Alan Índio Serrano Médico Especialista em Psiquiatria Psiquiatra Forense Mestre em Psicologia Doutor em Ciências Humanas, Habilitado em Saúde Pública Procedimentos Médico Administrativos em Distúrbios Mentais Relacionados ao Trabalho • A mulher, vendo que o fruto da árvore era bom para comer, de agradável aspecto e mui apropriado para abrir a inteligência, tomou dele, comeu, e o apresentou também ao seu marido, que comeu igualmente. • Abriram-se os olhos de ambos e viram que estavam nus. Teceram com folhas de figueira tangas para si. • Disse-lhe Deus: • "E quem te disse que estavas nu? Então comeste da árvore, de cujo fruto te proibi comer? A Expulsão do Paraíso. Charles Joseph Natoire, c. 1770 • E a Adão disse: • “Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: ‘Não comerás dela’, maldita é a terra por causa de ti; • com dor comerás dela todos os dias da tua vida. • Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo. • Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás.” • Gênesis 3:17-19. • E o Senhor Deus disse: "Eis que o homem se tornou como um de nós, capaz de conhecer o bem e o mal. Não vá agora estender a mão também à árvore da vida para comer dela e viver para sempre". Gattaca - A Experiência Genética (Gattaca) – EUA - 1997 - 112 min. - Ficção Científica Direção: Andrew Niccol A racionalidade tecnológica própria da sociedade moderna. • A sociedade de Gattaca está dividida em duas “classes sociais”, os Válidos, os “filhos da Ciência”, produtos da engenharia genética e da eugenia social, e os Inválidos, os “filhos de Deus”, submetidos ao acaso da Natureza e às impurezas genéticas. Gattaca retrata uma sociedade de classe cuja técnica de manipulação do código genético tornouse prática cotidiana de controle social. Bio – psico -social Exame do Estado Mental Social História familiar e pré-natal - História pregressa Diag. Nosológico História da Doença Atual Exames Complementares Diagnóstico sindrômico Psicodinâmica Exame do Estado Mental Social História familiar e pré-natal - História pregressa Diag. Nosológico História da Doença Atual Diagnóstico sindrômico Plano terapêutico Exame do Estado Mental Social História familiar e pré-natal - História pregressa Diag. Nosológico História da Doença Atual Perícia Diagnóstico sindrômico Perícia Psiquiátrica na Saúde Ocupacional • Capacidade laborativa nos acidentes do trabalho com manifestações psiquiátricas • Seqüelas psíquicas nos traumatismos crânio-encefálicos, para fins de indenização • Capacidade laborativa nas doenças profissionais com manifestações psiquiátricas • Capacidade laborativa nas doenças decorrentes das condições do trabalho com manifestações psiquiátricas CID-10 - CLASSIFICAÇÃO Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde Fenômenos complexos dispostos em categorias, conforme certos critérios CLASSIFICAÇÃO FUNÇÕES Catalogação hospitalar e ambulatorial Auditoria em saúde (planos e SUS) Avaliação da assistência médica Estatísticas (inclusive de seguros) Pagamento centralizado de serviços Verificação do progresso na assistência à saúde e no controle das doenças Dar uniformidade às pesquisas CARACTERÍSTICAS DAS CLASSIFICAÇÕES ATUAIS Ateoricismo Descrição sistematizada Critérios diagnósticos Hierarquização diagnóstica Avaliação multi-axial AVALIAÇÃO MULTIAXIAL NA CID - 10 EIXO I Síndromes clínicas Transtornos do desenvolvimento Transtornos de personalidade Transtornos e condições físicas EIXO II Avaliação da disfunção Grau de incapacitação EIXO III Lista dos problemas sociais CLASSES DIAGNÓSTICAS NA CID - 10 F0- Transtornos mentais orgânicos, incluindo sintomáticos F1- Transtornos mentais decorrentes do uso de substância F2- Esquizofrenia, transtornos esquizotípico e delirantes F3- Transtornos do humor (afetivos) F4- Transtornos neuróticos, relacionados ao estresse e somatoformes F5- Síndromes associadas a perturbações fisiológicas F6- Transtornos de personalidade e de comportamento F7- Retardo mental F8- Transtornos do desenvolvimento psicológico F9- Transtornos emocionais e de comportamento com início usualmente na infância e adolescência Modelo infectológico: agente patógeno penetra e causa doença • Ele pegou uma gripe. • Pegou uma pneumonia. • Pegou uma tuberculose. • • • • Pegou um alcoolismo? Pegou um transtorno de comportamento? Pegou uma esquizofrenia? Pegou uma depressão? F32 ou F43? . O que é “depressão”? Uma tristeza um capricho um mal-estar uma reação humana normal uma manifestação de saúde um sintoma uma síndrome um transtorno uma doença Adoecimento dos Trabalhadores “Doenças Profissionais” Têm relação com condições de trabalho específicas... “Doenças Relacionadas ao Trabalho” Têm sua freqüência, surgimento ou gravidade modificados pelo trabalho.... “Doenças Comuns ao Conjunto da População” Não guardam relação de causa com o trabalho, mas condicionam a saúde dos