CST Arcelor Brasil Segunda Parte Como fazer uma Horta Viva em sua escola Projeto Horta Educativa 75 1 CST Como fazer uma Horta Viva em sua escola Apresentação Na metodologia Horta Viva, a horta é entendida como um espaço de vida, de relações naturais e humanas, de conhecimentos populares, científicos, artísticos e religiosos, de descobertas técnicas e práticas e de aprendizagem concreta, lúdica e científica. A Horta desperta bastante curiosidade nos alunos e é um excelente instrumento pedagógico para o professor. Nesse sentido, ela não pode ser vista como algo à parte da sala de aula: o papel do professor é fundamental no desenvolvimento de um projeto envolvendo uma horta na escola e, desse modo, tudo deve, necessariamente, passar pelas suas mãos. Arcelor Brasil É importante organizar um planejamento curricular, observando os conteúdos específicos existentes na montagem de uma horta, iniciando com a origem da agricultura, passando pelo plantio e chegando até a colheita das plantas cultivadas, cabendo ao professor selecionar esses conteúdos de acordo com a faixa etária e a série de seus alunos. Os conteúdos específicos da horta serão apresentados a seguir como “Temas da Horta Viva”, com as orientações técnicas que chamamos de: O que é preciso saber. Orientações pedagógicas com sugestões de atividades motivadoras, experimentos e dicas interessantes, que visam facilitar o professor a apropriar-se da metodologia. A montagem de uma horta na escola traz enormes possibilidades de atividades e projetos a serem desenvolvidos com os alunos, a partir da aplicação do conhecimento de diversas áreas, o que é construído no ambiente escolar. Quadro metodológico Projeto Horta Educativa 77 Arcelor Brasil Se vamos plantar na horta, é importante conhecer o que os cientistas falam hoje sobre como os seres humanos descobriram e desenvolveram as técnicas de cultivo das plantas, a agricultura. O tema gera muita curiosidade nos alunos, a chamada “era do homem das cavernas”, como eles costumam falar. Breve Histórico Há milhares de anos, os seres humanos viviam em pequenos grupos e de forma muito diferente dos dias de hoje. Usavam as cavernas como moradia para se proteger dos outros animais, comiam frutos, raízes e animais que encontravam na natureza. Já com alguma organização social, as mulheres e as crianças cuidavam de coletar os frutos e as raízes das plantas enquanto os homens saíam para caçar e pescar. Os movimentos do corpo como, por exemplo, o de pinça feito com os dedos, e os sentidos, ajudavam sua sobrevivência, principalmente na descoberta de novos alimentos e na preparação dos instrumentos de caça e pesca. Projeto Horta Educativa Quando no local onde viviam começava a faltar comida, o grupo se mudava para um novo local. Assim, eles estavam sempre mudando de um lugar para outro. Eram o que chamamos hoje de nômades. Algumas plantas cujos os frutos eram comidos pelo grupo começaram a surgir próximas às cavernas onde moravam. Isto acontecia porque as sementes que ficavam nos frutos eram cuspidas na terra, onde elas acabavam por germinar e crescer. As mulheres, que ficavam mais tempo perto das cavernas tomando conta das crianças pequenas, começaram a fazer as primeiras experiências com plantas, pois observando a germinação das sementes descobriram como plantá-las. Esta descoberta mudou muito a vida do ser humano daquela época. Eles não precisavam mais ficar mudando de Origem da agricultura O texto a seguir não tem como objetivo esgotar a pesquisa que pode ser feita com os alunos, mas demonstrar ao professor quantos assuntos interessantes poderão ser explorados em sala com a turma. 78 2 CST Origem da agricultura 2 CST Arcelor Brasil lugares, pois passaram a plantar e a ter seus alimentos em maior quantidade. - o ambiente, ocupação do espaço nômades e sedentários; Com mais comida, os grupos ficaram maiores e começaram a construir as primeiras casas feitas de pedras imitando a natureza e, assim, podemos dizer que se inicia a formação das primeiras cidades. - as primeiras transformações no ambiente; Uma pesquisa sobre este assunto cria várias possibilidades de se abordar questões como: - o ser humano pré-histórico, sua alimentação e sua arte; - os movimentos do corpo; - os sentidos - visão, audição, tato, olfato e paladar; - os primeiros cultivos de plantas feitos pelo ser humano; - o papel da mulher nas descobertas sobre as plantas. Dica Interessante Uma pesquisa sobre as pinturas rupestres pode gerar um belo trabalho de arte. Projeto Horta Educativa 79 Arcelor Brasil É preciso saber A incidência solar O sol é imprescindível à vida no planeta e principalmente para as plantas. O período de luminosidade solar é essencial para o sucesso da horta. Este critério é o mais importante visto que em algumas escolas os espaços com sol direto são bastante reduzidos. As plantas cultivadas em hortas necessitam de sol durante toda a manhã e parte da tarde (até pelo menos às 15h). Correntes de ar – ventos Ventos fortes podem rasgar as folhas e até mesmo quebrar algumas plantas, procure locais mais protegidos dos ventos fortes ou, se for o caso, talvez seja necessário construir uma barreira de proteção através de uma cerca viva. Projeto Horta Educativa Água disponível É importante ter um ponto de água o mais perto possível, pois carregar regadores diversas vezes, por longas distâncias, tornase muito cansativo. Se a área destinada à horta for muito grande, é recomendável a utilização de uma mangueira. Declividade do terreno Cuidado com terrenos com grandes declividades, isto poderá acarretar problemas de perda de solo por erosão. Certifique-se também que tipo de problema o local escolhido poderá trazer. Dê preferência a terrenos com baixa declividade. Acesso fácil O local escolhido deve ser de fácil acesso a todos, verifique se há no grupo pessoas com dificuldade de locomoção e procure construir um acesso fácil a elas. Cuidado com locais de grande movimentação de pessoas, como, por exemplo, ao lado da quadra de esporte, o que pode acarretar problemas. Solo O tipo de solo é importante para o desenvolvimento das plantas, mas como podemos carregá-lo até o local escolhido para construção da horta e até mesmo melhorar o já existente, este não é o fator mais limitante para a escolha do local. No capítulo específico são fornecidas mais informações sobre tipos de solo para o cultivo das plantas de hortas. Escolhendo o melhor lugar para a horta Escolher um lugar para montar uma horta na escola vai requerer um pouco de planejamento. Sem dúvida nenhuma, o grupo envolvido neste trabalho terá momentos para grandes descobertas sobre questões ligadas ao ambiente físico e à história da escola e da comunidade em que está inserida. Alguns critérios importantes no estudo deste local precisam ser observados para que haja um bom desenvolvimento das plantas. Apresenteos aos alunos para que possam juntos pensar melhor. 80 3 CST 3 CST Escolhendo o melhor lugar para a horta Atividades motivadoras Após uma conversa com seus alunos sobre os critérios para a escolha do melhor lugar para a construção da horta, eles já estarão pensando em algum local possível, pois muitas vezes são eles que melhor conhecem os cantos e recantos das escolas. Mas não é apropriado definir o local numa sala de aula. Proponha uma excursão por toda a escola, a fim de começar a estudar possíveis locais em que possa ser construída a horta. Perguntas para ajudar na motivação Arcelor Brasil - Para onde vai à água da chuva que cai no terreno da escola? - Qual a história da sua escola, da construção do imóvel até os dias de hoje? Por que ela tem este nome? - Afinal, quanto tempo existe a sua escola? Dica Interessante Tente conseguir na escola ou na comunidade alguém que conheça e possa conversar com os alunos sobre a história deste terreno. Uma entrevista com um antigo morador pode ser uma atividade interessante. - De que lado nasce o sol e onde se põe? - Quais as salas de aula são mais iluminadas pelo sol? Este é um bom momento para falar sobre os pontos cardeais (rosa-dos-ventos). Conhecer a história da escola e a do local onde mora ajudará o aluno a desenvolver e a fortalecer laços de responsabilidade com o espaço escolar e comunidade. Os alunos podem construir um mapa situando o terreno da escola no bairro e localizá-lo na cidade e no estado, isto poderá gerar um belo trabalho de