O QUE É O CONHECIMENTO? INTRODUÇÃO À EPISTEMOLOGIA INTRODUÇÃO "Erkenntnistheorie ist die Philosophie der Psychologie" Tractatus 4.1121 A Epistemologia constitui um campo da Filosofia dificilmente delimitável devido às inúmeras fronteiras ténues e apenas esboçadas com muitas outras áreas, elas próprias vastas e de carácter eminentemente interdisciplinar - como a Filosofia do Conhecimento, a Filosofia das Ciências, a História das Ciências, a Metodologia das Ciências, e actualmente também com a Fenomenologia, a Filosofia da Linguagem, a Filosofia Analítica, a Filosofia da Mente, a Filosofia da Psicologia. Elaborar um curso de Epistemologia exige, por isso, optar por um ponto de partida e traçar um itinerário preciso, o que significa necessariamente estabelecer contornos bem nítidos e renunciar a outras vias possíveis, que se apresentam no vasto horizonte epistemológico e filosófico. Estas outras vias possíveis não podem deixar de surgir, no entanto, na paisagem do itinerário traçado e entrecruzam-se constantemente com o fio condutor pelo qual se optou. Inevitavelmente, ao formular e tratar um problema encontram-se outros problemas e questões com afinidades incontestáveis, e não é fácil deslindar o nó da questão inicial e suas implicações múltiplas e transversais. Mas, uma vez traçado o itinerário, é inevitável a delimitação e, consequentemente, deixar de lado muitas outras questões que se apresentam como questões igualmente possíveis. Centrar-nos-emos no problema filosófico do conhecimento, visando uma elucidação das questões nucleares sobre a sua natureza e condições de possibilidade. O objectivo principal será o de justificar o conhecimento, dar conta dos fundamentos que o alicerçam e mostrar a viabilidade do acesso cognitivo ao mundo real. Conhecer pressupõe, com efeito uma relação intencional que informa toda a experiência e lhe dá um carácter de abertura e de revelação. Toda a reflexão epistemológica que pretenda um esclarecimento sobre problemas relacionados com o estatuto das várias ciências, as suas metodologias, os âmbitos e limites dos vários saberes, a sua objectividade, universalidade e validade, requer uma investigação prévia sobre o próprio conhecimento: um conhecimento do conhecimento e uma defesa do seu próprio estatuto e da sua fiabilidade. Esta tarefa consiste numa crítica, que deverá assumir uma certa atitude transcendental, orientada para a reconstrução – e não descontrução – do processo cognitivo desde os seus fundamentos. Não basta, no entanto, para delimitar o campo do programa epistemológico, considerar a questão enunciada. O problema do conhecimento pode ser considerado um dos temas centrais da Filosofia. Qual a perspectiva peculiar, própria da investigação epistemológica? Centremos a atenção na noção de episteme, da qual deriva o termo Epistemologia. Tradicionalmente episteme tem sido traduzida por 'conhecimento'. No entanto, rapidamente se comprova como as discussões filosóficas em torno da episteme - reportando-nos à tradição clássica da filosofia platónica e aristotélica - se revelam peculiares e não coincidentes com a tradução do termo grego simplesmente por 'conhecimento'. Na tradição platónica, a discussão sistemática em torno de episteme no Teeteto, uma vez estabelecido que esta não é percepção nem simplesmente opinião verdadeira, põe o problema de saber o que é necessário acrescentar à opinião verdadeira para que esta constitua episteme. E esta é a questão mais comum a partir da qual partem muitas das actuais exposições básicas da Epistemologia: poderia definir-se, neste sentido como o estudo da justificação da crença ou opinião. "Quais as crenças que são justificadas ou fundamentadas e quais não o são?", "Qual a diferença entre conhecer verdadeiramente, e ter uma mera crença ou opinião verdadeira?" "Qual a relação entre crer e conhecer?", "Porque é que pensamos ou cremos que p ?" seriam perguntas centrais da epistemologia. A definição proposta - o estudo da justificação ou fundamentação da crença