Segunda Parte Segunda Parte

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CST
Arcelor Brasil
Segunda
Parte
Como fazer uma
Horta Viva
em sua escola
Projeto Horta Educativa
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CST
Como fazer uma Horta Viva em sua escola
Apresentação
Na metodologia Horta
Viva, a horta é entendida
como um espaço de vida,
de relações naturais e
humanas, de conhecimentos populares, científicos, artísticos e religiosos, de descobertas técnicas e práticas e de
aprendizagem concreta, lúdica e científica.
A Horta desperta bastante curiosidade nos
alunos e é um excelente instrumento pedagógico para o professor. Nesse sentido, ela
não pode ser vista como algo à parte da
sala de aula: o papel do professor é fundamental no desenvolvimento de um projeto
envolvendo uma horta na escola e, desse
modo, tudo deve, necessariamente, passar
pelas suas mãos.
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É importante organizar um planejamento
curricular, observando os conteúdos específicos existentes na montagem de uma
horta, iniciando com a origem da agricultura, passando pelo plantio e chegando até a colheita das plantas cultivadas,
cabendo ao professor selecionar esses
conteúdos de acordo com a faixa etária
e a série de seus alunos.
Os conteúdos específicos da horta serão
apresentados a seguir como “Temas da
Horta Viva”, com as orientações técnicas que chamamos de: O que é preciso
saber. Orientações pedagógicas com sugestões de atividades motivadoras, experimentos e dicas interessantes, que
visam facilitar o professor a apropriar-se
da metodologia.
A montagem de uma horta na escola traz enormes possibilidades de atividades e projetos
a serem desenvolvidos com os alunos, a partir da aplicação do conhecimento de diversas áreas, o que é construído no ambiente
escolar.
Quadro metodológico
Projeto Horta Educativa
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Arcelor Brasil
Se vamos plantar na
horta, é importante
conhecer o que os
cientistas falam hoje
sobre como os seres
humanos descobriram e
desenvolveram as técnicas de cultivo das
plantas, a agricultura. O tema gera muita
curiosidade nos alunos, a chamada “era
do homem das cavernas”, como eles
costumam falar.
Breve Histórico
Há milhares de anos, os seres humanos
viviam em pequenos grupos e de forma
muito diferente dos dias de hoje.
Usavam as cavernas como
moradia para se proteger
dos outros animais, comiam
frutos, raízes e animais que
encontravam na natureza.
Já com alguma organização social,
as mulheres e as crianças cuidavam
de coletar os frutos e as raízes das
plantas enquanto os homens saíam
para caçar e pescar.
Os movimentos do corpo como, por
exemplo, o de pinça feito com os
dedos, e os sentidos, ajudavam sua
sobrevivência, principalmente na
descoberta de novos alimentos e na
preparação dos instrumentos de caça e
pesca.
Projeto Horta Educativa
Quando no local onde viviam começava a
faltar comida, o grupo se mudava para
um novo local. Assim, eles estavam
sempre mudando de um lugar para outro.
Eram o que chamamos hoje de nômades.
Algumas plantas cujos os frutos eram
comidos pelo grupo começaram a surgir
próximas às cavernas onde moravam. Isto
acontecia porque as sementes que ficavam
nos frutos eram cuspidas na terra, onde
elas acabavam por germinar e crescer.
As mulheres, que ficavam mais tempo
perto das cavernas tomando conta das
crianças pequenas, começaram a fazer as
primeiras experiências com plantas, pois
observando a germinação das sementes
descobriram como plantá-las. Esta
descoberta mudou muito a vida do ser
humano daquela época. Eles não
precisavam mais ficar mudando de
Origem da agricultura
O texto a seguir não tem como objetivo
esgotar a pesquisa que pode ser feita com
os alunos, mas demonstrar ao professor
quantos assuntos interessantes poderão
ser explorados em sala com a turma.
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Origem da agricultura
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lugares, pois passaram a plantar e a ter
seus alimentos em maior quantidade.
- o ambiente, ocupação do espaço nômades e sedentários;
Com mais comida, os grupos ficaram
maiores e começaram a construir as
primeiras casas feitas de pedras imitando
a natureza e, assim, podemos dizer que
se inicia a formação das primeiras
cidades.
- as primeiras transformações no
ambiente;
Uma pesquisa sobre este assunto cria
várias possibilidades de se abordar
questões como:
- o ser humano pré-histórico, sua
alimentação e sua arte;
- os movimentos do corpo;
- os sentidos - visão, audição, tato,
olfato e paladar;
- os primeiros cultivos de plantas feitos
pelo ser humano;
- o papel da mulher nas descobertas sobre
as plantas.
Dica Interessante
Uma pesquisa sobre as pinturas
rupestres pode gerar um belo trabalho de arte.
Projeto Horta Educativa
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Arcelor Brasil
É preciso saber
A incidência solar
O sol é imprescindível à vida no planeta e
principalmente para as plantas. O período
de luminosidade solar é essencial para o
sucesso da horta. Este critério é o mais
importante visto que em algumas escolas
os espaços com sol direto são bastante
reduzidos. As plantas cultivadas em hortas
necessitam de sol durante toda a manhã e
parte da tarde (até pelo menos às 15h).
Correntes de ar – ventos
Ventos fortes podem rasgar as folhas e até
mesmo quebrar algumas plantas, procure
locais mais protegidos dos ventos fortes
ou, se for o caso, talvez seja necessário
construir uma barreira de proteção através
de uma cerca viva.
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Água disponível
É importante ter um ponto de água o mais
perto possível, pois carregar regadores
diversas vezes, por longas distâncias, tornase muito cansativo. Se a área destinada à
horta for muito grande, é recomendável a
utilização de uma mangueira.
Declividade do terreno
Cuidado com terrenos com grandes
declividades, isto poderá acarretar problemas de perda de solo por erosão. Certifique-se também que tipo de problema o local escolhido poderá trazer. Dê preferência
a terrenos com baixa declividade.
Acesso fácil
O local escolhido deve ser de fácil acesso a
todos, verifique se há no grupo pessoas
com dificuldade de locomoção e procure
construir um acesso fácil a elas. Cuidado
com locais de grande movimentação de
pessoas, como, por exemplo, ao lado da
quadra de esporte, o que pode acarretar
problemas.
Solo
O tipo de solo é importante para o
desenvolvimento das plantas, mas como
podemos carregá-lo até o local escolhido
para construção da horta e até mesmo
melhorar o já existente, este não é o fator
mais limitante para a escolha do local. No
capítulo específico são fornecidas mais
informações sobre tipos de solo para o
cultivo das plantas de hortas.
Escolhendo o melhor lugar para a horta
Escolher um lugar para
montar uma horta na
escola vai requerer um
pouco de planejamento. Sem dúvida
nenhuma, o grupo envolvido neste trabalho
terá momentos para grandes descobertas
sobre questões ligadas ao ambiente físico e à história da escola e da comunidade em que está inserida. Alguns critérios
importantes no estudo deste local precisam ser observados para que haja um bom
desenvolvimento das plantas. Apresenteos aos alunos para que possam juntos
pensar melhor.
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Escolhendo o melhor lugar para a horta
Atividades motivadoras
Após uma conversa com seus alunos sobre
os critérios para a escolha do melhor lugar
para a construção da horta, eles já estarão
pensando em algum local possível, pois
muitas vezes são eles que melhor conhecem
os cantos e recantos das escolas. Mas não
é apropriado definir o local numa sala de
aula. Proponha uma excursão por toda a
escola, a fim de começar a estudar possíveis
locais em que possa ser construída a horta.
Perguntas para ajudar
na motivação
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- Para onde vai à água da chuva que cai no
terreno da escola?
- Qual a história da sua escola, da
construção do imóvel até os dias de hoje?
Por que ela tem este nome?
- Afinal, quanto tempo existe a sua escola?
Dica Interessante
Tente conseguir na escola ou na comunidade alguém que conheça e possa conversar com os alunos sobre a
história deste terreno. Uma entrevista
com um antigo morador pode ser uma
atividade interessante.
- De que lado nasce o sol e onde se põe?
- Quais as salas de aula são mais iluminadas
pelo sol?
Este é um bom momento para falar sobre os
pontos cardeais (rosa-dos-ventos).
Conhecer a história da escola e a do local
onde mora ajudará o aluno a desenvolver e
a fortalecer laços de responsabilidade com
o espaço escolar e comunidade.
Os alunos podem construir um mapa situando o terreno da escola no bairro e
localizá-lo na cidade e no estado, isto poderá gerar um belo trabalho de História e
Geografia.
A construção de uma planta baixa e de uma
maquete da escola e do bairro são atividades que necessitam do conhecimento de
diversas áreas como: artes, matemática,
geografia e português.
