economia. O governo buscou substituir as importações desenvolvendo sua tecnologia, quando o país voltou a abrir-se novamente para o comércio exterior ele ainda não possuía empresas tão fortemente estabelecidas, o que fez com que houvesse um significativo aumento nas importações de produtos manufaturados. No decorrer dos tempos o país ficou cada vez mais apoiado nos produtos primários, voltando a reforçar o que Cano (2007) alegou como sendo um processo de desindustrialização. A abertura comercial, pela perspectiva de Carcanholo (2010, p.118), promove a valorização cambial e elevados déficits comerciais que necessitam de financiamento, resultando assim na quebra de empresas nacionais que competem com os produtos importados. As áreas que mais sofreram com as importações foram os setores de produtos intermediários e de bens de capital. Obviamente a abertura comercial tende a oferecer vantagens se for devidamente estruturada, tal como é visto nas ZPEs chinesas que atraem 52 IDEs, fortalecendo assim a sua estrutura econômica e auxiliando no processo de desenvolvimento tecnológico. A melhora econômica do Brasil nos períodos de 2002 a 2006 não foi resultado da estratégia governamental, mas apenas um reflexo positivo da economia mundial, como a alta no ciclo de liquidez internacional que gerou a redução das taxas internacionais de juros, o forte crescimento da economia chinesa, que importava produtos brasileiros e o crescimento do valor dos commodities, que é predominante em nossa economia. Em 2004 os produtos primários respondiam por 30,66% do total de nossas exportações, em 2007 correspondiam a 33,45% e em 2008 alcançaram o total de 38,26%, (Carcanholo, 2010, p.122). Com a crise mundial em 2007 e 2008, o balanço de pagamentos foi afetado negativamente, as exportações neste período demonstraram desaceleração, devido a baixa na demanda de commodities seu valor caiu significativamente. 3 Ainda como reflexo da crise, as taxas de juros caíram, e no Brasil o Banco Central ainda elevou as taxas domésticas, tornando mais facilitada a entrada de capital externo de curto prazo resultando no aumento da taxa de câmbio entre 2007 e 2009, posteriormente os juros internos acabaram caindo mais lentamente. Os reflexos da economia desestruturada e de sua vulnerabilidade podem ser observados também na citação de Carcanholo (2010, p.130) “A dívida externa total estimada nesse mês de fevereiro de 2010 atingiu US$ 203 bilhões, US$ 4,8 bilhões a mais do que o contabilizado no final de 2009.” A entrada de capital externo de curto prazo evidentemente não tráz tantos benefícios para a econômia como as IDE‟s. Para que se compreenda a diferença de IDE‟s de demais investimentos advindos do exterior, vide abaixo a citação de Silva (2004, p.65): Investimento direto externo (IDE) é definido como um investimento envolvendo uma relação de longo prazo que reflete o interesse e controle de uma entidade residente em uma economia em uma empresa residente em outra economia que não a do investidor. Em outras palavras o IDE implica que o investidor exerce um significante grau de influência na administração da empresa residente numa outra economia. Tal investimento envolve tanto uma transação inicial entre as duas entidades quanto todas as transações subseqüentes entre elas e entre as filiais estrangeiras. ³ A crise mundial de 2007 foi resultado da inadimplência de clientes que detinham h ipotecas nos EUA, devido aos altos juros gestores de bancos de outros países teriam se interessado pelos papéis e rapidamente a crise se propagou, tornando-se oficial em 2008.Dados mais detalhados disponível em < http://sistemas.mre.gov.br/kitweb/datafiles/IRBr/ptbr/file/CAD/ LXIII%20CAD/ Economia/ Ernani%20Torres/Torres%20e%20Bo r%C3%A 7a%20%20Entendendo %20a%20Crise%20do%20Subprime.pdf>, acesso em: 13 de outubro de 2013. 53 Receber IDE‟s significa trazer benefícios em longo prazo, o processo de abertura econômica feito através de ZPE‟s faz com que o Investimento Direto no Exterior fique por mais tempo no país e também viabiliza a abertura para o conhecimento tecnológico de empresas nacionais através das joint ventures. As ZPE‟s, conforme já mencionado, atraem investimentos estrangeiros, empresas estrangeiras que se estabelecem em seu território tendem a criar joint ventures, resultando em ganho de conhecimento tecnológico. Segundo o próprio site do Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio, os objetivos das ZPEs consistem em: atrair investimentos estrangeiros, uma vez que as empresas estabelecidas nas ZPEs se beneficiam das isenções de impostos que, no caso do Brasil, correspondem a isenção de IPI, COFINS, PIS e PASEP. As empresas também se beneficiam no processo de importação com a isenção de impostos específicos como o II, COFINS-Importação, PIS/PASEP-Importação e AFRMM. As empresas instaladas na ZPE contam ainda com os incentivos fiscais relacionados ao SUDAM i4 , SUDENE5 , programas de desenvolvimento do Centro-Oeste, redução a zero do Imposto de Renda IR do artigo 9º da MP2. 