SOBRATI Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva Brazilian Society of Critical Care Bárbara Emanuelle Albuquerque de Souza HUMANIZAÇÃO DO CUIDADO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ADULTO DO MUNICÍPIO DE JABOATÃO DOS GUARARAPES - PE Recife/PE 2011 Bárbara Emanuelle Albuquerque de Souza HUMANIZAÇÃO DO CUIDADO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ADULTO DO MUNICÍPIO DE JABOATÃO DOS GUARARAPES - PE Tese apresentada pela mestranda Bárbara Emanuelle Albuquerque de Souza sob orientação do Dr.Douglas Ferrari à à SOBRATI Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva, como requisito parcial para obtenção da graduação de Mestre Recife/PE 2011 Bárbara Emanuelle Albuquerque de Souza HUMANIZAÇÃO DO CUIDADO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ADULTO DO MUNICÍPIO DE JABOATÃO DOS GUARARAPES - PE Aprovada: _______/_______/_________ Banca Examinadora: ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ FICHA CATALOGRÁFICA Souza, Bárbara Emanuelle Albuquerque Humanização do cuidado em uma unidade de terapia intendia adulto do Município de Jaboatão dos Guararapes – PE – Bárbara Emanuelle Albuquerque de Souza – Recife/PE Orientador: Dr.Douglas Ferrari Tese apresentada SOBRATI Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva, 1.Humanização; 2.Unidade de Terapia Intensiva; 3.Qualidade da Assistência; SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 2. HUMANIZAÇÃO 2.1. Humanização no cuidado em UTI Adulto 2.2. Comunicação verbal e não verbal uma interface na humanização da equipe 09 13 13 17 de enfermagem 2.3. Equipe de Enfermagem e Familiares de Pacientes Na UTI 20 2.4. Perspectiva de uma UTI Humanizada 21 3. OBJETIVO 23 4. ASPECTOS METODOLÓGICOS 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 6. SUGESTÕES 7. REFERÊNCIAL BIBLIOGRÁFICO 25 27 28 29 RESUMO Humanizar é um processo vivencial que envolve toda a atividade do local e das pessoas que ali trabalham, dando ao paciente o tratamento que merece como ser humano, dentro das circunstâncias peculiares em que cada um se encontra no momento da sua internação. O presente estudo trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa do tipo bibliográfica cujo objetivo foi identificar ações de enfermagem descritas na literatura que contribuem para a humanização da assistência na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Município de Jaboatão dos Guararapes- PE , fundamentada na abordagem do Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar – PNHAH. A busca do material foi realizada em bancos de dados informatizados, LILACS, MEDLINE, BVS, SCIELO e em livros. Os textos foram selecionados a partir do conteúdo dos resumos e lidos várias vezes a fim de construir os núcleos de sentido no período de agosto a outubro do corrente ano. O processo de humanização em uma unidade de terapia intensiva (UTI) é uma preocupação dos gestores e dos profissionais da saúde por envolver a compreensão do significado da vida do ser humano. À medida que novas tecnologias vêm se incorporando às UTI’s, é exigida maior qualificação dos profissionais para operá-las com precisão, segurança e eficácia, sem com isso velar os valores éticos, estéticos e humanísticos que norteiam a profissão. Após a conclusão do estudo a pesquisadora faz as seguintes recomendações: Realizar dinâmicas de grupos, cursos de sensibilização, onde seja evidenciado o cuidado psicológico do paciente, sejam ofertados pela instituição; Que a implantação de uma comunicação em forma de diálogo venha a permear e melhorar o local de trabalho. ABSTRACT Humanizing is an experiential process that involves all of the active site and the people who work there, giving the patient the treatment they deserve as human beings, within the peculiar circumstances in which each one is at the time of admission. This study deals with a qualitative research literature of the kind aimed to identify nursing actions described in the literature that contribute to the humanization of care in the Intensive Care Unit (ICU) in the Municipality of Jaboatão Guararapes-PE, based approach in the National Program for Humanization of Hospital Care - PNHAH. The pursuit of material was performed in computerized databases, LILACS, MEDLINE, VHL, SciELO and books. The texts were selected from the content of the summaries and read several times in order to build the units of meaning in the period from August to October this year. The process of humanization in an intensive care unit (ICU) is a concern for managers and health professionals involved in understanding the meaning of human life. As new technologies have been incorporated into the ICU, is more highly qualified professionals required to operate them accurately, safely and effectively, without thereby ensure the ethical, aesthetic and humanistic that guide the profession. Upon completion of the study the researcher makes the following recommendations: Conduct group dynamics, awareness courses, which is evidenced patient's psychological care, are offered by the institution; That the establishment of a communication in dialogue form will permeate and improve the workplace. LISTA DE ABREVIAÇÕES UTI Unidade de Terapia Intensiva PNHAH Programa de Humanização de Assistência Hospitalar SPCC Sociedade Pernambucana de Combate ao Câncer SUS Serviço Único de Saúde COFEN Conselho Federal de Enfermagem TEC Técnico PROFAE Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem DEPI Departamento de Ensino Continuada SOBRATI Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva 1. INTRODUÇÃO O aspecto humano do cuidado de enfermagem, com certeza, é um dos mais difíceis de ser implementado. A rotina diária e complexa que envolve o ambiente da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) faz com que a equipe de enfermagem, na maioria das vezes, esqueça-se de tocar, conversar e ouvir o ser humano que está à sua frente (BOEMER, 1990) Apesar do grande esforço que a equipe de enfermagem possa estar realizando no sentido de humanizar o cuidado em UTI, esta é uma tarefa difícil, pois demanda utilidades às vezes individuais contra todo um sistema tecnológico dominante. A própria dinâmica de uma UTI não possibilita momentos de reflexão para que esses profissionais possam se orientar melhor (VILLA 2002). As UTI’s surgiram a partir da necessidade de aperfeiçoamento e concentração de recursos materiais e humanos para o atendimento a pacientes graves, em estado crítico, mas tidos ainda como recuperáveis, e da necessidade de observação constante, assistência médica e de enfermagem contínua, centralizando os pacientes em um núcleo especializado (CASTRO; LIMA 1993). Embora seja o local ideal para o atendimento a pacientes agudos graves recuperáveis, a UTI parece oferecer um dos ambientes mais agressivos, tensos e traumatizantes do hospital. Os fatores agressivos não atingem apenas os pacientes, mas também a equipe multiprofissional, principalmente a enfermagem que convive diariamente com pacientes graves, isolamento, morte, entre outros. Uma série de estudos comprova, por força dos efeitos negativos do ambiente sobre o paciente, a família e a equipe multiprofissional, que a assistência volta-se para a necessidade de humanização dos serviços que utilizam alta tecnologia. O paciente internado na UTI necessita de cuidados de excelência, dirigidos não apenas para os problemas fisiopatológicos, mas também para as questões psicossociais, ambientais e familiares que se tornam intimamente interligadas à doença física. A essência dos enfermeiros em cuidados intensivos não está só nos ambientes ou nos equipamentos especiais, mas também no processo de tomada de decisões, baseado na sólida compreensão das condições fisiológicas e psicológicas do paciente. Conceitualmente, humanizar significa possuir uma visão holística do cliente, sendo de extrema importância o desenvolvimento de características do ser humano: a sensibilidade, o respeito, a solidariedade (ZAMPIERE, 1999). Nas últimas décadas a questão da "humanização" ganhou relevância em diferentes áreas da vida social. Na área de saúde, a expressão humanização tem sido usada em diferentes frentes de atividades e com significados variados (PUCCINI, 2004). A "humanização em saúde" ainda, de forma geral, se refere às questões éticas envolvidas no ato de cuidar da pessoa enferma, à melhoria das relações entre profissionais de saúde e clientes, com um enfoque especial à relação médico-cliente e às condições de trabalho dos profissionais da área de saúde (CAPRARA, 1999; 2006; SILVA, 2002; NASCIMENTO JUNIOR E GUIMARÃES, 2003; MARTIN, 2004; MINA YO, 2004; PESSINI, 2004). A humanização deve fazer parte da filosofia de enfermagem. O ambiente físico, os recursos materiais e tecnológicos são importantes, porém não mais significativos do que a essência humana. Esta, sim, irá conduzir o pensamento e as ações dos enfermeiros, tornando- os capazes de criticar e construir uma realidade mais humana, menos agressiva e hostil para as pessoas que diariamente vivenciam a UTI. As discussões em torno da assistência humanizada são amplas, e não se direcionam apenas para questões técnicas e estruturais, mas também contemplam a valorização dos relacionamentos estabelecidos entre os profissionais e a clientela. Especificamente, quando se trata de uma UTI, a humanização torna-se de grande importância por ser um momento crítico que envolve não só o paciente/cliente internado, mas também sua família, devendo a equipe de saúde proporcionar um ambiente que venha favorecer um relacionamento harmonioso entre profissional de saúde e cliente. Sabemos que os profissionais de saúde atuam numa postura autoritária e tecnicista, não oportunizando ao cliente e sua família, principais protagonistas do processo, uma participação em sua recuperação. Focalizando os aspectos pessoais do profissional, que o cuidado humanizado é composto por elementos essenciais, como: relacionamento, presença genuína, compartilhar conhecimentos, atitude de compreensão, sensibilidade, competência técnica e interdisciplinaridade. BRUGGEMANN (2003). Apesar de a humanização ter sido empregado constantemente no âmbito da saúde, sendo a base de um conjunto de iniciativas, ele não possui uma definição mais clara. Geralmente ele é usado para designar a forma de assistência que valoriza o cuidado do ponto de vista técnico, associado ao reconhecimento dos direitos do cliente, de sua subjetividade e cultura, além do reconhecimento profissional. Implicam, ainda, na valorização do diálogo intra e interequipes. A humanização representa, então, um conjunto de iniciativas que visam à produção de cuidados em saúde capazes de conciliar a melhor tecnologia disponível com a promoção de acolhimento e respeito ético e cultural ao cliente, assim como espaços de trabalhos favoráveis ao bom exercício técnico e à satisfação dos profissionais de saúde e clientes (DESLANDES, 2004; PUCCINI E CECÍLIO, 2004). Dessa forma, acreditamos que, para o sucesso da humanização como um todo, o relacionamento entre profissionais e cliente é decisivo. Esse relacionamento