3.2.2 Organograma a UBS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE DA FAMÍLIA
MARIA ELISABETH MARINHO RIBEIRO
EVOLUÇÃO DO ATENDIMENTO ATRAVÉS DO PROGRAMA HIPERDIA
PRESTADO PELA UBS (UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE) “ALDO BONGIOVANNI”
DO MUNICÍPIO DE MIRANDA (MS).
MIRANDA/MS
2011
MARIA ELISABETH MARINHO RIBEIRO
EVOLUÇÃO DO ATENDIMENTO ATRAVÉS DO PROGRAMA HIPERDIA
PRESTADO PELA UBS (UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE) “ALDO BONGIOVANNI”
DO MUNICÍPIO DE MIRANDA (MS).
Monografia apresentada como requisito
parcial para conclusão do Curso de PósGraduação à nível de especialização em
Atenção Básica em Saúde da Família, da
Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul, sob orientação da Profª. Esp. Denize
Ramos de Souza.
MIRANDA/MS
2011
LISTA DE TABELAS
Tabela 01: Classificação da Hipertensão arterial ...................................................... 12
Tabela 02: Índice de Massa Corporal ........................................................................ 15
Tabela 03: População de Miranda em 2011 .............................................................. 19
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01 – Percentual de pacientes segundo o agravo .......................................... 26
Gráfico 02 – Percentual de pacientes segundo o gênero .......................................... 27
Gráfico 03 – Percentual de pacientes segundo a idade ............................................ 27
Gráfico 04 – Número de participantes por bairro/mês 2010 ...................................... 28
Gráfico 05 – Número de participantes por bairro/mês 2011 ...................................... 30
RESUMO
Considerando que as implicações cardiovasculares constituem um dos principais
problemas de saúde no Brasil, levando a um expressivo número de mortes, e que
entre os fatores que contribuem para esse quadro estão a hipertensão e o diabetes,
entende-se que o diagnóstico precoce desses problemas, assim como o tratamento
constante, principalmente com a adesão dos pacientes, participando das reuniões e
interagindo com a equipe de trabalho, podem ter como grandes aliados programas
de saúde pública, como o Hiperdia, procurou-se conhecer melhor sobre os assuntos
a partir de uma consulta bibliográfica a obras já públicas. Num momento posterior o
trabalho buscou avaliar a evolução dessa atenção aos pacientes do hiperdia na
cidade de Miranda, Estado de Mato Grosso do Sul. Foram consultados dados
constantes no banco de dados cadastrais da UBS Aldo Bongiovanni em relação a
participação desses pacientes do Hiperdia, assim como a evolução da atenção
prestada aos mesmos. Percebeu-se que a descentralização e a ludicidade das
reuniões agregou um número maior de participantes nas reuniões o que permite um
maior poder de conscientização sobre a sistemática de tratamento dos problemas.
Percebem-se, pelos resultados, que foram muitos os avanços, mas que ainda
persistem alguns pontos de estrangulamento, como a pouca opção de
medicamentos disponíveis na farmácia básica e a baixa adesão dos pacientes às
práticas saudáveis, como constância da medicação, prática de exercícios físicos e
de dieta adequada.
Palavras-chaves: Hipertensão. Diabetes. Tratamento.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 7
1.1 Tema da pesquisa ............................................................................................. 8
1.2 Justificativa ........................................................................................................ 8
1.3 Objetivos ............................................................................................................ 9
1.3.1 Objetivo Geral ............................................................................................. 9
1.3.2 Objetivos Específicos .................................................................................. 9
1.4 Procedimentos Metodológicos ................................................................... 9
REFERÊNCIAL TEÓRICO ........................................................................................ 10
2.1 Hipertensão Arterial ......................................................................................... 11
2.1.1 A Hipertensão Arterial Sistólica ................................................................. 13
2.2 Diabetes Melittus ............................................................................................. 16
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ........................................................... 19
3.1 Análise em Saúde ............................................................................................ 19
3.2.1 Organograma da Secretaria Municipal de Saúde e Saneamento ............. 20
3.2.2 Organograma a UBS ................................................................................. 21
3.2.3 Área Física da Unidade ............................................................................. 21
3.2.4 Recursos Humanos ................................................................................... 22
3.2.5 Layout da Área Física ............................................................................... 23
3.2.6 Atendimento na Unidade ........................................................................... 23
3.2.7 Agentes Comunitários de Saúde: .............................................................. 24
3.2.8 Ações Realizadas Junto à População ....................................................... 24
RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................................................. 26
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 31
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 35
INTRODUÇÃO
A experiência ao longo dos anos atuando na área de saúde pública
permite conhecer que as doenças cardiovasculares são hoje a principal causa de
morbi-mortalidade entre as pessoas, sendo que o diabetes e a hipertensão arterial
constituem fatores de risco que levam ao agravamento desse quadro.
Mais conhecida como “pressão alta”, a hipertensão arterial é a força que o
coração faz para fazer o sangue circular pelo corpo. Considera-se que a pessoa é
hipertensa quando sua pressão arterial é mais elevada que a considerada normal, e
assim permanece independente de horário, atividade, e assim por diante.
Já em relação ao Diabete Mellitus ele é o considerado como uma série de
disfunções crônicas que altera o metabolismo dos carboidratos, e causa também
alterações dos lipídios e das proteínas.
Nos casos de diabetes é fundamental que seja feito com controle
metabólico, com a constante presença do médico. Também é fundamental que os
pacientes se conscientizem de que sua participação no processo é necessária, e
não apenas a utilização de medicamentos.
Com objetivo de conscientização dos portadores de diabetes e
hipertensão, assim como o acompanhamento constante por parte dos profissionais
em saúde, foi instituído o Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial
e Diabetes Mellitus, em 1994, que passou a ser conhecimento simplesmente como
Hiperdia. (BRASIL, 2002)
Entende-se que o ponto fundamental para o combate ao problema é um
rigoroso controle metabólico realizado ao mesmo tempo em que as ações
preventivas e curativas, capazes de prevenir e retardar o aparecimento das
complicações do diabetes e da hipertensão, o que certamente significará melhor
qualidade de vida para o indivíduo e gastos menores para o poder púbico.
