Livia Miskulin Prearo.rtf

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Anais do XVII Encontro de Iniciação Científica- ISSN 1982-0178
m
Anais II Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnólogico e Inovação – ISSN 2237-0420
25 e 26 de setembro de 2012
DIETA PRESCRITA NA ADMISSÃO DE PACIENTES
CIRÚRGICOS
Livia Miskulin Prearo
Faculdade de Medicina
Centro de Ciências da Vida
[email protected]
Resumo: O presente trabalho teve como objetivo
levantar as dietas prescritas durante a internação
de pacientes submetidos à cirurgia digestiva no
Hospital e Maternidade Celso Pierro, Campinas,
SP. Foram estudados 71 pacientes adultos e
idosos de ambos os sexos, portadores de doenças
digestivas. Os critérios adotados para este estudo
foram pacientes submetidos à cirurgia digestiva,
sem doença em estágio terminal e estado
nutricional anotado nos prontuários médicos.Os
resultados foram analisados e expressos por meio
de média e desvio-padrão. Os dados mostraram
que, na população avaliada, a faixa etária
predominante foi de 56,86±16,14 anos e o tempo
de internação 9,62±8,12 anos. Com relação ao
estado nutricional, foi encontrado um índice de
massa corpórea (IMC) de 24,65±4,96 kg/m², prega
cutânea triciptal (PCT) de 19,40±9,79 mm e
circunferência muscular braquial (CMB) de
225,42±52,05
mm.
43,7%
dos
pacientes
encontraram-se eutróficos, com preservação de
massas gorda e magra. A maioria (57,74%)
apresentava doença não maligna do trato digestório
e 42,25% apresentavam neoplasias do trato
digestório. A dieta geral foi adotada para 21% dos
pacientes, a dieta branda para 37% e a nutrição
parenteral para 7%. 80% dos pacientes que
receberam dieta parenteral apresentavam baixo
peso. Este trabalho ressalta a importância do
monitoramento do estado nutricional e a
intervenção nutricional com dieta adequada para
cada paciente.
Palavras-chave: dieta hospitalar, paciente
hospitalizado, cirurgia digestiva.
Área do Conhecimento: Grande Área do
Conhecimento: Ciências da Saúde – Sub-Área
do Conhecimento: Nutrição – CNPq.
Vânia Ap. Leandro-Merhi
Epidemiologia e Saúde
Centro de Ciências da Vida
[email protected]
1. INTRODUÇÃO
O estado nutricional do paciente está diretamente
relacionado à sua evolução clínica, o que fica
evidente pelo fato de que pacientes desnutridos
apresentam maior índice de morbi-mortalidade. A
desnutrição afeta adversamente a evolução clínica
dos pacientes por comprometer o estado geral,
diminuir a resposta ao tratamento, apresentar maior
risco de infecção e complicações pós-cirúrgicas,
como infecção de ferida cirúrgica, deiscência de
anastomose e dificuldade de cicatrização, o que
implica maior tempo de internação, maior custo
econômico e redução da qualidade de vida[1,2,3].
Desse modo, a prática assistencial deve,
primeiramente,
diagnosticar
os
pacientes
desnutridos ou em risco de complicações
decorrentes de déficits nutricionais e instituir uma
intervenção nutricional adequada para cada
paciente, visando minimizar os efeitos catabólicos e
a perda de massa proteica[3,4,5].
O suporte nutricional consiste na administração de
nutrientes e outras substâncias necessárias, por via
oral ou diretamente no estômago ou intestino ou
ainda por via parenteral. Este suporte é indicado a
pacientes com limitação da ingestão, deglutição,
trânsito, digestão ou absorção ou a pacientes que
necessitem de um aporte nutricional que não possa
ser obtido apenas com alimentação natural[6].
O suporte nutricional pré-operatório visa melhorar o
estado nutricional dos pacientes antes da cirurgia e
a nutrição pós-operatória tem como objetivo manter
o estado nutricional no período catabólico que
ocorre após o procedimento cirúrgico[7].
Frente ao exposto acima,o presente estudo teve
como objetivo levantar as dietas mais prescritas na
internação de pacientes que foram submetidos à
cirurgia digestiva.
2. CASUÍSTICA E MÉTODO
Este trabalho foi decorrente de um plano de
Iniciação Científica desenvolvido no período de
agosto/2011
a
junho/2012,
na
Pontifícia
Universidade Católica de Campinas, após
aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa da
instituição.
2.1. Tipo de Estudo
apresentaram preservação da PCT e CMB,
indicando, preservação de massas gorda e magra,
respectivamente. A taxa de adequação do CEH em
relação ao NET foi de 70%.