159 de2001, e com a Lei da Informática e Automação correspondentes aos incentivos previstos nos artigos 17 a 26 da Lei nº11.196 de 2005 do Programa de Inclusão Digital. Através das ZPEs também se pode acabar com desequilíbrios regionais. As desvantagens relacionadas a distância de algumas cidades com as capitais pode dificultar o desenvolvimento regional, no entanto com uma ZPE inserida em se u território, uma área não tão favorecida pode se tornar alvo de investimentos de empresas devido aos benefícios ficais. Também é possível fortalecer o balanço de pagamentos uma vez que as ZPEs buscam produzir e exportar a maior parte dos produtos produzidos em seu território. Promover a difusão tecnológica também é uma vantagem alcançada com a instalação de uma ZPE. A parceria com empresas estrangeiras, mais conhecida como joint ventures, permite as empresas nacionais entrarem em contato com novas tecnologias e se aprimorarem. 4 O SUDAM consiste em uma Autarquia Federal, vinculada ao Ministério da Integração Nacional, tendo como missão institucional promover o desenvolvimento includente e sustentável da Amazônia assegurando a erradicação da miséria e a redução das desigualdades regionais. Sua função também consiste em estimular, por meio da administração de incentivos e benefícios fiscais, os investimentos privados prioritários, as atividades produtivas e as iniciativas de desenvolvimento sub-regional em sua área de atuação, conforme definição do Conselho Deliberativo, em consonância com o § 2º do art. 43 da Constituição Federal e na forma da legislação vigente; Disponível em: <http://www.sudam.gov.br/images/stories/Arquivos/Aprova_Consolidacao_Regimento_Interno_SUDAM.pdf>; Acesso em: 25 de outubro de 2013. 5 O SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste)- SUDENE, é uma autarquia especial, administrativa e financeiramente autônoma, integrante do Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal, criada pela Lei Complementar nº 125, de 03/01/2007. Disponível em: <http://www.sudene.gov.br/sudene>.Acesso em: 25 de outubro de 2013. 54 No processo de aquisição de maquinário, instrumentos e equipamentos, sendo estes novos ou usados, não haverá tributação caso a empresa esteja instalada em uma ZPE. Outro fator importante é a empregabilidade obtida através das ZPEs, pois as empresas instaladas em seu território geram diversos empregos diretos e indiretos. Como conseqüência da instalação das ZPE‟s espera-se obter desenvolvimento econômico e aumentar a competitividade das exportações brasileiras. Agora que os aspectos das vantagens atribuídas a instalação de ZPE‟s ficaram claros, é possível estabelecer um modelo das ZPE‟s chinesas como referencial para as brasileiras com base no material fornecido pelo presidente da ABRAZEP, Helson Braga. A China instalou cinco ZPEs em 1980, e a que mais se destacou foi a unidade instalada em Shenzheng que retratou as conseqüências dos ganhos para o crescimento regional. Shenzheng foi uma vila de pescadores com aproximadamente vinte mil habitantes e se tornou um centro moderno com dez milhões de habitantes. Segundo os autores Yeung, et al (2009, p.224), já mencionados em capítulos anteriores, os resultados positivos das quatro principais ZPE‟s da China foram alcançados rapidamente, em 1981 quatro das ZPE‟s contavam com 59,8 % do total de IDE do país. Voltando nossa atenção para as ZPE‟s brasileiras, os projetos de implementação das Zonas de Processamento de Exportação não foram tão simples. O Brasil não teve projetos tão promissores e visíveis, pela falta de incentivo governamental para formação da ZPE‟s, falta de infra- instrutura necessária, assim como a dificuldade enfrentada pelos interessados em abrir ZPE‟s, causada pela burocracia envolvida para este fim. Segundo Braga (2013) 6 no Maranhão foi autorizada uma ZPE no final dos anos 80. Criada pelo presidente Sarney, esta ZPE possuía o total de 492 hectares na Ilha de São Luis, mas tal área acabou sendo utilizada para outros fins e outra parte foi invadida, sendo necessário mudar sua localização para manter o projeto. No começo dos anos 90 foi criada a ZPE em Vila Velha, no estado do Espirito Santo, outro terreno que não está mais disponível, atualmente é avaliada a possibilidade de transferir a localização desta ZPE, sendo que ainda serão necessários alguns meses para que seja obtida a aprovação da CZPE e autorização por decreto do atual presidente da república. Este projeto está em andamento através de investimento privado. Em Santa Catarina, mais especificamente em Imbituba, cidade portuária, a ZPE teve suas instalações construídas em meados dos anos 90, mas não conseguiu ser alfandegada pela 6 BRAGA,Helson.Publicação eletrônica[Resumo das ZPEs].Mensagem rec ebida por<[email protected]> em 9 de maio.2013. 55 Receita Federal Brasileira devido ao governo de FHC, que era contrário ao projeto. Atualmente estas instalações estão se readequando as novas regras estabelecidas para sua instalação, uma vez que esta ZPE já obteve a autorização da Assembléia Legislativa do Estado. Os casos acima citados são demonstrações claras do abandono do governo ao desenvolvimento das ZPE‟s, muito diferente do processo realizado na China onde houve um rápido aumento na quantidade de unidades instaladas em seu território. Segundo os autores Yeung, et al(2009,p.224), o crescimento do PIB chinês foi de 10% ao ano, motivados pela sucesso na aplicação das ZPE‟s. A China abriu mais quatorze ZPE‟s em cidades costeiras, e uma décima quinta foi aberta em 1988 em Hainan, e os números só aumentaram em 1990 quando foram abertas novas áreas ao longo do rio Yangtze.