assistencia de enfermagem - TCC On-line

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
Ana Paula Rigoni
ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM
SINDROME DE FOURNIER EM UTI: RELATO DE EXPERIÊNCIA
CURITIBA
2012
Ana Paula Rigoni
ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM
SINDROME DE FOURNIER EM UTI: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso
apresentado ao Curso de Terapia Intensiva
Visão Multiprofissional da Faculdade de
Ciências
Biológicas
Universidade
Tuiuti
e
do
da
Saúde
Paraná,
da
como
requisito parcial para a obtenção do grau de
Enfermeira de Unidade de Terapia Intensiva.
Orientadora: Dr Ozana de Campos.
CURITIBA
2012
SUMÁRIO
1.0 INTRODUÇÃO ...................................................................................01 - 03
1.1 Objetivos .....................................................................................................04
2.0 METODOLOGIA ................................................................................ 05 e 06
3.0 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................... 07
3.1 Definição .................................................................................................... 07
3.2 Quadro clínico ............................................................................................ 08
3.3 Sintomas .................................................................................................... 08
3.4 Causas ............................................................................................... 08 e 09
3.5 Diagnostico ................................................................................................ 09
3.6 Tratamento ..........................................................................................09 e 10
4.0 RELATO DE EXPERIÊNCIA ............................................................ 11 á 15
5.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................. 16 e 17
6.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ..................................................18 e 19
RESUMO
A gangrena de Fournier é uma infecção polimicrobiana causada por
bactérias aeróbias e anaeróbias, que atuam de maneira sinérgica, levando a
uma fascite necrotizante que acomete principalmente as regiões genital,
perianal e perineal. A gangrena de Fournier pode ser idiopática ou estar
associada a fatores predisponentes, como diabetes mellitus, alcoolismo,
trauma mecânico, procedimentos cirúrgicos, pacientes imunossuprimidos,
infecções do trato urinário ou perianais, entre outras.
Os sinais e sintomas desta síndrome são: dor, edema, eritema,
crepitação dos tecidos e necrose das fáscias, onde em alguns casos aparece
posteriormente quadro de febre e drenagem de secreção purulenta com odor
fétido. O diagnóstico baseia-se em sinais clínicos, no exame físico ou através
de testes laboratoriais.
O tratamento baseia-se na estabilização clínica do paciente, no
desbridamento cirúrgico com drenagem da área comprometida e administração
de antibióticos de largo espectro.
Este trabalho apresentará um relato de experiência vivenciado no
acompanhamento de uma paciente portadora de síndrome de fournier.
Palavras Chave: Enfermagem, Síndrome de fournier, Cuidados de
Enfermagem.
TERMO DE APROVAÇÃO
ANA PAULA RIGONI
ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM
SINDROME DE FOURNIER EM UTI: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Este estudo foi julgado e aprovado para obtenção de título de Enfermeiro
especialista em Terapia Intensiva adulto, infantil e neonatal.
Curitiba 24 de agosto de 2012.
______________________________________
Pós graduação em Terapia Intensiva,
Universidade Tuiuti do Paraná.
ORIENTADOR: Dra. OZANA DE COMPOS
1
1.0 INTRODUÇÃO
A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) surgiu da necessidade
organizacional dos profissionais de saúde para a realização da assistência a
pacientes com alto grau de complexidade, visando um melhor atendimento com
observação
constante
em
um
ambiente
restrito
e
com
assistência
especializada. Trata-se de uma idéia antiga que começou a ser realizada por
Florence Nightingale ao isolar os doentes mais graves, durante a Guerra da
Criméia, em 1800 (PINA et all, 2008).
Pina et all (2008), citam que embora ofereça um serviço especializado,
com profissionais extremamente capacitados, a UTI é considerada um setor
gerador de estresse nos pacientes, por diversos fatores, tais como: estrutura
ambiental, pelas técnicas e procedimentos realizados, pela doença que
contribui para isso e interfere na capacidade de adaptação e mudanças no
indivíduo e na sua família.
Nas unidades de terapia intensiva, são inúmeros os tipos de pacientes e
diversos os diagnósticos a serem tratados, dentre eles esta a Síndrome de
Fournier, patologia a qual demanda conhecimento a habilidade por parte dos
profissionais de saúde, para seu tratamento.
