Comportamento Animal

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Comportamento Animal
1.ª freq.
COMPORTAMENTO
Podemos definir comportamento como o conjunto de todas as actividades que os
animais fazem quer individualmente quer em sociedade. É através do comportamento que os
animais interactuam dinamicamente uns com os outros.
A etologia é a ciência que estuda o comportamento dos animais no seu habitat natural.
Os etologistas concluíram que o comportamento está suficientemente organizado para que
possa ser estudado através de repetidas observações. O comportamento expressa-se então, de
uma forma sequencial podendo-se reconhecer padrões de comportamento (PAF – fixed action
patterns). Isto significa que uma vez iniciado um comportamento, a sequência (padrão) deste
prossegue até ao fim. Estas sequências são um dado importante, pois permite-nos inferir
acerca da proximidade entre as espécies, pois quando estas são muito próximas, exibem
padrões comportamentais muito próximos.
A Etologia Veterinária é o ramo da Etologia que se ocupa dos comportamentos dos
animais domésticos, tendo o objectivo de os compreender de modo a perceber quando se
tratam de comportamentos anormais ou não, de modo a evita-los ao máximo, ou mesmo
resolver estes últimos. O comportamento dos animais adultos resulta da conjugação dos
componentes hereditários e dos adquiridos.
A problemática sobre se os comportamentos são inatos ou adquiridos é expressa pela
expressão Nature vs Nurture, em que se opõem genética e selecção natural com ambiente e
aprendizagem respectivamente. São exemplo de comportamentos inatos os reflexos simples e
as respostas compostas, enquanto que reflexos condicionados e respostas aprendidas são
exemplo de comportamentos adquiridos. Verifica-se que existe uma ampla gama de conduta.
O comportamento animal foi estudado de forma diferente na Europa e nos EUA.
Formaram-se então, duas diferentes escolas: a Etologia – escola Europeia – onde se
estudavam os comportamentos instintivos observando os animais no seu habitat natural e a
Psicologia Comparada – escola Americana – onde o objectivo é tentar perceber os
mecanismos através de condições rigidamente controladas (laboratoriais).
A Etologia reconhece a existência de motivação nos comportamentos animais, o que
implica necessariamente a existência de emoções que podem ser reconhecidas (dor, medo,
alegria), embora os animais as tenham em graus e qualidades diferentes das Humanas.
Verifica-se que a Etologia pode ter um papel importante, contribuindo para que os
animais tenham uma maior rentabilidade mediante maneio mais adequado ou mesmo na
melhoria da qualidade de vida dos animais domésticos quando estes exibem comportamentos
anormais e a Etologia ajuda a resolve-los.
Quando de observa um comportamento, podemos e devemos fazer quatro perguntas:
1.ª - Causas do comportamento? – o que leva o animal a agir assim?
2.ª - Funções? – qual o objectivo que o animal tem ao agir desse modo? Terá
vantagens? Sentirá prazer/alegria?
3.ª - Como evoluiu esse comportamento ao longo das gerações? – todos os
animais da espécie têm esse comportamento? O animal é o único, da sua espécie, que tem
esse comportamento? Os seus antepassados já tinham o mesmo comportamento ou tinham um
parecido ou é completamente novo na espécie? A sua descendência tem o mesmo
comportamento que o animal?
4.ª - A partir de que idade se começou a manifestar o comportamento? – Será
inato? Será adquirido? Será resultado de alguma experiência num período sensível?
29-05-2017 – João Fragoso
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EVOLUÇÃO
A variabilidade intra específica leva a que alguns animais estejam melhor adaptados
que os outros, num determinado ambiente. Deste modo, os mais adaptados reproduzir-se-ão
mais que os outros e portanto, nas gerações seguintes, a percentagem dos animais
mais/melhor adaptados será mais elevada que no principio, e caso o ambiente se mantenha,
essa característica acabará mesmo por se espalhar por toda a população.
O conceito biológico de espécie define espécie como sendo o conjunto de todos os
animais que se reproduzem entre si, originando descendentes férteis, e que estão
reprodutivamente isolados dos outros animais que os rodeiam. Há, no entanto, que ter atenção
que não podemos considerar as espécies como algo estático no tempo ou no espaço, se assim
fosse, estaríamos a defender uma teoria fixista, e a actualmente aceite é a evolucionista, onde
se defende que todas as espécies actuais tiveram um ancestral comum, e que, por evolução, se
diferenciaram e originaram a actual variabilidade de espécies existente.
