cirrose hepática em decorrência do alcoolismo em pacientes

Propaganda
ETEC PROF. MÁRIO ANTÔNIO VERZA
CURSO TÉCNICO EM AGENTE COMUNITÁRIO DE
SAÚDE
CIRROSE HEPÁTICA EM DECORRÊNCIA DO
ALCOOLISMO EM PACIENTES DO SEXO
MASCULINO
Ana Maria Silvano Mendes
Emilena Aparecida dos Santos
Juliana Aparecida da Silva Ferreira
Juliana de Oliveira Ruiz Paris
Lucilene de Souza Damaceno
Marlene Pereira Roratto
Palmital
2012
ETEC PROF. MÁRIO ANTÔNIO VERZA
CURSO TÉCNICO EM AGENTE COMUNITÁRIO DE
SAÚDE
CIRROSE HEPÁTICA EM DECORRÊNCIA DO
ALCOOLISMO EM PACIENTES DO SEXO
MASCULINO
Ana Maria Silvano Mendes
Emilena Aparecida dos Santos
Juliana Aparecida da Silva Ferreira
Juliana de Oliveira Ruiz Paris
Lucilene de Souza Damaceno
Marlene Pereira Roratto
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
à Etec Prof. Mário Antônio Verza, como parte
dos requisitos necessários para a obtenção
do título de Técnico em Agente Comunitário
de Saúde.
Profa Orientadora: Fernanda Delantonia
Palmital
2012
Dedicamos nosso TCC a
todas as pessoas que nos
incentivaram até o término
desse curso. Nosso muito
obrigada.
“O álcool não faz as
pessoas fazerem melhor
as coisas, ele faz com que
elas
fiquem
menos
envergonhadas de fazêlas mal.” (William Osler)
AGRADECIMENTOS
Primeiro a Deus por ter nos dado força para vencermos mais essa etapa em
nossas vidas.
Aos nossos familiares pela compreensão e cooperação, aos profissionais
que compõem nosso ambiente de trabalho diário, que nos proporcionaram
momentos de estudo.
Aos amigos do grupo, professores do corpo docente, funcionários e todos os
colaboradores da ETEC Prof. Mário Antônio Verza.
RESUMO
Esta pesquisa é uma revisão bibliográfica, que teve como objetivo
apresentar a cirrose hepática em consequência do uso abusivo de álcool em
pacientes do sexo masculino. Relata o papel do Agente Comunitário de Saúde na
doença e na prevenção do uso de bebidas alcoólicas; relata também sobre a Política
Nacional de Saúde do Homem, sobre a doença hepática e suas causas, sintomas,
tratamentos existentes e também sobre a reabilitação do etilista.
Tal estudo ofereceu conhecimento para reconhecer que para diminuir os
altos índices de morte por doença hepática alcoólica é necessário que todos os
âmbitos
da
sociedade
estejam
empenhados
principalmente em diminuir o abuso do álcool.
na
prevenção
da
doença,
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 08
JUSTIFICATIVA.................................................................................................... 09
OBJETIVOS .......................................................................................................... 09
METODOLOGIA ................................................................................................... 10
1. O ÁLCOOL E O AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE .................................. 11
2. A SAÚDE DO HOMEM ..................................................................................... 12
3. A CIRROSE OU DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA ...................................... 14
4. CAUSAS ........................................................................................................... 14
5. SINTOMAS ....................................................................................................... 14
6. TRATAMENTO ................................................................................................. 15
6.1. Tratamento Clínico Não Específico ................................................................ 15
6.2. Tratamento Específico.................................................................................... 16
6.3. Transplante Hepático ..................................................................................... 16
7. REABILITAÇÃO DO ALCOÓLATRA ............................................................... 16
8. O PAPEL DO ACS ............................................................................................ 18
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 19
10. GLOSSÁRIO ................................................................................................... 20
11. REFERÊNCIAS ............................................................................................... 21
8
INTRODUÇÃO
A doença hepática alcoólica, sob a abreviatura de DHA, ou seja, a
hepatopatia induzida pela ingestão de álcool e/ou seus metabólitos representa
protótipo de doença em que convergem fatores biológicos, clínicos, epidemiológicos
e psicológicos. A DHA é o tipo de doença humana causada pelo próprio homem e
modulada por diversos fatores. Diferentemente de muitas outras doenças, a DHA
pode ser evitada, desde que a ingestão etílica seja pequena não ultrapassando
determinados limites, e permanecer estacionada ou mesmo regredir após parar o
consumo de bebidas alcoólicas. A DHA apresenta incidência alta em quase todos os
países, inclusive no Brasil, afetando homens e mulheres, adultos, crianças e o
próprio feto, sendo uma das manifestações do alcoolismo fetal. (MINCIS, 2009, p.
