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Propaganda
língua portuguesa
especial
oRtogRafiaemrefOrma
saiba pOr que O pOrtuGuês escritO mudOu e cOnheça as
principais reGras dO acOrdO que unifica as Grafias de OitO países
C
erca de 230 milhões
de pessoas agora têm
de passar a escrever
do mesmo jeito. Este
é o número aproxi­
mado de falantes da língua por­
tuguesa que serão afetados pelo
novo acordo ortográfico. A refor­
ma tem a intenção de unificar a
única língua ocidental que até
então tinha duas ortografias ofi­
ciais reconhecidas: a brasileira e
a portuguesa.
Os três primeiros países a as­
sinarem foram Brasil, Cabo Verde
e São Tomé e Príncipe. Mas a lis­
ta aumentou para oito com a en­
trada no acordo de Portugal,
Guiné­Bissau, Angola, Timor
Leste e Moçambique.
Um dos motivos que originou a
proposta foi a impossibilidade de
intercâmbio de livros e documen­
tos oficiais entre países lusófonos.
Mas a ideia não é nova. Já em 1931,
Brasil e Portugal se preocupavam
em unificar a língua escrita e as­
sinaram um acordo ortográfico.
Outras duas tentativas foram to­
madas na década seguinte, em
1943 e 1945. Entretanto, o Brasil
só adotou a primeira delas.
Não à toa as divergências se ar­
88
rastam até hoje e foram apenas
atenuadas pelo novo acordo. E,
pelo jeito, não serão solucionadas
tão facilmente. “Ainda estamos
muito longe da unificação”, afirma
o professor de gramática e redação
Odilon Soares Leme. “Os países
signatários deveriam ter se unido
para lançar um vocabulário co­
mum, mas isso não aconteceu. A
Academia Brasileira de Letras se
adiantou e lançou um vocabulário
com interpretações discutíveis.
Será que Portugal vai aceitar sem
reservas exatamente o que a nos­
sa academia sacramentou?”
Provavelmente não. Uma pes­
quisa feita entre os portugueses
mostrou que 57% da população é
contra o acordo. Essa oposição
pode ser notada na imprensa.
Apenas três jornais portugueses
adotaram a reforma, sendo que só
um deles é de circulação nacional.
Não é difícil entender o porquê.
Afinal, nossa ortografia sofrerá
mudanças em 0,5%, ao passo que
a lusitana terá que alterar quase
1,6% de seu vocabulário.
Enquanto os portugueses dis­
cutem a viabilidade do acordo, no
Brasil as mudanças caminham a
passos largos. A nova ortografia
entrou em vigor em 1º de janeiro
de 2009. Mas ainda não é hora de
se desesperar com as regras. As
duas formas de escrita conviverão
até 2012. Isso vale também para
as redações de vestibular.“O alu­
no poderá escrever de acordo com
a nova ortografia ou com a antiga,
mas desde que seja coerente. O
problema é escolher a nova, por
exemplo, e errar”, diz Odilon.
São três anos para que o brasi­
leiro se acostume com “ideia”,
“micro­ondas”ou“ultrassecreto”.
Parece complicado se adaptar a
tantas regras e exceções novas,
mas o professor Odilon afirma
que ficará mais fácil escrever:
“Houve simplificação na questão
dos acentos e até mesmo na hife­
nização das palavras, muito em­
bora o hífen ainda seja o calca­
nhar­de­aquiles dessa reforma”.
vá fUndo
para ler
• Escrevendo pela Nova Ortografia, instituto
houaiss e José carlos de azeredo. publifolha
• Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa,
academia brasileira de letras. editora Global
para navegar
• www.galileu.globo.com/vestibular2009
Galileu especial vestibular 2009
7ESPVdicas.indd 88
6/5/2009 00:47:13
Tudo o que
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prOva. casO cOntráriO, fique cOm a OrtOGrafia antiGa
alfabeto
peRdeRam o acento
• Foram incorporadas as letras • paRoxítonas com
“k”, “w” e “y”
• tRema
Finalmente caiu. Entretanto,
palavras estrangeiras, como
Führer, não mudam. Exemplos:
“linguiça”, “sequestro”,
“frequência”, “quiproquó”.
ganhaRam hífen
• Palavras compostas quando
o prefixo termina em vogal
e são seguidos da mesma
vogal no segundo elemento.
Exemplos: micro-ondas,
anti-inflamatório. Atenção
para as exceções de palavras
com o prefixo “re”. Exemplos:
reescrever e reeducar
Palavras com os prefixos
“hiper”, “inter” e “super”
seguidos de palavras iniciadas
por “r”. Exemplos:
hiper-resistente, inter-relação
e super-radical.
•
peRdeRam hífen
• Palavras cujos prefixos
terminam em vogal e são
seguidos de “r” ou “s”.
Exemplos: antirreligioso,
ultrassecreto, contrarregra
e cosseno.
© nononon
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ditongos “ei” oU “oi”
Exemplos: ideia, Coreia e
heroico. Mas não se esqueça
de acentuar “caubói”. A
palavra é oxítona.
• hiatos
de palavras paroxítonas que
vierem após uma sequência de
duas vogais. Alguns exemplos:
Sauipe, feiura e bocaiuva.
Porém a palavra Piauí segue
acentuada por ser oxítona.
• palavRas com
hiatos “oo” e “ee”
(dos verbos crer, dar, ler, ver
e seus derivados). Exemplos:
voo, perdoo, creem e preveem.
Não confunda: o acento deve
ser usado para marcar o plural
nos verbos ter, vir e seus
derivados (ele tem, eles têm).
• palavRas qUe
levavam acento
difeRencial
como “para” e “pelo”.
O contexto determinará
a diferença entre elas.
Exemplos: “Ele não para de
me incomodar para que eu o
leve junto”. Atenção: há duas
exceções: o acento continua
para diferenciar “pôde” e
“pode” e pôr (verbo) de por
(preposição).
o novo acoRdo
oRtogRáfico
1
Oito países assinaram
o documento: Brasil,
Cabo Verde, São Tomé e
Príncipe, Portugal, Guiné-Bissau, Angola, Timor
Leste e Moçambique.
2
A reforma afetará cerca
de 230 milhões de
pessoas, cuja língua oficial é
o português.
3
Enquanto a ortografia
brasileira mudará
0,5%, a lusitana sofrerá
alterações em aproximadamente 1,5%.
4
Até 2012, as duas
formas de escrever
conviverão harmoniosamente. Nesse período,
vestibulares e concursos
públicos estão proibidos de
exigir exclusivamente do
candidato uma ou outra.
5
No vestibular, o
candidato deve
escolher entre uma ou outra
forma ortográfica e manter
a coerência. Preste atenção:
não vale misturar.
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