FACULDADE IBMEC SÃO PAULO Programa de Mestrado Profissional em Economia Danilo Perretti Trofimoff EXPOSIÇÃO CAMBIAL ASSIMÉTRICA: EVIDÊNCIA SOBRE O BRASIL São Paulo 2008 1 Danilo Perretti Trofimoff Exposição Cambial Assimétrica: Evidência sobre o Brasil Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Economia da Faculdade Ibmec São Paulo, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Economia. Área de concentração: Finanças e Macroeconomia Aplicadas Orientador: Prof. Dr. Jose Luiz Rossi Junior – Ibmec São Paulo São Paulo 2008 2 Trofimoff, Danilo Perretti Exposição Cambial Assimétrica: Evidência sobre o Brasil / Danilo Perretti Trofimoff; orientador José Luiz Rossi Junior – São Paulo: Ibmec São Paulo, 2008. 46f. Dissertação (Mestrado – Programa de Mestrado Profissional em Economia. Área de concentração: Finanças e Macroeconomia Aplicadas) – Faculdade Ibmec São Paulo. 1. Exposição cambial 2. Assimetria 3 FOLHA DE APROVAÇÃO Danilo Perretti Trofimoff Exposição Cambial Assimétrica: Evidência Sobre o Brasil Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Economia do Ibmec São Paulo, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Economia. Área de concentração: Finanças e Macroeconomia Aplicadas Aprovado em: Julho de 2008 Banca Examinadora Prof. Dr. Jose Luiz Rossi Junior Orientador Instituição: Ibmec São Paulo Assinatura: _________________________ Prof. Dr. Marcelo Moura Instituição: Ibmec São Paulo Assinatura: _________________________ Prof. Dr. Ricardo Rochman Instituição: EAESP FGV-SP Assinatura: _________________________ 4 DEDICATÓRIA Dedico este estudo a minha futura esposa que me apoiou em todos os momentos durante o período das aulas e elaboração deste tema, principalmente nos momentos em que estive ausente para que pudesse me desenvolver. A meus pais sempre me apoiaram e me incentivaram não somente neste momento, mas em toda minha vida tanto pessoal quanto profissional. 5 AGRADECIMENTOS Agradeço à paciência da minha futura esposa que me apoiou em todos os momentos. Não posso deixar de agradecer ao meu primo Leandro Perretti Mingrone que forneceu sua casa para que eu pudesse me concentrar para desenvolver e escrever esta dissertação. Ao Marcio Poletti Laurini pelo auxilio na elaboração da programação nos modelos utilizados aqui e ao meu orientador, Jose Luiz Rossi Junior que me apoiou e auxiliou nas discussões e aprimoramento do tema. Aos meus pais que em todos os momentos me apoiaram. 6 RESUMO TROFIMOFF, Danilo Perretti. Exposição Cambial Assimétrica: Evidência para o Brasil. 2008. 42 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade Ibmec São Paulo, São Paulo, 2008. O escopo deste estudo é analisar o comportamento das empresas brasileiras frente a variações cambiais, incorporando a presença de assimetria através de um modelo não linear. Observou-se que diversas empresas brasileiras possuem exposição cambial e assimetria. A quantificação destes efeitos, porém, diverge entre a utilização de modelos lineares e não lineares. De um total de 153 empresas, durante o período de 1999 a 2007, obtém-se que, na análise linear, a exposição cambial afeta 50% da amostra. Com a elaboração de um modelo não linear, entretanto, tem-se que 30% da amostra é afetada significativamente por uma exposição cambial e presença de assimetria. Além disso, neste caso, 47% possui ou a presença de exposição ou assimetria. Desta forma, a análise da não linearidade na exposição do risco de câmbio aumenta consideravelmente a precisão e o significado de estimativas da exposição cambial. Palavras-chave: Exposição Cambial; Assimetria; Taxa de câmbio 7 ABSTRACT TROFIMOFF, Danilo Perretti. Asymmetric Exchange Risk Exposure: Evidence from Brazil 2008. 42 f.. Dissertation (Mastership) – Faculdade de Economia e Administração. Imbed Sao Paulo, São Paulo, 2008. The aim of this project is to analyze Brazilian’s companies’ behavior under currency movements by adding asymmetry through a non-linear model. It has been shown that several Brazilian companies possess exchange risk and asymmetry. There is a divergence between results when data are analyzed using a non-linear model instead for a linear model. Results show that 50% of a sample of 153 companies, analyzed between 1999 and 2007, are affected by exchange exposure when the linear model is used. When a non-linear model is used, 30% of the sample present an asymmetry and exchange exposure. In addition, 47% have either asymmetry or exposure. Therefore, by introducing non-linearity in currency risk exposure, the accuracy and the significance of exposure estimates are noticeably improved. Keywords: Exchange risk; Asymmetry; Exchange Rate 8 SUMÁRIO 1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12 2 Revisão da Literatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 3 Assimetria do Risco Cambial. . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . .15 3.1 Assimetria devido à existência de Hedge. . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 3.2 Assimetria devido a precificação incorreta dos ativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 3.3 Assimetria devido a investimentos de alto risco. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17 3.4 Assimetria devido à interferência governamental. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18 4 Metodologia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19 5 Dados Utilizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24 6 Resultados. . . . .. . . . . . .. . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 6.1 Modelo Linear. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 6.1.1 Modelo Relativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 6.1.2 Modelo Absoluto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 6.2 Modelo Não Linear. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 6.2.1 Modelo GARCH. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 6.2.2 Modelo Assimétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 7 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 Apêndice. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 9 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Número de Observações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25 Tabela 2 – Setor Econômico das empresas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26 Tabela 3 – Correlação das observações explicativas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27 Tabela 4 – Sumário estatístico das variáveis de análise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28 Tabela 5 – Modelo Linear Relativo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29 Tabela 6 – Modelo Linear Absoluto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31 Tabela 7 – Modelo GARCH. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34 Tabela 8 – Sinal da exposição cambial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .36 Tabela 9 – Relação de empresas expostas e assimétricas. . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . .37 Tabela 10 – Modelo Assimétrico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .38 Tabela 11 – Sinal de impacto cambial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39 Tabela 12 – Sinal conjunto de impacto cambial do modelo assimétrico. . . . . . . . . . . . .40 Tabela 13 – Relação de empresas expostas e assimétricas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41 Tabela 14 – Séries estatisticamente significantes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42 Tabela 15 – Efeito do Impacto Cambial sobre o retorno dos ativos. . . . . . . . . . . . . . . .42 10 LISTA DE FIGURAS Figura1 – Evolução da taxa de câmbio e taxa de juros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 Figura 2 – Evolução da variação da taxa de cambio e índice Bovespa . . . . . . . . . . . . . 