- De onde vem o vento mais forte? Correntes
de vento.
- Será que seus alunos sabem que vento
traz chuvas mais fortes?
Projeto Horta Educativa
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É importante conversar com os alunos
sobre os processos de transformações que
o ser humano provoca nos ambientes e
que eles estarão diretamente envolvidos
na transformação do espaço físico da
escola. Neste sentido, precisam ter
responsabilidade nas escolhas, pois a
intenção é que dure bastante tempo e
fique para as gerações futuras.
E.M.E.F. Terfina Rocha Ferreira
E.E.F. Paulo
Freire
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Transformando os espaços
O ser humano sempre
provocou transformações
no ambiente em que
vive. No entanto,
quando ele passa a viver
de forma sedentária é
que as transformações
ficam mais evidentes. Em muitos casos
são transformações definitivas,
provocando sérios problemas a todos os
outros seres vivos e até para suas
gerações futuras.
Conhecendo o solo para o cultivo de plantas
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“Tira a mão da terra
meu filho, terra é coisa suja”
É uma pena que ainda
hoje esta frase seja bastante usada pelos adultos com as crianças,
e isto gera um estigma muito ruim para a
terra. Conhecer e mexer na terra para plantar pode ajudar a desmistificar este elemento natural que é essencial para a vida
no planeta inclusive nós seres humanos.
É preciso saber
Terra é um termo comum para o que podemos chamar de solo, mas o que a ciência
descreve sobre este elemento natural tão
importante?
O solo é um “corpo tridimensional”, que
guarda relações estreitas com a vida na
Terra. Constitui uma camada superficial que
cobre boa parte da crosta terrestre e é formado pelo desgaste das rochas pela ação
do tempo (chuva, sol, ventos, frio e calor)
e dos seres vivos. A natureza demorou milhares de anos para fazê-lo.
O solo é poroso, composto de uma parte
sólida e espaços aparentemente vazios. A
parte sólida constitui-se de materiais minerais como: argila e areia e materiais orgânicos, que são restos de animais e plantas mortas que apodrecem. Os espaços aparentemente vazios são ocupados por água
e ar, em outras palavras, podemos dizer que
“ a terra respira e tem sede”.
Componentes do solo
Físicos
Cascalhos > 2 mm
Areias 2 – 0,05 mm
Silte 0,05 – 0,002 mm
Argila < 0,002 mm
Puros
Ar
Água
Bióticos
Matéria orgânica
Fauna
Microorganismos
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Tipos de solos - sua constituição e
características
A quantidade de cada um dos componentes dará características diferentes ao solo.
O solo com maior quantidade de areia é
chamado de solo arenoso, é mais leve, mais
poroso, a água passa com mais facilidade,
podendo levar os nutrientes para baixo. O
solo com mais argila é chamado de argiloso, é mais pesado, úmido, pois retém mais
água, e normalmente é mais rico em sais
minerais. O solo com grande quantidade de
restos de animais e plantas é chamado de
orgânicos.
Experimentos com o solo
A. O solo retém água em seus poros
Corte em forma de funil a parte superior de
uma garrafa plástica de refrigerante e coloque um pouco de terra. Na parte da garrafa que sobrou, coloque um pouco de água
e marque a quantidade. Em seguida, despeje a água no funil com a terra. Espere a
água sair na garrafa e compare com a quantidade colocada. O que faltar representa a
quantidade que o solo reteve.
B. Existe ar no solo?
Para verificar o ar no solo, você pode fazer
uma experiência bem simples: coloque pouco de terra num pote e pressione bem, depois, o afunde num balde com bastante
água. Observe as bolhas de ar que estavam
no solo subindo.
C. Os minerais argila e areia são determinados pelo tamanho do grão, como
vimos no quadro anterior, os grãos maiores são as areias e os menores as argilas.
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D. Elementos do solo
Experiência: retire um pouco de terra do
canteiro e ponha numa garrafa plástica.
Encha a garrafa de água e agite bem até
a terra ficar bem misturada. Deixe a garrafa parada e observe os materiais se acomodando. As partículas maiores,
areia, descem mais
rápido, formando
a primeira camada
no fundo, depois
a argila e, por último, mais superficial, fica a matéria orgânica.
Elementos do solo em camadas
Professoras fazendo experiência com solo
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Projeto Horta Educativa
Conhecendo o solo para o cultivo de plantas
Uma experiência bastante interessante é
fazer dois círculos numa folha de papel,
no primeiro, os alunos deverão desenhar
e escrever o que acham existir no solo da
horta, em seguida, numa visita à horta,
devem passar um pouco de cola no segundo círculo e cobrir com a terra do
canteiro (tomando cuidado de não colar
nenhum bicho vivo) e deixar secar.
Cada aluno deverá relatar para o grupo o
que pensava existir, o que encontrou e
as suas conclusões.
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CST
Como se trata de uma horta na escola todo o trabalho de plantio e colheita
deve encerrar ao final de
cada ano letivo. Os meses
de novembro e dezembro
oferecem um bom momento para se tratar das
ações a serem desenvolvidas na horta durante as férias de verão.
Cuidando do solo
É preciso saber
Arcelor Brasil
los microorganismos. As plantas mais usadas
são leguminosas como a mucuna preta, ou
feijão-de-porco, e o feijão guandu, pois possuem altas porcentagens de fósforo, potássio, cálcio e, principalmente, de nitrogênio.
B. Cobertura morta
É uma técnica simples que consiste em cobrir
o solo com uma camada fina de sobras vegetais já secas, como grama, ou mesmo o “mato”
oriundo da capina do próprio terreno.
Evite deixar o solo exposto a chuvas fortes
ou ao sol quente, a idéia de capinar para
deixar o solo limpo é prejudicial à vida nele
existente e, conseqüentemente, à vida das
plantas. Para manter o solo sempre protegido, use duas práticas bastante comuns:
A. Adubação Verde
Consiste em cultivar algumas plantas de crescimento rápido, que cobrem o solo da horta,
evitando a exposição ao sol e as chuvas fortes
do verão. No início do ano, elas serão cortadas e incorporadas ao solo, devolvendo os
nutrientes através de sua decomposição pe-
Palha seca cobrindo o solo
Este assunto pode ser ampliado, dependendo da turma, para um estudo sobre os diversos problemas ambientais causados nos solos brasileiros como
a erosão, o desmatamento, contaminação por agrotóxicos, distribuição
de terra e a ocupação desordenada do
solo.
Plantação de
feijão
mucuna
Projeto Horta Educativa
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Arcelor Brasil
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É preciso saber
Marcando canteiro
A forma dos canteiros não precisa ser
obrigatoriamente retangular. Este é um
ótimo momento para trabalhar a
criatividade com os alunos, buscando
desenhos da própria natureza, como os
das folhas das plantas, por exemplo.
É importante planejar como ficarão organizados os canteiros, pois, sejam retangulares ou não, não devem passar de
quatro metros de comprimentos e um
metro de largura, para não dificultar o
acesso às plantas no canteiro e a circulação dos alunos na horta.
Em seguida, retire o mato do canteiro, mas
não o jogue fora, misture-o no próprio solo
ou use-o na produção de adubo orgânico.
Guarde uma parte para fazer a cobertura
morta e não deixar o solo exposto ao sol.
Pedras, vidros, pedaços de plásticos e tocos são indesejáveis, retire-os.
Algumas escolas preferem fazer a contenção da terra dos canteiros usando diferentes materiais, como pedras, madeira, alvenaria ou até mesmo de garrafas tipo PET.
O espaçamento entre os canteiros, sendo
esta a área de passagem dos alunos, não
deve ser muito apertado. Deve-se ter cuidado para não perder muito espaço principalmente se tiver pouca área de plantio. O espaçamento mínimo recomendado é de 60 cm entre os canteiros.
Inicialmente, o desenho do canteiro deve
ser marcado na terra ou com ajuda de
pedaços de ripas de madeira e barbante.
Canteiros com garrafas tipo PET
Encha de água ou de terra, cave uma vala
de 15 cm na terra e coloque as garrafas
com o gargalo para baixo.
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Projeto Horta Educativa
Preparando o solo para o cultivo das plantas
Chegou a hora
de pôr mãos à
terra, este é um momento de trabalho pesado. Se a sua turma for
constituída por crianças
pequenas, você pode buscar
ajuda de alunos mais velhos ou até mesmo
um grupo de pais e organizar um belo
mutirão.
Preparando o solo para o cultivo das plantas
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Arcelor Brasil
Após o destorroamento, cave uma vala, ao
longo do comprimento do canteiro, com
20 cm de profundidade. Depois coloque
adubo e cubra com a terra retirada da vala.
