Alm do Primeiro Lugar em Exportaes de Carne Bovina

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XLIII CONGRESSO DA SOBER
“Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial”
Custo de produção na avicultura alternativa do
Distrito federal.
Mauro Vaz da Costa
Colaborador do Núcleo de Estudos Agrários da Universidade de Brasília – NEAGRI/UnB
SQN – 116 Bl. H Apto 207 Brasília- DF CEP 70773-040
[email protected]
Wady Lima Castro Júnior
Colaborador do Núcleo de Estudos Agrários da Universidade de Brasília – NEAGRI/UnB
Q-300 Conj. 10 Casa 19 Recanto das Emas – DF CEP 72610-110
[email protected]
Flávio Borges Botelho Filho
Prof. Dr. da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de BrasíliaFAV/UnB
Campus Universitário Darcy Ribeiro, Colina Bl. E Apto 607 Brasília-DF CEP 70910-900
[email protected]
Grupo de Pesquisa 01 - Comercialização, Mercados e Preços Agrícolas
Apresentação com presidente da sessão e sem a presença de debatedor
1
Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005
Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural
XLIII CONGRESSO DA SOBER
“Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial”
Custo de produção na avicultura alternativa do
Distrito federal.
Resumo
A Avicultura Alternativa vem demonstrando crescimento sustentado ao longo dos
anos, firmando-se como atividade economicamente promissora, quer como fonte de
agregação de renda do agricultor familiar, quer como instrumento de sustentabilidade
alimentar, disponibilizando proteína de alta qualidade (carne e ovos) a baixo custo. Assim,
este trabalho objetiva analisar a estrutura de custo dos produtores envolvidos na exploração
avícola alternativa no Distrito Federal, como meio de detecção de pontos críticos para
melhoria do desempenho econômico da atividade. Na realização deste trabalho, utilizou-se
a metodologia do “Estudo de Caso”, a partir da realidade de produtores localizados no
Distrito Federal. Para tanto, levantaram-se os custos de produção de 08 (oito) produtores
da avicultura alternativa no DF, sendo 04 (quatro) avicultores de corte e 04 (quatro) de
postura. O custo operacional médio de produção para os avicultores de corte analisados foi
de aproximadamente R$ 6,38/ave. Destes custos, a aquisição de pintainhos, arraçoamento e
mão-de-obra responderam por, aproximadamente, 87,4%. O custo operacional médio de
produção para os avicultores de postura analisados foi de aproximadamente R$ 32,45/caixa
de 360 ovos. A aquisição de aves, arraçoamento e mão-de-obra foram responsáveis por,
aproximadamente, 90% do custo médio destes produtores. Tanto a atividade avícola
alternativa de corte quanto de postura mostraram-se atividades lucrativas. No entanto, a
maior rentabilidade se dá para a avicultura de corte.
PALAVRAS-CHAVE: Custo, Avicultura alternativa de corte, Avicultura alternativa
de postura.
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“Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial”
Custo de produção na avicultura alternativa do
Distrito federal.
1. INTRODUÇÃO
A avicultura no Brasil tem alcançado cada vez mais importância no contexto do
agronegócio. Promotor do emprego de mão-de-obra de milhares de pessoas – sendo que a
maior parte dos empregos gerados é proveniente de empregos indiretos – o complexo
agroindustrial brasileiro tem conquistado sua fatia do mercado internacional, onde ocupa a
posição de segundo maior exportador mundial de frangos de corte. Este sucesso tem forte
relação com os investimentos realizados em melhoria genética e pesquisas relacionados à
nutrição animal, ambiência e manejo sanitário, além do setor de medicamentos face à
competitividade do cenário mundial.
Estas observações quanto à tecnologia são aplicadas à avicultura industrial quer seja
na produção de frango de corte, quer seja na produção de ovos. Entretanto, há um grande
abismo entre esta avicultura industrial e a tida como uma atividade de produção caipira
independente, no que tange desde a tecnologia empregada até os canais de distribuição
presentes em cada atividade.
Com o sistema de criação intensiva, houve uma revolução na organização da
produção, permitindo pela primeira vez a consolidação de estruturas produtivas em moldes
industriais, o que levou a avanços contínuos nas economias de escala.
