Comportamento Animal 1.ª freq. COMPORTAMENTO Podemos definir comportamento como o conjunto de todas as actividades que os animais fazem quer individualmente quer em sociedade. É através do comportamento que os animais interactuam dinamicamente uns com os outros. A etologia é a ciência que estuda o comportamento dos animais no seu habitat natural. Os etologistas concluíram que o comportamento está suficientemente organizado para que possa ser estudado através de repetidas observações. O comportamento expressa-se então, de uma forma sequencial podendo-se reconhecer padrões de comportamento (PAF – fixed action patterns). Isto significa que uma vez iniciado um comportamento, a sequência (padrão) deste prossegue até ao fim. Estas sequências são um dado importante, pois permite-nos inferir acerca da proximidade entre as espécies, pois quando estas são muito próximas, exibem padrões comportamentais muito próximos. A Etologia Veterinária é o ramo da Etologia que se ocupa dos comportamentos dos animais domésticos, tendo o objectivo de os compreender de modo a perceber quando se tratam de comportamentos anormais ou não, de modo a evita-los ao máximo, ou mesmo resolver estes últimos. O comportamento dos animais adultos resulta da conjugação dos componentes hereditários e dos adquiridos. A problemática sobre se os comportamentos são inatos ou adquiridos é expressa pela expressão Nature vs Nurture, em que se opõem genética e selecção natural com ambiente e aprendizagem respectivamente. São exemplo de comportamentos inatos os reflexos simples e as respostas compostas, enquanto que reflexos condicionados e respostas aprendidas são exemplo de comportamentos adquiridos. Verifica-se que existe uma ampla gama de conduta. O comportamento animal foi estudado de forma diferente na Europa e nos EUA. Formaram-se então, duas diferentes escolas: a Etologia – escola Europeia – onde se estudavam os comportamentos instintivos observando os animais no seu habitat natural e a Psicologia Comparada – escola Americana – onde o objectivo é tentar perceber os mecanismos através de condições rigidamente controladas (laboratoriais). A Etologia reconhece a existência de motivação nos comportamentos animais, o que implica necessariamente a existência de emoções que podem ser reconhecidas (dor, medo, alegria), embora os animais as tenham em graus e qualidades diferentes das Humanas. Verifica-se que a Etologia pode ter um papel importante, contribuindo para que os animais tenham uma maior rentabilidade mediante maneio mais adequado ou mesmo na melhoria da qualidade de vida dos animais domésticos quando estes exibem comportamentos anormais e a Etologia ajuda a resolve-los. Quando de observa um comportamento, podemos e devemos fazer quatro perguntas: 1.ª - Causas do comportamento? – o que leva o animal a agir assim? 2.ª - Funções? – qual o objectivo que o animal tem ao agir desse modo? Terá vantagens? Sentirá prazer/alegria? 3.ª - Como evoluiu esse comportamento ao longo das gerações? – todos os animais da espécie têm esse comportamento? O animal é o único, da sua espécie, que tem esse comportamento? Os seus antepassados já tinham o mesmo comportamento ou tinham um parecido ou é completamente novo na espécie? A sua descendência tem o mesmo comportamento que o animal? 4.ª - A partir de que idade se começou a manifestar o comportamento? – Será inato? Será adquirido? Será resultado de alguma experiência num período sensível? 29-05-2017 – João Fragoso 1 EVOLUÇÃO A variabilidade intra específica leva a que alguns animais estejam melhor adaptados que os outros, num determinado ambiente. Deste modo, os mais adaptados reproduzir-se-ão mais que os outros e portanto, nas gerações seguintes, a percentagem dos animais mais/melhor adaptados será mais elevada que no principio, e caso o ambiente se mantenha, essa característica acabará mesmo por se espalhar por toda a população. O conceito biológico de espécie define espécie como sendo o conjunto de todos os animais que se reproduzem entre si, originando descendentes férteis, e que estão reprodutivamente isolados dos outros animais que os rodeiam. Há, no entanto, que ter atenção que não podemos considerar as espécies como algo estático no tempo ou no espaço, se assim fosse, estaríamos a