Revire todo o solo do canteiro de modo a
misturá-lo bem com o adubo e, por fim,
nivele o canteiro fechando os buracos e
retirando os morrinhos.
Garrafas PET contendo canteiro
Se preferir, corte a parte do fundo e use
para plantar algumas mudas de plantas.
Preparando a terra
Dica Interessante
Alfaces cultivadas em garrafas PET
Revolva o solo do canteiro com uma enxada
ou enxadão. Depois, cave a área em torno
do canteiro jogando a terra para dentro
dele. Faça isto até que a terra atinja a altura de 20 a 25 cm de solo solto e bem fofo.
Para evitar a erosão e insolação do
solo, procure manter os canteiros
sempre cobertos, para isso, capim
seco como cobertura morta.
Agora, é preciso quebrar os torrões do solo
e catar as pedras e outros materiais, como
plásticos e tocos. Se esse trabalho for feito com as mãos, estimulará a capacidade
motora dos alunos.
Dica Interessante
Explore também a percepção da textura do solo.
Projeto Horta Educativa
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No conhecimento popular muito se sabe sobre a arte de cultivar as plantas. Os alunos podem relatar, por exemplo, se já ouviram falar
que as fezes de alguns animais ou cascas de
frutas e legumes na terra ajudam a deixar as
plantas mais saudáveis.
No entanto, muitos ainda terão dificuldades
em explicar cientificamente porque isto ajuda no crescimento das plantas.
Na escola, cabe ao professor buscar esta informação, que faz parte do conhecimento
popular, e construí-la com seus alunos de
forma científica também.
Comece pelas fezes do boi, que são muito
usadas nas hortas. Investigue com os alunos
sobre o que existirá nas fezes do boi que pode
ajudar as plantas a crescer?
Você pode
ainda perguntar aos
seus alunos
sobre as fezes de coelho: será que possui sais minerais?
E as de cavalo? E as de galinha?
Logo estarão pensando, se todos comem plantas, em suas fezes também haverá sais minerais.
Mas, se a galinha for alimentada por ração?
Ora, a ração é feita principalmente de milho,
que é uma planta, logo, essas fezes também
apresentarão sais minerais.
Ciclo dos sais minerais
Esses sais minerais foram distribuídos por
todo o corpo da planta; ao comer o capim, o
boi ficou com parte desses minerais em seu
corpo. Afinal, também foi por isso que ele o
ingeriu, mas o que ele não conseguiu retirar
e os outros elementos do capim saíram em
suas de fezes.
O ciclo dos sais minerais que aprendemos nos
ajuda a entender porque as árvores de uma
floresta são enormes sem que nenhum ser
humano coloque sais minerais para elas. Durante seu crescimento, as árvores retiram os
sais minerais do solo para formar seu corpo.
Aos poucos, seus pedaços vão envelhecendo
e caindo, formando no chão das florestas uma
cobertura com diversos restos vegetais, como
folhas, galhos e frutos, e até mesmo os restos de animais mortos ou suas fezes. Com o
passar do tempo, esses restos orgânicos são
decompostos por pequenos animais, como
minhocas e gongôlos, entre outros, e os
microorganismos existentes no ar e no solo,
transformando-os em um material leve e poroso chamado de húmus. Devido à sua origem o húmus possui boa quantidade de sais
minerais, que no solo estarão novamente disponíveis para as árvores.
Ao colocarmos essas fezes na terra, os restos
de capim serão decompostos pelos
microorganismos existentes no solo, devolvendo os sais minerais que ficarão novamen-
Na escola é possível “copiar” da natureza essa
decomposição de restos orgânicos para produção de húmus, num processo chamado de
compostagem.
Dependendo da idade dos seus alunos, eles
já estarão pensando: ora, nas fezes do boi
tem parte da comida que o boi comeu, ou
seja, resto de capim.
Mas, resto de capim vai ajudar as plantas a
crescer?
É preciso saber
O capim para crescer retirou água do solo com
suas raízes, trazendo junto os sais minerais da
terra para fabricar seu próprio alimento.
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Projeto Horta Educativa
Melhorando o solo para o cultivo
Pergunte na sua turma quem já sabe disso?
Você poderá se surpreender.
te à disposição das
plantas no
solo.
Trabalhando com compostagem na escola
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O húmus obtido nesse processo é considerado um
adubo de excelente qualidade para as plantas. Mas não
é necessário que a escola
tenha uma horta para que o
professor estude com seus alunos esse processo, pois o húmus gerado pode ser colocado em vasos de plantas, usadas como enfeite
na escola ou pode ser levado pelos alunos
para usarem em casa.
Atividades motivadoras
O tema compostagem pode facilitar ao professor a construção, junto aos seus alunos,
de vários conceitos científicos como: o ciclo dos sais minerais, o que são materiais
orgânicos e inorgânicos e a decomposição
de restos orgânicos. Possibilita ainda discussões sobre adubação natural e química,
conservação do solo, chegando até mesmo a
um trabalho sobre lixo e seus problemas
ambientais.
Arcelor Brasil
- cascas de frutas e legumes trazidos de casa
pelos alunos;
- sobras do pátio da escola, folhas das árvores, palha de grama seca ou verde, mato de
capina, pequenos galhos e raspas de madeira
(serragem);
- esterco animal ou terra para misturar ao
composto fornecendo microorganismo.
Composteira em canteiro
Esta é uma composteira que temos usado nas
escolas, com bons resultados, pode ser feita de
tijolo ou madeira, com dimensões de três metros
de comprimento com um de largura, dividida
por madeira removível em lotes de 1 metro,
totalizando 3 lotes de 1 m² cada. O controle de
água é de suma importância, por isso, não deve
ser feita em lugares sujeitos a alagamentos.
É preciso saber
O local onde são colocados os materiais orgânicos para a compostagem é chamado de
composteira e seu tamanho vai depender do
trabalho que a turma vai desenvolver, podendo ser uma garrafa plástica tipo PET ou
um canteiro de 3m², que apresentaremos mais
adiante.
Materiais usados para fazer o
composto orgânico
Na escola o que não faltam são restos orgânicos que possam ser usados na preparação de
um composto. Você pode utilizar:
- sobras de vegetais crus da cozinha da escola, os restos animais, na sua decomposição, produzem mau cheiro, atraindo baratas, moscas e ratos. Cascas de ovos podem
ser usadas, mas como demoram a ser decompostos coloque pouca quantidade;
Composteira
Os materiais orgânicos citados devem ser
colocados no primeiro lote, misturados com
terra ou esterco, como forma de introduzir
microorganismos que promoverão a decomposição.
Encha bem o lote, colocando terra como última camada para evitar moscas e
mosquitinhos indesejáveis.
Não esqueça de anotar tudo o que for colocado e a data.
Projeto Horta Educativa
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Aproveite para observar e fazer anotações
sobre o que está acontecendo com os materiais colocados.
Para não perder tempo, combine com os alunos para montar o primeiro lote novamente
no mesmo dia da passagem do material do
primeiro para o segundo lote.
Quando o material do segundo lote estiver
completando o segundo mês é a hora de passálo para o terceiro lote, e passar o que está no
primeiro lote para o segundo. O primeiro lote
ficará vazio e poderá ser cheio novamente. Ao
final do terceiro mês, o composto
do terceiro lote já estará pronto e
poderá ser retirado e usado como
adubo. O processo se seguirá normalmente com as trocas de lotes e
o enchimento do primeiro a cada
mês.
Experimento
Se quiser, coloque pedaços de papéis, vidros, plástico, ou até mesmo tampinhas de
garrafa de lata. Será que alguns desses materiais irão se decompor? Por quê?
Agora, estimule seus alunos a criar algumas hipóteses sobre o experimento.
O que vai acontecer com os restos colocados no
composto?
Será que o volume do composto vai aumentar
ou diminuir?
Que material vai apodrecer primeiro?
Por que apodrecem?
O que é apodrecer?
De onde vieram os micróbios que comeram
os restos?
Essas e outras questões formuladas devem ser
investigadas, observando e anotando diariamente o experimento. A garrafa transparente facilita
a observação, porém, após 20 dias,
retire a mistura da garrafa e faça
uma investigação mais detalhada.
Anote tudo o que for possível.
Que materiais ainda podem ser reconhecidos?
O que já apodreceu?
Materiais necessários: garrafa plásOcorreu surgimento de algum bitica tipo PET transparente de 2 licho?
tros, cortada 3 a 4 dedos abaixo
Tem cheiro de quê?
da boca. Terra (a que houver na esPreparo de minicomposteira
O cheiro é forte ou fraco?
cola). Restos orgânicos vegetais já
Depois, coloque tudo novamencitados.
te na garrafa e continue as observações. PasProcedimentos
sados mais 20 dias, provavelmente, os restos
mais “suculentos” e menos fibrosos já terão
1 - Faça o composto orgânico, misturando
sido decompostos, resultando em húmus, que
os restos com a terra, na proporção de três
poderá ser usado como adubo natural. Anopartes de restos por um de terra.
te as observações finais, compare com as an2 - Coloque o composto na garrafa cortada e
teriores e faça algumas conclusões.
cubra toda a superfície com mais terra.