Considerando a gravidade desses fatores de risco, assim como na
perspectiva de avaliar os procedimentos em saúde envolvendo diabéticos e
hipertensos, a pesquisa realizada pode contribuir para entender melhor a
metodologia hoje utilizada e a forma como o paciente se comporta em relação ao
problema, servindo de parâmetro para outros trabalhos que apontem novos
procedimentos. Fez-se uma avaliação de como o programa Hiperdia tem agido em
relação aos diabéticos e hipertensos, e quais têm sido os resultados dessa ação, a
partir do trabalho desenvolvido pela Unidade Básica de Saúde “Aldo Bongiovanni”,
na cidade de Miranda, Estado de Mato Grosso do Sul.
1.1 Tema da pesquisa
Considerando que, segundo a literatura exposta no capítulo seguinte, entre os
principais fatores de mortalidade de adultos estão as doenças cardiovasculares e
que, entre estas, a hipertensão é prevalente e sofre influências também do diabetes,
entende-se que um rigoroso controle metabólico realizado ao mesmo tempo que as
ações preventivas e curativas, capazes de prevenir e retardar o aparecimento das
complicações do diabetes e da hipertensão, se mostram importantes. Neste sentido,
o Programa Hiperdia é uma importante ferramenta, pela possibilidade de
acompanhamento da evolução e outras práticas em saúde.
Diante da gravidade desses fatores, assim como na perspectiva de avaliar
os procedimentos em saúde envolvendo diabéticos e hipertensos, a pesquisa aqui
proposta pode contribuir para entender melhor a metodologia hoje utilizada, servindo
de parâmetro para outros trabalhos que apontem novos procedimentos. Assim, foi
escolhido como tema para a pesquisa: EVOLUÇÃO DO ATENDIMENTO ATRAVÉS
DO PROGRAMA HIPERDIA PRESTADO PELA UBS “ALDO BONGIOVANNI” DO
MUNICÍPIO DE MIRANDA (MS).
1.2 Justificativa
O diabetes está associado ao aumento da mortalidade devido ao alto risco
de desenvolvimento de complicações agudas e crônicas. Nas primeiras estão
listadas a hipoglicemia, cetoacidose diabética e o coma hiperosmolar (GROSSI,
2001). Já as complicações crônicas podem ser decorrentes de alterações na
microcirculação, causando retinopatia e nefropatia e, na macrocirculação levando a
cardiopatia isquêmica, doença cerebrovascular e doença vascular periférica e,
ainda, neuropatia (BRASIL, 2002).
Em relação à hipertensão arterial, além de ser um dos principais problemas
de saúde no Brasil, eleva o custo médico-social, principalmente pelas complicações
que causa, como as doenças cerébrovasculares, arterial coronariana, vascular de
extremidades, insuficiência cardíaca e insuficiência renal crônica (MION, 2002).
É diante desse quadro que o Hiperdia ganha importância, por ser capaz de
promover a saúde através de ações básicas que possibilitam a incorporação de
ações programáticas de forma mais abrangente, intervindo nos fatores que colocam
em risco a qualidade de vida do paciente, identificando de forma mais profunda os
problemas de saúde pública e realizando um acompanhamento mais constante.
1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo Geral
Conhecer o atendimento aos portadores de diabetes mellitus e hipertensão
arterial pelo Programa Hiperdia na Unidade Básica de Saúde “Aldo Bongiovanni” em
Miranda/MS.
1.3.2 Objetivos Específicos

Traçar o perfil da população diabética e hipertensa coberta pelo Hiperdia
da UBS Aldo Bongiovanni;

Descrever a periodicidade e os resultados das reuniões setoriais do
Hiperdia;

Apresentar uma proposta de intervenção para dinamizar ainda mais as
ações do Hiperdia.
1.4 Procedimentos Metodológicos
No presente trabalho, foi realizada uma pesquisa de campo, que teve como
objetivo buscar mais informações que permitissem maior conhecimento sobre a
situação. Trata-se de identificar as relações entre determinados fenômenos,
dirimindo as dúvidas porventura existentes. Normalmente a pesquisa de campo se
dá através de um estudo de caso, que para Lakatos e Marconi (2001) é um
levantamento mais profundo de determinado caso ou grupo sob todos os seus
aspectos, que neste trabalho foi o universo composto pelos pacientes do Programa
Hiperdia, que participam das reuniões intersetoriais.
O trabalho teve por base mensurar qual a evolução verificada em relação ao
tratamento dispensado pela UBS Aldo Bongiovanni junto aos integrantes do
Hiperdia. Para tanto foram coletados dados relativos às reuniões ocorridas em 2009,
2010 e 2011 (até agosto).
Em relação a 2011, por ocasião das reuniões realizadas nos meses de
junho, julho e agosto, procurou-se conhecer a avaliação que os pacientes fazem do
programa, principalmente em relação a como era anteriormente – realizado quatro
bairros – como está atualmente – realizado em seis bairros.
Não foram apresentados questionários, apenas realizados grupos de
debates com a colocação do tema e a palavra ficando livre aos participantes que
quisessem se manifestar. O número de participantes foi variável, não apenas em
função da variação do número de presentes aos encontros, como também daqueles
que estavam dispostos a se manifestarem.
REFERÊNCIAL TEÓRICO
O programa Hiperdia foi instituído para ser um modelo de assistência à
saúde, com objetivo de atingir a população brasileira carente e de alto risco em
relação à hipertensão e ao diabetes. Isto porque, grande parte da população
brasileira possui renda familiar per capita inferior a um salário mínimo (IBGE, 2011),
e não conta com a cobertura de planos privados de saúde. Assim, o Hiperdia
constitui uma dos pontos fortes da política de saúde pública do Brasil, possibilitando
que sejam ampliados os horizontes da assistência médica no Brasil.
Embora problemas de saúde como hipertensão e diabetes não sejam
discriminatórios, atingindo pessoas em qualquer ponto da pirâmide social, são
aquelas colocadas mais à base dessa pirâmide que encontram dificuldades para o
tratamento adequado, notadamente pelos custos com medicamentos.
Os gastos com assistência à saúde mantiveram-se entre 4% e 6% no total
das despesas das famílias (...). Os medicamentos comprometeram 76% dos
gastos com saúde nas famílias mais pobres (até R$ 400,00). Nas famílias
mais ricas (acima de R$ 3 mil), este percentual foi de aproximadamente
23,7%. (IBGE, 2011).