pode ser denominado uma forma de terapia. STEFANELLI (1993) destaca o relacionamento terapêutico como um importante instrumento de ajuda as pessoas, subsidiando uma assistência que proporciona conforto, apoio, confiança, segurança física e emocional. O relacionamento terapêutico é operacionalizado através do interesse, aceitação, comunicação, respeito e empatia. A empatia pode ser entendida como a capacidade de se colocar no lugar do outro e tem sido considerada como um elemento facilitador e essencial do relacionamento terapêutico (DANIEL, 1983; HOJAT et al, 2002). Com isso, torna-se também um facilitador da assistência humanizada. A humanização, então, requer um processo reflexivo acerca dos valores e princípios que norteiam a prática profissional. Pressupõe, então, além de um tratamento e cuidado digno, solidário e acolhedor por parte dos profissionais da saúde ao seu cliente, como também uma nova postura ética que permeie todas as atividades profissionais e processos de trabalho institucionais. Nessa perspectiva, diversos profissionais, diante dos dilemas éticos decorrentes, demonstram estarem cada vez mais à procura de respostas que lhes assegurem a dimensão humana das relações profissionais, principalmente as associadas à autonomia, à justiça e à necessidade de respeito à dignidade da pessoa humana (BACKES, LUNARDI E LUNARDI FILHO, 2006). Com o objetivo de buscar o entendimento do processo de humanização direcionado para a assistência promovida na UTI, totalizando as idéias referentes às diretrizes do Programa Nacional de Humanização (PNH), surgiu em minha prática profissional a necessidade de aprofundamento acerca do tema, utilizando, para tal, a elaboração desta dissertação. Pressupomos que, visto a Instituição em estudo apresentar como filosofia a humanização do atendimento prestado, os valores que integram esse processo sejam por ela reconhecidos, assim como suas ações realizem-se conforme os princípios da humanização. 2. HUMANIZAÇÃO 3.1. Humanização no cuidado em UTI Adulto De acordo com Anderson (2001), Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é a unidade de um hospital em que os pacientes requerem monitorização rigorosa e são internados para tratamento intensivo pelo tempo que for necessário. Uma U.T.I. contém aparelhos de alta tecnologia, bem como uma equipe treinada para administrar a terapia intensiva necessária aos pacientes. Uma boa Unidade de Terapia Intensiva deve estar inserida em um hospital com recursos equiparados aos seus e deve ter algum tipo de consenso quanto aos critérios de internação e alta de pacientes que seja conhecido por todo corpo clínico, evitando assim que pacientes sem indicação para terapia intensiva, nos moldes aceitos atualmente, transformem a unidade em um depositário de pacientes. Atender um indivíduo gravemente enfermo requer, além de um apurado preparo profissional, sensibilidade para atender às necessidades do mesmo, quer tenham sido verbalizadas ou não. Observar o paciente, seu estado de humor e a disposição com que reage aos cuidados prestados são de grande importância na avaliação de qualidade assistencial (ELINTOFT, 1996). As unidades de Terapia Intensiva surgiram com o objetivo de agrupar alguns doentes graves para melhor observação, tendo um grande crescimento no período pósguerra para o tratamento de vítimas de poliomielite que necessitavam de assistência ventilatória. (SOUZA, 2004) Este autor aponta como objetivos dessas unidades, reduzir a mortalidade com a provisão de cuidados e fazer uma observação individualizada contínua e integral, de acordo com as necessidades do paciente. Um paciente de uma U.T.I. difere em vários aspectos do paciente de uma unidade de internação convencional, sendo estes aspectos: a gravidade e a agudeza de sua condição clínica; os aspectos legais, deontológicos e bioéticos; o relacionamento interpessoal dos múltiplos segmentos envolvidos na atenção ao paciente, à presença do intensivista como elo de integração assistencial é fundamental nessas situações; a interface com o equipamento, médicos, enfermeiros, familiares e, às vezes, os próprios pacientes passam a interagir com o equipamento; o ambiente hostil, não custa lembrar que a humanização é a palavra-chave, uma área adequada, com dependências adequadamente desenhadas, uma equipe treinada e alertada para um atendimento humanizado permite uma série de inovações, que passam pelo conforto do paciente e de sua família, aumentam o contato destes com a equipe assistencial, não isolando nenhuma das partes do paciente e possibilitando um atendimento integrado e integral (BARRETO, VIEIRA, PINHEIRO/2002). Pereira et al(2004) diz que [...] quando o indivíduo adoece, surge o estresse envolvendo toda a família. Os problemas enfrentados por esta em relação ao medo da doença, os sentimentos de culpa, o ambiente hospitalar, as rotinas, as equipes médicas e as de enfermagem, a própria instituição, os procedimentos a serem realizados desencadeiam a insegurança, a mudança do comportamento habitual dessa família. Devido à hospitalização, a mesma pode apresentar dificuldades por não saber agir para atender às necessidades do paciente e por estar num ambiente que tem situações e regras próprias. Se a equipe multidisciplinar que assiste o paciente direcionar a sua atenção não só para este, mas também para sua família, o estresse e a ansiedade desse paciente e da sua família ficam reduzidas. Em caso de hospitalização, o impacto emocional dessa experiência repercute de forma angustiante sobre o paciente e a família que necessita de ajuda para enfrentar a tensão psicológica que a internação hospitalar desencadeia. Para tanto a equipe de enfermagem deve estar consciente que um dos meios de suavizar esta angústia é disponibilizar seu tempo para atender esta família, conversando e tirando suas dúvidas de forma segura e tranqüila, aliviando assim seus medos e anseios relacionados ao paciente. (EINLOFT et al, 1996) De acordo com a resolução nº 189/96 do COFEN, que estabelece parâmetros para o quadro de profissionais de enfermagem nas instituições de saúde e que, desta forma, prevê para as 24 horas de cada unidade de serviço na assistência por paciente – 15,4 horas (55.6% enfermeiros e 44.4% auxiliares e técnicos de enfermagem). Sabe-se que é direito do paciente ser respeitado e atendido em algumas necessidades e direitos humanos a exemplo de: controle da dor, privacidade, individualidade, direito à informação, ser ouvido nas suas queixas e angústias, ambiente adequado para o sono, atenção ao seu pudor, atenção as suas crenças e espiritualidade, a presença de sua família e principalmente direito a cuidados paliativos quando não houver mais possibilidade terapêutica (SOUZA, 2003). A admissão na UTI geralmente é um momento de ansiedade, onde o paciente e o familiar são afastados devido à necessidade de atendimento assistencial imediato, gerando sentimento de perda de contato e de informação. Alguns conseguem ultrapassar esses momentos com calma, enquanto outros têm as mais diversas reações de ansiedade, necessitando de atenção especial da equipe de saúde (BARRETO et al, 2001). O conceito de humanização pode ser traduzido ainda como uma busca incessante do conforto físico, psíquico e espiritual do cliente, da família e da equipe. Então, humanizar é individualizar a assistência frente às necessidades de cada um. Entendemos que promover humanização em uma UTI, não é apenas uma questão de mudanças das instalações físicas, mas, principalmente, representa uma mudança de comportamento e atitudes frente aos pacientes/clientes e seus familiares. O Ministério da Saúde preocupado com o direito que todo cidadão tem de ser tratado bem, seja ele em atendimento público ou privado, criou o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH- 2001) que propõe um conjunto de ações integradas que visam mudar substancialmente o padrão de assistência ao usuário nos hospitais públicos no Brasil e que tem como objetivo fundamental aprimorar as relações entre profissional de saúde e usuários, dos profissionais entre si, e do hospital com a comunidade. Ao valorizar a dimensão humana e subjetiva, presente em todo ato de assistência à saúde, o PNHAH aponta para uma requalificação dos hospitais públicos, que poderão tornar-se organizações mais modernas, dinâmicas e solidárias, em condições de atender às expectativas de seus gestores e da comunidade (BRASIL/2001). De acordo com o PNHAH (2001) a proposta de aquisição de equipamentos e a adequação física correspondem aos parâmetros para humanização do atendimento no quesito “qualidade das instalações, equipamentos e condições ambientais do hospital”. Ambientes mais aconchegantes, mais quentes e mais harmonizados são os mais adequados e desejáveis para o atendimento de pacientes criticamente doentes, bem como para o trabalho da equipe. O próprio aspecto e a decoração da UTI devem ser mais adequados à realidade e às fantasias dos pacientes. O custo dessa adaptação não depende de recursos financeiros vultuosos, e sim da criatividade da equipe e das pessoas realmente envolvidas com os cuidados do paciente (BRASIL, 1995). De acordo com Souza (2004) a humanização não é apenas uma questão de planta física. É principalmente uma mudança de atitude e postura de toda uma equipe multiprofissional frente ao cliente e seus familiares. Nesse processo de humanização, a participação do enfermeiro, alicerçado na sua competência técnico-científica e humanística, é imprescindível. É necessário trabalhá-la, é preciso questionar sobre dúvidas, observar-lhe reações e comportamentos, entender-lhe as emoções. Humanização segundo a Cartilha de Humanização do Hospital da Restauração (2001) é ouvir, respeitar, amar, colaborar, compreender, dialogar, orientar, solidariedade, união, qualidade de vida. Humanizar é garantir a palavra a sua dignidade ética. Ou seja, o sofrimento humano, as percepções de dor ou de prazer para serem humanizadas precisam que as palavras tanto quanto o sujeito que a expressam sejam reconhecidos pelo outro. Pela linguagem fazemos as descobertas de meios especiais de comunicação com os outros, ou seja, sem comunicação não há humanização (BETTS, 2003). Mais uma vez é importante lembrarmos que a construção de uma assistência humanizada em UTI é um processo com metas no curto, médio e em longo prazo, impulsionada por medidas de avaliação e da capacidade de aprender com a própria experiência e a dos outros. 3.2. Comunicação verbal e não verbal uma interface na humanização da equipe de enfermagem A humanização da assistência é importante: o aprimoramento da relação profissional-cliente; a contratação de profissionais para absorver a demanda; aquisição de novos equipamentos; revisão da formação dos profissionais com reestruturação dos currículos das faculdades da área de saúde; capacitação permanente dos profissionais e melhoria das condições de trabalho. Silva (1996, 1998) afirma que as funções da dimensão da comunicação humana são: expressar emoções, complementar ou reforçar o que está sendo dito verbalmente, substituir o verbal e contradizer o verbal. Tem-se dito que, quando recebemos mensagens contraditórias na dimensão verbal com a não verbal, cremos mais nas mensagens não verbais, pois são espontâneas, mais difíceis de serem simuladas e menos susceptíveis de serem manipuladas. Sem dúvida, talvez seja mais exato dizer que certas condutas não verbais são mais espontâneas e difíceis de fingir. Gaiarsa (1997) e Goleman (1995) afirmam que raramente as reações das pessoas são postas em palavras, que com muito mais freqüência à chave para intuir o sentimento dos outros está na capacidade de interpretar esses canais não verbais. Assim como o modo da nossa racionalidade de se expressar é através das palavras, o modo das nossas emoções se expressarem é através do tom de voz, dos gestos, expressões faciais, entre outros. Estar atento ao que o cliente está sentindo para compreender o seu grau de interesse, disponibilidade, de concordância com o que está sendo transmitido é fundamental para o profissional de saúde, que entre outros aspectos é um educador e um agente de transformação na vida das pessoas. São os sinais não verbais emitidos e percebidos que contribuem para gerar vínculos de confiança. Nós passamos a confiar em alguém, quando percebemos coerência e constância entre o que diz e faz. (HUDAK & GALLO, 1997) A comunicação significativa é um veículo para o processo de atenção usado para atender às necessidades psicossociais do paciente. O toque é uma forma importante de comunicação em qualquer serviço de saúde. A necessidade de contato táctil está presente em todas as pessoas ao nascimento e continua durante toda a vida. É uma necessidade que, atendida, acrescenta fertilidade e crescimento ao potencial humano e é básica para o desenvolvimento saudável da pessoa. Acredita-se que a necessidade do toque é intensificada durante episódios de estresse elevado e não pode ser totalmente atendida por outras formas de comunicação. Os enfermeiros, quando utilizam o toque, geralmente estão tentando transmitir compreensão, apoio, calor, preocupação e proximidade do paciente. Esta comunicação é uma ativação do processo de assistência. O toque não apenas melhora a sensação de bem-estar do paciente, mas também promove recuperação física da doença (HUDAK & GALLO/1997). O mesmo ainda cita que os pacientes precisam comunicar-se com os responsáveis por seu tratamento para manter percepções de si próprio como indivíduos dignos que têm contato com outras pessoas. O desafio de comunicação aumenta se os pacientes apresentam comprometimento total da audição, são incapazes de falar ou compreender a linguagem da equipe de enfermagem, incapazes de comunicarem-se verbalmente devido à intubação ou a um distúrbio físico ou doença. O uso do toque pode ser muito eficaz para melhorar a comunicação verbal, chamar à atenção do paciente, ou transmitir uma mensagem. A equipe de enfermagem deve permitir ser tocada transmitindo suas emoções de medo, dor, compreensão, calma e alegria são mensagens possíveis de ser transmitida pelo paciente a equipe. Einloft et al(1996) referem que a comunicação eficiente entre os profissionais que prestam assistência ao paciente é fundamental para o pronto atendimento deste, resultando assim na combinação harmoniosa dos vários cuidados prestados, entre eles o valoroso diálogo entre a equipe e a família. Segundo estes autores, o papel do toque na assistência de enfermagem pode ser visto sob várias perspectivas. Possui muitos propósitos dentro das interações enfermeiro-paciente. A comunicação pelo toque é simples e direta. O toque é um comportamento positivo que produz efeito satisfatório no paciente e está entre as necessidades elementares para o desenvolvimento físico e mental e saudável. O tato é um dos sentidos mais importantes. Confirma a realidade percebida através de outros sentidos, sendo parte fundamental dos processos de comunicação humana. Possui um efeito positivo sobre as capacidades de percepção e cognição, pode influenciar parâmetros fisiológicos como a respiração e o fluxo sangüíneo. O tato representa um elemento terapêutico, positivo de interação humana. A comunicação é parte desse cuidar; portanto, já não pode ser mais considerado apenas um dos instrumentos básicos da enfermagem ou do desenvolvimento do relacionamento terapêutico, mas sim, como afirma Stefanelli (1993), capacidade ou competência interpessoal a ser adquirida pelos enfermeiros, não importando sua área de atuação; é o denominador comum de todas as ações de enfermagem. A mesma autora, estudando as formas de comunicação interpessoal na assistência de enfermagem, classificou-as como Comunicação Terapêutica e não terapêutica. Nas unidades de terapia intensiva a concentração de pacientes graves, sujeitos a mudanças abruptas quanto ao seu estado geral, a constante expectativa de situações de emergência e a quebra súbita das atividades normais pelas urgências médicas criam uma atmosfera emocionante comprometida, onde o estresse está presente, tanto nos pacientes, sendo estes afetados potencialmente em suas necessidades básicas (GOMES, 1988). A partir do momento em que adoece o indivíduo ver-se repentinamente obrigado a modificar seus hábitos de vida, principalmente quando é hospitalizado. Esse fato gera uma série de sentimentos e expectativas diante do novo desafio e, consequentemente a segurança emocional também fica comprometida (GOMES, 1988). Este mesmo ainda refere que esses pacientes ao se defrontar com os profissionais de saúde seus sentimentos e expectativas se acentuam mais ainda devido ao medo da morte, de