parece, no entanto demasiado restritiva, pois qualquer outro estado cognitivo que não o da crença verdadeira justificada, ficaria fora das suas fronteiras: a dúvida, conjectura, probabilidade, interrogação constituem estados cognitivos de indubitável interesse para a epistemologia. Não há dúvida que o problema da justificação ou fundamentação da mera crença verdadeira é fulcral na epistemologia, mas não é o único. O conhecimento é tradicionalmente, desde Platão, caracterizado como crença justificada, mas é o próprio processo cognitivo que carece, ele próprio, de uma justificação, que pressupõe a elucidação da questão originária sobre o que é conhecer. Deverá notar-se que, pela própria natureza da questão central que se propõe tratar, é imprescindível o retorno ao exame de algumas tradições que marcam a história do pensamento. De algum modo é certo que a história da epistemologia é coextensiva à história da própria filosofia. A busca de um progressivo crescimento e da compreensão do próprio conhecimento constitui um objectivo constante de qualquer filósofo, o que requer uma capacidade de distinguir as crenças verdadeiras das falsas. Isso exige a formulação de um critério para averiguar dos fundamentos que, de facto, constituem uma justificação dessas crenças. A busca da verdade assenta na busca da justificação. E esta preocupação está presente na reflexão epistemológica desde o pensamento clássico até aos nossos dias. Embora o problema da justificação da crença não constitua o tema exclusivo da antiga epistemologia, está de algum modo presente em todos os autores clássicos que examinam o problema do conhecimento. A tradição filosófica - designadamente Platão e Aristóteles – constitui um referencial presente no desenvolvimento de alguns dos tópicos. Isto não significa que se adopte uma perspectiva historicista, ou se pretenda apresentar uma história da epistemologia. Pelo contrário, adoptar-se-á um ponto de vista anti-historicista. A referência a autores e textos do passado é sempre motivada pela consciência da actualidade e mesmo perenidade de problemas e questões que desde a Antiguidade até aos nossos dias não podem deixar de comparecer no horizonte filosófico. O que se procura é pensar com esses autores encontrando sintonias e afinidades com as suas questões, procurando compreender até que ponto um pensador de tempos passados pervive ainda nas interrogações constantes da filosofia. A reflexão sobre o pensamento dos seus predecessores constitui sempre para o filósofo um poderoso meio para encontrar luminosas alternativas para os problemas dos quais se ocupa, e o seu próprio horizonte só ganhará em amplitude e profundidade com essa reflexão. A atitude a adoptar será precisamente a de abrir um amplo diálogo, no qual comparece o passado como presente, e o presente se assume como reiteração de um discurso já encetado há muito, mas sempre vivo e em acção. Se lidamos assim com as tradições, é porque o que nos interessa são "histórias que nos impulsionem a ir para além das histórias", empregando palavras de MacIntyre. Esta atitude em relação às diferentes tradições filosóficas pressupõe a rejeição de uma concepção discontínua do discurso racional, baseada sobretudo na noção de paradigma de Kuhn: reconhece-se uma certa incomensurabilidade entre diversos sistemas conceptuais, cosmovisões, pontos de vista, mas essa incomensurabilidade não significa intraducibilidade. Traducibilidade e compatibilidade não são o mesmo que comensurabilidade. Por outro lado, a adopção de um ponto de vista não significa de modo algum um ponto de vista absoluto e englobante; trata-se de abrir um caminho a seguir, de estabelecer um percurso mantendo sempre no horizonte outros pontos de vista possíveis, outras perspectivas que não se excluem necessariamente, mas que perpassam transversalmente num entrosamento inevitável. A interferência das discussões epistemológicas com alguns dos contributos do exame a partir de outras áreas com afinidades nítidas com a