(apud,Yeung and Hu,1992). Atualmente o Brasil possui vinte e quatro ZPE‟s em diferentes estágios de desenvolvimento, demonstradas por localidade e por etapa para seu funcionamento na Figura 2: Figura 2: ZPE’s no Brasil Fonte: BRAGA, Helson.Publicação eletrônica[Atualização ZPEs].Mensagem recebida por<[email protected]> em 02 de out. 2013. 56 Conforme pode ser observado no mapa, das 24 ZPE‟s distribuídas pelo território nacional, somente duas estão alfandegadas, significando que a ZPE já possui autorização para iniciar suas operações e buscar empresas interessadas em efetuar investimentos. Como nem todos os projetos foram devidamente acompanhados, seis territórios precisam ser realocados uma vez que, ou foram invadidos ou estão sendo utilizados para outros fins. Três dos territórios precisarão passar por readequação, tornando-se funcionais conforme a legislação atual. Embora a perspectiva seja positiva, considerando que quatorze ZPE‟s estão em processo de implementação, devemos ser cautelosos, pois o Brasil demonstrou descaso pela implementação desta ferramenta por um longo período de tempo, sendo que as medidas necessárias para o êxito ainda dependem muito dos interesses e incentivos governamentais. Conforme Braga 7 (2013) uma ZPE que aparenta um promissor potencial é a ZPE de Senador Guiomard, que foi alfandegada em 04/04/2012 e está localizada no Acre, próxima a capital Rio Branco. Com uma estrutura de porto seco, ainda carece de algumas adequações para atender as necessidades de uma ZPE, porém esta região ainda se beneficiará da Rodovia Intercontinental que liga o território brasileiro ao Peru, o que também permitirá acesso do Acre aos portos peruanos do Pacífico. Neste caso em especial o governo estadual teve um papel significativo fornecendo recursos para o projeto. Uma vez que a localização do Acre não favorece a relação comercial com o mercado interno brasileiro, fica claro que seu desenvolvimento virá através do mercado externo com o auxilio da ZPE. Outra ZPE que demonstra potencial é a de Pecém, Ceará. Fazendo parte do Complexo Industrial e Portuário Pecém (CIPP) esta ZPE tem o maior dos territórios com quatro mil hectares e já está alfandegada. Com a joint venture Companhia Siderúrgica do Pecém, possui um projeto de oito bilhões de dólares, conta com uma administração pública e deverá entrar em operação em 2015. Assim como as ZPE‟s do Acre e do Ceará, as chinesas consideraram a necessidade de implantação de suas estruturas próximas a portos, um exemplo disso são as quatorze ZPE‟s em cidades costeiras implantadas em 1988 na China. A unidade de Pernambuco, localizada em Suape também tem similaridade com as ZPE‟s chinesas, no que diz respeito a localização. Fica localizada próxima ao porto de Suape com uma área de cento e noventa hectares, já é detentora de 10% do cronograma físico, será financiada pelo setor privado e já possui autorização para a instalação da primeira empresa em seu território desde maio de 2013. 7 BRAGA,Helson.Publicação eletrônica[Resumo das ZPEs].Mensagem rec ebida por<[email protected]> em 9 de maio.2013. 57 O governo do Parnaíba se baseia no sucesso estrangeiro para desenvolver sua ZPE e se encontra envolvido em um programa de compartilhamento de informações firmado pelo Instituto Coreano para o Desenvolvimento (Korea Development Institute ou KDI), neste programa o governo coreano divide suas experiências com o desenvolvimento de suas ZPE's, (Relatório das Ações da ZPE Parnaíba,2012). A ZPE do Parnaíba, estado do Piauí, já está em andamento com as obras de sua infraestrutura. Tem um porto em construção e o governo estadual também disponibilizou R$13 milhões para suas obras, sendo que seu projeto já foi aprovado pela CZPE. Nem todas as ZPE‟s tem obtido auxílio estadual significativo para se estabelecerem, como exemplo pode-se citar a cidade de Boa Vista, localizada em Roraima, que embora já tenha seu projeto de alfandegamento aprovado pela Receita Federal Brasileira, a administração anterior não conseguiu mobilizar recursos e parcerias para sua implementação. Já a ZPE localizada no estado de São Paulo, na cidade de Fernandópolis, com a vantagem da proximidade com o porto de Santos, está em processo de reorganização de sua estrutura societária, uma vez que seu projeto é conduzido por um grupo privado. A ZPE da cidade de Teófilo Otoni já possui sua infraestrutura e é controlada por um grupo privado, mas que não possui condições para o desenvolvimento do projeto, gerando a necessidade de estabelecer sociedade com o governo estadual, que não demonstrou qualquer empenho em possibilitar seu funcionamento. Os governos do Rio de Janeiro e Sergipe também não estão atuando de forma efetiva para concretização das ZPE‟s em seus territórios, segundo Braga (2013). Como pode