847)
A pergunta principal é se o álcool é tão prejudicial, por que se bebe?
Provavelmente porque o álcool é uma droga que pode atenuar a ansiedade, a
depressão e as tensões da vida moderna pela fácil disponibilidade e aceitação social
e por ser muito divulgado por diversos meios de comunicação, que apregoam “suas
qualidades” (melhor adaptação social, relacionamento entre as pessoas e,
ultimamente, muito mencionado, capaz de reduzir os índices de mortalidade por
coronariopatias), sem salientar seus enormes riscos quando consumido de modo
excessivo. (MINCIS, 2008, p. 883)
O abuso do álcool é a principal causa da cirrose, que é uma doença crônica
do fígado, como este é responsável pela metabolização dessa substância, ele sofre
danos em seus tecidos vitais que comprometem seu funcionamento.
A política nacional de saúde do homem lançada dia 27 de agosto de 2009,
tem por objetivo facilitar e ampliar o acesso da população masculina aos serviços de
saúde.
Visto a importância desta política e associado às funções do ACS na prática
de orientação, aconselhamento, consequências, cuidados e prevenção junto a essa
doença evidencia-se a necessidade de maiores investimentos na formação e
capacitação de profissionais específicos para atender nessa área.
9
JUSTIFICATIVA
Apresentar que os homens são mais vulneráveis às doenças relacionadas
ao consumo de álcool e que a cada três mortes de pessoas adultas, duas são
homens. Por esse motivo o sexo masculino foi escolhido para ser pesquisado. Como
a doença hepática alcoólica está entre as causas de morte mais frequentes nos
homens, ficou definido o tema da pesquisa, que inclui no decorrer do trabalho o
papel do Agente Comunitário de Saúde na prevenção e na recuperação da saúde da
população em geral.
OBJETIVO GERAL
O objetivo geral deste estudo é apresentar a cirrose hepática em decorrência
do alcoolismo em pacientes do sexo masculino, seu desenvolvimento e tipos de
tratamento.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Relatar os tipos de tratamentos existentes para essa doença;

Apresentar os sintomas, as alterações físicas que a DHA ocasiona;

O papel do ACS.
10
METODOLOGIA
Este trabalho é uma revisão bibliográfica de ensaios clínicos e revisões
sistemáticas publicadas em revistas científicas e pesquisa bibliográfica de livros da
biblioteca da unidade escolar.
Foram incluídos para o desenvolvimento da pesquisa, artigos sobre a cirrose
hepática em decorrência do alcoolismo em pacientes do sexo masculino.
Os revisores selecionaram, de maneira independente, os estudos que foram
considerados na revisão sistemática. Foram considerados então estudos que
constam de pacientes do sexo masculino, com DHA. A busca nas seguintes bases
de dados foi feita por meio de estratégia otimizada: Base de Dados de Ensaios
Clínicos da Cochrane, Embase, Lilacs, SciSearch, Bireme, MedLine , PubMed, OVID
e Thomson-Gale.
As palavras-chaves utilizadas para encontrar os artigos foram: doença
hepática alcoólica, cirrose, consumo de álcool, doenças do fígado.
11
1. O ÁLCOOL E O AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE
O uso de bebidas alcoólicas é uma prática bastante frequente, aceita e
reforçada pela sociedade, tendo seu início, muitas vezes, na adolescência. Mesmo
sabendo que o alcoolismo leva alguns anos para se instalar no organismo, acreditase que o uso precoce de bebidas etílicas pode vir a contribuir para o
estabelecimento da dependência alcoólica mais cedo, ou seja, ainda numa fase
produtiva da vida, em que o sujeito teria uma boa condição de saúde para trabalhar
ou estudar, o que acaba deixando de lado devido à sua dependência.