A gangrena de Fournier é uma infecção polimicrobiana causada por
bactérias aeróbias e anaeróbias que, atuam de maneira sinérgica, levando a
uma fascite necrotizante que acomete principalmente as regiões genital,
perianal e perineal (HOFFMANN et al,2009).
Candelária et all, (2009) definem a fascite necrótica perineal (Síndrome
de Fournier) como infecção grave dos tecidos moles, de etiologia não
totalmente
esclarecida,
porém
associada
a
procedimentos
urológicos,
2
protológicos
ou
ginecológicos,
além
de
diabetes
mellito,
alcoolismo,
desnutrição grave e outros estados de imunodepressão.
Apesar da controvérsia na descrição da síndrome, ela é caracterizada
por uma infecção polimicrobiana, com uma causa identificável em 95% dos
casos, que se inicia na região genital ou perineal. Ela é caracterizada por uma
endarterite obliterante, seguido de uma isquemia e trombose dos vasos
subcutâneos que resultam em necrose da pele e tecido subcutâneo adjacente,
mesmo antes da evidência de eritema, crepitação e formação de bolhas.
(MEHL et all, 2010).
Hoffmann et all,(2009) relatam que nesta enfermidade ocorre trombose
vascular subcutânea e necrose de tecidos. A isquemia local
é
efeito
sinérgico das bactérias. A necrose dos tecidos por sua vez, favorece a entrada
de bactérias a áreas previamente estéreis.
O mesmo autor também cita que a gangrena de Fournier pode ser
idiopática ou estar associada a fatores predisponentes, como diabetes mellitus,
alcoolismo,
trauma
mecânico,
procedimentos
cirúrgicos,
pacientes
imunossuprimidos, infecções do trato urinário ou perianais, entre outras.
Apesar do tratamento cirúrgico imediato a mortalidade permanece
elevada, alcançando em alguns estudos 30% a 50%, aumentando para até
80% em diabéticos e idosos. (HOFFMANN et all, 2009).
Os sinais e sintomas são: dor, edema, eritema, crepitação dos tecidos e
necrose das fáscias, onde em alguns casos aparece posteriormente quadro de
febre e saída de secreção purulenta com odor fétido do abscesso já formado
no processo inicial. (BARBOSA, 2007).
3
Judice et all,(2010) relatam que o quadro clínico da gangrena de
Fournier é variável, o paciente exibe de dois a sete dias de febre, com
hiperemia, necrose cutânea e crepitação. Celulite não responsiva a antibióticos
e sintomas de choque desproporcionais às alterações cutâneas são sinais que
levantam suspeitas. Também relatam que os principais patógenos isolados
existenetes
na
Staphylococcus,
patologia
são
Klebsiella,
Peptostreptococcus,
Proteus,
Bacteróides,
Streptococcus,
Pseudomonas
e
Clostridium.
Optou-se por realizar este estudo devido a vivencia de um caso
presenciado, onde se pôde observar a dificuldade na assistência a uma
paciente portadora da Síndrome de Fournier, devido ao pouco conhecimento e
a não afinidade por tratamento de feridas dos profissionais atuantes em uma
Unidade de Terapia Intensiva.
4
1.1 OBJETIVOS
Discorrer sobre o que é a Síndrome de Fournier, relatando sua
incidência, prevalência, métodos de tratamento.
Fazer o relato de caso de experiência no acompanhamento de uma
paciente portadora da Síndrome de Fournier.
5
2. METODOLOGIA
A metodologia aplicada do referido trabalho será baseado em uma vivencia
profissional, levantamentos bibliográficos, busca eletrônica de artigos baseados
em dados scielo (Scientific Eletronic Online).
A natureza da pesquisa será de forma aplicada através dos
instrumentos, meios e métodos para se chegar às aplicações práticas
(SANTOS, 2007).
Ao acompanhar o caso da paciente, observou-se os cuidados realizados
para o tratamento da síndrome e percebeu-se as dificuldades no atendimento.