A evolução do comportamento é muito difícil de estudar através dos registos fósseis,
é então estudada por comparação dos comportamentos das diferentes espécies, tendo em
conta a sua proximidade filogenética. Ao conhecer a filogenia de um grupo de espécies
próximas entre si, podemos inferir acerca de um padrão comportamental de um antepassado
comum, e que está, ainda hoje presente nos comportamentos de espécies próximas. De igual
forma, podemos concluir que houve evolução convergente do comportamento quando espécies
muito afastadas filogeneticamente apresentam padrões comportamentais semelhantes.
ESPÉCIES E RAÇAS
Há a referir que existem 4 tipos de póneis: pónei de ernoor; pónei das terras altas;
pónei akhal-teke e percheron. Cavalos de raças pesadas e cavalos de raças leves.
Quanto aos bovinos, há dois tipos principais: bovinos de carne (alentejana, mertolenga,
mirandesa, Cherolais, Hereford) e bovinos de leite (arouquesa, holsein, jersey, parda suiça), há
ainda bovinos de trabalho como a barrosã e a mirandesa, mas já quase não são utilizadas para
este fim.
Relativamente aos caprinos, temos como raças autóctones a serpentina, a serrana, a
charnequeira, a algarvia, entre outras.
Os ovinos autóctones são, entre outros, a merina (branca, preta, da beira baixa), a
churra (da terra quente, da terra fria, algarvia), a serra da estrela, a saloia, a mondegueira, a
bordaleira entre Douro e Minho.
Nos canídeos temos cinco tipos:
- tipo molosso – mastim
- tipo lobo – spitz
- tipo perdigueiro – pointer – cão de parar
- tipo pastor – rough collie
Quanto às raças autóctones, temos, a título de exemplo, o rafeiro alentejano, o cão da
serra da estrela, o cão de água português, o perdigueiro português, o serra de Aires, o castro
Laboreiro, o fila de São Miguel e o podengo português.
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GENÉTICA
A genética começou a ser estudada por Mendel com ervilheiras puras cuja diferença
era que uma era alta e outra rasteira. Quando as cruzou, obteve uma geração em que todas as
ervilheiras eram altas. Contudo, quando cruzou a F1 entre ela, obteve ¾ de ervilheiras altas e ¼
de ervilheiras rasteiras. Concluiu então que havia “factores” diferentes que influenciavam a
altura das ervilheiras.
Mais tarde, foi dado o nome de genes aos “factores” de Mendel, e hoje sabe-se que
estes são a fonte principal do material hereditário que passa dos progenitores para a
descendência. No entanto, os genes não determinam completamente o comportamento
dos animais, há outros factores.
A diferença entre os genes que um organismo herda e as suas características físicas e
temperamentais, é a diferença entre o seu genótipo e o fenótipo. (ex.: diferentes genótipos têm
iguais fenótipos – homozigotia dominante e heterozigoria).
Os genes, quando herdados, são-no na forma de cromossomas. A função dos
genes é a indução da produção de determinadas proteínas, que terão diferentes efeitos
sobre o fenótipo. É, no entanto, muito difícil prever como um determinado gene vai
influenciar o comportamento, no máximo, poderá dizer-se quais são os efeitos fisiológicos
das proteínas que esse gene codifica (ex.: influência sobre o desenvolvimento do sistema
nervoso). Pode ainda dizer-se que o facto de o animal possuir o gene possibilita (mas não
implica) que ele execute o comportamento. Caso não possua o gene no seu genótipo,
podem ocorrer três situações: o animal não pode executar o comportamento; o animal
pode executar o comportamento mas de forma diferente da original ou o animal pode
executar o comportamento mas com frequência diferente da original.
No caso de Mendel, a característica estudada (altura das ervilheiras) era muito simples
(só existiam duas opções – alta ou rasteira) e é influenciado por apenas um par de genes. No
entanto, a maioria das características, principalmente as comportamentais, são
influenciadas por dezenas de alelos, e são expressas em escalas contínuas (não há só
animais altos e baixos, há inúmeros valores intermédios) e que são afectadas, além do
elevado número de genes, pelas diferenças ambientais, o que torna impossível estudar
essas características em termos Mendelianos. Estas características são então estudadas
recorrendo à heritabiliade, esta, expressa a correlação existente entre a característica e o
genótipo do animal. Ou seja, exprime se um determinado comportamento será devido a factores
genéticos ou será apenas devido ao ambiente em que o animal é criado. Por exemplo, a língua
que falamos é fruto, única e exclusivamente do ambiente em que somos criados, e o nosso
grupo sanguíneo depende apenas do nosso genótipo, o meio em nada o influencia.
