XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” Custo de produção na avicultura alternativa do Distrito federal. Mauro Vaz da Costa Colaborador do Núcleo de Estudos Agrários da Universidade de Brasília – NEAGRI/UnB SQN – 116 Bl. H Apto 207 Brasília- DF CEP 70773-040 [email protected] Wady Lima Castro Júnior Colaborador do Núcleo de Estudos Agrários da Universidade de Brasília – NEAGRI/UnB Q-300 Conj. 10 Casa 19 Recanto das Emas – DF CEP 72610-110 [email protected] Flávio Borges Botelho Filho Prof. Dr. da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de BrasíliaFAV/UnB Campus Universitário Darcy Ribeiro, Colina Bl. E Apto 607 Brasília-DF CEP 70910-900 [email protected] Grupo de Pesquisa 01 - Comercialização, Mercados e Preços Agrícolas Apresentação com presidente da sessão e sem a presença de debatedor 1 Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” Custo de produção na avicultura alternativa do Distrito federal. Resumo A Avicultura Alternativa vem demonstrando crescimento sustentado ao longo dos anos, firmando-se como atividade economicamente promissora, quer como fonte de agregação de renda do agricultor familiar, quer como instrumento de sustentabilidade alimentar, disponibilizando proteína de alta qualidade (carne e ovos) a baixo custo. Assim, este trabalho objetiva analisar a estrutura de custo dos produtores envolvidos na exploração avícola alternativa no Distrito Federal, como meio de detecção de pontos críticos para melhoria do desempenho econômico da atividade. Na realização deste trabalho, utilizou-se a metodologia do “Estudo de Caso”, a partir da realidade de produtores localizados no Distrito Federal. Para tanto, levantaram-se os custos de produção de 08 (oito) produtores da avicultura alternativa no DF, sendo 04 (quatro) avicultores de corte e 04 (quatro) de postura. O custo operacional médio de produção para os avicultores de corte analisados foi de aproximadamente R$ 6,38/ave. Destes custos, a aquisição de pintainhos, arraçoamento e mão-de-obra responderam por, aproximadamente, 87,4%. O custo operacional médio de produção para os avicultores de postura analisados foi de aproximadamente R$ 32,45/caixa de 360 ovos. A aquisição de aves, arraçoamento e mão-de-obra foram responsáveis por, aproximadamente, 90% do custo médio destes produtores. Tanto a atividade avícola alternativa de corte quanto de postura mostraram-se atividades lucrativas. No entanto, a maior rentabilidade se dá para a avicultura de corte. PALAVRAS-CHAVE: Custo, Avicultura alternativa de corte, Avicultura alternativa de postura. 2 Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” Custo de produção na avicultura alternativa do Distrito federal. 1. INTRODUÇÃO A avicultura no Brasil tem alcançado cada vez mais importância no contexto do agronegócio. Promotor do emprego de mão-de-obra de milhares de pessoas – sendo que a maior parte dos empregos gerados é proveniente de empregos indiretos – o complexo agroindustrial brasileiro tem conquistado sua fatia do mercado internacional, onde ocupa a posição de segundo maior exportador mundial de frangos de corte. Este sucesso tem forte relação com os investimentos realizados em melhoria genética e pesquisas relacionados à nutrição animal, ambiência e manejo sanitário, além do setor de medicamentos face à competitividade do cenário mundial. Estas observações quanto à tecnologia são aplicadas à avicultura industrial quer seja na produção de frango de corte, quer seja na produção de ovos. Entretanto, há um grande abismo entre esta avicultura industrial e a tida como uma atividade de produção caipira independente, no que tange desde a tecnologia empregada até os canais de distribuição presentes em cada atividade. Com o sistema de criação intensiva, houve uma revolução na organização da produção, permitindo pela primeira vez a consolidação de estruturas produtivas em moldes industriais, o que levou a avanços contínuos nas economias de escala. Uma nova vertente da avicultura foi consolidada com a introdução de um novo conceito de sistema de produção, denominada avicultura “caipira”. A ave caipira é aquela proveniente de uma criação cuja alimentação deve ser suprida basicamente