História e Geografia. A construção de uma planta baixa e de uma maquete da escola e do bairro são atividades que necessitam do conhecimento de diversas áreas como: artes, matemática, geografia e português. - De onde vem o vento mais forte? Correntes de vento. - Será que seus alunos sabem que vento traz chuvas mais fortes? Projeto Horta Educativa 81 Arcelor Brasil 4 CST É importante conversar com os alunos sobre os processos de transformações que o ser humano provoca nos ambientes e que eles estarão diretamente envolvidos na transformação do espaço físico da escola. Neste sentido, precisam ter responsabilidade nas escolhas, pois a intenção é que dure bastante tempo e fique para as gerações futuras. E.M.E.F. Terfina Rocha Ferreira E.E.F. Paulo Freire 82 Projeto Horta Educativa Transformando os espaços O ser humano sempre provocou transformações no ambiente em que vive. No entanto, quando ele passa a viver de forma sedentária é que as transformações ficam mais evidentes. Em muitos casos são transformações definitivas, provocando sérios problemas a todos os outros seres vivos e até para suas gerações futuras. Conhecendo o solo para o cultivo de plantas 5 CST “Tira a mão da terra meu filho, terra é coisa suja” É uma pena que ainda hoje esta frase seja bastante usada pelos adultos com as crianças, e isto gera um estigma muito ruim para a terra. Conhecer e mexer na terra para plantar pode ajudar a desmistificar este elemento natural que é essencial para a vida no planeta inclusive nós seres humanos. É preciso saber Terra é um termo comum para o que podemos chamar de solo, mas o que a ciência descreve sobre este elemento natural tão importante? O solo é um “corpo tridimensional”, que guarda relações estreitas com a vida na Terra. Constitui uma camada superficial que cobre boa parte da crosta terrestre e é formado pelo desgaste das rochas pela ação do tempo (chuva, sol, ventos, frio e calor) e dos seres vivos. A natureza demorou milhares de anos para fazê-lo. O solo é poroso, composto de uma parte sólida e espaços aparentemente vazios. A parte sólida constitui-se de materiais minerais como: argila e areia e materiais orgânicos, que são restos de animais e plantas mortas que apodrecem. Os espaços aparentemente vazios são ocupados por água e ar, em outras palavras, podemos dizer que “ a terra respira e tem sede”. Componentes do solo Físicos Cascalhos > 2 mm Areias 2 – 0,05 mm Silte 0,05 – 0,002 mm Argila < 0,002 mm Puros Ar Água Bióticos Matéria orgânica Fauna Microorganismos Arcelor Brasil Tipos de solos - sua constituição e características A quantidade de cada um dos componentes dará características diferentes ao solo. O solo com maior quantidade de areia é chamado de solo arenoso, é mais leve, mais poroso, a água passa com mais facilidade, podendo levar os nutrientes para baixo. O solo com mais argila é chamado de argiloso, é mais pesado, úmido, pois retém mais água, e normalmente é mais rico em sais minerais. O solo com grande quantidade de restos de animais e plantas é chamado de orgânicos. Experimentos com o solo A. O solo retém água em seus poros Corte em forma de funil a parte superior de uma garrafa plástica de refrigerante e coloque um pouco de terra. Na parte da garrafa que sobrou, coloque um pouco de água e marque a quantidade. Em seguida, despeje a água no funil com a terra. Espere a água sair na garrafa e compare com a quantidade colocada. O que faltar representa a quantidade que o solo reteve. B. Existe ar no solo? Para verificar o ar no solo, você pode fazer uma experiência bem simples: coloque pouco de terra num pote e pressione bem, depois, o afunde num balde com bastante água. Observe as bolhas de ar que estavam no solo subindo. C. Os minerais argila e areia são determinados pelo tamanho do grão, como vimos no quadro anterior, os grãos maiores são as areias e os menores as argilas. Projeto Horta Educativa 83 Arcelor Brasil 5 CST D. Elementos do solo Experiência: retire um pouco de terra do canteiro e ponha numa garrafa plástica. Encha a garrafa de água e agite bem até a terra ficar bem misturada. Deixe a garrafa parada e observe os materiais se acomodando. As partículas maiores, areia, descem mais rápido, formando a primeira camada no fundo, depois a argila e, por último, mais superficial, fica a matéria orgânica. Elementos do solo em camadas Professoras fazendo experiência com solo 84 Projeto Horta Educativa Conhecendo o solo para o cultivo de plantas Uma experiência bastante interessante é fazer dois círculos numa folha de papel, no primeiro, os alunos deverão desenhar e escrever o que acham existir no solo da horta, em seguida, numa visita à horta, devem passar um pouco de cola no segundo círculo e cobrir com a terra do canteiro (tomando cuidado de não colar nenhum bicho vivo) e deixar secar. Cada aluno deverá relatar para o grupo o que pensava existir, o que encontrou e as suas conclusões. 6 CST Como se trata de uma horta na escola todo o trabalho de plantio e colheita deve encerrar ao final de cada ano letivo. Os meses de novembro e dezembro oferecem um bom momento para se tratar das ações a serem desenvolvidas na horta durante as férias de verão. Cuidando do solo É preciso saber Arcelor Brasil los microorganismos. As plantas mais usadas são leguminosas como a mucuna preta, ou feijão-de-porco, e o feijão guandu, pois possuem altas porcentagens de fósforo, potássio, cálcio e, principalmente, de nitrogênio. B. Cobertura morta É uma técnica simples que consiste em cobrir o solo com uma camada fina de sobras vegetais já secas, como grama, ou mesmo o “mato” oriundo da capina do próprio terreno. Evite deixar o solo exposto a chuvas fortes ou ao sol quente, a idéia de capinar para deixar o solo limpo é prejudicial à vida nele existente e, conseqüentemente, à vida das plantas. Para manter o solo sempre protegido, use duas práticas bastante comuns: A. Adubação Verde Consiste em cultivar algumas plantas de crescimento rápido, que cobrem o solo da horta, evitando a exposição ao sol e as chuvas fortes do verão. No início do ano, elas serão cortadas e incorporadas ao solo, devolvendo os nutrientes através de sua decomposição pe- Palha seca cobrindo o solo Este assunto pode ser ampliado, dependendo da turma, para um estudo sobre os diversos problemas ambientais causados nos solos brasileiros como a erosão, o desmatamento, contaminação por agrotóxicos, distribuição de terra e a ocupação desordenada do solo. Plantação de feijão mucuna Projeto Horta Educativa 85 Arcelor Brasil 7 CST É preciso saber Marcando canteiro A forma dos canteiros não precisa ser obrigatoriamente retangular. Este é um ótimo momento para trabalhar a criatividade com os alunos, buscando desenhos da própria natureza, como os das folhas das plantas, por exemplo. É importante planejar como ficarão organizados os canteiros, pois, sejam retangulares ou não, não devem passar de quatro metros de comprimentos e um metro de largura, para não dificultar o acesso às plantas no canteiro e a circulação dos alunos na horta. Em seguida, retire o mato do canteiro, mas não o jogue fora, misture-o no próprio solo ou use-o na produção de adubo orgânico. Guarde uma parte para fazer a cobertura morta e não deixar o solo exposto ao sol. Pedras, vidros, pedaços de plásticos e tocos são indesejáveis, retire-os. Algumas escolas preferem fazer a contenção da terra dos canteiros usando diferentes materiais, como pedras, madeira, alvenaria ou até mesmo de garrafas tipo PET. O espaçamento entre os canteiros, sendo esta a área de passagem dos alunos, não deve ser muito apertado. Deve-se ter cuidado para não perder muito espaço principalmente se tiver pouca área de plantio. O espaçamento mínimo recomendado é de 60 cm entre os canteiros. Inicialmente, o desenho do canteiro deve ser marcado na terra ou com ajuda de pedaços de ripas de madeira e barbante. Canteiros com garrafas tipo PET Encha de água ou de terra, cave uma vala de 15 cm na terra e coloque as garrafas com o gargalo para baixo. 