ESCOLA MAGNUS DOMINI PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS E HÁBITOS ALIMENTARES EM ADOLESCENTES Enzo Ayres Bettini Giovana Junges Pattaro Giovanna Herculano Tormena Pedro de Sousa Jambiski dos Santos MARINGÁ 2016 1. INTRODUÇÃO A infância e a adolescência são períodos extremamente importantes para o desenvolvimento de um estilo de vida saudável, uma vez que os comportamentos adquiridos nesta fase tendem a ser perpetuados por toda a vida. A atividade física e a alimentação são dois comportamentos considerados prioritários para a promoção da saúde e a prevenção de doenças crônicas. A promoção de hábitos saudáveis em crianças e adolescentes possui relevância estratégica e deve ser encarada como prioridade por todos os setores sociais. Sabemos que o livre acesso às formas não saudáveis de alimentação tem conduzido a um quadro crescente de obesidade infantil. Nesse sentido, a busca por uma conscientização em torno desse tema faz-se necessária, uma vez que os jovens estão carentes de conhecimento a respeito do quanto é importante desenvolver hábitos saudáveis do ponto vista da prática esportiva e alimentar. Desta forma, o objetivo de nosso trabalho é avaliar hábitos alimentares e a prática de exercícios físicos de alunos de 10 a 14 anos de uma escola da rede privada da cidade de Maringá. Para tal, realizamos uma pesquisa de campo por meio de um questionário composto de perguntas sobre a prática de exercícios físicos e um inquérito de frequência alimentar. 2. ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL Uma alimentação saudável é aquela que possui todos os nutrientes que precisamos, mas é claro que isso leva em conta, também, as prioridades individuais de cada pessoa, como por exemplo, ter carência de algum nutriente ou substância. A preocupação com a alimentação saudável não está presente apenas nos praticantes de exercícios físicos, ela inclui pessoas que não praticam exercícios. A seguir, apresentamos as diferenças existentes entre “atividade” e “exercício físico” e um paralelo entre alimentação e prática de exercícios físicos. 2.1 Atividade e exercício físico Muitas pessoas se confundem quanto aos termos “atividade física” e “exercício físico”. No entanto, eles possuem significados diferentes. Enquanto atividade física é qualquer movimento corporal produzido pela musculatura que gaste certa quantidade de energia considerável, exercício físico é uma forma de atividade física planejada, repetitiva, com orientação profissional, que tem o objetivo de desenvolver a resistência física e as habilidades motoras, geralmente é focado em alguma parte do corpo, trabalhando mais rigidamente o organismo. Alguns exemplos de atividade física são: caminhar para se deslocar de um lugar a outro, passear com o cachorro, subir escadas, lavar o carro, brincar, dançar, cuidar do jardim, entre outros. Já os exemplos de exercício físico são: natação, musculação, lutas marciais, entre outros. 2.2 Alimentação e prática de exercícios físicos É comum pessoas praticantes de atividade/exercício físico há mais tempo alimentar-se de maneira mais equilibrada e possuir conhecimento maior sobre alimentação saudável em relação aos recém-praticantes de atividade física ou sem disciplina regular para a prática da atividade. Geralmente, os praticantes que possuem uma meta com a atividade regular têm uma alimentação bem equilibrada e se esforçam mais para “se manter na linha”. Segundo pesquisas, a maioria dos praticantes de atividade física tem sim uma alimentação saudável e equilibrada, mas também existem aqueles que não se preocupam com isso e, na maioria das vezes, praticam esses exercícios para poder comer o que quiser sem preocupações. A falta desses exercícios e atividades físicas, juntamente à despreocupação em relação a uma alimentação saudável, vem causando um problema que tende a crescer no Brasil: a obesidade infantil. 