defender uma teoria fixista, e a actualmente aceite é a evolucionista, onde se defende que todas as espécies actuais tiveram um ancestral comum, e que, por evolução, se diferenciaram e originaram a actual variabilidade de espécies existente. A evolução do comportamento é muito difícil de estudar através dos registos fósseis, é então estudada por comparação dos comportamentos das diferentes espécies, tendo em conta a sua proximidade filogenética. Ao conhecer a filogenia de um grupo de espécies próximas entre si, podemos inferir acerca de um padrão comportamental de um antepassado comum, e que está, ainda hoje presente nos comportamentos de espécies próximas. De igual forma, podemos concluir que houve evolução convergente do comportamento quando espécies muito afastadas filogeneticamente apresentam padrões comportamentais semelhantes. ESPÉCIES E RAÇAS Há a referir que existem 4 tipos de póneis: pónei de ernoor; pónei das terras altas; pónei akhal-teke e percheron. Cavalos de raças pesadas e cavalos de raças leves. Quanto aos bovinos, há dois tipos principais: bovinos de carne (alentejana, mertolenga, mirandesa, Cherolais, Hereford) e bovinos de leite (arouquesa, holsein, jersey, parda suiça), há ainda bovinos de trabalho como a barrosã e a mirandesa, mas já quase não são utilizadas para este fim. Relativamente aos caprinos, temos como raças autóctones a serpentina, a serrana, a charnequeira, a algarvia, entre outras. Os ovinos autóctones são, entre outros, a merina (branca, preta, da beira baixa), a churra (da terra quente, da terra fria, algarvia), a serra da estrela, a saloia, a mondegueira, a bordaleira entre Douro e Minho. Nos canídeos temos cinco tipos: - tipo molosso – mastim - tipo lobo – spitz - tipo perdigueiro – pointer – cão de parar - tipo pastor – rough collie Quanto às raças autóctones, temos, a título de exemplo, o rafeiro alentejano, o cão da serra da estrela, o cão de água português, o perdigueiro português, o serra de Aires, o castro Laboreiro, o fila de São Miguel e o podengo português. 29-05-2017 – João Fragoso 2 GENÉTICA A genética começou a ser estudada por Mendel com ervilheiras puras cuja diferença era que uma era alta e outra rasteira. Quando as cruzou, obteve uma geração em que todas as ervilheiras eram altas. Contudo, quando cruzou a F1 entre ela, obteve ¾ de ervilheiras altas e ¼ de ervilheiras rasteiras. Concluiu então que havia “factores” diferentes que influenciavam a altura das ervilheiras. Mais tarde, foi dado o nome de genes aos “factores” de Mendel, e hoje sabe-se que estes são a fonte principal do material hereditário que passa dos progenitores para a descendência. No entanto, os genes não determinam completamente o comportamento dos animais, há outros factores. A diferença entre os genes que um organismo herda e as suas características físicas e temperamentais, é a diferença entre o seu genótipo e o fenótipo. (ex.: diferentes genótipos têm iguais fenótipos – homozigotia dominante e heterozigoria). Os genes, quando herdados, são-no na forma de cromossomas. A função dos genes é a indução da produção de determinadas proteínas, que terão diferentes efeitos sobre o fenótipo. É, no entanto, muito difícil prever como um determinado gene vai influenciar o comportamento, no máximo, poderá dizer-se quais são os efeitos fisiológicos das proteínas que esse gene codifica (ex.: influência sobre o desenvolvimento do sistema nervoso). Pode ainda dizer-se que o facto de o animal possuir o gene possibilita (mas não implica) que ele execute o comportamento. Caso não possua o gene no seu genótipo, podem ocorrer três situações: o animal não pode executar o comportamento; o animal pode executar o comportamento mas de forma diferente da original ou o animal pode executar o comportamento mas com frequência diferente da original. No caso de Mendel, a característica estudada (altura das ervilheiras) era muito simples (só existiam duas opções – alta ou rasteira) e é influenciado por apenas um par de genes. No entanto, a maioria das características, principalmente as comportamentais, são influenciadas por dezenas de alelos, e são expressas em escalas contínuas (não há só animais altos e baixos, há inúmeros valores intermédios) e que são afectadas, além do elevado número de