86 Projeto Horta Educativa Preparando o solo para o cultivo das plantas Chegou a hora de pôr mãos à terra, este é um momento de trabalho pesado. Se a sua turma for constituída por crianças pequenas, você pode buscar ajuda de alunos mais velhos ou até mesmo um grupo de pais e organizar um belo mutirão. Preparando o solo para o cultivo das plantas 7 CST Arcelor Brasil Após o destorroamento, cave uma vala, ao longo do comprimento do canteiro, com 20 cm de profundidade. Depois coloque adubo e cubra com a terra retirada da vala. Revire todo o solo do canteiro de modo a misturá-lo bem com o adubo e, por fim, nivele o canteiro fechando os buracos e retirando os morrinhos. Garrafas PET contendo canteiro Se preferir, corte a parte do fundo e use para plantar algumas mudas de plantas. Preparando a terra Dica Interessante Alfaces cultivadas em garrafas PET Revolva o solo do canteiro com uma enxada ou enxadão. Depois, cave a área em torno do canteiro jogando a terra para dentro dele. Faça isto até que a terra atinja a altura de 20 a 25 cm de solo solto e bem fofo. Para evitar a erosão e insolação do solo, procure manter os canteiros sempre cobertos, para isso, capim seco como cobertura morta. Agora, é preciso quebrar os torrões do solo e catar as pedras e outros materiais, como plásticos e tocos. Se esse trabalho for feito com as mãos, estimulará a capacidade motora dos alunos. Dica Interessante Explore também a percepção da textura do solo. Projeto Horta Educativa 87 Arcelor Brasil 8 CST No conhecimento popular muito se sabe sobre a arte de cultivar as plantas. Os alunos podem relatar, por exemplo, se já ouviram falar que as fezes de alguns animais ou cascas de frutas e legumes na terra ajudam a deixar as plantas mais saudáveis. No entanto, muitos ainda terão dificuldades em explicar cientificamente porque isto ajuda no crescimento das plantas. Na escola, cabe ao professor buscar esta informação, que faz parte do conhecimento popular, e construí-la com seus alunos de forma científica também. Comece pelas fezes do boi, que são muito usadas nas hortas. Investigue com os alunos sobre o que existirá nas fezes do boi que pode ajudar as plantas a crescer? Você pode ainda perguntar aos seus alunos sobre as fezes de coelho: será que possui sais minerais? E as de cavalo? E as de galinha? Logo estarão pensando, se todos comem plantas, em suas fezes também haverá sais minerais. Mas, se a galinha for alimentada por ração? Ora, a ração é feita principalmente de milho, que é uma planta, logo, essas fezes também apresentarão sais minerais. Ciclo dos sais minerais Esses sais minerais foram distribuídos por todo o corpo da planta; ao comer o capim, o boi ficou com parte desses minerais em seu corpo. Afinal, também foi por isso que ele o ingeriu, mas o que ele não conseguiu retirar e os outros elementos do capim saíram em suas de fezes. O ciclo dos sais minerais que aprendemos nos ajuda a entender porque as árvores de uma floresta são enormes sem que nenhum ser humano coloque sais minerais para elas. Durante seu crescimento, as árvores retiram os sais minerais do solo para formar seu corpo. Aos poucos, seus pedaços vão envelhecendo e caindo, formando no chão das florestas uma cobertura com diversos restos vegetais, como folhas, galhos e frutos, e até mesmo os restos de animais mortos ou suas fezes. Com o passar do tempo, esses restos orgânicos são decompostos por pequenos animais, como minhocas e gongôlos, entre outros, e os microorganismos existentes no ar e no solo, transformando-os em um material leve e poroso chamado de húmus. Devido à sua origem o húmus possui boa quantidade de sais minerais, que no solo estarão novamente disponíveis para as árvores. Ao colocarmos essas fezes na terra, os restos de capim serão decompostos pelos microorganismos existentes no solo, devolvendo os sais minerais que ficarão novamen- Na escola é possível “copiar” da natureza essa decomposição de restos orgânicos para produção de húmus, num processo chamado de compostagem. Dependendo da idade dos seus alunos, eles já estarão pensando: ora, nas fezes do boi tem parte da comida que o boi comeu, ou seja, resto de capim. Mas, resto de capim vai ajudar as plantas a crescer? É preciso saber O capim para crescer retirou água do solo com suas raízes, trazendo junto os sais minerais da terra para fabricar seu próprio alimento. 88 Projeto Horta Educativa Melhorando o solo para o cultivo Pergunte na sua turma quem já sabe disso? Você poderá se surpreender. te à disposição das plantas no solo. Trabalhando com compostagem na escola 9 CST O húmus obtido nesse processo é considerado um adubo de excelente qualidade para as plantas. Mas não é necessário que a escola tenha uma horta para que o professor estude com seus alunos esse processo, pois o húmus gerado pode ser colocado em vasos de plantas, usadas como enfeite na escola ou pode ser levado pelos alunos para usarem em casa. Atividades motivadoras O tema compostagem pode facilitar ao professor a construção, junto aos seus alunos, de vários conceitos científicos como: o ciclo dos sais minerais, o que são materiais orgânicos e inorgânicos e a decomposição de restos orgânicos. Possibilita ainda discussões sobre adubação natural e química, conservação do solo, chegando até mesmo a um trabalho sobre lixo e seus problemas ambientais. Arcelor Brasil - cascas de frutas e legumes trazidos de casa pelos alunos; - sobras do pátio da escola, folhas das árvores, palha de grama seca ou verde, mato de capina, pequenos galhos e raspas de madeira (serragem); - esterco animal ou terra para misturar ao composto fornecendo microorganismo. Composteira em canteiro Esta é uma composteira que temos usado nas escolas, com bons resultados, pode ser feita de tijolo ou madeira, com dimensões de três metros de comprimento com um de largura, dividida por madeira removível em lotes de 1 metro, totalizando 3 lotes de 1 m² cada. O controle de água é de suma importância, por isso, não deve ser feita em lugares sujeitos a alagamentos. É preciso saber O local onde são colocados os materiais orgânicos para a compostagem é chamado de composteira e seu tamanho vai depender do trabalho que a turma vai desenvolver, podendo ser uma garrafa plástica tipo PET ou um canteiro de 3m², que apresentaremos mais adiante. Materiais usados para fazer o composto orgânico Na escola o que não faltam são restos orgânicos que possam ser usados na preparação de um composto. Você pode utilizar: - sobras de vegetais crus da cozinha da escola, os restos animais, na sua decomposição, produzem mau cheiro, atraindo baratas, moscas e ratos. Cascas de ovos podem ser usadas, mas como demoram a ser decompostos coloque pouca quantidade; Composteira Os materiais orgânicos citados devem ser colocados no primeiro lote, misturados com terra ou esterco, como forma de introduzir microorganismos que promoverão a decomposição. Encha bem o lote, colocando terra como última camada para evitar moscas e mosquitinhos indesejáveis. Não esqueça de anotar tudo o que for colocado e a data. Projeto Horta Educativa 89 Arcelor Brasil 9 CST Aproveite para observar e fazer anotações sobre o que está acontecendo com os materiais colocados. Para não perder tempo, combine com os alunos para montar o primeiro lote novamente no mesmo dia da passagem do material do primeiro para o segundo lote. Quando o material do segundo lote estiver completando o segundo mês é a hora de passálo para o terceiro lote, e passar o que está no primeiro lote para o segundo. O primeiro lote ficará vazio e poderá ser cheio novamente. Ao final do terceiro mês, o composto do terceiro lote já estará pronto e poderá ser retirado e usado como adubo. O processo se seguirá normalmente com as trocas de lotes e o enchimento do primeiro a cada mês. Experimento Se quiser, coloque pedaços de papéis, vidros, plástico, ou até mesmo tampinhas de garrafa de lata. Será que alguns desses materiais irão se decompor? Por quê? Agora, estimule seus alunos a criar algumas hipóteses sobre o experimento. O que vai acontecer com os restos colocados no composto? Será que o volume do composto vai aumentar ou diminuir? Que material vai apodrecer primeiro? Por que apodrecem? O que é apodrecer? De onde vieram os micróbios que comeram os restos? Essas e outras questões formuladas devem ser investigadas, observando e anotando diariamente o experimento. A garrafa transparente facilita a observação, porém, após 20 dias, retire a mistura da garrafa e faça uma investigação mais detalhada. Anote tudo o que for possível. Que materiais ainda podem ser reconhecidos? O que já apodreceu? Materiais necessários: garrafa plásOcorreu surgimento de algum bitica tipo PET transparente de 2 licho? tros, cortada 3 a 4 