Epistemologia - a Fenomenologia, a Filosofia da Psicologia, a Filosofia Analítica e a Filosofia da Mente - como é o caso, por exemplo, da análise das noções de percepção, crença, juízo e proposição, verdade, certeza e evidência, etc. - será inevitável. Considera-se que essas interferências, ou melhor o tratamento destas noções numa perspectiva transversal, constituirá um enriquecimento na elucidação filosófica dessas mesmas noções. Por isso mesmo, a referência a alguns autores que não podem ser considerados propriamente como epistemólogos - como por exemplo Brentano, Frege, Husserl, Wittgenstein, entre outros - ocorrerá com alguma frequência, com o intuito de ampliar a elucidação de questões intimamente relacionadas com a problemática do conhecimento e que não se podem restringir a uma delimitação rígida do campo da Epistemologia. O estudo da percepção e do juízo, da verdade e da evidência será objecto de uma reflexão aprofundada que ultrapassa as fronteiras de uma definição e demarcação demasiado estrita da Epistemologia. Por último, uma palavra sobre a atitude céptica. Quando se trata do conhecimento é inevitável que nos rondem dúvidas, diferentes tipos de dúvidas: podemos confiar no que nos apresentam os nossos sentidos? Os dados da percepção serão fiáveis? O que nos aparece, o que se nos apresenta será verdadeiramente uma realidade independente do nosso modo de percepcionar, de conhecer? Não será tudo um sonho? Uma ilusão? E, no limite, não estaremos a ser constantemente enganados por um «génio maligno»? Perante as variadas atitudes de cepticismo, é possível adoptar diferentes posições: a) enredar-se em tentativas de argumentos contra os argumentos cépticos, uma discussão directa na qual se admite, até certo ponto, as próprias dúvidas que se tentam ultrapassar; b) contornar esses argumentos, evitando um confronto directo e colocar-se à partida numa atitude realista, de um realismo duro no qual se toma como inquestionável a aceitação de uma realidade objectiva, independente do nosso próprio ponto de vista; mesmo reconhecendo o grande abismo entre os fundamentos das nossas crenças sobre o mundo e os conteúdos dessas mesmas crenças, a falibilidade do que se nos apresenta, em contraste com a consistência ontológica do real, tenta-se o salto sobre o abismo sem o anular. Exemplos desta atitude são por exemplo as “teoria heróicas” (empregando uma expressão de Thomas Nagel) como a teoria das Formas de Platão, a defesa cartesiana da fiabilidade do conhecimento humano em geral assente numa prova a priori da existência de um Deus à prova de toda a confiança. E em tempos mais recentes, com nítidas tonalidades platónicas, as propostas de um mundo objectivo, real, constituído por entidades ontologicamente consistentes, não submetidas à precaridade do nosso conhecimento sensível, como é o caso do «terceiro mundo» de Frege, um mundo de objectualidades independente do nosso modo de as apreender; c) desconstuir a dúvida céptica apontando-lhe a sua falta de fundamento – quem duvida, sabe já alguma coisa, e tendo em conta o senso comum, fará sentido a formulação de dúvidas radicais que ponham em causa qualquer forma de conhecimento, ou de possibilidade de acesso ao mundo externo e a uma realidade objectiva? Ao céptico caberá a tarefa de fundamentar a sua dúvida, caso contrário ela será rejeitada como sem sentido nem fundamento. Neste caso, há uma rejeição do abismo entre realidade e aparência, e uma afirmação explícita de nos encontrarmos já do outro lado. Esta seria a atitude de Moore e, apesar de algumas divergências, da de Wittgenstein ("O cepticismo não é irrefutável mas obviamente falho de sentido por pretender pôr em dúvida o que não pode ser perguntado. E isto porque só pode haver dúvida onde pode haver uma pergunta, e uma pergunta só onde pode haver uma resposta, e esta só onde algo pode ser dito" (Tractatus 6.51); d) adoptar uma outra concepção do real, não como algo totalmente alheio ao nosso ponto de vista, transcendente ao próprio