genes, pelas diferenças ambientais, o que torna impossível estudar essas características em termos Mendelianos. Estas características são então estudadas recorrendo à heritabiliade, esta, expressa a correlação existente entre a característica e o genótipo do animal. Ou seja, exprime se um determinado comportamento será devido a factores genéticos ou será apenas devido ao ambiente em que o animal é criado. Por exemplo, a língua que falamos é fruto, única e exclusivamente do ambiente em que somos criados, e o nosso grupo sanguíneo depende apenas do nosso genótipo, o meio em nada o influencia. Há ainda a referir que existem doenças que são transmitidas geneticamente e que a regulação da expressão dos genes é feita por interacção com o ambiente (transformação em rainha uma larva normal de abelha, apenas pela mudança a alimentação) ou por interacção de outros genes (explica as diferenças físicas e comportamentais nos diferentes sexos). 29-05-2017 – João Fragoso 3 DOMESTICAÇÃO A selecção artificial que fazemos aos animais domésticos, muitas vezes faz-se pretendendo aumentar determinada característica comportamental (ex.: agressividade no caso dos cães de guarda e nos touros de lide, e docilidade nos animais de companhia). A docilidade não é uma propriedade como a altura que se pode medir numa escala fixa. A docilidade é a capacidade que cada animal tem em aceitar estranhos. E um animal será tanto mais dócil quanto mais próximo deixar aproximar um estranho sem demonstrar comportamentos de medo ou de agressividade para com ele. APRENDIZAGEM O estudo prolongado de múltiplos factores capazes de afectar a conduta de um animal deve incluir as experiências precoces que podem afectar permanentemente o comportamento desse indivíduo durante a sua vida adulta. É um facto que factores e forças ambientais têm uma influência muito potente na vida adulta do animal, quando se aplicam precocemente. Os animais devem beneficiar do maior número de experiências e variedade de estímulos ambientais durante o seu desenvolvimento, já que um animal imaturo tem maior facilidade em aprender. O desenvolvimento das emoções, a oportunidade de explorar, as experiências sociais e o desenvolvimento do aparelho físico e fisiológico vão-se combinando para influir sobre o comportamento adquirido. Os principais efeitos da aprendizagem sobre o comportamento consistem na modificação da conduta específica de cada espécie, sendo precisamente por este meio que o comportamento inato se adapta às circunstâncias ambientais. Existem quatro tipos principais de aprendizagem: Aprendizagem não associativa; Aprendizagem associativa; Aprendizagem por Inferência; Aprendizagem cultural; 29-05-2017 – João Fragoso 4 Aprendizagem não associativa; Dentro da aprendizagem não associativa, temos três tipos: Habituação Motora ou sensitiva Familiarização Impregnação (imprinting) Filial Sexual Aprendizagem latente Habituação A habituação é uma das formas de aprendizagem mais simples. O animal aprende a não responder a um determinado estímulo porque durante várias repetições desse estímulo ele se demonstrou sempre inofensivo, ou porque há cansaço físico ou adaptação dos sistemas sensitivos a esse estímulo. Motora ou sensitiva Deixa de ocorrer uma resposta por cansaço ou por adaptação dos sistemas sensitivos, é exemplo disto a habituação dos cães às trelas e dos cavalos às selas. Familiarização Deixa de ocorrer resposta ao estímulo porque esse estímulo sempre se revelou inofensivo, daí o animal aprende que não advém qualquer perigosidade quando ocorre esse estímulo. Por exemplo, as aves quando jovens levantam voo quando as folhas voam com o vento, mas depressa aprendem que esse estímulo é inofensivo e deixam de se assustar com ele. 29-05-2017 – João Fragoso 5 Impregnação (imprinting) É o comportamento de seguir um estímulo (movimento e som de um animal ou objecto). Tem efeito duradouro e ocorre durante um período sensível, geralmente no período neo-natal, logo nos primeiros dias (variável com a espécie). É o melhor exemplo de aprendizagem durante períodos críticos. Trata-se de uma fixação permanente entre o animal recém-nascido e um animal (normalmente mãe) ou um objecto. De igual forma, o animal aprende quais são os animais que lhe são próximos (quais os