trabalhadores... Formas de Adoecimento Mal Caracterizadas (Expressões de Sofrimento, “Problemas”, Disfunções, Transtornos, “MalEstar”, etc.) Adoecimento dos Trabalhadores Causado ou Relacionado ao Trabalho “Doenças Profissionais” Têm relação com condições de trabalho específicas... “Doenças Relacionadas ao Trabalho” Têm sua freqüência, surgimento ou gravidade modificados pelo trabalho.... “Doenças Comuns ao Conjunto da População” Não guardam relação de causa com o trabalho, mas condicionam a saúde dos trabalhadores... Formas de Adoecimento Mal Caracterizadas (Expressões de Sofrimento, “Problemas”, etc.) TRANSTORNOS MENTAIS GERADOS PELO TRABALHO - Decreto 3.048/99 • • • • • • • • • • • • Demência em Outras Doenças Específicas Classificadas em Outros Locais (F02.8) Delirium, não Sobreposto a Demência (F05.0) Transtorno Cognitivo Leve (F6.7) Transtorno Orgânico de Personalidade (F07.0) Transtorno Mental Orgânico ou Sintomático não Especificado (F09.-) Alcoolismo Crônico Relacionado com o Trabalho (F10.2) Episódios Depressivos Relacionados com o Trabalho (F32.-) Estado de “Stress Pós-Traumático” (F43.1) Neurastenia (Inclui a “Síndrome de Fadiga) (F48.0) (Tolueno e outros solventes aromáticos neurotóxicos) Outros Transtornos Neuróticos Especificados (Inclui a “Neurose Profissional”) (F48.8) (Tolueno e outros solventes aromáticos neurotóxicos) Transtorno do Ciclo Vigília-Sono Devido a Fatores Não-Orgânicos” (F51.2) Sensação de Estar Acabado (“Síndrome de Burn-Out”; “Síndrome do Esgotamento Profissional”) (Z73.0) SIMULAÇÃO CID 10 Z 76.5 • Ato para obter ganhos. Nos neuróticos geralmente se acompanha de culpa e ambivalência. • Ato para ocultar a violação de um preceito legal. • Ou é ato para frustrar direitos de terceiros em benefício próprio, com os quais colidem ou possam vir a colidir. • Simulação: o agente pratica o ato comissivo para fazer acreditar que há lesão ou doença. Uma pessoa normal simula ser portador de doença mental para obter determinados favores. • Dissimulação: o agente busca esconder a lesão ou doença. Um doente mental (efetivamente doente, mas inteligente), dissimula sua doença para obter vantagem. • Meta-simulação: exagera o sintoma que tem. Tipos de simuladores • Os transtornos factícios (exemplo: síndrome de Munchausen e síndrome de Ganser, paciente peregrino (“rato” de hospital) ). Também não são, exatamente, puras simulações: há fatores inconscientes em jogo. São casos complexos e raros. Tipos de simuladores: • Os metassimuladores com personalidades de traços histriônicos, com tendência a levar a ambulatórios queixas somáticas de origem psíquica. Tipos de simuladores: • Os portadores de transtorno de personalidade como forma de manipulação ou engodo. • Quem lida ou já lidou com portadores de Transtorno de Personalidade Antissocial conhece muito bem a habilidade que esses indivíduos têm para simular, são verdadeiros artistas. • São perversos que não sofrem (ou sofrem pouco) mas fazem os outros sofrer. Critérios de Simulação • (A) Má vontade em aceitar empregos alternativos para os quais tem capacidade. • (B) Relutância para hospitalização. • (C) Os sintomas estão presentes apenas quando o paciente sabe que está sendo observado. • (D) Submissão insatisfatória à terapia. • (E) Dificuldade para estabelecer um diagnóstico inequívoco. Tipologia da Simulação • a. simulações sem lesão; • b. lesão real mas sem causalidade com o trabalho; • c. lesões não cuidadas, dependentes do trabalho; • d. a introjeção da identidade e do papel de “doente mental”; • e. o doente que esconde a doença. Exame somatoscópico e ao diálogo • Ausência de perturbações emocionais - alucinações sem medo, raiva ou depressão. Em caso de dor, mas estão livres dos sinais que a acompanham. • Ausência de perseveração - coerência na personalidade e na patologia. • Incoerência – êxito em respostas complexas e erro em simples. Falta colaboração ao diagnóstico O ritmo é lento e evasivo, os olhos são menos claros, expressão de desconfiança e medo de serem descobertos . Perito é o árbitro, representa o poder, o concessor. • Pode fingir a depressão e se queixar da fadiga, mas não o frio nas mãos, flacidez muscular, hipotonia, emagrecimento, cabisbaixo ...