27 11 1. Introdução Um dos maiores interesses e discussões da literatura de finanças internacionais é verificar qual é a real exposição cambial existente para empresas ou setores da economia. Estas discussões se fortificaram durante a década de 1990 quando ocorreram seqüências de crises financeiras no mundo, como a crise da Rússia e a crise Asiática. Estas crises fizerem com que as políticas cambias existentes fossem sendo alteradas, gerando assim diversos debates sobre a vulnerabilidade econômica de países emergentes e sobre como as empresas destes países se comportariam e reagiriam a uma determinada crise. Esta questão não ficou inicialmente focada em análises de países emergentes, mas sim em estudos para países norte americano e europeu. Desta forma, grande número de estudos analisou o ponto sobre o impacto da taxa de câmbio sobre as empresas e os riscos cambiais existentes (Pantzalis, Simkins e Lauz, 2001; Rossi, 2008; Miller e Reuer, 1998 através de uma análise linear; e Koutmos e Martin, 2005; Muller e Verschoor, 2006 através do uso de modelos não lineares). Estas crises financeiras mostraram que nos chamados países emergentes a vulnerabilidade sobre o fluxo internacional de capitais é maior, ou seja, em períodos de relativa tranqüilidade e otimismo há um grande fluxo de entrada de capitais estrangeiros, mas em períodos de incertezas ou crises, há uma rápida fuga de capitais. “Mesmo havendo um consenso sobre a necessidade (...) de adoção de medidas para reduzir esta possível vulnerabilidade” (Rossi 2008) não há um consenso sobre qual a forma de política cambial ótima. Com a existência de assimetria no mercado e a sensibilidade do mercado brasileiro às políticas internas e/ou externas e crises econômicas internas e/ou externas, é possível analisar quais os impactos existentes pelas variações cambiais através de um modelo não linear assimétrico. Esta assimetria pode ser caracterizada como a existência de fatores antes não mensurados em análise de exposição cambial, por isso modelos lineares de exposição simétrica não são capazes de detectar o impacto de movimentos da moeda sobre o valor das empresas. O presente trabalho visa encontrar o impacto da exposição cambial sobre os retornos das empresas de capital aberto no Brasil, não apenas estabelecendo uma relação linear como apresentado na maioria dos estudos, mas também analisar uma possível existência de uma relação não linear devido à presença de assimetria, as quais podem ser caracterizadas pela 12 presença de hedge das empresas, intervenções governamentais, precificações indevidas, entre outras. A realização deste trabalho é baseada na idéia de Muller e Verschoor (2006) que argumentam que a realização de um modelo não linear não foi muito explorada e não obteve muita atenção, mas que devido a alguns fatores este modelo se torna relevante para se concluir os reais efeitos existentes nos impactos cambiais sobre o preço dos ativos. O escopo deste trabalho é verificar o comportamento da exposição cambial sobre o efeito dos retornos dos ativos das empresas brasileiras durante o período de câmbio flexível para 153 empresas com negociação na Bolsa de Valores de São Paulo, pertencentes ao índice Bovespa durante o período de 1999 a 2007 para dados mensais. Inicialmente, o modelo linear seguirá por duas metodologias apresentadas através do uso de um modelo baseline e um baseline ajustado, onde foi encontrado que no modelo baseline no caso de uma valorização de 1% cambial o retorno dos ativos na média elavam-se em 0,023%. Já no modelo baseline ajustado esta valorização gera uma queda de 0,58% no retorno dos ativos. Depois será apresentado o uso do modelo GARCH, este último devido à existência de em séries financeiras existirem grandes valores em um determinado instante do tempo seguidos por valores elevados em períodos subseqüentes, não necessariamente na mesma direção, mas um ponto fundamental para a utilização desta metodologia deve-se ao fato da possibilidade de haver uma persistência da volatilidade das séries dos retornos, mostrando que uma valorização cambial de 1% gera um incremento no retorno dos ativos de 0,05%. Já o modelo referente à assimetria, segue uma metodologia apresentada por Muller e Verschoor (2006), o qual analisa dois efeitos, sendo o primeiro referente à visão de efeito linear, muito similar ao modelo baseline ajustado, e o segundo verificando a possibilidade da existência de assimetria, mostrando que para os dados analisados a presença de assimetria é significante e que em caso de uma valorização de 1% do câmbio há o efeito da exposição cambial em 0,009% e a assimetria colabora com um efeito negativo aproximado de 0,008%. A presença de assimetria apresenta relevância quando analisado o efeito da exposição cambial, mostrando assim que estes fatores não mensuráveis afetam a análise e o efeito do impacto referente à exposição. O trabalho foi ordenado da seguinte maneira: na seção 2, descreve-se o motivo do modelo ser assimétrico. Na seção 3, são apresentados os dados utilizados; a metodologia é descrita na seção 4; os resultados são relatados na seção 5; e a seção 6 apresenta as conclusões. 13 2. Revisão da Literatura Durante os anos de 1990, a taxa de câmbio tornou-se foco de análise de muitos estudos, isso devido ao fato de muitos países, principalmente em países chamados emergentes, terem seus respectivos regimes cambiais alterados ao longo dos anos. Mudanças estas ocorridas conforme a necessidade econômica de cada país em determinado cenário da economia mundial. Jorion (1990) apresenta uma análise de exposição cambial partindo de uma análise de um modelo APT, mostrando que o retorno do ativo é impactado tanto pelo retorno de mercado quanto pela variação da taxa de câmbio, esta ultima sendo o parâmetro de interesse, mostrando em seu estudo que a exposição cambial para setores americanos diferencia entre elas, sugerindo que a exposição cambial é pequena ou quase nula, apresentando um resultado de que apenas 15 empresas possuem significância de uma amostra de 287 empresas americanas analisadas durante o período de 1971 e 1987. Resultado este similar ao apresentado por Bartov e Bodnar (1994) e Amihud (1994), em estudos realizados com períodos distintos, mas com conclusões semelhantes. Os estudos realizados para empresas de outros países, utilizando esta mesma metodologia, como Bodnar e Gentry (1993) para o Japão, Estados Unidos e Canadá, apresentam poucas empresas significantes durante o período de 1979 a 1988, resultado similar foi obtido no estudo realizado para empresas alemãs elaborado por Brunner e Himmel (2000) para o período de 1974 a 1997. Bodnar e Wong (2003) observaram insignificância para os dados americanos para o período de 1979 a 1988, e apresentam uma crítica ao modelo de Jorion (1990). Eles sugerem uma estimação da exposição cambial através de pesos iguais para retornos portfólios para controlar as condições de mercado, no qual o coeficiente das variações cambiais pode ser interpretado como uma exposição do total da empresa, mas deve ser interpretada de forma diferente entre a elasticidade da exposição e a exposição ao mercado ajustado pelo beta de mercado. Isso se deve ao fato de caso um portfólio esteja exposto, a distribuição de exposição da empresa se elevará. O efeito do sinal da exposição cambial não significa efetivamente uma relação de exposição e sim uma relação com o retorno de mercado, sendo na verdade uma exposição relação com o mercado, aprimorando o modelo inicial através de uma construção de portfólios com pesos iguais. 14 Outra forma de análise é através da elaboração de portfolios nos quais são dados pesos às empresas conforme a magnitude dentro de seus países, como elaborado por Koutmod e Martin (2006) em que para dados de empresas americanas é encontrado uma exposição cambial ocorre uma interferência nos retornos dos ativos em torno de 1 a 2 dias. Estudos teóricos documentados por Baldwin e Krugman (1989), Ohno (1989) Knetter (1994), Kanas (1997), Pollard e Coughlin (2003), focados em temas como flutuação cambial, formação de preços e finanças corporativas, mostram que a assimetria cambial era um fator relevante para a análise, como (i) existência de hedge, (ii) precificações incorretas, (iii) investimentos de altos riscos, (iv) interferência governamental, mostrando razões importantes para uma análise de não linearidade sobre como a questão da exposição cambial interfere na análise, porém estes estudos não receberam muita atenção sobre o ponto referente à exposição cambial. Desta forma, alguns estudos, como os de Miller e Reuer (1998), como Bartram (2004), Tai (2005) e Koutmos e Martin (2003a), analisaram a possibilidade da utilização de não linearidade para modelos com foco na análise da exposição cambial e na existência de assimetrias durante períodos de valorização e desvalorização, mostrando que este efeito ocorre principalmente em empresas financeiras e em setores não cíclicos. Muller e Verschoor (2006) verificam a existência da exposição cambial para empresas e setores dos Estados Unidos para o período de 1990 a 2001, mostrando que 29% das empresas de um total de 935 apresentam exposição cambial significante, além do fato de estas empresas reagirem à assimetria ocorrida nas movimentações das taxas de câmbio utilizadas, mostrando que 37% da amostra utilizada possuem exposição cambial linear e presença de assimetria. 3. Assimetria do risco cambial Muitos estudos que se preocuparam em analisar os impactos da exposição cambial sobre o preço dos ativos utilizaram uma metodologia linear, na qual se analisa o efeito da variação do retorno de empresas ou setores econômicos com relação ao índice de retorno do mercado da taxa de câmbio, no qual o parâmetro desta taxa de câmbio. Muller e Verschoor (2006) mostram que a exposição cambial segue um impacto não linear sobre o retorno dos ativos. Esta não linearidade se deve a determinados fatores existentes na economia mundial, isso porque as sensibilidades das variações dos retornos ativos em relação às mudanças cambiais dependem do comportamento dos sinais das 15 variações cambiais e das magnitudes existentes nestas oscilações, além de fatores de impacto sobre os fluxos de caixa futuros das empresas. A seguir são apresentadas algumas das razões pelas quais as análises referente ao impacto cambial sobre o retorno dos ativos não pode seguir um modelo linear. 