MOTIVAÇÃO ORGANIZACIONAL: UM ESTUDO SOBRE A RELEVÂNCIA DAS RECOMPENSAS MATERIAIS FUNDAMENTADO NA TEORIA DA HIERARQUIA DAS NECESSIDADES DE MASLOW. Denilson Muniz Pinto1 Orientadora: Professora Kamila Massuqueto2 TCC para conclusão do curso de Pós-graduação em Administração de Empresas Cametá/PA – 2012 1 Estudante do curso de MBA em Administração do Grupo Uninter. TCC para conclusão do curso. 25 de Novembro de 2012. 2 Graduada em Administração de Empresas, Especialista em Controladoria, Bancária, Avaliadora e Orientadora de TCC do Grupo Uninter. 2 MOTIVAÇÃO ORGANIZACIONAL: UM ESTUDO SOBRE A RELEVÂNCIA DAS RECOMPENSAS MATERIAIS FUNDAMENTADO NA TEORIA DA HIERARQUIA DAS NECESSIDADES DE MASLOW. RESUMO Esta pesquisa propõe o estudo, através de pesquisa bibliográfica, da relatividade da relevância dos benefícios pecuniários e materiais como fator de motivação e ferramenta de alcance dos objetivos organizacionais e pessoais. Em que ponto da satisfação das necessidades os benefícios materiais perdem força e dão lugar a outras fontes de motivação. Quais demandas precisam realmente estar realizadas para que seja considerada irrelevante uma alteração na remuneração? Todas essas perguntas são interessantes quando se analisam casos semelhantes ao do jogador de futebol Adriano. O que faz um jogador de futuro abrir mão de salários e condições invejadas na Europa, para estar se sujeitando a cenários bem menos atraentes no Brasil? O ponto de partida para o processo de pesquisa e estudo das situações levantadas neste artigo originou-se da controvérsia na interpretação de uma questão de prova de um curso de especialização, arguindo a representatividade apresentada pela remuneração pecuniária para a motivação de um indivíduo pertencente a uma organização. Palavras-chave: Recursos Humanos. Hierarquia das Necessidades. Motivação. Recompensas. 1. INTRODUÇÃO Interpretando a situação levantada no questio da avaliação da disciplina do curso de especialização estudado neste artigo, acredita-se que há divergência, que induz ao erro, na elaboração de uma alternativa de seguinte enunciado: “Incentivos financeiros não são capazes de motivar os funcionários, sendo preciso mesclar recompensas materiais com recompensas simbólicas”. Segundo concepção defendida neste texto, esta frase somente seria adequada se ao invés da palavra capazes estivesse a expressão suficientes. Ou seja: Incentivos financeiros não são suficientes para motivar os funcionários, sendo necessário mesclar recompensas materiais com recompensas simbólicas. 3 Recorrendo aos conceitos dos termos em questão questiona-se que tais instruções podem conduzir a entendimentos completamente diferentes. Segundo o dicionário HOUAISS da língua portuguesa, o adjetivo incapaz refere-se aquilo que está impedido, impossibilitado. Já o insuficiente faz alusão àquilo que não se alcança em quantidade necessária. Faz-se importante, portanto, um estudo da relevância das recompensas materiais na motivação dos indivíduos pertencentes a uma organização, sob a ótica da hierarquia das necessidades, apresentadas por Maslow, no intuito de estabelecer parâmetros e/ou indicadores que possam auxiliar no processo de decisão dos gestores de recursos humanos das empresas, no momento de conduzir seus colaboradores ao encontro da melhor amplitude no desempenho de suas atividades produtivas. Quais seriam então os aspectos que influenciam as escolhas e expectativas pessoais quanto aos benefícios recebidos em troca dos esforços empregados em atividades produtivas nas organizações? Analisando o cenário atual e tomando-o como ponto de partida, prosseguiremos nossos estudos pelas definições acerca da motivação, os principais teóricos e suas teses e, posteriormente, iremos abordar a Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow e as suas implicações enquanto ferramenta de desenvolvimento do desempenho produtivo das organizações. 