ser tratado impessoalmente, de ser manuseado, ficar dependente fisicamente, incerteza sobre a competência da equipe de saúde que lhe dará cuidados, além dos sentimentos de solidão. A internação do paciente na UTI pode gerar uma série de modificações comportamentais e psicológicas quando ele percebe que está em um ambiente estranho, cheio de aparelhos desconhecidos, além das dúvidas em relação a sua doença e prognóstico. (OLIVEIRA et al, 2003). A hospitalização na UTI evoca no paciente a fragilidade humana e com ela a desestabilização emocional, a exacerbação dos mecanismos de defesa, inquietação, intolerância, baixa resistência à frustração e outros estímulos estressores (SOUZA, 2003). Sebastiani (1998) coloca que na hospitalização prolongada à ansiedade pode ser substituída pela angústia e depressão, falência dos mecanismos de defesa, apatia, amorfismo ou labilidade afetiva, lapsos de memória, lentificação do curso do pensamento, dispersividade intensa (comprometimento da atenção voluntária e involuntária), podendo ocorrer o surgimento de idéias destrutivas, fadiga crônica, perda da motivação e volição, prostração, insônia, isolamento, ambigüidade de sentimentos, exacerbação de atenção às funções viscerais (indivíduo poliqueixoso) entre outras. A negatividade é evidente: as queixas somáticas se multiplicam, se desenvolvem sintomas clínicos claros, havendo prediletação das manifestações mórbidas. A internação prolongada provoca a depressividade psicológica que tem em paralelo a imunodepressão, o que coloca o indivíduo em um estado de profunda fragilidade e debilitação psicofisiológica. Os sinais e sintomas revelam que é impossível negar o doente, e olhar apenas para a doença. 3.3. Equipe de Enfermagem e Familiares de Pacientes Na UTI O cuidado aos familiares é uma das partes mais importantes do cuidado global dos pacientes internados nas UTI’s. Os familiares têm necessidades específicas e apresentam freqüências elevadas de estresse, distúrbios do humor e ansiedade durante o acompanhamento da internação na UTI, SOARES (2008). A comunicação entre família equipe de enfermagem e paciente é de extrema importância para que se consiga prestar uma assistência de qualidade e com humanização. Para Rodrigues (2003), se o enfermeiro tiver uma boa comunicação e um bom contato com a família do paciente, consegue estabelecer um melhor plano de cuidado. Bousso e Angelo(2001) afirmam que perceber a humanização da assistência, bem como o cuidado centrado na família, é vistos como a filosofia ideal para o cuidado do indivíduo e sua família. No entanto, métodos para sua implementação ainda não estão bem estabelecidos. O desafio é fazer com que a equipe reconheça suas próprias limitações, seus valores e suas crenças, e assim possa desenvolver sentimento de confiança em si mesma para construir um caminho e estabelecer um relacionamento mais harmonioso, promovendo um salto qualitativo tanto no cuidado do paciente, como no ambiente de trabalho. Barreto et al (2001) afirma que para um atendimento humanizado a equipe de enfermagem necessita trabalhar o autoconhecimento emocional e interagir com empatia com o paciente e sua família, humanizando o cuidado fornecido, valorizando a relação profissional – paciente/ família ou cuidador – ser cuidado. Para que a humanização seja implantada faz-se necessário à escala fixa para técnicos de enfermagem e a flexibilização do horário de visitas. Esses autores enfatizam que tradicionalmente a presença da família era excluída. Entende-se a família como a unidade social proximamente conectada ao paciente, através do amor, podendo ou não ter laços legais ou de consangüinidade. Acreditando que o paciente é um segmento da família e que esta é de vital importância para a recuperação do paciente, é necessário atender as reais necessidades dos familiares (SEBASTIANI,1998). O núcleo familiar deve ser compreendido como uma unidade um sistema que possui leis internas de funcionamento e organização. Quando um membro da família é hospitalizado ou fica doente, o equilíbrio e os papéis ocupados por cada um são afetados. A doença grave precipita a desestruturação familiar e eclodem antigos conflitos que permaneciam latentes (SEBASTIANI, 1998). A situação de crise vivida pelos familiares de pacientes internados em UTI pode ser exemplificada pela desorganização das relações interpessoais devido ao isolamento do paciente, problemas financeiros e medo da perda da pessoa amada (Souza, 2003). Halm et al (1993) relatam que o nível de estresse da família é mais alto no momento da admissão, começando a se estabilizar no sexto dia e decaindo consideravelmente perto 28º dia. Estes achados sugerem que a intervenção com os familiares deva ocorrer na fase inicial da internação. Sebastiani (1998) afirma que não pode desvincular o indivíduo do meio em que vive, uma vez que a família como grupo previne, tolera e corrige problemas de saúde em seu meio. Desse modo não se pode separar a doença do contexto familiar e, por ser um elemento imprescindível à família deve ser compreendida como uma aliada da equipe de saúde, atuando como um recurso na promoção do conforto, para o paciente recuperar confiança, e, assim, investir na sua recuperação. Como conseqüência do conforto, o indivíduo experimenta ânimo, bem-estar e crescimento, podendo recuperar sua força e poder pessoal, sendo capaz de mobilizar mecanismos para enfrentar problemas e desempenhar melhor seus papéis usuais, melhorando sua qualidade de vida. 3.4. Perspectiva de uma UTI Humanizada Uma UTI humanizada