dedos abaixo Tem cheiro de quê? da boca. Terra (a que houver na esPreparo de minicomposteira O cheiro é forte ou fraco? cola). Restos orgânicos vegetais já Depois, coloque tudo novamencitados. te na garrafa e continue as observações. PasProcedimentos sados mais 20 dias, provavelmente, os restos mais “suculentos” e menos fibrosos já terão 1 - Faça o composto orgânico, misturando sido decompostos, resultando em húmus, que os restos com a terra, na proporção de três poderá ser usado como adubo natural. Anopartes de restos por um de terra. te as observações finais, compare com as an2 - Coloque o composto na garrafa cortada e teriores e faça algumas conclusões. cubra toda a superfície com mais terra. Importante: a decomposição de vegetais e 3 - Marque o volume do composto na garrafa animais é feita pelos microorganismos, princom uma fita crepe ou barbante. cipalmente fungos e bactérias que vêm jun4 - Não esqueça de anotar quais os restos to com a terra colocada no composto. Umicolocados no composto e evite a entrada de dade e oxigênio são dois fatores bastante mais água. importantes neste processo. Preparando uma Minicomposteira 90 Projeto Horta Educativa Trabalhando com compostagem na escola Ao final de um mês, retire a madeira removível e puxe com uma enxada todo o material para o segundo lote. 10 CST É preciso saber Plantio e Semeadura Basicamente, existem duas formas de iniciar o plantio na horta, a primeira, chamada de plantio direto, consiste em colocar a semente no canteiro definitivo, no local onde se dará todo o desenvolvimento da planta até a colheita. A segunda forma é conhecida como plantio indireto, as sementes são colocadas numa sementeira, na qual iniciam seu desenvolvimento. Quando as plantas atingem a altura de 10 a 15 cm, ou já possuem de 4 a 5 folhas, são transplantadas para o local definitivo. Arcelor Brasil Semeadura A colocação das sementes no solo (semeadura) pode ser feita de duas formas: em sulcos ou em covas. Na semeadura em sulcos são abertas valetas de um a dois centímetros de profundidade. As sementes são postas em fileira e cobertas com terra. Em covas, é necessário abrir pequenos buracos de um a dois centímetros de profundidade onde serão colocadas as sementes. A quantidade ideal de sementes e o espaçamento entre as covas variam de acordo com a espécie plantada. O que é uma sementeira? É simples, você poderá fazer uma sementeira em um caixote de frutas ou usar o próprio canteiro, mas a terra necessitará de cuidados especiais, já que vai servir de “berçário” para as sementes das plantas iniciarem seu crescimento. Semeadura em sulcos Sementeiras diversas Após a colocação das sementes, cubra com pouca terra, e, se possível, faça uma cobertura de grama seca em toda a sementeira. A partir daí, os alunos ficarão curiosos para descobrir o que vai acontecer com elas, eis um bom momento para descobrir diversas informações sobre as sementes. Procure deixar a terra mais delicada, com a superfície lisa, limpa, bem adubada, fina e destorroada, se for peneirada, ficará com a textura mais fina ainda, o que irá facilitar o processo de germinação das sementes. Projeto Horta Educativa 91 Arcelor Brasil 11 CST Você pode iniciar com seus alunos uma conversa sobre o que eles acham sobre as sementes. Verifique que conhecimentos eles já possuem sobre esse assunto. Eles podem escrever ou desenhar. Frutos e sementes diversas Dica interessante Monte com seus alunos uma coleção de sementes diferentes. Peça que procurem e tragam, de casa, sementes que usamos como alimento, que comemos junto com os frutos (tomate, pepino), que encontramos nos frutos (laranja, tangerina, abacate...). Não esqueça de procurar nas redondezas sementes das árvores e das plantinhas que chamamos de matinhos, sua turma poderá descobrir coisas interessantes. Um mistério!!! Por que de uma semente surge uma nova planta? O que ela possui que a faz se transformar em uma planta? Essas dúvidas podem ser colocadas para os alunos para que eles reflitam sobre o assunto. Em seguida, com um tom investigativo apresente a eles a idéia de abrir uma semente e procurar em seu interior algo que possa ajudar a esclarecer este mistério. Experimento No dia anterior à aula, deixe um pouco de sementes de feijão num copo com água. O feijão é a semente escolhida, pois é fácil de encontrar, amolece rápido e é grande, o que facilitará observação do seu interior. Procure o tipo de feijão que for mais fácil de encontrar em sua região. 92 Projeto Horta Educativa Semente: uma nova planta Um estudo sobre as sementes pode ser bastante interessante. Semente: uma nova planta 11 CST Arcelor Brasil Umedecendo feijões Feijões secos e molhados Atenção: procure não colocar sementes demais, apenas uma para cada aluno, evite o desperdício, afinal, o feijão é um dois principais alimentos para maioria dos brasileiros. Elas deverão ficar de molho no mínimo 6 horas. Se preferir, faça esta atividade com os alunos, que poderão observar o aumento de tamanho dos caroços de feijão após ficarem na água. Na hora de abrir as sementes, aumente o suspense, repetindo as perguntas sobre o mistério. Cada pedaço é de extrema importância, por isso os alunos devem deixar a mesa limpa antes de receber a semente. Oriente-os primeiramente a observar o tamanho da semente, em seguida devem procurar a marca branca (no caso do feijão preto). Será que eles sabem o que vem a ser essa marca? Não dê respostas prontas ajude-os a construí-las. Eles deverão desenhar a semente inteira e só então começar a abri-la. Para isto, deverão passar a unha no lado contrário da marca branca. Eles irão entender depois. Variedades de feijões Projeto Horta Educativa 93 Arcelor Brasil 11 CST Retirada a pele, o interior se abre em duas bandas, estimule-os a encontrar pistas. Logo encontrarão, bem no cantinho, este material Esse material que se parece com uma planta em miniatura é chamado de embrião. É ele que dará origem a uma nova planta. Partes de uma semente e sua função Após esta descoberta, os alunos irão desenhar as partes encontradas: A casca, as bandinhas e o embrião. A casca é chamada de tegumento pelos cientistas e as bandinhas de endospermas. Feijão sem casca Mas o que vem a ser isto? Com o que parece? Se começasse a abrir a semente pelo lado da marca, poderia quebrar o cabinho. Partes de uma semente de feijão A casca é mais fácil perceber que sua função é proteger o embrião, mas as bandinhas, para que servem? Semente aberta 94 Projeto Horta Educativa Ao colocarmos um feijão no algodão com água, veremos o crescimento do embrião, mas como se trata de um ser vivo, de onde ele estará recebendo alimento para crescer? Agora ficou fácil, não? Semente: uma nova planta Embrião do feijão Descascando feijão Semente: uma nova planta 11 CST Arcelor Brasil Pois bem, como o embrião ainda é pequeno, suas raízes e folhas ainda não estão formadas, a planta que gerou esta semente colocou uma boa reserva de alimento nessas bandinhas que o embrião usará nos seus primeiros dias de crescimento. No algodão, o embrião crescerá até acabar o alimento das bandinhas, por isso, para que não morra de fome, deve ir logo para a terra. Todas as sementes possuem o embrião, mas no trigo e em outras plantas ele recebe o nome de gérmen. Marca branca do feijão O embrião ainda na semente fica adormecido, os cientistas chamam isto de estado de dormência. Germinação É preciso saber Uma das primeiras sementes a ser estudada foi a do trigo. Os estudiosos da época perceberam que o seu gérmen em contato com a água “acordava”, isto é, iniciava seu crescimento, a este momento foi chamado de “germinação”. Veja como ficou fácil O gérmen entrando em ação virou germinação. Durante este processo, os nutrientes contidos nas bandinhas são ativados através de metabolismos químicos, tornando-os mais nutritivos para o embrião. Embrião germinando Para a semente ser formada dentro do fruto da planta, necessita de alimento que passa por um pequeno tubo. Quando ela já esta pronta, esse tubo seca, deixando no local de contato com a semente uma pequena marca ou, se preferir, uma pequena cicatriz. Sementes na vagem E a marca que vem na semente do feijão, será que alguém da turma desconfia de onde vem? Para explicar melhor, acompanhe a Ilustração a seguir. Projeto Horta Educativa 95 Arcelor Brasil 11 CST Dispersão das sementes É preciso saber Porque algumas