ser obervado, nenhuma ZPE brasileira está atuando efetivamente. Embora tenhamos duas ZPE‟s já alfandegadas e muitos projetos promissores, os mesmos dependem de infraestrutura e investimentos, assim como necessitam da aprovação de orgãos regulamentadores como a CZPE para atuarem. Alguns estudiosos como Miranda (2013) tendem a estabelecer comparações entre as ZPE‟s e a Zona Franca de Manaus, mas conforme observamos em seu estudo, a Zona Franca de Manaus veio a atender a necessidade de um desenvolvimento regional assim como as ZPE‟s chinesas, mas seus objetivos são um pouco diferenciados, uma vez que as ZPE‟s chinesas buscam exportar seus produtos e somente podem comercializá- los em território nacional com restrições e se aceitarem arcar co m as tributações das quais são isentas ao exportarem. A Zona Franca de Manaus (ZFM), por sua vez, possui diversas isenções tributárias, no entanto as empresas tem a liberdade para comercializar seus produtos em território nacional. 58 O modelo atual de ZPE define que 80% do que for produzido nas ZPE‟s deve ser exportado, sendo somente 20% permissível para a comercialização em terreno nacional, ainda assim com restrições e arcando com as tributações das quais seria isenta se optasse por exportar. Outra evidência que diferencia as ZPE‟s da ZFM é o fato de seu desenvolvimento não constituir em um modelo experimental para desenvolvimento, diferentemente das ZPE‟s que após apresentarem bons resultados foram amplamente instaladas na China. Assim que as ZPE‟s brasileiras começarem a atuar efetivamente com o auxílio governamental e privado, será possível obter ganhos econômicos, socias e tecnológicos que serão obtidos através de parcerias conhecidas como joint ventures. Os ganhos sociais serão o desenvolvimento de regiões menos favorecidas economicamente, auxiliando na empregabilidade nacional, como foi observado na China onde a empregabilidade gerada com a instalação das ZPEs foi de 40 milhões de postos de trabalho. As iniciativas mais efetivas devem partir do governo, se tomarmos por modelo as ZPE‟s chinesas, que contaram com total apoio governamental para sua instalação. Segundo Braga 8 (2013) atualmente a MP 615/2013 está aguardando sanção presidencial e se for aprovada fará com que as ZPE's criadas a partir de 23/07/2007 tenham mais dois anos para iniciarem suas obras, o que certamente reforçará a atenção e os esforços governamentais e privados na aplicação desta ferramenta estratégica. 8 BRAGA, Helson.Publicação eletrônica[Atualização ZPEs].Mensagem rec ebida por<[email protected]> em 02 de out. 2013. CONSIDERAÇÕES FINAIS As ZPEs e o rápido crescimento econômico da China tem sido de interesse de muitos estudiosos, conforme observado anteriormente ambos estão diretamente relacionados. A China já foi assim como o Brasil, um país com dificuldades para se industrializar e com grande parte de seu PIB dependente da agricultura. A reforma da economia do país se iniciou com um forte planejamento governamental movido pelas políticas de Deng Xiaoping, responsável pela implantação das ZPE‟s em 1980, abrindo o país para o comércio exterior. As ZPE‟s foram construídas estrategicamente com proximidade a portos para facilitar o processo de exportação. A construção de ZPE‟s no país forneceu as condições necessárias para que as empresas nacionais obtivessem acesso a tecnologias estrangeiras, criando assim condições favoráveis para que as empresa nacionais pudessem se desenvolver gradativamente se tornando mais competitivas no mercado internacional. Outros ganhos atribuídos a ZPE‟s no cenário de desenvolvimento chinês foi a empregabilidade gerada direta e indiretamente. A abertura econômica é importante, pois nenhum país atualmente consegue ser autossuficiente, seja pela ausência de recursos naturais, mão-de-obra ou tecnologia, segundo Rebono(2010). A ZPE possibilitou a China abrir seu mercado para o exte rior, garantindo a segurança do mercado nacional uma vez que existiam diversas restrições para a comercialização no mercado interno. Como método para atrair o investimento estrangeiro de longo prazo, foi definida a redução de tributações no processo de exportação, criou-se a possibilidade das empresas construírem suas próprias instalações portuárias, dentre outros benefícios como a criação de créditos favoráveis. O crescimento da China somente progrediu com a instalação das ZPE‟s por meio do controle e dos estímulos governamentais. Embora se evidencie o controle do governo, as regiões onde eram estabelecidas as ZPE‟s detinham certa autonomia para identificar quais medidas seriam mais indicadas para seu funcionamento. O Brasil por sua vez, no decorrer de sua história, com o apego a sua estrutura econômica baseada em commodities, teve dificuldade de se industrializar mesmo com tentativas de diversos governos na criação de métodos para o seu desenvolvimento. A economia nacional demonstra na verdade um posicionamento alheio a grandes planejamentos, sendo facilmente influenciado pelas movimentações políticas mundiais. Essa fragilidade quanto ao cenário econômico mundial está diretamente pautada em seu contínuo apego aos 60 produtos