Universidade Federal do Rio de Janeiro – Instituto de Fı́sica – Fı́sica III – 2012/2 Prova Final: 25/02/2013 Versão: A Formulário I 1 q ~ e = qE ~ , ~ = k0 q r̂ ~ ·dA ~ = Qint , ~ = −∇V ~ , F E E , onde k = E V = k0 , 0 r2 4πǫ0 ǫ0 r S Z qq ′ 1 ~ ·dA ~ , ~ = nq~v , U = k0 J J V = RI , , C = Q/V , uE = ǫ0 E 2 , I= r 2 S I ~ ~ m = q~v × B ~ , ~ m = Id~ℓ × B ~ , ~ A ~ = 0, ~ = µ0 Idℓ × r̂ , F dF B·d dB 4π r 2 S I dΦ ~ 1 B2 ~ ~ · d~ℓ = µ0 Ienc + µ0 ǫ0 dΦE B , Eind = − B , ΦB uB = ; ~ [1] = LI1 + MI2 , dt dt 2 µ0 C 1 − cos (2θ) , sen θ = 2 2 Seção 1. 1 + cos (2θ) cos θ = , 2 2 sen (2θ) sen θ cos θ = 2 Múltipla escolha (10×0,5 = 5,0 pontos) 1. Em um dado instante, uma espira de cobre encontrase em repouso, com uma parte dentro de uma região com campo magnético e a outra fora, conforme mostra a figura. Suponha que, nesse instante, o campo magnético comece a aumentar em intensidade. Qual das opções melhor descreve o que ocorrerá com a espira? 2. Considere dois pequenos dipolos elétricos: o primeiro encontra-se no eixo Y, com seu centro na origem O, e é formado por partı́culas (pontuais) de cargas q > 0 e −q, enquanto o segundo encontra-se no eixo X e é formado por partı́culas (pontuais) de cargas q ′ > 0 e ~ 1→2 a força eletrostática exer−q ′ (cf. figura). Seja F cida pelo dipolo 1 sobre o diplo 2. Podemos afirmar que: (a) A tensão nos fios aumentará, mas a espira não sairá do repouso. (a) (b) A espira será empurrada para cima, no sentido do topo da página. (b) (c) A espira será empurrada para baixo, no sentido da base da página. (c) (d) A espira será empurrada para a esquerda, para a região com campo magnético. (d) (e) A espira será empurrada para a direita, para a região sem campo magnético. (e) 1 ~ 1→2 é nula e o torque sobre o dipolo 2 tende F a girá-lo no sentido horário. ~ 1→2 é nula e o torque sobre o dipolo 2 tende F a girá-lo no sentido anti-horário. ~ 1→2 tem o sentido de −ŷ e o torque sobre o F dipolo 2 tende a girá-lo no sentido horário. ~ 1→2 tem o sentido de ŷ e o torque sobre o diF polo 2 tende a girá-lo no sentido anti-horário. ~ 1→2 tem o sentido de −ŷ e o torque sobre o F dipolo 2 tende a girá-lo no sentido anti-horário. 3. Considere um dipolo magnético no centro de um cubo de lado L1 , que, por sua vez, está inscrito em uma superfı́cie esférica de raio R. Considere, ainda, no lado de fora da esfera, uma superfı́cie tetraédrica regular, de lado L2 . Designando o fluxo do campo magnético resultante através das superfı́cies cúbica, esférica e tetraédrica por ΦC , ΦE e ΦT , respectivamente, temos 6. Considere um sistema constituı́do por um solenóide ideal, de N voltas, comprimento ℓ muito grande e seção reta circular, de raio R, junto com um anel circular de raio a. Tal anel encontra-se totalmente dentro do solenóide e a perpendicular ao seu plano faz um ângulo θ com o eixo do solenóide. Qual é a indutância mútua entre o solenóide e o anel? (a) ΦC < ΦE < ΦT . (a) µ0 πNa2 sen θ/ℓ . (b) ΦC > ΦE > ΦT . (b) µ0 πNa2 /ℓ . (c) ΦC = ΦE = ΦT . (c) µ0 πNa2 /(ℓ cos θ) . (d) ΦC = ΦE > ΦT . (d) µ0 πNa2 cos θ/ℓ . (e) ΦC = ΦE < ΦT . (e) µ0 πNa2 /(ℓ sen θ) . 4. Considere uma partı́cula (pontual) de carga q > 0, circundada por uma casca (espessa) condutora, com carga 3q. O sistema encontra-se em equilı́brio eletrostático. Em relação aos fluxos Φi (i = 1, 2, 3), do campo elétrico resultante, através das superfı́cies gaussianas tracejadas Si (i = 1, 2, 3), podemos afirmar que (a) Φ3 > Φ1 > Φ2 . (b) Φ2 > Φ1 > Φ3 . (c) Φ3 > Φ2 > Φ1 . (d) Φ3 > Φ1 = Φ2 . (e) Φ2 = Φ3 > Φ1 . 