As propostas das políticas públicas de saúde estão centradas na promoção
da qualidade de vida e intervenção nos fatores que a colocam em risco, através de
ações programáticas específicas, o que permite um processo de identificação mais
rápido e um acompanhamento mais satisfatório, como é o caso do Programa
Hiperdia, voltado para indivíduos diabéticos e hipertensos. (Brasil, 2000).
Procurando conhecer melhor as variáveis a serem abordadas no trabalho, o
referencial teórico buscará contextualizar as três principais variáveis: Hipertensão
Arterial, Diabetes Mellitus e Programa Hiperdia.
2.1 Hipertensão Arterial
A pressão arterial é conceituada como “um componente fundamental no
comportamento fisiológico dos seres humanos, regulando o metabolismo orgânico e
possibilitando atividades de ordem voluntária e involuntária” (FERNANDES, 2003,
p.146). Entretanto, muitas vezes ela sofre variações, sendo que, no caso de
elevação e persistência dessa elevação, caracteriza-se um quadro hipertensivo, que
tende a provocar sérias conseqüências caso não seja tratado adequadamente.
De acordo com o Ministério da Saúde o Brasil conta com algo em torno de
17 milhões de portadores de hipertensão arterial, o que significa um percentual de
35% da população de 40 anos e mais. O tratamento do problema costuma ter início
quando ele já está agindo há muito tempo na pessoa, uma vez que nem sempre se
manifestam sintomas que permitem identificar a hipertensão. Via de regra ela é
descoberta quando se busca tratamento para outro problema e a aferição acusa
pressão alta. Além do mais, o tratamento nem sempre é levado a sério pelo
hipertenso, uma vez que, em não percebendo sintomas agressivos – como dores,
por exemplo – ele negligencia esse tratamento. (BRASIL, 2006).
A - Adultos (maiores de 18 anos)
PAD (mm Hg)
< 85
85-89
90-99
100-109
> 110
< 90
PAS (mm Hg)
< 130
130-139
140-159
160-179
> 180
> 140
Classificação
- Normal
- Normal Limítrofe
- Hipertensão Leve (estágio 1)
- Hipertensão Moderada (estágio 2)
- Hipertensão Grave (estágio 3)
- Hipertensão Sistólica Isolada
B - Crianças e Adolescentes
Valores da PA Sistólica e Diastólica
Menores que o percentil 90
Entre os percentis 90 e 95
Maiores que o percentil 95
Classificação
Normal
Normal Limítrofe
Hipertensão Arterial
Tabela 01: Classificação da Hipertensão arterial
Fonte: http://www.institutodehipertensao.com.br/pressaoarterial.asp (2011)
Cecil (1993) afirma que, independente de gênero e raça, aumenta a
incidência de hipertensão com a idade, sendo que até os 50 ela é mais comum nos
homens e, a partir dessa idade passa a ser mais comum nas mulheres. Neste caso,
a prevalência está relacionada com o pós-menopausa, numa combinação que
envolve alterações hormonais e ganho de peso.
São diversos os fatores a ser considerados quanto à incidência da
hipertensão, como a questão da hereditariedade. Cecil (1993) afirma que fatores
genéticos estão presentes no aparecimento da hipertensão. O ambiente em que o
indivíduo está inserido também tem implicações em relação ao surgimento e/ou
desenvolvimento da hipertensão arterial, como é o caso de ingestão excessiva de
sal, obesidade, sedentarismo, consumo de bebidas alcoólicas, entre outros.
Entretanto, para Cecil (1993) a questão da ingestão de sal afeta em média 60% dos
hipertensos, o que pode ser resultado da heterogeneidade.
2.1.1 A Hipertensão Arterial Sistólica
Como já foi definida, a hipertensão é a elevação intermitente ou sustentada
da pressão arterial acima dos limites considerados normais. No caso, é quando a
pressão arterial sistólica supera a casa de 140mmHg, e diastólica ultrapassa
90mmHg. (V DIRETRIZ BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO, 2006).
Cecil (1993) afirma que cerca de 95% dos casos é de hipertensão primária,
ou idiopática, cujas causas são desconhecidas. Assintomática, pode evoluir para
crise hipertensiva caso não seja devidamente diagnosticada e tratada.
Já a
hipertensão secundária tem sua gênese relacionada a outros problemas de saúde,
como do cérebro, da aorta, rins ou alguma glândula.
Ainda segundo Cecil (1993) a crise hipertensiva ocorre quando a pressão
sobe rapidamente, trazendo vários riscos para outros órgãos e deve ser tratada
imediatamente com medicação via oral. Por outro lado a emergência hipertensiva se
dá quando a pressão precisa ser diminuída dentro de determinado período evitando
o comprometimento de alguns órgãos. O autor afirma ainda que uma pessoa possa
ser acometida de HAS durante anos e não perceber nenhum sintoma, o que a
classifica como doença assintomática. Isso implica em se dar atenção a alguma
manifestações que podem indicar algum problema de pressão, tais como cefaléia,
cansaço, tontura, inchaço nas pernas, etc. Se a partir de alguma dessas
manifestações for identificado um quadro hipertensivo, é fundamentar que seja feito
um monitoramento freqüente, já que o problema pode resultar em doença cardíaca,
renal ou vascular.
Brunner e Suddarth (2000) afirmam que as doenças cardiovasculares estão
presentes em todos os pontos do mundo. No Brasil, os óbitos causados por elas
estariam na casa dos 300 mil por ano. Para os autores caso não seja revertida à
curva ascendente do problema, por volta de 2020 as doenças vasculares serão a
principais causas de óbito no mundo. Destas, 40% teriam como fator a hipertensão.
Segundo os mesmos autores a pressão arterial aumenta linearmente em
função do processo de envelhecimento, sendo que isso ocorre em função das
alterações estruturais e funcionais no coração e nos vasos sangüíneos, que
provocam a diminuição da elasticidade dos vasos.
Outro ponto em relação aos grupos de incidência está relacionado com o
nível socioeconômico, uma vez que ele sendo mais baixo está associado à maior
prevalência de hipertensão e de fatores de risco para elevação da pressão. De
forma geral, a presença de fatores de risco cardiovascular não ocorrerem sozinhos,
mas de forma combinada. Isso mostra que nem sempre um único fator desencadeia
o risco, como a hereditariedade, por exemplo, mas, combinada com fatores
ambientais, por exemplo, (vida pouco saudável) contribuem para aumentar a
predisposição. (V DIRETRIZ BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006).