Como embasamento foi necessário realizar uma pesquisa teórica que se deu
de forma qualitativo-descritiva, onde para Minayo (2003) pesquisa qualitativa é
o pensamento a ser seguido e trata-se do conjunto de técnicas adotados para
construir uma realidade através de crenças, valores e significados.
E de acordo com Gil (1991) a pesquisa descritiva, como o próprio nome
diz, descreve as características de determinada população ou fenômeno ou o
estabelecimento de relações entre variáveis, envolvendo o uso de técnicas
padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática,
fazendo um levantamento do assunto abordado.
Para o desenvolvimento deste relato os dados primários, feito através da
vivencia profissional num determinado hospital, e os dados secundários
relacionado à teoria, fundamentado em autores renomados, através da
pesquisa bibliográfica.
De acordo com Gil (2007, p. 64) a “pesquisa bibliográfica é desenvolvida
a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos
científicos.
6
Para Santos (2007, p. 126) “é um tipo de pesquisa obrigatório a todo e
qualquer
modelo
de
trabalho
científico”.
É
um
estudo
organizado
sistematicamente com base em materiais publicados. São exigidas a busca de
informações bibliográficas e a seleção de documentos que se relacionam com
os objetivos da pesquisa.
Ainda de acordo com Santos (2007, p. 139), a Fundamentação teórica
também conhecida como referencial teórico, revisão da literatura ou ainda
pressupostos
teórico,
a
fundamentação
teórica
é
a
parte
do
planejamento/projeto que apresenta o desenvolvimento de um texto sobre o
tema, com base nos principais autores consultados, no qual o aluno não
tentará esgotar o assunto, pois é um estudo ainda prévio da pesquisa.
Para realização deste trabalho, foi realizado um relato de uma
experiência vivenciada em um hospital da cidade de Curitiba.
7
3.0 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 DEFINIÇÃO
A Sindrome de Fournier é uma fascite necrotizante rapidamente
progressiva, que acomete a genitália e a região perineal. Mesmo com os
avanços na terapêutica, a morbidade e a mortalidade desta afecção
permanecem elevadas (BATISTA et all 2009).
Hoffmann et all (2009), relatam que nesta enfermidade ocorre endarterite
obliterante causando trombose vascular subcutânea e necrose de tecidos. A
necrose dos tecidos por sua vez, favorece a entrada de bactérias a áreas
previamente estéreis. A gangrena de Fournier pode ser idiopática ou estar
associada a fatores predisponentes, como diabetes mellitus, alcoolismo,
trauma mecânico, procedimentos cirúrgicos, pacientes imunossuprimidos,
infecções do trato urinário ou perianais, entre outras.
A Síndrome de Fournier foi classificada em primária, quando uma causa
não era
reconhecida,
identificados.
e secundária
quando fatores causadores são
A doença não é exclusiva de homens, pois já existem casos
descritos de necrose vulvar (MEHL et all 2010).
A síndrome de Fournier, também conhecida como fascíte necrosante,
síndrome de Mellené ou gangrena de Fournier, é caracterizada por uma
infecção aguda dos tecidos moles do
períneo, com celulite
necrotizante
secundária a germes anaeróbicos ou bacilos gram-negativos, ou ambos. A
infecção pode desenvolver-se sob pele aparentemente normal, dissecando o
tecido com necrose. (OLIVEIRA et all 2012).
8
3.2 QUADRO CLÍNICO
Judice et all, (2010) relatam que o quadro clínico da gangrena de
Fournier é variável, o paciente exibe de dois a sete dias de febre, com
hiperemia, necrose cutânea e crepitação. Celulite não responsiva a antibióticos
e sintomas de choque desproporcionais às alterações cutâneas são sinais que
levantam suspeitas. Também relatam que os principais patógenos isolados
existentes na patologia são Klebsiella, Proteus, Streptococcus, Staphylococcus,
Peptostreptococcus, Bacteróides, Pseudomonas e Clostridium.
Geralmente esta síndrome causa perda de grande área de tecido,
podendo espalhar-se para outras áreas além do períneo, como abdome,
membros inferiores, dorso, tórax e retroperitônio (MAURO et all, 2011).