Uma nova vertente da avicultura foi consolidada com a introdução de um novo
conceito de sistema de produção, denominada avicultura “caipira”. A ave caipira é aquela
proveniente de uma criação cuja alimentação deve ser suprida basicamente por alimentos
naturais como pasto, capim picado, insetos, minhocas, etc. Este conceito permanece
inalterado; o que mudou foi à qualidade da ave que está sendo criada neste sistema: uma
ave melhorada geneticamente, que adquiriu precocidade e potencial de crescimento sem
perder as características de rusticidade. Deste novo contexto surgiu o conceito de
Avicultura Alternativa, como sendo um sistema ecologicamente correto e socialmente
justo de produção de “carne e ovos caipira”.
A criação de aves alternativas é uma tendência mundial crescente, fortemente
disseminada na Europa, principalmente na França, onde este tipo de carne já ocupa 30% do
mercado de carne de aves. A avicultura alternativa chegou ao Brasil no início da década
de 90, e atualmente ocupa uma fatia de mercado correspondente a aproximadamente 0,5%
do mercado avícola industrial. O consumo deste tipo de carne no Brasil ganhou muito
mercado a partir daquela década. De lá para cá, a produção brasileira quase dobrou,
passando de 2,3 para 4,2 milhões de toneladas por ano. Hoje consome-se 60% mais mais
do que há cinco anos, o que promete altos rendimentos às granjas bem estruturadas de todo
o país. (Gessuli, 1999).
No Distrito Federal, a atividade avícola como um todo é responsável pela maior
participação no PIB agropecuário local. Esta produção industrial é respaldada pelo sistema
de integração vertical adotado pelas empresas atuantes no setor. Neste sistema, há um forte
relacionamento calcado nos arranjos contratuais entre os diversos elos do setor, desde o
fornecimento de insumos até a comercialização dos produtos gerados.
Já no que se refere à atividade caipira, com suas características muito distintas e
pitorescas, o sistema de produção é, basicamente, independente, onde a presença de
arranjos contratuais formais é quase sempre ausente.
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“Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial”
Tipicamente caracterizada como atividade agropecuária relacionada à Agricultura
Familiar, a Avicultura Alternativa vem demonstrando crescimento sustentado ao longo dos
anos, firmando-se como atividade economicamente promissora, quer como fonte de
agregação de renda do agricultor familiar, quer como instrumento de sustentabilidade
alimentar, disponibilizando proteína de alta qualidade (carne e ovos) a baixo custo.
Respaldada por políticas institucionais específicas, a agricultura familiar brasileira tem
conseguido inserir-se de forma sustentável na economia contemporânea. Este segmento é
responsável pela produção de 40% das aves e ovos produzidos no Brasil, segundo dados do
Ministério do desenvolvimento Agrário – MDA.
O Distrito Federal possui um mercado atípico, caracterizado pela tendência em
consumir alimentos voltados ao natural e fortemente regido por fatores culturais. Os
hábitos alimentares estão bastante relacionados ao regionalismo (cozinhas nordestina,
mineira, e goiana), e os produtos da avicultura alternativa figuram com importante papel na
preparação de pratos típicos.
O presente trabalho faz parte da Plataforma do Programa de Agricultura Familiar,
desenvolvido pelo Núcleo de Estudos Agrários da Universidade de Brasília –
NEAGRI/UnB, e tem como objeto, contribuir com o fortalecimento da Avicultura
Alternativa, como instrumento de agregação de qualidade de vida dos produtores rurais.
Desta maneira, este trabalho objetiva analisar a estrutura de custo dos produtores
envolvidos na exploração avícola alternativa no Distrito Federal, como meio de detecção
de pontos críticos para melhoria do desempenho econômico da atividade. Especificamente,
pretende-se: calcular os custos de produção dos produtores envolvidos na avicultura
alternativa e desenhar a estrutura da cadeia produtiva (segmentos).
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Um dos fatores que tem influenciado fortemente a expansão da produção avícola para
o Centro Oeste é devido à proximidade com as áreas de produção de milho e soja,
principais componentes da ração destinadas às aves, além de terras relativamente baratas.
Estes pontos devem ser considerados fomentadores da progressão exploratória da atividade
avícola no Distrito Federal, haja vista a sua posição espacial e produtiva de grãos,
favorecendo uma melhor logística de suprimento na cadeia, com diminuição de custos de
transporte e mantendo uma harmonização do fornecimento e da comercialização.