Importante: a decomposição de vegetais e
3 - Marque o volume do composto na garrafa
animais é feita pelos microorganismos, princom uma fita crepe ou barbante.
cipalmente fungos e bactérias que vêm jun4 - Não esqueça de anotar quais os restos
to com a terra colocada no composto. Umicolocados no composto e evite a entrada de
dade e oxigênio são dois fatores bastante
mais água.
importantes neste processo.
Preparando uma Minicomposteira
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Projeto Horta Educativa
Trabalhando com compostagem na escola
Ao final de um mês, retire a madeira removível e puxe com uma enxada todo o material
para o segundo lote.
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CST
É preciso saber
Plantio e Semeadura
Basicamente, existem duas
formas de iniciar o plantio
na horta, a primeira, chamada de plantio direto,
consiste em colocar a semente no canteiro definitivo, no local onde
se dará todo o desenvolvimento da planta
até a colheita.
A segunda forma é conhecida como plantio indireto, as sementes são colocadas
numa sementeira, na qual iniciam seu desenvolvimento. Quando as plantas atingem
a altura de 10 a 15 cm, ou já possuem de 4
a 5 folhas, são transplantadas para o local
definitivo.
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Semeadura
A colocação das sementes no solo (semeadura) pode ser feita de duas formas: em
sulcos ou em covas.
Na semeadura em sulcos são abertas valetas de um a dois centímetros de profundidade. As sementes são postas em
fileira e cobertas com terra.
Em covas, é necessário abrir pequenos
buracos de um a dois centímetros de profundidade onde serão colocadas as sementes. A quantidade ideal de sementes
e o espaçamento entre as covas variam
de acordo com a espécie plantada.
O que é uma sementeira?
É simples, você poderá fazer uma sementeira em um caixote de frutas ou usar o
próprio canteiro, mas a terra necessitará
de cuidados especiais, já que vai servir de
“berçário” para as sementes das plantas
iniciarem seu crescimento.
Semeadura em sulcos
Sementeiras diversas
Após a colocação das sementes, cubra com
pouca terra, e, se possível, faça uma cobertura de grama seca em toda a sementeira. A partir daí, os alunos ficarão curiosos para descobrir o que vai acontecer com elas, eis um bom momento para
descobrir diversas informações sobre as
sementes.
Procure deixar a terra mais delicada, com a
superfície lisa, limpa, bem adubada, fina e
destorroada, se for peneirada, ficará com a
textura mais fina ainda, o que irá facilitar
o processo de germinação das sementes.
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CST
Você pode iniciar com seus alunos
uma conversa sobre o que
eles acham sobre as sementes. Verifique que conhecimentos eles já possuem sobre esse
assunto.
Eles podem escrever ou desenhar.
Frutos e sementes diversas
Dica interessante
Monte com seus alunos uma coleção de sementes diferentes.
Peça que procurem e tragam, de
casa, sementes que usamos como
alimento, que comemos junto com
os frutos (tomate, pepino), que encontramos nos frutos (laranja, tangerina, abacate...).
Não esqueça de procurar nas redondezas sementes das árvores e das
plantinhas que chamamos de
matinhos, sua turma poderá descobrir coisas interessantes.
Um mistério!!!
Por que de uma semente surge uma nova
planta?
O que ela possui que a faz se transformar
em uma planta?
Essas dúvidas podem ser colocadas para
os alunos para que eles reflitam sobre o
assunto.
Em seguida, com um tom investigativo
apresente a eles a idéia de abrir uma semente e procurar em seu interior algo que
possa ajudar a esclarecer este mistério.
Experimento
No dia anterior à aula, deixe um pouco
de sementes de feijão num copo com
água. O feijão é a semente escolhida, pois
é fácil de encontrar, amolece rápido e é
grande, o que facilitará observação do
seu interior.
Procure o tipo de feijão que for mais fácil de encontrar em sua região.
92
Projeto Horta Educativa
Semente: uma nova planta
Um estudo sobre as sementes pode ser
bastante interessante.
Semente: uma nova planta
11
CST
Arcelor Brasil
Umedecendo feijões
Feijões secos e molhados
Atenção: procure não colocar sementes demais, apenas uma para cada aluno, evite
o desperdício, afinal, o feijão é um dois
principais alimentos para maioria dos brasileiros.
Elas deverão ficar de molho no mínimo 6
horas. Se preferir, faça esta atividade com
os alunos, que poderão observar o aumento de tamanho dos caroços de feijão
após ficarem na água.
Na hora de abrir as sementes, aumente o
suspense, repetindo as perguntas sobre
o mistério. Cada pedaço é de extrema importância, por isso os alunos devem deixar a mesa limpa antes de receber a semente.
Oriente-os primeiramente a observar o tamanho da semente, em seguida devem
procurar a marca branca (no caso do feijão preto). Será que eles sabem o que vem
a ser essa marca? Não dê respostas prontas ajude-os a construí-las.
Eles deverão desenhar a semente inteira e
só então começar a abri-la. Para isto, deverão passar a unha no lado contrário da
marca branca. Eles irão entender depois.
Variedades de feijões
Projeto Horta Educativa
93
Arcelor Brasil
11
CST
Retirada a pele, o interior se abre em duas
bandas, estimule-os a encontrar pistas.
Logo encontrarão, bem no cantinho, este
material
Esse material que se parece com uma planta em miniatura é chamado de embrião.
É ele que dará origem a uma nova planta.
Partes de uma semente e
sua função
Após esta descoberta, os alunos irão desenhar as partes encontradas: A casca,
as bandinhas e o embrião. A casca é chamada de tegumento pelos cientistas e as
bandinhas de endospermas.
Feijão sem casca
Mas o que vem a ser isto? Com o que parece? Se começasse a abrir a semente pelo
lado da marca, poderia quebrar o
cabinho.
Partes de uma semente de feijão
A casca é mais fácil perceber que sua função é proteger o embrião, mas as bandinhas,
para que servem?
Semente aberta
94
Projeto Horta Educativa
Ao colocarmos um feijão no algodão com água,
veremos o crescimento do embrião, mas como se
trata de um ser vivo, de onde ele estará recebendo alimento para crescer? Agora ficou fácil, não?
Semente: uma nova planta
Embrião do feijão
Descascando feijão
Semente: uma nova planta
11
CST
Arcelor Brasil
Pois bem, como o embrião ainda é pequeno, suas raízes e folhas ainda não estão formadas, a planta que gerou esta
semente colocou uma boa reserva de alimento nessas bandinhas que o embrião
usará nos seus primeiros dias de crescimento. No algodão, o embrião crescerá
até acabar o alimento das bandinhas, por
isso, para que não morra de fome, deve ir
logo para a terra.
Todas as sementes possuem o embrião,
mas no trigo e em outras plantas ele recebe o nome de gérmen.
Marca branca do feijão
O embrião ainda na semente fica adormecido, os cientistas chamam isto de
estado de dormência.
Germinação
É preciso saber
Uma das primeiras sementes a ser estudada
foi a do trigo. Os estudiosos da época perceberam que o seu gérmen em contato com
a água “acordava”, isto é, iniciava seu crescimento, a este momento foi chamado de
“germinação”.
Veja como ficou fácil
O gérmen entrando em ação virou germinação.
Durante este processo, os nutrientes contidos nas bandinhas são ativados através de metabolismos químicos, tornando-os mais nutritivos para o embrião.
Embrião germinando
Para a semente ser formada dentro do fruto da planta, necessita de alimento que
passa por um pequeno tubo. Quando ela
já esta pronta, esse tubo seca, deixando
no local de contato com a semente uma
pequena marca ou, se preferir, uma pequena cicatriz.
Sementes na vagem
E a marca que vem na semente do feijão,
será que alguém da turma desconfia de
onde vem? Para explicar melhor, acompanhe a Ilustração a seguir.
Projeto Horta Educativa
95
Arcelor Brasil
11
CST
Dispersão das sementes
É preciso saber
Porque algumas plantas têm frutos carnosos
e doces?
Porque alguns frutos mudam de cor e ficam
cheirosos quando estão maduros?
Dica interessante
Tente fazer uma coleção com os alunos de frutos ou sementes como estes exemplos desta página.