3.1 Assimetria devido à existência de Hedge Segundo Muller e Verschoor (2006), um dos maiores argumentos para a existência da hipótese de assimetria é a existência de atividade de hedge realizada pelas empresas com relação à exposição cambial, podendo ser uma proteção financeira ou operacional. A existência deste tipo de operação gera uma redução das incertezas futuras sobre o impacto cambial sobre os resultados das empresas, reduzindo assim a insegurança dos investidores e da própria empresa. Este efeito pode ser percebido em empresas exportadoras que realizam hedges a fim de reduzir as incertezas sobre seus fluxos de caixa futuros e impactos futuros que podem ser gerados, mesmo podendo ser positivo ou negativo, mas mantendo um resultado esperado dentro do range, sem grandes variações, tanto na questão de custos quanto nos lucros. A questão referente à existência de hedge difere de opinião entre alguns estudos, como Jorion (1991) apresenta a teoria moderna de portfolio diz que os investidores não estão dispostos a pagar um prêmio extra às firmas que realizam hedge em suas operações se os riscos cambiais podem ser dispersos de outras maneiras, porém o estudo de Ross (1976) sugere que uma pequena parte dos investidores está disposta a pagar um prêmio para as firmas que evitam riscos cambiais, uma vez que este tipo de proteção cambial gera reduções sobre o custo de capital das firmas, já Pantazalis, Simkins e Laux (2001), utilizam dados dos Estados Unidos e mostram que firmas das quais utilizam operações de hedge para redução de risco cambial possuem exposições cambias inferiores e conseqüentemente estas apresentam pouco impacto da variação cambial sobre o preço da firma, sendo um fator importante para determinar seu respectivo valor. Não há um consenso sobre a veracidade da interferência do hedge sobre o preço dos ativos, logo há uma possibilidade de existência de assimetria com relação a tais itens. 16 3.2 Assimetrias devido a Precificação incorreta dos ativos Outro argumento é a má precificação de ativos pelos analistas financeiros caracterizada por um erro entre movimentos cambiais e o real valor das empresas. Erros estes causados pela assimetria de impacto de valorização ou de desvalorização cambial sobre o fluxo de caixa das empresas, desconhecimento da real magnitude sobre as crises cambiais, por não se saber se estes movimentos cambiais possuem efeitos temporários ou permanentes, além do fato de não se saber quantificar ao certo quanto do fluxo de caixa das empresas está sobre hedge. Enfim, tudo isso determinando que a assimetria de informação existente o mercado possa gerar erros de estimativas. Muller e Verschoor (2006) argumentam que este erro de precificação está relacionado principalmente ao fato dos analistas financeiros ignorarem pequenas oscilações cambiais por considerarem-nas “passeios aleatórios” do câmbio, desconsiderando desta forma, pequenos impactos sobre o valor das empresas. Isso se deve ao fato dos investidores serem mais avessos ao risco em períodos em que existam grandes variações cambiais, reagindo principalmente em momentos de crises, através de noticias internas e/ou externas negativas, com isso amplificando os efeitos negativos existentes em momentos de atenção. Em casos de favorecimento cambial, os investidores e/ou analistas financeiros tornam-se mais otimistas, aumentando assim seus investimentos nas firmas, podendo, em contrapartida, aumentar a volatilidade do mercado no futuro. 3.3 Assimetrias devido a investimentos de alto risco O valor das firmas pode ser afetado devido a esta incerteza de mercado em um contexto de exposição cambial, isso ocorre quando firmas exportadoras são atraídas a investirem em novos mercados devido à depreciação das moedas locais, gerando ganhos competitivos, em mercados com alto custo de investimento. Este conceito aqui descrito refere-se à entrada em novos mercados onde há altos custos de investimento para se iniciar uma nova comercialização, não necessariamente um novo segmento de mercado, e sim uma posição estratégica para a empresa, nos quais estes investimentos são altos e de difícil reversão, em que com uma taxa de câmbio elevada seriam inviáveis estes investimentos. 17 Como conseqüência, mesmo com a entrada em um novo segmento de mercado, o impacto sobre o valor da firma pode ser pequeno devido ao alto sunk-cost existente nos investimentos realizados, porém deve-se ressaltar que o impacto no valor da firma deve variar conforme as oscilações existentes na taxa de câmbio em cada país, conforme dito por Baldwin e Krugman (1989). Devido a este risco de investimento, mesmo com uma grande oportunidade existente, alguns investidores, por serem mais avessos ao risco que as firmas, podem não estar dispostos em incorrer neste tipo de risco existente, pois caso haja depreciação da moeda doméstica, este investimento inicialmente positivo pode tornar-se negativo, e como este é caracterizado por um alto valor inicial, há um probabilidade de perdas futuras, dependendo da magnitude da variação cambial, além da possibilidade do produto a ser comercializado se tornar não competitivo com a concorrência internacional. Mesmo com a utilização de hedges existentes no mercado, o custo pode ser demasiadamente elevado, impactando assim nos fluxos de caixa futuro da empresa, principalmente conforme dito anteriormente, poucos investidores pagam um prêmio por firmas que possuem hedge cambais. 3.4 Assimetrias devido à interferência governamental Uma razão para a existência de assimetria é a possibilidade de interferências governamentais, em grande parte ocorrida através dos respectivos Bancos Centrais, sobre a variação da taxa de câmbio. Estas interferências podem ocorrer em momentos em que a taxa de câmbio estiver muito apreciada ou depreciada, impactando nos resultados de conta corrente do país ou em determinados momentos criando oportunidades para especulações sobre a credibilidade da economia do país. A interferência governamental consta em forma indireta de auxílio às empresas exportadoras ou importadoras. As medidas adotadas dependem da variação cambial: altas apreciações favorecem as importações e altas depreciações favorecem as exportações. Este movimento ocorre em períodos de crise eminente e riscos financeiros ao país. O governo age sobre as movimentações cambiais somente em situações em que a taxa de câmbio ultrapassa um determinado ponto crítico, ponto este classificado e pré-definido pelo próprio governo do país. 18 Quando ocorridas, normalmente estão focados em momentos em que há uma depreciação cambial e como isso acaba impactando de certa forma no pagamento das dívidas externas, o governo pode interferir para controlar o câmbio com a intenção de reduzir os riscos de não pagamento das dívidas. No caso de uma depreciação, a interferência do governo ocorre para reduzir este efeito com a compra da moeda estrangeira aproveitando a oportunidade para aumentar as reservas internacionais. Estas ações governamentais estão concentradas principalmente nos chamados países emergentes, uma vez que estes possuem dívidas externas e históricas de crises cambiais, crises estas não necessariamente ocorridas nos próprios países, como no caso dos anos noventa quando houve a crise da Rússia e a crise Asiática que impactaram a economia destes países emergentes. 4. Metodologia Adler e Dumas (1984) mostram que uma aproximação para a análise de exposição cambial pode ser estimada pela regressão do retorno dos ativos pelo retorno de mercado e da variação da taxa de câmbio, no qual o parâmetro encontrado da taxa de câmbio corresponde à exposição existente, metodologia esta chamada de Efeito Relativo, conforme equação (1). ri ,t = α + β1 * rm ,t + γ * ∆et + ε i ,t (1) Onde ri ,t refere-s ao retorno dos ativos da empresa i no período t, rm ,t representa o retorno do mercado no período t, β1 corresponde à sensibilidade de retorno das variações ocorridas ao longo do período de análise e γ representa a exposição cambial da empresa i independentemente do efeito do cambo sobre o mercado e a sensibilidade de retorno não esperados das variações cambiais, e ε i ,t representa o erro do modelo apresentado acima. Este modelo é estimado através de uma regressão linear via Ordinare Least Square (OLS). Assim como na utilização do CAPM, espera-se que o sinal do parâmetro α seja igual a zero e que o parâmetro β1 esteja entre -1 e 1, já o sinal esperado do parâmetro γ deve variar conforme a estrutura da empresa analisada, isso porque uma depreciação cambial para uma empresa exportadora deve gerar um resultado positivo de gama, pois melhorariam seus fluxos de caixa futuro, diferente de uma empresa importadora, onde uma