por alimentos naturais como pasto, capim picado, insetos, minhocas, etc. Este conceito permanece inalterado; o que mudou foi à qualidade da ave que está sendo criada neste sistema: uma ave melhorada geneticamente, que adquiriu precocidade e potencial de crescimento sem perder as características de rusticidade. Deste novo contexto surgiu o conceito de Avicultura Alternativa, como sendo um sistema ecologicamente correto e socialmente justo de produção de “carne e ovos caipira”. A criação de aves alternativas é uma tendência mundial crescente, fortemente disseminada na Europa, principalmente na França, onde este tipo de carne já ocupa 30% do mercado de carne de aves. A avicultura alternativa chegou ao Brasil no início da década de 90, e atualmente ocupa uma fatia de mercado correspondente a aproximadamente 0,5% do mercado avícola industrial. O consumo deste tipo de carne no Brasil ganhou muito mercado a partir daquela década. De lá para cá, a produção brasileira quase dobrou, passando de 2,3 para 4,2 milhões de toneladas por ano. Hoje consome-se 60% mais mais do que há cinco anos, o que promete altos rendimentos às granjas bem estruturadas de todo o país. (Gessuli, 1999). No Distrito Federal, a atividade avícola como um todo é responsável pela maior participação no PIB agropecuário local. Esta produção industrial é respaldada pelo sistema de integração vertical adotado pelas empresas atuantes no setor. Neste sistema, há um forte relacionamento calcado nos arranjos contratuais entre os diversos elos do setor, desde o fornecimento de insumos até a comercialização dos produtos gerados. Já no que se refere à atividade caipira, com suas características muito distintas e pitorescas, o sistema de produção é, basicamente, independente, onde a presença de arranjos contratuais formais é quase sempre ausente. 3 Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” Tipicamente caracterizada como atividade agropecuária relacionada à Agricultura Familiar, a Avicultura Alternativa vem demonstrando crescimento sustentado ao longo dos anos, firmando-se como atividade economicamente promissora, quer como fonte de agregação de renda do agricultor familiar, quer como instrumento de sustentabilidade alimentar, disponibilizando proteína de alta qualidade (carne e ovos) a baixo custo. Respaldada por políticas institucionais específicas, a agricultura familiar brasileira tem conseguido inserir-se de forma sustentável na economia contemporânea. Este segmento é responsável pela produção de 40% das aves e ovos produzidos no Brasil, segundo dados do Ministério do desenvolvimento Agrário – MDA. O Distrito Federal possui um mercado atípico, caracterizado pela tendência em consumir alimentos voltados ao natural e fortemente regido por fatores culturais. Os hábitos alimentares estão bastante relacionados ao regionalismo (cozinhas nordestina, mineira, e goiana), e os produtos da avicultura alternativa figuram com importante papel na preparação de pratos típicos. O presente trabalho faz parte da Plataforma do Programa de Agricultura Familiar, desenvolvido pelo Núcleo de Estudos Agrários da Universidade de Brasília – NEAGRI/UnB, e tem como objeto, contribuir com o fortalecimento da Avicultura Alternativa, como instrumento de agregação de qualidade de vida dos produtores rurais. Desta maneira, este trabalho objetiva analisar a estrutura de custo dos produtores envolvidos na exploração avícola alternativa no Distrito Federal, como meio de detecção de pontos críticos para melhoria do desempenho econômico da atividade. Especificamente, pretende-se: calcular os custos de produção dos produtores envolvidos na avicultura alternativa e desenhar a estrutura da cadeia produtiva (segmentos). 