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Contribuição da peritoneografia no diagnóstico de ruptura diafragmática
traumática em felino
Contribution of peritoneography in the diagnosis of traumatic diaphragmatic
rupture in a feline
Letícia Rocha Inamassu I Viviam Rocco Babicsak II Débora Rodrigues dos SantosIII Vânia
Maria de Vasconcelos Machado IV
No setor de cirurgia de pequenos animais do Hospital Veterinário da
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual Paulista
(UNESP) – Campus de Botucatu, um animal felino macho, adulto, foi atendido com
histórico de um trauma automobilístico no dia anterior ao mesmo. O indivíduo, que
apresentava dispnéia, foi encaminhado ao setor de diagnóstico por imagem para a
avaliação radiográfica da região torácica.
Ao exame radiográfico simples, no posicionamento lateral e ventrodorsal,
foi observada opacificação em região ventral e lateral em hemitórax direito,
levando à retração medial dos lobos pulmonares e impossibilitando a adequada
visibilização da silhueta cardíaca. Associado a estas alterações, também foi
observada perda de definição da cúpula diafragmática.
Para a confirmação do diagnóstico de hérnia diafragmática, foi realizado um
exame radiográfico contrastado denominado peritoneografia ou celiografia. Um
meio de contraste positivo iodado iônico (diatrizoato de meglumina - Reliev®) foi
injetado no interior da cavidade peritoneal, na região abdominal média cranial. O
meio de contraste utilizado foi diluído em solução fisiológica na proporção de 1:1 e
a dose utilizada foi de 2 miligramas por quilo (mg/kg). Em seguida, foi realizado o
rolamento do paciente para a adequada dispersão do meio do contraste, além de
discreta elevação do abdômen. Nas projeções lateral e ventrodorsal, foi observado
o extravasamento do meio de contraste para o interior da cavidade torácica.
A hérnia diafragmática é caracterizada pela protrusão de vísceras
abdominais para a cavidade torácica tórax, através de uma abertura no diafragma
congênita ou adquirida. A primeira forma inclui a hérnia diafragmática peritôniopericárdica e peritônio-mediastinal, eventração diafragmática e ausência de parte
do diafragma. A forma adquirida da hérnia é geralmente decorrente de um trauma.
Nesta, o diafragma é geralmente rompido ao longo da sua inserção costal na caixa
torácica.
LA
S.
o
CC
VE
I - Graduanda do curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP –
Botucatu. Departamento de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária – UNESP – Distrito de Rubião Júnior s/ n,
Botucatu, São Paulo/ Brasil, CEP: 18618-000. E-mail: [email protected].
II - Programa de pós-graduação do Departamento de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária da Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP – Botucatu. E-mail: [email protected].
III - Programa de pós-graduação do Departamento de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária da Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP – Botucatu. E-mail: [email protected].
IV - Docente do Departamento de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia da UNESP – Botucatu. E-mail: [email protected].
rg
A maior parte das hérnias diafragmáticas adquiridas são na realidade
rupturas, visto que não possuem sacos herniários, além da protrusão visceral
ocorrer por meio de uma abertura não fisiológica.
Como resultado da ruptura diafragmática, podem ocorrer variados graus de
herniação de vísceras abdominais à cavidade pleural, sendo proporcionais a
severidade dos sinais clínicos apresentados pelos pacientes. Os indivíduos podem
apresentar dispnéia e taquipnéia, entretanto, alguns podem não demonstrar sinais
clínicos óbvios. Além disso, o abdômen pode parecer comprimido e diminuído de
tamanho. Em casos em que há herniação de alças intestinais, sons intestinais
podem ser auscultados no tórax.
Para determinação do diagnóstico de hérnia diafragmática, podem ser
realizados os exames radiográficos simples e contrastado, e a ultrassonografia. Ao
exame radiográfico simples, o diafragma é visibilizado de forma incompleta, em
uma ou ambas as projeções. Além disso, quando há ruptura traumática do
diafragma, podem ser observados efusão pleural e deslocamento cranial de
vísceras abdominais, como fígado e intestino.
A ultrassonografia pode auxiliar no diagnóstico desta por meio da
visibilização de vísceras abdominais na cavidade torácica, entretanto, em casos em
que há consolidação dos lobos pulmonares, estes podem apresentar um aspecto
ultrassonográfico semelhante à de um lobo hepático, levando a um diagnóstico
errôneo de hérnia diafragmática.
A peritoneografia positiva é uma técnica de imagem de grande importância
na identificação de ruptura diafragmática. Caracteriza-se pela administração de
contraste positivo hidrossolúvel, derivado de iodo orgânico, no interior da
cavidade peritoneal. A dose utilizada varia de 1 a 2 ml/kg, que pode ser diluído em
solução estéril na proporção de 1:1, como foi realizado no presente estudo. Em
seguida, o paciente é submetido ao rolamento de 360º para a distribuição
uniforme do meio de contraste. Adicionalmente, a região abdominal do animal
pode ser elevada para facilitar a movimentação do contraste em direção ao
diafragma. Nos casos de extravasamento do meio de contraste para o espaço
pleural se conclui a presença de ruptura diafragmática.
Após o diagnóstico, o animal foi submetido ao procedimento cirúrgico para
redução da hérnia e sutura do diafragma. O paciente demonstrou uma evolução
favorável e completa recuperação em alguns dias após o trauma.
LA
VE
CC
S.
o
rg
O presente relato de caso teve como objetivo demonstrar a importância do
exame radiográfico contrastado para a determinação do diagnóstico de hérnia
diafragmática, considerado emergencial em sua grande maioria. Este exame
promove um diagnóstico preciso de ruptura diafragmática, auxiliando a conduta
clínica e cirúrgica dos animais traumatizados.
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