7. Uma barra de cobre retilı́nea, de comprimento L e resistência R, desliza, sobre trilhos também condutores (de resistências desprezı́veis), em uma região de ~ constante (estacionário e unicampo magnético B forme), sendo sua velocidade ~v mantida constante às custas da ação de uma força externa. Qual é a expressão para tal força externa? 5. Uma corrente estacionária, retilı́nea, de intensidade I, bifurca-se em duas iguais, que percorrem os lados de um losango, juntando-se novamente no vértice oposto, conforme mostra a figura. Qual é o módulo do campo magnético resultante no centro do losango? (a) (b) (c) (d) (e) 2µ0 I πL 2µ0 I πL 0. 2µ0 I πL 2µ0 I πL (a) (cos θ1 + cos θ2 ) . (b) (sen θ1 + sen θ2 ) . (c) . (d) | cos θ1 − cos θ2 | . (e) 2 B 2 L2 v x̂ . R B 2 L2 v − x̂ . R B 2 L2 v ŷ . R B 2 L2 v − ŷ . R B 2 L2 v ẑ . R 10. Uma esfera sólida, condutora, neutra é colocada entre as placas condutoras, planas e paralelas, que constituem um capacitor. O capacitor está carregado e, na situação de equilı́brio eletrostático, a distribuição de cargas na superfı́cie da esfera é não uniforme, como mostra a figura. Sobre o potencial eletrostático nos pontos a, b, c e d, indicados na figura, é correto afirmar que 8. A figura ilustra o corte transversal de um capacitor de placas planas e paralelas, cuja região interna está preenchida por três meios isolantes de constantes dielétricas todas diferentes. Pensando tal capacitor como uma associação de três “sub-capacitores”, qual das opções melhor representa o capacitor equivalente? (a) [2,5 pontos] Considere uma semicircunferência de raio R. Escolhemos os eixos cartesianos retangulares de forma que tal semicircunferência esteja no plano X Y e o seu centro O coincida com a origem dos eixos. Além disso, a semicircunferência está carregada com uma distribuição não uniforme, cuja densidade (linear) é dada por λ(θ) = λ0 sen θ, onde λ0 = const e θ é o usual ângulo polar. (a) Determine a carga total da semicircunferência. [0,5 ponto] (b) Determine o campo elétrico devido a tal semicircunferência na origem O. [1,0 ponto] (c) Determine o potencial eletrostático devido a tal semicircunferência na origem O, supondo-o nulo em pontos infinitamente afastados. [1,0 ponto] (b) (c) (d) (e) 9. Considere uma esfera (sólida), de raio R, com uma densidade de carga estacionária, mas não uniforme, dada por ρ = C/r, com C constante, onde r é a distância até o centro da esfera. Qual é o trabalho realizado pela força elétrica, ao deslocarmos uma partı́cula de teste, com carga q, desde um ponto com r = a > R até um outro com r = b > R? qCR2 1 1 − . (a) 2ǫ0 b a qCR2 1 1 (b) . − 2ǫ0 a b qCR2 1 1 − (c) . ǫ0 b a qCR2 1 1 (d) − . ǫ0 a b qCR2 1 1 − . (e) 3ǫ0 a b (a) V (a) > V (b) > V (c) > V (d) . (b) V (a) < V (b) < V (c) < V (d) . (c) V (a) > V (b) = V (c) > V (d) . (d) V (a) < V (b) = V (c) < V (d) . (e) V (a) = V (d) > V (c) = V (b) . (f) Não é possı́vel especificar a relação entre os potenciais sem que seja definida a posição onde V = 0. 