Alerta (Hantavírus)

Propaganda
Tendo em vista aumento de casos de Síndrome Pulmonar por Hantavírus (SPH) em alguns países
da Região em 2012, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) / Organização Mundial da
Situação
Atual recomenda que os Estados Membros continuem os esforços para detecção,
Saúde (OMS)
investigação, relato e manejo de casos para a prevenção e controle de infecções causadas por
hantavírus.
Nas Américas, a Síndrome Pulmonar por
Hantavírus (SPH) foi registrada nos últimos anos
na Argentina, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile,
Equador, Panamá, Paraguai, Estados Unidos da
América, Uruguai e Venezuela.
Na Argentina, desde 1997, foram detectados uma
média de 83 casos de SPH, por ano. Em 2011, os
casos anuais foram o dobro da média anual
registrada anteriormente. Em contraste, em 2012
e, até a semana epidemiológica (SE) 35 de 2013,
os casos mantiveram-se abaixo da média anual,
demonstrando um declínio.
No Canadá, enquanto a SPH continua a ser muito
rara, casos têm sido registrados anualmente e
têm demonstrado um padrão sazonal, com
aumentos registrados principalmente durante a
primavera e outono, nos meses março-maio e
setembro-novembro. Desde 2000, quando a SPH
se tornou de notificação obrigatória em nível
nacional, um total de 64 casos foram confirmados,
com nenhum caso em 2009 e, em 11 de outubro
de 2013, foram registrados 12 casos. O número de
casos confirmados em 2013, até o momento, já
ultrapassou o número dos últimos 14 anos.
Geograficamente, a maioria dos casos ocorreu nas
províncias do oeste do Canadá, incluindo Alberta,
British Columbia, Manitoba e Saskatchewan.
Síndrome Pulmonar por Hantavírus (CIE
-10 B33.4)
A Síndrome Pulmonar por Hantavírus
(SPH) é uma doença viral zoonótica
caracterizada por sintomas de febre,
mialgia e queixas gastrointestinais,
seguidos por início súbito de angústia
respiratória e hipotensão. O agente
causal pertence ao gênero Hantavirus,
da família Bunyaviridae. A infecção é
adquirida principalmente através da
inalação de aerossóis ou contato com
excrementos de roedores infectados. Os
roedores Muridae/Cricetidae têm sido
tradicionalmente
considerados
reservatórios de hantavírus, embora
alguns estudos descrevem a presença de
vírus em uma ampla variedade de
espécies, tais como musaranhos e
morcegos. O período de incubação varia
entre alguns dias até seis semanas. A
taxa de letalidade pode chegar a 3550%.
No Chile, há uma média de 67 casos por ano desde 1995, a doença aparece principalmente nos
meses de primavera e verão (setembro a março). No entanto, em 2011, os casos aumentaram
entre junho e outubro, coincidindo com o aumento das populações de roedores, principalmente
nas regiões de Los Lagos e Aysén. Os incêndios florestais na região central e sul do Chile, no início
de 2012, levaram à migração de roedores para outras áreas do país. Um alerta de saúde em
Hantavirus foi emitido em 2012 para a região de Biobío e para a província de Malleco. A partir da SE
40 de 2013, 33 casos de Síndrome Cardiopulmonar e 3 casos leves foram confirmados, um número
menor do que os confirmados em 2011 e 2012.
No Paraguai, a SPH foi detectada pela primeira vez em 1995, na região do Chaco. Em 2011, foram
notificados 56 casos , em 2012 foram 18 casos e, a partir da SE 40 de 2013 dois casos foram
relatados .
No Panamá, tem sido confirmados casos de SPH desde 1999, com uma média anual de 12 casos .
No entanto, em 2012, foram notificados 16 casos e, até 21 de agosto de 2013 , houve 14 casos
confirmados .