Presente desde os primórdios da humanidade, a obesidade vem se
transformando num dos maiores problemas de saúde, principalmente a partir do
século passado. Brunner e Suddarth (2000) afirmam que o problema está na
transição nutricional, nos costumes alimentares da vida moderna, tornando-se fator
de contribuição para as cardiovasculares em especial a hipertensão. A obesidade
definida como um excesso de gordura corporal, resultante do desequilíbrio crônico
entre consumo alimentar e gasto energético, sendo que o ganho de peso a médio e
longo prazo aumenta a incidência da HAS, enquanto a perda de peso reduz essa
incidência. Afirma ainda, que algo em torno de 70% dos casos de hipertensão estão
associados à obesidade ou ganho de peso, sendo a mesma apontada como
principal fator de risco à HAS.
Entre os mecanismos para avaliar a questão de peso, está o IMC – Índice de
Massa Corporal. O IMC é calculado dividindo o peso (em kg) pela altura ao
quadrado (em m).
Categoria
IMC
Subnutrido
Peso saudável
Sobrepeso
Obesidade Grau I
Obesidade Grau II
Obesidade Grau III
Abaixo de 18,5
18,5 - 24,9
25,0 - 29,9
30,0 - 34,9
35,0 - 39,9
40,0 e acima
Tabela 02: Índice de Massa Corporal
Fonte: http://www.drauziovarella.com.br/entrevistas/imc.asp (2011)
Auxiliar os indivíduos a fazer mudanças nos hábitos alimentares, favorece
um melhor controle metabólico, do peso corporal e da pressão arterial. O plano
alimentar deve ser personalizado de acordo com idade, situação metabólica e
biológica,
atividade
física,
doenças
intercorrentes,
situação
econômica
e
disponibilidade dos alimentos. É necessário buscar adequar as orientações sobre
hábitos alimentares e atividade física compatíveis com a realidade local. O homem
moderno é excessivamente sedentário, sendo que esse estilo de vida é um dos
grandes fatores de risco associados à etiologia das doenças crônicas nãotransmissíveis. Estimativas nacionais apontam um alto índice de sedentarismo na
população, sendo que mais da metade das pessoas exercem pouca ou nenhuma
atividade física. (BRASIL, 2002).
Para a maioria das pessoas caminhar 30 minutos diariamente ou em alguns
dias da semana, tem efeito benéfico e não oferece riscos. A atividade física de
intensidade leve a moderada, contribui para redução de pressão arterial de
indivíduos hipertensos. Outro fator muito importante em relação às causas de morte,
quando considerado isoladamente, é o tabagismo. Calcula-se que no Brasil, a cada
ano morrem 80 mil pessoas precocemente devido ao tabagismo, onde 25% das
mortes são decorrentes das doenças coronarianas e 25% das patologias
cerebrovasculares originadas pelo tabagismo. Um inquérito mostrou que 18,8% da
população brasileira é fumante (BRASIL, 2002).
De acordo com Cecil (1993) o fumo aumenta a pressão pelo fato de que a
nicotina age como vasoconstrictor e altera a parede interna dos vasos, reduzindo
sua elasticidade. Isso faz com que o tabagismo seja visto como responsável por 1/5
das mortes por doenças cardíacas, relacionado com maior prevalência de
hipertensão arterial.
2.2 Diabetes Melittus
O diabetes mellitus (DM) é considerado como um problema de saúde
pública, uma vez que acomete inúmeras pessoas e possui um considerável índice
morbimortalidade. De acordo com dados no Ministério da Saúde relativos ao ano de
1993, existiam no Brasil cerca de 5 milhões de diabéticos, sendo que metade deles
não tinha conhecimento do problema. Quando essas pessoas passavam a ter
conhecimento do problema, por meio de diagnóstico médico, o quadro já era de
complicações crônicas. (BRASIL, 2002)
Ainda de acordo com previsão do Ministério da Saúde, feita em 2001, o
Brasil deverá ter, em 2025, mais de 11 milhões de diabéticos. Isso tem levado à
dinamização dos programas de detecção do diabetes, principalmente com a atenção
voltada para as pessoas com 40 anos de idade ou mais. Diversos estudos mostram
que o diabetes mellitus decorre da falta ou da incapacidade da insulina em exercer
de forma correta suas funções, o que leva à hiperglicemia, ocasionando uma série
de distúrbios que afetam vários órgãos, de forma mais agressiva os rins, olhos,
nervos, coração e vasos sangüíneos. (BRASIL, 2002)
O diabetes mellitus se classifica em tipo I e tipo II. No caso do tipo I ocorreu
a destruição das células “beta pancreática”, que podem ter sido provocadas por
causas nem sempre conhecidas, e é também conhecida como “diabetes juvenil”, por
acometer crianças. Já no caso do tipo II, que acomete pessoas adultas, o que se
verifica são níveis variados de resistência à insulina, ou baixa secreção de insulina
pelo pâncreas. (COSTA e ALMEIDA NETO, 1998).
Apesar de acometer milhões de pessoas, e de todo estudo realizado sobre o
assunto, ainda não foi possível definir o mecanismo pelo qual o diabetes se instala
no organismo, sendo na verdade, considerado como uma síndrome que agrupa um
determinado número de sintomas. Os mais evidentes são sede intensa e aumento
de apetite, o que não impede que o doente emagreça; a eliminação de urina também
cresce consideravelmente. O cansaço e a dificuldade para concentrar-se no trabalho
são outros sinais que, reunidos aos primeiros, fazem pensar em diabetes.
Também o tratamento ao diabetes tem sido padrão em todo o mundo, uma
constante ação que envolve dieta e medicamentos específicos, inclusive a insulina,
que normalmente é produzida pelo pâncreas. “As injeções regulam o nível do
hormônio, compensando a secreção deficiente, enquanto a dieta visa a diminuir a
ingestão de glicídios”, Ainda que a origem do diabetes e seu mecanismo de
instalação no organismo não sejam suficientemente conhecidos, diversos fatores
relacionados ao seu aparecimento já são bem definidos, como: herança genética;
lesões pancreáticas diretas; choques; obesidade; sexo e idade. (COSTA E
ALMEIDA NETO,1998), p. 36).
