Introdução ao estudo do Envelhecimento

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Introdução ao estudo do Envelhecimento
Curso de especialização em Nutrição Geriátrica
CIAPE / FCMMG
Ana Cristina N. B. Faria - Geriatra
[email protected]
Envelhecimento
Envelhecimento é parte de um contínuo que começa na concepção e termina
com a morte.
Velhice: conseqüência natural do envelhecimento.
Expectativa de vida máxima alcançável: específica para cada espécie.
Modificações funcionais x modificações patológicas.
Aspectos históricos
Século XX: marco no desenvolvimento dos estudos e pesquisas sobre
envelhecimento.
Aumento da população idosa em todo o mundo, com necessidade de
investimentos nesta população.
1903: Elie Metchnikoff propõe o termo gerontologia: gero (velhice), logia
(estudo)
1909: Geriatria: especialidade médica destinada ao cuidado dos idosos.
Metchnikoff e Nascher, pioneiros na geriatria: grandes dificuldades em
divulgar suas idéias otimistas com relação ao envelhecimento e aos idosos.
A gerontologia era restrita a teorias, até trabalhos de Marjory Warren, (década
de 30).
Warren consegue delinear os primórdios da avaliação interdisciplinar e
multidimencional do idoso.
Marjory Warren, na década de 30, Inglaterra:
Assumiu um asilo, sede posterior de importante hospital para idosos em
Londres.
O asilo era na época um “depósito” de doentes e idosos sem diagnóstico
médico, sem reabilitação.
Warren avaliou pacientes e propôs planos individuais de reabilitação, com
grandes resultados, muitos com alta da instituição.
A partir da década de 30: inúmeros trabalhos sobre envelhecimento.
1942: Surge American Geriatric Society
1946: Surge Gerontological Society of America
Resultados da preocupação com o impacto das projeções demográficas do
processo de envelhecimento nos E.U.A.
1950 a 1970:
pesquisas longitudinais sobre vida adulta e velhice.
1980 e década de 90: necessidades sociais:
grupos de apoio aos familiares
custos de sistemas de saúde e previdenciários
necessidade de formação de recursos humanos
ofertas educacionais e ocupacionais para idosos
Brasil
Poucas condições do SUS para atendimento ao idosos.
Grandes gastos com aposentadorias e sistemas públicos e privados de
saúde.
Necessidades de reestruturação
Gerontologia e Geriatria
Gerontologia social:
Estudo dos aspectos não orgânicos do envelhecimento: antropológicos,
psicológicos, legais, sociais, ambientais, econômicos, éticos e políticos.
Gerontologia biomédica:
Estudos dos fenômenos de envelhecimento, aspectos: molecular, celular,
estudos populacionais e de prevenção de doenças. Fatores extrínsecos e
intrínsecos.
Geriatria:
Aspectos curativos e preventivos.
Relação estreita com várias especialidades médicas, avaliação do idoso
não fragmentado.
Relação estreita com várias especialidades não-médicas: nutrição,
enfermagem, fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, psicologia,
odontologia, assistência social.
Necessidade da avaliação multidimensional e interdisciplinar.
Idade Biológica x Cronológica
Idade cronológica:
Países desenvolvidos: idade ≥ 65 anos
Países subdesenvolvidos: idade ≥ 60 anos
Adotada nos trabalhos científicos e fins legais
Idade biológica:
Difícil determinação por ausência de marcadores biofisiológicos.
Idade funcional:
Estreita relação com idade biológica.
Grau de conservação do nível de capacidade adaptativa, em comparação
com a idade cronológica.
Senescência x Senilidade
Senescência ou senectude:
Somatório de alterações orgânicas, funcionais e psicológicas próprias do
envelhecimento normal: processos fisiológicos.
Senilidade:
Modificações determinadas por afecções que acometem pessoas idosas:
processos patológicos.
Dificuldades da limitação do fisiológico e do patológico
Senescência x Senilidade
Cuidados especiais para:
Não atribuir erroneamente às alterações encontradas no idoso como de
seu envelhecimento natural (empecilho à detecção de processos
patológicos)
Não pesquisar exaustivamente sinais e sintomas explicados pela
senescência: realização de exames e tratamentos desnecessários.