plantas têm frutos carnosos e doces? Porque alguns frutos mudam de cor e ficam cheirosos quando estão maduros? Dica interessante Tente fazer uma coleção com os alunos de frutos ou sementes como estes exemplos desta página. Frutos e sementes 96 Projeto Horta Educativa Semente: uma nova planta Esse é um dos estudos sobre as plantas que mais geram curiosidade nas crianças e, até mesmo, nos adultos. Algumas pessoas têm dificuldade de olhar para plantas como seres vivos, pois diferentemente dos animais, elas não saem caminhando pela terra. No entanto, ao longo dos milhares de anos, desenvolveram, principalmente em seus frutos e sementes, diversas estratégias que possibilitaram realizar pequenas e até longas viagens e se espalhar pelo planeta. Perguntas para ajudar na motivação O transplante das mudas da sementeira 12 CST Arcelor Brasil É preciso saber Procure recordar o que era essa plantinha quando estava dentro da semente. Esta atividade é realizada nas plantas em sementeiras, ou seja, no plantio indireto. Quando a planta atinge a altura de 10 a 15 cm, ou já possui no máximo 4 a 5 folhas, deverá ser transplantada para o local definitivo. Coloque as plantinhas nas covas do canteiro, cubra com a terra, apertando um pouquinho para que fique bem presa. Transplante de alface Dica Interessante Prefira os dias ou horários mais frescos para esta atividade. Primeiramente, regue bem as mudinhas, uns 20 minutos antes, depois, com uma colher de transplante, enfie-a uns 15 cm na terra, perto das mudinhas, com cuidado para não atingir as raízes e levante com bastante terra bem levemente. Em seguida, regue bem, mas cuidado, a água deve cair em forma de chuva bem fininha para não tombar as plantinhas. Transplante de alface Separe as mudinhas uma a uma, com bastante cuidado para não machucá-las. Procure conversar com os alunos sobre as partes que as plantinhas já possuem, medir seu tamanho e fazer um desenho. Projeto Horta Educativa 97 Arcelor Brasil 13 CST Procure fazer dessa atividade momentos de muito prazer, o toque com a terra nos traz sensações únicas e profundas. Aproveite com eles. Peça aos alunos para tocar no solo. Pode ser com a ponta dos dedos ou com a mão cheia. Esses cuidados, chamados tecnicamente de tratos culturais, são simples e de fácil realização pelos alunos, mas é preciso planejar bem o momento de realizá-los para não que tome todo o tempo. Escarificação do solo Afofando a terra com as mãos Com o passar do tempo, durante o crescimento das plantas no canteiro definitivo, a chuva e a própria rega vai deixando o solo endurecido e criando na sua superfície uma crosta mais impermeável, o que atrapalha o crescimento das raízes a penetração da água no solo. A etapa de escarificação, ou de afofamento da terra, pode ser feita de 15 em 15 dias ou a cada 3 semanas, de acordo com o tipo de solo, usando ferramentas ou as próprias mãos. Perguntas motivadoras Afofando a terra com ferramenta Está quente ou frio? Duro ou mole? O que eles conseguem enxergar e identificar na terra? Qual o tamanho dos grãos? Oriente-os a escolher um espaço vazio sem nada plantado e abrir um pequeno buraco que caiba a mão. O que podem observar? Mudou de cor ou de umidade? Estimule-os a pensar sobre isso. Nesse buraco os alunos deverão colocar uma das mãos, cobrir com um pouco de terra e ficar por uns dois a três minutos em silêncio e com os olhos fechados. Com as mãos, continue a escavar a terra, quebrando a crosta endurecida e afofando o solo, caso esteja muito duro, utilize uma ferramenta adequada. Deve-se tomar o cuidado de não atingir as plantas com a ferramenta e até mesmo cobri-las com terra, como já acontecido. 98 Projeto Horta Educativa Acompanhamento - tratos culturais A curiosidade pela germinação das sementes e o crescimento das plantas trará os alunos diariamente ao espaço cultivado, é preciso conversar com eles sobre as necessidades que devemos ter com cada planta, afinal, não devemos nos esquecer que depois de tantos anos cultivando-as e levando-as de um lugar para outro, essas plantas necessitam de cuidados especiais para crescerem bem. 13 CST Arcelor Brasil Desbaste ou raleamento Acompanhamento - tratos culturais Dica Interessante O endurecimento do solo pode ser observado quando a água demora a penetrar, formando poças na superfície Amontoar É o processo pelo qual se junta terra ao pé da planta. É necessário no cultivo de plantas em que usamos as raízes como alimento, como beterraba, cenoura, rabanete, entre outras, pois com o tempo a ponta das raízes vão ficando para fora da terra e em contato com o sol ficarão fibrosas e endurecidas. É aconselhável realizar esta atividade sempre após a escarificação. Quando se faz o plantio direto, seja em covas, em sulcos ou até mesmo a lanço, acabamos sempre colocando sementes demais, é preciso retirar as mudas em excesso. Essa atividade pode ser feita quando as mudas alcançarem cerca de 10 a 15 cm ou com 20 dias após a germinação. As plantas em excesso devem ser retiradas com cuidado, para não afetar a raiz da planta que ficar. Em dias bem frescos você pode até transplantá-las para lugares onde tiver falhas no canteiro ou levá-las para outros canteiros. Procure deixar o espaçamento adequado entre plantas restantes. Desta forma, elas se desenvolvem melhor. A medida adequada irá depender da espécie cultivada. As mudas que sobrarem podem ser usadas em saladas, no caso de alfaces, chicórias, ou simplesmente colocadas na composteira. Estaqueamento ou espaldeiramento Algumas plantas possuem o caule mole ou flexível, e às vezes, com o peso dos frutos, a planta tomba, podendo até quebrá-las. Por meio dessa técnica, evita-se ainda o contato dos frutos com a terra, melhorando-se a qualidade e a produção da cultura. Finca-se no solo, próxima ao vegetal, estacas feitas de madeira ou bambu. Assim, pode ser construído um suporte para plantas como o tomateiro e o pepineiro, entre outras. Projeto Horta Educativa 99 Arcelor Brasil 13 CST Amarrio das plantas Regar ou aguar as plantas Segue-se ao estaqueamento. Com o crescimento da planta, é necessário amarrá-la às estacas. Essa operação deve ser realizada periodicamente, tendo-se o cuidado de não ferir o caule das plantas. A água é essencial às plantas. Mas em excesso ou colocada de forma inadequada pode prejudicá-las. Deve ser feita por meio de mangueira para horta grande ou regador, desde que a água caia sobre o solo como uma chuva fina. Deve-se regar a horta uma ou duas vezes por dia, de acordo com a umidade do solo. Capina Ao contrário do que muitos pensam, o mato não deve ser totalmente retirado da horta, devemos tirar os mais próximos das plantas cultivadas, ou os que passarem seu tamanho, diminuindo a luminosidade. Ao retirá-lo, deixe-o sobre o solo como cobertura morta, ou coloque na composteira. 100 Projeto Horta Educativa Acompanhamento - tratos culturais Montando o espaldeiramento Cultivo de plantas 14 CST Arcelor Brasil Ao longo de sua história no planeta, o ser humano vem criando diferentes formas de uso de tudo o que encontra. Antes mesmo de aprender a plantar, já usava as plantas que encontrava na natureza como fonte de alimento e, com o passar do tempo, foi descobrindo novas formas de uso delas. Acreditamos, então, que as plantas não surgiram no planeta para nos “servir”, nós é que fazemos uso delas de diferentes formas. Neste sentido, adotamos uma classificação das plantas cultivadas na horta de acordo com o uso que fazemos delas, tendo o cuidado de não termos nenhuma rigidez, pois, com o uso tão variado, algumas plantas podem pertencer a mais de um grupo. Projeto Horta Educativa 101 Arcelor Brasil 15 CST Rabanete Dica Interessante Procure fazer uma pesquisa sobre o valor nutritivo dessas plantas e sua importância para o nosso corpo. Como cultivar Tipo de plantio e semeadura: a semeadura é feita no canteiro definitivo, em sulcos, com um espaçamento de 20 a 30 cm entre eles. Tratos culturais: quando as mudas alcançarem de 3 a 5 cm de altura, realize o desbaste. Deixe um espaço de 6 a 8 cm entre as plantas restantes. Faça em seguida a escarificação e a amontoa. Não esqueça de regar bem. Colheita: realize-a de 25 a 35 dias após a semeadura. Alface e Chicória Plantio Indireto. Faça uma sementeira. Semeie em sulcos distantes 10 cm de um para outro. Realize o transplante quando as mudas estiverem com 10 a 15 cm de altura. Coloque-as no canteiro definitivo com 25 cm entre elas. Tratos culturais: escarificação e rega. Colheita: comece a colher as plantas mais crescidas 60 a 80 dias após a semeadura. 