Vertigem e ansiedade: uma aborgadem comportamental Cristiana Borges Pereira Vertigem e ansiedade • Há uma prevalência de 11% de vertigem e ansiedade, o que é maior do que seria de se esperar pela simples co-ocorrência (5%) Vertigem e ansiedade • Vertigem postural fóbica 2o. diagnóstico mais frequente em ambulatório especializado Vertigem e ansiedade: dados • 9% dos pacientes internados em serviço de Neurologia podem apresentar distúrbios psicogênicos, destes 18% apresentam vertigem Lempert T, Dieterich M, Huppert D, Brandt T. Psychogenic disorders in neurology: frequency and clinical spectrum. Acta Neurol Scand 1990;82:335340 Vertigem e ansiedade: dados • distúrbios do humor e transtornos de ansiedade foram encontrados em 74% e 68% de um grupo de pacientes com VPF • todos aqueles com distúrbios psiquiátricos apresentavam pouca capacidade de adaptação como avaliada pela EDAO Ferreira LS, Pereira CB, Rossini S, Kanashiro AM, Adda CC, Scaff M. Psychological assessment in patients with phobic postural vertigo. Arq Neuropsiquiatr. 2010;68:224-7 Vertigem e ansiedade Vertigem e ansiedade Vertigem e ansiedade Vertigem e ansiedade: histórico • 1850: associação de sintomas vertiginosos com afecções do labirinto e do VIII nervo • 1861: Menière mostrou que doenças do labirinto são uma causa de vertigem Vertigem e ansiedade: histórico • 1872, Hughings Jackson afirmou: “um paciente com vertigem tem uma horrível depressão, referindo que tem a sensação de que vai morrer, e não é raro comparar esta sensação com a da cinetose”. Vertigem e ansiedade: histórico • 1871: Benedikt descreveu uma síndrome denominada “Platzschwindel” síndrome caracterizada por desequilíbrio e medo de cair desencadeados em lugares específicos como pontes e locais abertos Vertigem e ansiedade: histórico • na mesma época, Cordes e Westphal cunharam o termo agorafobia e afirmaram: “A sensação de insegurança ao cruzar uma ponte, por exemplo, nada tem que ver com vertigem, pois o paciente não tem a sensação de rotação de si mesmo ou dos objetos a sua volta, mas experimenta a sensação de perda de controle e de ser incapaz de seguir adiante”. Vertigem e ansiedade: classificação Vertigem postural fóbica • vertigem e a sensação subjetiva de desequilíbrio, com exame do equilíbrio normal • instabilidade ou flutuação, em crises com duração de segundos a minutos, ou às vezes como impressão momentânea e ilusória de perturbação do próprio corpo • crises espontâneas ou associadas a alguns estímulos ou a situações específicas • ansiedade e sintomas vegetativos • traços de personalidade obsessivo-compulsiva, labilidade afetiva e depressão leve • início após evento emocional estressante, doença grave ou distúrbio vestibular orgânico Brandt T, Dieterich M. Phobischer Attacken-Schwankschwindel: ein neues Syndrom? Münsch Med Wschr 1986;128:247-250. Vertigem e ansiedade: classificação Vertigem e ansiedade: classificação • Furman e Jacob, 2001 sensibilidade aumentada a espaço e movimento desconforto de espaço e movimento fobia de espaço e movimento Vertigem e ansiedade: classificação VERTIGEM POSTURAL FÓBICA PRIMÁRIA VERTIGEM POSTURAL FÓBICA SECUNDÁRIA sensibilidade aumentada a espaço e movimento características individuais desconforto de espaço e movimento fobia de espaço e movimento ou vertigem postural fóbica lesões prévias mal compensadas ou crises freqüentes Vertigem e ansiedade: tratamento • evolução em 106 pacientes (5-15 anos) 75% com melhora (maioria no 1o. ano) 23% sem melhora 3% com piora 47% tiveram recaídas 47% usaram antidepressivos Huppert D, Strupp M, Rettinger N, Hecht J, Brandt T. Postural phobic vertigo. A long-term follow up (5-15 years) of 106 pacientes. J Neurol 2005;252:564-569. Vertigem e ansiedade: tratamento • comparação entre RV e TCC grupo 1: apenas RV grupo 2: RV + TCC avaliação por escalas de vertigem e ansiedade resultados melhores no grupo 2 não comenta sobre a intervenção utilizada Holmberg J, Karlberg M, Harlacher U, Rivano-Fischer M, Magnusson M. Treatment of phobic postural vertigo. A controlled studdy of cognitive-behavioral therapy and self-controlled desensitization. J Neurol 2006;253:500-506. Vertigem e ansiedade: tratamento • evolução dos pacientes tratados com TCC + RV após 1 ano os resultados obtidos com as escalas de avaliação pioraram Holmberg J, Karlberg M, Harlacher U, Magnusson M. One-year follow-up of cognitive behavioral therapy for phobic postural vertigo. J Neurol 2007;254:11891192. Vertigem e ansiedade • Por que a associação entre vertigem e ansiedade é tão frequente? • Como surgem os comportamentos observados em pacientes com vertigem fóbica? • Por que o medo da vertigem e a ansiedade relacionada a vertigem são difíceis de tratar? • Qual seria a melhor abordagem terapêutica? Vertigem e ansiedade vertigem “controlada” sem desconforto prazer Vertigem e ansiedade vertigem/ desacordo alerta/ medo função protetora? Vertigem e ansiedade: condicionamento clássico Vertigem e ansiedade: condicionamento clássico antes do condicionamento olhar para cima sem resposta vertigem alerta/ medo durante o condicionamento olhar para cima + vertigem após o condicionamento olhar para cima alerta/ medo alerta/ medo Vertigem e ansiedade: condicionamento clássico • fatores que influenciam o condicionamento clássico frequência do emparelhamento tipo de emparelhamento intensidade do estímulo incondicionado Vertigem e ansiedade: condicionamento clássico • doenças vestibulares e VPF migrânea vestibular............65% doença de Menière.............57% neurite vestibular................22% VPPB..................................15% Vertigem e ansiedade: condicionamento contextual reação de medo reação de medo Vertigem e ansiedade: condicionamento contextual • Características do condicionamento contextual contextos são multimodais (diferentes tipos de estímulo) tônicos preditivos de onde, mas não de quando aprendizado ao acaso Vertigem e ansiedade: condicionamento contextual antes do condicionamento supermercado sem resposta vertigem alerta/ medo durante o condicionamento vertigem no supermercado alerta/ medo após o condicionamento supermercado alerta/ medo Vertigem e ansiedade: condicionamento operante • Skinner: comportamento é controlado pelas consequências comportamento produz consequência consequência determina a chance do comportamento que a produziu se repetir Vertigem e ansiedade: condicionamento operante comportamento de fuga ter vertigem crise de vertigem piora durante movimento tomar medicação não se movimentar alívio da vertigem diminui a vertigem Vertigem e ansiedade: condicionamento operante comportamento de esquiva virar a cabeça e ter vertigem permanecer com a cabeça parada crise de vertigem no supermercado não vai ao supermercado crises não ocorrem não tem crise vertigem Vertigem e ansiedade: fenômeno de extinção respondente caixa 1 som e choque medo caixa 2 som medo desaparece Vertigem e ansiedade: fenômeno de extinção respondente caixa 1 som e choque medo caixa 2 som medo desaparece caixa 1 som medo reaparece Vertigem e ansiedade: fenômeno de extinção respondente medo de altura “sem medo” deixa de se expor exposição repetida nova exposição diminui o medo de altura volta a ter medo de altura Vertigem e ansiedade • Por que a associação entre vertigem e ansiedade é tão frequente? A sensação de vertigem é um estímulo que leva a um alerta e noção de perigo e desencadeia medo, medo da situação em que se deu a vertigem. Vertigem e ansiedade • Como surgem os comportamentos observados em pacientes com vertigem fóbica? Os comportamentos surgem através dos mecanismos de condicionamento clássico, contextual e operante. Pacientes passam a ter comportamento de esquiva, evitando desencadeantes. A esquiva, por sua vez, prejudica a recuperação destes indivíduos, perpetuando o quadro disfuncional. Vertigem e ansiedade • Por que o medo da vertigem e a ansiedade relacionada a vertigem são difíceis de tratar? A ansiedade relacionada a vertigem está relacionada ao condicionamento do medo que é duradouro. Pode haver fenômeno de extinção, mas a resposta de medo não se apaga por completo, e pode surgir novamente de maneira espontânea ou através de estímulos fracos. Vertigem e ansiedade • Qual seria a melhor abordagem terapêutica? Terapia comportamental dessensibilização sistemática uso de antidepressivos tratamento prolongado – crônico? obrigada