animais que pertencem à sua espécie). É a combinação entre o comportamento aprendido e o instintivo. Filial A programação genética faz com que nas primeiras horas/dias de via do animal, este esteja muito sensível a um objecto móvel de modo a adquirir o hábito indestrutível (necessário à sua sobrevivência) de o seguir. De igual forma, ocorre um período pós-parto nas fêmeas em que têm uma maior sensibilidade para aprender a identidade da cria. O animal aprende quem é a sua mãe ou o objecto que a substitui (perto do qual se sente protegido) Sexual A impregnação sexual é a aprendizagem sobre qual a espécie para a qual irá dirigir o seu comportamento sexual. Ou seja, o animal aprende quem são os animais que pertencem à sua espécie e aprende que será com eles que se irá reproduzir. Exemplo: os galos, quando são criados desde o nascimento com patos, dirigem o seu comportamento sexual não para as galinhas mas sim para as patas, pois aprendem que elas é que pertenciam à sua espécie e não as galinhas, como seria natural. Latente Ocorre sem que haja um reforço e expressa-se um pouco mais tarde. Por exemplo, a informação adquirida durante a exploração de um local novo, expressar-se-á numa nova visita ao local. 29-05-2017 – João Fragoso 6 Aprendizagem associativa; Neste tipo de aprendizagem, a resposta (comportamento) é condicionada a um estímulo condicionado Dentro da aprendizagem associativa, temos dois tipos de aprendizagem: Condicionamento Clássico – Pavlov Condicionamento Operante Condicionamento Clássico – Pavlov Mesmo antes de qualquer aprendizagem, o animal já tem uma resposta a um determinado estímulo – estímulo não condicionado – (ex.: quando lhe é apresentada comida, o animal saliva mais intensamente que o normal). De seguida, o animal é confrontado com repetições de um estímulo – estímulo condicionado – antes de lhe ser dado aquele para o qual já tem resposta (ex.: antes de fornecer a comida ao animal, toca-se repetidamente uma campainha). Depois de várias repetições, o animal aprende que um estímulo precede sempre o outro, e mal é confrontado com o primeiro estímulo (aquele para o qual não tinha qualquer tipo de resposta) o animal já responde – reposta condicionada – (ex.: o animal, depois de muitas repetições, já responde à campainha, mesmo sem lhe darmos comida). Os princípios básicos do condicionamento clássico são: aquisição (o animal tem a resposta ao estímulo não condicionado); extinção (o animal perde a associação que tinha entre o estimulo e a resposta); generalização (o animal passa a responder a estímulos semelhantes) e previbilidade (cognição e bloqueio, podemos à partida saber qual a resposta ao estímulo condicionado). Aqui, os estímulos são emparelhados e são sinalizadores. Os comportamentos são involuntários. As respostas comportamentais são obtidas do organismo (involuntárias). Todo este processo é designado por reflexo condicionado O condicionamento clássico acelera as respostas. Condicionamento Operante Quando um comportamento tem consequências favoráveis a probabilidade do acto se repetir aumenta, mas a recompensa deve seguir-se imediatamente à acção. De igual forma, se um comportamento tiver consequências desagradáveis, a probabilidade de o comportamento se repetir diminui, contudo, a repreensão, deve ocorrer logo na altura do acto. Isto ocorre porque o animal aprende que determinado comportamento o faz receber determinada recompensa ou castigo. 29-05-2017 – João Fragoso 7 Denomina-se de condicionamento operante porque o animal opera sobre o ambiente para produzir consequências. Pode-se então, de forma reduzida, dizer que esta aprendizagem se faz pelas consequências, o comportamento é voluntário, as respostas são fornecidas pelo organismo. Os princípios básicos deste condicionamento são: reforços (positivos, negativos), castigos, moldagem (shapping) – fase de aquisição, encadeamento – arranjo. Na moldagem a recompensa vai-se dando à medida que o comportamento do animal de vai aproximando do desejado, ou seja, no principio dá-se-lhe a recompensa caso o animal faça uma parte inicial do comportamento desejado, mas no final, a recompensa só lhe será entregue caso faça o comportamento completo. Aprendizagem por Inferência Ocorre quando o animal aprende o princípio de