Frutos e sementes
96
Projeto Horta Educativa
Semente: uma nova planta
Esse é um dos estudos sobre as plantas
que mais geram curiosidade nas crianças
e, até mesmo, nos adultos. Algumas pessoas têm dificuldade de olhar para plantas como seres vivos, pois diferentemente dos animais, elas não saem caminhando pela terra. No entanto, ao longo dos
milhares de anos, desenvolveram, principalmente em seus frutos e sementes, diversas estratégias que possibilitaram realizar pequenas e até longas viagens e se
espalhar pelo planeta.
Perguntas para ajudar na
motivação
O transplante das mudas da sementeira
12
CST
Arcelor Brasil
É preciso saber
Procure recordar o que era essa plantinha
quando estava dentro da semente.
Esta atividade é realizada nas plantas em sementeiras, ou seja, no
plantio indireto. Quando a planta atinge a altura de 10 a 15 cm, ou
já possui no máximo 4 a
5 folhas, deverá ser transplantada para
o local definitivo.
Coloque as plantinhas nas covas do canteiro, cubra com a terra, apertando um
pouquinho para que fique bem presa.
Transplante de alface
Dica Interessante
Prefira os dias ou horários mais frescos para esta atividade.
Primeiramente, regue bem as mudinhas,
uns 20 minutos antes, depois, com uma
colher de transplante, enfie-a uns 15 cm
na terra, perto das mudinhas, com cuidado para não atingir as raízes e levante com
bastante terra bem
levemente.
Em seguida, regue bem, mas cuidado, a
água deve cair em forma de chuva bem
fininha para não tombar as plantinhas.
Transplante de alface
Separe as mudinhas
uma a uma, com bastante cuidado para
não machucá-las.
Procure conversar
com os alunos sobre
as partes que as plantinhas já possuem,
medir seu tamanho e
fazer um desenho.
Projeto Horta Educativa
97
Arcelor Brasil
13
CST
Procure fazer dessa atividade momentos de muito
prazer, o toque com a terra nos traz sensações
únicas e profundas. Aproveite com eles.
Peça aos alunos para tocar no solo. Pode ser
com a ponta dos dedos ou com a mão cheia.
Esses cuidados, chamados tecnicamente de
tratos culturais, são simples e de fácil realização pelos alunos, mas é preciso planejar
bem o momento de realizá-los para não que
tome todo o tempo.
Escarificação do solo
Afofando a terra com as mãos
Com o passar do tempo, durante o crescimento das plantas no canteiro definitivo, a
chuva e a própria rega vai deixando o solo
endurecido e criando na sua superfície uma
crosta mais impermeável, o que atrapalha o
crescimento das raízes a penetração da água
no solo. A etapa de escarificação, ou de
afofamento da terra, pode ser feita de 15 em
15 dias ou a cada 3 semanas, de acordo com
o tipo de solo, usando ferramentas ou as próprias mãos.
Perguntas motivadoras
Afofando a terra com ferramenta
Está quente ou frio? Duro ou mole? O que
eles conseguem enxergar e identificar na
terra? Qual o tamanho dos grãos?
Oriente-os a escolher um espaço vazio sem
nada plantado e abrir um pequeno buraco
que caiba a mão. O que podem observar?
Mudou de cor ou de umidade? Estimule-os
a pensar sobre isso.
Nesse buraco os alunos deverão colocar uma
das mãos, cobrir com um pouco de terra e
ficar por uns dois a três minutos em silêncio e com os olhos fechados.
Com as mãos, continue a escavar a terra,
quebrando a crosta endurecida e afofando
o solo, caso esteja muito duro, utilize uma
ferramenta adequada.
Deve-se tomar o cuidado de não atingir as
plantas com a ferramenta e até mesmo cobri-las com terra, como já acontecido.
98
Projeto Horta Educativa
Acompanhamento - tratos culturais
A curiosidade pela germinação das sementes e o crescimento das plantas trará
os alunos diariamente ao
espaço cultivado, é preciso conversar com eles sobre
as necessidades que devemos ter com cada
planta, afinal, não devemos nos esquecer que
depois de tantos anos cultivando-as e levando-as de um lugar para outro, essas plantas necessitam de cuidados especiais para
crescerem bem.
13
CST
Arcelor Brasil
Desbaste ou raleamento
Acompanhamento - tratos culturais
Dica Interessante
O endurecimento do solo pode ser observado quando a água demora a penetrar, formando poças na superfície
Amontoar
É o processo pelo qual se junta terra ao pé
da planta. É necessário no cultivo de plantas em que usamos as raízes como alimento, como beterraba, cenoura, rabanete,
entre outras, pois com o tempo a ponta
das raízes vão ficando para fora da terra e
em contato com o sol ficarão fibrosas e endurecidas.
É aconselhável realizar esta atividade sempre após a escarificação.
Quando se faz o plantio direto, seja em
covas, em sulcos ou até mesmo a lanço,
acabamos sempre colocando sementes demais, é preciso retirar as mudas em excesso. Essa atividade pode ser feita quando
as mudas alcançarem cerca de 10 a 15 cm
ou com 20 dias após a germinação.
As plantas em excesso devem ser retiradas
com cuidado, para não afetar a raiz da planta que ficar. Em dias bem frescos você pode
até transplantá-las para lugares onde tiver
falhas no canteiro ou levá-las para outros
canteiros.
Procure deixar o espaçamento adequado
entre plantas restantes. Desta forma, elas
se desenvolvem melhor. A medida adequada irá depender da espécie cultivada. As
mudas que sobrarem podem ser usadas em
saladas, no caso de alfaces, chicórias, ou
simplesmente colocadas na composteira.
Estaqueamento ou espaldeiramento
Algumas plantas possuem o caule mole ou
flexível, e às vezes, com o peso dos frutos,
a planta tomba, podendo até quebrá-las.
Por meio dessa técnica, evita-se ainda o
contato dos frutos com a terra, melhorando-se a qualidade e a produção da cultura.
Finca-se no solo, próxima ao vegetal, estacas feitas de madeira ou bambu. Assim,
pode ser construído um suporte para plantas como o tomateiro e o pepineiro, entre
outras.
Projeto Horta Educativa
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Arcelor Brasil
13
CST
Amarrio das plantas
Regar ou aguar as plantas
Segue-se ao estaqueamento. Com o crescimento da planta, é necessário amarrá-la às
estacas. Essa operação deve ser realizada
periodicamente, tendo-se o cuidado de
não ferir o caule das plantas.
A água é essencial às plantas. Mas em excesso ou colocada de forma inadequada
pode prejudicá-las. Deve ser feita por meio
de mangueira para horta grande ou regador, desde que a água caia sobre o solo
como uma chuva fina. Deve-se regar a horta uma ou duas vezes por dia, de acordo
com a umidade do solo.
Capina
Ao contrário do que muitos pensam, o mato
não deve ser totalmente retirado da horta,
devemos tirar os mais próximos das plantas cultivadas, ou os que passarem seu tamanho, diminuindo a luminosidade. Ao
retirá-lo, deixe-o sobre o solo como cobertura morta, ou coloque na composteira.
100 Projeto Horta Educativa
Acompanhamento - tratos culturais
Montando o espaldeiramento
Cultivo de plantas
14
CST
Arcelor Brasil
Ao longo de sua história
no planeta, o ser humano vem criando diferentes formas de uso de tudo
o que encontra. Antes
mesmo de aprender a plantar, já usava as plantas que encontrava na
natureza como fonte de alimento e, com o
passar do tempo, foi descobrindo novas
formas de uso delas. Acreditamos, então,
que as plantas não surgiram no planeta para
nos “servir”, nós é que fazemos uso delas
de diferentes formas. Neste sentido, adotamos uma classificação das plantas cultivadas na horta de acordo com o uso que
fazemos delas, tendo o cuidado de não termos nenhuma rigidez, pois, com o uso tão
variado, algumas plantas podem pertencer
a mais de um grupo.
Projeto Horta Educativa 101
Arcelor Brasil
15
CST
Rabanete
Dica Interessante
Procure fazer uma pesquisa sobre o
valor nutritivo dessas plantas e sua
importância para o nosso corpo.
Como cultivar
Tipo de plantio e semeadura: a semeadura
é feita no canteiro definitivo, em sulcos, com
um espaçamento de 20 a 30 cm entre eles.
Tratos culturais: quando as mudas alcançarem de 3 a 5 cm de altura, realize o desbaste. Deixe um espaço de 6 a 8 cm entre
as plantas restantes. Faça em seguida a
escarificação e a amontoa. Não esqueça de
regar bem.
Colheita: realize-a de 25 a 35 dias após a
semeadura.
Alface e Chicória
Plantio Indireto. Faça uma sementeira.
Semeie em sulcos distantes 10 cm de um
para outro.
Realize o transplante quando as mudas estiverem com 10 a 15 cm de altura. Coloque-as no canteiro definitivo com 25 cm
entre elas.