2. O CENÁRIO DAS ORGANIZAÇÕES CONTEMPORÂNEAS Nestes tempos de competitividade acirrada diversos fatores devem ser levados em consideração ao se planejar a gestão dos recursos humanos de uma organização, pois existem elementos internos e externos à organização que influenciam direta e proporcionalmente suas atividades e resultados. À medida que acontece a expansão das atividades organizacionais o mercado apresenta oportunidades e ameaças que precisam ser identificadas pelas empresas para que estas possam se manter no mercado. A globalização das economias exige a internacionalização das atividades das organizações e a formação de parcerias com outros centros produtivos que ofereçam recursos mais eficazes a custos cada vez menores. 4 O dinamismo da evolução tecnológica apresenta alternativas de melhorias do processo produtivo de bens e prestação de serviços que exigem monitoração constante das novidades de mercado. O trato da informação e das ferramentas de comunicação representa um diferencial entre uma postura de pró-atividade, onde as organizações iniciam o processo de mudança e para tirar vantagem das oportunidades, e outra como política de reação, direcionando suas atividades afetadas pelo pelas forças externas que ocasionaram as mudanças. As estratégias de contenção de custos que envolvem desde mudanças radicais e generalizadas, como nos processos voltados para a gestão estratégica da qualidade, educação continuada, downsizing, reengenharia, terceirização entre outras; como nas pequenas técnicas de adequação e/ou mudança de comportamento organizacional. (SNELL e BOHLANDER, 2010). 3. CONCEITUANDO MOTIVAÇÃO HUMANA O estudo dos fatores influenciadores da motivação humana tem raízes na Antiguidade e no desenvolvimento da administração como ciência social aplicada, ele aparece a partir da Escola de Relações Humanas, que foi a primeira a enfatizar a importância da satisfação dos funcionários para o desenvolvimento das atividades de uma organização, a se ocupar com suas questões afetivas e pessoais, estudando e analisando de maneira sistemática os aspectos humanos como determinantes nos resultados dentro do contexto produtivo organizacional. Nas teorias clássica e científica, o enfoque motivacional era tipicamente baseado na remuneração do funcionário, porém, o que realmente se observa no decorrer deste processo era a preocupação por parte do empregado em manter seu emprego e não direcionado ao alcance de metas e objetivos próprios e/ou organizacionais. (CHIAVENATO, 1987). Isso demonstra que o aspecto econômico é somente um dos fatores motivacionais, existindo, no entanto, muitos outros fatores que também tem sua relevância e necessitam ser considerados. Identifica-se a motivação como sendo uma vontade de concentrar esforço direcionado a uma determinada ação definida com objetivo e vinculado ao 5 recebimento de benefício pessoal ou de uma coletividade ou satisfação de uma necessidade específica. Contudo, apresentam-se aspectos bem mais amplos e, segundo Gomes e Quelhas (2003, p. 4) [...] o conceito de motivação flutua desde a resposta dos indivíduos a estímulos externos até atitudes e comportamentos desencadeados por estímulos originados no nível mental inconsciente. E, ainda, desde a visão de que a motivação pode ser criada e aumentada por recompensas salariais até a afirmação de que nenhuma pessoa pode motivar outra. Um processo delicado de avaliação está estabelecido, envolvendo ciências como a psicologia, o estudo dos fatores comportamentais e das relações humanas. A diferença pode estar no modo em que cada indivíduo enxerga uma determinada situação e na maneira como ele irá se comportar para assimilar e sociabilizar a informação gerada. A motivação apresenta-se pelo desejo de exercer elevados níveis de esforços, direcionados a determinadas ações, coletivas ou não, condicionados pela necessidade de se alcançar satisfação na realização de algumas carências pessoais. Contudo, uma característica observada é que não podemos medir a motivação diretamente, medimos o comportamento motivado, ações e forças internas e externas que influenciam nas escolhas e atitudes. 3.1. TIPOS DE MOTIVAÇÃO A motivação se apresenta sob diferentes aspectos, pois são diversas as causas motivacionais dos indivíduos, suas necessidades e expectativas. Define-se motivação como INTRÍNSECA quando ela está relacionada intimamente às ações individuais, com recompensas psicológicas, tais como o reconhecimento, respeito e status. Chama-se de motivação EXTRÍNSECA quando as causas estão baseadas em recompensas tangíveis, como a obtenção de salários, benefícios e promoções. (BOWDITCH & BUONO, 1992). 