resolução de problemas a partir de uma situação por ele vivida. Tira então conclusões para situações semelhantes, conseguindo assim reduzir o tempo gasto na resolução de situações parecidas. Aprendizagem cultural A aprendizagem é feita pela observação e imitação dos comportamentos de outros animais. A interacção com outros animais também origina todo o tipo de brincadeiras que vão preparar o animal para situações reais futuras. Estas brincadeiras têm funções, são elas fisiológicas, sociais e cognitivas. Os princípios básicos deste tipo de aprendizagem são: atenção nos outros; retenção do que vê e imita; produção de processos – transformar em acções a informação armazenada; motivação – utilidade da informação adquirida. Esta aprendizagem é, de forma geral, a aquisição de comportamentos manifestados por outros membros da espécie. Por exemplo, quando um cavalo aprende a abrir a porta da boxe, os outros cavalos que estão perto aprendem por imitação. DESENVOLVIMENTO DO COMPORTAMENTO O desenvolvimento do comportamento ocorre por modificações morfológicas, modificações fisiológicas e modificações comportamentais. O desenvolvimento do comportamento resulta da interacção entre genes, aprendizagem e limitações impostas pelo ambiente. De um modo geral, o comportamento desenvolve-se como resultado de um aumento de complexidade e de funcionalidade do sistema nervoso e do sistema hormonal. Alguns comportamentos aparecem primeiro de forma imatura e vão-se tornando mais refinados à medida que o animal se desenvolve, é exemplo disso o comportamento sexual, que na infância é praticado, no meio das brincadeiras, com qualquer indivíduo, independentemente do sexo. No entanto, a maior parte dos comportamentos imaturos dos animais está adaptado a uma fase particular da sua vida. As várias fases em que ocorrem 29-05-2017 – João Fragoso 8 acontecimentos específicos denominam-se períodos críticos ou sensíveis. Estes ocorrem, normalmente, em sequência. PERÍODOS SENSÍVEIS São períodos em que determinadas experiências vão ter um grande efeito na vida futura do animal. Existem quatro períodos sensíveis: Período neonatal; Período de transição; Período de socialização; Período juvenil; Consoante as espécies e mesmo as raças, as idades a que cada um destes período ocorre é muito variável. CACHORRO: PERÍODO NEONATAL – 2 primeiras semanas O cachorro é cego e surdo, passa grande parte do tempo a comer e a dormir. A excreção não é espontânea e tem de ser estimulada pelas cadelas que lambem os filhos na zona urogenital. Os cachorros movem-se apenas com as patas de frente que são utilizadas para estimular as glândulas mamárias das cadelas aquando da amamentação. PERÍODO DE TRANSIÇÃO – 3ª semana O cachorro já percebe um grande número de estímulos devido ao desenvolvimento dos sistemas sensoriais. Abre os olhos embora ainda não veja bem e mais tarde começa a ouvir, embora de forma imperfeita. Já defeca espontaneamente. Começam a querer sair e explorar o mundo à sua volta, mas só o fazem onde está a mãe. Crescem os dentes e inicia a alimentação. PERÍODO DE SOCIALIZAÇÃO – 4ª à 10ª semana 29-05-2017 – João Fragoso 9 De elevada importância pois é aqui que os cachorros aprendem sobre o seu meio, a mãe, outras espécies e os humanos. Este período é importante e nunca deve o cachorro ser privado do convívio com outros animais durante este período, é aqui que ele aprende os comportamentos sociais que devem reger o seu comportamento quando for adulto. Se este período decorrer sem traumas, o futuro cão adulto não terá comportamentos anormais quando encontrar outros cães (ex. excessivamente submisso, fuga ou agressão). Começam a brincar. PERÍODO JUVENIL – 10ª semana até adulto Começam a mostrar comportamentos sexuais adultos. Este comportamento vai aumentando e vai sendo aperfeiçoado até à idade de 2 anos em que estão completamente maduros – atingem a puberdade. ASPECTOS IMPORTANTES BRINCADEIRA – parece ser importante no desenvolvimento da organização social dos animais. Pode ser uma simples forma de exercício ou um meio de aperfeiçoamento de actividades como a caça, fuga, comportamento sexual. Começa +/- às 3 semanas. Uma característica da brincadeira é a “vénia”, na qual o cachorro levanta a garupa e baixa o garrote abanando a cauda. POLDRO