Embora sejam mais raras, as lesões pancreáticas podem constituir fator
relacionado ao aparecimento do diabetes, como conseqüência infecções biliares,
pancreatites agudas, traumatismo, cisto, tumores que venham a destruir o tecido
produtor de insulina. (BRASIL, 2002)
No caso da herança genética, ela ocorre quando pais diabéticos geram filhos
diabéticos. A transmissão pode ser direta, ou indireta. No último caso, os pais geram
filhos que não são diabéticos, mas têm a predisposição à mesma, e podem
transmitir o problema à geração seguinte. Mas tem-se a obesidade como uma das
principais condicionantes para o surgimento do diabetes, com cerca de 40% dos
casos, sendo mais freqüente na mulher do que no homem numa faixa etária que vai
40 aos 60 anos. Antes dos 40 anos a incidência é igual em homens e mulheres. A
ocorrência é maior em meios onde a alimentação é considerada pobre: pobre em
hidratos de carbono e rica em gorduras. Quando um paciente com diabetes mellitus
tipo I não recebe o tratamento adequado, o processo de metabolismo da glicose
executado pelas células sofre redução drástica, sendo que a glicose se acumula no
sangue e é eliminada pela urina. Isso leva a manifestação de diversos sintomas,
como: perda de peso; fadiga; urina excessiva e muita sede. (Costa e Almeida Neto,
1998).
Segundo Steiner e Lawrence (1992) os diabéticos tipo II produz insulina e o
continuarão fazendo por toda a vida. O que leva os níveis de glicose no sangue a
permanecerem altos reside na incapacidade das células musculares e adiposas
usarem essa insulina secretada pelo pâncreas. Isso faz com que pouca glicose seja
realmente aproveitada pelas células, o que é caracterizada como sendo resistência
insulínica.
Embora os sintomas do diabetes mellitus tipo II possam passar
despercebidos por vários anos, e serem menos pronunciados que o tipo I trata-se de
um problema que deve ser levado a sério uma vez que constitui em sério risco a
saúde do indivíduo. Neste tipo de diabetes o tratamento pode ser feito apenas com
dieta ou medicação administrada por via oral, os comprimidos hipoglicemiantes orais
que, após sua ingestão, produzem queda na taxa de açúcar (glicose) existente no
sangue. (Steiner e Lawrence, 1992)
A Ingestão da glicose pelo indivíduo ocorre de várias formas, como por
exemplo, amido existente no arroz, batata e massas; ou a lactose presente no leite;
como também a frutose presente nas frutas e, principalmente, a sacarose, presente
com abundância no açúcar refinado. Integrantes do grupo dos glicídios, essas
substâncias, ao passarem pelo processo de digestão são absorvidas, já como,
glicose. No indivíduo sem diabetes, ao entrar no sangue, a glicose estimula a
secreção de insulina pelo pâncreas e permitirá que o organismo use a glicose para
várias finalidades, tais como fornecimento de energia e produção de matéria prima
para as células do corpo. (Steiner e Lawrence, 1992)
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
Localizado no Estado de Mato Grosso do Sul, o município de Miranda
está inserido na microrregião MRG 02 Aquidauana, tendo como coordenadas
geográficas: latitude 20°14’26”S e longitude 56°22’46”W, distante 205 quilômetros da
capital do Estado.
O município tem os seguintes limites geográficos: Norte, Nordeste e
Leste: Aquidauana; Sudeste: Anastácio; Sul: Bonito e Bodoquena; Sudoeste:
Bodoquena; Oeste e Noroeste: Corumbá.
De acordo com dados do IBGE (2011), o município de Miranda possui
uma população de 25.615 habitantes, sendo que destes, 15.586 vivem na zona
urbana, enquanto outros 10.029 vivem na zona rural, como pode ser visto na tabela
abaixo.
POPULAÇÃO DE MIRANDA - 2011
ÁREA URBANA
ÁREA RURAL
TOTAL
15.586
10.029
Tabela 03 População de Miranda em 2011
25.615
Fonte: IBGE (2011)
A cidade de Miranda está colocada em 51º lugar no estado quanto ao
Índice de Desenvolvimento Urbano Municipal, com a marca de apenas 0,724, sendo
o município de número 2.544 no ranking nacional, e a expectativa de vida da
população é de 65 anos.
3.1 Análise em Saúde
Segundo o Núcleo de Tributação da Prefeitura Municipal, existem 6.684
imóveis cadastrados na área urbana. Entretanto a Sanesul informa atender 6.743
imóveis. Isso ocorre porque existem ocupações irregulares de áreas urbanas, que
ainda não são cadastradas na prefeitura, mas já contam com serviço de água
oferecido pela Sanesul.
Desse total, 3.080 poderiam estar ligados á rede coletora de esgoto,
entretanto, apenas 819 imóveis fizeram essa ligação.
3.2.1 Organograma da Secretaria Municipal de Saúde e Saneamento
Secretaria Municipal de
Saúde e Saneamento
Secretaria Municipal de
Saúde e Saneamento
Secretaria Municipal de
Saúde e Saneamento
Divisão de Saúde
Divisão de Vigilância
em Saúde
Hospital
Regional
Coordenad.
De Atenção
Básica
Núcleo de
Odontologia
Núcleo de
Informática
Núcleo de
Vigilância
Epidemiológica
Núcleo de
Vigilância
Sanitária
Núcleo de
Vigilância
Ambiental
Núcleo de
Vigilância
Entomológica
Hospital
Renato A.
Filho
Estratégia
Saúde da
Família
Unidade
Básica de
Saúde
Serviço de
Inspeção
Municipal
Serviço de
Fiscalização
de Alimentos
Serviço de
Saneamento
Serviço de
Fisc. De
Estab. de
Saúde
Serviço de
Saúde do
Trabahador
ESF
Deidâmia B.
Albuquerque
Fluxograma Hierárquico do Posto de Saúde Aldo Bongiovani
3.2.2 Organograma a UBS
Secretar ia Municip al de Saúde e Sane ame nto
Gestor de Saúde
Coordenação da Atenção Basica
Diretor do Núcleo de saúde
Bioquímico
Responsável pela
Farmácia
Enfermeiros (as )
Médicos
Tec de enfermagem
Aux de enfermagem
Aux adminstrativo
Aux C Dentário
Serviços gerais
Fonoaudióloga.