6 3.2. O CICLO DA MOTIVAÇÃO Existe um ciclo motivacional onde a participação das técnicas e ferramentas de gestão de recursos humanos são de suma importância, pois são elas que podem estimular os colaboradores e conduzir ao alcance dos objetivos organizacionais de maneira eficaz e eficiente e efetiva. Esse ciclo se divide em etapas, iniciando-se nas necessidades individuais não satisfeitas, o que gera uma procura por possíveis alternativas ou oportunidades; escolhe-se então uma das perspectivas apresentadas para se alcançar o objetivo desejado e toma-se uma atitude, ou seja, parte-se para ação propriamente dita. Após esse processo, há uma reavaliação da situação e então, finalmente o indivíduo apresenta-se motivado ou não e preparado para satisfazer sua necessidade através da alternativa escolhida. (BOWDITCH & BUONO, 1992). Após a reavaliação da situação, se o objetivo foi alcançado, estarão, portanto, atendidas as necessidades e atingidas as expectativas. Porém, no caso de não se ter alcançado a meta, neste momento, as reações finais desse ciclo poderão ser construtivas, quando houver uma reação positiva do indivíduo, o qual poderá persistir no alcance de seus propósitos ou, até mesmo, tentar ultrapassar tais condições desejadas; ou, caso contrário, teremos uma reação negativa, de frustração, onde o indivíduo terá uma resposta contrária à realização da meta inicial proposta, podendo apresentar aspectos de agressividade, regressão, fixação e até retraimento. Analisar-se-á os diversos enfoques dados ao tema no decorrer da história e as propostas defendidas por seus principais representantes: 4. TEORIAS MOTIVACIONAIS As posições teóricas relativas à motivação podem ser assim relacionadas, conforme apresentado por Gomes e Quelhas (2003, p 6-8): 4.1. A teoria behaviorista interpreta os comportamentos humanos como sendo respostas provocadas por estímulos externos, as quais podem ser condicionadas por reforços positivos e negativos. Pressupõe o automatismo do 7 comportamento. (Bergamini,1997; id., 1982; id. In: Bergamini & Coda, 1997, p. 69-93; Rodrigues, 1973). 4.2. A teoria cognitivista ou da motivação consciente tem como principal fundamento da motivação os processos de raciocínio do indivíduo, de modo que o comportamento não é caracterizado pelo automatismo, mas sim pela racionalidade. 4.3. A teoria da motivação intrínseca considera que a motivação se origina dentro da própria vida psíquica do indivíduo e decorre de um processo dinâmico que envolve a personalidade como um todo, isto é, a inteligência, as emoções, os instintos, as experiências e as informações já incorporados ao psiquismo e, ainda, os determinantes morfológicos e fisiológicos da conduta. De acordo com esta linha teórica, o comportamento do indivíduo não é simplesmente o efeito de um estímulo externo e tampouco decorrência de um processo puramente racional. (Bergamini, 1982; id., 1997; Archer. In: Bergamini & Coda, p. 23-46). 4.4. A teoria da motivação-higiene estabelece que a motivação depende do nível de satisfação decorrente de fatores (motivadores) ligados ao conteúdo do trabalho e do grau de insatisfação ligado a fatores ambientais (higiênicos). (Herzberg, Mausner & Snyderman, 1959; Herzberg. In: Harvard Business School Press, 1997, p. 55-81). 4.5. A teoria da hierarquia das necessidades considera que a motivação tem como origem as necessidades (estados de carência) do indivíduo e se manifesta como busca de satisfação destas necessidades. Serão aprofundados os aspectos da teoria da hierarquia das necessidades, na concepção de Maslow, para fundamentar, especificamente, as proposições defendidas por este artigo. 