3.3 SINTOMAS
Os sinais e sintomas desta síndrome são: dor, edema, eritema,
crepitação dos tecidos e necrose das fáscias, onde em alguns casos aparece
posteriormente quadro de febre e drenagem de secreção purulenta com odor
fétido do abscesso já formado no processo inicial (BARBOSA, 2007).
3.4 CAUSAS
As causas desta patologia são várias como, procedimentos cirúrgicos,
agressivos nas regiões genitais, perianal e perineal dos indivíduos, também
existem causas raras, como introdução de próteses penianas. As principais
causas ocorrem devido a doenças associadas, como diabetes mélito que pode
chegar até 60% dos casos. Além disso, idade avançada, hospitalização
prolongada, carcinoma e alcoolismo são mencionados, além de corticoterapia,
9
desnutrição, radioterapia, quimioterapia, imunossupressão, defeitos sensoriais,
falência renal, hemodiálise, vasculite, cirrose, lúpus e SIDA (CANDELARIA et
all, 2009).
3.5 DIAGNOSTICO
Mehl et all, (2010) relatam que o diagnóstico desta patologia baseia-se
em sinais clínicos e no exame físico. Testes laboratoriais são inespecíficos
demonstrando na maioria dos casos anemia, leucocitose, trombocitopenia
hiperglicemia, hiponatremia, hipocalemia, azotemia e hipoalbuminemia.
O mesmo autor relata também que o tempo médio do diagnóstico é de
seis dias com os métodos convencionais e de 21 horas com a simples
identificação de fascíte necrotizante em exemplares de biópsia por congelação.
A prevenção da síndrome de Fournier é feita pelo controle das doenças
de base do paciente e pelo tratamento precoce das infecções e traumas do
períneo e do sistema geniturinário (MAURO et all, 2011).
3.6 TRATAMENTO
O tratamento baseia-se, principalmente, no manejo cirúrgico, variando
desde a simples drenagem até desbridamento radical com ou sem derivação
fecal ou urinária, seguido ou não de rotação de retalhos, uso de antibióticos de
largo espectro e medidas de suporte. Existem também medidas adjuvantes
como a câmara hiperbárica para prevenir a extensão da necrose, reduzir sinais
sistêmicos da infecção e melhorar a sobrevida do tecido isquêmico (MEHL, et
al, 2010).
10
Mauro, et all (2011), relata que o tratamento da doença consiste na
retirada de tecidos desvitalizados, onde os antibióticos não penetram. A
antibioticoterapia deve ser de amplo espectro, pois vários são os germes
responsáveis,
em
escala
Pseudomonas
pyocyaneus,
decrescente
de
Staphylococcus
incidência: Escherichia
spp.,
Streptococcus
coli,
spp.,
Bacteroides spp., Proteus spp., Clostridium spp., Klebsiella pneumoniae, entre
outros.
Em
pacientes
com
quadro
séptico,
cuidados
intensivos
como
manutenção dos sinais vitais e oxigenação dos tecidos usando suporte de
ventilação mecânica, se necessário, é de fundamental importância.
O tratamento baseia-se na estabilização clínica do paciente, no
desbridamento cirúrgico com drenagem da área comprometida e administração
de antibióticos de largo espectro, sendo uma cefalosporina de 3º geração ou
penicilina, um aminoglicosídeo ou metronidazol para anaeróbios. O curativo do
local é essencial após o desbridamento para remoção de secreção purulenta,
de tecido de fibrina e auxilia no processo de cicatrização (BARBOSA, 2007).
11
4.0 RELATO DO CASO
O relato de experiência foi vivenciado em um hospital privado da cidade
de Curitiba, Paraná. O caso foi presenciado pela enfermeira assistencial de
uma Unidade de Terapia Intensiva. A enfermeira assistencial tem como função
a assistência direta ao paciente, prestando cuidados de maior complexidade ao
mesmo. A unidade onde a paciente encontrava-se é composta por 09 leitos,
onde 04 são de isolamento. A unidade atende a pacientes com diagnósticos
crônicos, que permanecem por tempo prolongado de internamento e
principalmente pacientes que são colonizados por bactérias multirresistentes.