depreciação deteria 19 efeito contrário, sendo uma forma simplória de analisar, pois se devem considerar outros efeitos internos da empresa, como a dívida existente em moeda local ou externa. Este modelo, apresentado pela equação (1) tem como hipótese a existência de uma variância constante, a qual é rejeita quando se utiliza séries temporais financeiras1, gerando a presença de heterocedasticidade, o que invalida o teste do modelo de efeito relativo. Estes problemas estatísticos apresentados devem-se ao fato do efeito da exposição cambial não ser efetivamente uma exposição, mas na verdade uma relação entre a taxa de câmbio e o retorno de mercado, sendo considerado desta forma um pareamento entre o câmbio e o mercado, devido à interação existente entre estas variáveis2, assim o sinal a ser encontrado com este modelo apresentará qual é a relação entre estas duas variáveis, não obtendo efetivamente o resultado de exposição cambial. As correções destes problemas estatísticos podem ser realizadas através de um ajuste na equação (1), onde será realizada primeiramente uma regressão linear entre o retorno do mercado e a taxa de câmbio, conforme a equação (2), realizando assim a ortogonalização entre a taxa de cambio e o retorno de mercado. O resíduo gerado pela equação (2), chamado de Ft representa o excesso de retorno de mercado que ortogonaliza o efeito entre a taxa de câmbio e o retorno de mercado, podendo assim verificar o quanto à variação do câmbio afeta exclusivamente o retorno dos ativos. Ft = ε 3 = rm,t − α − β * ei ,t (2) Com isso, o modelo a ser estimado, também via Ordinare Least Square, é dada pela equação (3), no qual o retorno de mercado é substituído pela série Ft . ri ,t = α + β * Ft + γ * ∆et + ε i ,t (3) Este modelo ajustado é chamado de Efeito Absoluto, pois mostra o efeito direto do câmbio sobre o retorno dos ativos, uma vez que a variável Ft não é afetado pelo efeito do câmbio sobre o retorno do mercado, possibilitado assim verificar o real efeito do câmbio sobre o retorno dos ativos. 1 2 Afirmação apresentada por Muller e Verschoor (2006) Afirmação apresentada por Glaum, Brunner e Himmel (2000) 20 Os sinais esperados do parâmetro do câmbio podem ser alterados, pois agora é possível com este modelo verificar o quanto o câmbio afeta exclusivamente o ativo sem que haja interferência no retorno de mercado simultaneamente. Este método é utilizado como uma saída às críticas realizadas por Bodnar e Wong (2003), os quais mostram que existe um ponto inconveniente no modelo apresentado inicialmente pela equação (1). Eles explicam que o sinal apresentado referente à exposição não significa efetivamente uma exposição, mas sim uma relação com o retorno de mercado. Este argumento elaborado pelos autores foi devido ao fato de grandes empresas possuírem grande peso na variação do retorno de mercado e estas podem estar influenciando o resultado de estimação para outras empresas. Segundo Rossi (2008), no caso brasileiro, se as grandes empresas possuem grandes níveis de dívida em moeda estrangeira e de acordo com seu respectivo peso sobre o retorno de mercado, este efeito estará viesando o resultado de exposição à taxa de câmbio para as demais empresas de tamanho menor, desta forma a realização da ortogonalização retira este problema de viés. Em comparação ao modelo descrito equação (3), será realizado um modelo no qual se adiciona um GARCH (1,1) 3, pois os erros obtidos equação (1) possuem heterocedasticidade, o que invalida a utilização de uma modelo linear de Ordinare Least Square (OLS), além do fato do modelo de efeito relativo e do modelo absoluto terem como hipótese uma variância constante, desta forma, a utilização do modelo GARCH incorpora a variância condicional no sistema, sendo assim uma crítica ao modelo descrito anteriormente. Esta nova metodologia utilizou as seguintes equações: ri ,t = α + β * rm ,t + γ * ∆et + ε i ,t ε i ,t = µ i ,t * (hi ,t )2 1 (4) hi ,t = δ + τε i2,t −1 + vi hi ,t −1 Onde hi ,t representa a variação residual, δ i , τ i e ν i são parâmetros desconhecidos e µ i,t representa o termo de erro. 3 A escolha da utilização da especificação de um GARCH (1,1) é suportada por diversos estudos empíricos que demonstram que esta é a melhor forma para a utilização com dados financeiros de séries temporais 21 Conforme apresentado na seção 3, existem algumas razões para que o modelo de análise de exposição cambial responda à assimetria devido a fatores não mensuráveis, assim será utilizada a metodologia apresentado por Muller e Verschoor (2006). Para isso, este modelo adaptado, chamado de firm specific currency risk factor (risco cambial especifico de uma firma) consiste na taxa da variação cambial sobre as variações dos retornos dos respectivos ativos, e a metodologia utilizada para a realização deste modelo adaptado é conhecida como STAR (Smooth Transition AR), a qual será detalhada a seguir através das seguintes equações (5) e (6). Este modelo STAR assume a existência de dois regimes dado pela especificação da variável dependente, neste caso o retorno do ativo, através de uma variação gradual entre os diferentes regimes existentes, os quais são representados por valorização ou desvalorização cambial. O modelo base desta metodologia assume a presença de uma função logística e a necessidade de um ponto inicial já conhecido o qual representa a suavização entre os regimes o qual é suavizado através de um parâmetro desconhecido. ri ,t = α + β i * rm ,t + Γi Θ t + ε i ,t ε i ,t = µ i ,t (hi ,t ) 1 2 (5) hi ,t = δ i + τε i2,t −1 + υ i hi ,t −1 Γi Θ t = γ * θ t O parâmetro θ t representa as flutuações cambiais utilizadas no estudo, já γ mensura a exposição cambial da firma sobre o câmbio. Para que o modelo incorpore a assimetria existente, descrito na seção 3, primeiramente será realizado um teste da hipótese para a que a assimetria seja verificada com a incorporação de uma dummy, denominada S t , conforme apresentado abaixo: ri ,t = α + β i * rm ,t + (Γi + Γi' * S i )* Θ t + ε i ,t ε i ,t = µ i ,t (hi ,t ) 1 2 (6) hi ,t = δ i + τε i2,t −1 + υ i hi ,t −1 22 Onde S t será igual a 0 quando a variação da taxa de câmbio movimenta-se negativamente e será 1 quando o movimento for positivo. Já o parâmetro Γi' mensura a resposta da assimetria sobre a variação do retorno do ativo da firma i a mudanças da variação cambial. Para elaboração desta metodologia, é necessário encontrar um ponto inicial entre os regimes existentes, o qual será suavizado ao longo do período de análise, e como esta assimetria pode variar entre oscilações cambiais, podendo ser relativamente grandes ou pequenas. Para isso Muller e Verschoor (2006), propõem que o modelo descrito na equação (6) seja adaptado para o modelo conforme a equação (7). Esta adaptação é utilizada para verificar se o fato de uma exposição cambial segue mudanças bruscas ou se as movimentações cambiais quando suavizadas geram uma melhor forma de análise do impacto da assimetria cambial. ri ,t = α + β i * rm ,t + (Γi + Γi' * M i (u t ; k i , λi ))* Θ t + ε i ,t ε i ,t = µ i ,t (hi ,t ) 1 (7) 2 hi ,t = δ i + τε i2,t −1 + υ i hi ,t −1 Onde esta função de transação assumirá valores entre 0 e 1, dependendo principalmente da magnitude dos movimentos cambiais entre valorizações e desvalorizações, desta forma suavizando as movimentações cambiais ao longo do tempo, não havendo mudanças bruscas entre os regimes existentes. ( ( ) ) M i (ut ; k i , λi ) = 1 + exp(− )µ t − k i u t λi −1 (8) Onde u t representa a média das variações cambiais, k i representa a transição entre os regimes de oscilações cambiais e λi indica a velocidade de transição entre as variações cambiais. Este modelo no qual apresenta a existência de assimetria pode ser dividido em dois regimes, sendo a primeira correspondente ao efeito linear, no qual é possível verificar se há a presença de exposição cambial e sua respectiva magnitude e um segundo regime que verifica se há a presença de assimetria conforme as oscilações cambiais. (Apêndice A) 23 A estimação do modelo assimétrico é realização através da máxima verossimilhança, já o parâmetro de início entre os regimes foi estimado através da análise do critério de menor valor de SSR (Sum of Square Residual) 4. 