primários e pelo alto volume de produtos importados com maior valor agregado. A industrialização nacional necessita de fortes incentivos governamentais e obviamente de uma troca de experiências com empresas estrangeiras que detém tecnologias mais avançadas para aumentar a competitividade de nossas empresas. A medida mais apropriada para tornar o mercado nacional mais atrativo, sem negligenciar a proteção de nossas empresas, seria a instalação das ZPE‟s, cuja implementação foi demasiadamente negligenciada desde a formação da Lei 11.508 9 para este fim. A aplicação das ZPE‟s no Brasil, como descrito na lei 11.508, tem a “[...] finalidade de reduzir desequilíbrios regionais, bem como fortalecer o balanço de pagamentos e promover a difusão tecnológica e o desenvolvimento econômico e social”. Os objetivos das ZPE‟s chinesas e brasileiras estão alinhados, no entanto as medidas de adequação e aplicação em cada um dos países demonstraram-se diferenciadas. Enquanto o Brasil ainda tem dificuldade para estabelecer infra-estrutura e condições para desenvolvimento das ZPE‟s, a China tomou medidas efetivas para a instalação das mesmas, sendo que após sua aplicação o país aumentou gradativamente o número de unidades instaladas, atualmente a China conta com 2000 10 ZPEs em seu território. O governo tem demonstrado mais atenção aos projetos para inserção de ZPE‟s no Brasil, no entanto se considerarmos o avanço chinês vamos constatar que o processo de instalação e ativação das ZPE‟S ainda é demasiadamente lento e pouco producente. Os métodos de aprovação da formação das ZPE‟s cabem principa lmente aos órgãos do Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exportação e a Receita Federal Brasileira, sendo que cada ZPE conta com uma unidade da RFB para efetuar as devidas fiscalizações. Embora seja positivo a utilização de órgãos que tem por responsabilidade fiscalizar a legalidade dos procedimentos adotados nas ZPE‟s, a China deu certa autonomia para cada região onde elas são instaladas, para reestruturarem suas regulamentações quando necessário, diferente do processo adotado em nosso país. Conceder certa autonomia regional para ministrar a implementação das ZPE‟s talvez facilite a sua instalação. O Brasil tende a dificultar o processo de implantação das ZPE‟s, a falta de incentivo governamental é clara quando consideramos que nenhuma ZPE no Brasil esta realmente em funcionamento, embora duas já tenham sido alfandegadas. O país tem necessidade de se industrializar e fortalecer seu balanço de pagamentos, no entanto isso somente será possível 9 Decreto-Lei 11.508 Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20072010/2007/Lei/L11508.htm>; Acesso em: 20 de outubro de 2013. 10 Número de ZPE’s na China; Disponível em:< http://transparencia.ce.gov.br/content/pagina inicial/noticias/ceara-tem-a-primeira-zpe-em-funcionamento-do-brasil>; Acesso em:04 de dezembro de 2013. 61 com o devido planejamento estratégico nacional, sendo a ZPE uma ferramenta de grande valia se implementada efetivamente. Não é possível confrontar diretamente o funcionamento das ZPE‟S chinesas e as brasileiras, em virtude de que as ZPE‟s brasileiras ainda não estarem funcionando ativamente, necessitando de mais tempo para seu desenvolvimento, mas cabe a este trabalho acadêmico fomentar a dúvida quanto a aplicação eficiente do modelo de ZPE chinês no Brasil a fim de melhorar o nosso modelo de desenvolvimento econômico. Certamente no decorrer dos anos subseqüentes poderemos observar as movimentações políticas para funcionamento das ZPE‟s e os resultados que estas trarão para o nosso país. É necessário uma política mais ativa e eficaz na implementação das ZPEs para que estas saiam finalmente do papel e o atual interesse demonstrado por alguns estados seja realmente levado em consideração. Certamente com a efetiva aplicação das ZPE‟s teremos ganhos significativos sociais e econômicos para o Brasil. 62 REFERÊNCIAS Associação ABRAZPE. Dados sobre as ZPE‟s Brasileiras. Disponível em:<http://www.abrazpe.org.br/>.Acesso em :10 maio 2012. AVERBUG, André. A Economia Brasileira nos Anos 90: Abertura e Integração Comercial Brasileira na década de 90. Disponível em: < http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Publicacoes/Consulta_Ex pressa/Setor/Comercio_Exterior/199910_7.html> em 15 agosto de 2013. BAER, We rner, A Economia Brasileira,São Paulo-SP,Editora:Nobel,2004.Total de 509 páginas. 