102 Projeto Horta Educativa Capuchinha O plantio pode ser feito tanto por estacas de galhos como por sementes, sendo que por estaquia ela se desenvolve mais rapidamente. A melhor época para o preparo das mudas é no início da primavera. O solo Plantas usadas como alimento - verduras e legumes Escolhemos algumas plantas que são de cultivo simples, no máximo em quatro meses alcançam a época de colheita, e rapidamente a criança observa os resultados do seu trabalho com uma bela colheita. Além disso, suas sementes são facilmente encontradas no comércio. Plantas usadas como alimento 15 CST Arcelor Brasil deve ser bem arejado, nem muito argiloso nem excessivamente arenoso. Prepare a terra com 2 quilos de húmus de minhoca por metro quadrado de terreno. A distância entre cada planta é de 30 centímetros. Com o crescimento, elas se entrelaçam. Em locais de clima muito quente, a capuchinha vegeta melhor à meia-sombra. Em regiões mais frias, vai bem a sol pleno. Em qualquer lugar, exige bastante água para que fique vistosa. Couve Cenoura e beterraba Tipo de plantio e semeadura: O plantio é direto. Semeie a cenoura em sulcos espaçados de 20 a 30 cm, e para a beterraba faça covas com espaçamento de 20 a 25 cm, colocando de 3 a 5 sementes em cada. Tratos culturais: realize o desbaste quando as mudas alcançarem de 10 a 15 cm de altura. Deixe um espaçamento de 6 a 8 cm para a cenoura. No caso da beterraba, deixe uma planta em cada cova. Logo após, faca a escarificação e a amontoa. Repita esses dois processos quando o solo estiver duro e as raízes ficarem descobertas. Regue periodicamente. Tipo de plantio e semeadura: Para o cultivo de couve, você terá duas alternativas, pois poderá realizar um plantio indireto para obtenção das mudas ou, se conhecer alguém que já tenha um bonito pé de couve, pode retirar algumas das mudas que brotam na base do caule das plantas. Em ambos os casos, escolha as mudas que tiverem cerca de 15 cm e transplante-as com um espaçamento de 50 a 60 cm entre as plantas. Tratos culturais: escarificação, amontoa e rega. Colheita: comece a colher as folhas maiores, deixando sempre um mínimo de 4 a 5 folhas na planta. Colheita: comece a colher de 100 a 120 dias após a semeadura, retirando as mais desenvolvidas. Projeto Horta Educativa 103 Arcelor Brasil 15 CST Plantio direto. Após o preparo da terra, prepare covas com 70 cm de espaçamento e 2 cm de profundidade. Coloque de 4 a 5 sementes por cova e cubra com um pouco de terra. Tratos culturais: debaste, estaqueamento, amarrio e amontoa. Quando as plantas atingirem cerca de 15 cm, faça o desbaste, deixando apenas uma planta e retirando as mudas mais fracas. Dica Interessante Bom momento para se trabalhar conceitos matemáticos. Quantas sementes foram usadas? Quantas germinaram? Tomate e berinjela Plantio indireto. Faça uma sementeira em caixotes ou no próprio canteiro. Quando as mudas atingirem 15 cm de altura, transplante-as para o canteiro definitivo, colocando cerca de 70 cm entre as plantas, para possam desenvolver-se bem. Tratos culturais: estaqueamento, amarrio e amontoa. 104 Projeto Horta Educativa Que tal montar um gráfico de germinação das sementes? Plantas usadas como alimento Pepino 16 CST Plantas usadas como temperos O trabalho com as plantas usadas como tempero possibilita excelentes oportunidades de se conhecer questões ligadas à história da expansão humana no mundo e no Brasil. Cada região tem seu tempero preferido, o que dá uma riqueza de sabores e pratos típicos brasileiros. Dica Interessante Explorando os sentidos com as plantas Sempre que entrar na horta, motive os alunos a conhecer melhor as plantas, mas não apenas visualmente. Peça que façam três coisas antes de perguntar o nome delas, primeiro que olhem e escolham, segundo, que a toque e sinta sua textura e sua temperatura, depois, que cheirem o dedo. Seu aluno estará usando três sentidos e não apenas um, a visão, para conhecer as plantas. Lembre-os que não é preciso arrancar as folhas: o cheiro vem apenas com o toque, e mesmo se não vier, já terá conhecido a planta através do tato. Arcelor Brasil Como cultivar Salsa e coentro Plantio direto. Coloque as sementes em sulcos ou covas na profundidade de 1,5 cm e cubra com pouca terra. Tratos culturais: faça a escarificação e o amontoa quando necessário. Cebolinha Pode ser plantada através da semente, usando uma sementeira e depois o transplante, quando as plantas atingirem 15 cm ou os talos que normalmente são jogados fora. As três plantas citadas são praticamente as mais usadas em todo o Brasil, mas procure fazer um canteiro matriz com outras plantas que também são usadas, com temperos como: manjericão, alecrim, orégano, coentrão (chicória no Pará), jambu, hortelã, tomilho e outras de sua região, para que seus alunos conheçam melhor. Elas podem ser plantadas através de mudas. Logo haverá uma diversidade para organizar pratos com os alunos e preparar mudas que poderão ser vendidas ou levadas pelos alunos para que possam montar uma horta em casa. Tomilho Olhando, tocando e cheirando as plantas. Projeto Horta Educativa 105 Arcelor Brasil 17 CST É importante valorizar esse conhecimento popular na escola, através do cultivo dessas plantas e promovendo uma grande pesquisa sobre elas. Organize um canteiro e converse com os alunos para que tragam de casa as mudas que serão cultivadas, normalmente elas “pegam” de galho. Coloque placas para identificá-las e inicie uma pesquisa sobre Babosa 106 Projeto Horta Educativa elas, discuta com seus alunos o que gostariam de saber e onde encontrar as informações. Lembre-os que uma boa fonte de informações são as pessoas mais idosas, você pode aproveitar e envolver a comunidade, trazendo um morador que possa falar sobre as plantas que usamos como remédio. Dica Interessante Ao final da pesquisa, você pode preparar uma cartilha com as informações sobre as plantas usadas como remédio para distribuir pela escola e pela comunidade, socializando o que descobriram. Plantas usadas como remédio Na cultura popular muito se sabe sobre o uso medicinal das plantas. No entanto, essa cultura que vem sendo massacrada nas últimas décadas pelo modelo industrial da sociedade de consumo. 718 CST Arcelor Brasil Plantas usadas como enfeite São plantas que podemos usar para enfeitar a horta e até mesmo toda a escola. Aproveite para trabalhar a estética da horta, da escola e da comunidade. Peça aos alunos que tragam de casa diferentes tipos de mudas para serem plantadas na escola. Construa pequenos canteiros, utilize jardineiras, vasos ou pequenos potes para cultivar as plantas. Jardins com formas geométricas Projeto Horta Educativa 107 Arcelor Brasil 19 CST Em escolas com espaços pequenos é possível cultivar algumas plantar em vasos, jardineiras e potes, reutilizando embalagens descartáveis que seriam jogadas fora e prendê-los em paredes ou cercas. Confrei e hortelã em potes Horta suspensa 108 Projeto Horta Educativa Espaços alternativos Potes presos na cerca Preparando mudas de árvores 20 CST O cultivo de árvore pode gerar atividades interessantes com seus alunos. Se na sua escola não houver nenhuma árvore, procure descobrir alguma no bairro que seja bastante significativa na região e que seja de fácil reprodução. Pesquise como coletar as sementes, faça uma sementeira e depois passe as mudas para sacos ou potes. Por fim, distribua as mudas entre os alunos ou mobilize um mutirão de plantio de árvores pela escola ou mesmo pela comunidade. Arcelor Brasil Semeando araucária Temos usado com bastante sucesso o Pinheiro do Paraná ou Araucária, confira as fotos. Mudas de araucária no pote Transplantando mudas de araucária Mudas de araucária Projeto Horta Educativa 109 Arcelor Brasil CST 21 As mudas plantadas em sacos ou potes pelos alunos devem ficar na escola por alguns dias até ficarem firmes e fortes. O mini horto é um local fresco e com baixa incidência solar onde estas mudas ficarão até que possam ser levadas pelos alunos. Mini Horto 110 Projeto Horta Educativa Como montar um terrário 22 CST A montagem de um terrário tem-se mostrado um excelente material para se trabalhar conceitos científicos como: ciclo da água, fotossíntese, sol como