(representação plástica – diferente de só olhar para o chão) a. - as simulações que não tem lesão (lesão inexistente). • Queixa centrada nos sintomas subjetivos e a subjetividade na psiquiatria é sobretudo o sofrimento. Como se pode lidar com isso? Na clínica médica, seria o sintoma dor, igualmente subjetivo. • O sofrimento alegado organiza-se a partir de um episódio que ele demonstra, ou um delírio que ele constrói. Como refutar que "aquilo" não estaria acontecendo e mesmo determinados tipos de lesões que são "criadas“? Urina, que leva para o exame, com açúcar, ou conseguir o escarro de um tuberculoso, ou RX de um lesionado, p.ex., sem ter nada. b. - lesões que a pessoa apresenta mas que são independente da atividade laborativa. • Ele já possuía antes do ingresso no serviço. São situações pré-contextuais, de antes. • Algumas vezes resulta de um exame seletivo negligente, não muito preciso e que permitiu o ingresso. O trabalhador é admitido e algum tempo depois explode a esquizofrenia, por exemplo, que já existia em estado larvar. Foi negligenciado pelo processo de seleção e admissão. c. - lesões não cuidadas, dependentes do trabalho. • Seriam doenças alimentadas pelo desejo da simulação. Problemas que o indivíduo possui, mas que não cuida, simplesmente deixa correr. Por exemplo, o hipertenso que não se trata, ou um funcionário diabético que não se cuida. • Ou, ainda mais freqüente, os casos de alcoolismo. Existem determinadas repartições que são alcoolicogênicas e não fazem qualquer trabalho para diminuir esses casos. O próprio funcionário, nesse jogo de conveniência, vai aprofundando sua patologia. • Acaba sendo uma situação criada para chegar ao ponto que deseja: ser aposentado e conseguir seus benefícios. d.- o “louco” ou freguês de hospício • No Brasil ainda existe hoje o status do paciente que já esteve hospitalizado em instituição psiquiátrica. Ele se diz "mental" e isso lhe confere um prestígio adicional. "Não mexam com esse aí, ele é mental!”.Trata-se de um papel social. • Deve-se avaliar se o diagnóstico e a gravidade da doença realmente pesam. e. – o que esconde a doença • Outro paradoxo da situação é a dissimulação que seria o inverso. • O paciente nega que tem algum problema para tirar benefício. A simulação pode ser em sentido inverso. • O indivíduo que esconderia algum tipo de problema ou transtorno para não vir a se prejudicar. Detectar a fraude Para as perturbações objetivas, a caracterização da fraude em geral apenas exige • uma boa capacidade de observação do profissional • e uma certa dose de malícia (não ser ingênuo) • para aceitar e interpretar as perturbações psicológicas, morais e socio-econômicas que, em geral, se encontram na base destes comportamentos. • Bem mais difícil é quando a queixa da perturbação é subjetiva, como, por exemplo, a ocorrência de uma dor. • É que, nestes casos, não há como mensurar a queixa, não há como quantificar a dor que me é relatada. • Como mensurar a fobia, o pânico, a ansiedade, a depressão, a astenia? • o maior estimulador da simulação é a negligência. • Requer uma intervenção segura e demorada. • A observação começa pela anamnese bem feita e a história bem detalhada e criteriosa. • Fazer observação direta, ligada ao indivíduo em exame, sozinho e com os acompanhantes. • Observação indireta, por exemplo, entrevistar um familiar. É muito revelador, em termos da psiquiatria, um contato com pessoas próximas, da família, a esposa, a mãe, uma tia, alguém que tenha uma ligação afetiva significativa. • Não só porque ela vai confirmar elementos interessantes da história, como se poderá cruzar informações. O que disse o paciente com o que diz a mãe, a esposa... Estas entrevistas devem ser em separado. Observação seriada • As anotações são importantes para a seqüência das entrevistas periciais • O importante é que se possa repetir a entrevista, noutro dia, noutro mês, com uma idéia de quem é o paciente e como ele se apresentou nos exames anteriores. • O homem é um animal que mente. • As palavras foram conferidas ao homem para que ele possa esconder seu pensamento. • O mesmo não se dá na linguagem das emoções. • O perito deve estar bem mais atento ao olhar, a fisionomia, os olhos, os gestos, a mímica. • Afinal, o perito deve observar tudo aquilo que hoje se convencionou chamar de linguagem não verbal. Lista de Situações Psicossociais anormais (Z55 a Z65) • Z55-Z65 Pessoas com riscos potenciais à saúde relacionados com circunstâncias socioeconômicas e psicossociais • Z55 Problemas relacionados com a educação e com a alfabetização • Z56 Problemas relacionados com o emprego e com o desemprego • Z57 Exposição ocupacional a fatores de risco • Z58 Problemas relacionados com o ambiente físico • Z57 Exposição ocupacional a fatores de risco • • • • • • • • • • Z57.0 Exposição ocupacional ao ruído Z57.1 Exposição ocupacional à radiação Z57.2 Exposição ocupacional à poeira (pó) Z57.3 Exposição ocupacional a outros contaminantes do ar Z57.4 Exposição ocupacional a agentes tóxicos na agricultura (Sólidos, líquidos, gases ou vapores) Z57.5 Exposição ocupacional a agentes tóxicos em outras indústrias (Sólidos, líquidos, gases ou vapores) Z57.6 Exposição ocupacional a temperaturas extremas Z57.7 Exposição ocupacional à vibração Z57.8 Exposição ocupacional a outros fatores de risco Z57.9 Exposição ocupacional a fator de risco não especificado • Z60 Problemas relacionados com o meio social • Z60.0 Problemas de adaptação às transições do ciclo de vida (Adaptação à aposentadoria [pensão] [reforma], Síndrome do “ninho vazio”) • Z60.5 Objeto de discriminação e perseguição percebidas (Perseguição ou discriminação, percebida ou real, com base na participação de algum grupo (definido pela cor da pele, religião, origem étnica etc), ao invés de características pessoais) • Z60.8 Outros problemas relacionados com o meio social Diagnóstico da incapacitação • Incapacitações a- em autocuidado b- no trabalho c- nas relações com a família d- nas relações sociais em geral • A. Autocuidado: higiene pessoal, alimentação, conservação da ordem na moradia. • B. Ocupação: desempenho esperado como trabalhador remunerado, estudante ou dono(a) de casa. • C. Relações com a família: interação com o cônjuge, pais, filhos e outros familiares. • D. Relações sociais em geral: interação com outros indivíduos ou grupos Limites da Psicopatologia • “Nunca se pode reduzir inteiramente o ser humano a conceitos psicopatológicos”. • • “Nosso tema é o homem todo em sua enfermidade”. Karl Jaspers (1883 – 1969) • O conhecimento da psicopatologia de um doente não reduz ou não traduz inteiramente a vida e o significado da existência do ser humano. Bases Psicopatológicas para o Diagnóstico • • • • • • Sinais Sintomas Síndromes Entidades Nosológicas Transtornos Doenças Princípios gerais • Nenhum critério é por si só indicador de conduta anormal. • Nenhum critério é por si só suficiente para definir uma conduta como anormal. • A anormalidade deve ser definida por vários critérios. • Um sintoma isolado não é patológico, pois pode ser encontrado em determinadas circunstâncias em pessoas normais (por exemplo: alucinações). Transtorno • Presença de comportamentos ou padrões de conduta, ou grupo de sintomas bem delimitados e identificáveis na exploração clínica, que na maioria dos casos se acompanha de mal estar ou interfere na atividade da pessoa. Doença • Doença é conceito que visa delimitar uma verdadeira entidade nosológica conhecida, estudada e aceita. • Implica em: – Etiopatogenia e fisiopatogenia – Expressão fenomenológica e curso homogêneos – Fatores e elementos causais determinados – Mecanismos psicológicos e psicopatológicos característicos – Respostas a tratamento homogêneas e previsíveis. – Prognóstico determinado Nem todo sintoma é doença. Nem todo transtorno é doença. Nem toda condição que afeta a saúde é doença. Nem tudo o que é anormal é patológico. Sintomas sem configurar quadro clínico • Repercussões psicossociais dos riscos ocupacionais podem se traduzir em sintomas avulsos temporários e variáveis. • O quanto são doença? • Onde se enquadram? Exemplo: Código Penal • Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. • Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. • Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: • • I - a emoção ou a paixão; • II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. • § 1º É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. • § 2º A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. ALIENAÇÃO MENTAL Estado de dissolução dos processos psíquicos, com falta de auto consciência, por patologia psiquiátrica, neurológica, tóxica, infecciosa ou metabólica, de caráter transitório ou permanente, onde as alterações mentais levam o portador a perder a capacidade de gerir sua pessoa e bens. Não é uma entidade nosológica mas uma manifestação sintomática. A internação psiquiátrica não é igual a alienação mental. • Aposentadoria imediata • Acréscimo de 25% na aposentadoria por invalidez: Artigo 45 – Decreto n° 3048 O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da assistência permanente de outra pessoa será acrescido de 25%, conforme o Anexo I. • (7 – Alteração das faculdades mentais com grave perturbação da vida orgânica e social. 8 – Doença que exija permanência contínua no leito. 9 – Incapacidade permanente para as atividades da vida diária.) ISENÇÃO DE CARÊNCIA Artigo 30 do Decreto 3048 • Tuberculose ativa • Hanseníase • Alienação mental • • • • • • • • • • Neoplasia maligna Cegueira Paralisia irreversível e incapacitante Cardiopatia grave Doença de Parkinson Espondiloartrose anquilosante Nefropatia grave Estado avançado da doença de Paget AIDS Contaminação por radiação. Alienação mental: Não é uma entidade nosológica mas uma manifestação sintomática. A internação psiquiátrica não é igual a alienação mental. A simples presença de transtorno mental não é alienação. Alienação gera incapacidade • a incapacidade civil é a restrição legal ou judicial ao exercício da vida civil, incapacidade de avaliar plenamente a realidade e de distinguindo o lícito do ilícito. • A incapacidade laborativa associada a alienação pode gerar direitos especiais (por exemplo adicional a militares). • Semelhante a complementação previdenciária dada a dependentes totais. • Incapacidade laborativa é um conceito diferente de incapacidade civil. A capacidade