O estudo foi do tipo transversal.
2.2. Caracterização da Amostra
Tabela 1. Estado nutricional pelo IMC em relação à
dieta prescrita na internação (n=71).
A amostra foi composta por 71 pacientes adultos e
idosos de ambos os sexos.
2.3. Critérios de Inclusão
•
Pacientes submetidos à cirurgia digestiva
•
Não apresentar doença em estágio terminal
•
Estado nutricional e tipo de dieta ou jejum anotados
nos prontuários médicos
2.4. Critérios de Exclusão
•
Pacientes com registro incompleto das informações
nos prontuários médicos
•
Pacientes admitidos no serviço apenas para
investigação clínica e realização de exames
2.5. Procedimentos
Foram levantados os dados de identificação dos
pacientes como sexo, idade e tempo de internação.
A seguir, as dietas prescritas foram classificadas
em: geral, geral modificada, branda, branda
modificada, líquida, líquida modificada, hídrica,
enteral, nutrição parenteral prolongada e jejum.
Posteriormente, foram levantados os seguintes
dados antropométricos: circunferência braquial
(CB), prega cutânea triciptal (PCT) e circunferência
muscular braquial (CMB). Além disso, foram
verificados os dados de consumo energético
habitual, as necessidades energéticas foram
calculadas por meio da equação de Harris &
Benedict e o estado nutricional foi determinado pelo
índice de massa corpórea (IMC).
Estado Nutricional
Dieta
Prescrita
Baixo
Peso
Eutrófico
Sobrepeso
Obesidade
n
%
n
%
n
%
n
%
Geral
1
6,25
4
12,99
3
17,64
-
-
Branda
4
25,00
9
29,03
8
47,05
5
71,42
Líquida
4
25,00
9
29,03
1
5,88
1
14,28
Suporte
Nutricional
5
31,25
2
6,44
1
5,88
-
-
Jejum
Total
2
16
12,50
100
7
31
23,58
100
4
17
23,52
100
1
7
14,28
‘100
IMC: índice de massa corpórea; NPP: nutrição
parenteral prolongada.
Tabela 2. Tipo de dieta prescrita na admissão de
pacientes cirúrgicos de acordo com a doença
apresentada
2.6. Análise de Dados
Os dados foram analisados por meio de estatística
descritiva, com o auxílio do programa Excel.
DTD: doença do trato digestório; NPP: nutrição
3. RESULTADOS
A população estudada foi composta por 71
pacientes e a média de idade foi de 56,86±16,14
anos para a população total. Quanto ao sexo,
53,5% eram do sexo masculino e 46,5% do
feminino.
No momento da internação, 22,5% dos pacientes
apresentavam baixo peso; 43,7% encontravam-se
eutróficos; 23,9% com sobrepeso e 9,9% obesos.
A mediana do tempo de internação da população
estudada foi de 8 dias. Pela classificação
antropométrica, quanto ao IMC e à CB, os
pacientes apresentaram-se eutróficos. Os pacientes
DTD: doença do trato digestório; NPP: nutrição
parenteral prolongada.
Em relação ao IMC, 31% da população estudada
apresentava-se eutrófica e, para esses pacientes,
as dietas mais prescritas foram a branda e a líquida.
Para a maioria da população de baixo peso,
31,25%, foi prescrito o suporte nutricional
(NPP+enteral). A dieta branda foi a mais prescrita
entre os pacientes com sobrepeso, sendo que
47,05% desses pacientes a receberam.
A maioria da população estudada (57,74%)
apresentava doença não maligna do trato digestório
e, em segundo lugar, as neoplasias do trato
digestório (42,25%).
apresentavam neoplasia. Para os pacientes
portadores de neoplasia, a dieta mais prescrita foi a
geral (14,5%), o que é corroborado por dados de
Garcia et al.[10], em que a dieta geral foi a mais
prevalente nos pacientes com neoplasia. Dados de
Prieto et al.[1] revelam que a prescrição de jejum
(25,8%) foi a mais prevalente para os pacientes
com neoplasia, seguida da dieta geral (22,6%).
5.CONCLUSÃO
NPP: nutrição parenteral prolongada.
Figura 1. Tipos de dietas prescritas na admissão de
pacientes submetidos à cirurgia digestiva (ilustração
gráfica).
A dieta branda foi a mais prescrita (37%) e, em
segundo lugar, a dieta geral (21%), enquanto a
nutrição parenteral foi a menos indicada (3%).