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Um dos fatores que tem influenciado fortemente a expansão da produção avícola para o Centro Oeste é devido à proximidade com as áreas de produção de milho e soja, principais componentes da ração destinadas às aves, além de terras relativamente baratas. Estes pontos devem ser considerados fomentadores da progressão exploratória da atividade avícola no Distrito Federal, haja vista a sua posição espacial e produtiva de grãos, favorecendo uma melhor logística de suprimento na cadeia, com diminuição de custos de transporte e mantendo uma harmonização do fornecimento e da comercialização. Com o passar dos anos, o consumo per capita de frango tem aumentado progressivamente, como pode ser observado na figura abaixo, ressaltando-se a participação da produção de frango alternativo, em torno de 0,5% do mercado avícola industrial. Dentre os anos 1989 a 2003 houve um aumento de 162% no consumo per capita de carne de frango no Brasil. 4 Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 kg/hab. 10,0 5,0 0,0 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 Anos Figura 1. Evolução do consumo per capita de carne de frango industrial no Brasil (1989/2003). Fonte: Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos – ABEF. De acordo com Santos (1998), a profissionalização e estruturação das granjas caipiras no Brasil ocorreu no início dos anos 90, quando o consumo de frango caipira começou a tomar o rumo da produção em larga escala. Para Albino (2001), as aves atualmente criadas no sistema alternativo são melhoradas geneticamente, o que permite maior potencial de crescimento, em relação às preexistentes, sem perda da rusticidade. O consumo animal do milho em grãos, no Brasil, é responsável por aproximadamente 63,5% do total consumido no país, sendo que só a avicultura demanda 32,4% do total de milho consumido. (Abimilho, MB Associados, 2001). Os produtos oriundos da Avicultura Alternativa não têm a pretensão de competir com a avicultura industrial, mas sim preencher um crescente nicho de mercado com produtos originados de um sistema alternativo de produção. E, assim, continuar atendendo satisfatoriamente aos consumidores que exigem uma alimentação mais natural. Dentre as características de diferenciação do frango alternativo, estão o sistema de produção, as características organolépticas e físico-químicas dos produtos, como apresentado nas tabelas que se seguem. 5 Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” Tabela 1. Diferenciação dos sistemas de produção. ÍTEM GENÉTICA IDADE DE ABATE CRIAÇÃO RAÇÃO FRANGO INDUSTRIAL Alta produtividade 40 dias Confinada Com antibióticos e promotores de crescimento ALIMENTAÇÃO EXTRA Inexistente DENSIDADE GALPÃO 18-22 aves/m² ÁREA DE PASTO Inexistente Fonte: Avicultura Francesa - AVIFRAN FRANGO CAIPIRA Alta rusticidade 90 dias Em liberdade Sem aditivos químicos Verduras e pasto 10 aves/m² 4m²/ave As características organolépticas figuram como as mais importantes no momento da escolha do consumidor entre o produto alternativo e os industriais. Tabela 2. Diferenciação das características organolépticas. SABOR Frango convencional PELE Grossa CONSISTÊNCIA Carne flácida Fonte: Avicultura Francesa - AVIFRAN Carne de caça Fina Carne firme com fibras A tendência em consumir alimentos mais naturais e saudáveis advém de uma profunda mudança comportamental dos consumidores, fortemente sustentada nos princípios da medicina preventiva, nas quais as características fisico-químicas atuam como forte elemento de tomada de decisão. Tabela 3. Diferenciação das características físico-químicas. ÍTEM FRANGO FRANGO INDUSTRIAL CAIPIRA Gorduras/lipídios (%) 2,85 2,34 Valor calórico (kcal/100g) 113,93 108,17 Resíduo mineral (%) 0,74 0,68 Umidade (%) 74,35 75,20 Proteínas (%) 21,44 21,57 Cálcio (kcal/100g) 52,22 68,03 Ferro (kcal/100g) 02,06 02,03 Fonte: Avicultura Francesa – AVIFRAN VARIAÇÃO (%) -18% -5% -9% +1% +6% +30% -1% As características organolépticas (sabor, coloração e textura da carne) e físicoquímicas (menores teores de gordura, colesterol e maiores teores de proteína e cálcio), são fatores de forte subsídio ao marketing do produto. Seu foco estará direcionado aos segmentos com poder de decisão de compra (principalmente as mulheres) e aos consumidores de dietas especiais (idosos, crianças e pessoas enfermas), objetivando fortalecer a imagem do produto. O hábito em consumir “ovos caipira” está fortemente associado à crença popular de que o ovo caipira é nutricionalmente superior ao “ovo de granja”. Embora apresentem composição físico-química semelhantes, a crença se justifica pelo sabor e aroma 6 Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” diferenciados, adquiridos pela ingestão de uma dieta rica em pigmentos naturais. Outro fator determinante na escolha do consumidor está relacionado com a consistência do produto que, por sua vez, em função do volume comercializado e da logística existente, é consumido em espaços de tempo mais curtos. Em países da Europa, esta variável já está sendo utilizada como parâmetro na determinação do preço final ao consumidor. 