2. [2,5 pontos] Temos um fio de cobre de comprimento total L, área de seção reta e resistividade uniformes, tal que sua resistência elétrica total seja R. Esse fio apresenta dois trechos retilı́neos (com extremidades livres) paralelos ao eixo X e uma dobra circular. As extremidades do fio são movimentadas de forma a ter o raio da dobra circular variando no tempo através 2 da função r(t) = ae−bt , onde a e b são constantes positivas, enquanto o tempo é tomado no intervalo −∞ < t < ∞ . Sabese, ademais, que a dobra no fio mantém em contato elétrico o ponto 2 onde a parte circular se completa e que, ortogonal ao plano da figura, existe um campo magnético externo constante ~ = −Bẑ (B > 0), no qual o aparato (estacionário e uniforme) B está imerso. (a) Determine o fluxo ΦB ~ (t) do campo magnético externo através da dobra circular. [0,5 ponto] (b) Desprezando a auto-indutância e capacitância do fio, determine a intensidade da corrente elétrica induzida Iind (t) no fio, levando em conta a resistência elétrica efetiva do trecho por onde passa corrente, e indique, explicitamente, o sentido de tal corrente na dobra circular, para t < 0 e t > 0. [1,0 ponto] (c) Indique, nos quatro pontos assinalados na figura, a direção e o sentido da força magnética sobre o fio, para t < 0 e para t > 0. [1,0 ponto] Seção 2. Questões discursivas (2×2,5 = 5,0 pontos) 1. 3 4 3 5 Finalmente Gabarito para Versão A Seção 1. Ey = − Múltipla escolha (10×0,5 = 5,0 pontos) λ0 , 8ǫ0 R ou seja, λ0 ~ ŷ . E(O) =− 8ǫ0 R 8. (a) 1. (e) 2. (e) 3. (c) (c) Já considerando que o potencial é 0 em pontos infinitamente afastados da semicircunferência, cada elemento infinitesimal dl, gera um potencial eletrostático de: 4. (a) dV = 5. (c) 6. (d) 9. (b) 7. (b) 10. (d) 1 dQ . 4πǫ0 R Uma vez que a distância R é sempre a mesma, todos os elementos contribuem com o mesmo potencial. Portanto, o potencial resultante é Z 1 Q . V (O) = dV = 4πǫ0 R Seção 2. Questões discursivas (2×2,5 = 5,0 pontos) Utilizando o resultado do item (a): 1. Resolução: (a) Tendo a semicircunferência uma densidade linear de carga λ, a carga de um elemento infinitesimal de arco dl será: dQ = λdl = λ0 sen θRdθ . Portanto, a carga total armazenada na semicircunferência será: Z π Q= Rλ0 sen θdθ = Rλ0 [− cos θ|π0 ] , 0 V (O) = λ0 . 2πǫ0 2. Resolução: ~ através de uma superfı́cie S fornecido pela integral (a) Sendo o fluxo do campo magnético B Z ~ · dA ~ B ΦB~ = S ou seja, ~ é ortogonal a superfı́cie S em cada ponto, então no caso da dobra circular existente no fio, ao onde o vetor dA ~ escolhermos dA = −dA ẑ e considerarmos que o campo magnético é uniforme, encontraremos que Z Z Z B dA (ẑ · ẑ) = B dA = BA = πr 2 B. B(−ẑ) · dA(−ẑ) = ΦB~ = Q = 2Rλ0 . (b) Cada elemento infinitesimal de arco dl, produz um campo elétrico S ~ = − 1 λdl r̂ . dE 4πǫ0 R2 onde o vetor unitário r̂ é o que vai da origem dos eixos ao elemento infinitesimal. Analisando a simetria do problema, verifica-se que um elemento infinitesimal de ângulo θ e um outro de ângulo π − θ vão produzir um campo elétrico de mesma componente dEy e de componentes opostas dEx . Dessa forma, as componentes dEx se cancelam e o ~ sen θ calcula-se ~ = Ey ŷ. A partir da componente infinitesimal dEy = −|dE| campo resultante será na direção Y, E a componente resultante Ey : Z Z π Z π 1 Rλ0 sen2 θdθ λ0 Ey = dEy = − ⇒ E = − sen2 θdθ . y 4πǫ0 0 R2 4πǫ0 R 0 Utilizando a relação trigonométrica sen2 θ = 1 − cos (2θ) , 2 resolve-se a integral: Ey = − λ0 4πǫ0 R Z 0 π dθ − 2 Z 0 π cos (2θ)dθ 2 1 =− λ0 8πǫ0 R [θ|π0 ] − π sen (2θ) . 