Autonomia e independência
Autonomia:
Capacidade de decisão, de comando.
Independência:
Capacidade de realizar algo por seus próprios meios.
Geriatria e gerontologia visam obter a manutenção da autonomia e o máximo
de independência possível, com mais qualidade de vida.
Multidisciplinar x Interdisciplinar
Multidisciplinaridade:
Profissionais de várias áreas, que trabalham independentemente e interagem
formalmente.
Avaliam o mesmo paciente, mas se não se comunicam, ou comunicam pouco.
Interdisciplinaridade
Equipe de profissionais que trabalham interdependentemente, no mesmo local e
interagem, tanto formal quanto informalmente. Os pacientes avaliados são
discutidos em equipe.
Fenômenos Iceberg e dominó
Iceberg: sinais e sintomas que aparecem são apenas “a ponta de um
Iceberg”, com muitas outras alterações obscuras, a serem determinadas.
Dominó: um fator desencadeia uma série de alterações, podendo evoluir para
o óbito, se a cadeia de fatores não for interrompida.
Avaliação global do Idoso
Método de diagnóstico multidimensional, interdisciplinar, destinado a
quantificar as capacidades e os problemas médicos, psicossociais e
funcionais do idoso, para definir um plano terapêutico e o acompanhamento
ao longo prazo.
Avaliação multidimensional
Avaliação orgânica
Avaliação psíquica
Avaliação cultural
Avaliação familiar e social
Avaliação ambiental
Avaliação do cuidador
O mais freqüente são várias patologias associadas.
Particularidades da Avaliação do Idoso
Requer mais tempo, paciência e habilidade.
Dificuldades: hipoacusia, baixa visão, déficit cognitivo, confusão mental,
falta de um bom informante...
Paciente e familiares com freqüência acham que os problemas são da
velhice.
O idoso é levado à consulta.
O paciente é muito mais velho que o médico.
O idoso tem muita necessidade de conversar.
Diferencial da geriatria
Avaliação detalhada da pessoa e da saúde, em toda sua globalidade.
Trabalho em equipe interdisciplinar:
Enfermagem
Fisioterapia
Fonoaudiologia
Medicina
Nutrição
Individualização das ações, bom senso, cuidado com iatrogenia.
Fatores que afetam a apresentação de doenças em geriatria
Co-morbidades.
Insuficiência de múltiplos órgãos.
Senescência.
Polifarmácia.
Problemas Sociais.
Subvalorização dos problemas pelo idoso, pela família e/ou pelo profissional.
Particularidades
Grandes Síndromes Geriátricas: 5 is
Imobilidade
Instabilidade postural
Iatrogenia
Incontinência
Insuficiência cerebral
Apresentação atípica das doenças:
Quedas
Perda funcional
Delirium
Imobilidade
Alterações bruscas do humor
Incontinência urinária e fecal
Perda do vigor
5 is
Iatrogenia
Insuficiência Cerebral
Delirium, Demência e depressão.
Instabilidade Postural – Quedas
Imobilidade
Incontinência
Iatrogenia
Farmacocinética # Farmacodinâmica
Farmacocinética:
absorção, distribuição, metabolismo e excreção das drogas.
Conjunto de alterações sofridas pelas drogas.
Farmacodinâmica:
Mecanismos implicados na ação das drogas.
Farmacocinética
Ingestão da droga
Fixação a proteínas plasmáticas
ou droga livre no plasma (fração
Distribuição e metabolização hepática
Excreção
Distribuição
Redução das proteínas plasmáticas
e redução da massa corporal
Aumenta
fração
Aumenta disponibilidade e ação nos órgãos efetores
Aumenta toxicidade da
Farmacodinâmica
Não tão bem estudada como a farmacocinética.
Maior sensibilidade do SNC à ação de drogas Benzodiazepínicas.
Maior sensibilidade a anticoagulantes.
Maior sensibilidade a várias drogas decorrente de:
Aumento da hipotensão ortostática.
Maior disfunção vesical e intestinal.