laborativa diminuída para alguns doentes mentais permite: • • • • • Trabalho protegido; sob supervisão intensa; sem rigidez de horário; de menores responsabilidades; em locais isolados, sem presença ou contato com o público; • onde não coloquem em risco a si e a terceiros; • com menores fatores de risco e poucos estressores. Diagnósticos mais freqüentes em Psiquiatria Forense : Neuroses: notadamente a obsessivacompulsiva e histérica. Psicoses: esquizofrenias, transtornos delirantes, orgânico-traumáticas e senis. Retardos mentais (oligofrênia). Transtornos de Personalidade ou psicopatias. Dependentes químicos e suas complicações. Transtornos dos Impulsos (compulsões, piromania, jogo). Alterações comportamentais por Epilepsias. Parafilias ou desvios sexuais. Qualquer um pode ficar louco? O que é o nexo causal? • Todo indivíduo chega ao trabalho com seu capital genético, remontando o conjunto de sua história patológica antes do nascimento, à sua existência in útero, e com as marcas acumuladas das agressões físicas e mentais sofridas na vida. Ele traz também seu modo de vida, seus costumes pessoais e étnicos, seus aprendizados. Tudo isso pesa no custo pessoal da situação de trabalho. (Wisner (1994, p. 19). Sigmund Freud • Equação: Predisposição + Vivências 2 tipos de neuroses - do ego - atuais Na psicologia ocupacional organizacional • A viabilização de intervenções profiláticas depende da capacidade do psicólogo de conseguir “superar as relações de determinação entre os fenômenos psicológicos (nexo causal) pelas relações entre as variáveis ou fenômenos presentes na situaçãoproblema a ser investigada ou avaliada” (Cruz, 2002, p. 22). • Psicólogos organizacionais tentam investir na profilaxia. Para o advogado, o promotor, o perito e o juiz, o que importa são as relações de determinação (vínculo, elo, nexo) Nexo causal ou etiológico Nexo causal ou etiológico DESENCADEAMENTO Desencadeamento pela via Neuropsíquica Psicossocial Desencadeamento pela via Neuropsíquica Psicossocial Síndromes Psico-orgânicas Síndromes psiquiátrica funcionais Desencadeamento pela via Neuropsíquica Psicossocial Síndromes Psico-orgânicas Síndromes psiquiátrica funcionais Lesões cerebrais Por intoxicações Conflitos afetivos (paixões, emoções, sentimentos, humor) Tipos de nexo causal na regra • I - nexo técnico profissional ou do trabalho, fundamentado nas associações entre patologias e exposições constantes das listas A e B do anexo II do Decreto nº 3.048, de 1999; • II - nexo técnico por doença equiparada a acidente de trabalho ou nexo técnico individual, decorrente de acidentes de trabalho típicos ou de trajeto, bem como de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele relacionado diretamente, nos termos do § 2º do art. 20 da Lei nº 8.213/91. • III - nexo técnico epidemiológico previdenciário, aplicável quando houver significância estatística da associação entre o código da Classificação Internacional de Doenças-CID, e o da Classificação Nacional de Atividade EconômicaCNAE, na parte inserida pelo Decreto nº 6.042/07, na lista B do anexo II do Decreto nº 3.048, de 1999. Fatores influenciando o estado de saúde e o contato com serviços de saúde • Z59 Problemas relacionados com a habitação e com as condições econômicas • Z60 Problemas relacionados com o meio social • Z61 Problemas relacionados com eventos negativos de vida na infância • Z63 Outros problemas relacionados com o grupo primário de apoio, inclusive com a situação familiar (conjuge, parceiro, divórcio, filhos, doenças familiares, eventos estressantes) Figura 2.1 - Classificação das doenças segundo sua relação com o trabalho CATEGORIA I - Trabalho como causa necessária II - Trabalho como fator contributivo, mas não necessário III - Trabalho como provocador de um distúrbio latente, ou agravador de doença já estabelecida (Adaptado de Schilling, 1984) EXEMPLOS Intoxicação por chumbo Silicose “Doenças profissionais” legalmente reconhecidas Doença coronariana Doenças do aparelho locomotor Câncer Varizes dos membros inferiores Bronquite crônica Dermatite de contato alérgica Asma Doenças mentais Teorização do Tema Saúde Mental e Trabalho • Dentre os modelos de explicação das relações entre saúde mental e trabalho podemos definir duas principais correntes: • a psicopatologia do trabalho denominada psicodinâmica do trabalho a partir dos estudos efetuados por Dejours; • os estudos que tratam da relação entre estresse e trabalho. DEJOURS, C., 1992. Normalidade, trabalho e cidadania. Cadernos CRP, 06: 13-17. • "O trabalho nem sempre aparece, como tendíamos a considerar há dez anos nas pesquisas de Psicopatologia do Trabalho, como uma fonte de doença ou de infelicidade; • ao contrário, ele é às vezes operador de saúde e de prazer. (...) o trabalho nunca é neutro em relação à saúde, e favorece seja a doença, seja a saúde" (p.13). DEJOURS, C., 1986. Por um novo conceito de saúde. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 54(14): 7-11. • O objetivo das pessoas não é o de não fazer nada e, geralmente, para um psiquiatra, quando as pessoas não fazem nada e podem manter-se num estado de inatividade total, é sinal de que estão muito doentes" (p. 10). DEJOURS, C., 1997. A Loucura do Trabalho. São Paulo: Cortez. DEJOURS, C. & ABDOUCHELI, E., 1994. Itinerário teórico em psicopatologia do Trabalho, In: Psicopatologia do Trabalho (M. I. S. Betiol, coord.), pp. 119-143, São Paulo: Atlas. Trabalhar faz mal? Faz bem? • não só as condições desgastantes são fatores inegavelmente desencadeadores de doenças, • mas também o não-trabalho pode ser gerador de enfermidades • mesmo sob condições desfavoráveis, o trabalho pode produzir, de alguma forma, um certo grau de satisfação nas pessoas, bem como pode ser propiciador do equilíbrio mental e da saúde. • Para Dejours (1997), o trabalho inclusive pode conferir ao organismo "uma resistência maior contra a fadiga e a doença, contra os tóxicos industriais, os vírus e as condições climáticas" Dialética do trabalho • ao mesmo tempo que oprime, liberta; • produz saúde e doença; • é fonte de prazer e de angústia. Trabalho e normalidade • Sob o ponto de vista metodológico, a Psicopatologia do Trabalho não vai enfatizar a doença mental mas sim a normalidade: • "não se trata mais de pesquisar, observar ou descrever as doenças mentais do trabalho, mas de considerar que, em geral, os trabalhadores não se tornam doentes mentais do trabalho" (Dejours & Abdoucheli, 1994: 126-127). Defesas • O indivíduo é capaz de reagir e de se defender das forças oriundas das pressões do trabalho que poderiam empurrá-lo para a doença mental, utilizando para isso as "estratégias de defesa" – individuais ou coletivas – na busca de um bem-estar. Fim do sofrimento? • Em outros termos, a Psicopatologia do Trabalho não propõe eliminar o sofrimento, mas sim transformá-lo em algo criativo. • O sofrimento, desta forma, pode ser positivo porque mobiliza para a descoberta de novas estratégias de defesa, a fim de que o indivíduo possa manter-se na normalidade. Personalidade e reações pessoais • Daí também, a importância de levar-se em conta a trajetória do sujeito, a sua história anterior, a sua experiência acumulada, já que estas influenciam nas respostas dadas às diversas situações. • explorar o sofrimento não com o intuito de negá-lo, mas de superá-lo através da mobilização da "inteligência astuciosa“. A centralidade do trabalho • O trabalho aparece de tal forma preenchendo a vida das pessoas que podemos imaginar o quanto a sua supressão representa para elas, principalmente no período pósaposentadoria. Preparar a aposentadoria? • Não raro são os relatos em que os idosos descreveram que sentiam um imenso vazio em suas vidas, uma total falta de referência em relação às suas expectativas, projetos e possibilidades após o afastamento do trabalho. Psiquiatria e Doenças do Trabalho • Complexidade inerente à tarefa de definir-se claramente a associação entre tais distúrbios e o trabalho desenvolvido pelo paciente. Um exemplo bibliográfico Uma Pesquisa • GLINA, Débora Miriam Raab et al . Saúde mental e trabalho: uma reflexão sobre o nexo com o trabalho e o diagnóstico, com base na prática. Cad. Saúde Pública , Rio de Janeiro, v. 17, n. 3, June 2001 . • Disponível em: <http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0102311X2001000300015&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 06 June 2009. • Resumo São apresentados sete casos de saúde mental, dentre os 150 atendidos nos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador de Santo Amaro e André Gabois, no período de 1994 a 1997. Com base na análise das anamneses e prontuários, buscou-se caracterizar as situações de trabalho, discutir o estabelecimento do diagnóstico e do nexo causal com o trabalho. • As situações de trabalho caracterizaramse por: condições de trabalho nocivas, problemas relacionados à organização do trabalho, gestão inadequada de pessoal e violência. • Os quadros clínicos mostraram a existência de medo, ansiedade, depressão, nervosismo, tensão, fadiga, mal-estar, perda de apetite, distúrbios de sono, distúrbios psicossomáticos (gastrite, crises hipertensivas), além disso, ocorreu contaminação involuntária do tempo de lazer, ou seja, os trabalhadores sonhavam com o trabalho, não conseguiam "desligar-se". • Os diagnósticos foram variados. Em três casos tivemos síndromes póstraumáticas ligadas a assaltos. Dois casos referem-se a quadros psicóticos orgânicos ligados a acidentes ou exposição a produtos químicos. Apareceram ainda síndromes neuróticas de fadiga, depressivas, paranóides, de adaptação e de reação ao estresse grave. Em todos os casos foi possível relacionar o quadro clínico com a situação de trabalho. Alguns