Editorial - Prevenção, reabilitação e controle dos factores de risco

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EDITORIAL
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Prevencao, reabilitacao
e controle dos factores de risco
TEXTO_ Carlo
s Perdigão
Revista Factor
es de
“…COMPREENDER O PAPEL
Este número da Revista Factores de Risco
centra-se em textos provenientes de três
grandes eventos: o “Simpósio Luso Espanhol
sobre controvérsias no Risco Cardiovascular”,
que decorreu em Cascais em 10 e 11 de Março
deste ano; a reunião do Grupo de Estudos de
Risco Cardiovascular, que decorreu no Porto em
3 e 4 de Fevereiro último, subordinada ao tema
“Risco global e risco territorial na doença
aterotrombótica”; e a reunião “Portugal sem
fumo. Uma reflexão nacional”, organizada pelo
Forum Hospital do Futuro, a qual teve lugar em
Lisboa no dia 25 de Junho passado.
Do “Simpósio Luso Espanhol sobre controvérsias
no Risco Cardiovascular” apresentamos as
intervenções feitas na mesa “Programas de
reabilitação cardíaca e prognóstico de doença
cardiovascular”, sendo o texto da Experiência
Portuguesa da autoria de Paula Teresa Almeida
e o da Experiência Espanhola de José Maria
Maroto.
São dois textos importantes para se compreender o papel que a reabilitação cardíaca pode
desempenhar na evolução e prognóstico das
doenças cardiovasculares, mas também para se
conhecer a realidade e o que se tem feito neste
campo em ambos os países, e também o muito
que é necessário e está por fazer.
QUE A REABILITAÇÃO
CARDÍACA PODE
DESEMPENHAR NA
EVOLUÇÃO E PROGNÓSTICO
DAS DOENÇAS
CARDIOVASCULARES,
MAS TAMBÉM PARA SE
CONHECER A REALIDADE
E O QUE SE TEM FEITO NESTE
CAMPO EM AMBOS OS
PAÍSES, E TAMBÉM O MUITO
QUE É NECESSÁRIO E ESTÁ
POR FAZER.”
O panorama da reabilitação cardíaca em
Portugal é-nos aqui mostrado de forma clara e
compreensível, no seu já longo percurso. Desde
o primeiro Centro Clínico do Dr. Dídio de Aguiar,
criado em Lisboa em 1982, à situação que se
verificava em 2004 com 14 Centros de
Reabilitação Cardíaca espalhados pelo país
(7 na Região do Grande Porto e 7 na Região da
Grande Lisboa, dos quais 7 pertencentes ao
Sistema Público e 7 ao Privado), vai uma
diferença que expressa a importância que a
reabilitação cardíaca vai assumindo entre nós.
Madalena Teixeira apresenta um trabalho sobre
reabilitação cardíaca em doentes com disfunção
ventricular esquerda, um problema de grande
actualidade pelo número crescente de doentes
com esta situação e em quem a reabilitação
cardíaca poderá ter um papel determinante
quer no prognóstico quer na sua qualidade de
vida.
Estas três intervenções fizeram parte de uma
sessão sobre Reabilitação Cardiovascular
moderada por Miguel Mendes, então coordenador do Grupo de Estudo de Fisiopatologia do
Esforço e Reabilitação Cardíaca da SPC, pelo
que a entrevista deste número tem este colega
por protagonista e a reabilitação cardíaca como
tema.
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Da reunião do Grupo de Estudo de Risco
Cardiovascular tentámos aqui refazer a mesa
dedicada ao tema “Risco Global e Risco
Territorial”, que pôs frente a frente cardiologistas, neurologistas e internistas, num debate
sobre hipertensão arterial, colesterol e doença
cerebrovascular. Temática de grande importância prática, são aqui expostas as conclusões
dos grandes estudos e as orientações actuais a
implementar na clínica diária. Um tema
abordado e que é hoje alvo de importante
investigação é o da relação entre demência,
doença cerebrovascular e factores de risco. A
prevenção da demência pelo uso de estatinas
ou pela redução da pressão arterial é hoje um
dado que emerge de vários estudos e que
certamente irá ter consequências clínicas.
Também a questão da redução do risco cardiovascular pelo uso de estatinas em doentes
coronários é aqui bem colocada, mostrando a
revisão de vários estudos que o resultado na
redução dos eventos coronários nestes doentes
é cerca de dez vezes superior ao da redução dos
acidentes cerebrovasculares.
Interessante é a proposta, baseada numa extensa
meta análise, da prevenção cardiovascular pela
redução simultânea de quatro factores de risco
(LDL, pressão arterial, homocisteína e função
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plaquetária), o que conduz à ideia do policomprimido (polypill). Neste caso a proposta é
associar uma estatina, três medicações antihipertensivas, ácido fólico e aspirina. A sugestão
do recurso à polypill na prevenção do risco
cardiovascular não é uma ideia recente e em
próximo número da Revista Factores de Risco
este assunto irá ser tratado de forma mais
aprofundada.
“Portugal sem Fumo. Uma reflexão nacional”,
foi uma reunião que reuniu um conjunto
de personalidades e/ou representantes de
entidades públicas, privadas ou sociais onde foi
feito um debate profundo sobre o problema do
consumo do tabaco, com base no Livro Verde da
Comissão Europeia “Por uma Europa sem
Fumo”, nas medidas de incentivo à cessação
tabágica do Plano Nacional de Saúde e no
estudo aí apresentado por Miguel Gouveia, da
Universidade Católica Portuguesa, “Custos e
carga da doença do tabagismo em Portugal”.
Enquanto participantes neste reunião, preparámos um texto que reflecte a situação actual
em que o problema do consumo do tabaco se
coloca, as medidas que têm vindo a ser
implementadas em diversos países da União
Europeia no sentido da redução do consumo e
onde se apresenta um conjunto de propostas
Risco 2007, N
º6, (Jul-Set), pá
g. 6-7
que os participantes nesta reflexão consideraram necessárias e urgentes para conseguir
esta redução, centradas em duas questões
principais: que medidas deveriam ser adoptadas para atingir os objectivos definidos;
como contribuir para tratar efectivamente os
fumadores com motivação para deixar de
fumar, permitindo o seu acesso ao tratamento
integrado e de qualidade (apoio médico,
farmacológico, social, educacional) como uma
forma de obter ganhos em Saúde.
Da prevenção à reabilitação, passando pelo
controle dos factores de risco, este número
da Revista aborda de forma abrangente o
problema do risco cardiovascular.
Carlos Perdigão
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