(Bertolote,1997)
A prevalência de dependentes de álcool é maior para o sexo masculino :
19,5 % dos homens são dependentes de álcool, enquanto 6,9 % das mulheres
apresentam dependência. Segundo estes dados, para cada seis pessoas do sexo
masculino que faz uso de álcool, uma fica dependente. Entre as mulheres, esta
proporção é 10:1.(CEBRID,2005)
Existe uma preocupação acerca dos danos que o uso abusivo do álcool
pode ocasionar nos diversos segmentos da sociedade, de modo que é importante a
inserção do objeto biopsicossocial nas pautas de pesquisas e intervenções
científicas. Os Agentes Comunitários de Saúde (ACS’s) são atores que podem
contribuir na diminuição do quadro do uso de drogas, com a intervenção na
educação preventiva em saúde.
Com relação às ações de prevenção ao uso indevido de drogas proposto
atualmente pelo Ministério da Saúde, pode-se citar o Programa de Saúde da Família
(PSF), que vem executando ações nesse sentido. O PSF pode funcionar como um
catalisador de ações de prevenção, promoção e recuperação da saúde das pessoas
com problemas relacionados ao álcool, assim como as outras drogas, de forma
integral e contínua.
O PSF é formado basicamente, por uma equipe multiprofissional composta
por médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem e ACS’s, tendo em vista que os
mesmos possuem um papel fundamental na prevenção/tratamento das drogas junto
a comunidade, sendo uma de suas funções determinadas pelo Ministério da Saúde,
e por serem um elo essencial na construção do vínculo entre a equipe e as famílias
12
e no processo de vigilância à saúde, a fim de acompanhar e intervir nos grupos
vulneráveis ao adoecimento e às condições socioambientais desfavoráveis.
Os ACS’s devem trabalhar com famílias de base geográfica definida. Eles
são responsáveis pelo acompanhamento de, no máximo, 150 famílias ou 750
pessoas, e precisa morar, há pelo menos dois anos, na área onde desempenha
suas atividades. Tem como papel desenvolver atividades de prevenção das doenças
e promoção da saúde, através de visitas domiciliares e de ações educativas
individuais e coletivas nos domicílios e na comunidade. (Ministério da Saúde, 2000;
Silva & Dalmaso, 2002)
Dentro dessa perspectiva, os
ACS’s tem como uma de suas funções
orientar e aconselhar as famílias sobre a verdadeira dimensão do abuso do álcool e
das suas consequências, ensinando as pessoas a cuidarem e preservarem a sua
saúde e, em casos de necessidade, aconselhar os indivíduos a procurarem
atendimento mais especializado da rede pública de saúde. Sempre respeitando os
princípios dos valores humanos e culturais de cada cidadão, entre eles o uso da
linguagem correta e acessível, no oferecimento de uma informação objetiva, clara e
honesta, em resumo, educada e eficaz.
O Agente Comunitário de Saúde, por morar na comunidade, representa uma
riqueza de possibilidades, pois conhece as pessoas a quem atende, tem a mesma
linguagem, passa por situações parecidas, divide crenças semelhantes. Uma
orientação levada por este cidadão oferece credibilidade que dificilmente as palavras
de um técnico da saúde atingiriam.
2. A SAÚDE DO HOMEM
Pesquisas revelam que a cada três mortes de pessoas adultas, duas são de
homens. Quando comparado com as mulheres, o tempo de vida deles é 7,6 anos
menor. As doenças isquêmicas do coração, como o infarto do miocardio, seguida
das moléstias cardiovasculares ( como o Acidente Vascular Encefálico, o AVE),
outras doenças cardíacas, pneumonia, cirrose e diabetes estão entre as principais
causas de morte do sexo masculino.
Estudos comprovam que os homens são mais vulneráveis às doenças,
especialmente as enfermidades graves e crônicas. Essa ocorrência está ligada ao
13
fato de que eles recorrem menos do que as mulheres aos serviços de atenção
primária e procuram o sistema de saúde quando os quadros já se agravaram.
Para ampliar o acesso deles aos serviços de saúde, o Ministério da Saúde
criou a Política Nacional de Saúde do Homem, em 2009. A iniciativa foca os homens
de 20 a 59 anos de idade, que correspondem a 41,3 % da população masculina ou
20 % do total da população, totalizando 2,5 milhões de brasileiros. Além de criar
mecanismos para melhorar a assistência a essa população, a meta do governo
federal é incentivar que eles procurem o serviço de saúde ao menos uma vez por
ano.
As ações de saúde direcionadas ao homem vão contribuir para a melhoria
da qualidade de vida e redução dos altos índices de doenças e mortes na população
masculina; o diagnóntico precoce é mais fácil de tratar e evitar o agravo da doença,
só assim pode-se diminuir os índices de morbimortalidade masculina em nosso país.