5. TEORIA DA HIERARQUIA DAS NECESSIDADES DE MASLOW Abraham Harold Maslow, conhecido psicólogo e consultor norte-americano, apresentou uma teoria para explicar as razões da motivação, segundo a qual as necessidades humanas estão organizadas e dispostas em níveis, numa hierarquia de importância e de influência. Maslow, 1970 e McGregor, 1999 apud Gomes e Quelhas (2003, p 8) salientam que: Segundo esta teoria as necessidades humanas básicas estão estruturadas em cinco níveis hierárquicos, os quais, a partir do nível mais baixo, são constituídos pelas necessidades fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e de auto realização; à medida que as necessidades de nível mais baixo vão sendo satisfeitas o indivíduo busca a satisfação de necessidades de nível mais elevado; e quanto maior o grau de satisfação de uma necessidade, menor será a sua 8 força motivacional, e, inversamente, quanto maior a carência, maior a motivação. Maslow organizou as necessidades humanas em cinco categorias hierárquicas, conforme sua predominância e probabilidade: 5.1. NECESSIDADES FISIOLÓGICAS Necessidades de sobrevivência - alimento, água, oxigênio, sono, sexo – e também são instintivas, uma vez que nascem com o homem. São as mais prementes de todas as necessidades humanas: quando alguma dessas necessidades não está satisfeita, ela determina fortemente a estrutura comportamental do homem. Uma pessoa com seu estômago vazio não têm outra preocupação maior do que se alimentar. Porém, quando come regularmente e de maneira adequada, a fome deixa de ser uma motivação importante. Quando todas as necessidades humanas estão insatisfeitas, a maior motivação será a satisfação das necessidades fisiológicas, e o comportamento do indivíduo tem a finalidade de encontrar alivio da pressão que essas necessidades produzem sobre o organismo; 5.2. NECESSIDADES DE SEGURANÇA Segundo Maslow estas constituem o segundo nível das necessidades humanas. São as necessidades de estabilidade, busca de proteção contra a ameaça ou privação, a fuga ao perigo. Surgem no comportamento quando as necessidades fisiológicas estão relativamente satisfeitas. A partir do momento em que o indivíduo é dominado por necessidades de segurança, o seu organismo se orienta fortemente para a procura da satisfação dessas demandas, alterando suas prioridades. A satisfação das necessidades de segurança tem grande influência no comportamento humano. Ações ou decisões organizacionais que transmitem sentimentos de discriminação, favoritismo, instabilidade ou alguma 9 política administrativa imprevisível, podem tornar-se poderosos fatores de geração de insegurança no inconsciente dos indivíduos; 5.3. NECESSIDADES SOCIAIS Surgem no comportamento, quando as necessidades inferiores (fisiológicas e de segurança) encontram-se relativamente satisfeitas. Estão relacionadas ao convívio social, à necessidade de associação, de participação, de aceitação por parte dos companheiros, de troca de amizade, de afeto e amor. Quando as necessidades sociais não estão suficientemente satisfeitas, o indivíduo torna-se resistente, antagônico e até hostil com relação às pessoas que o cercam. Acredita-se que a frustração das necessidades de amor e de afeição conduz à falta de adaptação social e à solidão, isolando o indivíduo do meio e provocando uma queda muito forte na sua autoestima. A partir deste ponto, defende-se que, começa a se apresentar a insuficiência da representatividade das recompensas materiais em se comparadas à satisfação das necessidades de inserção e adaptação no meio social. Acontece um estacionamento temporário, e tal necessidade torna-se mais importante ou mais premente e monopoliza o indivíduo automaticamente a organizar e mobilizar as diversas faculdades do organismo para atendê-la. Seria, então, uma possível explicação para o caso da motivação profissional do jogador Adriano e a relação entre as oportunidades de sua carreira e as perspectivas e/ou expectativas de satisfação, adaptação e sociabilização. Ou seja, o ambiente, as amizades, costumes e cultura apresentam valor superior às possibilidades de realização pessoal relacionadas diretamente com a obtenção e acumulação de riquezas, fama e prestígio, alterando o curso natural que poderiam seguir-se, satisfazendo e estacionando este indivíduo nesta etapa da hierarquia das necessidades. Cada pessoa possui sempre mais de uma motivação. Todos os níveis atuam conjuntamente no organismo, dominando as necessidades mais elevadas sobre as mais baixas, desde que estas estejam suficientemente satisfeitas ou atendidas. 