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Sds., Helson Braga Presidente Associação Brasileira de Zonas de Processamento de Exportação - ABRAZPE Tel.: (21) 2221-9734 Fax.:(21) 2221-9022 Cel.:(21) 8166-9731 www.abrazpe.org.br Em 09/05/2013, às 11:25, ABRAZPE escreveu: Este é um e- mail de consulta via http://www.abrazpe.org.br/ enviado por: Iara Toledo <[email protected]> Bom dia, Meu nome Iara Toledo e estou desenvolvendo um estudo acadêmico sobre a real vantagem em estabelecermos ZPEs pelo país, gostaria de saber se vocês podem me encaminhar uma relação das ZPEs que já estão em funcionamento e quais ainda precisarão ser devidamente homologadas. Fico no aguardo de resposta. Grata, Iara Toledo Material encaminhado por: Helson Braga Presidente Associação Brasileira de Zonas de Processamento de Exportação – ABRAZPE RESUMO DAS ZPES (09/03/2013) Acre: localizada no municíp io de Senador Guio mard, pró ximo à capital, Rio Branco, a ZPE do Acre tem 130 hectares. Foi alfandegada em 4/4/ 2012 (o alfandegamento é uma espécie de “habite -se”, dado pela Receita Federal, para co meçar a operar). Eles começaram mais tarde, mas já part iram de uma estrutura de “porto seco” quase concluída, necessitando apenas alguma readaptação às necessidades de uma ZPE. Foi fundamental a inauguração da Rodovia Interoceânica (2,6 mil km, sendo 344 km no território brasileiro, e o restante no Peru) que conecta o Acre aos portos peruanos do Pacífico, e abre espaço para o mercado andino (Peru e Bo lív ia, principalmente) e para o sudeste asiático. O governo estadual também jogou um papel mu ito importante: assumiu o projeto, disponibilizou recursos e não ficou só no discurso. Mais de 10 empresas já manifestaram interesse em se instalar na ZPE. Uma (A mazon Polímeros) já teve seu projeto aprovado pelo Conselho Nacional de Zonas de Processamento de Exportação (CZPE). A ZPE do Acre abriu u ma perspectiva concreta de desenvolvimento industrial para o estado, uma vez que, em razão nas enormes dis tâncias que o separam do restante do Brasil, estratégias de desenvolvimento para o Acre deverão estar necessariamente associadas aos mercados externos. O Acre está muito longe do mercado interno relevante. Está sendo tocada pelo governo estadual, sem perspectiva de privatização. Roraima : A prefeitura de Boa Vista obteve autorização para imp lantar uma ZPE em área de 166 hectares, próxima à capital, à margem da BR-174, no seu trecho norte, que liga à Venezuela. Roraima, à semelhança do Acre, depende criticamente da articulação com o mercado externo, para configurar uma estratégia viável de desenvolvimento, em razão das distâncias que separam o estado do restante do mercado nacional. A ZPE poderia ser um fator fundamental na imp lementação de uma estratégia volt ada para o mercado internacional, mas a administração anterior não conseguiu mobilizar recursos e interessados para a implantação do projeto. A administradora da ZPE pertence à prefeitura. A nova admin istração manifestou o interesse de retomar o projeto. O projeto de alfandegamento já foi aprovado pela RFB. No mo mento, discute -se a prorrogação do prazo para início das obras. Pará: Tem u ma ZPE de 926 hactares no municíp io de Barcarena, onde será imp lantada a Co mpanhia de A lu mina do Pará, u m projeto de 3 b ilhões de dólares, percentencente a uma mu ltinacional norueguesa, que adquiriu a área de alumínio da Vale. O pro jeto deverá sofrer algum atraso, em razão das condições de mercado (demanda contraída, e excesso de oferta de alumín io no mercado mundial). O governo também está claramente empenhado na implantação da ZPE, que deverá ser administrada por uma emp resa pública, já constituída. Já teve o projeto de alfandegamento aprovado pela Receita Federal e deverá licitar as obras neste mês de abril. Maranhão: Teve uma ZPE de mais de 492 hectares, autorizada ainda no final dos anos 80 (criada pelo presidente Sarney), na Ilha de São Lu ís, mas cuja área não está mais disponível (depois de tanto tempo, parte dela foi utilizada para outras finalidades e outra, simples mente invadida). Há necessidade, portanto, de relocalizar a ZPE. Há u m g rupo espanhol interessado em participar do empreendimento junto com o governo do estado (que já teria garantido recursos da ordem de R$ 20 milhões, obtido no BNDES), em u ma área perto do porto de Itaqui. Tem excelente condições logísticas, especialmente a Ferrovia de Carajás e os portos de Itaqui e Ponta da Madeira. Pode ser totalmente privatizada. Piauí: A ZPE de Parnaíba (400 km ao norte da capital, Teresina) já co meçou as obras de infraestrutura e já tem 2 empresas com projetos já aprovados pelo CZPE, e mais 3 em negociação. Parnaíba já fo i u m importante centro econômico e comercial e terá na ZPE u ma possibilidade de recuperar suas perspectivas de crescimento. Tem u m porto em construção, e as alternativas de escoamento são os portos de O governo estadual também é pró -ativo, e já disponibilizou R$ 13 milhões para as obras da ZPE. O governo pretende propor uma segunda ZPE, no município de Eliseu Martins, no sul do Estado, que é o ponto final da Ferrovia Transnordestina, que ligará uma região de grande potencial econômico aos portos de Pecém (Ceará) e Suape (Pernambuco). A admin istradora da ZPE de Parnaíba é pública, mas o governador pretende privatizar. Ceará : A ZPE de Pecém é parte do Co mplexo Industrial e Portuário de Pecém (CIPP) e tem mais de 4 mil hectares, sendo a maior do Brasil. Foi alfandegada recentemente e vai começar co m uma siderúrgica, a Co mpanhia Siderúrgica do Pecém (CSP), que é uma joint venture da Vale (50% do capital) co m as siderúrgicas coreanas Dongkuk (30%) e Posco (20%). É u m projeto de 8 bilhões de dólares, cuja primeira etapa (que custará R$ 5 bilhões) deverá entrar em operação em 2015. Já foram in iciadas as obras da siderúrgica. O CIPP é a grande