Com o passar dos anos, o consumo per capita de frango tem aumentado
progressivamente, como pode ser observado na figura abaixo, ressaltando-se a participação
da produção de frango alternativo, em torno de 0,5% do mercado avícola industrial. Dentre
os anos 1989 a 2003 houve um aumento de 162% no consumo per capita de carne de
frango no Brasil.
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35,0
30,0
25,0
20,0
15,0
kg/hab.
10,0
5,0
0,0
1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003
Anos
Figura 1. Evolução do consumo per capita de carne de frango industrial no Brasil
(1989/2003).
Fonte: Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos – ABEF.
De acordo com Santos (1998), a profissionalização e estruturação das granjas caipiras
no Brasil ocorreu no início dos anos 90, quando o consumo de frango caipira começou a
tomar o rumo da produção em larga escala.
Para Albino (2001), as aves atualmente criadas no sistema alternativo são melhoradas
geneticamente, o que permite maior potencial de crescimento, em relação às preexistentes,
sem perda da rusticidade.
O consumo animal do milho em grãos, no Brasil, é responsável por aproximadamente
63,5% do total consumido no país, sendo que só a avicultura demanda 32,4% do total de
milho consumido. (Abimilho, MB Associados, 2001).
Os produtos oriundos da Avicultura Alternativa não têm a pretensão de competir com
a avicultura industrial, mas sim preencher um crescente nicho de mercado com produtos
originados de um sistema alternativo de produção. E, assim, continuar atendendo
satisfatoriamente aos consumidores que exigem uma alimentação mais natural.
Dentre as características de diferenciação do frango alternativo, estão o sistema de
produção, as características organolépticas e físico-químicas dos produtos, como
apresentado nas tabelas que se seguem.
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Tabela 1. Diferenciação dos sistemas de produção.
ÍTEM
GENÉTICA
IDADE DE ABATE
CRIAÇÃO
RAÇÃO
FRANGO INDUSTRIAL
Alta produtividade
40 dias
Confinada
Com antibióticos e
promotores de crescimento
ALIMENTAÇÃO EXTRA
Inexistente
DENSIDADE GALPÃO
18-22 aves/m²
ÁREA DE PASTO
Inexistente
Fonte: Avicultura Francesa - AVIFRAN
FRANGO CAIPIRA
Alta rusticidade
90 dias
Em liberdade
Sem aditivos químicos
Verduras e pasto
10 aves/m²
4m²/ave
As características organolépticas figuram como as mais importantes no momento da
escolha do consumidor entre o produto alternativo e os industriais.
Tabela 2. Diferenciação das características organolépticas.
SABOR
Frango convencional
PELE
Grossa
CONSISTÊNCIA
Carne flácida
Fonte: Avicultura Francesa - AVIFRAN
Carne de caça
Fina
Carne firme com fibras
A tendência em consumir alimentos mais naturais e saudáveis advém de uma
profunda mudança comportamental dos consumidores, fortemente sustentada nos
princípios da medicina preventiva, nas quais as características fisico-químicas atuam como
forte elemento de tomada de decisão.
Tabela 3. Diferenciação das características físico-químicas.
ÍTEM
FRANGO
FRANGO
INDUSTRIAL
CAIPIRA
Gorduras/lipídios (%)
2,85
2,34
Valor calórico (kcal/100g)
113,93
108,17
Resíduo mineral (%)
0,74
0,68
Umidade (%)
74,35
75,20
Proteínas (%)
21,44
21,57
Cálcio (kcal/100g)
52,22
68,03
Ferro (kcal/100g)
02,06
02,03
Fonte: Avicultura Francesa – AVIFRAN
VARIAÇÃO (%)
-18%
-5%
-9%
+1%
+6%
+30%
-1%
As características organolépticas (sabor, coloração e textura da carne) e físicoquímicas (menores teores de gordura, colesterol e maiores teores de proteína e cálcio), são
fatores de forte subsídio ao marketing do produto. Seu foco estará direcionado aos
segmentos com poder de decisão de compra (principalmente as mulheres) e aos
consumidores de dietas especiais (idosos, crianças e pessoas enfermas), objetivando
fortalecer a imagem do produto.