10 Toda necessidade está intimamente relacionada com o estado de satisfação ou insatisfação de outras necessidades. Seu efeito sobre o organismo é sempre global e conjunto e nunca isolado. Qualquer comportamento motivado é como um canal pelo qual, muitas necessidades fundamentais, podem ser expressas ou satisfeitas conjuntamente. Qualquer frustração ou possibilidade de frustração da satisfação de certas necessidades passa a ser considerada ameaça psicológica. Essa ameaça é que produz as reações gerais de emergência no comportamento humano. Essas reações de emergência alteram significativamente o comportamento assim como o grau de motivação do individuo para realizar tarefas que não estejam relacionadas com a eliminação dessa frustração. 5.4. NECESSIDADE DE ESTIMA São as necessidades relacionadas com a maneira pela qual o indivíduo se vê e se avalia. Envolvem a auto apreciação, a autoconfiança, a necessidade de aprovação social e de respeito, de status, prestigio e consideração, de confiança perante o mundo, independência e autonomia, de ser útil e necessário para os outros. A satisfação dessas necessidades conduz a sentimentos de autoconfiança, de valor, força, prestígio, poder, capacidade e utilidade. A sua frustração pode produzir sentimentos de inferioridade, impotência, fraqueza, dependência e desamparo que, por sua vez, podem levar ao desânimo ou à prática irregular de atividades compensatórias destrutivas; 5.5. NECESSIDADE DE AUTO REALIZAÇÃO São as necessidades humanas mais elevadas e que estão no topo da hierarquia. Permitem a cada pessoa identificar o seu próprio potencial e autodesenvolver-se continuamente. Essa tendência geralmente se expressa através do impulso de a pessoa tomar-se sempre mais do que é e de vir a ser tudo o que pode ser. O indivíduo apresenta a tendência de explorar suas 11 potencialidades. Essas necessidades tomam formas e expressões que variam enormemente de pessoa para pessoa, e sua intensidade e manifestação também são extremamente variadas, obedecendo às diferenças individuais. Historicamente vem se desencadeando o estudo da relatividade da relevância dos benefícios pecuniários e materiais como fator de motivação e ferramenta de alcance dos objetivos organizacionais e pessoais. Passamos pelo enfoque da coerção, do controle e da manipulação que, pelo qual admitem Gomes e Quelhas (2003, p 9): A ideia de motivação no ambiente organizacional está intimamente ligada à concepção que se tem a respeito da percepção do empregado relativamente à tarefa ou atividade que este executa. Na medida em que se entende que o trabalho não é algo que traz – em si – satisfação e prazer, mas sim algo que se faz somente porque dele se necessita para sobreviver, é natural que se conclua que o trabalhador fará somente o mínimo indispensável para não perder o emprego e que, portanto, para fazê-lo empenhar-se na execução das suas tarefas, tornar-se produtivo, eficiente e eficaz, não há outro caminho a não ser coagi-lo. Entende-se, assim, que a coação – seja por meio da ameaça de punições de ordem física ou psicológica ou de cortes no salário ou, ainda, de demissão – é a forma mais adequada de motivar os empregados para o trabalho. Em outras palavras, a motivação é vista como consequência de uma atmosfera de ameaça e de medo. Evoluindo por concepções contemporâneas e, ainda segundo Gomes e Quelhas (2003, p 9): Neste sentido, pode-se dizer que o taylorismo foi um avanço, até mesmo em termos humanitários, pois o empregado passou a ser considerado não como alguém que detestava trabalhar e que, para fazê-lo, deveria ser coagido, mas sim como alguém que, mediante condições de trabalho adequadas e com a devida recompensa financeira, seria capaz de alcançar altos índices de produtividade. Entretanto, apesar do dinheiro apresentar-se como um dos principais fatores motivacionais do desempenho dos indivíduos em suas atividades nas organizações, outros elementos são considerados relevantes, como por exemplo, as promoções, os privilégios dos cargos e funções de alto nível e importância estratégica, o ambiente e cultura organizacionais e fatores relacionados às necessidades de convívio social. Como citado anteriormente, cada pessoa possui sempre mais de uma motivação e, converter estes pressupostos em forma de desempenho eficiente