energia vital, respiração das plantas, entre outros. Possibilita ainda discussões sobre o uso racional da água, a poluição do ar e as relações de dependência entre os elementos naturais e sobre a vida no planeta. Você vai precisar de um vidro grande, pode ser um aquário. Primeiro, coloque pedrinhas no fundo, depois uma camada fina de carvão ou areia e, por último, a terra. Desta forma, poderá observar as camadas do solo. A terra tem a função de nutrir as plantas e as camadas de pedras, de carvão ou areia têm a função de drenar a água. Arcelor Brasil Faça alguns buracos e coloque diferentes mudas de plantas que cresçam pouco, ponha algumas folhas secas em fase de apodrecimento na terra e por último alguns bichos, como minhocas e gongolos, regue um pouco, cubra com plástico e vede bem. Ponha em local com bastante luz, sem ficar exposto ao sol diretamente. É importante fazer uma listagem dos elementos naturais que foram colocados, mais os que entraram, como o oxigênio e o gás carbônico, e os que irão entrar e sair diariamente, como a luz e o calor. Estimule os alunos a pensarem o que acontecerá e peça que registrem. Através de observações feitas no terrário e muitas pesquisas, você terá excelentes oportunidades para descobrir com os alunos diversos conceitos científicos sobre esses elementos naturais colocados no terrário. Terrários Projeto Horta Educativa 111 Arcelor Brasil 23 CST A essência deste planeta chamado Terra é, certamente, a vida que nele pulsa. E esta vida que se manifesta de diferentes formas acontece em ciclos. Ensinando o ciclo dos sais minerais Alguns exemplos de elementos naturais: Elementos Naturais 112 Projeto Horta Educativa O ser humano, um elemento natural vivo, ao longo de sua história planetária, desenvolveu um modelo próprio de vida que o faz pensar e agir sobre os outros elementos naturais, colocando-os a seu serviço, como se isso fosse a destinação única para a sua existência no planeta. Além disso, o modelo de vida humana criou processos lineares, com início, meio e fim, transformando os outros elementos vivos e não vivos em elementos não-naturais e interrompendo seus ciclos, o que vem gerando enormes conflitos para a vida planetária. Na “Horta Viva”, a comunidade escolar terá a oportunidade de lidar diretamente com as plantas, os bichos, a terra e outros elementos naturais, possibilitando conhecer os seus processos cíclicos e suas relações de interdependência e reconhecer existência da vida na grande Teia. A vida em ciclos São diversos elementos naturais vivos e não vivos que em seus processos cíclicos se tocam e se interagem, criando diferentes relações de interdependência. Pela riqueza e diversidade de elementos naturais em ciclos e relações de interdependência, cada espécie viva se relaciona com os outros elementos naturais em seu ciclo e se entrelaça com outras espécies vivas em pequenas teias, que se ampliam e formam a enorme teia que chamamos de “A Grande Teia da Vida”. Conhecendo um pouco mais sobre o ciclo das plantas 24 CST Um olhar um pouco mais atento sobre o que está acontecendo com as plantas na horta, você poderá descobrir coisas interessantes sobre o ciclo de vida delas. Antes de mais nada, é importante reconhecer que cada indivíduo é único no planeta, nenhum outro indivíduo é igual a ele. A riqueza da vida, então, está nas diferenças entre os indivíduos, que por suas características semelhantes formam grupos chamados de espécies. Ou seja, cada aluno da turma é único e todos pertencem à mesma espécie. Todos os pés de alface da horta são parecidos, mas nenhum é igual ao outro. Arcelor Brasil apreciável. Mas isto não significa que chegou o fim natural da vida da planta. Alface com 80 dias Você pode fazer uma linha do tempo e contar em quantos dias as plantas chegarão a esse ponto de colheita. Falando de alface, vamos acompanhar o desenvolvimento dessa planta na horta? Se comemos o pé de alface nesta fase da vida dele, de onde nascem as sementes? De posse das sementes, é feita a semeadura e, em mais ou menos 20 dias, as plantinhas germinadas estarão no ponto para serem transplantadas para o canteiro. Procure investigar quantas partes as plantas de alface possuem nesta fase, será que falta alguma? Na fase de colheita, as plantas ainda estão muito jovens, possuem apenas folhas, raízes e um caule bem pequeno, onde as folhas ficam grudadas. Escolha pelo menos dois pés de alface que não serão colhidos, de preferência, dois bem grandes. Alface com 25 dias Com o passar do tempo, as plantas vão crescendo até atingir o tamanho que o ser humano definiu como ponto de colheita. É a fase que a planta atinge seu tamanho máximo nas folhas e está com um sabor Continuando sua vida aos poucos, o caule começa a crescer e a planta vai mudando totalmente a forma, folhas novas vão surgindo em tamanhos bem menores, o esforço agora é para o crescimento do caule, que na ponta formará pequenos galhinhos com diversos botões de flores. Projeto Horta Educativa 113 Arcelor Brasil 24 CST Alface pendoando com 120 dias As flores de cor amarela abrirão pela manhã e fecharão à tarde, trazendo um colorido para a horta e podendo receber a visita de pequenas abelhas em busca de néctar. Flor de alface Aos poucos, as pétalas amarelas vão murchando e secando. Parte da flor vai se transformando em fruto com sua semente. O fruto tem uma penugem branca, que o vento faz planar como se estivesse voando, o que ajuda a espalhar as sementes. Fruto de alface 114 Projeto Horta Educativa São muitas sementes que cada pé de alface faz. Procure contar, ou mesmo fazer, uma estimativa de quantas sementes foram feitas por um único indivíduo, você se surpreenderá. Aos poucos, o indivíduo que gerou as sementes irá morrer, mas suas sementes, em sua maioria, poderão crescer e formar novos indivíduos, garantindo a continuidade da vida da sua espécie. Assim sendo, é fato que o indivíduo morre, mas através de sua reprodução, o ciclo se completa, de semente a semente, e a espécie mantém-se viva no planeta. Outras plantas podem ser observadas na horta para se estudar o ciclo, como o feijoeiro e o pepineiro. Algumas têm mais dificuldades, pois estão em ambientes bastante diferentes de seu hábitat natural, como a couve e a chicória, que, dependendo da região onde estiverem, podem completar seu ciclo fazendo flor, fruto e sementes. Dica Interessante A reprodução dos seres vivos gera bastante interesse nos alunos, dependendo da série, você poderá pesquisar esse assunto chegando à reprodução humana e até mesmo às questões relacionadas aos problemas ligados às doenças sexualmente transmissíveis. Conhecendo um pouco mais sobre o ciclo das plantas Nessa fase, a planta formou duas outras partes: a flor e o fruto que geraram novas sementes, por isso, dizemos que a planta se reproduziu, ou seja, gerou novos indivíduos. 25 CST Arcelor Brasil Os bichos da horta Borboletas, pulgões, joaninhas, minhocas... muitos bichos surgem na horta e despertam bastante o interesse e a curiosidade nos alunos em conhecê-los. Você pode propor, por exemplo, acompanhar o crescimento de alguns deles, como a borboleta e a joaninha, pois passam por transformações enormes em seu corpo, que chamamos de metamorfose, o que pode gerar grandes descobertas científicas. É comum a borboleta curuquerê da couve colocar seus ovos nas folhas da couve, do rabanete, do repolho e outras da mesma família. Para facilitar a observação da sua metamorfose, retire a folha onde estiverem os ovos, leve para sala de aula e coloque numa caixa de papelão ou um pote de vidro grande. Cubra com um plástico com furos que permitam a circulação de ar e faça registros diários. Ovos de borboleta Aos poucos nascerão os filhotes chamados de lagartas, que se alimentarão de folhas, muitas folhas. Lagarta – filhote de borboleta Ao crescerem, se transformarão em pupa e depois em borboleta. Adulta, ela estará pronta para acasalar e gerar novos filhotes. Borboleta – curuquerê da couve As joaninhas também aparecem com freqüência na horta, basta que haja pulgões para comer. Como pouca gente conhece seu filhote, temos a seguir uma foto de uma espécie que é muito comum nas hortas, e que fica adulta, como a conhecemos, também através de uma metamorfose. Projeto Horta Educativa 115 Arcelor Brasil 25 CST informações que tivemos o enorme prazer em descobrir com nossos alunos. Por isso, buscamos