2 0 S S Contudo no caso da dobra circular no fio temos que, devido à ação de um agente externo, o seu raio varia no tempo 2 como r(t) = ae−bt . Esta variação, quando considerada na expressão obtida acima, faz com que o fluxo do campo magnético através da dobra circular assuma a forma 2 ΦB~ (t) = πa2 B e−2bt . (b) Segundo a lei de Faraday temos que a força eletromotriz induzida está relacionada à variação do fluxo do campo magnético através de dΦ ~ (t) Eind = − B . dt Portanto, ao considerarmos a força eletromotriz que será induzida na dobra circular devido à variação do fluxo do campo magnético através da área definida por ela, encontraremos que u d(−2bt2 ) de d 2 −2bt2 2 πa B e = −πa2 Be−2bt (−4bt) = −πa2 B Eind = − dt du u=−2bt2 dt 2 ou seja 2 Eind (t) = 4πa2 bBte−2bt . (c) A força magnética dF~B~ sobre qualquer elemento de comprimento d~ℓ do fio será dada por Observando que, sendo o fio de comprimento finito e estando as suas extremidadas livres, então só circulará corrente elétrica induzida através da dobra circular que, neste caso, será obtida pela razão Iind = Eind . Ref A resistência elétrica efetiva da dobra circular Ref pode ser obtida ao considerarmos que, sendo o fio de seção reta A e a resistividade ρ constantes, então Lef onde Lef = 2πr. Ref = ρ A Neste ponto, se levarmos em conta que a resistência elétrica total R do fio está relacionada ao seu comprimento L por L R ρ R=ρ = , =⇒ A A L e usarmos este resultado na expressão para a resistência elétrica efetiva concluiremos que 2πr R Ref = L ~ ~ B~ = Iind d~ℓ × B. dF Portanto, tendo em vista que Iind só circula pela dobra, concluı́mos que a força magnética nos trechos retilı́neos do fio [neste caso, nos pontos (1) e (4)] será nula. Como para pontos na dobra circular d~ℓ = r dθ θ̂, onde o unitário θ̂ aponta no sentido do crescimento da coordenada angular θ, então a força magnética sobre qualquer elemento da dobra circular do fio será dada por ~ B~ = −Iind rB dθ (θ̂ × ẑ) dF ou seja, ~ B~ = −Iind rB dθ r̂ dF onde o unitário r̂ aponta no sentido do crescimento do raio r. Esta expressão implica que o sentido da corrente elétrica induzida na dobra circular Iind definirá a natureza radial da força magnética sobre qualquer um de seus ~ B~ em qualquer ponto da dobra pontos. Portanto quando Iind circular no sentido anti-horário (para t < 0), dF circular [pontos (2) e (3), no nosso caso] apontará radialmente para o seu centro. Por sua vez, quando Iind ~ B~ em qualquer ponto da dobra circular [pontos (2) e (3), no nosso circular no sentido horário (para t > 0), dF caso] apontará radialmente para fora do seu centro. ou seja, Ref (t) = 2πa L 2 R e−bt . Para finalizar devemos usar as expressões obtidas para Eind (t) e Ref (t) na expressão que fornece a corrente induzida e assim concluirmos que 2 4πa2 bBte−2bt , Iind (t) = 2πa 2 R e−bt L 3 5 3 ou seja, Iind (t) = 2abLB R 2 te−bt . Para determinarmos o sentido da corrente elétrica devemos observar que, conforme o tempo t evolui de −∞ para 0, o raio r(t) da dobra circular (e por conseqüência a sua área) cresce até chegar ao seu valor máximo rmax = a quando t = 0. A partir desse instante, conforme o tempo passa o raio r(t) decresce até tender a zero quando t → +∞. Considerando este comportamento e o que diz a lei de Lenz, concluı́mos que a corrente induzida Iind (t) deve se opor a esta variação do fluxo do campo elétrico: (i) circulando pela dobra no sentido anti-horário quando t < 0 e a sua área está aumentando; (ii) circulando pela dobra no sentido horário quando t > 0 e a sua área está diminuindo. 3 4 5