na execução das atividades inerentes as atribuições das funções dos indivíduos da organização, 12 requer pesquisa, estudo e métodos eficazes de gestão da qualidade dos recursos humanos. Outro aspecto relevante refere-se à aprendizagem, ao treinamento e desenvolvimento, pois os homens se desenvolvem porque aprendem, na medida em que o desenvolvimento humano está diretamente relacionado com a aprendizagem. Atualmente, os grandes teóricos da gestão estratégica afirmam ser o capital humano ou capital intelectual o diferencial determinante do sucesso e desenvolvimento das atividades das organizações. Com base neste fundamento a função essencial do administrador e gestor dos recursos humanos é a de desencadear o potencial produtivo das pessoas, ou seja, “uma pessoa corretamente motivada pode atingir melhor os seus próprios objetivos dirigindo seus próprios esforços para a realização dos objetivos da empresa”, segundo nos orienta McGregor in: HERSEY e BLANCHARD, 1986, p. 61. O administrador moderno deve tomar por sua prática a procura, de forma democrática, de maneiras de ajudar os empregados a desenvolver-se, apresentando-os a um controle externo gradativamente reduzido e deixando-os assumir cada vez mais o auto direcionamento. McGregor acreditava que em um ambiente flexível os empregados conseguem obter a satisfação das necessidades sociais, de estima e de auto realização, de maneira natural; proposta esta comumente ignorada nas organizações. 6. CONCLUSÃO A teoria da hierarquia das necessidades de Maslow apresenta-se como uma importante ferramenta para a gestão eficaz dos recursos humanos de uma organização. Para que haja alcance dos propósitos organizacionais é necessário que tais objetivos estejam atrelados e direcionados aos anseios e expectativas pessoais dos indivíduos participantes da organização. E, neste aspecto a humanização e personalização das relações devem ser valorizadas, avaliando-se as prioridades de cada indivíduo do grupo e sua relação com a representatividade das recompensas materiais. Faz-se necessário, portanto, fomentar ações e desenvolver profissionais nas organizações direcionados para o entendimento dos aspectos relacionados ao 13 atendimento das perspectivas pessoais dos indivíduos componentes da equipe e objetivando o alcance dos propósitos organizacionais. A busca pela qualidade das atividades produtivas e, consequentemente, resultados positivos expressivos só poderá ser obtida através do equacionamento entre planejamento e uso adequado dos fatores produtivos e total comprometimento do grupo com os planos traçados pela empresa, independentemente de sua posição hierárquica. Neste sentido, a motivação pessoal apresenta-se como elemento fundamental para o processo produtivo sendo responsável pela intensidade, direção e persistência dos esforços de uma pessoa para o alcance de determinadas metas. Igualmente, precisamos lembrar ainda que todo comportamento humano é gerado por algo que o motiva. Como o próprio termo sugere, motivação significa motivo para a ação e, cabe aos gestores de recursos humanos promoverem atividades de pesquisa e avaliação que apresentem condições de amplificar a capacidade de mobilização e manutenção do comportamento das pessoas em direção a suas metas. 14 7. REFERÊNCIAS BOWDITCH, James L., BUONO, Anthony F. – Elementos de Comportamento Organizacional – 1. ed. São Paulo: Pioneira, 1992.. CHIAVENATO, Idalberto. Teoria Geral da Administração. São Paulo: McGraw-Hill, 1987. GOMES, Alcindo Arcenio Pinheiro; QUELHAS, Osvaldo Luiz Gonçalves, D.Sc. A Motivação no Ambiente Organizacional. Revista Produção On Line. Universidade Federal de Santa Catarina. ISSN 1676 - 1901 / Vol. 3/ Num. 3. Setembro de 2003. HERSEY, Paul; BLANCHARD, Kenneth H. Psicologia para Administradores: A teoria e as técnicas da liderança situacional, E.P.U . 1986. HOUAISS. Dicionário da Língua Portuguesa. Versão eletrônica. Instituto Antônio Houaiss. Editora Objetiva. Junho de 2009. SILVA, Reinaldo O. da – Teorias da Administração. 1. ed. São Paulo: Pioneira, 2001. SNELL, Scott; BOHLANDER, George. Administração de Recursos Humanos. Tradução Maria Lúcia G. L. Rosa e Solange Aparecida Visconti. São Paulo: Cengage Learning, 2010