O hábito em consumir “ovos caipira” está fortemente associado à crença popular de
que o ovo caipira é nutricionalmente superior ao “ovo de granja”. Embora apresentem
composição físico-química semelhantes, a crença se justifica pelo sabor e aroma
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diferenciados, adquiridos pela ingestão de uma dieta rica em pigmentos naturais. Outro
fator determinante na escolha do consumidor está relacionado com a consistência do
produto que, por sua vez, em função do volume comercializado e da logística existente, é
consumido em espaços de tempo mais curtos. Em países da Europa, esta variável já está
sendo utilizada como parâmetro na determinação do preço final ao consumidor.
3. METODOLOGIA
Na realização deste trabalho, utilizou-se a metodologia do “Estudo de Caso”, a
partir da realidade de produtores localizados no Distrito Federal. A escolha destes
produtores obedeceu ao critério de amostragem intencional não probabilística.
O estudo de caso, de acordo com Yin (2002), ressalta algumas estratégias que são
obedecidas por pesquisadores das ciências sociais em trabalhos científicos, quais sejam: a
experimental, o levantamento, a análise documental desenvolvida em arquivos e o estudo
de caso. Os propósitos destas estratégias podem ser de caráter exploratório, descritivo e
explanatório (causal). O objetivo desse tipo de pesquisa (estudo de caso) é de proporcionar
uma visão global do problema ou identificar possíveis fatores que o influenciam ou são
influenciados por ele. Uma das vantagens de se trabalhar com estudos de caso é que se
pode analisar uma situação concreta e não uma situação puramente hipotética.
A metodologia de estudo de casos tem a premissa de buscar uma imagem mais real e
completa dos fatos que caracterizam o problema observado.
Quanto à avicultura de corte, foram escolhidos 04 (quatro) produtores cujo
escalonamento da produção esteja sustentado pela entrada de lotes quantitativamente
superiores a mil aves.
Quanto à avicultura de postura, estudou-se o caso de 02 (dois) produtores em sistema
de integração incipiente e 02 (dois) produtores independentes.
A obtenção dos dados deu-se através da aplicação de questionários semi-estruturados
in loco, relacionados à produção ocorrida no ano 2004.
Para o levantamento dos custos de produção na Avicultura Alternativa do Distrito
Federal, utilizou-se a aplicação de conhecimentos microeconômicos.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A produção independente na exploração avícola alternativa de corte analisada no
Distrito Federal apresentou uma escala média de 11.088 aves/produtor/ano. Neste
contexto, todas as transações efetivadas desde a obtenção de insumos até à comercialização
do produto são realizadas pelo próprio produtor. O custo operacional médio de produção
para os avicultores analisados foi de aproximadamente R$ 6,38/ave, apresentando uma
amplitude de variação de aproximadamente 23% abaixo do custo de produção médio e
21% acima, conforme tabela abaixo.
Tabela 4. Amplitude de variação do custo de produção de frango alternativo no ano 2004.
Custo Operacional
Custo Operacional Médio (R$) Variação Percentual
Mínimo
5,19
23
Médio
6,38
Máximo
7,75
21
A amplitude total do custo de produção apresentada foi de, aproximadamente, 49,3%,
indicando a possibilidade de ajustes no manejo produtivo, objetivando a redução dos
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custos de produção através de alguns fatores como melhoria da capacidade gerencial,
redução dos custos fixos pelo aumento da escala de produção, aumento na escala na
aquisição de insumos, melhoria na eficiência de utilização de suplementação de massa
verde 1 , entre outros.
Na composição do custo de produção destes produtores, três itens foram responsáveis
por aproximadamente 87,37% do custo médio, quais sejam: aquisição de pintainhos,
arraçoamento e mão-de-obra, tal como observado na figura 2.
9,2%
16,7%
1,2%
14,4%
1,3%
1,0%
56,3%
Aquisição dos pintainhos
Arraçoamento
Demais custos
Aquecimento
Limpeza e Desinfeção
Vacinas e Medicamentos
Mão-de-obra
Figura 2. Composição percentual média do custo de produção dos avicultores de corte para
o ano 2004.