Menor controle postural (alteração na barorregulação).
Dificuldades de termoregulação.
Aumento da intolerância à glicose.
Alterações de sensibilidade à ação enzimática.
Resposta imunitária reduzida, particularmente a celular.
Toxicidade
Devido às alterações fisiológicas, farmacocinéticas e farmacodinâmicas:
Redução da janela terapêutica no idoso:
Dose terapêutica ≅ dose tóxica
Problemas no tratamento
1 - Medicamentos sem indicação válida:
Pode ser em conseqüência de auto-medicação;
Não existência de diagnóstico que justifique a indicação;
Repetição indevida da prescrição;
Pode levar às seguintes conseqüências:
Médicas: Maior risco de interações, mascarar patologias
Econômicas: Aumento desnecessário dos gastos com saúde.
2 - Medicamento ou produto errado:
O medicamento selecionado não serve para tratar o transtorno do
paciente.
O medicamento não pode ser consumido pelo paciente (alergia,
enfermidade ou condição concomitante).
Via de administração inadequada.
Forma farmacêutica inadequada.
3 - Dose sub-terapêutica ou sobre dose:
Não observância das alterações fisiológicas do envelhecimento.
Interações entre medicamentos ou alimentos que afetam a cinética do
fármaco.
4 - Não adesão à terapia:
Responsabilidade direta do paciente ou do profissional responsável por
sua terapia.
5 - Paciente necessita farmacoterapia e não a recebe:
Não disponibilidade do medicamento no hospital em que se encontra o
paciente;
Barreiras econômicas.
Falta de cuidador
Iatrogenia negativa
6 - Surgimento de reação adversa:
Os efeitos adversos podem ser piores do que a própria doença.
Necessidade da interrupção da terapia.
Substituição do esquema terapêutico.
7 - Interações medicamentosas:
Aumenta o risco de toxicidade;
Alteração da farmacocinética do agente terapêutico (sub-dose, sobre
dose).
8 - Hábitos de vida pouco salutares:
Dieta: consumo inadequado de sal, alimentos gordurosos.
Tabagismo
Consumo excessivo de álcool
Vida sedentária
Higiene insuficiente
Mal manejo do stress
Inexistência de atividades recreativas.
Iatrogenia
Definição:
Iatros: médico, Genia: origem
Doenças ou danos causados a alguém por um ato médico, seja este ato
terapêutico ou cirúrgico.
A ação médica é de óbvia intenção benéfica.
Danos: psíquicos, farmacológicos, instrumentais.
Iatrogenia de ação x iatrogenia de omissão
Iatrogenia x Erro Médico
Embora a iatrogenia seja decorrente de um ato com boa intenção, pode se
confundir com erro médico:
Iatrogenia de adição: ocorre pela ação médica: relacionamento,
diagnóstico, terapêutica e prevenção. Pode ser interpretada juridicamente
como imprudência ou imperícia médica.
Iatrogenia de omissão: não identificação, não tratar, não investir... Pode ser
interpretado, juridicamente, como ato negligente.
Iatrogenia
Os efeitos colaterais das drogas, previstos durante sua prescrição e
identificados prontamente pelo médico não são considerados iatrogenia.
Desconhecimento do médico sobre efeitos colaterais possíveis.
Desconhecimento das drogas menos tóxicas ao idoso.
Insistência na terapêutica insuficiente, inadequada ou imprópria.
Desconhecimento das formas de manifestação atípicas e grandes
síndromes geriátricas.
Iatrogenia farmacológica no idoso
Envelhecimento alterações fisiológicas afetam farmacocinética e
farmacodinâmica
Maior suscetibilidade às reações adversas
O efeito patogênico de uma droga ou da interação entre duas ou mais drogas.
CASCATA
IATROGÊNICA:
Drogas associadas ao esquema para combater os efeitos colaterais de drogas
em uso.
Propranolol depressão antidepressivo
Flunarizina ou antipsicóticos tremores antiparkinsonianos
Idoso tem 2-3x > chance de reações adversas a drogas do que os jovens.