A iniciativa do Ministério da Saúde ajuda os homens, pois eles têm preconceito em
procurar um médico,assim como as mulheres fazem e fazer os exames
preventivos,principalmente o de próstata. Eles acham que os homens nasceram
para trabalhar e sustentar a família, e por isso não podem adoecer . Esse programa
é um incentivo para que os homens possam procurar os serviços básicos de saúde
sem receio.
As ações da Atenção Básica devem incluir : atividades educativas para
promoção à saúde e prevenção de doenças; aconselhamento para os testes
diagnósticos e para adesão à terapia instituída e ás recomendações da assistência;
diagnóstico precoce das DST, infecção pelo HIV, hepatites e HTLV; tratamento
adequado da grande maioria das DST; encaminhamento dos casos que não
competem a esse nível de atenção, realizando acompanhamento conjunto;
prevenção da sífilis congênita e da transmissão do HIV; manejo adequado dos
indivíduos em uso de drogas; entre outras ações.
14
3. A CIRROSE OU DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA (DHA)
A cirrose que é uma doença crônica do fígado (este é a maior glândula e o
maior órgão do corpo humano, e é ainda um dos mais importantes) que se
caracteriza por fibrose e formação de nódulos que bloqueiam a circulação
sanguinea. Pode ser causada por infecções ou inflamação crônica dessa glândula. A
cirrose faz com que o fígado produza tecido de cicatrização no lugar das células
saudáveis que morrem. Com isso ele deixa de desempenhar suas funções normais
como produzir bile ( um agente emulsificador de gorduras), auxiliar na manutenção
dos níveis normais de açúcar no sangue, produzir proteínas, metabolizar o
colesterol, o álcool e alguns medicamentos, entre outras.
A cirrose é mais comum em homens , mas pode acometer também as
mulheres. O uso abusivo do álcool fez crescer o número de portadores da doença
nos últimos anos.
4. CAUSAS
O abuso do álcool é a principal causa da cirrose. Como o fígado é
responsável pela metabolização dessa substância, quando exposto a doses
excessivas de álcool, sofre danos em seus tecidos vitais que comprometem seu
funcionamento.
Também são causas de cirrose as hepatites crônicas provocadas pelos vírus
B e C, pelo uso de determinados medicamentos e pela hepatite auto-imune.
5. SINTOMAS
Os principais sintomas da cirrose são : náuseas, vômitos, perda de peso, dor
abdominal, constipação, fadiga, fígado aumentado, olhos e pele amarelados
(icterícia), urina escura, perda de cabelo, inchaço (principalmente nas pernas), ascite
(presença de líquido na cavidade abdominal), entre outros.
Em casos mais avançados pode ocorrer a encefalopatia hepática que é a
síndrome que provoca alterações cerebrais decorrentes do mau funcionamento do
15
fígado que se manifesta por desorientação têmporoespacial, confusão, sonolência,
letargia, entre outros.
No entanto, durante muito tempo a doença pode evoluir sem causar
sintomas.
6. TRATAMENTO
A DHA deve ser considerada, em princípio, doença grave que pode conduzir
o paciente ao coma e a morte. Os índices de mortalidade são maiores quando há
encefalopatia, ascite, hiperbilirrubinemia e coagulopatia. O tratamento da DHA pode
ser dividido em: clínico e cirúrgico. O tratamento clínico pode ser subdividido em:
não específico e específico.
6.1.
Tratamento Clínico Não Específico
Abstenção total de bebidas alcoólicas – Pode atenuar consideralvelmente a
insuficiência hepática e reduzir os níveis de hipertensão portal ( devido,
provavelmente, à mobilização da gordura hepática e diminuição da inflamação). A
redução dessa gordura e da inflamação diminuirá o volume intra-hepático e o grau
de compressão de vênulas hepáticas, sinusoides e comunicações intersinusoidais. A
diminuiçao da hipertenção portal, por sua vez, ocasionará redução do volume da
ascite, bem como diminuição da frequência de sangramento de varizes e de
insuficiência funcional hepatorrenal.
A abstenção etílica em alcoólatras com esteatose (acúmulo de gordura no
fígado) geralmente proporciona rápida melhora clínica ( com diminuição da
hepatomegalia) e de testes laboratoriais. Dependendo de sua intensidade, a
esteatose pode desaparecer após uma a seis semanas de abstinência alcoólica e
dieta normal. Em alguns pacientes a deposição excessiva de gorduras no fígado
desaparece, apesar da continuação da ingestão etílica. Embora se deva recomendar
abstenção total do etanol, em alguns alcoólatras a diminuição acentuada de seu
consumo é suficiente para reduzir significantemente a intensidade da esteatose
.(MINCIS, 2009)
16
6.2.