Casos Diagnóstico segundo a CID 10: • 1. Foi dado o diagnóstico de Síndrome Traumática Pós-Assalto (F43-1 Estado de Estresse PósTraumático, CID 10). • Diagnóstico de F43.1, evoluiu para F43.2 (Estado de Estresse Pós-Traumático e (Transtornos de Adaptação). • O assalto representou o trauma, que foi agravado pela readaptação para a função de agente de segurança. • Readaptada para a função de agente de segurança e, depois de afastamento psiquiátrico, viu-se "encostada" no setor de contabilidade e passou a apresentar diferentes sintomatologias, com quadros depressivos e repetida alternância de reafastamento/retorno ao trabalho. • INSS, não reconheceu o quadro como doença do trabalho. • Obteve auxílio-doença previdenciário. • 2. O CRST elaborou relatório com diagnóstico de Síndrome de Fadiga (F48.0 - Neurastenia, CID 10). • 3. Quadro Psico-orgânico Psicótico decorrente de exposição prolongada a Organofosforados (T-60.0 CID 10). • 4. Síndrome Depressiva Paranóide (F43.2 - Transtornos de Adaptação). O paciente foi encaminhado ao INSS com relatório, tendo recebido auxílio-doença previdenciário. 5. Diagnósticos S06.9 (Traumatismo Intracraneano) e F09 (Psicose Orgânica). Recebe do INSS auxílio-doença previdenciário, que tenta transformar em auxílio-acidentário, mediante processo em trâmite junto à Justiça do Trabalho. • 6. • Após o assalto teve dez dias de licença, mas voltou ao trabalho três dias antes, porque o Banco precisava dele. • Ficou nervoso (sic) , "abalado", "um trapo em pé", com hipertensão arterial sistêmica, cefaléia. • Chegou a deixar crescer barba e bigode para não ser reconhecido pelos bandidos. • O diagnóstico dado foi de transtorno de estresse pós-traumático (F43.1), reação ao estresse grave (F43.8) e reação depressiva (F32). Dano corporal Dano psíquico Dano moral Dano Moral • Argumenta ter havido diminuição de um patrimônio • e ofensa de bem juridicamente protegido, • por culpa ou dolo do agente, • entendendo, neste sentido, tanto o dano aquiliano, que resulta do ato ilícito, • como o dano contratual, fundado na ofensa à obrigação contratual. • Considera-se dano moral a dor subjetiva, dor interior que fugindo à normalidade do dia-a-dia do homem médio venha a lhe causar ruptura em seu equilíbrio emocional interferindo intensamente em seu bem estar. • Além de motivos fúteis que fundamentam as exordiais de ação por danos morais, existem aqueles que baseiam-se na concupiscência de alguns desafortunados que utilizam-se do instituto com o fito de locupletar-se às custas, máxime de pessoas jurídicas de direito público e privado. Exemplos que não caracterizam dano moral MARINS, Felipe Fernandes. Dano moral ou mero aborrecimento? . Jus Navigandi, Teresina, a. 7, n. 60, nov. 2002. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?i d=3540>. • Ação ajuizada pelos filhos dezessete anos após a morte do pai (Bol. AASP 2133/1196); • - Abertura de Inquérito Policial decorrente de falsa atribuição de crime (JTJ-LEX 216/191); • - Extravio de bagagem, pois a simples sensação de desconforto, de aborrecimento, causado pela perda ou extravio de bagagem durante uma viagem, não constitui dano moral, suscetível de constituir objeto de reparação (RSTJ 471/15); • • - Recusa de cheque por estabelecimento comercial (JTJ-LEX 206/94); • - Revista pessoal em empregados da empresa para evitar furtos (RT 772/157); • - Venda indevida de jóia penhorada, pois deferimento de tal pretensão implicaria em admitir que todo fato lesivo provoca necessariamente, per se, danos morais (RT 747/445). • - Sedução de mulher maior, funcionária pública, de boa formação escolar, com promessa de casamento. Conceito de Dano Moral • violação de algum dos direitos inerentes à personalidade. • Os elementos que configuram o dano moral são: • o dano estético, • o dano à intimidade, • o dano biológico (vida), • o dano psíquico e • o dano à vida de relação (tais como a honra, a dignidade, honestidade, imagem, nome e liberdade). Dano moral vinculado a dano psíquico • A perícia mais difícil continua sendo as injúrias emocionais que resultaram em um Dano Psíquico. • Para esse diagnóstico há, pois, a necessidade imperiosa de 4 elementos: • 1. – Um prejuízo na performance da pessoa decorrente de alteração mórbida de alguma esfera psíquica que nunca existira antes do ocorrido; • 2. – Uma causa ou evento relevante, diretamente relacionado e a partir do qual a alteração mórbida da esfera psíquica passou a existir; • 3. – Um diagnóstico médico preciso (normalmente utilizando as classificações internacionais) de qual seria essa alteração psíquica mórbida. • 4. – Que o prognóstico do dano seja concretamente ruim, ou seja incapacitante e permanente. • Como definir essa tal “incapacidade"? • A rigor, a doença psíquica que o perito diagnostica como incapacitante deve prejudicar de maneira permanente uma ou varias funções da pessoa