Resumos do 49° Congresso Brasileiro de Genética Águas de

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Resumos do 49° Congresso Brasileiro de Genética
Águas de Lindóia, SP, 16 a 19 de Setembro de 2003
www.sbg.org.br
MICROSSATÉLITES LIGADOS AO Y ENFATIZAM A IMPORTÂNCIA DE GRUPOS LINGUÍSTICOS
PARA A DIFERENCIAÇÃO POPULACIONAL INDÍGENA
Mendes - Junior, CT1 ; Bortolini, MC2 ; Salzano, FM2; Santos, SEB3; Simões, AL1
1
Departamento de Genética, FMRP, USP, Ribeirão Preto, SP. 2 Departamento de Genética, UFRGS, Porto
3
Alegre, RS. Laboratório de Genética Humana e Médica, UFPA, Belém, PA
[email protected]
Palavras-chave: Ameríndios, estrutura genética, cromossomo Y.
Devido às elevadas taxas de mutações e à forma de herança patrilinear que impede a ocorrência de
recombinação cromossômica, os microssatélites Y-específicos tornaram-se ferramentas de uso
freqüente em estudos populacionais, principalmente naqueles grupos de divergência recente, como
aldeias e tribos indígenas sul-americanas. Com o objetivo de se estudar a estrutura genética dos
indígenas brasileiros nos níveis infra-tribal, tribal e lingüístico, foram selecionados 275 homens
pertencentes a 16 aldeias de 12 tribos das regiões Norte e Nordeste do país, assim distribuídos:
Apalaí (22), Arara [(Kurambé) (09) e (Laranjal) (13)], Asuriní [Koatinemo (16) e Trocara (27)], Cinta
Larga (24), Jamamadi (16), Kararaô (14), Mura [Guapenú (17), Murutinga (20) e São Félix (9)],
Pacaás -Novos (12), Parakanã (22), Sateré-Mawé (10), Urubu Kaapor (21) e Waiãpi (23). O DNA foi
extraído de amostras de sangue glicerolizado e os microssatélites DYS19, DYS390, DYS391,
DYS392 e DYS393 foram analisados por PCR/PAGE (coloração por AgNO3). Foram obtidos 252
haplótipos completos e 23 incompletos (ausência de amplificação em um único loci).
Desconsiderando-se os incompletos, foram observados 44 haplótipos distintos. O mais freqüente (33
cópias) só ocorreu nas populações Arara do Laranjal e Parakanã, enquanto que o mais difundido (26
cópias) foi encontrado em seis aldeias de tribos distintas. Os oito haplótipos mais freqüentes totalizam
72,6% dos haplótipos completos e os demais apresentaram -se com menos de dez cópias. Excluindose os Sateré -Mawé, devido ao pequeno número de haplótipos completos (3), os maiores níveis de
diversidade genética ocorreram nas três aldeias Mura, variando de 0,900 em Murutinga a 0,972 em
São Félix, seguido dos Apalaí (0,814). A análise de marcadores clássicos nos Mura (Salzano et al.
Hum Biol 62:619, 1990) revelou elevada mistura com não indígenas (18%) o que poderia explicar a
sua alta diversidade. No caso dos Apalaí, a análise superficial de seus haplótipos não indica mistura
inter-étnica significativa. As 11 aldeias restantes tiveram níveis de diversidade entre zero (Arara do
Laranjal) e 0,642 (Koatinemo). O estudo da variância (AMOVA) indica que 42,8% da mesma se
encontra dentro das aldeias (1-? ST , onde ? ST =0,572), 27,7% entre aldeias da mesma tribo (?SC =0,393)
e 29,5% entre tribos (? C T=0,295). As variâncias dentro e entre aldeias são significativamente baixa e
alta, respectivamente. O último valor é certamente inflado pela total diferença entre as duas aldeias
Arara. Por outro lado, a variância entre grupos (tribos) não é estatisticamente significante (p>0,05).
Quando as aldeias são agrupadas de acordo com suas sub-famílias lingüísticas, a variância entre
grupos torna-se significante (?C T=0,348). Embora estes resultados apontem para uma menor
diferença entre haplótipos de tribos distintas de um mesmo grupo lingüístico do que entre haplótipos
de tribos de diferentes grupos lingüísticos, para conclusões mais robustas é necessário avaliar-se o
impacto dos níveis de mistura étnica das diferentes tribos sobre estas estimativas.
Apoio financeiro: CAPES, FAPESP e CNPq
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