Na avicultura de postura foi constatada uma escala média de produção de 2.107
caixas de 360 ovos/produtor/ano. Neste tipo de exploração, verificou-se a presença de um
sistema de integração incipiente, onde um produtor intermediário, devido à divisão do
trabalho, passou a fornecer serviços que lhe atribuem uma posição de integrador,
fornecendo insumos e garantindo a comercialização dos produtos através de contratos
informais. Dos 5 (cinco) produtores inseridos neste sistema, dois deles figuram como
objeto deste estudo.
O custo operacional médio de produção para os avicultores analisados foi de
aproximadamente R$ 32,45/caixa de 360 ovos, apresentando uma amplitude de variação de
aproximadamente 35,8% abaixo do custo de produção médio e 18,2% acima, conforme
tabela abaixo.
Tabela 5. Amplitude de variação do custo de produção de ovos alternativos no ano 2004.
Custo Operacional
Custo Operacional Médio (R$) Variação Percentual
Mínimo
23,89
35,8
Médio
32,45
Máximo
38,34
18,2
1
Uma das características da produção avícola alternativa é a suplementação com massa verde. Esta pode ser
constituída por gramíneas, hortaliças e leguminosas, cujo manejo pode proporcionar uma redução de até 25%
no custo de arraçoamento.
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Apresentou-se uma amplitude de variação total no custo médio, na ordem de 60%.
Esta amplitude também pode ser justificada pela diferença na capacidade gerencial,
economia de escala na aquisição de insumos, eficiência na utilização de suplementação de
massa verde e do grau de dependência na aquisição de insumos, entre outros possíveis
fatores.
Quanto à composição dos custos de produção, as variáveis aquisição de aves,
arraçoamento e mão-de-obra foram responsáveis por, aproximadamente, 90% do custo
médio. Isto pode ser observado na figura 3, abaixo.
1,4%
7,5%
8,4%
0,1%
1,1%
16,6%
64,9%
Aquisição de Pintainhos
Vacina
Demais custos
Aquisição de Palha de arroz
Arraçoamento
Aquecimento
Mão-de-obra
Figura 3. Composição percentual média do custo de produção dos avicultores de postura
para o ano 2004.
As atividades de exploração avícola alternativas demonstraram uma boa rentabilidade
para o ano em análise. Na figura 4, pode-se observar as rentabilidades médias dos
produtores analisados e, na figura 5, o lucro operacional obtido.
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2
1,76
1,8
Rentabilidade Média
1,6
1,4
1,33
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
Avicultura de Postura
Avicultura de Corte
Figura 4. Rentabilidade média das explorações avícolas alternativas no ano 2004.
43500
Lucro Operacional Médio
em R$
38500
36025,35
37377,37
33500
28500
23500
18500
13500
8500
3500
Avicultura de Postura
Avicultura de Corte
Figura 5. Lucro operacional médio para as atividades avícolas alternativas no ano 2004.
A avicultura alternativa de corte apresentou, para o período analisado, uma
rentabilidade média superior à da avicultura de postura. A rentabilidade foi calculada pela
divisão da diferença entre o lucro operacional anual e o capital de giro2 pelo montante de
capital financeiro investido. Quanto ao lucro operacional médio, a avicultura de corte
também se sobressaiu. Na média, para cada ave vendida houve um lucro operacional de R$
3,12, o que correspondeu a uma margem de lucro operacional de, aproximadamente,
48,9%.
2
O capital de giro foi estimado em 50% dos custos variáveis previstos desde a fase inicial até à fase
produtiva.
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Em relação à receita destes avicultores, a participação percentual da cama de
frango/galinha assumiu comportamentos diferenciados para a produção de corte e postura.
Enquanto que na avicultura de corte esta participação foi de 3,67%, para a de postura foi de
4,27% da receita total.
As figuras 6 e 7 correspondem à esquematização dos segmentos de cadeia produtiva 3
de frango de corte e ovos oriundos de sistema alternativo de produção no Distrito Federal,
levantadas conforme identificação dos elos constituintes. A amplitude dos fluxogramas foi
delimitada a partir do elo responsável pelo suprimento de insumos, até o consumidor final,
sob influência dos ambientes institucional e organizacional.
No fluxograma da cadeia de produção de frango de corte o elo de produção
agropecuária está constituído por produtores independente, enquanto que no fluxograma da
cadeia de produção de ovos pode-se constatar a existência de dois sistemas de produção
distintos: um caracterizado pela produção independente e outro pela integração em torno
de uma agroindústria. Na figura 7, o fluxo de produto que sai da granja para os frigoríficos
e abatedouros diz respeito às aves descartadas no final do ciclo de postura, as quais têm sua
carne aproveitada. O mesmo se aplica para o fluxo de produto que sai do integrador para os
frigoríficos.