Paciente M.G.S, 73 anos, sexo feminino, caucasiana,viúva, residente da
cidade de Curitiba PR, dá entrada na unidade no dia 01/08/2011 as 18:00
horas no pós operatório imediato de desbridamento cirúrgico em região
perianal, com história pregressa de pós operatório tardio de hemorróidectomia
com evolução para síndrome de Fournier. Internada há 01 dia em um
determinado CMUM onde relatava algia perianal e dispnéia. É encaminhada
para o hospital onde foi avaliada e encaminhada para o centro cirúrgico, para
realização do desbridamento.
Dá entrada na unidade proveniente do centro cirúrgico, entubada em
ventilação mecânica, sob efeito sedativo, com acesso venoso periférico em
veia jugular externa esquerda, acesso venoso central em veia subclavia direita,
com infusão de dopamina e soroterapia. Com monitorização da pressão
invasiva. Sonda nasogástrica aberta em frasco coletor sem debito. Curativo
perianal, com dreno de penrose com drenagem de secreção purosanguinolenta
de odor fétido. Lesão em região glútea com presença de tecido necrótico.
12
Eram realizados cuidados de enfermagem diários a paciente e dentre
eles a troca do curativo da lesão localizada nas regiões perianal, anal e sacral,
três vezes por dia, nos períodos da manhã, tarde e noite devido á grande
drenagem de secreção purulenta com odor fétido.
Pode-se observar uma dificuldade muito grande no tratamento da lesão
devido á falta de conhecimento e a pouca afinidade por parte dos profissionais
de enfermagem em relação ao tratamento de feridas.
Na instituição onde ocorreu o caso, existe uma comissão de curativos
formada por enfermeiras e um médico, atuantes no hospital. Os mesmos é que
avaliavam a lesão semanalmente e definiam o tratamento a ser implantado. Os
curativos eram realizados com materiais padronizados segundo livro de
protocolo implantado pela comissão de curativos.
As enfermeiras da comissão de curativos prestavam orientações aos
colaboradores da enfermagem sobre a maneira que deveriam ser realizados os
curativos e quais os materiais a serem utilizados, segundo protocolo da
instituição. Devido ao grau de complexidade da lesão, foi definido que somente
os enfermeiros é que poderiam realizar os curativos, para maior controle e
avaliação do progresso do tratamento.
O quadro clinico da paciente, era instável onde foi necessário o inicio de
infusão de drogas vasoativas como noradrenalina, dobutamina entre outras. A
mesma não conseguia fazer o desmame da ventilação mecânica, agravando
ainda mais o caso, onde a sua mobilidade ficava cada vez mais difícil.
Semanas se passarem e a paciente permanecendo na ventilação
mecânica foi submetida á traqueostomia, apresentando grande quantidade de
secreção purulenta em vias aéreas. Através da coleta de culturas da paciente
13
foi diagnosticada, a presença de várias bactérias multirresistentes, como
MRSA, Klebsiela, Acinetobacter, sendo necessária a utilização de antibióticos
de maior espectro no tratamento.
O período de internamento foi prolongando-se e as condições da
paciente piorando cada vez mais. Encontrava-se muito edemaciada, com
drenagem de exsudato, não tolerando mudança de decúbito, dificultando o
tratamento da lesão.
A região sacra, perianal e anal encontrava-se com grande quantidade de
esfacelos, com presença de tecido necrótico, com drenagem em grande
quantidade de secreção purulenta de odor fétido. Segundo orientação da
comissão de curativos e conforme a padronização dos materiais da instituição
os curativos eram realizados com água destilada para lavagem da cavidade
com auxilio de gaze estéril, era aplicado iruxol para desbridamento do tecido
necrótico, hidrogel para retirada de esfacelos e ácido graxos essenciais (AGE),
nos locais com presença de tecido de granulação. Para oclusão da área era
utilizado gaze estéril e chumaço.
Segundo o protocolo de curativos especiais 2011, elaborado pela
comissão de curativos da instituição os produtos utilizados no tratamento da
ferida desenvolvem as seguintes funções. Hidrogel promove a remoção de
crostas ou tecidos desvitalizados de feridas abertas através do desbridamento
autolítico. Ácido graxo essencial (AGE) promove a quimiotaxia e angiogênese,
também mantém o meio úmido e acelera o processo de granulação tecidual.
Iruxol promove o desbridamento autolítico de tecidos necróticos.
Como característico da síndrome de fournier surgiram túneis profundos
na região sacral o qual ocasionada acúmulo de secreção purulenta. Havia
14
exposição óssea do cóquis. Devido à grande drenagem de secreção purulenta
de odor fétido, foi utilizada uma placa de carvão ativado e prata o qual absorve
a secreção e minimiza o odor fétido da lesão.
O curativo de carvão ativado tem como função a absorção de exsudato e
filtra o odor fétido, a prata exerce função bactericida.
Os curativos continuavam a serem realizados diariamente, sendo
realizada lavagem e desbridamento mecânico da necrose e esfacelos, a
quantidade de secreção purulenta diminuía gradativamente.
Após dois meses de internamento a paciente foi encaminhada para o
centro cirúrgico para novo desbridamento cirúrgico onde foi realizada
colostomia para desvio do trânsito intestinal, minimizando a contaminação
pelas fezes.
Retorna para a UTI onde houve a continuidade aos cuidados diários,
curativo realizado três vezes por dia.
Após meses de tratamento sendo realizado o curativo diariamente com
material adequado juntamente com o tratamento medicamentoso, observou-se
uma melhora significativa da lesão, onde a mesma encontrava-se com
pequena quantidade de esfacelos, tecido necrótico em pequenos pontos, a
maior extensão da lesão apresentando tecido de granulação, dois dos três
túneis fecharam e a lesão drenava pequena quantidade de secreção purulenta.
Após quatro meses e internamento com tratamento especifico a
Sindrome de Fournier a paciente permanecendo traqueostomizada em
ventilação mecânica, não apresentando melhora com tratamento clinico
apresenta parada cardio respiratória e vai a óbito em 24/12/2011.
15
5.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A síndrome de Fournier é uma doença não muito conhecida
que
acomete tecidos moles da região da genitália dos indivíduos. Ocorre
principalmente em homens, mas já existem casos relatados com mulheres
como o caso acima citado.
É uma doença que causa necrose de tecidos acometidos por bactérias
aeróbias e anaeróbias que invadem tecidos previamente estéreis.
A patologia exige tratamento adequado e específico necessitando muitas
vezes de cuidados intensivos como antibioticoterapia e realização de curativos
adequados. Ocorre por meio de trauma do local através de um ato cirúrgico ou
por co-morbidades que predispõe para o desenvolvimento da síndrome.
Para o tratamento desta síndrome, é necessário conhecimento por parte
dos profissionais que prestam cuidados diretos ao paciente.
A falta de conhecimento dos profissionais de saúde é fator agravante no
tratamento de patologias mais complexas como a síndrome de fournier.
No acompanhamento do caso da paciente portadora da Síndrome de
Fournier, foi observada a dificuldade na percepção da evolução de melhora da
lesão da paciente devido a não realização correta dos curativos, por falta de
conhecimento sobre a síndrome, falta de habilidade e conhecimento nos
cuidados a serem realizados na realização dos curativos.
A comissão de curativos atuante na instituição, observando, a
dificuldade da equipe no tratamento a lesão da paciente, passou a atuar
ativamente avaliando diariamente a lesão acompanhando a realização dos
16
curativos. Desta forma percebeu-se uma melhora gradativa da lesão, onde
pode se observar a ação de cada produto utilizado no tratamento.
A equipe aperfeiçoou o conhecimento a respeito da síndrome e passou a
conduzir melhor o tratamento.
Ao termino deste trabalho, conclui-se que é de fundamental importância
o conhecimento por parte dos profissionais de saúde para que cada vez mais
os profissionais prestem cuidados de melhor qualidade.
17
6.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
ARTHUR LEOPOLDO HOFFMANN, LUIZ FERNANDO IGLESIAS, WALTER
WENDHAUSEN ROTHBARTH, SÍNDROME DE FOURNIER: RELATO DE
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