Nutricionista
Psicólogo
Dentista
ACS
Fonte: Estudo de Caso (2010)
3.2.3 Área Física da Unidade
A unidade consta com 23 (vinte e três) repartições sendo elas divididas
em:
01 - Salão de acolhimento do Paciente.
01 - Sala de recepção e administrativo.
01 - sala da diretoria administrativa.
01 - Sala de pré consulta.
01 - Sala de Curativos, Retirada de Pontos e Coleta de Biópsia.
01 - Sala de Atendimento Odontológico
01 - Sala de atendimento dos Enfermeiros.
03 - Salas de Atendimentos Médicos.
01 - Sala de Coleta de Preventivo.
01 - Sala de atendimento (Nutricionista, Psicólogo e Fonoaudióloga).
01 - Sala de Reuniões
01 - Sala de C. M. E (Central de Material Esterilizado).
01 - Sala de Vacinas.
01 - Sala de Administração de Medicação.
01 - Depósito da Farmácia.
01 - Farmácia Básica.
03 – Sanitários.
3.2.4 Recursos Humanos
A Unidade conta ainda com 64 funcionários atuando dentro e fora da
instituição:
 Diretor Administrativo: 01
 Enfermeiros: 03
 Médicos: 06
 Nutricionista: 01
 Fonoaudióloga: 02
 Psicólogo: 02
 Fisioterapeuta: 01
 Farmacêutico: 01
 Tec. de Enfermagem: 03
 Aux. de Enfermagem: 02
 Aux. de Consultório Dentário: 01
 Aux. de Farmácia: 01
 Aux. de Serviços Gerais: 01
 Aux. Administrativo: 03
 Agentes Comunitários Urbano: 20
 Agentes Comunitários Rural: 11
 Motorista: 01
 Dentistas: 02
 Assistente Social: 01
 Guardas: 02
3.2.5 Layout da Área Física
Fonte: Estudo de Caso (2010)
3.2.6 Atendimento na Unidade
 – HIPER/DIA
 – Tabagismo / Previprim
 – PC Tuberculose
 – PC Hanseníase
 – Saúde da Mulher
 – Aleitamento Materno
 – Saúde do Idoso
 – Saúde de Ferro
 – DST/AIDS
 – Planejamento Familiar
 – Pré-Natal
 – Prevenção de Câncer do colo-uterino
 – Saúde da Criança e do Adolescente, e outros.

Atendimento Médico: 100 (diário)

Atendimento de Enfermagem: 25 (diário)

Atendimento Odontológico: 20 (diário)

Atendimento nutricional (este realizado 02 vezes por semana): 08

Atendimento Psicológico (este realizado 02 vezes por semana): 08

Atendimento Fonoaudiólogo (este realizado 03 vezes por semana): 03
3.2.7 Agentes Comunitários de Saúde:

Região Urbana: 2667 famílias

Região Rural: 757 famílias
3.2.8 Ações Realizadas Junto à População
 Reuniões HIPER/DIA
 Palestras nas escolas
 Reuniões com os Agentes de Saúde
 Acompanhamento nas festas da ação social
 Campanhas de vacinação
 Distribuição de preservativos nas festas
 Visitas domiciliares
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Diante do aumento dos agravos registrados por pacientes com doenças
cardiovasculares – muitos originados pelo diabetes e pela hipertensão – e com
objetivo de proporcionar melhor acompanhamento desses pacientes, em 2002 foi
instituído o Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e Diabetes
mellitus, que recebeu o nome de Hiperdia. Em linhas gerais, trata-se de um
programa que visa combater os agravos citados, ampliando as ações de prevenção,
diagnóstico e controle da hipertensão e do diabetes.
Na cidade de Miranda o programa Hiperdia faz parte das ações
desenvolvidas pela Unidade Básica de Saúde “Aldo Bongiovanni”. Ao todo são
atendidos 230 pacientes, sendo que alguns são tanto hipertensos como diabéticos,
outros são apenas diabéticos e a maioria é apena hipertensa.
Os dados iniciais foram obtidos através de levantamentos dos cadastros dos
pacientes e coleta de dados por ocasião das reuniões setoriais.
31,74%
61,30%
6,96%
DM/HAS
DM
HAS
Gráfico 01 – Percentual de pacientes segundo o agravo
Fonte: Estudo de caso (2011)
Dos 230 pacientes atendidos pelo Hiperdia, 73 são diabéticos e hipertensos
ao mesmo tempo, recebendo uma atenção maior em função de manifestarem dois
dos agravos que podem levar a problemas cardiovasculares. Outros dezesseis
pacientes são portadores apenas do diabetes, constituindo o menor percentual do
universo atendimento. O número maior de pacientes refere-se aos portadores de
HAS, com 141 pessoas.
36,09%
63,91%
Homens
Mulheres
Gráfico 02 – Percentual de pacientes segundo o gênero
Fonte: Estudo de caso (2011)
O fato de se verificar um maior número de mulheres que homens atendidos
pelo programa, não significa que haja uma prevalência desse gênero de um modo
geral nos agravos. Ocorre que á amplamente sabido que as mulheres procuram
mais os serviços de saúde, e levam o tratamento mais a sério que os homens, o que
constitui dado preocupante, uma vez que muitos homens podem estar acometidos
por uma dos problemas e não estar em tratamento.
Ainda segundo observações dos profissionais, inclusive os agentes, apesar
das visitas não é comum encontrar os homens em casa, e muitas vezes as
informações prestadas por terceiros não reproduzem a realidade, já que o paciente
pode não saber que tem o problema, e nem sempre está disposto a comparecer à
unidade de saúde para a realização de exames.
1,30%
9,13%
47,39%
42,17%
De 30 a 39 anos
De 40 a 49 anos
De 50 a 59 anos
Com 60 anos ou +
Gráfico 03 – Percentual de pacientes segundo a idade
Fonte: Estudo de caso (2011)
Através deste gráfico verifica-se que a participação de pessoas com menos
de 39 é pequena. Isso se deve ao fato de que a incidência desses problemas é
menor nessa faixa etária, somado ao desconhecimento de parte da população
acometida, uma vez que nessa faixa etária as pessoas tendem a se considerar
“cheias de saúde”.