51% das mortes devido a reações adversas a drogas ocorreram em idosos
Quadros clínicos com múltiplas doenças crônicas polifarmácia ↑ interações
e↑ efeitos colaterais.
Riscos de iatrogenia farmacológica
Múltiplas patologias associadas
Tratamento com múltiplos especialistas
Os profissionais nem sempre procuram se interar das medicações em uso
pelo paciente
Esquemas terapêuticos complexos e prolongados sem considerar
possíveis duplicações (medicamentos de efeitos semelhantes, ou idênticos
com nomes diferentes) ou interações.
Precauções
Bom relacionamento médico-paciente, preparo técnico em farmacologia,
interpretação dos exames e atos médicos.
Evitar usar drogas recém-chegadas ao mercado:
Os idosos quase sempre são excluídos dos ensaios clínicos.
Cuidado com manipulações:
Mas muitas vezes é a única solução financeira para o tratamento
Cuidados com apresentação em gotas e necessidade de partir medicamentos.
Cuidados especiais em pacientes depressivos e com déficit cognitivo (risco de
tomar de forma errada)
Limitações ao tratamento
Déficits cognitivos comprometendo a capacidade de tomar os medicamentos
de forma adequada
Problemas visuais, osteoarticulares e motores comprometendo a capacidade
de manipular os medicamentos
Poder aquisitivo: o paciente opta por um medicamento em detrimento do outro
(custo do tratamento).
Compreensão do tratamento e de sua importância: por limitação cognitiva ou
intelectual
Complexidade
do tratamento (número de medicamentos, esquema
posológico, etc.)
Normas para prescrição
Estabelecer diagnóstico preciso
Iniciar o tratamento com objetivos definidos
Racionalizar o tratamento
Utilizar preferencialmente drogas bem estudadas
Simplificar esquemas terapêuticos
Adequação da dosagem: menor dose possível
Atenção nas interações (se possível substituir)
Certificar que o paciente e/ou cuidador compreenderam o tratamento
Organizar o acompanhamento
Máximo de efeito com menor número de drogas e efeitos colaterais.
Grandes Síndromes Geriátricas
Delirium
Definição:
Síndrome cerebral orgânica, sem etiologia específica, caracterizada por
alterações da consciência e da atenção, da percepção, do pensamento, da
memória, do comportamento psicomotor, das emoções e do ciclo sonovigília.
Do latim: delirare: estar fora dos trilhos
É uma urgência médica.
Síndrome multifatorial, caracterizada por confusão mental aguda.
Habitualmente confundido com demência ou distúrbios psiquiátricos.
Frequência elevada, sobretudo em idosos internados.
Sub-diagnosticada, sub-tratada: estima-se que em 36-67% dos casos não é
feito o diagnóstico.
Prevalência: muito variável na literatura:
4-10% dos idosos internados por problemas clínicos
9-14% de idosos submetidos a cirurgia geral
30% dos idosos submetidos a cirurgia cardíaca
50% pós cirurgia de fratura de fêmur
Fatores de risco associados
Idade avançada.
Pré-existência de incapacidade cognitiva e ou funcional.
Incapacidades sensoriais.
Comorbidades.
Polifarmácia.
Fatores agudos.
Etiologias:
Distúrbios metabólicos: desequilíbrios hidroeletrolíticos e ácido-base,
hipoxemia, hipercapnia, hipo ou hiperglicemia, uremia,
Infecções
Reduções do débito cardíaco: desidratação, hemorragias, IAM, ICC
Doenças hepáticas
AVC
Medicamentos
Álcool
Psicose aguda
Fecaloma
Incontinência urinária
Neoplasias
Transferência para ambiente não familiar
Principais drogas
Álcool
Benzodiazepínicos
Analgésicos narcóticos
Anti-histamínicos
Anti-hipertensivos
Antibióticos
Antiparkinsoniano
Digoxina
Hipoglicemiantes
Ansiolíticos
Hipnóticos
Antidepressivos
Antipsicóticos
Corticosteróides
Critérios diagnósticos DSM-IV
Distúrbio de consciência com redução da atenção.
Alterações cognitivas (percepção, memória, orientação e linguagem), na
ausência de demência pré-estabelecida.