Tratos culturais: escarificação e rega.
Colheita: comece a colher as plantas mais
crescidas 60 a 80 dias após a semeadura.
102 Projeto Horta Educativa
Capuchinha
O plantio pode ser feito tanto por estacas
de galhos como por sementes, sendo que
por estaquia ela se desenvolve mais rapidamente. A melhor época para o preparo
das mudas é no início da primavera. O solo
Plantas usadas como alimento - verduras e legumes
Escolhemos algumas plantas que são de cultivo simples, no máximo em quatro meses alcançam a época de colheita, e rapidamente a criança observa os resultados do
seu trabalho com uma bela colheita. Além
disso, suas sementes são facilmente encontradas no comércio.
Plantas usadas como alimento
15
CST
Arcelor Brasil
deve ser bem arejado, nem muito argiloso
nem excessivamente arenoso. Prepare a
terra com 2 quilos de húmus de minhoca
por metro quadrado de terreno. A distância entre cada planta é de 30 centímetros.
Com o crescimento, elas se entrelaçam. Em
locais de clima muito quente, a capuchinha
vegeta melhor à meia-sombra. Em regiões
mais frias, vai bem a sol pleno. Em qualquer lugar, exige bastante água para que
fique vistosa.
Couve
Cenoura e beterraba
Tipo de plantio e semeadura: O plantio é
direto. Semeie a cenoura em sulcos espaçados de 20 a 30 cm, e para a beterraba
faça covas com espaçamento de 20 a 25
cm, colocando de 3 a 5 sementes em cada.
Tratos culturais: realize o desbaste quando
as mudas alcançarem de 10 a 15 cm de altura. Deixe um espaçamento de 6 a 8 cm
para a cenoura. No caso da beterraba, deixe uma planta em cada cova. Logo após,
faca a escarificação e a amontoa. Repita
esses dois processos quando o solo estiver
duro e as raízes ficarem descobertas. Regue periodicamente.
Tipo de plantio e semeadura: Para o cultivo de couve, você terá duas alternativas,
pois poderá realizar um plantio indireto
para obtenção das mudas ou, se conhecer
alguém que já tenha um bonito pé de couve, pode retirar algumas das mudas que
brotam na base do caule das plantas. Em
ambos os casos, escolha as mudas que tiverem cerca de 15 cm e transplante-as com
um espaçamento de 50 a 60 cm entre as
plantas.
Tratos culturais: escarificação, amontoa
e rega.
Colheita: comece a colher as folhas maiores, deixando sempre um mínimo de 4 a 5
folhas na planta.
Colheita: comece a colher de 100 a 120
dias após a semeadura, retirando as mais
desenvolvidas.
Projeto Horta Educativa 103
Arcelor Brasil
15
CST
Plantio direto. Após o preparo da terra,
prepare covas com 70 cm de espaçamento
e 2 cm de profundidade. Coloque de 4 a 5
sementes por cova e cubra com um pouco
de terra.
Tratos culturais: debaste, estaqueamento,
amarrio e amontoa.
Quando as plantas atingirem cerca de 15
cm, faça o desbaste, deixando apenas uma
planta e retirando as mudas mais fracas.
Dica Interessante
Bom momento para se trabalhar
conceitos matemáticos. Quantas
sementes foram usadas? Quantas
germinaram?
Tomate e berinjela
Plantio indireto. Faça uma sementeira em
caixotes ou no próprio canteiro. Quando
as mudas atingirem 15 cm de altura, transplante-as para o canteiro definitivo, colocando cerca de 70 cm entre as plantas, para
possam desenvolver-se bem.
Tratos culturais: estaqueamento, amarrio e
amontoa.
104 Projeto Horta Educativa
Que tal montar um gráfico de germinação das sementes?
Plantas usadas como alimento
Pepino
16
CST
Plantas usadas como temperos
O trabalho com as plantas usadas como tempero possibilita excelentes oportunidades de se
conhecer questões ligadas à história da expansão humana no mundo e no Brasil.
Cada região tem seu tempero preferido, o
que dá uma riqueza de sabores e pratos típicos brasileiros.
Dica Interessante
Explorando os sentidos com as plantas
Sempre que entrar na horta, motive
os alunos a conhecer melhor as plantas, mas não apenas visualmente.
Peça que façam três coisas antes de
perguntar o nome delas, primeiro que
olhem e escolham, segundo, que a
toque e sinta sua textura e sua temperatura, depois, que cheirem o
dedo. Seu aluno estará usando três
sentidos e não apenas um, a visão,
para conhecer as plantas. Lembre-os
que não é preciso arrancar as folhas:
o cheiro vem apenas com o toque, e
mesmo se não vier, já terá conhecido
a planta através do tato.
Arcelor Brasil
Como cultivar
Salsa e coentro
Plantio direto. Coloque as sementes em
sulcos ou covas na profundidade de 1,5
cm e cubra com pouca terra.
Tratos culturais: faça a escarificação e o
amontoa quando necessário.
Cebolinha
Pode ser plantada através da semente, usando uma sementeira e depois o transplante,
quando as plantas atingirem 15 cm ou os
talos que normalmente são jogados fora.
As três plantas citadas são praticamente
as mais usadas em todo o Brasil, mas procure fazer um canteiro matriz com outras
plantas que também são usadas, com temperos como: manjericão, alecrim, orégano,
coentrão (chicória no Pará), jambu, hortelã, tomilho e outras de sua região, para
que seus alunos conheçam melhor. Elas podem ser plantadas através de mudas. Logo
haverá uma diversidade para organizar pratos com os alunos e preparar mudas que
poderão ser vendidas ou levadas pelos alunos para que possam montar uma horta
em casa.
Tomilho
Olhando, tocando e cheirando as plantas.
Projeto Horta Educativa 105
Arcelor Brasil
17
CST
É importante valorizar esse conhecimento popular na escola, através do cultivo
dessas plantas e promovendo uma grande pesquisa sobre elas.
Organize um canteiro e converse com os
alunos para que tragam de casa as mudas
que serão cultivadas, normalmente elas “pegam” de galho. Coloque placas para
identificá-las e inicie uma pesquisa sobre
Babosa
106 Projeto Horta Educativa
elas, discuta com seus alunos o que gostariam de saber e onde encontrar as informações. Lembre-os que uma boa fonte
de informações são as pessoas mais idosas, você pode aproveitar e envolver a
comunidade, trazendo um morador que
possa falar sobre as plantas que usamos
como remédio.
Dica Interessante
Ao final da pesquisa, você pode preparar uma cartilha com as informações sobre as plantas usadas como
remédio para distribuir pela escola
e pela comunidade, socializando o
que descobriram.
Plantas usadas como remédio
Na cultura popular muito se sabe sobre o uso
medicinal das plantas.
No entanto, essa cultura que vem sendo massacrada nas últimas décadas pelo modelo industrial da sociedade de consumo.
718
CST
Arcelor Brasil
Plantas usadas como enfeite
São plantas que podemos usar para enfeitar a horta e até mesmo toda a escola.
Aproveite para trabalhar a estética da horta, da escola e da comunidade.
Peça aos alunos que tragam de casa diferentes tipos de mudas para serem plantadas na escola. Construa pequenos canteiros, utilize jardineiras, vasos ou pequenos potes para cultivar as plantas.
Jardins com formas geométricas
Projeto Horta Educativa 107
Arcelor Brasil
19
CST
Em escolas
com espaços
pequenos é possível
cultivar algumas plantar em vasos, jardineiras
e potes, reutilizando embalagens descartáveis que seriam jogadas
fora e prendê-los em paredes ou cercas.
Confrei e hortelã em potes
Horta suspensa
108 Projeto Horta Educativa
Espaços alternativos
Potes presos na cerca
Preparando mudas de árvores
20
CST
O cultivo de árvore
pode gerar atividades
interessantes com
seus alunos. Se na sua
escola não houver nenhuma árvore, procure descobrir alguma
no bairro que seja bastante significativa na região e que seja de fácil reprodução. Pesquise como coletar as
sementes, faça uma sementeira e depois passe as mudas para sacos ou
potes. Por fim, distribua as mudas entre os alunos ou mobilize um mutirão
de plantio de árvores pela escola ou
mesmo pela comunidade.
Arcelor Brasil
Semeando araucária
Temos usado com bastante sucesso o
Pinheiro do Paraná ou Araucária, confira as fotos.
Mudas de araucária no pote
Transplantando mudas de araucária
Mudas de
araucária
Projeto Horta Educativa 109
Arcelor Brasil
CST
21
As mudas plantadas em
sacos ou potes pelos
alunos devem ficar na
escola por alguns dias
até ficarem firmes e
fortes. O mini horto é
um local fresco e com baixa incidência
solar onde estas mudas ficarão até que
possam ser levadas pelos alunos.