5. Dados Utilizados A economia brasileira pode ser tratada como um exemplo da análise do impacto cambial sobre os retornos dos ativos. Desta forma, este trabalho possui como fonte de dados principal o sistema Economática de análise, de onde foi extraída grande parte das informações. Este sistema fornece dados sobre o mercado acionário e dados contábeis para todas as empresas com capital aberto no Brasil e de dados de diversos ativos da América Latina. São utilizados ao todo 153 ações de empresas listadas no Bovespa, do inicio de março de 1999 a dezembro de 2007, de um total de ações extraídas de 227, com negociação existente dentro deste período de análise. Para as empresas que possuem ações do tipo PN e ON durante o período de analise no mercado acionário, foi selecionado o ativo de maior liquidez entre elas, desta forma mantendo na amostra apenas um ativo por empresa, para que desta forma não se obtenha uma conclusão indevida sobre a quantidade de empresas afetadas. Os dados foram extraídos com os preços de fechamento diário, para os dias em que não houve negociação foi utilizado o valor da ultima negociação ocorrida na bolsa de valores. Uma vez selecionados os ativos e completados os dados dos preços foi calculado o percentual de dias em que não houve negociação dentro do período de análise, assim as empresas com mais de 80% dos dias sem negociação foram excluídas da análise. Com a série diária preparada, foi realizado a “mensalização” dos dados diários, utilizando-se como preço mensal o último preço de negociação do mês. A utilização de dados mensais foi definida através de uma hipótese na qual o mercado demora em alguns momentos para entender e perceber os efeitos do câmbio sobre os preços de diversos ativos, assim no curto prazo é mais difícil verificar a sensibilidade da exposição cambial. Para os dados referentes à taxa de câmbio foram usados os preços de fechamento de venda diário de Reais por Dólar. Da mesma forma que realizado com o preço das ações, o preço de fechamento do câmbio do mês corresponde ao valor a ser estudado. 4 Muller e Verschoor (2006) utilizam como critério de informação o Akaike (AIC) para definição do ponto inicial entre os regimes. 24 Para o estudo complementar, para os dados da taxa de juros foi utilizado o taxa percentual da poupança do mês de análise, a fim de refletir um ativo de baixo risco financeiro para o caso brasileiro. Abaixo segue o gráfico da evolução da taxa de câmbio e da taxa de juros utilizada no estudo: Figura1 – Evolução da taxa de câmbio e taxa de juros 0,80% 0,70% 0,60% 0,50% 0,40% 0,30% Taxa de Câmbio 30/7/07 26/2/07 25/9/06 24/4/06 27/6/05 28/11/05 31/1/05 30/8/04 29/3/04 27/10/03 26/5/03 30/12/02 29/7/02 25/2/02 24/9/01 30/4/01 27/11/00 26/6/00 31/1/00 30/8/99 0,20% 0,10% 0,00% Taxa de Juros (%) 4,50 4,00 3,50 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 0,00 29/3/99 Taxa de Câmbio (R$/dólar) Evolução da Taxa de Câmbio e de Juros Taxa de Juros Com estes dados, são analisadas ao todo 110 observações para as ações com negociação em todo o período de análise. A Tabela 1 nos mostra o número de empresas utilizadas para os períodos de análise e o número de observações por ano. Estas ações utilizadas neste estudo estão distribuídas em diversos setores da economia, não havendo assim uma análise setorial e nem específica por empresa, conforme Tabela 2. A intenção de analisar diversos setores da economia é verificar o comportamento das empresas brasileiras e não apenas uma análise setorial. 25 Tabela 2 - Setor Econõmico das ermpresas 1999 Agro e Pesca Alimentos e Beb Comércio Construção Eletroeletrônicos Energia Elétrica Máquinas Indust Mineração Minerais não Met Outros Papel e Celulose Petróleo e Gas Química Siderur & Metalur Textil Transporte Serviç Veiculos e peças Total 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 1 10 5 6 5 19 4 3 2 14 6 8 17 24 11 2 11 1 10 5 6 5 19 4 3 2 16 6 8 17 24 11 2 11 1 10 5 6 5 19 4 3 2 16 6 8 17 25 11 2 11 1 10 5 6 5 19 4 3 2 16 6 8 17 25 11 2 11 1 10 5 6 5 19 4 3 2 16 6 8 17 25 11 2 11 1 10 5 6 5 20 4 3 2 16 6 8 17 26 11 2 11 1 10 5 6 5 20 4 3 2 16 6 8 17 26 11 2 11 1 10 5 6 5 20 4 3 2 16 6 8 17 26 11 2 11 0 10 5 6 5 19 4 3 2 14 6 8 16 24 11 2 11 148 150 151 151 151 153 153 153 146 Uma vez definido os dados mensais e as empresas a serem utilizadas, foi calculado o retorno dos ativos utilizados através de uma variação logarítmica. retorno i ,t = log (ativoi ,t ) − log(ativoi ,t −1 ) Para os dados de câmbio, foi utilizada a mesma premissa para o cálculo da variação. ∆câmbioi ,t = log(câmbioi ,t ) − log(câmbioi ,t −1 ) Abaixo segue um gráfico com a variação dos dados do índice Bovespa e da taxa de câmbio, mostrando a relação existente entre os dados: 26 Figura 2 – Evolução da variação da taxa de cambio e índice Bovespa Variação da taxa de Câmbio e Ibovespa 30% 20% 10% 0% -10% -20% -30% IBOVESPA Câmbio As correlações entre as variáveis explicativas nos mostram que os dados de retorno de mercado são negativamente correlacionados com as demais variáveis, porém a matriz de correlação nos mostra que há uma grande relação entre as variáveis, mas o que chama atenção é a correlação negativa entre a taxa de câmbio e o retorno de mercado. Tabela 3 - Correlação das observações explicativas Retorno de Mercado Câmbio Retorno de Mercado Câmbio Juros 1,00000 -0,29260 -0,60004 1,00000 0,20805 Juros 1,00000 Quando analisados os dados estatísticos das variáveis de análise, percebemos que todas as variáveis possuem Kurtosis altas (maiores que 3), indicando uma não distribuição normal dos dados, mas como um desvio-padrão relativamente baixo. 27 Tabela 4 -Sumario Estaístico das variáveis de análise Média Mediana Maximo Mínimo Desvio-Padrão Skewness Kurtosis Observações Retorno de Mercado 0,0161 0,0147 0,1993 -0,2476 0,0840 -0,4310 3,4677 100 Câmbio 0,0006 -0,0115 0,2352 -0,1141 0,0468 1,3357 8,3080 100 Juros -0,0118 0,0000 0,1452 -0,3365 0,0529 -2,3693 17,4658 100 6. Resultados Seguindo Muller e Verschoor (2006), nesta seção serão apresentadas separadamente as análises dos modelos lineares e não-lineares, conforme apresentado na seção 5. Inicialmente, serão analisados os resultados dos modelos lineares juntamente com uma crítica entre os modelos utilizados. Em seguida serão apresentados os modelos não lineares, mostrando-se o fator do risco cambial entre dois modelos. Em todos os resultados obtidos, serão apresentadas as quantidades totais de empresas analisadas, descritas por N, as quantidades de empresas significantes, N*, e o percentual de empresas estatisticamente significantes testados ao nível de significância de 5%, descrito por N**. Este detalhamento será relevante para a realização da comparação entre os modelos analisados e resultados de estudos realizados anteriormente. Abaixo de cada parâmetro encontrado é mostrado abaixo um teste de validação, verificando através de um teste se o parâmetro é igual à zero. Em todos os modelos realizados, será apresentada em conjunto uma análise adicional no qual será incorporada a série de taxa de juros. O intuito desta análise com a presença de taxa de juros é verificar se esta série ajuda a explicar o comportamento da exposição cambial das empresas brasileiras. 6.1 Modelo Linear Seguindo a metodologia utilizada por muitos autores para explicar a exposição cambial serão apresentados os resultados da equação (1), chamado de Modelo Relativo, depois será analisado o Modelo Absoluto, conforme equação (3). Estes dois modelos são caracterizados como lineares, porém com particularidades individuais, sendo o segundo modelo conseqüência do primeiro. 28 6.1.1 Modelo Relativo O primeiro ponto de verificação dos resultados é a verificação do parâmetro do retorno de mercado, β1 , o qual deve estar entre 0 e 1, já o sinal do parâmetro do câmbio, γ dependerá da forma que as empresas brasileiras estão expostas com relação à exposição cambial, parâmetros estes correspondem à média dos parâmetros para todas as empresas analisada. Tabela 5 - Modelo Linear Relativo Tabela 5.1 Constante α Média Mediana 0,01484 0,01660 0,00000 0,00000 Retorno de Mercado β 0,55043 0,55398 0,00000 0,00000 γ 0,02329 0,04326 0,53650 0,19580 Câmbio Exposiçã Positiva Exposiçã Negativa Tabela 5.2 - incorporando taxa de juros Média Mediana Constante α 0,01372 0,0000 Retorno de Mercado β 0,54632 0,55636 0,0000 0,0000 γ 0,01695 0,04441 0,6562 0,3320 -0,10470 -0,06682 0,0011 0,0150 Juros Exposiçã Positiva Exposiçã Negativa φ N** N 8,5% 13 153 11,8% 10 85 4,4% 3 68 N* N** N 9,2% 14 153 12,0% 10 83 5,7% 4 70 0,01564 0,0000 Câmbio N* O valor médio de retorno de mercado está dentro do esperado, obtendo um valor médio de 0,55043 e uma mediana de 0,55398, conforme apresentado pela tabela 5.1. Já o parâmetro da taxa de câmbio possui uma média 0,02329 e uma mediana de 0,04326, porém estatisticamente estes parâmetros são na média iguais a zero, mesmo quando incorporando a série de taxa de juros, a significância dos parâmetros não é alterada. Esta não significância do parâmetro médio de exposição cambial deve-se ao fato de apenas 8,5% das empresas possuem uma exposição cambial estatisticamente significante, e 29 quando incluída a taxa de juros (tabela 5.2), o efeito do câmbio eleva-se para 9,2%. Este percentual é calculado através de um teste F-statistic. Outro ponto que pode explicar esta não significância, não ocorrendo em apenas 13 empresas, deve-se pela falta de ortogonalidade dos erros, pois conforme descrito na seção 4, esta metodologia apresenta heterocedasticidade e multicolinearidade, assim esta parâmetro pode estar sendo impactado pela relação entre as variáveis de retorno de mercado e variação cambial. Mas se analisarmos o sinal dos parâmetros, percebe-se que, na média, há um