Há ainda a referir que existem doenças que são transmitidas geneticamente e que a
regulação da expressão dos genes é feita por interacção com o ambiente (transformação
em rainha uma larva normal de abelha, apenas pela mudança a alimentação) ou por
interacção de outros genes (explica as diferenças físicas e comportamentais nos diferentes
sexos).
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DOMESTICAÇÃO
A selecção artificial que fazemos aos animais domésticos, muitas vezes faz-se
pretendendo aumentar determinada característica comportamental (ex.: agressividade no caso
dos cães de guarda e nos touros de lide, e docilidade nos animais de companhia).
A docilidade não é uma propriedade como a altura que se pode medir numa escala
fixa. A docilidade é a capacidade que cada animal tem em aceitar estranhos. E um animal será
tanto mais dócil quanto mais próximo deixar aproximar um estranho sem demonstrar
comportamentos de medo ou de agressividade para com ele.
APRENDIZAGEM
O estudo prolongado de múltiplos factores capazes de afectar a conduta de um animal
deve incluir as experiências precoces que podem afectar permanentemente o comportamento
desse indivíduo durante a sua vida adulta. É um facto que factores e forças ambientais têm uma
influência muito potente na vida adulta do animal, quando se aplicam precocemente.
Os animais devem beneficiar do maior número de experiências e variedade de
estímulos ambientais durante o seu desenvolvimento, já que um animal imaturo tem
maior facilidade em aprender.
O desenvolvimento das emoções, a oportunidade de explorar, as experiências sociais e
o desenvolvimento do aparelho físico e fisiológico vão-se combinando para influir sobre o
comportamento adquirido.
Os principais efeitos da aprendizagem sobre o comportamento consistem na
modificação da conduta específica de cada espécie, sendo precisamente por este meio que o
comportamento inato se adapta às circunstâncias ambientais.
Existem quatro tipos principais de aprendizagem:
 Aprendizagem não associativa;
 Aprendizagem associativa;
 Aprendizagem por Inferência;
 Aprendizagem cultural;
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Aprendizagem não associativa;
Dentro da aprendizagem não associativa, temos três tipos:
 Habituação
 Motora ou sensitiva
 Familiarização
 Impregnação (imprinting)
 Filial
 Sexual
 Aprendizagem latente
Habituação
A habituação é uma das formas de aprendizagem mais simples. O animal aprende
a não responder a um determinado estímulo porque durante várias repetições desse estímulo
ele se demonstrou sempre inofensivo, ou porque há cansaço físico ou adaptação dos sistemas
sensitivos a esse estímulo.
 Motora ou sensitiva
Deixa de ocorrer uma resposta por cansaço ou por adaptação dos sistemas
sensitivos, é exemplo disto a habituação dos cães às trelas e dos cavalos às selas.
 Familiarização
Deixa de ocorrer resposta ao estímulo porque esse estímulo sempre se revelou
inofensivo, daí o animal aprende que não advém qualquer perigosidade quando ocorre esse
estímulo. Por exemplo, as aves quando jovens levantam voo quando as folhas voam com o
vento, mas depressa aprendem que esse estímulo é inofensivo e deixam de se assustar com
ele.
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Impregnação (imprinting)
É o comportamento de seguir um estímulo (movimento e som de um animal ou
objecto). Tem efeito duradouro e ocorre durante um período sensível, geralmente no período
neo-natal, logo nos primeiros dias (variável com a espécie).
É o melhor exemplo de aprendizagem durante períodos críticos. Trata-se de uma
fixação permanente entre o animal recém-nascido e um animal (normalmente mãe) ou um
objecto. De igual forma, o animal aprende quais são os animais que lhe são próximos (quais os
animais que pertencem à sua espécie). É a combinação entre o comportamento aprendido e o
instintivo.
 Filial
A programação genética faz com que nas primeiras horas/dias de via do animal, este
esteja muito sensível a um objecto móvel de modo a adquirir o hábito indestrutível (necessário à
sua sobrevivência) de o seguir. De igual forma, ocorre um período pós-parto nas fêmeas em
que têm uma maior sensibilidade para aprender a identidade da cria. O animal aprende quem é
a sua mãe ou o objecto que a substitui (perto do qual se sente protegido)
 Sexual
A impregnação sexual é a aprendizagem sobre qual a espécie para a qual irá dirigir o
seu comportamento sexual. Ou seja, o animal aprende quem são os animais que pertencem à
sua espécie e aprende que será com eles que se irá reproduzir. Exemplo: os galos, quando são
criados desde o nascimento com patos, dirigem o seu comportamento sexual não para as
galinhas mas sim para as patas, pois aprendem que elas é que pertenciam à sua espécie e não
as galinhas, como seria natural.
 Latente
Ocorre sem que haja um reforço e expressa-se um pouco mais tarde. Por exemplo, a
informação adquirida durante a exploração de um local novo, expressar-se-á numa nova visita
ao local.
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Aprendizagem associativa;
Neste tipo de aprendizagem, a resposta (comportamento) é condicionada a um
estímulo condicionado
Dentro da aprendizagem associativa, temos dois tipos de aprendizagem:
 Condicionamento Clássico – Pavlov
 Condicionamento Operante
Condicionamento Clássico – Pavlov
Mesmo antes de qualquer aprendizagem, o animal já tem uma resposta a um
determinado estímulo – estímulo não condicionado – (ex.: quando lhe é apresentada comida,
o animal saliva mais intensamente que o normal). De seguida, o animal é confrontado com
repetições de um estímulo – estímulo condicionado – antes de lhe ser dado aquele para o
qual já tem resposta (ex.: antes de fornecer a comida ao animal, toca-se repetidamente uma
campainha). Depois de várias repetições, o animal aprende que um estímulo precede sempre o
outro, e mal é confrontado com o primeiro estímulo (aquele para o qual não tinha qualquer tipo
de resposta) o animal já responde – reposta condicionada – (ex.: o animal, depois de muitas
repetições, já responde à campainha, mesmo sem lhe darmos comida).
Os princípios básicos do condicionamento clássico são: aquisição (o animal tem a
resposta ao estímulo não condicionado); extinção (o animal perde a associação que tinha entre
o estimulo e a resposta); generalização (o animal passa a responder a estímulos semelhantes)
e previbilidade (cognição e bloqueio, podemos à partida saber qual a resposta ao estímulo
condicionado).
Aqui, os estímulos são emparelhados e são sinalizadores. Os comportamentos são
involuntários. As respostas comportamentais são obtidas do organismo (involuntárias).
Todo este processo é designado por reflexo condicionado
O condicionamento clássico acelera as respostas.
 Condicionamento Operante
Quando um comportamento tem consequências favoráveis a probabilidade do acto se
repetir aumenta, mas a recompensa deve seguir-se imediatamente à acção. De igual forma, se
um comportamento tiver consequências desagradáveis, a probabilidade de o comportamento se
repetir diminui, contudo, a repreensão, deve ocorrer logo na altura do acto. Isto ocorre porque o
animal aprende que determinado comportamento o faz receber determinada recompensa ou
castigo.
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Denomina-se de condicionamento operante porque o animal opera sobre o ambiente
para produzir consequências.
Pode-se então, de forma reduzida, dizer que esta aprendizagem se faz pelas
consequências, o comportamento é voluntário, as respostas são fornecidas pelo organismo.
Os princípios básicos deste condicionamento são: reforços (positivos, negativos),
castigos, moldagem (shapping) – fase de aquisição, encadeamento – arranjo.
Na moldagem a recompensa vai-se dando à medida que o comportamento do animal
de vai aproximando do desejado, ou seja, no principio dá-se-lhe a recompensa caso o animal
faça uma parte inicial do comportamento desejado, mas no final, a recompensa só lhe será
entregue caso faça o comportamento completo.
Aprendizagem por Inferência
Ocorre quando o animal aprende o princípio de resolução de problemas a partir
de uma situação por ele vivida. Tira então conclusões para situações semelhantes,
conseguindo assim reduzir o tempo gasto na resolução de situações parecidas.
