O que é a Personalidade

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O que é a Personalidade?
A origem da expressão remete-nos para persona, máscara utilizada no teatro
grego para representar as emoções dos actores. A Psicologia, dentro das diversas
linhas de estudo, apropriou-se deste conceito associando-o a uma série de outros
que também eram utilizados para definir as particularidades da individualidade
tais como carácter, índole (feitio) e temperamento. A natureza da sua constituição
ou estrutura, numa linguagem mais moderna, e a possibilidade de classificação em
tipos tem sido a regra da maioria dos estudos sobre este tema.
Segundo Alport, um dos maiores estudiosos da personalidade humana, a
personalidade pode ser definida como «a organização psicodinâmica dos
sistemas psicofisicos do indivíduo que determinam o seu comportamento e
pensamento característico». Este conceito abrange o conhecimento de um
conjunto de características psicofísicas humanas como: a consciência e perfil das
actividades eléctricas do cérebro, o modo, a capacidade ou potencial de reacção a
estímulos internos e externos, padrões de organização do sistema nervoso
autónomo ou emotividade, padrões de actividade do sistema nervoso central e/ou
inteligência, o perfil bioquímico da constelação hormonal do sujeito,
identificando sobretudo variantes não enquadradas na nosologia psiquiátrica ou
psicopatológica, discriminando, por exemplo, a interferência de alterações
epilépticas do lobo temporal de impulsos homicidas de natureza voluntária
circunstancial ou habitual.
Jacques Lacan, num dos seus primeiros trabalhos publicados, aborda a
personalidade como:
- um modo de desejos, necessidades e crenças;
- o desenvolvimento biográfico;
- a organização de reacções psico-vitais: concepção de si mesmo/responsabilidade
pessoal/tensão nas relações sociais.
A personalidade é um elemento relativamente estável na conduta da pessoa.
É o que nos torna únicos, diferentes de todos. A personalidade diz respeito a
características pessoais e que suportam uma coerência interna. Sempre que nos
referimos à personalidade referimo-nos aos sentimentos, emoções, pensamentos,
atitudes, comportamentos, motivações, tomadas de decisões, projectos de vida,
etc. Ela permite que nos reconheçamos e que sejamos reconhecidos pelos outros,
representa uma fidelidade, uma continuidade de formas de estar e de ser.
O conceito personalidade tem assim uma multiplicidade de definições, ou
seja, torna-se difícil dar uma só definição: (Exemplos:)
“A questão da personalidade recebeu tantas respostas que se pode considerar
uma questão sem resposta”.
- “Um padrão de acções” - (Catell, 1963)
- “Formas relativamente estáveis, características do indivíduo, de pensar,
experimentar e compor-se.” - (Rotter, 1954)
- “A personalidade é constituída pelos modelos de comportamento distintos,
incluindo os pensamentos e as emoções, que caracterizam a adaptação de uma
pessoa às exigências da vida.” - (Rathus)
- “A personalidade é a totalidade psicológica que caracteriza o homem em
particular.” - (Meili)
A personalidade é uma construção pessoal que decorre ao longo da nossa vida, e
uma elaboração da nossa história, da forma que sentimos e interiorizamos as nossas
experiências, acompanha e reflecte a maturação psicológica. Em suma, a personalidade
é um processo activo e que intervém em diferentes factores.
Factores que influenciam a Personalidade
São três os factores que influenciam a personalidade, eles estão relativamente
interligados, embora a influência desses factores seja diferente nos diferentes
indivíduos e nas diferentes fases da vida
· Influências hereditárias
· Meio social
· experiências pessoais
Influências hereditárias
Cada pessoa apresenta-se na sua singularidade fisiológica e morfológica. O
padrão genético estabelecido no momento da concepção influencia as
características da personalidade que um indivíduo desenvolverá. De forma que, um
dano que afecte o cérebro, herdado ou causado à nascença pode ter grande
influência sobre o comportamento da pessoa. Na determinação do temperamento
estão as variações individuais do organismo, concretamente a constituição física e o
funcionamento do sistema nervoso e do sistema endócrino, que são em grande
parte hereditários.
Além disso, os factores somáticos ou orgânicos como o peso, a altura e o
funcionamento dos órgãos dos sentidos podem afectar o desenvolvimento da
personalidade.
O estudo dos gémeos é um dos métodos usados para analisar o papel da
hereditariedade e demonstrou que, na generalidade, é nas características da
personalidade que a semelhança é menor, em comparação com as semelhanças
físicas e intelectuais.