encorajar os professores a aproveitar a curiosidade dos alunos, principalmente sobre este bicho, a minhoca, e motivá-los para a construção do conhecimento científico sobre tudo o que existe sobre ela. Filhote de joaninha Dica Interessante Dica Interessante Procure fazer uma lista bem ampla desses animais e pesquise com seus alunos o que cada um come. No quadro, poderá fazer linhas ligando um ao outro pelo que comem, formando uma enorme teia alimentar. Esta é uma boa chance para se discutir questões como o uso dos agrotóxicos, agricultura ecológica, produtos transgênicos, desequilíbrio ambiental etc. Conhecendo a vida da minhoca Não queremos abrir mão da alegria que é a construção do conhecimento sobre as coisas da natureza, enchendo este livro com 116 Projeto Horta Educativa Procure saber com seus alunos o que eles sabem sobre a minhoca e sua vida na terra. De que se alimentam? Como é seu corpo? Qual a relação que têm com as plantas? Que bichos gostam de usá-lo como alimento? O corpo dela é frio ou quente? Como se comportam com chuva? Como respiram? O que a ciência diz sobre essas perguntas? Tudo isso, com certeza, merece um bom trabalho de pesquisa. Para ajudar a despertar a curiosidade, vamos adiantar algumas informações e fotos interessantes sobre a minhoca. Na foto a seguir, temos duas minhocas se acasalando. Os cientistas descobriram que elas são consideradas hermafroditas, ou seja, cada indivíduo possui o aparelho reprodutor masculino e o feminino. Mas se Os bichos da horta Além da metamorfose, é possível também investigar como é corpo desses animais que aparecem na horta, como se locomovem, de que se alimentam e até mesmo como se reproduzem. A minhoca é o bicho da horta que mais desperta curiosidade nas crianças, desse modo, vale a pena um trabalho de investigação sobre a vida desse animal, pois proporcionará momentos de grandes descobertas científicas. Os bichos da horta 25 CST Arcelor Brasil uma minhoca possui os dois órgãos por que são necessárias duas para haver a reprodução? Procure descobrir com seus alunos como ocorre a reprodução das minhocas, você vai encontrar coisas muito interessantes. Para viver na terra, as minhocas constroem perfeitas galerias, empurrando ou engolindo partículas pequenas de solo e materiais orgânicos que encontram pela frente, deixando na parede dos túneis uma gosminha pegajosa que evita que feche com facilidade, permitindo, assim, a passagem de ar que elas precisam. O material orgânico que engolem, restos vegetais e animais em decomposição, é aproveitado como alimento. Com o intestino cheio, é preciso esvaziá-lo para continuar abrindo novos túneis e se alimentando, para isto, precisam subir até a superfície do solo e depositar seus dejetos, para evitar que se feche o túnel. Boa parte do que liberam é terra e uma pequena parte é húmus. Minhocas se acasalando Minhoca entrando na terra Existem várias espécies de minhocas nos solos brasileiros, mas as duas das fotos adiante são encontradas com facilidade nas hortas das escolas. Criando minhocas para usar o húmus Espécies de minhoca Uma espécie de minhoca bem conhecida hoje é a chamada de vermelha da Califórnia, pois como seu hábitat preferido é material orgânico em decomposição, por exemplo, esterco, em seus dejetos há grandes quantidades de húmus, sendo considerado um adubo natural de ótima qualidade. O que a torna bastante usada em criações de minhocas para produção de húmus. Projeto Horta Educativa 117 Arcelor Brasil 26 CST Separando minhocas do húmus Dica Interessante Você pode ainda peneirar e embalar o material em sacos de um quilo, criando uma logomarca e montando uma “empresa” com os alunos, e vender os saquinhos de adubo natural em ocasiões especiais na escola, como feiras e festas típicas. Pesando e embalando húmus Minhocário Quando a quantidade de esterco estiver baixa, uns 10 a 15 centímetros, pode-se tirar todo o material e, com os alunos, separar as minhocas do húmus e preparar nova porção de esterco na manilha, para iniciar o processo. O húmus coletado pode ser usado na horta, ou em vasos de plantas, da escola ou das casas dos alunos. 118 Projeto Horta Educativa Dica Interessante Ao manipular o húmus, encontrará com facilidade as cápsulas com os ovos da minhoca; colete alguns e ponha num pote pequeno. Leve para a sala a fim de acompanhar de perto o nascimento das minhoquinhas. Como montar um minhocário na escola Temos tido bons resultados na produção de húmus de minhoca com minhocário feito de manilhas de cimento, como na foto a seguir. Com dimensões de 1 metro de diâmetro e 50 centímetros de altura, coberto com telhas ou plástico, para evitar o encharcamento com água da chuva, o que provoca a fuga das minhocas. O esterco bovino bem curtido deve ser posto até atingir uma altura de cerca de 30 a 40 cm da manilha. As minhocas são colocadas no esterco e entre 10 a 15 dias começam a aparecer os primeiros montinhos de húmus na superfície do esterco. Dependendo da quantidade de minhocas elas comerão todo o esterco em até 45 dias. A colheita do húmus é feita retirando-se a camada que fica na superfície, aos poucos, se percebe um material diferente do esterco, em forma granulada, os alunos chamam de granulado de brigadeiro. 27 CST Educação alimentar As plantas usadas como alimento, cultivadas na horta da escola, em seu o momento certo serão colhidas para serem comidas. E o dia da colheita dos legumes, verduras e temperos é um dia especial, de comemoração, de agradecimento e de muita festa. Mas também é um bom momento para pensar e refletir com seus alunos diversos aspectos da alimentação humana. O alimento é algo que colocamos para dentro de nosso corpo, que é o nosso ecossistema. Se temos responsabilidade coletiva, local e global com a natureza, temos a responsabilidade única com o nosso corpo, somos nós que decidimos o que devemos colocar para dentro dele. No modelo atual de vida humana, criamos uma forma de nos alimentarmos onde estamos aprisionados a poucos sabores, o doce, o salgado, o azedo e o amargo. E, nesses poucos sabores, ainda privilegiamos apenas dois: o doce e o salgado. Esses sabores são ensinados na escola como conteúdo de Ciências, ou seja, vale nota, o aluno aprende de um jeito ou de outro. É urgente mudar esse paradigma. Onde estão os sabores das cenouras, das alfaces, dos rabanetes, dos pepinos, das beterrabas e de tantas outras plantas? Estamos tão aprisionadas aos sabores salgado e doce que mal conhecemos os das plantas, se não tiverem com uma pitada de sal parece que têm “gosto de nada” como os alunos aprendem a falar. Açúcar e sal têm sabores viciantes, sempre queremos mais e todos os dias. É preciso reaprendermos os outros sabores Arcelor Brasil que existem na natureza, e a horta é um bom começo. Que tal redescobrirmos os sabores reais das plantas? A questão da educação alimentar é muito séria e passa sim pela escola. Com a horta, temos boas possibilidades de trabalhar esse tema com nossos alunos, de forma prazerosa e prática. Uma bela colheita! No momento da colheita, inclua a preparação dos alimentos como atividade com os alunos. O processo de alimentação iniciase no olhar, no tocar e no cheirar os alimentos. Quem nunca ouviu a expressão “comer com os olhos”? Pois bem, preparando uma bela salada com as plantas que foram cultivadas na horta, os alunos já estarão iniciando a alimentação e ao servir os pratos você terá grandes surpresas, principalmente com os alunos que diziam não gostar de legumes e verduras. Salada verde com capuchinha Projeto Horta Educativa 119 Arcelor Brasil CST Sugestão Você pode organizar com sua turma uma atividade que chamamos de “Desenhando com as frutas”, em que, utilizando formas, cheiros, sabores e cores diferentes das frutas, criamos verdadeiras obras de arte que, após nosso encantamento ao observá-las num ato fraterno e solidário, um aluno entrega a outro sua produção para ser degustada. Dica Interessante Amplie esse tema com os alunos, dependendo da faixa etária, abordando questões como: a importância nutricional das plantas; desperdício de alimentos; a fome no Brasil e no mundo; deficiência nutricional no ser humano; a produção de alimentos e a destruição ambiental. Ao lado: Professores fazendo a atividade “Desenhando com as frutas” 120 Projeto Horta Educativa Educação alimentar Alunos preparando uma salada na escola Susete Cuendet 27