Aprendizagem cultural
A aprendizagem é feita pela observação e imitação dos comportamentos de
outros animais. A interacção com outros animais também origina todo o tipo de brincadeiras
que vão preparar o animal para situações reais futuras. Estas brincadeiras têm funções, são
elas fisiológicas, sociais e cognitivas. Os princípios básicos deste tipo de aprendizagem são:
atenção nos outros; retenção do que vê e imita; produção de processos – transformar em
acções a informação armazenada; motivação – utilidade da informação adquirida.
Esta aprendizagem é, de forma geral, a aquisição de comportamentos manifestados
por outros membros da espécie. Por exemplo, quando um cavalo aprende a abrir a porta da
boxe, os outros cavalos que estão perto aprendem por imitação.
DESENVOLVIMENTO DO COMPORTAMENTO
O desenvolvimento do comportamento ocorre por modificações morfológicas,
modificações fisiológicas e modificações comportamentais.
O desenvolvimento do comportamento resulta da interacção entre genes,
aprendizagem e limitações impostas pelo ambiente.
De um modo geral, o comportamento desenvolve-se como resultado de um
aumento de complexidade e de funcionalidade do sistema nervoso e do sistema
hormonal. Alguns comportamentos aparecem primeiro de forma imatura e vão-se tornando
mais refinados à medida que o animal se desenvolve, é exemplo disso o comportamento
sexual, que na infância é praticado, no meio das brincadeiras, com qualquer indivíduo,
independentemente do sexo. No entanto, a maior parte dos comportamentos imaturos dos
animais está adaptado a uma fase particular da sua vida. As várias fases em que ocorrem
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acontecimentos específicos denominam-se períodos críticos ou sensíveis. Estes ocorrem,
normalmente, em sequência.
PERÍODOS SENSÍVEIS
São períodos em que determinadas experiências vão ter um grande efeito na vida
futura do animal.
Existem quatro períodos sensíveis:




Período neonatal;
Período de transição;
Período de socialização;
Período juvenil;
Consoante as espécies e mesmo as raças, as idades a que cada um destes período
ocorre é muito variável.
CACHORRO:
 PERÍODO NEONATAL – 2 primeiras semanas
O cachorro é cego e surdo, passa grande parte do tempo a comer e a dormir. A
excreção não é espontânea e tem de ser estimulada pelas cadelas que lambem os filhos na
zona urogenital. Os cachorros movem-se apenas com as patas de frente que são utilizadas
para estimular as glândulas mamárias das cadelas aquando da amamentação.
 PERÍODO DE TRANSIÇÃO – 3ª semana
O cachorro já percebe um grande número de estímulos devido ao desenvolvimento dos
sistemas sensoriais.
Abre os olhos embora ainda não veja bem e mais tarde começa a ouvir, embora de
forma imperfeita.
Já defeca espontaneamente. Começam a querer sair e explorar o mundo à sua volta,
mas só o fazem onde está a mãe.
Crescem os dentes e inicia a alimentação.
 PERÍODO DE SOCIALIZAÇÃO – 4ª à 10ª semana
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De elevada importância pois é aqui que os cachorros aprendem sobre o seu meio, a
mãe, outras espécies e os humanos. Este período é importante e nunca deve o cachorro ser
privado do convívio com outros animais durante este período, é aqui que ele aprende os
comportamentos sociais que devem reger o seu comportamento quando for adulto. Se este
período decorrer sem traumas, o futuro cão adulto não terá comportamentos anormais quando
encontrar outros cães (ex. excessivamente submisso, fuga ou agressão).
Começam a brincar.
 PERÍODO JUVENIL – 10ª semana até adulto
Começam a mostrar comportamentos sexuais adultos. Este comportamento vai
aumentando e vai sendo aperfeiçoado até à idade de 2 anos em que estão completamente
maduros – atingem a puberdade.
ASPECTOS IMPORTANTES
BRINCADEIRA – parece ser importante no desenvolvimento da organização social dos
animais. Pode ser uma simples forma de exercício ou um meio de aperfeiçoamento de
actividades como a caça, fuga, comportamento sexual. Começa +/- às 3 semanas.
Uma característica da brincadeira é a “vénia”, na qual o cachorro levanta a garupa e baixa o
garrote abanando a cauda.
POLDRO
Assim que nasce, o potro é capaz de mover a cabeça e pernas, o primeiro reflexo de
sucção aparece nos primeiros minutos, de modo que suga em tudo o que seja colocado na sua
boca.
