Elaborado por Drª Luísa Maria Costa Gomes MUSICOTERAPIA Conceito Federação Mundial de Musicoterapia * Comissão de prática Clínica É a utilização da música e/ou dos seus elementos musicais (som, ritmo, melodia e harmonia) por um musicoterapêuta qualificado, com um cliente ou um grupo, num processo planificado com o objectivo de facilitar e promover a comunicação, a relação, a mobilidade, a expressão, a organização e outros objectivos terapêuticos importantes, que vão ao encontro das suas necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais ou cognitivas. MUSICOTERAPIA Objectivo A musicoterapia tem por objectivo desenvolver potenciais e/ou restaurar funções no indivíduo, a fim de melhorar a sua integração intrapessoal e/ou interpessoal e, em consequência, adquirir uma melhor qualidade de vida, através da prevenção, reabilitação ou tratamento. MUSICOTERAPIA ÂMBITOS DE INTERVENÇÃO SINTOMÁTICA Acção directa sobre um sintoma – ansiedade – através da distensão psicomusical. PATOGÉNICA Acção sobre o mecanismo das perturbações – efeito sedativo ou estimulante – resultante da intervenção directa sobre os centros nervosos. O impacto dá-se, portanto, no mecanismo e não na enfermidade. ESPECÍFICA Acção sobre um caso específico – autismo infantil – causa de graves perturbações na comunicação interactiva. PREVENTIVA Acção no âmbito da prevenção – conceito de saúde – ténue fronteira entre a terapia, pedagogia e cultura. MUSICOTERAPIA APLICAÇÕES MANIFESTAÇÕES SINTOMÁTICAS A indicação da musicoterapia justifica-se sempre que um indivíduo receptivo à música, podendo nela encontrar um meio de expressão, manifesta: – – – – – Desarmonias gestuais «Handicaps» sensoriais Angústia Desorganização da vida interior Dificuldade de aceitação própria, aceitação dos outros e de inserção na realidade – Perturbações da comunicação – Inibições e bloqueios – (…) MUSICOTERAPIA APLICAÇÕES (…) REEDUCAÇÃO SENSÓRIO-MOTORA Os portadores de problemas na área neuromotora podem encontrar na musicoterapia um meio de participação através da expressão musical, seja com a ajuda de instrumentos clássicos, seja com a ajuda de instrumentos especialmente adaptados ou construídos a propósito de cada caso. Os portadores de problemas na área sensorial podem usufruir dos benefícios terapêuticos da música a partir, por exemplo, das vibrações. PSICOPEDAGOGIA Neste âmbito, a musicoterapia resulta ao mesmo tempo terapêutica e pedagógica. Através de exercícios específicos, instaura-se um intercâmbio recíproco entre a pedagogia e a terapia. MUSICOTERAPIA APLICAÇÕES (…) PSIQUIATRIA / CLÍNICA GERAL É no campo da psicoterapia de inspiração analítica que a musicoterapia encontra o seu mais vasto campo de aplicação. As indicações colocam-se frequentemente face a um vasto elenco de sintomatologia que oscila entre o somático, o psíquico e o psicossomático: – Problemas psicomotores – Problemas caracteriais – Perturbações da relação, passando pela esquizofrenia e autismo – Perturbações da vigilância – Facilitação de tratamentos com medicação – Facilitação do despertar do coma terapêutico e das anestesias – Ajuda no despertar do coma pós-traumático. – (…) MUSICOTERAPIA MANIFESTAÇÕES MANIFESTAÇÕES NOSOLÓGICAS Oncologia Gastroenterologia Cardiologia Epilepsia Oligofrenia Neuroses Psicoses Sequelas de intervenções cirúrgicas (…) MUSICOTERAPIA MANIFESTAÇÕES (...) CRONOLOGIA DAS MANIFESTAÇÕES – A musicoterapia assume determinadas características na sua aplicação segundo se trate de metodologias curativas, preventivas ou de acordo com uma faixa etária. No caso de indivíduos em idade infantil, a música representa um excelente meio de comunicação e um excepcional factor de activação global do desenvolvimento. No caso de indivíduos em idade avançada, a música estimula as funções intelectuais relacionadas com a atenção, a memória, o raciocínio e atenua sentimentos de solidão, estimula as faculdades da vida psíquica e da vida de relação, melhora o ritmo do sono e a vigilância. A musica tem ainda uma forte incidência na relação mãe e bébé, quer durante o tempo da gestação, quer durante o parto, quer no acompanhamento de prematuros, quer na estimulação do desenvolvimento dos bébés. MUSICOTERAPIA Cada vez mais a musicoterapia num vasto campo de aplicações se impõe com credibilidade, valor, sentido e alcance científico. A musicoterapia não substitui as outras terapias, antes, as sustenta e delas se subsidia. A musicoterapia não está indicada para todo e qualquer indivíduo, mas pressupõe que aquele que dela venha a beneficiar seja receptivo à música e a partir dela possa redescobrir e experimentar um meio facilitador da relação, da expressividade e da comunicação. Neste sentido foram desenvolvidas técnicas de análise da receptividade musical, incluindo um estudo profundo do perfil psicológico do indivíduo, da anamnese e do envolvimento musical, dos dados culturais e da capacidade de relação com o mundo sonoro – música, ruído, silêncio, não música.