O meio social
O meio social desempenha um papel determinante na construção da
personalidade. Esta forma-se num processo interactivo com os sistemas de vida
que a envolvem como a família, o grupo de amigos, a escola, o trabalho, etc. A
família tem um papel muito importante, principalmente nos primeiros anos de vida
pelas características e qualidade das relações existentes. O tipo de ambiente e
clima em que se vive (hostil, violento, harmonioso, etc.) também dá a sua
contribuição no desenvolvimento da personalidade.
Quanto mais próximo é o relacionamento de duas pessoas, tanto mais é
provável que as características da sua personalidade sejam as mesmas.
Experiências pessoais
A qualidade de relações precoces e o processo de vinculação na relação
mãe/filho são fundamentais na estruturação e organização da personalidade. A
complexidade das relações familiares vai influenciar as capacidades cognitivas,
linguísticas, afectivas, de autonomia, de socialização e de construção de valores das
crianças e jovens.
Outro aspecto muito importante na construção da personalidade é a
adolescência com a formação de uma identidade, que se reflecte, no vestir, nas
ideias defendidas e nas formas de se expressar.
Ao longo de toda a vida decorrem acontecimentos que marcam a personalidade
de quem os vive, tais como mortes, violações, frustrações, cura de uma doença
grave, divórcio, etc. A forma como representa-mos essas experiências o modo
como conseguimos (ou não) superá-las e integrá-las na nossa vida são o reflexo de
uma personalidade.
Distúrbios da personalidade
Para os profissionais da saúde (médicos psiquiatras e psicólogos), na sua
generalidade, a palavra personalidade corresponde a padrões persistentes de
comportamentos, pensamentos e sentimentos que as pessoas seguem durante a
vida. É óbvio que a maneira como as pessoas se comportam depende de inúmeros
factores. Os traços mais profundos e persistentes da personalidade, aqueles que
nos caracterizam durante a infância até ao fim da vida e que dificilmente
conseguimos modificar, apesar de todas as circunstâncias que vamos vivendo são
aqueles que adquirimos geneticamente. Por exemplo ser-se emocionalmente
estável ou instável poderá estar condicionado pela actividade do tipo do sistema
nervoso simpático que herdámos (e como se sabe este sistema controla a tensão
arterial, a frequência cardíaca, a respiração, etc.), embora possam existir factores
de má orientação psíquica que provocam situações emocionais semelhantes. Outros
aspectos da nossa personalidade são modelados por acontecimentos externos e
resultam sobretudo da nossa aprendizagem e adaptação ao mundo externo.
Segundo o grande psicólogo e profundo pensador Carl Jung, a personalidade
saudável é aquela que consegue o equilíbrio entre o consciente e o
inconsciente, entre a vida interior e exterior. Mais que qualquer outra escola
psicológica, a psicologia analítica de Jung busca a unidade do indivíduo no mais
profundo de si mesmo, com uma técnica que conduz à individuação. A
personalidade saudável é "Una" e dependemos em proporções angustiantes de um
funcionamento pontual do nosso psiquismo inconsciente, dos seus referentes e das
suas falhas ocasionais. Portanto, a personalidade de cada indivíduo apresenta
traços próprios, ou seja, modos originais de perceber e reagir ao mundo exterior,
que se repetem em múltiplas situações ao longo da sua vida que de certo modo o
individualizam e o distinguem das outras pessoas. É só quando esses traços da
personalidade se acentuam demasiado, tornam-se incoerentes, inflexíveis,
desadaptados à realidade habitual, prejudicando o bem-estar pessoal, familiar ou
social do indivíduo, apresentando até formas diversas de actuar perante as mesmas
situações, é que se considera que há um distúrbio de personalidade.
Diz-nos Jung: «Uma personalidade é um todo vivo e individual, único e
autómato, que se vai construindo a partir do nascimento, por uma integração
dinâmica de factores orgânicos, intelectuais, éticos, afectivos e sociais».
A personalidade na sua origem supõe, desde logo, a ideia de uma pessoa que
não deixa de ser o que é, que é a mesma no espaço e no tempo, que mantém a
identidade para consigo e a diferenciação para com os outros. Quando se fala de
personalidades fortes e personalidades fracas, refere-se, a que as primeiras são
pessoas de comportamentos solidamente não contraditórios, e as personalidades
fracas são pessoas de comportamentos bastante irregulares.