Ambiente Institucional: Leis, normas, cultura dos agentes, tradição,...
Produtos
fitossanitários
Cama de
frango
Agricultor
Milho, soja
e núcleo
Produtos
veterinários
Granja de
corte
Frigoríficos e
abatedouros
Pintos de
um dia
Máquinas,
equipamentos
e insumos para
manutenção.
Canais de
distribuição
(feiras
livres,
mercearias,
etc)
Consumidor
final
Intermediários
Ambiente Organizacional: Secretaria da Agricultura, Embrapa, Emater, Senar.
Fluxo de produto
Figura 6. Segmento de cadeia produtiva de frango “caipira” no Distrito Federal
Fonte: Castro Júnior (2005).
3
O temo empregado tem o significado difundido por Batalha (2001).
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Ambiente Institucional: Leis, normas, cultura dos agentes, tradição,...
Produtos
fitossanitários
Cama de
galinha
Milho, soja
e núcleo
Granja de
postura
Agricultor
Frigoríficos e
abatedouros
Canais de
distribuição
(feiras
livres,
mercearias,
etc)
Consumidor
final
Produtos
veterinários
Intermediários
Pintos de
um dia
Integrador
Máquinas,
equipamentos
e insumos para
manutenção.
Ambiente Organizacional: Secretaria da Agricultura, Embrapa, Emater, Senar.
Fluxo de produto
Figura 7. Segmento de cadeia produtiva de ovos tipo “caipira” no Distrito Federal.
Fonte: Dados da pesquisa.
5. CONCLUSÕES
Tanto a atividade avícola alternativa de corte quanto de postura mostraram-se
atividades lucrativas. A rentabilidade para os avicultores alternativos de corte foi de 1,76
enquanto que para os avicultores de postura foi de 1,33.
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A participação média do arraçoamento nos custos dos avicultores alternativos foi de
64,9% para a produção de ovos e de 56,4% para a produção de carne de frango. No caso da
participação da mão-de-obra nos custos operacionais de produção, embora se suponha a
avicultura de postura mais demandante por este item, foi constatada apenas uma pequena
variação percentual entre as atividades.
O custo médio de produção por unidade comercializável na avicultura alternativa de
corte no Distrito Federal é de R$ 6,38/ave e de R$ 32,42/caixa de 360 ovos. Na média,
para o ano 2004, os avicultores de corte comercializaram as aves a R$ 9,50 enquanto que
os avicultores de postura comercializaram a caixa de ovos com 360 unidades a R$ 45,00.
Outro fator de relevância econômica levantado foi a participação da cama de
frango/galinha na formação da receita dos produtores. Na avicultura de corte esta
participação foi de 3,67% e na de postura 4,27%.
A produção alternativa no DF, tanto de carne quanto de ovos, apresenta-se
geograficamente distribuída por todas as regiões administrativas. A falta de uma estrutura
organizacional (cooperativas, associações), dificulta o dimensionamento do próprio setor
bem como, o estabelecimento de um planejamento estratégico de mercado, além de
contribuir para a alta volatibilidade dos empreendimentos.
6. BIBLIOGRAFIA
ABIMILHO. O Consumo de Milho. Disponível em www.abimilho.com.br/notícias, 2001.
ALBINO, L.F.T. Criação de frango e galinha caipira: avicultura alternativa. Ed.
Aprenda Fácil. 124 p, Viçosa, 2001.
CASTRO JUNIOR, W.L. Características transacionais nos elos da cadeia avícola
diante a ocorrência de hold-up: um estudo de caso no Distrito Federal. Dissertação de
mestrado do Programa de Pós-graduação multiinstitucional em Agronegócios (Consórcio
entre a Universidade de Brasília, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e a
Universidade Federal de Goiás), 111 p, Brasília – DF, 2005.
GESSULI, O.P. Avicultura Alternativa, Ed. OPG Editores Ltda, Porto Feliz – SP, 1999.
SANTOS, R.A.O. Criação de frango caipira para corte no sistema de integração.
SEBRAE/DF, 68 p. Brasília, 1998.
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