AVALIAÇÃO DA ACEITABILIDADE DE PÃES DOCE ENRIQUECIDOS COM MORINGA OLEÍFERA LAM. (MORINGACEAE) SILVA, J.C. PEREIRA, L.A.; CIABOTTI, S. TEIXEIRA, E.M.B. 1 Estudante 4° período de Tecnologia Alimentos no CEFET Uberaba – MG, bolsista FAPEMIG, e-mail: [email protected]. 1 Estudante 4° período de Tecnologia Alimentos no CEFET Uberaba – MG, e-mail: [email protected]. 2 2 Profª. CEFET Uberaba – MG, Drª. Ciência dos Alimentos, e-mail: [email protected]. Profª. CEFET Uberaba – MG, Ms. Ciências dos Alimentos e Nutrição, e-mail: [email protected]. RESUMO Neste trabalho tivemos como objetivo avaliar a aceitabilidade quanto à aparência, cor, sabor, textura e aspecto global de pães doces fortificados, com três quantidades diferentes do pó de Moringa oleífera nas concentrações 3g (A), 6g (B) e 9g (C), / 200g de farinha de trigo comparado com uma formulação padrão. A aceitação dos atributos sensoriais apresentou-se de forma semelhante nos três produtos, sendo que o pão A não diferenciou (p<0,05) do padrão. Os pães B e C diferenciaram (p<0,05) da preparação A nos atributos aparência, cor, sabor e aspecto global e na textura o pão doce C apresentou melhor aceitação. A amostra de maior aceitabilidade pelos provadores foi à preparação A, ficando entre os termos hedônicos “gostei moderadamente” e “gostei muito”. O enriquecimento dos pães doce com o pó das folhas de Moringa oleífera na concentração de 3g obteve melhor aceitação pelos provadores, não ocorrendo diferença da amostra padrão. Palavras-chave: aparência, cor, sabor. INTRODUÇÃO A Moringa oleífera Lam. Planta da família Moringácea, originária do continente asiático, no noroeste da Índia, é uma hortaliça perene e arbórea, com baixo custo de produção e é cultivada devido ao valor nutricional das folhas, frutos verdes, flores e sementes torradas, com quantidades representativas de cálcio, ferro, proteínas e também é considerada 124 importante suplementos de potássio, vitaminas do complexo B, cobre e possui todos os aminoácidos essenciais (OKUDA, 2000). Como o pão francês tem amplo consumo pela população brasileira, o mesmo tem grande potencial de exploração para promover uma maior ingestão de nutrientes, e a Moringa oleífera pode ser utilizada como um ingrediente no preparo de pães para diminuir o efeito da desnutrição ou aumentar o aporte de nutrientes, principalmente para as crianças. O pão é um dos alimentos mais difundidos e uma das principais fontes calóricas da dieta de muitos países (ILYAS, 1996), por esse motivo vem sendo alvo de muitos estudos de enriquecimento com minerais (ILYAS, 1996; KAJISHIMA, 2003; PAULINO, 2003). A preparação das folhas da Moringa oleífera e o processamento poderão influenciar as propriedades físicas interferindo na aceitação pelos consumidores. Para tanto estudos são necessários para avaliar a aceitabilidade quanto à aparência, cor, sabor, textura e aspecto global de pães doces fortificados, com três quantidades diferentes do pó de Moringa oleífera nas concentrações 3g (A), 6g (B) e 9g (C), / 200g de farinha de trigo comparado com uma formulação padrão. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar as características sensoriais de pães enriquecidos com Moringa oleífera, visando um produto saboroso e nutritivo a população necessitada. MATERIAL E MÉTODOS Material Para o enriquecimento dos pães doce foi adicionado o pó de Moringa oleífera obtido através da matéria seca da folha, encontrada na cidade de Uberaba, juntamente com os ingredientes restantes, adquiridos em mercado consumidor. Formulação e preparo dos pães doce padrão e enriquecidos Para a obtenção dos pães doce foram definidas três formulações, as quais se diferenciaram da formulação padrão, apenas na quantidade de pó da folha de Moringa oleífera, adicionada em cada