impacto positivo da taxa de câmbio sobre o retorno dos ativos, efeito este reduzido quando a incorporado a taxa de juros, assim uma desvalorização de 1% da taxa de câmbio o retorno das empresas brasileiras diminui na média 4%, independentemente da incorporação da taxa de juros. Quando analisado a tabela 5.1, grande parte das empresas possui impacto positivo, porém apenas 11,8% destas possuem significância. No modelo com a taxa de juros, demonstrado pela tabela 5.2, das 83 empresas com impacto positivo, somente 12,05% são significantes. Em relação às empresas com impacto negativo, o número é inferior, tanto no absoluto quanto percentualmente, mas um detalhe é que no modelo com taxa de juros, há uma empresa a mais que no modelo inicial. Rossi (2008) encontrou um resultado similar para os dados de empresas brasileiras, com análise durante o período de 1996 a 2002, sendo que no período de câmbio flexível verificou que 16,3% das 165 empresas analisadas possuem exposição cambial e para o período de câmbio fixo há 62,5% das empresas impactadas pelo câmbio, dado o mesmo número de empresas analisadas. Para dados americanos no período de 1971 a 1987, Jorion (1990) encontrou que apenas 15 das 287 empresas analisadas possuem uma exposição cambial significativa, resultado consistente com Amihud (1994) que encontrou apenas 11% de empresas estatisticamente significante para o período de 1979 a 1988. Como este modelo de análise de exposição cambial leva em consideração as variáveis explicativas de retorno de mercado e da taxa de câmbio pode-se gerar heterocedasticidade devido ao fato desta variável explicar tanto os movimentos da taxa de retorno dos ativos quanto à taxa de retorno do mercado, neste caso o índice Bovespa, assim os efeitos podem ser encobertos pelo efeito da taxa de câmbio afetar tanto a variável explicativa como a variável explicada. Isso explica porque este modelo é chamado de Modelo Relativo, uma vez que os resultados obtidos são relativos aos impactos cambiais sobre o retorno de mercado. 30 Como dito na seção 4, esta metodologia apresenta a heterocedasticidade e multicolinearidade, invalidando assim o resultado obtido e uma solução é realizar o modelo apresentado pela equação (4). 6.1.2 Modelo Absoluto Neste Modelo Absoluto, muito similar ao modelo apresentado anteriormente, é realizado o ajuste sobre o retorno de mercado, extraindo-se o efeito da taxa de câmbio sobre o retorno de mercado, e mantendo assim exclusivamente este efeito sobre a taxa de retorno dos ativos. Assim como no modelo de efeito relativo, os sinais dos parâmetros permanecem os mesmo, sendo o retorno de mercado, β1 ,entre 0 e 1, e o sinal do parâmetro do câmbio, γ , dependerá da forma que as empresas brasileiras estão dispostas com relação à exposição cambial. Tabela 6 - Modelo Linear Absoluto Tabela 6.1 Média Mediana α 0,02411 0,02496 0,00000 0,00000 Retorno de Mercado β 0,55043 0,55398 0,00000 0,00000 γ -0,58710 -0,55098 0,00000 0,00000 Constante Câmbio Exposiçã Positiva Exposiçã Negativa Tabela 6.2 - incorporando taxa de juros Média Mediana Constante α 0,02291 0,00000 Retorno de Mercado β 0,54632 0,55636 0,00000 0,00000 γ -0,58889 -0,55358 0,00000 0,00000 -0,10470 -0,06682 0,00110 0,01500 Juros Exposiçã Positiva Exposiçã Negativa φ N** N 51,0% 78 153 0,0% 0 11 54,9% 78 142 N* N** N 51,0% 78 153 0,02302 0,00000 Câmbio N* 0,0% 0 11 54,9% 78 142 31 Analisando os resultados obtidos, devemos mais uma vez, perceber que o parâmetro do retorno de mercado está dentro do range de valor esperado, com um valor de na média de 0,55043 e uma mediana de 0,55398 (tabela 6.1), e quando incorporado a taxa de juros no modelo (tabela 6.2), o parâmetro médio é de 0,54632 e uma mediana de 0,55636. Tanto no modelo de Efeito Relativo quanto no modelo de Efeito Absoluto, o impacto no mercado sobre o retorno dos ativos é positivo. Diferente do modelo de efeito relativo, o sinal da exposição cambial se altera com a ortogonalização dos erros, passando de um efeito positivo para um negativo, mostrando assim que as empresas brasileiras possuem uma exposição cambial negativo em relação aos retornos dos ativos. Analisando os dados de exposição cambial, percebe-se que ao verificar a composição das empresas que possuem sinal negativo, 142 empresas possuem impacto negativo, sendo 54,9% significativos, conforme a tabela 6.1, mesmo quando analisado a tabela 6.2, não há uma grande variação de empresas que possuem um impacto negativo em relação à exposição cambial. Outro fator relevante neste modelo é o número superior de empresas significativas, sendo de 51% com e sem taxa de juros, mostrando desta forma que este modelo é mais eficiente que o anterior demonstrado também pela significância dos parâmetros médios, os quais todos são estatisticamente significativos e todos os parâmetros diferentes de zero. Um ponto muito interessante neste modelo em relação ao modelo anterior é o fato do número de empresas com exposição negativa aumentar substancialmente, passando de 68 para 141 empresas e uma queda no efeito positivo de 85 empresas para apenas 11 empresas, sendo no modelo de efeito relativo, pouquíssimas empresas possuem significância e quando incorporada a taxa de juros, apenas 4 empresas são significativas, não alterando a conclusão encontrada. Esta variação deve-se ao fato de que no Brasil as grandes empresas dominam o portfólio de mercado e estas possuem uma maior quantidade de dividas em moeda estrangeira. Desta forma, este modelo nos mostra que na média as empresas brasileiras não são beneficiadas em casos de depreciação da moeda doméstica, hipótese esta consistente de que depreciações cambiais causam queda nos preços dos ativos, conforme Rossi (2003), no qual o modelo utilizado mostra uma análise dos efeitos da exposição cambial de acordo com a estrutura financeira das empresas brasileiras, focando na exposição cambial de seus respectivos balanços. 32 Neste mesmo estudo, o resultado encontrado para o período de 1996 a 2002 foi de que 38 empresas brasileiras possuem uma exposição cambial de uma amostra de 165 durante o período de câmbio flexível e de 101 empresas para o período de câmbio fixo. Rossi (2008) ao ampliar a amostra (1996 a 2006), encontrou 25% das empresas não financeiras de um total de 177 possuem exposição cambial significativa, mostrando também que o número de empresas expostas é maior em períodos de crises financeiras e maiores do que durante o período de câmbio flexível do que durante o câmbio fixo no Brasil. Em ambos os estudos de Rossi, o sinal encontrado da exposição está de acordo com o encontrado neste estudo. 6.2 Modelos Não Lineares 6.2.1 Modelo GARCH Uma terceira forma de análise do impacto do câmbio sobre o retorno dos ativos sobre uma visão agora não linear é a utilização da metodologia GARCH (modelo proposto por Bollerslev em 1986). A utilização do modelo GARCH deve-se ao fato de que em séries financeiras é comum haver o fato de que grandes valores num determinado instante do tempo que sejam seguidos por valores também elevados nos períodos subseqüentes, não necessariamente na mesma direção, além da possibilidade de existir uma alta persistência na volatilidade das séries de retorno, desta forma, este modelo expressa a variância condicional como uma defasagem distribuída do quadrado dos retornos passados com uma tentativa de expressar de uma forma mais parcimoniosa a dependência temporal da variância condicional. A utilização deste modelo deve-se para tentar corrigir o problema da presença de heterocedasticidade existente no Modelo Relativo, equação (1). Desta forma, foi utilizado um GACH (1,1), sendo a melhor estimativa encontrada, assim como no modelo base de Muller e Verschoor (2006), no qual há uma variância condicionada a todas as empresas brasileiras analisadas. Mesmo utilizando esta outra metodologia, o valor esperado do parâmetro do retorno de mercado, β1 , permanecer entre 0 e 1 assim como nos modelos anteriores. 