modo de percepcionar e conhecer, mas um real que abarca também todos os nossos processos cognoscitivos, o próprio sujeito e suas condições de acesso ao mundo. Isto significa situar-se a montante do dilema aparência-realidade, subjectividade-objectividade, mundo-talcomo-se-nos-apresenta e mundo-em-si, ou em termos mais radicais entre ser e conhecer. Um mundo em si, independente do nosso modo de conhecer, alheio às condições de cognoscibilidade seria de facto impensável, não por transcender em absoluto o que se nos apresenta, mas porque esse mundo não nos incluiria e, como tal, seria uma realidade incompleta, truncada. O que se pretende afirmar é a conaturalidade entre realidade e conhecimento, numa posição que se poderia denominar de realismo transcendental. Não se pode evitar que uma certa dose de cepticismo ronde sempre todo o empreendimento, pelo menos como uma via de reconhecimento da nossa própria situação; a dúvida, a incerteza e a falibilidade não constituirão, no entanto, impedimentos para persistir na busca de conhecimento, pois o nosso impulso para o real torna impossível que nos satisfaça uma perspectiva meramente subjectiva e minada à partida pela distância e inacessibilidade do objecto a conhecer. O primeiro tópico será o da noção clássica de episteme na filosofia grega Platão e Aristóteles -, não com o intuito historiográfico de procurar as origens remotas das questões epistemológicas fundamentais, mas porque a temática desenvolvida nos textos platónicos e aristotélicos seleccionados abre um panorama e proporciona um horizonte de problemas e questões que se prolongam no decurso do pensamento sobre o conhecimento e se encontram ainda hoje no cerne de muitas discussões epistemológicas. A questão do fundamento do conhecimento pode ser entendida de distintos modos - num sentido mais ontológico e num sentido genético. Neste caso, a leitura e a reflexão sobre os textos de Platão e Aristóteles, proporcionam uma via na qual as duas orientações na busca do fundamento estarão presentes: procurar-se-á elucidar o fundamento no sentido da razão de ser, do que em última análise significa e constitui o conhecer, e simultaneamente indagar dos princípios, das origens, dos alicerces nos quais assenta o edifício do nosso conhecimento. Estarão, portanto em causa dois problemas centrais: o do fundamento e o da justificação do conhecimento. Dois problemas que se entrecruzam e darão lugar ao exame de um dos temas actualmente mais debatidos em epistemologia, o do fundacionalismo versus coerentismo. Sendo uma questão recorrente, ela estará presente, sob a forma de várias interrogações: haverá crenças básicas, princípios primeiros, evidências genuínas, intuições imediatas? Poderá considerar-se o edifício do conhecimento solidamente assente numa base irrevisível, não sujeita a verificação nem carente de ulterior justificação? Ou não há qualquer fundamento último, e a imagem do nosso conhecimento corresponderá mais a algo que se vai construindo e desconstrindo, em constante evolução, revendo-se continuamente, reajustando-se a novas aquisições? Formulando bem a questão, notar-se-á que estas duas "imagens" não são necessariamente antagónicas, nem constituem dois modelos epistemológicos em disjunção irreconciliável, mas é possível integrar ambas numa perspectiva panorámica que abarque tanto o problema da verdade como o do sentido, o problema da correspondência ou adequação do nosso conhecimento com a realidade, como o da coerência interna das nossas crenças, opiniões e juízos. É precisamente o problema do fundamento, no sentido de origem do conhecimento, que fará a passagem ao tema seguinte, o da análise da percepção. Não se pretende apresentar exaustivamente as teorias da percepção, mas rever o problema da representação, o seu "espectro" e repercussões na temática epistemológica. No cerne de todo este tópico, estará a questão da evidência perceptiva, da fiabilidade do nosso percepcionar, da viabilidade de aceder, pelos vários processos perceptivos, ao