aposta de desenvolvimento do Ceará e tem vocação para os setores metal-mecân ico e petroquímico. A implantação da siderúrgica é u m investimento central dessa estratégia, e a ZPE é o instrumento adequado para viabilizá-lo. A ad ministradora é pública. Rio Grande do Norte: O RN tem duas ZPEs: uma, em Assu, no oeste do estado, e outra, em Macaíba, na região metropolitana de Natal. A ZPE de Assu, com 1.020 hectares, já teve o seu projeto de alfandegamento aprovado pela Receita Federal, e será desenvolvida pelo setor privado. Seu controlador está negociando a participação de investidores internacionais. A ZPE de Assu terá o papel estratégico de desenvolver a região o este do Rio Grande do Norte, com grande potencial agrícola e mineral, e tornar mais equilibrado o desenvolvimento do estado, hoje excessivamente concentrado na região metropolitana de Natal. A ZPE de Macaíba (126 hectares) , além da vantagem de estar localizada na região met ropolitana de Natal, está a menos de 10 km do aeroporto de São Gonçalo do A marante, u m hub airport atualmente em fase adiantada de construção. A empresa administradora da ZPE já está constituída, e tem como sócios a prefeitura de Macaíb a, dona do terreno, com pouco mais de 80% do capital, e o restante dividido em partes iguais entre a Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte e e emp resa distribuidora de gás, que representa o governo estadual. Os sócios estão equacionando o levantamento dos recursos para iniciar as obras de infraestrutura. A idéia é obter esses recursos junto ao Banco do Nordeste do Brasil, que abriu, no início de janeiro, u ma linha de crédito para financiar a infraestrutura das ZPEs da região. Está em negociação ta mbém a h ipótese de privatização da ZPE. Paraíba : A PB teve uma ZPE autorizada no município de João Pessoa, em meados dos anos 90, mas sua área foi redestinada para outras finalidades. Está sendo estudada atualmente a relocalização da ZPE para o municíp io d e Caaporã (150 hectares), na divisa com Pernambuco. Na área pernambucana contígua estão sendo implantados vários importantes investimentos, como u ma fábrica da Fiat. A ZPE de Caaporã deverá ser u m pro jeto inteiramente privado, e conta com o apoio do govern o estadual. O projeto de criação está sendo examinado pelo CZPE. Pernambuco: Lá, temos a ZPE de Suape, perto do porto de mesmo nome, e que será imp lantada em área de 190 hectares, a ser bancada e gerida inteiramente pelo setor privado. Já foram executados os 10% do cronograma físico-financeiro, que caracteriza o início das obras. Tem grande potencial, especialmente devido à proximidade do porto de Suape. Na semana passada foi assinado o acordo para a implantação da primeira empresa a se localizer na ZPE de Suape. Sergipe: Sua ZPE foi autorizada em u m terreno de pouco mais de 60 hectares, localizado em Barra dos Coqueiros, um município pró ximo à capital, Aracaju. O d iscurso oficial do governo é de prioridade no desenvolvimento de sua ZPE, mu ito embora não se identifiquem ações concretas nesse sentido. Aparentemente, a idéia é manter o p rojeto sob controle do estado. O governo do estado não parece particularmente interessado no projeto. Bahia : a ZPE da Bahia está localizada num terreno de 225 hectares, no municíp io de Ilhéus, no sul do Estado. A ZPE tem grande potencial e será administrada por uma empresa privada, selecionada por processo licitatório. Está situada numa área onde está sendo construído um grande porto (Porto Sul) para a exportação do minério de ferro que v irá do oeste baiano pela Ferrovia de Integração Oeste-Leste, já em construção. E haverá lá também um aeroporto internacional. O grupo privado tem a intenção de agregar mais 400 hectares à área in icial. A ZPE é o projeto catalizador de todo este programa de desenvolvimento regional, u m dos mais importantes atualmente em imp lantação no estado. Espírito Santo: o município de Vila Velha encaminhou recentemente um projeto de relocalização de sua ZPE, que havia sido criada no começo dos anos 90, em outro terreno (que não está mais disponível). A inda demorará alguns meses para ser analisado pelo CZPE e submetido à presidente da República, para criá -la através de decreto. O município de Aracruz também apresentou um projeto de ZPE numa área de 34 ha, que é pequena em relação às demais, e já teve sua administração concedida a um grupo empresarial do estado. Está sendo estudada a possibilidade de mudar sua localização para mais próximo do estaleiro que a Jurong está construindo no município. A mbas as ZPEs estão sendo tocadas como investimento privado. Rio de Janeiro: também teve u ma ZPE autorizada nas pro ximidades do porto de Itaguaí, num terreno pertencente à Petrobras, que, agora, pretende utilizá-lo para outra finalidade. Estão sendo desenvolvidos estudos no sentido de propor uma ZPE para a retro-área do porto do Açu, onde está sendo construído um grande porto de águas profundas. Mas o projeto está avançando muito lentamente. Até agora, a implantação de ZPE não está na pauta de interesses imed iatos do governo estadual, nem do grupo privado interessado, a LLX, do grupo EBX. Recentemente, o