Mini Horto
110 Projeto Horta Educativa
Como montar um terrário
22
CST
A montagem de um
terrário tem-se mostrado
um excelente material
para se trabalhar conceitos científicos como: ciclo da água, fotossíntese, sol como energia vital, respiração das
plantas, entre outros. Possibilita ainda discussões sobre o uso racional da água, a
poluição do ar e as relações de dependência entre os elementos naturais e sobre a
vida no planeta.
Você vai precisar de um vidro grande, pode
ser um aquário. Primeiro, coloque pedrinhas no fundo, depois uma camada fina
de carvão ou areia e, por último, a terra.
Desta forma, poderá observar as camadas
do solo. A terra tem a função de nutrir as
plantas e as camadas de pedras, de carvão
ou areia têm a função de drenar a água.
Arcelor Brasil
Faça alguns buracos e coloque diferentes
mudas de plantas que cresçam pouco, ponha algumas folhas secas em fase de apodrecimento na terra e por último alguns
bichos, como minhocas e gongolos, regue
um pouco, cubra com plástico e vede bem.
Ponha em local com bastante luz, sem ficar
exposto ao sol diretamente.
É importante fazer uma listagem dos elementos naturais que foram colocados, mais
os que entraram, como o oxigênio e o gás
carbônico, e os que irão entrar e sair diariamente, como a luz e o calor. Estimule os
alunos a pensarem o que acontecerá e peça
que registrem. Através de observações feitas no terrário e muitas pesquisas, você
terá excelentes oportunidades para descobrir com os alunos diversos conceitos científicos sobre esses elementos naturais
colocados no terrário.
Terrários
Projeto Horta Educativa 111
Arcelor Brasil
23
CST
A essência deste
planeta chamado Terra é, certamente, a vida
que nele pulsa. E esta vida
que se manifesta de diferentes formas acontece em ciclos.
Ensinando o ciclo dos sais minerais
Alguns exemplos de elementos naturais:
Elementos
Naturais
112 Projeto Horta Educativa
O ser humano, um elemento natural vivo,
ao longo de sua história planetária, desenvolveu um modelo próprio de vida que
o faz pensar e agir sobre os outros elementos naturais, colocando-os a seu serviço,
como se isso fosse a destinação única para
a sua existência no planeta. Além disso, o
modelo de vida humana criou processos lineares, com início, meio e fim, transformando os outros elementos vivos e não vivos em elementos não-naturais e interrompendo seus ciclos, o que vem gerando enormes conflitos para a vida planetária.
Na “Horta Viva”, a comunidade escolar terá
a oportunidade de lidar diretamente com
as plantas, os bichos, a terra e
outros elementos naturais,
possibilitando conhecer
os seus processos
cíclicos e suas relações
de interdependência
e reconhecer existência da vida na
grande Teia.
A vida em ciclos
São diversos elementos naturais vivos e não
vivos que em seus processos cíclicos se
tocam e se interagem, criando diferentes
relações de interdependência.
Pela riqueza e diversidade de elementos
naturais em ciclos e relações de
interdependência, cada espécie viva se relaciona com os outros elementos naturais
em seu ciclo e se entrelaça com outras espécies vivas em pequenas teias, que se
ampliam e formam a enorme teia que chamamos de “A Grande Teia da Vida”.
Conhecendo um pouco mais sobre o ciclo das plantas
24
CST
Um olhar um pouco mais
atento sobre o que está
acontecendo com as
plantas na horta, você
poderá descobrir coisas
interessantes sobre o ciclo de vida delas.
Antes de mais nada, é importante reconhecer que cada indivíduo é único no planeta, nenhum outro indivíduo é igual a ele.
A riqueza da vida, então, está nas diferenças entre os indivíduos, que por suas características semelhantes formam grupos chamados de espécies. Ou seja, cada aluno da
turma é único e todos pertencem à mesma
espécie. Todos os pés de alface da horta são
parecidos, mas nenhum é igual ao outro.
Arcelor Brasil
apreciável. Mas isto não significa que chegou o fim natural da vida da planta.
Alface com 80 dias
Você pode fazer uma linha do tempo e contar em quantos dias as plantas chegarão a
esse ponto de colheita.
Falando de alface, vamos acompanhar o
desenvolvimento dessa planta na horta?
Se comemos o pé de alface nesta fase da
vida dele, de onde nascem as sementes?
De posse das sementes, é feita a semeadura e, em mais ou menos 20 dias, as plantinhas germinadas estarão no ponto para
serem transplantadas para o canteiro.
Procure investigar quantas partes as plantas de alface possuem nesta fase, será que
falta alguma?
Na fase de colheita, as plantas ainda estão
muito jovens, possuem apenas folhas, raízes
e um caule bem pequeno, onde as folhas
ficam grudadas.
Escolha pelo menos dois pés de alface que
não serão colhidos, de preferência, dois
bem grandes.
Alface com 25 dias
Com o passar do tempo, as plantas vão crescendo até atingir o tamanho que o ser
humano definiu como ponto de colheita.
É a fase que a planta atinge seu tamanho
máximo nas folhas e está com um sabor
Continuando sua vida aos poucos, o caule
começa a crescer e a planta vai mudando
totalmente a forma, folhas novas vão surgindo em tamanhos bem menores, o esforço agora é para o crescimento do caule,
que na ponta formará pequenos galhinhos
com diversos botões de flores.
Projeto Horta Educativa 113
Arcelor Brasil
24
CST
Alface pendoando
com 120 dias
As flores de cor amarela abrirão pela manhã
e fecharão à tarde, trazendo um colorido
para a horta e podendo receber a visita de
pequenas abelhas em busca de néctar.
Flor de alface
Aos poucos, as pétalas amarelas vão murchando e secando. Parte da flor vai se transformando em fruto com sua semente. O fruto
tem uma penugem branca, que o vento faz
planar como se estivesse voando, o que ajuda a espalhar as sementes.
Fruto de alface
114 Projeto Horta Educativa
São muitas sementes que cada pé de alface
faz. Procure contar, ou mesmo fazer, uma
estimativa de quantas sementes foram feitas por um único indivíduo, você se surpreenderá.
Aos poucos, o indivíduo que gerou as sementes irá morrer, mas suas sementes, em
sua maioria, poderão crescer e formar novos indivíduos, garantindo a continuidade da vida da sua espécie. Assim sendo, é
fato que o indivíduo morre, mas através de
sua reprodução, o ciclo se completa, de
semente a semente, e a espécie mantém-se
viva no planeta.
Outras plantas podem ser observadas na horta para se estudar o ciclo, como o feijoeiro
e o pepineiro. Algumas têm mais dificuldades, pois estão em ambientes bastante diferentes de seu hábitat natural, como a
couve e a chicória, que, dependendo da
região onde estiverem, podem completar seu
ciclo fazendo flor, fruto e sementes.
Dica Interessante
A reprodução dos seres vivos gera bastante interesse nos alunos, dependendo da série, você poderá pesquisar
esse assunto chegando à reprodução
humana e até mesmo às questões relacionadas aos problemas ligados às
doenças sexualmente transmissíveis.
Conhecendo um pouco mais sobre o ciclo das plantas
Nessa fase, a planta formou duas outras partes: a flor e o fruto que geraram novas sementes, por isso, dizemos que a planta se reproduziu, ou seja, gerou novos indivíduos.
25
CST
Arcelor Brasil
Os bichos da horta
Borboletas, pulgões,
joaninhas, minhocas... muitos bichos
surgem na horta e
despertam bastante o
interesse e a curiosidade nos alunos em conhecê-los.
Você pode propor, por exemplo, acompanhar o crescimento de alguns deles, como
a borboleta e a joaninha, pois passam por
transformações enormes em seu corpo, que
chamamos de metamorfose, o que pode
gerar grandes descobertas científicas.
É comum a borboleta curuquerê da couve
colocar seus ovos nas folhas da couve, do
rabanete, do repolho e outras da mesma
família. Para facilitar a observação da sua
metamorfose, retire a folha onde estiverem
os ovos, leve para sala de aula e coloque
numa caixa de papelão ou um pote de vidro grande. Cubra com um plástico com
furos que permitam a circulação de ar e faça
registros diários.
Ovos de borboleta
Aos poucos nascerão os filhotes chamados
de lagartas, que se alimentarão de folhas,
muitas folhas.
Lagarta – filhote de borboleta
Ao crescerem, se transformarão em pupa
e depois em borboleta. Adulta, ela estará pronta para acasalar e gerar novos
filhotes.
Borboleta – curuquerê da couve
As joaninhas também aparecem com freqüência na horta, basta que haja pulgões
para comer. Como pouca gente conhece seu
filhote, temos a seguir uma foto de uma
espécie que é muito comum nas hortas, e
que fica adulta, como a conhecemos, também através de uma metamorfose.