É interessante saber que podemos relacionar a personalidade à saúde física,
pois a “personalidade é para a psicologia analítica a totalidade dos atributos
psicológicos”, resultando dos distúrbios psíquicos várias psicossomáticas. Um
estudo efectuado nos anos 60 diferenciou personalidades do tipo A das
personalidades do tipo B. Depois, mais tarde, profundas investigações concluíram
que pessoas com personalidade do tipo A (ambiciosas, agressivas, impacientes)
eram mais propensas a ataques cardíacos que as do tipo B (mais passivas, flexíveis
e depressivas). Posteriormente procurou-se a “característica tóxica” do tipo A, e
concluiu-se que a hostilidade, os ressentimentos, rancores, o cinismo, a falsidade, a
inveja, o egocentrismo, o egoísmo são as principais toxinas do tipo da
personalidade A. O paradigma do tipo A é referenciado o executivo masculino, de
nível elevado, no apogeu da carreira, entre os 40 e cinquenta e poucos anos. Este é
o mais significativo referencial do tipo da personalidade A, mas não é exclusivo. Na
massa humana que abunda no planeta há muito mais e em muitas mais situações
tipos de personalidade do tipo A. Quanto a possíveis ligações entre a personalidade
e as doenças, investigações recentes têm trazido resultados diversos, e provas de
que os indivíduos possuidores de certos traços neuróticos da personalidade como a
ansiedade, as angústias que tanto torturam, o pessimismo, a hostilidade, a rigidez
com intolerância e inflexibilidade, a insociabilidade têm fortes probabilidades de
adoecer com certa gravidade aos quarenta e poucos anos. Esta ligação não se dá
com nenhuma doença específica, mas com a falta de saúde em geral, salientandose as mais correntes psicossomáticas: asma, úlceras pépticas, enxaquecas e
doenças cardíacas e cardiovasculares.
tags: freud, hereditariedade, jung, personalidade
A personalidade é um conjunto de comportamentos característicos de uma pessoa e está
dividido em três níveis como o aparelho psíquico: ID é a parte inata ao indivíduo e
predominantemente em seu comportamento (instinto), segue o príncipio do prazer;
EGO é uma organização derivada do ID para lidar com a realidade e tem como função a
auto conservação (sobrevivência) e a organização do pensamento; SUPEREGO é uma
organização derivada do ID que tem como função a sociabilidade, ou seja, integração de
normas sociais à estrutura psíquica para promover aceitação das leis sociais.
Segundo Freud, estes três níveis devem se manter em equilíbrio, caso contrário, a
personalidade será desajustada.
Fases do Desenvolvimento Psicossexual:
 Fase Oral – (do nascimento até aproximadamente 1 ano): A dimensão biológica
predomina, a criança é uma busca de prazer oral, no primeiro ano de vida o bebê
costuma levar tudo que tem em mãos até a boca. Essa fase é fundamental para
desenvolver o sentimento de confiança, sendo a primeira expressão disso, a
confiança na própria mãe. O ambiente psicológico adequado é importante,
aconchego, e assim a criança sempre irá encontrar uma satisfação que reduz suas
tensões (fome,sede,medos).
 Fase Anal – (1 até 3 anos aproximadamente): A criança adquire o domínio
voluntário dos esfíncteres, ou seja, ela começa a controlar suas necessidades
fisiológicas. Começa também a aprender os hábitos da cultura onde vive, a dar
os primeiros passos e a se expressar através da linguagem. Tudo isso garante à
criança uma autonomia, e satisfação em nível biológico e social.
 Fase Fálica – (3 a 6 anos aproximadamente): A fase das descobertas e da
curiosidade – a criança descobre um mundo de estímulos agradáveis ao tocar os
genitais. Descobre também a diferença entre os sexos e os pais de sexo oposto.
Freud se vale da tragédia grega de Édipo, para explicar essa fase. A fase fálica
ou edipiana se fecha bem quando a criança percebe que o amor entre pais e
filhos é especial, mas diferente da relação existente entre os casais. Os
sentimentos de iniciativa e culpa são conflitantes e a moralidade e a coragem são
testados pela primeira vez.