governo estadual sinalizou o interesse em reto mar o pro jeto da ZPE de Itaguaí. São Paulo: SP tem u ma u ma ZPE criada em Fernandópolis, no noroeste do estado, numa área de 157 hectares, ao lado de uma ferrovia que leva ao porto de Santos. Está sendo reorganizada a estrutura societária da ZPE. A idéia é que o projeto seja desenvolvido pelo setor privado. Neste momento, estão se desenvolvendo entendimentos para a assunção do projeto por um grupo privado. Santa Catarina: sua ZPE está localizada em Imb ituba, cidade portuária, situada a 90 km ao sul de Florianópolis, a capital do estado. Já construiu suas instalações em meados dos anos 90, mas não conseguiu ser alfandegada pela RFB em virtude do boicote do governo FHC, que era contrário ao mecanismo. Na época, foram aprovados três projetos industrias para imp lantação na ZPE, mas foram, na prática, impedidos de fazê -lo pelo governo FHC. Agora, será necessário readequar essas instalações, dado que as regras mudaram, desde então. Está sendo estudada a privatização da ZPE, que já foi autorizada pela Assembléia Legislativa do estado. Rio Grande do Sul: Sua ZPE fo i autorizada para a retro-área do porto de Rio Grande, ao sul do Estado. Também chegou a construir sua infraestrutura, mas fo i impedida de funcionar pelo mes mo motivo da de Santa Catarina. Recentemente, o o governo destinou a área para a expansão do polo naval, que está sendo imp lantado na região. Terá que ser relocalizada. No mo mento, estão sendo estudadas algumas alternativas de relocalização. Minas Gerais: foi autorizada u ma ZPE no município de Teofilo Otoni (onde está localizada u ma importante região produtora de pedras preciosas), e também construiu sua infraestrutura. Não entrou em funcionamento também g raças ao governo FHC. Hoje, ela está controlada por um grupo privado, que, no entanto, não tem condições de tocar o projeto. O mais provável é que a ZPE seja extinta ou relocalizada para outro local. O gru po controlador estava em negociações com o governo estadual, para este assumir o controle societário, e aportar os recursos para a readequação das instalações, mas o novo governo não mostra nenhum empenho do governo em acelerar essas providências, apesar de correr no Youtube um video em que o atual governador presta um apoio enfático ao projeto. Atualmente, está sendo estudada a possibilidade de o municíp io assumir a ZPE, porém em outro local. Recentemente, foi aprovada uma segunda ZPE no estado, no municíp io de Uberaba, num terreno de 268 hectares. O projeto será inteiramente privado. Houve uma licitação para cessão onerosa (cerca de R$ 90 mil) das ações da empresa administradora da ZPE, que já foi constituída pela Prefeitura, mas houve problemas na condução do processo e não apareceram interessados. A nova administração municipal está articulando a retomada da licitação. Tocantins: sua ZPE foi autorizada em Araguaína, no norte do Estado, num terreno de 300 hectares. Foi a quarta ZPE (as outras foram as de Imbituba, Rio Grande e Teófilo Otoni) que chegaram a construir suas infraestruturas nos anos 90, mas foram imped idas de entrar em funcionamento pelo governo FHC. O controle é privado, mas tem u ma significt iva participação do governo estadual. Está sendo providenciada a readequação das instalações às novas regras. Estão sendo desenvolvidas articulações visando a retomada do projeto. Mato Grosso: a ZPE foi autorizada no município de Cáceres, no oeste do Estado. O controle é do governo estadual, mas conta com e xpressiva participação de capitais privados. A retomada do projeto depende, portanto, da iniciat iva do governo. O projeto de alfandegamento já foi aprovado pela RFB. Também já fo i aprovado o EIA/RIMA. Recentemente, o governador do Estado assegurou uma verb a de R$ 6 milhões para a construção da primeira etapa da ZPE, de 20 hectares. Várias empresas já man ifestaram interesse em se instalar na ZPE. No mo mento, está sendo finalizado o projeto executivo para o início imediato das obras. Mato Grosso do Sul: conta com duas ZPEs, u ma em Coru mbá (área de 250 hectares), no oeste do Estado, e outra em Bataguassu (200 hectares), na fronteira co m o estado de São Paulo. A primeira está dependendo de o governo estadual providenciar nova área, dado que a original foi doada, por uma ad min istração anterior, para outro projeto. Essa ZPE chegou a ter sua empresa admin istradora constituída sob controle privado, mas não teve continuidade face aos problemas causados pelo governo FHC. O atual governo do estado não parece priorizar o projeto, havendo dúvidas quanto à sua continuidade, que dependeria, antes de tudo, de se providenciar a substituição do terreno. A segunda ZPE, também sob controle privado, está sendo construída e deverá ser inaugurada ainda este ano. Observações: Estão sendo propostas mais as seguintes ZPEs: em Santarém/PA, Macapá/AP, Caaporã/PB, Tupã/SP, Itanhaém/SP e Porto Velho/RO. Esta últ ima teve seu projeto de criação recentemente aprovado pelo CZPE e aguarda-se para os próximos dias a publicação do seu decreto de criação no DOU. Estão sendo estudas localizações para uma ZPE no Paraná e outra em Go iás.