preparação. Foram adicionadas as seguintes quantidades de pó: formulação (A) 3g; (B) 6g; (C) 9g. Os ingredientes foram liquidificados, com exceção da farinha de trigo e do pó de Moringa. Depois da obtenção de uma mistura homogênea, o pó das folhas foi incorporado à massa, em seguida foi adicionada a farinha de trigo, e amassado até obtenção de uma massa homogênea. A mesma ficou em repouso aproximadamente por 40 minutos, para o seu crescimento, depois foi moldada e em 125 seguida levada ao forno. Análise sensorial As amostras dos pães doces, enriquecidos com Moringa oleífera, obtidos dos três tratamentos, foram avaliados sensorialmente, pelo teste de aceitação (MEILGAARD, 1991). Foram escolhidos aleatoriamente 60 provadores não treinados de ambos os sexos, entre diferentes faixas etárias e classes sociais. Foi utilizada a escala hedônica estruturada mista de 9 pontos, entre 1 (desgostei muitíssimo) e 9 (gostei muitíssimo) para avaliar aparência, cor, sabor, textura e aspecto global dos produtos (MEILGAARD, 1991). As amostras foram analisadas de forma monádica (uma a uma) em recipientes descartáveis de cor branca, servidos aos provadores em cabines individuais, durante quatro dias, sendo avaliada uma formulação por dia. Análise estatística Para a análise estatística dos resultados da análise sensorial, os efeitos de tratamentos foram comparados pelo teste F e, quando houve significância, foi utilizado o teste Scott Knott a 5% de significância, utilizando-se o software Sisvar (FERREIRA, 2000). RESULTADOS E DISCUSSÃO As médias de aceitação de pães enriquecidos com Moringa oleífera estão apresentados na a Figura 1. Observa-se que, a formulação (A) não teve diferença significativa (p<0,05) quando comparada com o padrão em todas as características sensoriais. Em contrapartida, as formulações a (B) e (C) diferenciaram-se (p<0,05) em relação ao padrão nos atributos aparência, cor, sabor, textura e aspecto global. 126 Valores médios de aceitação de pães enriquecidos com Moringa Oleífera e convencional 9 8 a a a a b b 7 a a a b b b b a b a a c b b b 6 5 4 3 2 1 0 Aparência Cor Sabor Padrão A Textura B Aspecto Global C Figura 1- Valores médios de aceitação de pães enriquecidos com Moringa Oleífera e convencional. As formulações padrão e (A) ficaram entre os termos hedônicos “Gostei moderadamente” e “Gostei ligeiramente” em todos os aspectos, mostrando que, os pães doces com 3g de pó da folha de Moringa oleífera e o padrão, apresentaram a mesma aceitabilidade. Pode ser observado ainda, que a aceitabilidade com relação a textura diminuiu à medida que aumentou-se a porcentagem de pó de folha de Moringa oleífera, interferindo provavelmente na textura dos pães. O pão C foi o que obteve menor aceitação. CONCLUSÕES O enriquecimento dos pães doce com o pó das folhas de Moringa oleífera na concentração de 3g obteve melhor aceitação pelos provadores, não ocorrendo diferença da amostra padrão. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA - ANVISA. Farinha terá ácido fólico para combater anencefalia em bebês. Diário Oficial da União, Brasília, 28 de maio de 2002. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/divulga/informes/2002/120 602.htm> Acesso em: 07 out. 2003. BRASIL. Portaria nº 31, de 13 de janeiro de 1998. Regulamento Técnico para Fixação de 127 Identidade e Qualidade de Alimentos Adicionados de Nutrientes Essenciais. Diário Oficial da União, Brasília, 13 de janeiro de 1998. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/legis/portarias/31_98.htm> Acesso em: 02 out. 2003. FERREIRA, D. F. Análise estatística por meio do SISVAR para Windows versão 4. 0. In: REUNIAO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA. UFSCar, 45, 200, São Carlos. Anais... 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