Tratamento Clínico Específico
O tratamento específico diz respeito aos medicamentos que, em estudos
controlados, foram eficazes no tratamento da DHA.
Exemplo:
Corticosteroides
Os corticosteroides têm, entre outros, os seguintes efeitos benéficos:
aumentam o apetite, que está geralmente diminuído em etilistas, atuam como antiinflamatório, podem proteger membranas plasmáticas e de organelas contra efeitos
tóxicos do etanol e de seus metabólitos.
6.3.
Transplante Hepático (TH)
Todos os pacientes com DHA podem, em princípio, ser incluídos como
candidatos ao transplante se estiverem em fase avançada, o critério de seleção
deve basear-se em dados clínicos, os mesmos utilizados para hepatopatias não
alcoólicas
excluindo-se
naturalmente
os
que
apesentam
comprometimento
significativo extra-hepático, especialmente disfunção cerebral, pancreatite crônica,
cardiomiopatia e alterações músculo-esqueléticas
e avaliando os aspectos
psicossociais; período de abstenção alcoólica de, pelo menos, seis meses antes do
transplante; abandono do fumo, especialmente após o transplante . Atualmente a
cirrose alcoólica é a segunda indicação mais frequente de TH no Brasil e no mundo.
A sobrevida após um ano de transplante é semelhanta a que acorre em outras
hepatopatias crônicas, entre 60 e 100 %. A sobrevida após cinco anos de
transplante também apresenta altos índices.
7. REABILITAÇÃO DO ALCOÓLATRA
Durante algum tempo, os profissionais estudaram a procura de tratamento
em alcoolistas, como um processo individual, onde a motivação era vista como
fundamental e expressada através do comportamento de querer ou não modificar o
hábito de beber. No entanto, sem o entendimento dos antecedentes do processo de
17
motivação, antes da procura formal do tratamento, o conceito de motivação pode ser
usado de forma errônea e inadequada. Aspectos sociais, pessoais, traços culturais e
determinados tipos de tratamento podem influenciar nessa procura, bem como
doenças físicas e consequências sociais, sendo as últimas com maior influência na
procura de tratamento.
A motivação necessita ser redefinida como um conceito útil, não apenas
para levar a pessoa ao tratamento, mas como um modelo, que necessita saber
aonde o cliente está e quais são os motivos tanto para a procura, quanto para a não
procura de tratamento.
Na vida do alcoólatra, não apenas
ele enfrenta
as consequências do
álcool, mas a família também sente as dores. Dentre as alternativas oferecidas
atualmente para o tratamento e superação desta problemática está, entre outras, o
tratamento ambulatorial, a internação em clínicas especializadas e os grupos de
auto ajuda.
Os serviços ambulatoriais de reabilitação de álcool são projetados
especialmente para as pessoas que não têm dependência grave do álcool, pois eles
não ficam confinados neste local. O tratamento pode ser intenso, o que requer 4-5
horas por dia de um alcoólatra para cada dia da semana e alguns tratamentos
ambulatoriais têm sessões semanais de terapia.
Existem diversas clínicas públicas e privadas de recuperação de alcoólatras
e o Código de Ética Médica afirma que o paciente ou seu representante legal tem o
direito de escolher o local onde será tratado e os profissionais que o assistirão. O
paciente pode decidir livremente sobre a sua pessoa ou seu bem-estar. Os
Conselhos de Medicina enfatizam que obrigar o paciente a se submeter, contra a
sua vontade, a um regime de confinamento institucional é sinônimo de ilícito penal
(cárcere privado).
Entre os gupos de auto ajuda destaca-se a Irmandade dos Alcoólatras
Anônimos (AA). O AA considera o alcoolismo como uma doença física, mental e
espiritual não apenas porque o etilismo afeta o espírito como porque para recuperarse é necessário recuperar igualmente o espírito. Sua filosofia basea-se nas quatro
virtudes cardeais definidas por Santo Tomás : Prudência, Justiça, Fortaleza e
Temperança.