é a aproximação do doente, com a realidade dele, ou seja, tentar transformar aquele ambiente frio, tanto no sentido ilusório da palavra como também no sentido real, por causa da quantidade de ar-condicionado, num ambiente mais aconchegante, fazendo isso através da humanização do atendimento. Os pacientes na UTI Humanizada são chamados pelo nome, não pelo número do prontuário. Se possível, é inserido no ambiente coisa de que o paciente gosta. Tudo isso feito através de uma triagem realizada com a família dele. E saber do que ele gosta, qual a diversão que ele curte que tipo de posição gosta de ficar na cama, se gosta de ouvir música ou não. Na UTI humanizada, além dos aparelhos, usa-se a televisão, som ambiente, aquário, janela, o paciente sabe se é dia ou se é noite, sabe as horas para não perder a noção de tempo. Esta é uma das várias maneiras de aproximar esses pacientes gravíssimos de sua família e da realidade lá fora (HENRIQUE, 2001). Barreto et al (2001) propõe um sistema de horário de visitas livre, para que a familiar “cuidador“ do paciente tenha uma maior permanência junto dele. Esse período pode ser de até 24 horas, quando necessário. Aos outros familiares e amigos, continua o sistema vigente de três horários distribuídos no turno da manhã, da tarde e da noite. Não há como liberar totalmente, o horário de visitas para todos em virtude dos números de pessoas que teríamos circulando na UTI, somadas aos já existentes, da própria equipe. Os mesmos autores tem por objetivo uma escala fixa para aumentar o vínculo e consequentemente a responsabilidade na humanização do cuidado de enfermagem. O profissional conhece com maior profundidade o paciente/ família e suas preferências, reconhece pelo nome o paciente e não pelo “caso tal, tem condições de organizar melhor o seu trabalho, acompanha a evolução diária do paciente e, consequentemente, reconhece com maior rapidez situações adversas, com resultados mais satisfatórios”. Por outro o técnico, e consegue expor melhor suas necessidades, diminuindo a sensação de isolamento. 4. OBJETIVO A iniciativa e necessidade de humanizar ou resgatar a dignidade humana “perdida” emerge num momento que pode parecer apenas um discurso equivocado no contexto atual. A humanização em UTI deve existir como um cuidado aliado à técnica e ao conforto, associado à valorização da subjetividade e aos aspectos culturais de cada pessoa incluindo a relação de diálogo entre os profissionais. Este ambiente dificulta o repouso dos pacientes devido à presença da dor, o medo do desconhecido, a presença de equipamentos com ruídos, luzes, além de outros fatores. Além disso, a angústia gerada pela perda da independência para atividades de higiene, alimentação e movimentação leva a uma sensação de impotência que pode desencadear uma instabilidade psicológica. A UTI é um local que devido à restrição de acesso, a disposição da planta física, equipamentos característicos e as condições críticas dos pacientes que ali se encontram, desperta a curiosidade das pessoas que a classificam como um ambiente hostil. É necessário mais preparo dos profissionais voltadas não só para o aspecto teórico e técnico, como também numa perspectiva mais humanitária. Cabe a eles, uma atitude individual para resgatar essa humanização em relação a um sistema tecnológico dominante. Estas situações remetem ao fato de que dentro das UTI’s o paciente torna-se somente um paciente a mais, outra patologia, outro tratamento, outro prontuário. Assim, o paciente fica sujeito à perda de sua identidade e privacidade. A complexidade da rotina intensiva contribui para o esquecimento de ações básicas como ouvir, tocar o outro e o domínio tecnológico que reina perante ações individuais, dificultando o processo de humanização. Um grande desafio é fazer com que os profissionais de enfermagem se envolvam com a humanização e utilizem suas potencialidades para a prática de ações mais acolhedoras. Por isso, a proposta de humanização em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) surge exatamente para combater esta impessoalidade no atendimento ao cliente e para tornar a relação enfermeiro/paciente uma relação de afeto e respeito mútuo sem abandonar a técnica necessária. Além disso, contribui para diminuir os traumas dos pacientes e das famílias e orienta os profissionais a agir de forma menos mecanizada, sabendo o real valor que a tecnologia possui na realização dos cuidados. Buscar alternativas baseadas em valores pessoais e humanos para melhorar a assistência ao paciente e atingir a totalidade do cuidado é uma estratégia, pois os profissionais ainda não estão conscientes da verdadeira importância de humanizar e da necessidade de se aliar a técnica a outros fatores. 