3. METODOLOGIA Na realização deste trabalho, utilizou-se a metodologia do “Estudo de Caso”, a partir da realidade de produtores localizados no Distrito Federal. A escolha destes produtores obedeceu ao critério de amostragem intencional não probabilística. O estudo de caso, de acordo com Yin (2002), ressalta algumas estratégias que são obedecidas por pesquisadores das ciências sociais em trabalhos científicos, quais sejam: a experimental, o levantamento, a análise documental desenvolvida em arquivos e o estudo de caso. Os propósitos destas estratégias podem ser de caráter exploratório, descritivo e explanatório (causal). O objetivo desse tipo de pesquisa (estudo de caso) é de proporcionar uma visão global do problema ou identificar possíveis fatores que o influenciam ou são influenciados por ele. Uma das vantagens de se trabalhar com estudos de caso é que se pode analisar uma situação concreta e não uma situação puramente hipotética. A metodologia de estudo de casos tem a premissa de buscar uma imagem mais real e completa dos fatos que caracterizam o problema observado. Quanto à avicultura de corte, foram escolhidos 04 (quatro) produtores cujo escalonamento da produção esteja sustentado pela entrada de lotes quantitativamente superiores a mil aves. Quanto à avicultura de postura, estudou-se o caso de 02 (dois) produtores em sistema de integração incipiente e 02 (dois) produtores independentes. A obtenção dos dados deu-se através da aplicação de questionários semi-estruturados in loco, relacionados à produção ocorrida no ano 2004. Para o levantamento dos custos de produção na Avicultura Alternativa do Distrito Federal, utilizou-se a aplicação de conhecimentos microeconômicos. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO A produção independente na exploração avícola alternativa de corte analisada no Distrito Federal apresentou uma escala média de 11.088 aves/produtor/ano. Neste contexto, todas as transações efetivadas desde a obtenção de insumos até à comercialização do produto são realizadas pelo próprio produtor. O custo operacional médio de produção para os avicultores analisados foi de aproximadamente R$ 6,38/ave, apresentando uma amplitude de variação de aproximadamente 23% abaixo do custo de produção médio e 21% acima, conforme tabela abaixo. Tabela 4. Amplitude de variação do custo de produção de frango alternativo no ano 2004. Custo Operacional Custo Operacional Médio (R$) Variação Percentual Mínimo 5,19 23 Médio 6,38 Máximo 7,75 21 A amplitude total do custo de produção apresentada foi de, aproximadamente, 49,3%, indicando a possibilidade de ajustes no manejo produtivo, objetivando a redução dos 7 Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” custos de produção através de alguns fatores como melhoria da capacidade gerencial, redução dos custos fixos pelo aumento da escala de produção, aumento na escala na aquisição de insumos, melhoria na eficiência de utilização de suplementação de massa verde 1 , entre outros. Na composição do custo de produção destes produtores, três itens foram responsáveis por aproximadamente 87,37% do custo médio, quais sejam: aquisição de pintainhos, arraçoamento e mão-de-obra, tal como observado na figura 2. 