O que dizem os rótulos Ministério da Saúde promove campanha para que população compreenda melhor informações nas embalagens dos alimentos. Estratégia faz parte do programa Brasil Saudável Fibras, gorduras saturadas, gorduras totais, carboidratos, valor energético. Para muita gente, as informações nutricionais nas embalagens dos produtos alimentícios soam como um grande mistério. Porém, são muito importantes e revelam ao consumidor que tipo de alimento ele leva para casa. Os rótulos podem dizer se esse produto vai trazer benefícios à saúde de quem compra. Por esse motivo, dentro do programa Brasil Saudável, o Ministério da Saúde promove uma campanha para educar a população a compreender as informações contidas nas embalagens dos alimentos. O Brasil aparece entre os 11 países do mundo que possuem normas para rotulagem nutricional de alimentos. As embalagens alimentícias no Brasil passaram a ser regulamentada com informações nutricionais em setembro de 2002, depois que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – agência ligada ao Ministério da Saúde – sancionou uma resolução para obrigar a rotulagem em produtos embalados. Fábricas e empresas alimentícias devem colocar a informação nutricional com oito itens obrigatórios (valor calórico, carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, gorduras trans, fibra alimentar e sódio), escrita em português. Também devem constar no rótulo a composição, a procedência, o tipo, a qualidade, a quantidade e a validade do alimento. Para ajudar na compreensão dos rótulos, a Anvisa produziu cartilhas educativas para ensinar o brasileiro a ler corretamente essas informações e a comprar itens que se encaixem em uma dieta balanceada. A cartilha traz o significado dos oito itens obrigatórios que aparecem nos rótulos. O texto explica, por exemplo, o que é a fibra alimentar. “Tipo de carboidrato presente em diversos tipos de alimentos de origem vegetal, como frutas, hortaliças, feijões e alimentos integrais”, diz a cartilha, que explica ainda: “A ingestão de fibras auxilia no funcionamento do intestino e reduz o risco de desenvolvimento de alguns tipos de câncer e doenças do coração”. Outra informação importante contida na cartilha diz respeito ao consumo do sódio, elemento químico presente no sal de cozinha e em alimentos industrializados. A cartilha alerta para a necessidade de consumo moderado de produtos com sódio, como salgadinhos de pacote e enlatados com salmoura. “(...) seu consumo excessivo pode levar ao aumento da pressão arterial”, avisa o texto, que também define as gorduras saturadas, tipo de gordura presente em alimentos de origem animal, como carnes, bacon e leite integral. A cartilha chama a atenção para o risco de ingestão excessiva de gorduras, fator capaz de aumentar o risco de problemas cardíacos. A coordenadora da Política de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Ana Beatriz Vasconcellos, reforça que essa divulgação vai ajudar os brasileiros a escolherem melhor o que levam à mesa. “O rótulo funciona como um elemento de comunicação importante. Ele traz informações nutricionais e tem o papel de ajudar na promoção de saúde”, afirma. “A partir da leitura correta de cada embalagem, o cidadão é capaz de escolher melhor o que come e fazer comparações entre produtos”, ressalta Ana Beatriz. Depois da regulamentação da rotulagem alimentar no Brasil, também podem aparecer nas embalagens frases ou denominações que relacionam o alimento à prevenção de doenças e com a promoção da qualidade de vida. São enunciados como “O aleitamento materno evita infecções e alergias e é recomendado até os dois anos de idade ou mais”, que aparecem, por exemplo, em latas de leite em pó. Na hora da compra – Mas será que frases informativas e os próprios rótulos alimentares influenciam o consumidor na hora da compra? Quando a Anvisa aprovou a norma para rotulagem nutricional no país, o governo realizou uma pesquisa entre usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) para saber se as pessoas liam os rótulos dos alimentos. Os resultados foram satisfatórios e mostraram que mais de 70% das pessoas consultadas tinham esse hábito. A dificuldade estava na interpretação de algumas informações. A partir disso e de resultados semelhantes obtidos em outros países, sabe-se da importância de ações que tornem o rótulo mais compreensivo e claro, para facilitar o entendimento das pessoas sobre o alimento que levam para casa. A questão também serviu como tema para levantamento da Universidade de Brasília (UnB). A nutricionista e pesquisadora do Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição da UnB, Janine Coutinho, ouviu cerca de 250 consumidores de várias classes sociais e pesquisou de que forma a rotulagem influencia o consumidor na compra de alimentos. Os resultados do estudo mostraram que 98% dos consumidores acreditam que o alimento tem capacidade de influenciar a saúde e outros 95% afirmaram que o controle da obesidade, do câncer, da hipertensão ou do diabetes se relaciona ao consumo de alimentos sadios. “As pessoas estão preparadas para utilizarem o rótulo como instrumento para escolha dos alimentos, mas ainda sentem dificuldade para compreender as informações nas embalagens”, observa Janine Coutinho. O estudo também mostrou como anda o interesse, o hábito de leitura e a importância dada aos rótulos na hora de comprar. Cerca de 75% dos consumidores costumam ler os rótulos na hora da compra. Para levar o produto para casa, pesam fatores como o preço – 89% dos entrevistados disseram que isso influencia muito na hora da compra. Os benefícios para saúde (81,6%) e sabor do alimento (80,4%) são outros quesitos decisivos que orientam o consumidor, segundo o levantamento da UnB. Como analisar um rótulo A rotulagem se aplica a todo alimento que seja produzido, comercializado e embalado na ausência do cliente e pronto para oferta ao consumidor. O rótulo deve conter informações obrigatórias pela legislação, como listagem nutricional, origem do produto, prazo de validade, identificação do lote e instruções sobre o preparo e uso do alimento. Algumas informações podem passar despercebidas. Um bom exemplo é a ordem em que os alimentos aparecem nos rótulos. Os ingredientes no alimento ou bebida devem ser listados em ordem decrescente de acordo com a quantidade. O primeiro da lista é o que está em maior quantidade. De acordo com as normas estabelecidas pela Anvisa, cabe à indústria assegurar nos rótulos informações claras e precisas sobre características, qualidades, prazo de garantia e origem do alimento. Já o consumidor tem como responsabilidade buscar informações nos rótulos e com isso saber o que ingere no seu dia a dia. “O consumidor bem informado é aquele que está atento, não se deixa enganar e sabe, com certeza, escolher o melhor para ele quando o assunto é saúde”, diz a coordenadora da Política de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Ana Beatriz Vasconcellos. O consumidor precisa ficar atento aos significados dos oito itens obrigatórios na rotulagem nutricional. Essas informações diferenciam um alimento saudável de outro que apresenta altas taxas de gorduras saturadas ou produtos químicos. É importante conhecer o significado de termos como glicídios (são carboidratos: açúcar + amido), lipídios (gordura) ou protídios (sinônimo de proteína). Na rotulagem nutricional, o valor energético é expresso em forma de quilocalorias e quilojoules. Significa a energia que o corpo utiliza e vem dos alimentos (carboidratos, proteínas e gorduras totais). Os carboidratos têm como principal função fornecer energia para as células do corpo. Os carboidratos encontram-se nas massas, pães, arroz, farinhas, açúcar e em alguns tubérculos, como a batata e doces em geral. As proteínas são nutrientes responsáveis pela construção e manutenção dos músculos no organismo. Existem nas carnes, ovos, leites e derivados, feijões, soja e ervilha. As gorduras totais e saturadas precisam ser consumidas com moderação, pois aumentam o nível de colesterol no sangue e constituem fatores de risco para doenças no coração.