Assim que nasce, o potro é capaz de mover a cabeça e pernas, o primeiro reflexo de sucção aparece nos primeiros minutos, de modo que suga em tudo o que seja colocado na sua boca. Nos primeiros 15 minutos começa a tentar levantar-se, decerto cairá muitas vezes, mas ao fim de +/- 1 hora, já se consegue pôr de pé. Na primeira hora começa a usar todos os sentidos. O estímulo táctil é provocado pelo lamber da mãe e responde a estímulos visuais e auditivos. Assim que se põe de pé, consegue andar embora a coordenação de movimentos não seja perfeita. Mal se põe de pé, procura os tetos da mãe para mamar. A defecação voluntária ocorre durante a 1.ª hora. Na 2.ª hora, consegue mamar com sucesso. Por volta da 2.ª/3ª hora já se consegue deitar e ao fim da 3ª hora já galopa. Com um dia e vida, o potro brinca, urina, comunica, mama e anda, já com os movimentos bem coordenados. À medida que vai crescendo, o tempo que passa na pastagem também aumenta. O comportamento alimentar e muito influenciado pela observação social, assim, os potros só se alimentam quando a égua o faz, dai ser importante manter o potro junto da égua ou pelo menos num local não muito distante onde ele a possa ver pastar. 29-05-2017 – João Fragoso 10 Brincar – à medida que cresce (ocorre maturação), passa menos tempo a descansar, mama menos e pastoreia mais. Nas primeiras duas semanas brinca sozinho, correndo para longe das mães. É uma forma de exercício mas também de exploração. Por volta das 8 semanas, é raro brincar sozinho e adquire brincadeira social com os outros. GATO Os gatos não têm os períodos sensíveis tão bem demarcados como os cães, e a duração destes é muito menor. Segundo alguns autores, ocorrem mais cedo que nos cães. Contudo, eles existem, embora pouco delimitados uns dos outros. Foi feita uma experiência em que se separavam os gatinhos das mães às 2, 6 e 12 semanas, e registou-se se eles choravam ou não, e o tempo de duração desse choro. Verificouse que aqueles que eram separados das mães às 12 semanas não choravam. Aqueles que tinham sido separados às 6 semanas, choravam um dia ou dois, e aqueles que eram separados das progenitoras com apenas 2 semanas de vida, choravam durante uma semana. Daqui conclui-se que às 12 semanas, o gato já tem todos os seus sistemas desenvolvidos e é independente da mãe ao ponto de não demonstrar qualquer comportamento quando é separado dela. No entanto, não se pode dizer que só as 12 semanas o gato tem os seus sistemas desenvolvidos, porque às 6 semanas, ele só já chora 1 ou 2 dias, e podemos concluir que existe uma correlação elevada entre a maturação dos sistemas e a falta que o gatinho sente da mãe. PERÍODO NEONATAL – 1.ºs 8 dias Quando nasce, o gato tem os olhos fechados e não anda. A alimentação tem de ser estimulada pelas gatas e a defecação também, daí as gatas lamberem muitos os filhos na zona urogenital. Por volta do 2.º dia, já têm orientação auditiva e aos 4 já abrem os olhos. PERÍODO DE TRANSIÇÃO – do 8º dia ao 12.º Durante este período, ocorre maturação do sistema locomotor e os gatinhos já andam, mas de forma imperfeita. Continua o desenvolvimento iniciado no período anterior. Os gatinhos continuam a depender do estímulo das mães para se alimentarem e para defecarem. Já têm a orientação auditiva e no final deste período passarão a ter também a orientação visual. PERÍODO DE SOCIALIZAÇÃO – Do 12.º dia ao final do 1.º mês de vida Também nos gatos este período é muito importante, relacionam-se com os outros animais e com os semelhantes. Já têm melhor coordenação dos movimentos e no final deste período, já correm. Já brincam e exploram o mundo à sua volta, exercitam comportamentos de caça, fuga, comportamentos sexuais, etc. É neste período que passam a ter orientação visual e que a alimentação e a defecação passa a ser voluntária e espontânea. O desmame ocorre por volta do mês de idade. PERÍODO JUVENIL – desde o 1.º mês até à idade adulta 29-05-2017 – João Fragoso 11 Quando chega a esta fase, o gatinho já têm todos os sentidos apurados e desenvolvidos à excepção do aparelho reprodutor. Continuam as brincadeiras, já quase não necessita da mãe, e vai mesmo desligar-se dela durante este período (os felinos são, normalmente animais solitários). 29-05-2017 – João Fragoso 12