3. OBESIDADE INFANTIL Obesidade infantil é uma condição em que o excesso de gordura corporal afeta negativamente a saúde ou bem-estar de uma criança. Isso é algo que vem causando a um bom tempo doenças e problemas de saúde em crianças. Para ilustrar essa afirmação, apresentamos um relato de experiência sobre os hábitos alimentares de crianças de 6 a 9 anos em uma escola de ensino fundamental e médio. A atividade inicial constituiu-se em uma conversa com as crianças sobre os alimentos de que gostavam e costumavam comer nas principais refeições (café da manhã, almoço e jantar). Depois, foi proposto a tais crianças que desenhassem ou escrevessem o que consumiam nessas refeições. Na sequência, foram apresentadas figuras de alimentos variados (frutas, legumes, sucos, cereais, carnes, leite, massas, chocolates, refrigerantes, sanduíches, pizzas, salgadinhos de pacote, salgadinhos fritos, bombons) e foi solicitado que escolhessem quais alimentos consideravam adequados para cada refeição. Após suas escolhas, as crianças foram alertadas sobre o que seria uma alimentação saudável e também foram corrigidas em relação às más escolhas. Essa pesquisa concluiu que as crianças não se preocupam com a alimentação saudável, esse, talvez, pode ser um dos principais motivos pelo crescimento de crianças obesas ou acima do peso. A seguir, o Gráfico 1 indica que na região Sudeste está o maior número de meninas e meninos com excesso de peso e o maior número de meninos com obesidade. Já a região Sul apresenta o maior número de meninas obesas. Gráfico 1 – Obesidade e Sobrepeso nas cinco regiões brasileiras Para dar continuidade a essa discussão, abordamos alguns estudantes de uma escola da rede particular de ensino de Maringá-PR e desenvolvemos um questionário em torno da prática regular de exercício físico. 4. PESQUISA DE CAMPO: ASSOCIANDO A PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS À PREOCUPAÇÃO COM A ALIMENTAÇÃO Aplicamos um questionário sobre a prática de atividades físicas e sobre o controle que os alunos de 5º a 9º ano de uma escola da rede particular de ensino (Maringá-PR) têm com sua alimentação. Reproduzimos, a seguir, o questionário na íntegra. 1) Você pratica algum esporte regularmente? ( ) SIM Qual? _____________________ ( ) NÃO 2) Em caso afirmativo da questão anterior, com que frequência você pratica esse esporte? ( ) 1 x por semana ( ) 2 x por semana ( ) 3 x por semana ou mais 3) Você tem algum cuidado especial com sua alimentação? ( ) SIM ( ) NÃO 4) Em caso afirmativo da questão anterior, há algum profissional (nutricionista, nutrólogo, personal) que te oriente? ( ) SIM ( ) NÃO 5) Assinale com um “X” a quantidade de vezes NA SEMANA que você ingere os alimentos apresentados na primeira coluna das Tabelas: ALIMENTO 3 ou 4x Todos os dias Nunca! 1 ou 2x Nunca! 1 ou 2x ALIMENTO Iogurte Vitamina de frutas Requeijão Queijo Carne de boi Carne de porco Peixe Frango Ovo Feijão Nunca! 1 ou 2x 3 ou 4x Todos os dias ALIMENTO Arroz branco Arroz integral Batata inglesa cozida Bata doce cozida Macarrão Outras massas (lasanha, nhoque etc.) Miojo Pão francês Pão integral Nunca! 1 ou 2x 3 ou 4x Todos os dias ALIMENTO Nunca! 1 ou 2x 3 ou 4x Todos os dias ALIMENTO Água Leite Refrigerante Suco de caixinha Suco em pó (tipo Tang) Suco natural Café Água de coco Nunca! 1 ou 2x 3 ou 4x Todos os dias Chips Chocolate Bolo Bolacha recheada Sorvete Chiclete Gelatina tipo Fini ALIMENTO 3 ou 4x Todos os dias Hambúrguer Batata frita Salgados fritos Salgados assados Pizza Cachorro-quente panqueca, Frutas Legumes Verduras 4.1 Análise dos dados Foram 136 (cento e trinta e seis) alunos entrevistados. Conforme consta no Gráfico 2, a seguir, ao serem questionados sobre a prática de exercícios físicos, 120 alunos afirmaram serem praticantes regulares de exercícios físicos. Apenas 16 alunos afirmaram não praticar exercícios físicos com regularidade. Gráfico 2 – Alunos que são praticantes regulares de exercícios físicos A nosso ver, este é um resultado animador, visto que a grande maioria dos alunos entrevistados tem consciência da importância do esporte no seu desenvolvimento, ainda que vivam em tempos de tecnologia acessível e constante no seu dia a dia, em muitos casos, marcado pelo uso excessivo de computadores, smartphones e outros jogos eletrônicos. Esta prática de exercícios também se encontra dentro do esperado para um nível de manutenção da saúde das crianças e adolescentes, uma vez que a realização de exercícios pelo menos duas vezes por semana já se configura como prática regular. Em nossa pesquisa, 109 dos 120 entrevistados praticam esportes pelo menos duas vezes por semana (Gráfico 3). Gráfico 3 – Frequência semanal da prática de exercícios físicos Estes resultados indicam que os alunos entrevistados têm uma preocupação com a manutenção de sua saúde, no entanto, a fim de avaliar se essa preocupação se estendia também à alimentação, perguntamos a eles se no seu dia a dia eles tinham algum cuidado especial com os alimentos ingeridos. Dos praticantes regulares de exercícios físicos, encontramos que 59, praticamente a metade dos entrevistados, se preocupam com sua alimentação, tomando alguns cuidados com o tipo ou quantidade de alimento ingerido. O Gráfico 4 ilustra esse resultado. Gráfico 4 – Cuidados com alimentação dos praticantes regularesde exercícios físicos Devemos levar em consideração, porém, que a outra metade, mesmo praticando exercícios físicos, poderia ser ainda mais beneficiada com uma alimentação mais balanceada. A este grupo, poderia ser necessário e justificável uma conscientização das vantagens que uma alimentação equilibrada propicia ao nosso organismo, especialmente durante essa fase de desenvolvimento corporal. Os profissionais da área da Nutrição são os mais indicados e qualificados para prescreverem uma alimentação balanceada adequada às necessidades de cada indivíduo. Assim, durante a infância e adolescência, há algumas indicações nutricionais que são peculiares à faixa etária. Perguntamos aos alunos se eles seguiam alguma orientação nutricional profissional. Dos 136 alunos entrevistados, apenas 22 tem sua alimentação orientada por um profissional da áre, conforme revela o Gráfico 5, a seguir. Gráfico 5 – Orientação nutricional aos alunos entrevistados Para que pudéssemos avaliar a ingestão alimentar dos alunos, solicitamos que eles respondessem um inquérito de frequência alimentar. Dos 136 alunos entrevistados inicialmente, apenas 88 responderam ao inquérito. Em relação ao consumo de doces e guloseimas durante a semana, constatamos que 20 alunos consomem pelo menos uma variedade de doces uma ou duas vezes na semana, 44 alunos ingerem esse tipo de alimento três ou quatro vezes por semana e 24 alunos consomem pelo menios um tipo de doce todos os dias. Esses resultados são apresentados no Gráfico 6. Gráfico 6 – Frequência alimentar do consumo de doces e guloseimas pelos alunos Dentre os alimentos perguntados, houve predomínio de chocolates e chicletes, embora bolos e bolachas recheadas também se mostram bastante presentes na dieta dos alunos. Devemos ressaltar que esses alimentos são ricos em açúcar, altamente energéticos e muito palatáveis, podem conduzir ao aumento de peso dos indivíduos que os ingerem em excesso e predispor ao desenvolvimento de doenças como diabetes e aumento do colesterol. Avaliamos, também, o consumo de lanches como hambúrgueres, salgados fritos e assados, pizza e batata frita (Gráfico 7). Gráfico 7 – Ingestão de lanches e frituras pelos adolescentes durante asemana Em relação a esse grupo alimentar, constatamos que 70 alunos consomem pelo menos um destes alimentos uma ou duas vezes por semana, 16 alunos os consomem de três a quatro vezes por semana e 2 alunos relataram que todos os dias da semana ingerem algum desses alimentos. Os alimentos listados possuem um grande percentual de gordura, especialmente as gorduras saturadas, que são as principais responsáveis por desencadear aumento dos níveis de colesterol e doenças cardiovasculares. O consumo em exagero em idades tão precoces pode predispor crianças e adolescentes a desenvolverem essas enfermidades, com graves consequências para o início da vida adulta. Para avaliar se alimentação dos alunos entrevistados atendia às necessidades diárias de proteínas, perguntamos qual a frequência semanal de ingestão de alimentos como carnes, ovos, feijão e derivados de leite. Observamos que todos os entrevistados consomem pelo menos um tipo de carne (boi, frango, porco ou peixe) todos os dias. De forma semelhante, o consumo de derivados de leite e feijão também é significativo, visto que o consumo ocorre pelo menos de 3 a 4 vezes por semana. O consumo de proteína na adolescência é de suma importância para o crescimento e desenvolvimento corpóreo satisfatório. Nesse sentido, o consumo de leite é imprescindível para atingir não somente os níveis de proteína, bem como, os níveis de cálcio adequados. O