18
O alcoolismo é uma doença progressiva; a partir de um determinado ponto,
o sofrimento moral constitui ao mesmo tempo uma das maiores dores do alcoólatra e
um dos maiores obstáculos à sua recuperação.(BARROS,2007)
8. O PAPEL DO ACS
O papel do ACS, deve englobar ações de prevenção do alcoolismo e
recuperação da saúde de pessoas com cirrose ou que estão encaminhando para têla.
Nas ações de prevenção, além de orientações nas residências, o ACS pode
organizar palestras com temas educativos e informativos sobre o alcoolismo e suas
consequências, promovendo também reuniões com os homens entre outras
estratégias, que estimulem o mesmo a se cuidar e a buscar uma vida mais saudável,
principalmente sobre o alcoolismo, o tabagismo, a hipertensão e a obesidade.
Também pode desenvolver suas atividades nas visitas domiciliares quando
a pessoa já está doente, no qual o seu papel é verificar se o cliente já está em
tratamento, se não, estar apoiando e incentivando para iniciá-lo.
O ACS deve estar dando o apoio e o suporte necessário, realizando visitas
domiciliares com maior frequência e monitorar se o cliente está seguindo o
tratamento corretamente, se não está faltando às consultas e está tomando as
medicações nos horários corretos.
Além das visitas domiciliares sozinhos, o ACS deve visitar os clientes
acompanhado da enfermeira, da auxiliar de enfermagem e do médico, sempre que
preciso e necessário.Deve apoiar também o tratamento psicossocial quando há
necessidade.
19
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O álcool é responsável, além de diversas doenças, por grande parte dos
atos de violência e dos acidentes dos mais variados, desde trânsito até de trabalho.
Apesar das suas conseqüências desastrosas, o ato de beber é considerado parte
fundamental do convívio social, dificultando as campanhas de conscientização.
A magnitude do problema do uso abusivo do álcool ganhou proporções tão
alarmantes que, na atualidade, é um desafio da saúde pública no país e os ACS`s
como multiplicadores de informações preventivas devem, além de orientar a
prevenção primária com o intuito de diminuir as consequências advindas do uso do
álcool, ajudar na reabilitação e reinserção dos mesmos na sociedade.
Como consequência do uso do álcool foi apresentada a DHA como uma das
principais causas de morte entre os homens e conclui-se que a prevenção é a
melhor alternativa, pois depois da doença instalada no organismo as chances de
cura são poucas.
O Ministério da Saúde analisando esses dados criou a Política Nacional de
Saúde do Homem que deve nortear as ações de atenção integral , visando estimular
o auto-cuidado e, sobretudo, o reconhecimento de que a saúde é um direito social
básico e de cidadania de todos os Homens Brasileiros.
20
10. GLOSSÁRIO
DHA – Doença Hepática alcoólica
ACS – Agente Comunitário de Saúde
PSF – Programa de Saúde da Família
AVE – Acidente vascular encefálico
Etanol – Álcool
Etílicas – Derivadas do etanol
DST – Doenças sexualmente transmissíveis
HIV – Sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana causador da AIDS
HTLV – infecção causada pelo vírus T-linfotrópico humano que infecta as células de
defesa do organismo
Nódulos - pequenos nós
Hipertensão portal – Hipertensão na veia porta e filiais
TH – Transplante hepático
AA – Alcoólatras anônimos
21
11.
REFERÊNCIAS
MINCIS, M. Doença Hepática Alcoólica. In: Mincis M. Editor. Gastroenterologia &
Hepatologia 4ª Ed. São Paulo, Casa Lemos Editorial, 2009. p. 847-872.
MINCIS, M. Doença Hepática induzida por drogas. In: Mincis M, Editor.
Gastroenterologia & Hepatologia. 4ª Ed. São Paulo, Casa Lemos Editorial, 2008 p.
883-891.
BERTOLOTE, J. M. (1997). Conceitos em alcoolismo. Em S. P. Ramos & J. J.
Bertolote (Orgs.). Alcoolismo Hoje (pp. 17-31). Porto Alegre: Artes Médicas.
MINISTÉRIO DA SAÚDE (2000). Programa ACS’s. Brasília: Ministério da Saúde.
SILVA, J. A. & DALMASO, A. S. W. (2002). Agente Comunitário de Saúde: o ser, o
saber, o fazer. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz.
MINISTÉRIO DA SAÚDE(2008). Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do
Homem. Brasília: Ministério da Saúde.
BARROS, Luiz Ferri de (2007). Prudência, Memória e Docilidade na Recuperação
do Alcoolismo.
FIGLE, Neliana Buzi(1999). Motivação em Alcoolistas.
Download