O percentual começa a se elevar na faixa entre 40 e 49 anos, quando atinge
quase 10% dos participantes do programa. Os números apresentam um salto
relativo quando muda a faixa etária para 50 até 59 anos. Isso se deve pelo fato de
que nessa faixa etária começam a surgir alguns sintomas que levam o paciente ao
médico, onde é diagnosticado um DM ou HAS. Além do mais, a prevalência desses
problemas está em paciente acima dos 50 anos, razão pela qual os números
continuam altos quanto à idade superior aos 60 anos.
Em função da dificuldade de um atendimento médico específico ao grupo de
hipertensos e diabéticos, surgiu a necessidade da criação de reuniões para um
contado dos profissionais de saúde com esses pacientes. Inicialmente as reuniões
eram realizadas em um local, na área central, o que exigia o deslocamento dos
pacientes. Em função das distâncias, muitos não compareciam às reuniões.
Foi então decidido pela descentralização dessas reuniões. Em fevereiro de
2010 a primeira delas foi realizada no Bairro Nossa Senhora Aparecida, que contou
com a participação de apenas 28 pacientes. No mês seguinte março, as reuniões
aconteceram em dois bairros – Nossa Senhora Aparecida (24 participantes) e
Cherogami (16 participantes). A partir do mês de abril as reuniões mensais
passaram a ser realizadas em quatro bairros, estendendo-se até o mês de
setembro. Apesar da oscilação quanto ao número de participantes o número
aumentou sensivelmente, como mostra o gráfico abaixo.
80
60
40
20
0
Abril
Maio
N.S. Aparecida
Junho
Cherogami
Julho
Agosto-
Setembro
Cohab
M. do Rosário
Gráfico 04 – Número de participantes por bairro/mês 2010
Fonte: Estudo de caso (2011)
Nessas reuniões, que conta com a participação de agentes de saúde e
enfermeiro, é realizada a aferição da pressão arterial e medido o índice de glicemia.
Aproveita-se para servir um lanche composto de frutas e alimentos que se
enquadram na dieta, aproveitando-se a oportunidade para discutir sobre questões
de alimentação saudável em função dos agravos do grupo. Também é realizada a
conscientização sobre as atividades físicas como forma de melhorar a qualidade de
vida.
Quando é detectada alguma alteração sensível nos índices aferidos, o
paciente é encaminhado para atendimento médico, seja em uma das unidades (a
que estiver mais próxima) ou mesmo no Hospital Municipal.
O levantamento de dados mostrou que nos meses de julho e agosto o
número de participantes foi menor, com os demais meses registrando uma
participação superior a 100 pessoas. Um contingente que merece atenção, uma vez
que as reuniões anteriores eram sempre com poucos participantes. Levar os
encontros para as proximidades da residência foi fator preponderam para a evolução
da participação dos pacientes.
No mês de outubro de 2010 as reuniões passaram a ser realizadas em mais
dois bairros – Salobra (área rural que posteriormente passou para outra unidade de
atendimento) e contou 27 participantes, e Bairro Santa Cruz, com 30 participantes.
Nesse mês, a soma de todos os pacientes alcançou 150 participações, constituindo
o maior número naquele ano.
No mês de novembro ela aconteceu apenas nos quatro bairros anteriores, e
teve uma participação de 123 pessoas. Em dezembro foi apenas um bairro que
contou com a reunião, o Nossa Senhora Aparecida, e teve a participação de 28
pessoas.
No ano de 2011 o mês de janeiro foi dedicado à capacitação dos agentes e
ao planejamento dos trabalhos para todo o ano. As equipes já estavam mais bem
preparadas, já havia um know-how sobre as reuniões, o que permitiu iniciar os
trabalhos de forma abrangente, já realizando cinco reuniões em fevereiro e, a partir
de março, até agosto quando se encerrou a presente pesquisa, as reuniões
aconteceram em seis bairros – N. S. Aparecida, Chorogami, Cohab, M. do Rosário,
Santa Cruz e Baiazinha. O gráfico 05 mostra a evolução bairro/mês.
70
60
50
40
30
20
10
0
Fevereiro
Março
N. S. Aparecida
Abril
Cherogami
Maio
Cohab
Junho
M. do Rosário
Santa Cruz
Julho
Agosto
Baiazinha
Gráfico 05 – Número de participantes por bairro/mês 2011
Fonte: Estudo de caso (2011
Os números do gráfico 05 mostram que a descentralização das reuniões foi
importante para a evolução do atendimento aos pacientes do Hiperdia. As reuniões
realizadas perto de casa proporcionaram a participação de um contingente maior de
paciente. Até porque, grande parte deles tem problema de locomoção, seja por
idade, obesidade ou alguma seqüela. A escolha dos bairros também foi providencial,
uma vez que refletem pontos geográficos estratégicos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora seja um programa com objetivos importantes no que tange à saúde
pública, o Hiperdia parece estar mantendo o modelo vivido por décadas no Brasil, o
de curar os agravos diagnosticados. Não exatamente pela ausência do aparato de
saúde pública, pela baixa adesão dos diretamente interessados – os pacientes
portadores do agravo.
O que se percebeu na pesquisa que deu origem ao presente trabalho, é que
muitos consideram qualquer melhora em seu quadro como um ponto altamente
positivo, embora nem sempre essa melhora atinja os índices desejados. Um
paciente que na reunião anterior estava com um nível de glicemia na casa dos 230,
por exemplo, acha que está tudo bem pó ter chegado a 210. E sabe-se que não é
bem assim.
Outro ponto negativo identificado na avaliação dos dados coletados, é que
grande parte dos pacientes têm certa relutância em mudar seu hábito de vida, o que
é preponderante para o combate ao diabetes e á hipertensão. Isso fica claro quando
eles mesmos assumem que nem sempre tomam a medicação de forma rotineira e
nos horários pré-estabelecidos. A maioria não pratica exercícios físicos e não faz a
dieta aconselhada.
A administração pura e simples de medicamentos não é a panacéia para o
diabetes e a hipertensão. Exercícios físicos e dietas são fundamentais, uma vez que,
para o diabético, é importante evitar a obesidade e o sobrepeso, uma vez que isso
dificulta a absorção da glicose pelas células. Alguns alimentos possuem alto teor
glicêmico e devem ser evitados, ou consumidos moderadamente. Algumas
combinações de alimentos também devem ser evitadas.