9,2% 16,7% 1,2% 14,4% 1,3% 1,0% 56,3% Aquisição dos pintainhos Arraçoamento Demais custos Aquecimento Limpeza e Desinfeção Vacinas e Medicamentos Mão-de-obra Figura 2. Composição percentual média do custo de produção dos avicultores de corte para o ano 2004. Na avicultura de postura foi constatada uma escala média de produção de 2.107 caixas de 360 ovos/produtor/ano. Neste tipo de exploração, verificou-se a presença de um sistema de integração incipiente, onde um produtor intermediário, devido à divisão do trabalho, passou a fornecer serviços que lhe atribuem uma posição de integrador, fornecendo insumos e garantindo a comercialização dos produtos através de contratos informais. Dos 5 (cinco) produtores inseridos neste sistema, dois deles figuram como objeto deste estudo. O custo operacional médio de produção para os avicultores analisados foi de aproximadamente R$ 32,45/caixa de 360 ovos, apresentando uma amplitude de variação de aproximadamente 35,8% abaixo do custo de produção médio e 18,2% acima, conforme tabela abaixo. Tabela 5. Amplitude de variação do custo de produção de ovos alternativos no ano 2004. Custo Operacional Custo Operacional Médio (R$) Variação Percentual Mínimo 23,89 35,8 Médio 32,45 Máximo 38,34 18,2 1 Uma das características da produção avícola alternativa é a suplementação com massa verde. Esta pode ser constituída por gramíneas, hortaliças e leguminosas, cujo manejo pode proporcionar uma redução de até 25% no custo de arraçoamento. 8 Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” Apresentou-se uma amplitude de variação total no custo médio, na ordem de 60%. Esta amplitude também pode ser justificada pela diferença na capacidade gerencial, economia de escala na aquisição de insumos, eficiência na utilização de suplementação de massa verde e do grau de dependência na aquisição de insumos, entre outros possíveis fatores. Quanto à composição dos custos de produção, as variáveis aquisição de aves, arraçoamento e mão-de-obra foram responsáveis por, aproximadamente, 90% do custo médio. Isto pode ser observado na figura 3, abaixo. 1,4% 7,5% 8,4% 0,1% 1,1% 16,6% 64,9% Aquisição de Pintainhos Vacina Demais custos Aquisição de Palha de arroz Arraçoamento Aquecimento Mão-de-obra Figura 3. Composição percentual média do custo de produção dos avicultores de postura para o ano 2004. As atividades de exploração avícola alternativas demonstraram uma boa rentabilidade para o ano em análise. Na figura 4, pode-se observar as rentabilidades médias dos produtores analisados e, na figura 5, o lucro operacional obtido. 9 Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” 2 1,76 1,8 Rentabilidade Média 1,6 1,4 1,33 1,2 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0 Avicultura de Postura Avicultura de Corte Figura 4. Rentabilidade média das explorações avícolas alternativas no ano 2004. 43500 Lucro Operacional Médio em R$ 38500 36025,35 37377,37 33500 28500 23500 18500 13500 8500 3500 Avicultura de Postura Avicultura de Corte Figura 5. Lucro operacional médio para as atividades avícolas alternativas no ano 2004. A avicultura alternativa de corte apresentou, para o período analisado, uma rentabilidade média superior à da avicultura de postura. A rentabilidade foi calculada pela divisão da diferença entre o lucro operacional anual e o capital de giro2 pelo montante de capital financeiro investido. Quanto ao lucro operacional médio, a avicultura de corte também se sobressaiu. Na média, para cada ave vendida houve um lucro operacional de R$ 3,12, o que correspondeu a uma margem de lucro operacional de, aproximadamente, 48,9%. 2 O capital de giro foi estimado em 50% dos custos variáveis previstos desde a fase inicial até à fase produtiva. 10 Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” Em relação à receita destes avicultores, a participação percentual da cama de frango/galinha assumiu comportamentos diferenciados para a produção de corte e postura. Enquanto que na avicultura de corte esta participação foi de 3,67%, para a de postura foi de 4,27% da receita total. As figuras 6 e 7 correspondem à esquematização dos segmentos de cadeia produtiva 3 de frango de corte e ovos oriundos de sistema alternativo de produção no Distrito Federal, levantadas conforme identificação dos elos constituintes. A amplitude dos fluxogramas foi delimitada a partir do elo responsável pelo suprimento de insumos, até o consumidor final, sob influência dos ambientes institucional e organizacional. No fluxograma da cadeia de produção de frango de corte o elo de produção agropecuária está constituído por produtores independente, enquanto que no fluxograma da cadeia de produção de ovos pode-se constatar