mundo real tal como é. Correlativa da experiência do mundo, a experiência de si, a auto-consciência apresenta-se como uma forma de consciência reflexiva, não tética, imediata e evidente. A sua força e imediatez leva a pensar no cogito como um fundamento inquestionável de todo o conhecimento e experiência. Mas pode também traçar uma fronteira intransponível entre eu e mundo, e constituir assim um obstáculo para a constituição da objectividade do conhecimento. Com uma breve revisão dos problemas centrais em torno da consciência de si, procurar-se-á reconstituir a dimensão dual de toda a consciência, que remete simultanea e indissoluvelmente, quer para o mundo externo, objectivo, quer para o próprio eu e o conhecimento em primeira pessoa. Este último, tendo em conta as duas perspectivas da consciência - intencional e reflexiva, autónoma e heterónoma - não se instituirá como um óbice à possibilidade de acesso ao mundo, à objectividade. Se essa viabilidade for estabelecida, fará então sentido perguntar-nos pela objectividade do conhecimento, em geral, ou seja pela possibilidade de deter intencionalmente algo que não é constitutivamente o próprio sujeito cognoscente, algo que não lhe pertence, que o transcende, mas de que se pode apoderar de uma forma activa - construindo e reconstruindo essa mesma objectividade - embora não totalmente constitutiva. Procurar-se-á desmontar o dilema subjectividade/objectividade, em torno do qual se formulam habitualmente, na esteira de toda a herança cartesiana, os problemas epistemológicos: mostrando os impasses de uma perspectiva centrada no sujeito e suas consequências últimas - o psicologismo, o relativismo subjectivista e em última análise o cepticismo - e simultaneamente as dificuldades de um objectivismo extremo, que põe em causa qualquer explicação epistémica do processo cognitivo. A epistemologia popperiana adopta uma posição crítica perante as «filosofias da crença», centrando a sua atenção mais nos «objectos das crenças» do que no exame dos actos de crença. Voltando à definição tradicional de ciência, centrar-nos-emos sobre a crença: em que consiste? Em que se distingue crença de saber, ou conhecimento fundado? A crença requer justificação? O conjunto dinâmico e evolutivo das nossas crenças orientam-se para a verdade, ou para uma auto-correcção (selecção natural?) regulada por algum princípio, algum critério? Qual a relação da crença com a justificação e com a verdade? O tratamento exaustivo do problema da verdade excederia o âmbito estrito da Epistemologia, e exigiria um exame aprofundado das actuais teorias da verdade e uma apreciação do alcance ou limitações dessas mesmas teorias. É incontornável, no entanto, a sua abordagem em qualquer reflexão filosófica sobre o conhecimento: não há dúvida que a questão da verdade está no horizonte de toda a problemática epistemológica e ignorar ou postergar o problema, remetendo-o pura e simplesmente para outros campos da Filosofia, significaria decepar a reflexão sobre o conhecimento de uma dimensão constitutivamente presente em qualquer processo cognitivo. Toda a investigação científica tem um alvo, uma meta, pelo menos uma ideia reguladora que a orienta no sentido de alcançar a verdade. Mesmo numa concepção evolucionária ou discontinuista dos processos de constituição das ciências, ou numa perspectiva falibilista do conhecimento, está pressuposta uma certa pretensão de verdade, de sentido, um ideal de consenso ou uma referência a uma comunidade de investigação que de algum modo regula a aceitação ou rejeição das crenças, hipóteses e teorias. Apresenta-se em Apêndice uma exposição breve e esquemática das teorias da verdade, como complemento informativo para uma possível ampliação futura deste tema recorrente noutros âmbitos ou noutras áreas da Filosofia. O intuito deste texto suplementar não é senão o de abrir caminho para um exame mais a fundo deste problema, assinalando possíveis prolongamentos da reflexão filosófica sobre o conhecimento.