Início agudo, duração curta e curso flutuante.
Evidências clínicas, exame físico ou laboratorial de:
Condição médica geral.
Efeitos colaterais, intoxicação ou retirada de substâncias.
Múltiplos fatores.
Delirium sem outra especificação.
CAM
(Confusion Assessment Method)
Presença de 1 ou 2:
1 – Mudança de estado mental agudo e curso flutuante.
2 – Desatenção
+ presença de 3 ou 4:
Pensamento desorganizado ou incoerente
Alteração do nível de consciência
Grandes Síndromes Geriátricas
Demências
Definição
Perda persistente da capacidade intelectiva, num paciente alerta, de
intensidade suficiente para interferir com as funções sociais e ocupacionais,
com modificações no comportamento e na personalidade.
Cognição
Memória: capacidade de armazenar informações.
Linguagem: capacidade de compreensão e expressão oral e escrita.
Função Executiva: capacidade de planejamento, abstração, sequenciamento,
monitoramento e desempenho de atividades complexas.
Gnosia: capacidade de reconhecer objetos, cores, pessoas.
Praxia: capacidade motora (coordenação, sequência motora...)
Habilidade visuo-espacial: capacidade da percepção espacial e das relações
dos objetos e locais.
Critérios diagnósticos
A) Redução da memória imediata e recente
Redução da memória a longo prazo
B) Pelo menos 1 dos seguintes:
dificuldade de abstração
dificuldade para julgamento e controlar impulsos
afasia, apraxia, agnosia ou dificuldade construcional
Modificações da personalidade
C) Interferência dos sintomas com ocupação, atividades sociais ou de
relacionamento.
D) Sintomas não ocorrem apenas em delirium
E) Fator orgânico documentado ou presumido.
Sintomas freqüentes
Dificuldade para aprender informações novas.
Dificuldades para executar atividades complexas (ex.: atividade profissional,
dirigir).
Não saber o que foi fazer no local ou o que foi buscar.
Perder objetos pela casa.
Guardar objetos em locais impróprios.
Esquecer objetos como chaves, dinheiro, não fechar a casa, torneiras abertas,
fogão aceso...
Não dar recados.
Não tomar medicamentos de forma adequada.
Esquecer de compromissos, de pagar contas.
Esquecer nomes.
Repetitividade: contar sempre a mesma história, perguntar as mesmas coisas.
Dificuldades para localização espacial.
Baixa capacidade de julgamento.
Repetir e perseverar em ações.
Insistir que aquela não é a sua casa.
Não distinguir a realidade do que passa na TV.
Deixar de realizar tarefas manuais ou artesanais.
Perda do “bom senso”: comentários impróprios, jocosidade, alterações de
sexualidade, mudanças de aspectos morais prévios, trocar de roupa em
público.
Alterações de personalidade.
Subestimação de riscos envolvidos em atividades.
Criação de “planos” incongruentes com a realidade, com sua situação e sua
saúde (ex.: falar que vai arrumar um novo emprego).
Dificuldades para reconhecer pessoas e entes queridos.
Esquecer de se alimentar (ou se já alimentou).
Esquecer-se da higiene pessoal.
Desatenção, redução de reflexos.
Classificação de demências
Demências corticais:
–Doença de Alzhiemer
–Demências fronto-temporais:
Demência de Pick (Dem. Lobo frontal)
Afasia não fluente progressiva
Demência semântica
Afasia primária progressiva
DFT com parkinsonismo
DFT e doença do neurônio motor
Degeneração córtico-basal
Demências subcorticais:
Síndromes extrapiramidais:
Doença de Parkinson
Doença de Huntington
Paralisia Supranuclear Progressiva
Doença de Wilson
Degenerações espinocerebelares
Calcificação Idiopática dos Gânglios da Base
Subcorticais:
Hidrocefalia
Encefalopatias tóxicas:
endocrinopatias
estados carenciais
intoxicação por drogas
alcoolismo crônico
exposição a metais pesados
Demências mistas:
Múltiplos infartos
Múltiplos infartos + Azlhiemer
Doenças infecciosas:
Vírus lento, HIV
Paralisia Geral Progressiva
Pós-traumática
Pós-anóxica
Neoplásica
Grandes Síndromes Geriátricas
Depressão
Importância
Distúrbio psiquiátrico mais freqüente do idoso.