33 Tabela 7 - Modelo GARCH Tabela 7.1 Constante α Média Mediana 0,00990 0,01049 0,0000 0,0000 Retorno de Mercado β 0,53513 0,56775 0,0000 0,0000 γ 0,05348 0,05463 0,0000 0,0000 0,00650 0,00204 Câmbio Constante δ 0,00000 0,00000 -0,00918 ARCH τ 0,14779 0,01490 0,74640 GARCH υ 0,59815 0,73256 0,00000 0,00000 Exposiçã Positiva Exposiçã Negativa Tabela 7.2 - incorporando taxa de juros Média Mediana Constante α 0,00932 0,0000 Retorno de Mercado β 0,54486 0,55929 0,0000 0,0000 γ 0,05876 0,04442 0,13260 0,10560 -0,09041 -0,08718 Juros φ 0,00160 0,00210 0,00189 Constante δ 0,00642 0,0000 0,0000 ARCH τ 0,22816 0,01076 0,07680 1,00000 GARCH υ 0,62121 0,73440 0,0000 0,0000 Exposiçã Positiva Exposiçã Negativa N** N 19,6% 30 153 22,4% 19 85 16,2% 11 68 N* N** N 18,3% 28 153 23,0% 20 87 12,1% 8 66 0,00928 0,0000 Câmbio N* A variável de interesse nos mostra que, na média, a exposição cambial segue um efeito positivo, tanto no parâmetro médio quanto em sua mediana, sinal este diferente do valor encontrado durante a elaboração do Modelo de Efeito Absoluto, onde na verdade o sinal esperado seria negativo, conforme apresentado por Rossi (2008). A incorporação da taxa de juros neste modelo promove a não significância da série de taxa de câmbio. Um ponto relevante é verificar que o ARCH possui uma não significância nos dois modelos apresentada pela tabela 7.1 e 7.2. Esta não significância pode estar ocorrendo devido à periodicidade dos dados utilizados, isso porque como estão sendo utilizados dados mensais, 34 pode-se perder algumas informações relevantes ocorridas ao longo dos dias incorridos em um determinado mês e como a variável ARCH considera o resíduo da equação no período anterior, fatos não explicados em um mês não necessariamente irão explicar oscilações no mês subseqüente. Quando analisado o número de empresas que possuem exposição cambial positiva, tem-se que 85 das empresas, sendo apenas 22,4% delas significantes (tabela 7.1) e com a incorporação da taxa de juros, 87 empresas são afetadas, porém apenas 23% significantes (tabela 7.2). Já as empresas negativamente impactadas pela taxa de câmbio, 87 das empresas analisadas são positivamente afetadas, mas com um percentual de significância de 16,2% e quando incluída a taxa de juros, o numero de empresas é de 66, porém apenas 12,1% delas são significativas. Muller e Verschoor (2006) encontraram para dados americanos que apenas 7,27% de uma amostra de 935 empresas possuem significância quando utilizado este modelo. 6.2.2 Modelo Assimétrico O modelo não linear proposto por Muller e Verschoor (2006), chamado de Modelo Assimétrico ou Firm Specific Currency Factor foi originado devido aos pontos descritos na seção 3. Para saber o comportamento da exposição cambial em momentos de valorização ou de desvalorização, será utilizado o modelo escrito pela equação (6), no qual será incorporada ao modelo uma dummy correspondente de valor igual a 1 para valorização cambial e 0 para momentos de desvalorização cambial. Através do coeficiente desta dummy é possível verificar o quanto as empresas estão expostas e quantas empresas são afetadas em caso de valorização e desvalorização. Na tabela 8, os dados nos mostram, assim como no modelo de efeito absoluto e do modelo GARCH, o sinal da exposição cambial da exposição cambial na média não é alterado, mas a quantidade de empresas que se tornam significativas a 5% é menor, sendo inferior ao modelo de efeito absoluto, resultado este similar ao estudo de Muller e Verschoor (2006) em que a quantidade percentual estatisticamente significante está em torno de 8% para empresas americanas. 35 Tabela 8 - Sinal da Exposição Cambial Tabela 8.1 Constante α Média Mediana 0,02602 0,02795 0,0000 0,00000 Retorno de Mercad β 0,54851 0,56060 0,0001 0,00010 γ -0,51809 -0,44779 0,0001 0,00010 -0,12276 -0,10140 0,1036 0,08910 Câmbio Dummy Câmbio γ' Tabela 8.2 - incorporando taxa de juros Média Mediana Constante α 0,02412 0,00000 Retorno de Mercad β 0,54560 0,55806 0,0000 0,00000 γ -0,54791 -0,47814 0,0000 0,00000 -0,07971 -0,03292 0,0387 0,74640 -0,10100 -0,07769 0,0022 0,01530 Dummy Câmbio Juros γ' φ N** N 19,0% 29 153 3,3% 5 153 N* N** N 21,6% 33 153 3,9% 6 153 0,02363 0,0000 Câmbio N* Quando analisado os sinais encontrados o sinal dos parâmetros γ e γ ' possuem sinais semelhantes, diferente do resultado encontrado por Koutmos e Martin (2003a) para análise de portfólios de indústrias norte americana, que apresenta sinais positivos na média. Este resultado encontrado nos mostra que a existência de assimetria não apresenta muita relevância para as empresas brasileiras, uma vez que apenas 2% delas apresentam significância em relação à assimetria e à exposição cambial, já a quantidade de empresas que possuem um dos dois efeitos de análise é de 20%, conforme tabela 9, mas com uma quantidade de empresas expostas ao cambio superior em relação aos modelos de efeito relativo e GARCH. Este estudo nos mostra que em caso de uma valorização cambial em 1%, o retorno médio das empresas brasileiras é afetado negativamente em 0,64% e em momento de desvalorização, o efeito é de 0,54%. 36 Tabela 9 - Relação de empresas expostas e de assimetria N* N** N Número de empresas - exposição e assimétrica - significantes 2% 3 153 Número de empresas - exposição ou assimétrica - significantes 20% 31 153 Esta baixa quantidade de empresas que possuem a presença de assimetria pode estar ocorrendo pela forma de como o modelo foi utilizada, pois não necessariamente há mudanças bruscas entre os regimes de valorização e desvalorização pode não ser representada apenas por uma dummy de 0 e 1, mas sim um a utilização de uma função que suavize esta transição a ser realizada conforme descrito pelas equações (7) e (8). Esta suavização entre os regimes, descritos pelas equações (7) e (8), por se tratar de um modelo não linear, a possibilidade de existência de outliers pode ocorrer, e para corrigir este problema, foram excluídas das análises as séries que estavam interferindo no resultado quando necessário. Desta forma, na análise inicial, o número de ativos analisados passa de 153 empresas para 152 e quando incorporado à taxa de juros, o número de empresas reduz-se para 133. Na tabela 10, são apresentados os dados obtidos, no qual o modelo com a presença da taxa de juros, Tabela 10.2, não há significância desta variável. Assim como ocorrido em todas as análises realizadas neste estudo, o resultado do parâmetro médio de retorno de mercado está de acordo com o range esperado, apresentado pelos parâmetros β e β1 . Na Tabela 10.1, o modelo apresenta uma taxa de significância da exposição cambial é de 30,9% das empresas para o primeiro efeito de exposição cambial e de 46,7% para o segundo efeito, ou seja, o modelo de exposição cambial para empresas brasileiras mostra que existe a presença de assimetria quando há suavização entre os regimes existentes. O mesmo ocorrendo quando incorporado a taxa de juros, tabela 10.2, percebe-se que tato a assimetria quanto a exposição cambial são estatisticamente e em torno de 42% da amostra. 37 Tabela 10 - Modelo Assimétrico Tabela 10.1 Média Mediana 6,45204 5,14945 0,0000 0,00000 N* N** N 30,9% 47 152 46,7% 71 152 N* N** N 42,1% 56 133 42,9% 57 133 Efeito Linear Constante α Retorno de Mercado β Câmbio γ -0.008209 -0.004078 0,0467 0,00270 0,00924 0,00977 0,0438 0,00010 -6,29750 -6,29750 Efeito Assimétrico Constante α1 0,0000 0,00000 Retorno de Mercado β1 0,00743 0,00743 0,0571 0,00270 γ1 -0,00846 -0,00846 0,0646 0,00020 Câmbio Tabela 10.2 - incorporando taxa de juros Média Mediana Efeito Linear Constante α 6,09044 4,90286 0,0000 0,00000 Retorno de Mercado β -0,00443 -0,00347 0,0269 0,00930 γ 0,01292 0,00783 0,0002 0,00000 0,00038 0,00026 0,8983 1,00000 -5,94228 -4,71544 Câmbio Juros φ Efeito Assimétrico Constante α1 0,0000 0,00000 Retorno de Mercado β1 0,00408 0,00346 0,0385 0,01520 γ1 -0,01210 -0,00801 0,0003 0,00010 -0,00019 -0,00015 0,9475 0,86230 Câmbio Juros φ1 Mesmo analisando apenas o efeito da taxa de câmbio, γ e γ 1 , a qual nos mostra a presença de exposição cambial e assimetria, respectivamente, à composição da exposição cambial possui efeito positivo através do parâmetro γ e efeito negativo através do parâmetro γ 1 , porém o resultado da exposição cambial ocorrerá conforme as magnitudes das variações cambiais, mas na média pode-se dizer que o efeito é ligeiramente positivo. Antes de analisar o efeito combinado da exposição cambial, é interessante verificar estes efeitos em separado, desta forma, podemos perceber que tanto no modelo com juros ou 38 sem juros (Tabela 10.1 e Tabela 10.2, respectivamente), o primeiro efeito, com relação ao modelo linear, a exposição cambial apresenta um sinal positivo, diferente do sinal encontrado no modelo linear absoluto (Tabela 8), mostrando assim que quando incorporado a assimetria e suavizando a variação cambial, a exposição cambial deixa de ser negativo para 42,1% da amostra. Outro fator relevante é a magnitude da exposição cambial encontrada, isso porque no primeiro modelo analisado, o efeito foi na média de 0,023, no modelo de efeito absoluto foi de 0,58 e no modelo GARCH foi de 0,053. Já o efeito referente à existência de assimetria, pode-se perceber que esta variável é significativa assumindo um valor negativo na média para 46,7% da amostra utilizada. Um ponto relevante é perceber que a quantidade de parâmetros significantes é superior para o segundo efeito que em relação ao primeiro, conforme apresentado na tabela 10. Tabela 11 - Sinal de Impacto Cambial N Efeito Linear N* N** N Efeito Assimétrico N* N** Modelo sem juros Positivo 103 34,0% 35 50 36,0% 18 Negativo 49 24,5% 12 102 52,0% 53 152 30,9% 47 152 46,7% 71 Positivo 91 48,4% 44 44 29,5% 13 Negativo 42 28,6% 12 89 49,4% 44 133 42,1% 56 133 42,9% 57 Total sem juros Modelo com juros Total com juros Quando analisado a quantidade de empresas com efeitos positivos e negativos, percebe-se que a grande maioria das empresas possui o efeito linear positivo, sendo que apenas 35 