NEOPLASIA MIELOPROLIFERATIVA COM REARRANJO NO PDGFRB - RELATO DE CASO Purini MC¹, Velloso EDP², Bacal NS¹, Guerra JCC¹, Nascimento ACKD¹, Mello FMGG¹, Oliveira MSE¹, Teixeira PPDS¹ ¹ Centro de Hematologia de São Paulo ² Hospital Israelita Albert Einstein INTRODUÇÃO Segundo a atual Classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS), um tipo distinto de neoplasia mieloproliferativa (NMP) ocorre em associação ao rearranjo do PDGFRB. Geralmente existe uma t(5;12) (q33;p12), com a formação de um gene de fusão ETV6-PDGFRB. As características hematológicas mais frequentemente encontradas são semelhantes a Leucemia Mielomonocítica Crônica (LMMC), geralmente com eosinofilia, mas alguns pacientes podem se apresentar como Leucemia Mielóide Crônica Atípica, Leucemia Eosinofílica Crônica e Neoplasia Mielóide com Eosinofilia. Clinicamente os pacientes se apresentam com leucocitose (aumento variável em neutrófilos, eosinófilos, monócitos e precursores neutrofílicos), esplenomegalia e infiltração tecidual por eosinófilos, com lesões secundárias à liberação de citoquinas e fatores humorais. Observa-se uma maior incidência no sexo masculino (M:F=2:1), com pico de incidência em adultos jovens. Transformação para crise blástica geralmente ocorre em um curto período de tempo. NMP com rearranjo PDGFRB é sensível aos Inibidores de Tirosino Kinase como Imatinibe. MATERIAL E MÉTODOS Análise de prontuário e revisão de literatura. Resultados : Paciente do sexo masculino, 44a, procurou dermatologista por lesões de pele pruriginosas em Maio/2010. Em hemograma de investigação apresentava leucocitose de 63.400(1/2/5/4/25/45/11/7), Hb=11,6 e Pl=140.000. Internado para investigação onde foram realizados outros exames: DHL=381(100 a 190), TC Abdome com esplenomegalia discreta (índice esplênico=947), sorologias para HIV, Hepatites B e C negativas. Biópsia de medula óssea mostrou hipercelularidade, às custas da série granulocítica, com hipoplasia da série megacariocítica e reticulina grau 1. Imunofenotipagem sem caracterização de população anômala. Cariótipo inicial: 46, XY, add(12)(p13)[20]. PCR para BCR ABL negativo; pesquisa da mutação JAK2 negativa. Repetido cariótipo que não mostrou alteração. Iniciado tratamento com Hidroxiureia, evoluindo com queda na contagem leucocitária e estabilização de Hb e plaquetas. Nove meses após início do quadro, ainda em uso de hidroxiuréia, paciente evoluiu com quadro de plaquetopenia, dor óssea e febre. Repetidos exames de MO que mostraram evolução para LMA. Cariótipo: 46,XY, t(5;12)(q33;p12)[16]. Solicitado pesquisa de mutação PDGFRB, com resultado positivo. Iniciado tratamento com quimioterapia convencional (Ida + Ara-C - 3+7) + Imatinibe (400mg), com remissão hematológica. Recebeu na sequência 2 ciclos de Consolidação com HD Ara-C. Mantido o uso contínuo do Imatinibe e, após 3 meses do início do tratamento, repetido cariótipo que mostrou remissão citogenética. CARIÓTIPO COM BANDAMENTO G CONCLUSÃO A Neoplasia Mielóide com rearranjo PDGFRB é uma entidade rara entre as NMP e seu diagnóstico é dificultado pela sobreposição clínica/laboratorial com outras doenças mieloproliferativas crônicas e falta de acesso à realização da pesquisa do rearranjo PDGFRB. A sobrevida média desses pacientes na era pré-Imatinibe era menor de 2 anos. Devido a baixa incidência , ainda não sabemos o impacto dos Inibidores de Tirosino kinase no tratamento da doença, mas alguns estudos mostram uma sobrevida média de 65 meses. BIBLIOGRAFIA 1.Juyoung S.; Myungshin K.; et al. Sustained response to low-dose Imatinib Mesylate in a patient with chronic myelomonocytic leukemia with t ( 5 ; 1 2 ) ( q 3 3 ; p 1 3 ) . A c t a H a e m a t o l o g i c a . 2 0 0 8 ; 11 9 : 5 7 - 5 9 2.Magnusson M.K.; Meade K.E.; et al. Activity of STI571in chronic myelomonocytic leukemia with a platelet-derived growth factor B receptor fusion oncogene. Blood. 2002;100:1088-1091 3.Brunning, R.D.; Bennett, J.M.;Flandrin, G.; Matutes, E.; Head, D.;Vardiman, J.W.; Harris, N.L.; - World Health Organization Classification of Tumours 2001;