Prevalência muito variável na literatura:
Ambulatorial: 18% mulheres e 12 % em homens.
Hospitalizados: 11% a 45%.
Institucionalizados: 10-30%.
Estima-se que apenas 10% dos idosos deprimidos são tratados.
Repercussões
Prejuízo na recuperação e reabilitação de outras doenças.
Maior permanência hospitalar.
Prejuízo cognitivo e funcional.
Risco de quedas e acidentes.
Risco de suicídio.
Depressão no idoso
Definição:
Síndrome psiquiátrica caracterizada por humor deprimido, perda de
interesse ou prazer pelas atividades e alterações biológicas com
repercussões para a vida: redução da capacidade para pensar, interagir,
trabalhar.
Tipos de depressão
Depressão maior
Depressão menor ( distimia )
Distúrbio bipolar
Depressão atípica
Critérios Diagnósticos Depressão maior:
Mais de 2 semanas de 1 dos dois sintomas:
Humor deprimido na maior parte do tempo
Perda de interesse ou prazer pelas atividades (Anedonia).
Associado a 4 sinais ou sintomas a seguir:
insônia ou hipersonia
Perda ou ganho de peso
Agitação ou retardo psicomotor
Fadiga ou perda de energia
Auto depreciação ou culpa excessiva
Redução da capacidade de concentração, lentidão de pensamento ou
indecisão
Idéias recorrentes de morte ou tentativa de suicídio
Distimia
Sintomas se arrastam por mais de 2 anos:
Humor disfórico ou anedonia
associado a pelo menos 3 dos 13 sintomas:
Insônia ou hipersonia
Astenia ou cansaço crônico
Sentimento de inadaptação
Redução da capacidade de trabalho
Redução da atenção e concentração
Isolamento social
Redução da libido
Pessimismo
Choro fácil
Pouca fala
Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio
ausência de ilusões ou alucinações
Transtorno bipolar
Períodos de depressão intercalados com períodos de mania.
Mania:
Humor elevado, expansivo ou irritado
Pelo menos 3 dos sintomas seguintes
Aumento da auto- estima ou grandiosidade
Redução do sono
Mais falante que habitual
Fuga de idéias ou pensamentos acelerados
Distraibilidade
Aumento para certas atividades ou agitação psicomotora
Envolvimento excessivo em atividades prazerosas: sexo, compras,
investimentos
Depressão Atípica
Pseudodemência
Síndromes dolorosas (artrite, fibromialgia)
Somatizações (fadiga, queixas gastrointestinais).
Ansiedade
Abuso de álcool
Geram dificuldade diagnóstica
Grandes Síndromes Geriátricas
Quedas
Importância
Alta prevalência no idoso.
Principal causa de morte acidental.
Injúrias graves.
Fobia de queda ou síndrome de imobildade.
Aumenta a mortalidade nos anos consecutivos.
Pode representar um sinal no idoso ou prenunciar debilidade/ vulnerabilidade
físicas.
Etiologia
Múltiplas causas: é uma síndrome heterogênea
Fatores extrínsecos
Fatores fisiopatológicos
Fatores biomédicos
Fatores psicológicos e psiquiátricos
Fatores extrínsecos:
Ambiente inadequado para o idoso:
Piso irregular ou escorregadio
Tapetes
Quinas de móveis
Objetos jogados no chão
Baixa luminosidade
Escadas
Variações ambientais
Fatores fisiopatológicos:
Déficits sensoriais:
Visuais: profundidade, acuidade, campo visual, adaptação ao escuro.
Propriocepção: alteração dos receptores espalhados por todo o corpo.
Lentificação dos reflexos, da força e flexibilidade muscular.
Distúrbios vestibulares: de plano vertical e aceleração.
Fatores Biomédicos:
Doenças agudas e crônicas de qualquer aparelho.
Infecções.
Distúrbios tóxicos e metabólicos.
Desidratação.
Anemia, hipóxia.
Efeitos colaterais de medicamentos.
Incontinência urinária.
Aparelho cardiovascular:
Arritmia
Estenose Aórtica
Hipersensibilidade do seio carotídeo
I.C.O.
Hipotensão ortostática
Manobra de Valsalva: tosse, espirro, defecação
Isquemia vértebro - basilar
Neuromusculares:
A.V.C.
Convulsões
Dç. de Parkinson
Hidrocefalia de pressão normal
Lesões expansivas intracranianas
Ataxias
Miopatias
Mielopatias
Dçs. Vestibulares
Neuropatias
Demências
Infartos lacunares
Hematoma subdural crônico
Ortopédicas:
Desordens articulares
Atrofias musculares
Onicogrifoses
Hálux valgo
Fraturas não suspeitadas
Osteoartrose
Osteomalácia
Endocrinopatias:
Distúrbio tireoidiano
Diabetes descompensada
Principais drogas:
Benzodiazepínicos, neurolépticos
Antidepressivos, anticonvulsivantes
Antivertiginosos
Anti hipertensivos
Álcool, hipoglicemiantes
Distúrbios de marcha:
A.V.C.
Parkinsonismo
Infartos lacunares
Demência
Neuropatias periféricas
Hematoma subdural
Hidrocefalia de pressão normal
Ataxia cerebelar
Mielopatia cervical espondilítica
Tumores cervicais
Mielopatia por deficiência de B12
Marcha senil
Distúrbios ortopédicos
Osteomalácia
Causas psiquiátricas e psicológicas:
Depressão
Ansiedade
Demência
Estresse e eventos psicossociais
Delírium
Quadros psicóticos funcionais
Fobia de queda
Chamar a atenção
Etiologias: atividades de risco e negação das limitações físicas
Consequências das quedas
Injúrias.
Sequelas psicológicas: atestado simbólico do declínio da saúde, da
competência e da capacidade para manter a independência.
Pode gerar ansiedade com relação a doenças e morte.
Síndrome pós – queda.
Reações da família.
Abordagem do idoso com quedas
Objetivo: tentar identificar os fatores etiológicos e combatê-los.
Anamnese detalhada, observando todos as características da queda: local, o
que fazia, para que lado caiu, grau de consciência, quedas prévias.
Avaliar todos os medicamentos em uso pelo paciente.
Exame físico minucioso: P.A. nas 3 posições, acuidade e campos visuais,
exame neuropsiquiátrico, cardiovascular e locomotor acurados.
Avaliar as condições ambientais do paciente.
Avaliação complementar que for necessária.
Tratamento
Tratamento das injúrias.
Reabilitação multidisciplinar.
Modificação de todos os fatores extrínsecos.
Modificação e tratamento de todas as condições clínicas associadas.
Apoio para marcha, por exemplo andadores.
Tto da fobia de queda e da auto – estima.
Reabilitação
Adaptação ambiental
Grandes Síndromes Geriátricas
Síndrome de Imobilidade
Importância
Aumento da sobrevida, com conseqüente aumento das doenças crônico
degenerativas e aumento da prevalência de imobilidade.
Múltiplas etiologias associadas.
Múltiplas conseqüências: “efeito dominó”.
É uma síndrome freqüente e de pouco domínio de outras especialidades.
Dificuldades no nosso sistema de saúde para atendimento multidisciplinar e
atendimentos domiciliares.
Alta ocorrência de institucionalização.
Deve-se promover a melhor qualidade de vida possível e a dignidade da vida
e da morte.
Questão cultural:
“Idoso deve repousar”.
“Idoso deve ficar mais quieto dentro de casa”.
“Tem que ficar na cama após cirurgias e em qualquer doenças”.
Sabe-se da necessidade do estimulo à deambulação precoce e
independência funcional.
Definição
Complexo de sinais e sintomas resultantes da limitação de movimentos e
da capacidade funcional, que geram empecilho à mudança postural e à
translocação corporal.
Na prática: verificamos a incapacidade de se deslocar sem auxílio do leito
ao sanitário, para executar suas necessidades fisiológicas.
Classificação
Temporária: fraturas, cirurgias, internações, doenças agudas, infecções...
Crônica: demências, depressão grave, astenia, doenças cárdiorespiratórias,
dor crônica, neoplasia com metástases ósseas ou do SNC, desequilíbrio,
doenças agudas, fraturas, distúrbios de marcha, fobia de queda, seqüela de
AVC...
Pode ser uma forma de manifestação atípica de doença no idoso.
Critérios Diagnósticos
Maiores:
Múltiplas contraturas musculares
Déficit cognitivo médio a grave
Menores:
Sofrimento cutâneo: macerações
Úlceras de pressão
Disfagia leve a grave
Incontinência urinária e/ou fecal
Afasia
Complicações da Imobilidade
Efeito dominó
Tegumentares:
Atrofia de pele
Escoriações
dermatites, micoses
úlceras de pressão
Redução da imunidade
Respiratórias:
redução da ventilação pulmonar
Pneumonias
Insuficiência respiratória
Músculo-esqueléticas
osteoporose, artrose e anquilose, fraturas
Atrofia muscular, encurtamneto de tendões, hipertonia e contraturas
Cardiovasculares:
fenômenos tromboembólicos
Edema
Vasculopatia arterial
Hipotensão postural
Urinários:
incontinência urinária
ITU
Retenção urinária
SNC:
Delirium
Piora do déficit cognitivo
Alterações do sono
Digestivas:
Desnutrição
Constipação intestinal, Fecaloma
Disfagia
Gastroparesia
Metabólicas:
Redução da resposta à insulina
deficiência da síntese de vitamina B12
Grandes Síndromes Geriátricas
Incontinência urinária
Definição
Perda involuntária de urina em quantidade e frequência suficientes para
causar problemas sociais e de higiene
Não há consenso na definição do grau: leve, moderada ou grave
Importância
Um dos “5 Is “da geriatria:
imobilidade, instabilidade postural, incontinência, insuficiência cerebral e
iatrogenia
Alta prevalência em idosos
Preconceito de que incontinência urinária é parte do envelhecimento normal
Negligência: é uma condição subdiagnosticada, subavaliada, subtratada
Redução na qualidade de vida
Limitação social, isolamento social, solidão
Insegurança em locais públicos
Limitação de atividade sexual
Representa grandes gastos em saúde
Causa frequente de institucionalização
Relação com:
odor fétido
perda funcional
perda da auto-estima
quedas e fraturas
distúrbios emocionais: depressão, ansiedade
maceração cutânea
ITU
Prevalência
Nos Estados Unidos: 50% - 70% dos idosos institucionalizados
População idosa geral, da comunidade: 10%-33% dependendo do estudo
Sexo feminino: 12% - 49%
Sexo masculino: 7% - 22%
Senescência
Modificações funcionais e estruturais fisiológicas do evelhecimento:
hipoestrogenismo
aumento do volume prostático
redução da capacidade vesical
aumento do volume residual vesical
contrações não inibidas do Detrussor
Classificação
Transitória ou aguda
Estabelecida ou crônica:
Urgência
Esforço
Hiperfluxo
Funcional
Mista
Modalidades de atendimento ao idoso
Ambulatório.
Hospital.
Assistência domiciliar.
Hospital-dia.
Centro-dia.
Grupos de convivência
Instituição de longa permanência.
Envelhecimento Ativo
Atividades Físicas regulares
Alimentação Balanceada
Cessar Vícios
Ter ideais de vida, sonhar
Lazer
Socialização
Aprimorar Hobbies e habilidades
Sexualidade
Objetivos da Gerontologia
Atingir o maior grau possível de autonomia e independência funcional.
Melhorar a qualidade de vida do idoso.
Abordar todos os problemas de saúde e criar o plano de cuidados
individualizado.
Prevenir, tratar e reabilitar os chamados 5 is: imobilidade, instabilidade
postural, incontinência, insuficiência cerebral e iatrogenia.
Abolir o preconceito de que tudo é “da idade”.
Permitir a distinção entre as alterações do envelhecimento e a presença de
doenças.
Promover o atendimento interdisciplinar.
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