As ZPEs e a competitividade nacional(*) Senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB/SC) Criar zonas de processamento de exportação (ZPE), que são distritos industriais voltados a produzir mercadorias para o mercado externo, é uma estratégia largamente adotada em todo o mundo. Foi por meio dela que a China começou sua abertura para o livre mercado, que resultou na conhecida explosão de crescimento e desenvolvimento. Hoje, a China tem 187 ZPEs, que geram 50 mil empregos diretos e divisas equivalentes a 50 bilhões de dólares norteamericanos. Seguindo o exemplo chinês, o Vietnã já instalou 185 dessas áreas. A Hungria tem 160, a República Tcheca, 92, e a Polônia, 48. Todos esses países ex-comunistas adotaram como alternativa para transitar da economia central, planejada, para a economia de mercado, esses distritos industriais voltados ao comércio exterior. Conta-me o nosso conterrâneo Roberto Colin, que assumiu recentemente a espinhosa missão de representar o Brasil na qualidade de embaixador na Coreia do Norte, que até mesmo aquele país (o mais ortodoxamente fechado na doutrina marxistaleninista) também adotou plataformas de exportação, construindoas na divisa com a Coreia do Sul, para poder contar com empregados sul-coreanos. No mundo ocidental, é também corriqueira a adoção dessas plataformas industriais de exportação. Desafiando o nosso humor, a pequenina Costa Rica tem 139 desses distritos industriais em funcionamento. Já o México tem 109; a República Dominicana, 58; e a Nicarágua, 34, só para citar alguns países da comunidade latino-americana. O Brasil, que instituiu o regime das zonas de processamento de exportação em 29 de julho de 1988 – portanto, há 24 anos – tem criadas, apenas no papel, 24 ZPEs, dentre as quais a nossa de Imbituba. Enquanto o mundo explode no comércio exterior com essas ZPEs, nós patinamos, reclamando da falta de competitividade das empresas brasileiras, afetadas, dentre outros fatores, pela elevada carga fiscal, que deixa de existir para produtos fabricados nesses fechados centros industriais e de serviços, pois ficam isentos dos tributos de exportação e importação. Pelas ZPEs, os chineses e os países que aderiram a esse sistema têm atraído vultosos investimentos estrangeiros, ampliado a sua competência científica, tecnológica e inovadora, gerando milhares de empregos. Com a criação da ZPE de Imbituba em abril de 1994, o Estado já investiu soma apreciável, construiu as instalações para o alfandegamento dos produtos, atraiu empresas, mas, até o momento, continua aguardando que a política nacional de zonas de processamento de exportação entre efetivamente em vigor. Marcando passo, há quase 25 anos, o Brasil tem perdido muito por não poder acionar essas usinas de competitividade e integração ao mercado global. (*) Publicado no jornal A NOTÍCIA, 02/09/2012.