Nos primeiros 15 minutos começa a tentar levantar-se, decerto cairá muitas vezes, mas
ao fim de +/- 1 hora, já se consegue pôr de pé. Na primeira hora começa a usar todos os
sentidos. O estímulo táctil é provocado pelo lamber da mãe e responde a estímulos visuais e
auditivos. Assim que se põe de pé, consegue andar embora a coordenação de movimentos não
seja perfeita. Mal se põe de pé, procura os tetos da mãe para mamar. A defecação voluntária
ocorre durante a 1.ª hora.
Na 2.ª hora, consegue mamar com sucesso. Por volta da 2.ª/3ª hora já se consegue
deitar e ao fim da 3ª hora já galopa.
Com um dia e vida, o potro brinca, urina, comunica, mama e anda, já com os
movimentos bem coordenados.
À medida que vai crescendo, o tempo que passa na pastagem também aumenta. O
comportamento alimentar e muito influenciado pela observação social, assim, os potros só se
alimentam quando a égua o faz, dai ser importante manter o potro junto da égua ou pelo menos
num local não muito distante onde ele a possa ver pastar.
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Brincar – à medida que cresce (ocorre maturação), passa menos tempo a descansar,
mama menos e pastoreia mais. Nas primeiras duas semanas brinca sozinho, correndo para
longe das mães. É uma forma de exercício mas também de exploração. Por volta das 8
semanas, é raro brincar sozinho e adquire brincadeira social com os outros.
GATO
Os gatos não têm os períodos sensíveis tão bem demarcados como os cães, e a
duração destes é muito menor. Segundo alguns autores, ocorrem mais cedo que nos cães.
Contudo, eles existem, embora pouco delimitados uns dos outros.
Foi feita uma experiência em que se separavam os gatinhos das mães às 2, 6 e 12
semanas, e registou-se se eles choravam ou não, e o tempo de duração desse choro. Verificouse que aqueles que eram separados das mães às 12 semanas não choravam. Aqueles que
tinham sido separados às 6 semanas, choravam um dia ou dois, e aqueles que eram separados
das progenitoras com apenas 2 semanas de vida, choravam durante uma semana. Daqui
conclui-se que às 12 semanas, o gato já tem todos os seus sistemas desenvolvidos e é
independente da mãe ao ponto de não demonstrar qualquer comportamento quando é
separado dela. No entanto, não se pode dizer que só as 12 semanas o gato tem os seus
sistemas desenvolvidos, porque às 6 semanas, ele só já chora 1 ou 2 dias, e podemos concluir
que existe uma correlação elevada entre a maturação dos sistemas e a falta que o gatinho
sente da mãe.
 PERÍODO NEONATAL – 1.ºs 8 dias
Quando nasce, o gato tem os olhos fechados e não anda. A alimentação tem de ser
estimulada pelas gatas e a defecação também, daí as gatas lamberem muitos os filhos na zona
urogenital.
Por volta do 2.º dia, já têm orientação auditiva e aos 4 já abrem os olhos.
 PERÍODO DE TRANSIÇÃO – do 8º dia ao 12.º
Durante este período, ocorre maturação do sistema locomotor e os gatinhos já andam,
mas de forma imperfeita. Continua o desenvolvimento iniciado no período anterior. Os gatinhos
continuam a depender do estímulo das mães para se alimentarem e para defecarem.
Já têm a orientação auditiva e no final deste período passarão a ter também a
orientação visual.
 PERÍODO DE SOCIALIZAÇÃO – Do 12.º dia ao final do 1.º mês de vida
Também nos gatos este período é muito importante, relacionam-se com os outros
animais e com os semelhantes. Já têm melhor coordenação dos movimentos e no final deste
período, já correm. Já brincam e exploram o mundo à sua volta, exercitam comportamentos de
caça, fuga, comportamentos sexuais, etc.
É neste período que passam a ter orientação visual e que a alimentação e a defecação
passa a ser voluntária e espontânea. O desmame ocorre por volta do mês de idade.
 PERÍODO JUVENIL – desde o 1.º mês até à idade adulta
29-05-2017 – João Fragoso
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Quando chega a esta fase, o gatinho já têm todos os sentidos apurados e
desenvolvidos à excepção do aparelho reprodutor. Continuam as brincadeiras, já quase não
necessita da mãe, e vai mesmo desligar-se dela durante este período (os felinos são,
normalmente animais solitários).
29-05-2017 – João Fragoso
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