cálcio é o mineral mais abundante no corpo humano, e é responsável pela formação e manutenção óssea, assim como pela mineralização óssea, justificando a grande preocupação na garantia de sua ingestão pelas crianças e adolescentes. O Gráfico 8 revela os resultados encontrados em relação ao consumo de leite pelos alunos entrevistados. Podemos observar que apenas 48 dos alunos consomem leite diariamente. A literatura recomenda a ingestão de 3 a 5 porções ao dia durante a adolescência, isto é, a ingestão deve ser diária e em quantidades elevadas. Gráfico 8 – Frequência semanal do consumo de leite pelos alunos entrevistados Nossos resultados permitem-nos afirmar que quase metade dos adolescentes entrevistados não tem um consumo adequado de leite. O questionário aplicado também apontou o consumo de carboidratos, nutrientes altamente energéticos e fundamentais para a intensa fase da adolescência. A recomendação de ingestão de carboidrato é na faixa de 55% a 60% da energia total da dieta, dando-se preferência aos carboidratos complexos, que são as principais fontes de energia para os adolescentes. A American Dietetic Association (ADA) recomenda, para a faixa etária de 3 a 18 anos, uma ingestão diária de fibras igual à idade + 5g. As fibras são importantes no cuidado de diversas situações nutricionais como constipação intestinal, obesidade, dislipidemia e diabetes. Incentivar o consumo de fibras o mais cedo possível pode diminuir esses tipos de alteração nutricional, bem como prevenir alguns cânceres. Todos os alunos afirmam intercalar o consumo de arroz branco, macarrão e outras massas durante a semana, mas há um predomínio do consumo de arroz branco, sendo ingerido diariamente pela maioria dos alunos. No entanto, o consumo de carboidratos integrais, como arroz ou pães, é ainda insatisfatório. Dos 88 entrevistados, 53 alunos afirmaram que nunca ingerem esses alimentos. Os demais têm consumo ainda insuficiente, apenas 1 ou 2 vezes por semana. Por fim, analisamos o consumo de vegetais. As frutas, verduras e legumes são fontes de vitaminas e sais minerais que são imprescindíveis para o controle metabólico e regulação de funções vitais do organismo. O Gráfico 9 apresenta que 40 alunos não ingerem ou consomem esses alimentos apenas 1 ou 2 vezes por semana, 19 consomem 3 ou 4 vezes por semana e 29 alunos afirmam ingerir todos os dias frutas, legumes e verduras. De acordo com a literatura, a ingestão recomendada nessa faixa etária deve ser de pelo menos 5 porções/dia. Gráfico 9 – Frequência semanal da ingestão de frutas, verduras e legumes 5. CONCLUSÃO A partir dos resultados obtidos com os questionários aplicados aos adolescentes, pudemos constatar que a maioria dos alunos pratica exercícios físicos com regularidade e a metade destes afirma ter cuidados com sua alimentação, embora, do total de entrevistados, poucos alunos recebem orientação nutricional profissional. Isso fica evidenciado pelos resultados encontrados no inquérito de frequência semanal de consumo de alguns alimentos. O elevado consumo de doces e guloseimas associado ao consumo frequente de lanches pode conduzir esses adolescentes ao aumento de peso e outras doenças metabólicas. Apesar do consumo adequado de proteínas, encontramos um consumo insuficiente de leite e carboidratos complexos ricos em fibras. Além disso, a maioria dos alunos entrevistados relata nunca consumir frutas, legumes e verduras. A adolescência constitui a última fase do período de crescimento e desenvolvimento do ciclo vital, sendo caracterizada por intensas transformações anatômicas, fisiológicas e psicológicas. A nutrição dos adolescentes para que se promova o crescimento adequado deve ser apropriada, saudável, balanceada em quantidade e qualidade de nutrientes. Assim, concluímos que o grupo entrevistado, apesar de se beneficiar da prática de exercícios físicos regulares, necessita de uma conscientização sobre uma alimentação mais equilibrada e saudável. REFERÊNCIAS http://repositorio.unb.br/bitstream/ http://vidasaudavel.sesi.org.br/portal/ http://www.efdeportes.com/ http://www.imunocamp.com.br/ http://www.rbne.com.br/index.php/rbne/article/viewFile/288/289 http://www.sitemedico.com.br/site/boa-forma/fitness/ https://sanare.emnuvens.com.br/sanare/article/view/930/559