 Fase de Latência – (6 a 11 anos aproximadamente): Não há prazeres concretos
de origem sexual. A satisfação está ligada a outras atividades (lúdicas, escolares,
etc.). As paixões da sexualidade infantil são substituídas pelo pensamento e
observação racional do mundo. É um momento importante para o
amadurecimento da criança, que deverá enfrentar em breve os diversos conflitos
da adolescência. Para uma adolescência bem sucedida é necessário viver bem o
período de latência. É uma época de transição, em que a pessoa começa a
internalizar o que aprendeu e a raciocinar sobre tudo o que foi apresentado a ela
no início da vida.
 Fase Genital – (11/12 anos em diante): É o momento após um longo período de
reflexão, em que a pessoa no final da adolescência começa a escolher as formas
de viver na sexualidade. Principalmente na fase inicial, o que povoa o
imaginário são curiosidades sexuais. Um diálogo consciente e franco pode
ajudar muito. A curiosidade surgida na fase fálica encontra agora a maturação
fisiológica, o corpo também está passando por uma série de transformações, com
atuação maciça dos hormônios. É preciso mostrar que responsabilidades e
consciência também fazem parte.
Mecanismos de Defesa:
Estes surgem com a função de proteger o indivíduo das exigências e tentações impostas
pelo meio, as quais visam sua instabilidade emocional.
1. Compensação – mecanismo de defesa com que o indivíduo, inconscientemente,
tenta compensar uma deficiência (real ou imaginária) pela aquisição de alguma
coisa. Ex.: pessoa que sente-se inferiorizada por ter um defeito físico e adquire
bastante conhecimento, chegando a destacar-se no grupo.
2. Deslocamento – neste caso, o indivíduo desloca um sentimento ou impulso do
objeto original para um substituto. Ex.: uma criança, não podendo aceitar a idéia
de odiar o pai, desloca o sentimento para os cavalos, passando então a temer
estes animais,
3. Formação Reativa – mecanismo pelo qual, as atitudes e sentimentos
exteriorizados são os opostos dos realmente desejados. Ex.: a mãe
superprotetora, que cerca o filho de todos os cuidados mas que,
inconscientemente, o rejeita. Seus impulsos hostis poderão ser satisfeitos, pois,
agindo assim, tolherá a liberdade e o desenvolvimento do filho.
4. Introjeção – o indivíduo transfere para si elementos da personalidade de outro.
Ex.: menino que se identifica com as atitudes paternas e passa a ter um
comportamento semelhante ao do pai.
5. Negação – o indivíduo nega a existência de determinada situação para protegerse do sofrimento. Ex.: um indivíduo que não aceita sua doença e continua
fazendo as coisas como se nada tivesse mudado.
6. Projeção – neste caso, o indivíduo não aceita tributos próprios, projetando-os a
outrem. Ex.: rapaz que não gosta de seu superior e de quem depende, passa a
considerar que este ( o superior) o persegue.
7. Racionalização – consiste na justificativa das próprias falhas com argumentos
lógicos. Ex.: um trecho da fábula “a raposa e as uvas verdes”, no qual a raposa,
que não alcançava as uvas, disse: ora estão verdes.
8. Repressão – o indivíduo mantém fora da consciência sentimentos e idéias
inaceitáveis. Ex.: duas amigas da alta sociedade, que tiveram sortes diferentes.
Posteriormente, ao serem apresentadas, a senhora que teve problemas
financeiros não reconheceu a amiga. Mais tarde descobriu que o esquecimento
ocorreu por ter sentido, na época da dificuldade, muita raiva da amiga. Assim,
para não reviver momentos desagradáveis, esqueceu-se de tudo.
9. Sublimação – a ação desejada é modificada conforme as demandas do meio. Ex.:
mulher que tem filhos e que se dedica a creches e orfanatos.
SENSAÇÃO E PERCEPÇÃO
Por sensação entende-se o processo nervoso que se inicia num órgão receptor,
quando este reage especificamente a um estímulo externo, e se estende ao cérebro,
sendo, então, o resultado de uma transformação realizada pelo sistema nervoso.
Na área da psicologia são considerados dez tipos de sensações: visuais, auditivas,
olfativas, gustativas, táteis, térmicas, de dor, de movimento, de equilíbrio e orgânica
interna (fome, sede, sono,,etc.).
A percepção é o que nos possibilita reconhecer o objeto ou a situação que
determinou a sensação. Assim, perceber é reconhecer, através dos sentidos, objetos e
situações. A realidade é captada em função de quem a percebe e as pessoas costumam
selecionar elementos em cada situação. “A pessoa vê aquilo que quer ver”.
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