que a apresente: • - Incapacidade para desempenhar suas tarefas habituais. • - Incapacidade para trabalhar. • - Incapacidade para ganhar dinheiro. • - Incapacidade para relacionar-se. Critérios, sem os quais o laudo que atesta o Dano Psíquico seria facilmente contestado • a) Estabelecer com clareza uma dimensão clínica para o problema atual, ou seja, um claro e preciso diagnóstico médico, preferentemente baseado nos critérios do CID-10 sobre o estado atual do examinado. • b) uma dimensão psicopatológica evolutiva, seguindo os conceitos jasperianos de “fase” , “reação”, “processo” e “desenvolvimento” do quadro atual. • Esse é um dos critérios mais suficientemente idôneos para argüir se o estado atual é, de fato, uma doença que se desenvolveu como conseqüência de um evento (desenvolvimento) ou uma mera continuação de um estado mórbido prévio que já vinha paulatinamente agravando-se (processo). • c) uma dimensão causal, a qual deve ser clara e não deixar dúvidas, estabelecendo-se a relação entre o estado atual e o evento danoso. • d) uma dimensão práxica. Nesse caso o perito verificará se a pessoa dispunha de qualidades, habilidades e aptidões mentais que foram irremediavelmente perdidas. • e) uma dimensão cronológica ou temporal do dano. Nesse item procuramos atestar a transitoriedade ou permanência dos transtornos mentais diagnosticados, referindo quais as possibilidades da doença passar a ser crônica ou temporária. Não devem considerar-se como Dano Psíquico: • - Sintomas psíquicos isolados que não constituem uma doença psíquica característica; • - Doenças que não tenham aparecido por causa do evento. Isso significa que, às vezes a pessoa pode se encontrar doente, mas seu estado atual pode ser apenas um momento evolutivo de alguma doença anterior. • - Quadros psíquicos que não tenham relação causal com o acontecimento alegado. • - Quadros não incapacitantes, ou seja, aqueles que não tenham ocasionado um prejuízo nas aptidões mentais prévias. • - Quadros transitórios ou não cronificados. • Este critério serviria apenas para questões de indenização. • Muito embora Transtornos Mentais transitórios possam ter relação causal com o evento alegado, por serem susceptíveis de tratamentos temporários eles são passíveis de licenças e não de indenização. Em medicina legal, a incapacidade indenizável é aquela de natureza crônica e definitiva. Dano psíquico não é mero incômodo ou mero aborrecimento Genival Veloso de França (do livro Medicina Legal, Ed. Koogan, RJ) • 1 – Questões de natureza penal. 1.1 – Se do dano resultou incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta (30) dias. 1.2 – Se do dano resultou debilidade permanente de membro, sentido ou função. 1.3 – Se do dano resultou perda ou inutilização de membro, sentido ou função. • 1.4 – Se do dano resultou aceleração do parto. 1.5 – Se do dano resultou aborto 1.6 – Se do dano resultou incapacidade permanente para o trabalho. 1.7 – Se do dano resultou uma enfermidade incurável. 1.8 – Se do dano resultou deformidade permanente. • 2 – Se do dano resultou incapacidade temporária. 2.1– Se do dano resultou "quantum doloris 2.2– Se do dano resultou incapacidade permanente. 2.3– Se do dano resultou prejuízo de afirmação pessoal. 2.4 - Se do dano resultou prejuízo futuro. • 3. Questões de natureza administrativa. • 4. Questões de natureza trabalhista. • Não podemos considerar Dano Psíquico aqueles casos onde o evento traumático "agravou, acelerou ou evidenciou" uma doença que já existia, e que esta constitui a verdadeira causa do estado atual da pessoa. • O Dano Psíquico significa • “uma doença psíquica nova na biografia de uma pessoa, relacionada causalmente com um evento traumático (acidente, doença, delito), que tenha resultado em um prejuízo das aptidões psíquicas prévias e que tenha caráter irreversível ou, ao menos durante longo tempo”. • No direito penal o Dano Psíquico corresponde às “lesões graves que resultaram em prejuízo emocional provavelmente ou certamente incurável ou, menos drasticamente, em doença que incapacita por mais de trinta dias.” Partes importantes da Perícia • Estabelecimento do nexo causal • Determinação do estado anterior • Estudo da simulação e da metassimulação Nexo Grupos de doenças relacionadas ao trabalho, segundo Schilling • o trabalho atua: • a) como causa necessária; • b) como fator contributivo, mas não necessário; • c) como provocador de um distúrbio latente ou agravador de doença já estabelecida • o trabalho é causa necessária (Tipo I)? • Fator de risco contributivo de doença de etiologia multicausal (Tipo II)? • Fator desencadeante ou agravante de doença pré-existente (Tipo III)? • No caso de doenças relacionadas com o trabalho, do tipo II, as outras causas, não ocupacionais, foram devidamente analisadas e hierarquicamente consideradas em relação às causas de natureza ocupacional?