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informações que tivemos o enorme prazer
em descobrir com nossos alunos. Por isso,
buscamos encorajar os professores a aproveitar a curiosidade dos alunos, principalmente sobre este bicho, a minhoca, e
motivá-los para a construção do conhecimento científico sobre tudo o que existe
sobre ela.
Filhote de joaninha
Dica Interessante
Dica Interessante
Procure fazer uma lista bem ampla
desses animais e pesquise com seus
alunos o que cada um come. No quadro, poderá fazer linhas ligando um
ao outro pelo que comem, formando
uma enorme teia alimentar. Esta é
uma boa chance para se discutir
questões como o uso dos agrotóxicos, agricultura ecológica, produtos transgênicos, desequilíbrio
ambiental etc.
Conhecendo a vida da
minhoca
Não queremos abrir mão da alegria que é a
construção do conhecimento sobre as coisas da natureza, enchendo este livro com
116 Projeto Horta Educativa
Procure saber com seus alunos o que
eles sabem sobre a minhoca e sua vida
na terra. De que se alimentam? Como
é seu corpo? Qual a relação que têm
com as plantas? Que bichos gostam
de usá-lo como alimento? O corpo
dela é frio ou quente? Como se comportam com chuva? Como respiram?
O que a ciência diz sobre essas perguntas? Tudo isso, com certeza, merece um bom trabalho de pesquisa.
Para ajudar a despertar a curiosidade, vamos adiantar algumas informações e fotos
interessantes sobre a minhoca.
Na foto a seguir, temos duas minhocas se
acasalando. Os cientistas descobriram que
elas são consideradas hermafroditas, ou
seja, cada indivíduo possui o aparelho
reprodutor masculino e o feminino. Mas se
Os bichos da horta
Além da metamorfose, é possível também
investigar como é corpo desses animais que
aparecem na horta, como se locomovem,
de que se alimentam e até mesmo como se
reproduzem.
A minhoca é o bicho da horta que mais
desperta curiosidade nas crianças, desse
modo, vale a pena um trabalho de investigação sobre a vida desse animal, pois proporcionará momentos de grandes descobertas científicas.
Os bichos da horta
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uma minhoca possui os dois órgãos por que
são necessárias duas para haver a reprodução? Procure descobrir com seus alunos
como ocorre a reprodução das minhocas,
você vai encontrar coisas muito interessantes.
Para viver na terra, as minhocas constroem
perfeitas galerias, empurrando ou engolindo partículas pequenas de solo e materiais
orgânicos que encontram pela frente, deixando na parede dos túneis uma gosminha
pegajosa que evita que feche com facilidade, permitindo, assim, a passagem de ar
que elas precisam. O material orgânico que
engolem, restos vegetais e animais em decomposição, é aproveitado como alimento. Com o intestino cheio, é preciso
esvaziá-lo para continuar abrindo novos
túneis e se alimentando, para isto, precisam subir até a superfície do solo e depositar seus dejetos, para evitar que se feche
o túnel. Boa parte do que liberam é terra e
uma pequena parte é húmus.
Minhocas se acasalando
Minhoca entrando na terra
Existem várias espécies de minhocas nos
solos brasileiros, mas as duas das fotos
adiante são encontradas com facilidade nas
hortas das escolas.
Criando minhocas para usar o húmus
Espécies de minhoca
Uma espécie de minhoca bem conhecida
hoje é a chamada de vermelha da Califórnia,
pois como seu hábitat preferido é material
orgânico em decomposição, por exemplo,
esterco, em seus dejetos há grandes quantidades de húmus, sendo considerado um
adubo natural de ótima qualidade. O que a
torna bastante usada em criações de minhocas para produção de húmus.
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Separando minhocas do húmus
Dica Interessante
Você pode ainda peneirar e embalar
o material em sacos de um quilo, criando uma logomarca e montando uma
“empresa” com os alunos, e vender
os saquinhos de adubo natural em
ocasiões especiais na escola, como
feiras e festas típicas.
Pesando e embalando húmus
Minhocário
Quando a quantidade de esterco estiver baixa, uns 10 a 15 centímetros, pode-se tirar
todo o material e, com os alunos, separar as
minhocas do húmus e preparar nova porção
de esterco na manilha, para iniciar o processo. O húmus coletado pode ser usado na horta, ou em vasos de plantas, da escola ou das
casas dos alunos.
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Dica Interessante
Ao manipular o húmus, encontrará
com facilidade as cápsulas com os
ovos da minhoca; colete alguns e ponha num pote pequeno. Leve para a
sala a fim de acompanhar de perto o
nascimento das minhoquinhas.
Como montar um minhocário na escola
Temos tido bons resultados na produção de
húmus de minhoca com
minhocário feito de
manilhas de cimento,
como na foto a seguir.
Com dimensões de 1
metro de diâmetro e 50 centímetros de altura, coberto com telhas ou plástico, para evitar o encharcamento com água da chuva, o
que provoca a fuga das minhocas. O esterco
bovino bem curtido deve ser posto até atingir uma altura de cerca de 30 a 40 cm da
manilha. As minhocas são colocadas no esterco e entre 10 a 15 dias começam a aparecer os primeiros montinhos de húmus na superfície do esterco. Dependendo da quantidade de minhocas elas comerão todo o esterco em até 45 dias. A colheita do húmus é
feita retirando-se a camada que fica na superfície, aos poucos, se percebe um material
diferente do esterco, em forma granulada, os
alunos chamam de granulado de brigadeiro.
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Educação alimentar
As plantas usadas como
alimento, cultivadas na
horta da escola, em seu
o momento certo serão
colhidas para serem comidas. E o dia da colheita dos legumes, verduras e temperos é um dia especial, de comemoração, de agradecimento e de muita festa. Mas também é um bom momento para
pensar e refletir com seus alunos diversos
aspectos da alimentação humana.
O alimento é algo que colocamos para dentro de nosso corpo, que é o nosso
ecossistema. Se temos responsabilidade
coletiva, local e global com a natureza,
temos a responsabilidade única com o nosso corpo, somos nós que decidimos o que
devemos colocar para dentro dele.
No modelo atual de vida humana, criamos
uma forma de nos alimentarmos onde
estamos aprisionados a poucos sabores, o
doce, o salgado, o azedo e o amargo. E,
nesses poucos sabores, ainda privilegiamos
apenas dois: o doce e o salgado. Esses sabores são ensinados na escola como conteúdo de Ciências, ou seja, vale nota, o
aluno aprende de um jeito ou de outro.
É urgente mudar esse paradigma. Onde estão os sabores das cenouras, das alfaces,
dos rabanetes, dos pepinos, das beterrabas e de tantas outras plantas? Estamos
tão aprisionadas aos sabores salgado e doce
que mal conhecemos os das plantas, se não
tiverem com uma pitada de sal parece que
têm “gosto de nada” como os alunos aprendem a falar.
Açúcar e sal têm sabores viciantes, sempre
queremos mais e todos os dias.
É preciso reaprendermos os outros sabores
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que existem na natureza, e a horta é um
bom começo. Que tal redescobrirmos os
sabores reais das plantas?
A questão da educação alimentar é muito
séria e passa sim pela escola. Com a horta,
temos boas possibilidades de trabalhar esse
tema com nossos alunos, de forma
prazerosa e prática.
Uma bela colheita!
No momento da colheita, inclua a preparação dos alimentos como atividade com os
alunos. O processo de alimentação iniciase no olhar, no tocar e no cheirar os alimentos. Quem nunca ouviu a expressão “comer com os olhos”? Pois bem, preparando
uma bela salada com as plantas que foram
cultivadas na horta, os alunos já estarão
iniciando a alimentação e ao servir os pratos você terá grandes surpresas, principalmente com os alunos que diziam não gostar de legumes e verduras.
Salada
verde com
capuchinha
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Sugestão
Você pode organizar com sua turma uma atividade que chamamos de “Desenhando com
as frutas”, em que, utilizando formas, cheiros, sabores e cores diferentes das frutas, criamos verdadeiras obras de arte que, após nosso encantamento ao observá-las num ato fraterno e solidário, um aluno entrega a outro
sua produção para ser degustada.
Dica Interessante
Amplie esse tema com os alunos, dependendo da faixa etária, abordando questões como: a importância
nutricional das plantas; desperdício
de alimentos; a fome no Brasil e no
mundo; deficiência nutricional no ser
humano; a produção de alimentos e
a destruição ambiental.
Ao lado: Professores fazendo a
atividade “Desenhando com as frutas”
120 Projeto Horta Educativa
Educação alimentar
Alunos preparando uma salada na escola Susete
Cuendet
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