possuem significância e o segundo efeito, assimétrico, negativo, com 102 empresas ocorrendo, com 52% deles são significantes. Esta abertura entre os sinais da exposição cambial e presença da assimetria se torna relevante por permitir perceber que realmente a presença da assimetria interfere na análise de exposição e sobre o preço dos ativos das respectivas empresas. Quando os sinais são analisados em conjunto, pode-se perceber que do total da amostra utilizada, 102 possuem características semelhantes à média, correspondendo a 33,3% 39 das empresas estatisticamente significantes e quando incorporado a taxa de juros, este percentual se eleva para 48,3% das 133 empresas analisadas. Tabela 12 - Sinal conjunto de Impacto Cambial do modelo Assimétrico γ /γ1 Modelo sem juros N N* Positivo/Positivo 1 N** 0,00% - 0,00% - Negativo/Negativo - Positivo/Negativo 102 33,33% 34 Negativo/Positivo 49 24,49% 12 152 30,26% 46 2 0,00% - 0,00% - Total sem juros Modelo com juros Positivo/Positivo Negativo/Negativo - Positivo/Negativo 89 48,31% 43 Negativo/Positivo 42 28,57% 12 133 41,35% 55 Total sem juros Desta forma, pode-se dizer que através deste modelo a exposição cambial para grande parte das empresas apresenta um efeito positivo, assim uma valorização cambial afeta positivamente os retornos dos ativos brasileiros na média em 1%. Com os dados descritos na tabela acima, pode-se perceber que como existem dois efeitos, sendo o primeiro referente à exposição cambial na relação linear, é na média positiva para as empresas brasileiras, diferente do resultado obtido com o modelo de Efeito Absoluto, mostrando assim que o efeito de assimetria realmente impacta tanto na quantidade de empresas que possuem exposição cambial como no sinal de impacto. Muller e Verschoor (2006) mostram que a inclusão no modelo linear a análise de assimetria, a quantidade de empresas que apresentam uma determinada exposição cambial, sendo linear ou assimétrica, aumenta em 30% em relação ao modelo linear, ocorrendo principalmente com a incorporação da análise cambial de moedas asiática de latinas. O resultado encontrado mostra que 23,1% das empresas americanas apresentam exposição linear e assimetria e 56,04% possuem exposição linear ou assimetria. Neste estudo, as empresas que possuem exposição cambial e assimetria são de 30% e as empresas que possuem apenas um efeito são de 47% para o caso da não inclusão da taxa de 40 juros no modelo, conforme Tabela 13, mas é relevante comentar que neste estudo das 47 empresas que possuem exposição cambial significante, apenas uma não possui assimetria significante. Tabela 13 - Relação de empresas expostas e de assimetria N* N** N Número de empresas - exposição e assimétrica - significantes 30% 46 152 Número de empresas - exposição ou assimétrica - significantes 47% 72 152 Além destes pontos, o fator de maior relevância é o fato da significância da presença de assimetria na análise da variação dos retornos dos ativos com relação à exposição cambial, desta forma, uma análise de exposição cambial deve-se levar em consideração a existência de assimetria no processo de análise. Este ponto prova que muitas vezes análises existentes sobre os preços dos ativos brasileiros ou sobre comportamentos futuros podem levar a decisões equivocadas, uma vez que muitos não incorporam a existência desta assimetria no mercado. 7. Conclusão Este estudo analisa a exposição cambial de empresas brasileiras durante o período de câmbio flexível entre 1999 e 2007. Observou-se que diversas empresas brasileiras possuem uma exposição cambial, impacto este que diverge entre a utilização de modelos lineares e não lineares. A quantidade de empresas com exposição cambial no Brasil no caso de modelo linear é relativamente alta, segundo Rossi (2008), sendo em torno de 50% das empresas brasileiras, dado que na média esta exposição possui um efeito negativo conforme há uma desvalorização cambial da moeda doméstica. No caso da utilização de um modelo não linear, esta exposição cambial possui um efeito positivo, contrariando os resultados obtidos com o modelo linear, corroborando assim, os resultados obtidos por Bleakley e Cowan (2002) para uma amostra de empresas da América Latina. Independentemente do modelo analisado, podemos perceber que no Brasil existe uma grande parcela de empresas que possuem exposição cambial. Na tabela 14 é apresentado um resumo da quantidade de empresas estatisticamente significante que possuem exposição cambial, tanto um efeito positivo quanto um negativo. Pode-se perceber que, no modelo linear, 41 o impacto desta exposição é superior em relação aos modelos não lineares, principalmente quando o problema de ortogonalidade é resolvido, a quantidade de empresas se eleva. Tabela 14 - Séries Estatiscamente Significativas N** N* N Modelo Relativo 14 9,2% 153 Modelo Relativo com juros 13 8,5% 153 Modelo Absoluto 78 50,98% 153 Modelo Absoluto com juros 78 50,98% 153 Modelo GARCH 30 19,61% 153 Modelo GARCH com juros 28 18,30% 153 Modelo Assimetrico (efeito linear) Modelo Assimetrico (efeito não linear) 47 71 30,92% 152 152 Modelo Assimetrico com juros (efeito linear) Modelo Assimetrico com juros (efeito não linear) 56 57 42,11% 46,71% 42,86% 133 133 Com relação aos impactos existentes, no modelo de Efeito Absoluto, a grande maioria das empresas brasileiras apresenta uma exposição cambial negativa, sendo que aproximadamente de 93% apresentam esta característica, mas em modelos não lineares, esta exposição se altera, passando para um efeito positivo na sua maioria, conforme tabela 15. Tabela 15 - Efeito do Impacto Cambial sobre o Retorno dos Ativos Modelo Relativo Modelo Relativo sem juros Positivo % Positivo 83 54% Negativo 70 % Negativo 46% Total 153 85 56% 68 44% 153 Modelo Absoluto 11 7% 142 93% 153 Modelo Absoluto sem juros 11 7% 142 93% 153 Modelo GARCH 87 57% 66 43% 153 Modelo GARCH sem juros 85 56% 68 44% 153 Modelo Assimetrico (efeito linear) 91 68% 42 32% 133 Modelo Assimetrico (efeito não linear) Modelo Assimetrico com juros (efeito linear) Modelo Assimetrico com juros (efeito não linear) 44 33% 89 67% 133 103 68% 49 32% 152 50 33% 102 67% 152 Os resultados nos mostram que na presença da assimetria no modelo não-linear tanto com a utilização da séria de taxa de juros quanto sem nos dá indício que em modelos antes realizados, informações não eram incorporadas devido à presença de fatores não mensurados, os quais afetam o resultado da exposição cambial das empresas brasileiras. 42 O modelo assimétrico se destaca entre os demais analisados, principalmente quando utilizada a metodologia STAR através de uma suavização da série dummy para momentos entre valorização e desvalorização cambial, o grau de informação perdida se reduz, mesmo com uma quantidade de empresas estatisticamente significantes menor em relação ao Modelo Absoluto e superior ao Modelo GARCH, confirmando desta forma que há informações não detectadas pelos demais modelos. Desta forma, o modelo com a presença de assimetria, com utilização de suavização da dummy, apresenta análises mais coerentes, uma vez que incluem fatores não mensuráveis e reduz as variações brutas entre momentos de valorização e desvalorização cambial. Quando comparado aos demais modelos, este nos mostra que a quantidade de empresas com exposição cambial positivo é superior em relação aos demais, podendo assim nos dar indícios de que este modelo incorpora informações não presentes nos demais. Este estudo deve ser continuado através de análises mais específicas, como uma análise diferenciando o comportamento da exposição cambial entre empresas exportadoras e importadoras ou uma análise setorial, outra análise seria levar em consideração a estrutura financeira das empresas através de seus respectivos balanços. 43 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ADLER, M. E DUMAS, B. (1984). .Exposure to currency risk: Definition and Measurement. Financial Management, vol.13, pp.41-50. 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A equação deste modelo é dada por y t = φ 0,1 + φ1,1 y t −1 (1 − G ( y t −1 : γ , c )) + φ 0, 2 + φ1, 2 y t −1 G ( y t −1 : γ , c ) + ε t onde a função G é calculada ( ) ( ) por uma função logística., já o ponto c é conhecido como o ponto inicial entre os regimes, o parâmetro representa a suavização da transição entre os regimes. A estimação dos parâmetros realizada através do NLS (Nonlinear least square), sendo n ^ θ = arg min Qn (θ ) = arg min ∑ t =1 γ θ = (φ1 , φ 2 , γ , c ) é [yt − F (xt :θ )] , onde 2 F ( xt : θ ) ≡ φ1' xt (1 − G ( y t − 1 : γ , c )) + φ 2' xt G ( y t − 1 : γ , c ) , sendo interpretado como uma quase estimação por máxima verossimilhança. Outra forma de estimação dos parâmetros é a utilização da soma dos quadrados dos resíduos, reduzindo desta forma consideravelmente o problema de dimensionamento do NLS, pois este método minimiza com relação os parâmetros γ e c, conforme a seguinte função: n Qn (γ , c ) = ∑ t =1 (y −φ (γ ,c) x (γ ,c)) 2 ' t t 46