Nos Estados Unidos da América , desde 1993, foram registrados casos confirmados de SPH em 34
estados , com uma média anual de 29 casos. Em 2012, foram notificados 30 casos e em 21 de
setembro de 2013, foram relatados sete casos. Em 2008 , o primeiro caso autóctone de febre
hemorrágica com síndrome renal causada pelo vírus Seoul foi confirmado .
No Uruguai, têm sido confirmados casos de SPH desde 1997, com uma média anual de nove casos.
Os departamentos de Canelones e Montevidéu têm relatado o maior número de casos. O primeiro
caso registrado no norte do Uruguai foi em 2010.
Recomendações
Dado o aumento dos casos de infecção por hantavírus em alguns países da região em 2012 e início
de 2013 , a Organização Pan -Americana da Saúde (OPAS)/Organização Mundial da Saúde (OMS)
recomenda que os Estados Membros continuem os esforços para detecção, investigação,
comunicação e manejo de casos, para a prevenção e controle de infecções causadas pelo
hantavírus. A OPAS/OMS recomenda o seguinte:
Vigilância e investigação de surtos
A vigilância da SPH deve ser parte de um sistema nacional de vigilância abrangente e deve incluir
componentes clínicos, laboratoriais e ambientais. O aumento de casos em qualquer área onde a
transmissão do hantavírus é endêmico deve desencadear uma investigação e pode proporcionar
uma oportunidade para ampliar o conhecimento sobre o vírus.
O aparecimento de um único caso em uma área onde não há a ocorrência anterior de infecção por
hantavírus deve ser desencadeada uma avaliação médica e epidemiológica abrangentes, uma
análise de risco individual, análise do fator de exposição, e ainda uma avaliação ecológica/
ambiental para o desenvolvimento futuro de estratégias de prevenção e controle.
Critérios para diagnóstico por laboratório de estudos

Presença de anticorpos IgM específicos para hantavírus , ou um aumento de quatro vezes ou
mais nos títulos de anticorpos IgG , ou

Reação positiva da transcriptase reversa , seguida de reação em cadeia da polimerase (RT PCR), para o RNA hantavírus , ou

Resultados positivos na imunohistoquímica para antígenos de hantavírus.
Manejo de casos
Identificação precoce dos casos e cuidados médicos oportunos proporcionam a melhora clínica.
Para levantar a suspeita de SPH iminente, os médicos devem avaliar uma combinação de três
fatores: dados epidemiológicos para a orientação da possível exposição, manifestações de febre,
mialgia, e trombocitopenia . Um sinal precoce é a alteração na contagem de plaquetas, se uma
diminuição na contagem é detectada, o paciente deve ser internado para observação .
Os cuidados durante as fases iniciais da doença devem incluir antipiréticos e analgésicos de acordo
com a necessidade. Em algumas situações, os pacientes devem receber antibióticos de amplo
espectro, enquanto aguarda a confirmação do agente etiológico.
A eficácia do tratamento clínico em grande parte depende da administração cuidadosa de soluções
endovenosas, monitoramento hemodinâmico e suporte ventilatório. Dada a rápida progressão da
SPH, o manejo clínico Deve incidir sobre o monitoramento hemodinâmico do paciente, gestão de
fluidos e suporte ventilatório.
Casos graves devem ser imediatamente transferidos para unidades de terapia intensiva (UTI).
Prevenção e Controle
As campanhas de sensibilização devem ter como objetivo aumentar a detecção e o tratamento
precoce da doença, bem como prevenir sua ocorrência, reduzindo o contato das pessoas com
roedores. Campanhas devem ser direcionadas tanto para os profissionais de saúde quanto para o
público em geral.
Recomenda-se a implementação da gestão ambiental integrada, com o objetivo de redução das
populações de roedores. As medidas devem ser adaptadas às realidades locais.
As medidas preventivas devem cobrir os riscos ocupacionais e os relacionados ao ecoturismo.