Quando das reuniões, é comum ouvir comentários sobre consumir aqueles
alimentos por que em casa eles não estão presentes. Na maioria das vezes, isso
ocorre não por falta de vontade do paciente, mas por falta de condições financeiras.
Também para o hipertenso a dieta e os exercícios físicos são importantes,
uma e que a ingestão de gorduras e excesso de sal é prejudicial, assim como outros
alimentos. O sedentarismo é um grande inimigo da hipertensão.
De forma geral, em relação aos pacientes, o que se constatou é certa
“frouxidão’ na continuidade do tratamento. Alguns chegam mesmo a negligenciar
atitudes básicas como a ingestão de medicamentos. Há quem afirme que,
considerando 110mg/dl como índices normais, taxas que girem em torno de 150 ou
160mg/dl sejam aceitáveis para os diabéticos, o que é um erro, pois esse excesso
de açúcar provoca agravos em diversos órgãos, podendo levar a outras patologias.
Percebe-se que a maioria tem na medicação a única alternativa para
controlar a doença, esquecendo que é fundamental estabelecer modo de vida onde
suas atitudes têm tanta importância quanto à medicação. Erroneamente, continuam
acreditando que saúde é sinônimo de médico, remédio, hospital.
Infelizmente em relação á dieta a responsabilidade não é inteiramente do
paciente, uma vez que, a grande maioria deles é oriunda das camadas mais à base
da pirâmide social. Isso faz com que integrem aquele contingente da população que
se alimenta – na melhor das hipóteses – com o tradicional cardápio popular
brasileiro: arroz, feijão, bife e ovo. A salada não é exatamente uma predileção
nessas camadas sociais. Frutas também não se fazem presentes com muita
freqüência na maioria das mesas. A dieta termina sendo rica em carboidratos, que
se transforma em glicose.
Por outro lado, a cobertura do programa Hiperdia ainda é acanhado se
considerar-se o número de pessoas que poderiam ser atendido. Algumas áreas
estão descobertas e não recebem a visita a domiciliar.
Se o paciente tem plano de saúde, ou melhor, condição financeira faz o
tratamento com acompanhamento de endocrinologista, cardiologista e nutricionista.
Normalmente os medicamentos prescritos não são aqueles encontrados na farmácia
básica das unidades de saúde. A alimentação é balanceada, o cardápio variado, e
assim por diante.
Não tendo condições para arcar com tratamento particular, o diabético e o
hipertenso terminam utilizando o sistema de saúde pública que, apesar dos
objetivos, intenções e avanços, ainda está muito aquém de ser o ideal. Até porque,
os medicamentos oferecidos na farmácia básica são restritos e não permitem ao
médico, alternativas que possam melhorar o tratamento.
Um dos problemas verificados no serviço de saúde pública é em relação aos
medicamentos, uma vez que eles fazem parte de uma lista única. Ou seja, o médico
pode receitar o que medicamento que ele julgar mais adequado, desde que ele
esteja disponível no sistema da farmácia básica, uma vez que, em se tratando de
medicação contínua, os preços praticados nos estabelecimentos comerciais
terminam sendo proibitivos para os pacientes mais pobres, a imensa maioria dos
que participam do Hiperdia.
Um profissional de saúde, que pediu para não ser identificado, afirmou que
muitas vezes receita um medicamento que não é exatamente o que gostaria, mas
não pode obrigar a pessoa a comprá-lo na farmácia. Exemplo disso é a tradicional
glibenclamida
que
os
diabéticos
tomam
indefinidamente.
Endocrinologistas
particulares aboliram esse medicamento das receitas, passando a usar a
glimepirida. Mas na rede pública ele não é receitado, pois não faz parte da farmácia
básica.
No caso da hipertensão, prolonga-se indefinidamente o uso do captopril,
quando cardiologistas defendem que o uso contínuo de determinado medicamento
faz com que sua eficácia diminua. Muitos receitam o maleato de enalapril, ou um dos
diversos outros medicamentos similares, mas não na rede pública de saúde, pois
eles não estão na farmácia básica.
Quanto à insulina a única disponível na rede pública é a insulina humana,
que precisa ser aplicada umas três vezes ao dia. Os endocrinologistas da rede
privada preferem outras insulinas, como a Lantus, mais fácil de ser transportada e
injetada, e que tem duração de 24 horas.
Percebe-se claramente que muitos avanços foram conseguidos, mas em
termos de saúde pública ocorre em Miranda o mesmo que em todo o Brasil. Muitos
são os pontos de estrangulamento nos programas que atendem os diabéticos e os
hipertensos. Ou chegar-se-á a um ponto onde o sistema fará de conta que atende e
o paciente fará de conta que acredita.
Ainda assim, verificou-se que os agentes de saúde da Unidade Básica de
Saúde “Aldo Bongiovanni” realizam um trabalho de “aproximação” gradativa com os
pacientes do Hiperdia. Nas visitas domiciliares mensais procura conscientizar os
mesmos a participarem das reuniões onde, além dos procedimentos em saúde, são
realizadas dinâmicas, teatros de fantoches, mesa redonda de discussão de
problemas e troca de experiências, e assim por diante.
A partir do planejamento realizado pela equipe do Hiperdia da UBS, as
reuniões mensais setorizadas deixaram de ser uma atividade meramente de controle
dos níveis de pressão e glicemia, e se transformaram num encontro de pessoas com
problemas de saúde, mas numa atividade lúdica e agradável. Isso, aliado à
descentralização das reuniões, permitiu agregar um número maior de pessoas.
REFERÊNCIAS
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diabetes mellitus. Brasília. Ministério da Saúde. 2002
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básica. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2000.
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http://hiperdia.datasus.gov.br/hiperelhiperrisco.asp. Acessado em: 21/10/2011
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CECIL, R.L. Tratado de medicina interna. 19a ed., Rio de Janeiro, Interamericana,
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Acessado em 16/10/2011 Acessado em: 23/10/2011
STEINER, G.M.D; LAWRENCE, P. A. Educando o paciente diabético. São Paulo:
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VARELA,
Drauzio.
Calculadora
de
IMC.
Disponível
em:
http://www.drauziovarella.com.br/entrevistas/imc.asp. Acessado em: 14/10/2011.
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