a existência de dois sistemas de produção distintos: um caracterizado pela produção independente e outro pela integração em torno de uma agroindústria. Na figura 7, o fluxo de produto que sai da granja para os frigoríficos e abatedouros diz respeito às aves descartadas no final do ciclo de postura, as quais têm sua carne aproveitada. O mesmo se aplica para o fluxo de produto que sai do integrador para os frigoríficos. Ambiente Institucional: Leis, normas, cultura dos agentes, tradição,... Produtos fitossanitários Cama de frango Agricultor Milho, soja e núcleo Produtos veterinários Granja de corte Frigoríficos e abatedouros Pintos de um dia Máquinas, equipamentos e insumos para manutenção. Canais de distribuição (feiras livres, mercearias, etc) Consumidor final Intermediários Ambiente Organizacional: Secretaria da Agricultura, Embrapa, Emater, Senar. Fluxo de produto Figura 6. Segmento de cadeia produtiva de frango “caipira” no Distrito Federal Fonte: Castro Júnior (2005). 3 O temo empregado tem o significado difundido por Batalha (2001). 11 Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” Ambiente Institucional: Leis, normas, cultura dos agentes, tradição,... Produtos fitossanitários Cama de galinha Milho, soja e núcleo Granja de postura Agricultor Frigoríficos e abatedouros Canais de distribuição (feiras livres, mercearias, etc) Consumidor final Produtos veterinários Intermediários Pintos de um dia Integrador Máquinas, equipamentos e insumos para manutenção. Ambiente Organizacional: Secretaria da Agricultura, Embrapa, Emater, Senar. Fluxo de produto Figura 7. Segmento de cadeia produtiva de ovos tipo “caipira” no Distrito Federal. Fonte: Dados da pesquisa. 5. CONCLUSÕES Tanto a atividade avícola alternativa de corte quanto de postura mostraram-se atividades lucrativas. A rentabilidade para os avicultores alternativos de corte foi de 1,76 enquanto que para os avicultores de postura foi de 1,33. 12 Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” A participação média do arraçoamento nos custos dos avicultores alternativos foi de 64,9% para a produção de ovos e de 56,4% para a produção de carne de frango. No caso da participação da mão-de-obra nos custos operacionais de produção, embora se suponha a avicultura de postura mais demandante por este item, foi constatada apenas uma pequena variação percentual entre as atividades. O custo médio de produção por unidade comercializável na avicultura alternativa de corte no Distrito Federal é de R$ 6,38/ave e de R$ 32,42/caixa de 360 ovos. Na média, para o ano 2004, os avicultores de corte comercializaram as aves a R$ 9,50 enquanto que os avicultores de postura comercializaram a caixa de ovos com 360 unidades a R$ 45,00. Outro fator de relevância econômica levantado foi a participação da cama de frango/galinha na formação da receita dos produtores. Na avicultura de corte esta participação foi de 3,67% e na de postura 4,27%. A produção alternativa no DF, tanto de carne quanto de ovos, apresenta-se geograficamente distribuída por todas as regiões administrativas. A falta de uma estrutura organizacional (cooperativas, associações), dificulta o dimensionamento do próprio setor bem como, o estabelecimento de um planejamento estratégico de mercado, além de contribuir para a alta volatibilidade dos empreendimentos. 6. BIBLIOGRAFIA ABIMILHO. O Consumo de Milho. Disponível em www.abimilho.com.br/notícias, 2001. ALBINO, L.F.T. Criação de frango e galinha caipira: avicultura alternativa. Ed. Aprenda Fácil. 124 p, Viçosa, 2001. CASTRO JUNIOR, W.L. Características transacionais nos elos da cadeia avícola diante a ocorrência de hold-up: um estudo de caso no Distrito Federal. Dissertação de mestrado do Programa de Pós-graduação multiinstitucional em Agronegócios (Consórcio entre a Universidade de Brasília, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e a Universidade Federal de Goiás), 111 p, Brasília – DF, 2005. GESSULI, O.P. Avicultura Alternativa, Ed. OPG Editores Ltda, Porto Feliz – SP, 1999. SANTOS, R.A.O. Criação de frango caipira para corte no sistema de integração. SEBRAE/DF, 68 p. Brasília, 1998. 13 Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural