Sobre a origem e a natureza da música … a propósito da musicoterapia Alda Margarida Azevedo1 Música ex nihilo It is not easy to determine the nature of music or why anyone should have a knowledge of it (Aristotle2) A história da música imerge na história do Homem. Não há certezas sobre a sua origem e será muito difícil descobrir o porquê da sua génese. Em termos concretos, o que se sabe dos primórdios da nossa actividade musical provem essencialmente de alguma iconografia que sobreviveu a milhares de anos e.g. as pinturas rupestres na gruta de “Les Trois Frères 3”, consideradas como o mais antigo testemunho da nossa história musical4 e que parecem evidenciar que o Homem pré-histórico já usava os sons de forma intencional. Ainda do período paleolítico também se conhecem instrumentos de sopro, feitos de osso e.g. a flauta encontrada na Eslovénia (em 19955), que se calcula datar de aproximadamente 45 000 anos atrás. Contudo, a importância da figura de “Les Trois Frères” é particularmente significativa, porque, ao mesmo tempo que parece retratar um instrumento de corda, o arco musical, também mostra uma associação entre a música (no caso, execução instrumental) e a dança a uma situação conotada com aspectos transcendentes, ritualistas e mágicos. A música, a magia, o divino e o cosmos Para el hombre y las culturas primitivas, la música no es un arte: es un poder, cuya fuerza la ubica en el origen mismo del mundo (Perazzo6). Esta perspectiva encontra-se igualmente nas obras, ou fragmentos de obras, que nos chegaram da antiguidade, nas quais a música aparece, frequentemente, associada a uma origem divina, aos mitos, a uma ideia de sobrenatural ou ainda aos elementos cósmicos. Seguem-se alguns exemplos: na China, considerava-se que os princípios da música seriam os mesmos do eterno sagrado, huang chung, expressão que tanto se referia ao tom fundamental da música chinesa como, no sentido simbólico, à autoridade divina; na Índia, segundo a tradição, o próprio Brahma ensinou o canto ao profeta Narada e este por sua vez transmitiu1 o ao resto dos homens; no Egipto, antes do ano de 4 000 a.C., a música também era recorrente nos ritos, cerimónias religiosas e militares, festas etc. Para os egípcios, o Deus Thoth teria criado o mundo através de sons7. Os babilónios e os gregos relacionavam o som com o cosmos através de uma concepção matemática das vibrações acústicas, representadas numericamente e expressas também na astrologia: Los pitagóricos concibieron la escala musical como un elemento estructural dentro del cosmos. Además, el firmamento se reflejaba como una especie de armonía – la “armonía de las esferas” –, y el espado tonal se obtenía por medio de una sola cuerda tensada (monocordio), de manera que reflejase esa armonía“(Robertson e Stevens8). É neste contexto que: Platão (c.428/27 a.C. - 347 a.C.), que considerava a astronomia e a música como ciências irmãs “tal como afirmam os pitagóricos”9, refere o som provocado pelo movimento dos planetas, acompanhado pelo canto das deusas Láquesis, Cloto e Átropos10 e; Aristóteles (c.384 a.C. – 322 a.C.), em A Metafísica escreve, citando os pitagóricos, que: “todo o céu é harmonia e número”11. A Harmonia das Esferas e a Teoria do Éthos As ideias de uma alma do mundo (anima mundi, tal como Platão a descreve em O Timeu12, ou de uma harmonia das esferas, macro cósmica, actuante e com efeitos no Homem (microcosmos), têm como percursoras (no âmbito da cultura ocidental) os trabalhos dos filósofos e pensadores pré – socráticos onde se destaca naturalmente o vulto de Pitágoras (c.570-500 a.C.), a quem se atribui a descoberta da expressão numérica dos intervalos da escala musical, definidos, então, como relações proporcionais que se encontram no cosmos, na natureza e na alma dos homens bons13. Nesta perspectiva, às harmonias (modos14), constituídas por relações intervalares proporcionais às do cosmos, corresponderiam características comportamentais e tipos de personalidade específicos. Estes princípios, desenvolvidos pelos Pitagóricos dos séculos seguintes, preconizaram a célebre teoria do éthos15, baseada nas ideias de que: a música de uma nação expressa o carácter do seu povo 16 e; os sons, decorrentes das vibrações de cada planeta, influenciam o comportamento humano. Para Dâmon de Atenas, mestre de música ateniense, do século V a.C., que se 2 dedicou às relações entre a ética e a música, tanto era verdade que a boa música criava almas boas, como o inverso: (…) deve ter-se cuidado com a mudança para um novo género musical, que pode pôr tudo em risco. É que nunca se abalam os géneros musicais sem abalar as mais altas leis da cidade, como Dâmon afirma e eu creio (Platão, A República, 424b-c). Tanto Platão como Aristóteles mostraram apreensão acerca dos efeitos de determinados tipos de harmonias, pelo que, se detiveram de forma pormenorizada na análise do tipo de música – modos, ritmos e instrumentos – que poderiam ser permitidos numa civilização ideal. Em A República, Platão, estabelece diferenças entre vários tipos de harmonias e seus efeitos e define os tipos de música que deveriam ser permitidos numa civilização ideal. No volume V de A Política, Aristóteles associa estados anímicos tais como dor ou embriaguez, entre outros, aos diversos modos da música grega i.e. pressupondo que cada ritmo, cada som ou escala teriam o seu éthos17 respectivo. Em resumo, atentando nos pressupostos da teoria do éthos i.e., na ideia que a música pode afectar o carácter e que os diferentes tipos de harmonia (modos) têm sobre ele efeitos diferentes encontramos a essência das ideias que preconizam a actual musicoterapia. Alguns antecedentes: música, medicina e terapia A relação da música com a medicina também é longínqua. Remonta, provavelmente, à civilização egípcia a origem dos primeiros escritos sobre a acção da música no corpo humano i.e. os papiros médicos descobertos pelo antropólogo inglês Flandres Petrie, em Kahum (1899), de c. 1500a.C., os quais referem a influência benéfica da música na fertilidade da mulher18. Também são referências importantes as lendas da mitologia grega (e outros relatos) que enumeram episódios sobre o poder calmante e terapêutico da música: Homero, refere que Aquiles foi encontrado na sua tenda tocando em uma magnífica lira e expurgando a sua cólera19; Orfeu, que aprendeu a arte com o próprio Apolo, deus da música e da medicina, ao “tanger a sua lira melodiosa, arrastava as árvores e conduzia os animais selvagens da floresta”20; Empédocles (482 - 430 a.C.) “era capaz de apaziguar paixões (…) foi o que fez a um jovem furioso, cantando versos da Odisseia”21. Os Pitagóricos e os Coribantes 3 usavam a música para expulsar os agentes causadores da doença e restabelecer a harmonia entre corpo e alma22 e Demócrito (c.460-370 a.C.), afirmava que muitas doenças poderiam ser curadas através de sons melodiosos de uma flauta23. No primeiro século d.C. o médico grego Asclepíades de Bitínia (c.124 – 40 a.C.), empregava a música para acalmar a excitação dos alienados24 e usava a trompete para curar a ciática. Esta tradição perdurou até à era cristã e.g. Galeno (131-201 a.C.), também médico, acreditava que a música tinha o poder de combater a depressão e os estados de tristeza25. No Antigo Testamento atribuíam-se à música poderes idênticos: Todas as vezes que o espírito de Deus o acometia, David tomava a lira e tocava; então Saul se acalmava, sentia-se melhor e o mau espírito o deixava (Bíblia de Jerusalém, Samuel 16, 23) Já na Idade Média, em De Institutione musica Boécio (480-524), que também se ocupou da influência da música sobre os estados violentos, refere curas efectuadas por: Pitágoras, a um alcoólico; Empédocles, a um louco e como, os pitagóricos, induziam o sono através de melodias doces26. Na verdade, este tipo de relato encontra-se com frequência ao longo da história: Benenzon cita fontes medievais, tanto árabes como judias, “onde se narra com frequência como se chamavam os músicos para aliviar as dores dos enfermos no hospital” 27. No século XV, o musicógrafo flamengo Tinctoris, (1445-1511) afirmava que um dos objectivos da música seria o de curar as doenças 28. Ainda nesta época, salienta-se o trabalho de Marsílio Ficino (1433-99) que, de forma pioneira, preconizou a musicoterapia activa ao prescrever que: “o homem melancólico executará, e às vezes inventará ele mesmo, os ares musicais (…) ele cantará e tangerá a lira”29. Nesta óptica a música deixaria de ser uma medicação externa e passaria a fazer parte do processo terapêutico. Em 1584 o naturalista italiano Giambattista della Porta (1537-1615) afirmava, na sua obra Magiae naturalis30, que o som advindo de instrumentos musicais feitos da mesma madeira de plantas medicinais produzia os mesmos efeitos terapêuticos: “as plantas de madeira de álamo, por exemplo, seriam eficazes contra as dores de ciática, as de madeira de heléboro contra as enfermidades nervosas, enquanto que os instrumentos feitos com fibra da planta de rícino provocariam efeitos purgativos”31. Athanasius Kircher (c.1602-1680), no século XVII, 4 recomendava o uso terapêutico da música, depois de ter experimentado em si os seus efeitos. Na sua perspectiva: The sound has an attractive property; it draws out disease, which streams out to encounter the musical wave, and the two, blending together, disappear in space. (Blavatsky, 1877: 215) Finalmente, no século XVIII, em 1729, surge o texto mais antigo (conhecido) sobre música e medicina32, de Richard Browne. Depois, e a partir de 1880, com o advento da experimentação psicofisiológica, ocorreu uma maior aproximação entre a neurologia e a psiquiatria, surgindo uma possibilidade de fundamentar, de forma científica, o uso terapêutico da música com base nos efeitos neurofisiológicos produzidos. O século XX e a emergência da Musicoterapia Não obstante a atenção em torno dos efeitos curativos da música, o advento da musicoterapia, é recente33. É só no século XX que se institui como ciência e que passa a ser considerada na sua realidade pluridisciplinar34 e pluridimencional i.e. como disciplina de carácter científico, pressupondo um corpo teórico próprio mas também assumidamente interrelacionado com outras áreas, tais como, a arte, a medicina, a psicologia e a reeducação. “Como ciência, a musicoterapia é recente, tendo acelerado o seu desenvolvimento após a 2ª Guerra Mundial, em hospitais para reabilitação dos feridos em guerra, nos Estados Unidos. Desde então, a pesquisa da relação som/ser humano, tanto na sua dinâmica normal, como no seu uso terapêutico têm crescido ano a ano. “. (APEMESP35) Na primeira metade do século XX, até cerca de 1945/50, dão-se passos fundamentais nos campos da investigação experimental pelo que se desenvolvem estudos sobre diversas populações, nomeadamente, esquizofrénicos, adolescentes, idosos e em doentes com problemas cardiovasculares, cancerígenos, entre outros36. A partir de 1950, são criadas associações em vários países: a National Association for Music Therapy (1950), nos E.U.A., a Society for Music Therapy and Remedial Music (1958), actual British Society for Music Therapy, entre outras, que pressupõem a criação de estatutos e códigos deontológicos. Em Portugal, a Associação Portuguesa de Musicoterapia foi criada em 1996, ano em que a Comissão de Prática Clínica da Federação Mundial de Musicoterapia apresentou a seguinte definição: 5 "Musicoterapia é a utilização da música e/ou dos seus elementos musicais (som, ritmo, melodia e harmonia) por um musicoterapeuta qualificado, com um cliente ou um grupo, num processo planificado com o objectivo de facilitar e promover a comunicação, a relação, a aprendizagem, a mobilidade, a expressão, a organização e outros objectivos terapêuticos importantes, que vão ao encontro das suas necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais ou cognitivas. A Musicoterapia tem por objectivo desenvolver potenciais e/ou restaurar funções do indivíduo, a fim de melhorar a sua organização intra pessoal e/ou interpessoal e, em consequência, adquirir uma melhor qualidade de vida, através de prevenção, reabilitação ou tratamento” (Comissão de Prática Clínica da Federação Mundial de Musicoterapia, 1996). Em Portugal a musicoterapia começou a desenvolver-se na década de 60, altura em que um grupo dos educadores, psicólogos e médicos começaram a interessar-se pela utilização terapêutica da música e artes em geral. De entre este grupo destaca-se Arquimedes Santos, o pioneiro do movimento português da “Educação pela Arte”. Igualmente relevante neste esforço, que culminou no advento do Curso de Musicoterapia da Madeira 37 (orientado pela Dr.ª Jacqueline Verdeau-Paiillès) e na fundação da já referida Associação Portuguesa de Musicoterapia, foi o contributo da Associação Portuguesa de Educação Musical (APEM), associação que promoveu o intercâmbio entre profissionais portugueses e internacionais. No computo internacional, e na perspectiva de Aldridge38, as últimas décadas do século passado foram frutíferas uma vez que a musicoterapia passou a enquadrar métodos quantitativos e qualitativos, fundamentais, na sua perspectiva, para uma aproximação clínica desta natureza que envolve os campos da ciência e da arte. Do mesmo modo, os métodos de investigação utilizados para o estudo de caso também recorrem a metodologias de outras disciplinas e.g. medicina, psicologia e sociologia. Assim, os procedimentos protocolares contemplam a análise do exame clínico, da anamnese, dos dados do inquérito social, da observação directa, dos testes psicológicos clássicos e só então, o estudo da personalidade musical (Identidade Sonora [I.S.39]), que se infere através de testes próprios (e.g. o Bilan Psicomusical de Verdeau-Paillès)40. A aquisição destas informações permitirá ao terapeuta decidir sobre a colocação (ou não) de um projecto musicoterapêutico e definir modalidades de aplicação das Técnicas Psicomusicais (T.P.), termo que refere o conjunto de estratégias utilizadas em musicoterapia. 6 Técnicas Psicomusicais Entre as T.P. há uma subdivisão conceptual entre técnicas receptivas, activas e associadas ou mistas41, no entanto, é de salientar que entre as técnicas receptivas e as técnicas activas não há uma divisão estanque dado que, num processo de recepção musical há actividade orgânica e psicológica implícita, assim como, na produção ou actividade musical também há, obviamente, receptividade sonora e/ou musical. De modo geral, as Técnicas Psicomusicais Receptivas (T.P.R.) permitem a estimulação da afectividade, o apaziguamento de angústias e a criação de um espaço sonoro protector. Têm interesse: a) diagnóstico, através da aplicação do Bilan Psicomusical, análise das relações e posicionamento do sujeito com a música e da sua Identidade Sonora; b) terapêutico, através da escuta afectiva, montagens terapêuticas, retrato musical, técnicas de activação, técnicas projectivas, entre outras. A sua forma de aplicação é variável i.e. podem constituir-se em sessões individuais ou de grupo, sob diversas formas, por exemplo: a) técnicas de escuta individuais: relaxamento psicomusical, escuta de uma ou várias obras com ou sem verbalização, associação de obras, etc; b) técnicas de escuta em grupo; escuta baseada numa escolha conjunta dos participantes, audição de música com verbalização, relaxamento psicomusical, etc. As Técnicas Psicomusicais Activas (T.P.A.) fazem parte dos métodos de utilização terapêutica e psicopedagógica da música cujos processos essenciais são a participação activa dos sujeitos numa criação sonora/musical comum. Têm como objectivos gerais: aprofundar o conhecimento de aspectos da personalidade; colocar em evidência perturbações; fornecer ao grupo e a cada indivíduo um novo meio de se exprimir e de comunicar com a ajuda duma linguagem não verbal42; trabalhar a expressão rítmica e melódica dos indivíduos, interacção e criatividade. À semelhança das TPR, as TPA podem ser aplicadas em contexto individual ou de grupo e contemplam a utilização do corpo, voz e percussões corporais, do ambiente sonoro e expressão musical instrumental, habitualmente recorre-se a instrumentos simples, de fácil manuseamento e.g. instrumental Orff, instrumentos tradicionais, instrumentos adaptados às deficiências e ainda instrumentos inventados e/ou fabricados para o efeito. 7 Por último, apresentam-se as Técnicas Psicomusicais Associadas ou Mistas (T.P.M.) que consistem, como o próprio nome indica, na associação de duas ou mais técnicas de expressão tais como: expressão pictural e gráfica sob indução musical; música e expressão verbal escrita e oral; música e mímica ou outra forma de expressão corporal; entre outras possibilidades que podem ser simultâneas ou em sucessão no decorrer de uma sessão de tratamento. Como todas as técnicas psicomusicais, as T.P.M. podem ser usadas tanto em sessões individuais como de grupo, com especial ênfase na criatividade e no aspecto da activação da terapia. Nota final: A classificação apresentada não é a única mas tem a vantagem de não ser incompatível com outras de carácter mais específico e.g. técnicas apresentadas por Maranto, Bruscia, Bonny, Wigram-Maranto e Sabbatella43. Indicações da Musicoterapia De acordo com Verdeau-Paillès44, as indicações da musicoterapia são a consequência directa dos seus princípios e colocam-se sempre que um sujeito receptivo à música, apresente qualquer indicação de entre as seguintes: a) sintomáticas, tais como, desarmonias gestuais, handicaps sensoriais, angústia, desorganização da vida interior, dificuldades em se aceitar a si próprio e aos outros assim como em se inserir na realidade, distúrbios comunicacionais, inibições e bloqueios; b) nosográficas, que se traduzam em doenças somáticas, doenças psicossomáticas, afecções neuropsiquiátricas orgânicas (epilepsias, oligofrenias, sequelas derivadas de intervenções cirúrgicas ou de lesões vasculares), neuroses, psicoses, desequilíbrios psíquicos e toxicomanias. Na perspectiva de Sabbatella45, as áreas de prática profissional são as seguintes: prevenção, educação, reeducação, reabilitação, psicoterapia, medicina, recreação i.e. visando o desenvolvimento pessoal, formação académica e supervisão. 8 CONCLUSÃO O conceito de música na actualidade não tem muito em comum com aquela força misteriosa que os antigos associaram aos deuses e à magia. Do mesmo modo, o percurso da musicoterapia foi também polissémico i.e. os efeitos da música foram igualmente atribuídos a forças extra-sensoriais. Se ao longo da história ambas foram alvo de interesse nos contextos da magia, da religião, da filosofia, da política, da ética e da ciência, poder-se-á decorrer a possibilidade de a música ser tão importante pela razão do seu efeito sobre o ser humano e natureza em geral – sem pretender desvalorizar a fruição estética. Pelo que foi referido, parece pertinente pensar na musicoterapia como um modo de auto e hetero ajuda e de enriquecimento pessoal, social e cultural, assim como, olhar para esta área da ciência recente e ao mesmo tempo tão enraizada na nossa natureza como uma forma intrinsecamente humana de promover o encontro de cada sujeito consigo próprio e a partir daí, com os outros e com o mundo. Em último reduto …. “Music washes away from the soul the dust of everyday life” Berthold Auerbach in Berthold Auerbach quotes 46 9 Notas de fim 10 1 Musicoterapeuta, música (Piano, formada pelo Conservatório), professora, especializada em Educação Especial, Mestre em ciências Musicais, investigadora, blogger) 2 Aristotle, “Politics” (The Politics and The Constitution of Athens. Cambridge: Cambridge University Press, ed. Stephen Everson, 1996, VIII.IV, 1339a15-16) 3 « Trois Frères, Les », Encyclopædia Britannica ( Encyclopædia Britannica Premium Service, 2006, disponível em http://www.britannica.com/eb/article-9073471 [FEV 2006]). 4 J. Chailley, “40 000 ânos de música” (Ed. Luis de Caralt, Barcelona, 1970, p.5). 5 I. Turk, “Neanderthal flute”, Government Public Relations and Media Office, 2003 (disponível em http://www.uvi.si/eng/slovenia/background-information/neanderthal-flute/ [FEV 2006]. 6 J. I. P. P. Perazzo, “Algunos antecedentes históricos de la Música en las Culturas Ancestrales avanzadas, 2004 (disponível em http://histomusica.com/hitos/10_antecedentes.html [FEV 2006]). 7 J. Alvin, “Musicoterapia” (Ed. Paidos, Buenos Aires, 1967) e P. Rivière no artigo “Un bref historique de la musicothérapie” (disponível em http://www.aecoute.net/txt/Histo.htm [FEV de 2006]). 8 A. Robertson, & D. Stevens, “Historia General de la Música” (Madrid, ed. Istmo, 1972, vol. I, p. 154). 9 Platão, A República 530d (Ed. Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa. Trad. port. de Mª Helena da Rocha Pereira, 2001). 10 Idem 617c. 11 Aristóteles, De Mundo, Cap. V, 296:21 apud F. Freitas no artigo “Harmonia” (Enciclopédia Luso Brasileira da Cultura, s. d., p. 1562 -1563). 12 Em O Timeu (c. 360 a.C.) Platão descreve a sua concepção sobre a criação da “ Alma do Mundo” através de uma espécie de monocórdio celestial (F. Freitas, Op. Cit., p. 1562). 13 Sparshott & Goehr, “Historical survey, antiquity – 1750: Hellenic and Hellenistic thought” (Grove Music Online, ed. L. Macy. Disponível em: http://www.grovemusic.com [MAR 2004]). 14 “O conceito de harmonia para os gregos detinha uma significação alargada. Do ponto de vista da doutrina pitagórica dos números, a harmonia exprimia a relação das partes com o todo implicando o conceito matemático de proporção (…). Do ponto de vista musical, harmonia significava uma sucessão de sete notas ordenadas e constituíam-se em sete espécies “… a mixolídia ou lídia mista, lídia (que se identifica com a sintonolídia do texto), hipolídia, frigia, hipofrígia ou iónia, dória, hipodória (talvez idêntica à eólia). Esta última não é mencionada por Platão” (…). As «harmonias» ou modos musicais gregos têm o seu equivalente moderno mais próximo nas nossas escalas maiores e menores ( …)” (A.M. Azevedo, “A música como expressão e representação juvenil: entre o normal e o patológico”, Tese de mestrado. Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 2005, p.17). 15 “Etimológicamente, «êthos significa originariamente en griego morada habitual (de los animales), y de donde deriva éthos (la primera palabra con éta y ésta con épsilon: êthos y éthos) que es lo habitual o hábito. Êthos es un plexo de actitudes o una estructura modal de habitar el mundo» (Dussel, 1973:8 apud A.M. Azevedo, Op.Cit. p.19). 16 “(…) national music expressed national character or éthos” in Sparshoot & Goehr, “Historical survey, antiquity - 1750: Hellenic and Hellenistic thought” (Grove Music Online, ed. L. Macy. Disponível em: <http://www.grovemusic.com> [MAR 2004]). 17 J. I. P Sanz, “El concepto de musicoterapia a través de la historia” (Revista Interuniversitaria de Formación del Profesorado, Monográfico Musicoterapia, nº 42, Dec. de 2001, pp.19-31, disponível em http://musica.rediris.es/leeme/ [FEV 2006]). 18 R. Benenzon, “Manual de musicoterapia” (Ed. Enelivros, Rio de Janeiro, 1985, p. 165). 19 J. Alvin, Op. Cit. (p. 58). 20 Ribeiro (1999) apud A.M. Azevedo, Op. Cit., p.12) 21 Brun apud A.M. Azevedo, Op. Cit. (p. 12). 22 M.H. Rocha Pereira, “Introdução, tradução e notas da obra de Platão” em A República (Ed. Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2001, p. 15). 23 H. P. Blavatsky, “Isis Unveiled” (disponível em http://www.theosociety.org/pasadena/isis/iu1-07.htm [FEV 2006]. “Asclepiades of Bithynia” (Encyclopædia Britannica. Encyclopædia Britannica Premium Service. Disponível em http://www.britannica.com/eb/article?tocId=9009791 [DEZ 2004]). 25 J. I. P Sanz , Op. Cit. (p. 22). 26 Potiron (1961:38) apud A.M. Azevedo, Op. Cit. (p. 12). 27 R. Benenzon, Op. Cit. (p. 165). 28 E. Willems, " La valeur humaine de l’éducation musicale" (Éd. Pro musica, Suisse, 1975, p. 145) 29 R. Benenzon, Op. Cit. (p. 170) 30 Giambattista della Porta, “Magiae naturalis (1584)” (disponível em: http://72.14.207.104/search?q=cache:KP7ZHbUGTJwJ:www.theosociety.org/pasadena/isis/iu107.htm+%22Magia+Naturalis%22+music&hl=pt-PT&ct=clnk&cd=49 [FEV 2006]). 31 R. Benenzon, Op. Cit. (p. 168) 32 Medicina Musica, ou, a Mechanical Essay on the Effects of Singing, Musick, and Dancing on Human Bodies. 33 J. Verdeau-Paillès, “Musicoterapia: Reflexões e perspectivas” (Conferência proferida no Funchal, por ocasião do final do 1º Curso de Musicoterapia, Março de 1992. In Revista da Associação Portuguesa de Educação Musical. Trad. Teresa Paula Leite. Rev. Gabriela C. Gomes). 34 Patxi del Campo, Secretário da Federação Mundial de Musicoterapia, apresenta a musicoterapia como uma combinação de várias disciplinas, das quais destaca, a psicologia da música, a acústica e psicoacústica, a composição, a teoria da música, a psicologia e a psiquiatria, em torno de dois temas principais, a música e a terapia (Aldridge, 2002). 35 A.M. Azevedo, “Musicoterapia – Análise da Realidade Portuguesa num Enquadramento Terapêutico e Psicopedagógico” (Monografia [não publicada], Curso de Musicoterapia da Madeira, Direcção Regional de Educação Especial da Madeira [também disponível na bibliotecas da Associação Portuguesa de Educação Musical] 1988, p.14) 36 D. Aldridge, “An overview of music therapy research” (Complementary Therapies in Medicin, 1994, 2:204-216). 37 O Curso de Musicoterapia da Madeira resultou de uma parceria entre a Secretaria Regional de Educação, através da Direcção Regional de Educação Especial e Universidade Renè Descartes. A Direcção Pedagógica esteve a cargo da Dra. Jacqueline Verdeau-Paillès (Neuropsiquiatra, Musicoterapeuta e Docente na Universidade René Descartes, Paris V) coadjuvada por formadores de várias áreas: Dr. SALES CALDEIRA (Madeira), Psiquiatra e Psicanalista; Dr. M. MICHEL KIEFFER (Luxemburgo), Psicomotricista e Musicoterapeuta; Prof. ANNE BUSTARRET (França), Professora de Educação Musical e Docente da Universidade de Paris V; Dra. KLARA KOKAS (Hungria), Instituto Kodaly, Keskemet; Dr. LUC BASTIDE (França), Psicólogo, Professor e Director do Centro de Audiovisuais da Universidade René Descartes - Paris V, entre outros. 38 D. Aldridge, “Music therapy research: A review of references in the medical literature . (2002, disponível em: http://www.musictherapyworld.de/modules/archive/stuff/papers/mtreview.pdf [DEZ 2004]). 39 A I.S. é constituída pelas características subjectivas e objectivas que diferenciam um indivíduo ou um grupo de indivíduos, nas suas relações com o mundo sonoro interior e exterior. Tem a ver com as músicas/sons “referência” do sujeito i.e.: o interesse manifesto por certos instrumentos e tipo de música; a rejeição de obras musicais, instrumentos e de categorias de sons; os ritmos corporais pessoais (o ritmo dos seus movimentos e as sonoridades “internas” do sujeito), etc. As componentes da I.S. são: o tempo pessoal do sujeito; o encontro de sons regressivos (cada um de nós guarda na sua memória sonoridades que marcaram a sua infância e que serão eventualmente peças necessárias a reactivar); o estádio/momento sonoro actual do indivíduo, que é indispensável para a constituição do projecto terapêutico. (J. VerdeauPaillès, « L’Identité Sonore (du concept à l’aplication en musicothérapie) » (Textos/material de apoio ao terceiro curso de musicoterapia da Madeira, 1995/98). 40 O Bilan Psicomusical é um instrumento de uso musicoterapêutico (publicado em 1981 por J. Verdeau-Paillès no livro Le bilan psycho-musical et la personnalité, Ed. Fuzeau) é um teste projectivo que usa os sons e a música e como tal, permite ao paciente/sujeito, a expressão e posterior análise da sua personalidade nos seus aspectos imutáveis, flutuações, processos e evolução. No entanto, e assim como os testes de aptidões, os testes projectivos clássicos e os testes de técnicas expressivas, este também não permite a colocação de um diagnóstico, não define nem afirma critérios de (a)normalidade e não constitui só por si uma terapia. 24 41 J. Verdeau-Paillès, “Les methodes d’aplication de la musicothérapie ou Techniques psicomusicales”, “Textos/material de apoio ao terceiro curso de musicoterapia da Madeira, 1995/98). 42 J. Verdeau-Paillès e J.M. G.Caladou no artigo “As técnicas psicomusicais activas de grupo e a sua aplicação em psiquiatria” (Revista da Associação Portuguesa de Educação Musical. Boletim 55, Outubro/Dezembro de 1987. Trad. Teresa Paula Leite. Rev. Gabriela C. Gomes). 43 Maranto (1993), Bruscia (1897), Bonny (1993), Wigram-Maranto (1997) referidos por P. Sabbatella no artigo “Un Estudio Bibliográfico sobre Metodología de Trabajo y Evaluación en Musicoterapia” (Revista Música, Terapia y Comunicación. Nº 18., 1998, p. 70). 44 J. Verdeau-Paillès, “Les indications de la musicoterapie” (Textos/material de apoio ao terceiro curso de musicoterapia da Madeira, 1995/98b) e J. Verdeau-Paillès e J.M. G.Caladou, Op. Cit. Verdeau-Paillès, J. (1995/98). 45 P. Sabbatella, Op. Cit. (p.68) 46 Berthold Auerbach quotes (disponível em: http://en.thinkexist.com/quotes/berthold_auerbach/ [FEV 2006]).