Atividades de turismo mais usuais impõem pouco ou nenhum risco de exposição de viajantes para
roedores ou materiais potencialmente infectados. Entretanto, as pessoas que realizam atividades
ao ar livre: como acampar ou fazer caminhadas, devem tomar precauções para reduzir uma
possível exposição a material biológico. Assim, é fundamental que as autoridades informem tais
riscos e as ações preventivas a essas pessoas.
Salientamos que no Brasil, as orientações sobre Hantavirose devem seguir as
preconizadas pelo Ministério da Saúde, contidas no Guia de Vigilância Epidemiológica
– Caderno 8: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/gve_7ed_web_atual.pdf
Referências
1. The control of communicable diseases. Heymann, David, Editor. 19th edition.
American Public Health Association, 2008.
2. Integrated Monitoring Bulletin / N° 190 - SE 39 – 2013. Argentina Ministry of Health.
Available at: http://www.msal.gov.ar/index.php/home/boletin-integrado-de-vigilancia
3. Hantavirus situation in Argentina 2011. Argentina Ministry of Health. Available at:
http://www.msal.gov.ar/zoonosis/index.php/informacion-para-equipos-desalud/hantavirus
4. Reports and situation analysis. Hantavirus Pulmonary Syndrome. Ministry of Health of
Chile. Available at: http://epi.minsal.cl/vigilancia-epidemiologica/enfermedades-denotificacion-obligatoria/vigilancia-hantavirus/
5. Executive summary of Hantavirus from epidemiological week 1 to 52 of 2012 (to
29/12/2012).
Ministry
of
Health
of
Chile.
Available
at:
http://epi.minsal.cl/epi/html/bolets/reportes/Hantavirus/Hanta_SE522012.pdf
6. Weekly report: Cardiopulmonary syndrome (HCPS) and mild hantavirus (3 October
2013) Ministry of Health of Chile. Available at: http://epi.minsal.cl/informe-situacionepidemiologica-hantavirus-3/
7. Hantavirus surveillance in the United States. Centers for Disease Control and
Prevention.
Last
updated
5
August
2013.
Available
at:
http://www.cdc.gov/hantavirus/surveillance/index.html
8. Morbidity and Mortality Weekly Report MMWR / September 27, 2013 / Vol.62 / No 38.
Available at: http://www.cdc.gov/mmwr/mmwr_wk/wk_cvol.html
9. Domestically acquired Seoul virus causing hemorrhagic fever with renal syndromeMaryland, 2008. Woods C, Palekar R, Kim P, Blythe D, de Senarclens O, Feldman K, et
al. Clinical Infectious Diseases 2009. 15;49(10):e109-12. Available at:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19848600
10. Weekly Bulletin Epidemiological Week No. 39-2012. Panama Department of
Epidemiological
Surveillance.
Available
at:
http://www.minsa.gob.pa/sites/default/files/publicaciongeneral/resumen_ejecutivo_se_39_2012.pdf
11. Weekly and Epidemiological Bulletin. Epidemiological Week 40 of 2013. Ministry of
Public
Health
and
Social
Wellness
of
Paraguay.
Available
at:
http://vigisalud.mspbs.gov.py/images/documentos/boletines/2013.10.11%20boletin%
20epidemiologico.pdf
12. National Hantavirus Situation in Uruguay 2011. Ministry of Public Health. Available at:
www.msp.gub.uy/andocasociado.aspx?6628,23176
13. The seroprevalences of anti-hantavirus IgG antibodies among selected Venezuelan
populations. Rivas Y.J., Moros Z., Moron D., Uzcategui M.G., Duran Z., Pujol F.H., et al.
Annals of Tropical Medicine & Parasitology, 2003: Vol. 97, No. 1, 61–67. Available at:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12662423
14. Hantavirus in the Americas: Guidelines for diagnosis, treatment, prevention and
control.
Available
at:
http://www1.paho.org/english/ad/dpc/cd/hantavirusamericas.htm
Download