4. ASPECTOS METODOLÓGICOS 4.1. – Escolha do Método Este capítulo descreve a metodologia utilizada durante a pesquisa, os procedimentos e os instrumentos utilizados para obtenção dos dados e, finalmente os critérios adotados para a análise e interpretação dos mesmos. Pesquisa de natureza qualitativa do tipo bibliográfica cujo objetivo foi identificar ações de enfermagem descritas na literatura que contribuem para a humanização da assistência na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A busca do material foi realizada em bancos de dados informatizados, LILACS, MEDLINE, BVS, SCIELO e em livros. Os textos foram selecionados a partir do conteúdo dos resumos e lidos várias vezes a fim de construir os núcleos de sentido no período de agosto a outubro ano corrente. Os resultados demonstram que as ações de enfermagem com vistas à humanização em UTI devem pautar-se na construção do cuidado singular, na integralidade e no respeito à vida. Esse estudo é considerado do tipo metodológico que, consiste de uma pesquisa que se refere às investigações dos métodos de obtenção, organização e análise dos dados, discorrendo sobre a elaboração, validação e avaliação dos instrumentos e técnicas de pesquisa, tendo como objetivo a construção de um instrumento que seja confiável, preciso e utilizável para que possa ser aplicado por outros pesquisadores. Devido às particularidades e subjetividades presentes no estudo o princípio metodológico de escolha foi baseado na perspectiva da pesquisa de abordagem qualitativa, pois esta trabalha com o universo dos significados (motivos, aspirações, valores e atitudes), fatores estes, essenciais para tentar compreender e explicar a dinâmica das relações humanas (MINAYO, 2000). O estudo ancora-se na perspectiva qualitativa do tipo bibliográfica. A pesquisa identificou e privilegiou as ações da equipe de enfermagem cotidianas, nas quais os indivíduos adotam uma “atitude natural”, isto é, não questionam as estruturas que condicionam suas ações e assim executam as atividades habituais, permitindo-lhes estocar conhecimentos, integrando simultaneamente a experiência individual e as orientações da cultura (Wagner, 1979). A autora parte da premissa de que tudo que é dito ou escrito, é possível de ser submetido à análise de conteúdo, para instrumentalizar e operacionalizar a análise dos artigos. BARDIN (2004) ressalta a dificuldade de se compreender a análise de conteúdo como um método uniforme, alertando para o fato de que se trata, antes, de um conjunto de técnicas de análise das comunicações. Por isso, complementa que se deve entender a análise de conteúdo não como um instrumento, mas como um conjunto de apetrechos; ou, com maior rigor, será um único instrumento, mas marcado por uma grande disparidade de formas e adaptável a um campo de aplicação muito vasto: as comunicações. Portanto, procedeu-se a leitura dos textos selecionados. Na fase de exploração do material foram realizadas novas leituras - leituras flutuantes Para BARDIN (2004, p.106), "o tema é geralmente utilizado como unidade de registro para estudar motivações de opiniões. de atributos, de valores, de crenças. de tendências, etc.”. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Após a análise dos textos pode-se notar que, o processo de implementação da humanização na UTI, ainda é um longo caminho a ser percorrido. No entanto, tendo em vista que se trata de um estudo bibliográfico, com base em artigos nacionais, compreendemos que essa análise acaba ficando bastante restrita, sendo essa a principal limitação do mesmo. Nesse sentido, apontamos, como principal sugestão, a realização e ampla divulgação de estudos, que possam aprofundar a análise dessa temática, incluindo sua discussão no âmbito dos espaços de formação profissional e de educação em serviço, no intuito de expandir o processo reflexivo sobre a importância da humanização em unidade de terapia intensiva. As publicações também evidenciam que não basta pensar em humanização com enfoque apenas ao paciente, é preciso pensar também na equipe que presta o cuidado, a humanização só será possível se os profissionais da equipe se sentirem humanizados, valorizados, motivados com o trabalho que exercem e se realmente internalizarem a importância e se sentirem protagonistas desse processo na UTI. Os profissionais da equipe de saúde, muitas vezes, encontram-se sobrecarregados, o que gera um acúmulo de tarefas levando o profissional a executá-las mecânica e sistematizadamente causando um distanciamento entre ele, o paciente e sua família. O processo de humanização em uma unidade de terapia intensiva (UTI) é uma preocupação dos gestores e dos profissionais da saúde por envolver a compreensão do significado da vida do ser humano. À medida que novas tecnologias vêm se incorporando às UTI’s, é exigida maior qualificação dos profissionais para operá-las com precisão, segurança e eficácia, sem com isso velar os valores éticos, estéticos e humanísticos que norteiam a profissão. Este estudo aponta questões que necessitam de uma contínua discussão. Já os seus resultados reafirmam a importância de humanizar a assistência, considerando o estresse que permeia as atividades e o ambiente da UTI, gerador de sentimentos de medo, ansiedade e conflitos que levam ao desconforto. Podemos concluir que uma aproximação efetiva com os pressupostos da PNH, por parte das instituições e profissionais da equipe de enfermagem, é essencial para alavancar-se um processo de reflexão sobre o tema e buscar-se, efetivamente, a humanização do cuidado em UTI 6. SUGESTÕES Após a conclusão do estudo a pesquisadora faz as seguintes recomendações: ● Realizar dinâmicas de grupos, cursos de sensibilização, onde seja evidenciado o cuidado psicológico do paciente, sejam ofertados pela instituição; Que a implantação de uma comunicação em forma de diálogo venha a permear e melhorar o local de trabalho. 7. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO AYRES, J. R. C. M. Humanização da assistência hospitalar e o cuidado como categoria reconstrutiva. Ciência e Saúde Coletiva, vol. 9, n° 1, 2004. AZEVEDO, R.C.S. A comunicação como instrumento do processo de cuidar – visão do aluno de graduação. Revista Nursing, v.45, n.5,19-23, fevereiro 2002. BACKES, D. S.; LUNARDL V. L.; LUNARDI FILHO, Wilson D. 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