4. DISCUSSÃO
Com relação às dietas prescritas na internação, a
dieta geral foi adotada para 11,26% dos pacientes,
sendo que 50% destes encontravam-se eutróficos;
a dieta branda foi prescrita para 36,61%, sendo que
a maioria era eutrófico ou apresentava sobrepeso; a
dieta parenteral foi prescrita para 4,2% dos
pacientes, sendo 1 baixo peso, 1 eutrófico e 1
sobrepeso. Prieto et al.[1], em trabalho sobre
intervenção nutricional, constataram que 22,1%
dos pacientes receberam dieta geral, sendo que
48,3% dos pacientes que receberam essa dieta
apresentavam-se eutróficos; a dieta branda foi
prescrita para 5,3% dos pacientes, sendo que
42,8% estavam desnutridos. Leandro-Merhi et
al.[8], ao analisarem as dietas prescritas nos
pacientes internados em enfermaria de cirurgia,
demonstraram que apenas 2,7% dos pacientes
receberam nutrição parenteral e estes eram
desnutridos grau III.
Os dados encontrados neste trabalho evidenciam
que 7% dos pacientes receberam nutrição enteral e
80% destes apresentavam baixo peso. As dietas
mais prevalentes nos pacientes com neoplasia
foram a dieta branda (38%) e a dieta geral (23%).
Um estudo[9], com o objetivo de avaliar o estado
nutricional dos pacientes, constatou que 6,4% dos
pacientes receberam nutrição enteral e todos
Os resultados encontrados neste trabalho
coincidem com muitos estudos sobre o estado
nutricional e a dieta prescrita para pacientes com
doenças digestivas, incluindo neoplasias do trato
digestório. Este trabalho ressalta a importância do
monitoramento do estado nutricional e a
intervenção nutricional com prescrição de dieta
adequada para cada paciente hospitalizado,
minimizando
possíveis
complicações
de
desnutrição. Concluindo, as dietas mais prescritas
durante a internação de pacientes submetidos à
cirurgia digestiva foram a dieta branda (37%), geral
(21%), líquida (18%), hídrica (6%), enteral (4%) e
NPP (3%).
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao PIBIC/CNPq pela bolsa de Iniciação
Científica.
REFERÊNCIAS
[1] Prieto DB, Leandro-Merhi VA,Mônaco DV,
Lazarini ALG.Intervenção
nutricional de rotina em pacientes
de um hospital privado. Rev Bras Nutr
Clin 2006; 21(3):181-7.
[2] Rodrigues CC, Leandro-Merhi VA, Olievira
MRM, Fogaça KP. Prevalence of excess
weight among hospitalized patients regardless
of hospitalization time. Rev Bras Nutr Clin
2008; 23(4):256-61.
[3] Conde LC, López TF, Blanco PN, Delgado
JA, Correa JJV, Lorenzo FFG. Prevalencia
de desnutrición em pacientes com neoplasia
digestia previa cirugía. Nutr Hosp 2008; 23(1):
46- 53.
[4] Dias CA, Burgos MGPA. Diagnóstico
nutricional de pacientes cirúrgicos. ABCD
Arq Bras Cir Dig 2009; 22(1):2-6.
[5] Leistra E, Willeboordse F, Visser M, Weijs
PJM, de van der Schueren MAEB, van den
Oord AH, Oostenbrink J, Evers AM,
Kruizenga HM. Predictors for achieving
protein and energy requirements
in undernourished hospital patients.
Clin Nutr 2011:1-6.
[6] Garth AK, Newsome CM, Simmance N,
Crowe TC. Nutritional status, nutrition
practices and post-operative complications
in patients with gastrointestinal cancer.
J Hum Nutr Diet 2010; 23:393-401.
[7] Cerantola Y, Grass F, Cristaudi A, Demartines
N, Schäfer M, Hübner M. Perioperative
nutrition in abdominal surgery: recommendations
and reality. Gastroenterology Research and
Practice 2011; 2011:739347.
[8] Leandro-Merhi VA, Garcia RWD, Tafner B
Florentino MC, Casteli R, Aquino JLB. Relação
entre o estado nutricional e as
características clínicas de pacientes
internados em enfermaria de cirurgia.
Rev Ciênc Méd 2000; 9(3): 105-114.
[9] Leandro-Merhi VA, Mônaco DV, Lazarini
ALG, Yamashiro A, Maciel AC.
Estado nutricional de pacientes
Hospitalizados em um hospital privado.
Rev Bras Nutr Clin 2004; 19(3): 116-122.
[10] Garcia RWD, Leandro-Merhi VA, Pereira AM.
Estado nutricional e sua evolução em pacientes
internados em clínica médica. Rev Bras Nutr
Clin 2004;19(2):59-63.
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