A IMPORTÂNCIA DA HIGIENIZAÇÃO DOS CANAIS FOLICULARES NO TRATAMENTO DA ACNE VULGAR1 CRISTIANE DE LIMA PACHECO DE MIRANDA LIMA² TATIANE LEONI³ RESUMO A acne é uma das dermatoses mais frequentes e tem maior incidência na puberdade. Aparece em forma de lesões inflamatórias dolorosas que podem ocasionar diferentes graus de cicatrizes, levando desde a baixa autoestima até casos graves de depressão devido sua maior incidência ocorrer na face. Buscamos, por meio do referencial bibliográfico, o procedimento mais adequado para amenizar as manifestações da acne, impedindo a evolução dos comedões para lesões inflamatórias. A higienização e a desobstrução dos canais foliculares são essenciais no tratamento da acne, pois com a extração dos comedões é facilitada a excreção sebácea, impedindo a formação de lesões inflamatórias. Descrevemos passo a passo os procedimentos corretos para a realização da higienização dos canais foliculares, com o fim de garantir sua eficiência e evitar danos à saúde do paciente. Palavras-chave: Acne. Tratamentos. Higienização dos Folículos. ________________________________________________________________ ¹ Artigo apresentado como requisito para conclusão do curso de Pós-Graduação em Estética Corporal e Facial da Universidade do Vale do Itajaí, sob orientação da Profª. MSc. Juliana Cristina Gallas, Professora do curso de Pós-Graduação em Estética Corporal e Facial da Universidade do Vale do Itajaí, Coordenadora do curso de Tecnologia em Cosmetologia e Estética na mesma instituição. E-mail: [email protected] e Co-orientação da Profª. Vandressa Bueno de Paula, Professora do curso de Tecnologia em Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí. Pós-Graduada pela mesma instituição. E-mail: [email protected]. ² Enfermeira, Graduada pela Universidade do Contestado, Pós Graduada pela Uniguaçu em saúde do Trabalhador e em Enfermagem do Trabalho pela Universidade do Contestado e PósGraduanda em Estética Facial e Corporal pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali). [email protected]. R: Luiz Balistieri, 298 ap. 07 Imigrantes, Guaramirim, CEP: 89270000. ³ Administradora de Empresas, Graduada pelo Centro universitário de Jaraguá do Sul (Unerj), Pós-Graduanda em Estética Facial e Corporal pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali). Técnica em Estética Facial pela CR Escola de Estética (Clinicorpo). [email protected] R: Carlos Niels, 65 Vila Nova, Jaraguá do Sul CEP: 89259-370. 2 1. INTRODUÇÃO A acne é a dermatose mais frequente da segunda e terceira décadas, conforme escreve Taborda (2005). Esta enfermidade está localizada no pilossebáceo, formando comedões, pápulas e cistos. Em casos de inflamação mais intensa, formam-se pústulas e abcessos que regridem e geralmente deixam cicatrizes. A acne é típica de adolescentes, sendo mais precoce no sexo feminino, por influência do ciclo menstrual; mas no sexo masculino ocorrem as formas mais intensas e graves e em ambos os casos costumam regredir após os 20 anos de idade. Em alguns casos mais graves pode vir a perturbar a qualidade de vida e desencadear ou agravar problemas emocionais. Isto também pode ocorrer em casos de tratamentos inadequados, que acabam deixando cicatrizes (TABORDA, 2005). Para Sampaio e Riviti (2001, p. 291), a acne é uma afecção dos folículos pilossebáceos que se localizam na face e na região antero-posterior do tórax. A característica desses folículos é ter uma glândula sebácea hipertrofiada e um pelo fino rudimentar. Conforme Kede e Sabatovich (2009), em alguns pacientes ocorre o agravamento da acne por influência de fatores psicológicos, em especial nas mulheres. Suspeita-se que ocorra o aumento da seborreia pela ação do córtex cerebral sobre o sistema neuroendócrino devido à produção aumentada de andrógenos adrenais na fase de estresse. Outro fator determinante para desencadear o aparecimento da acne é a herança genética, que influenciará o tamanho da glândula sebácea e sua atividade na puberdade (KEDE; SABATOVICH, 2009). O folículo piloso pode sofrer uma anomalia, na qual ocorre a obstrução do folículo, formando o comedão. No início, ele é fechado, chamado de comedão branco, que fica com aspecto similar ao millIium sebáceo e depois, com a hipersecreção sebácea, ocasiona a formação do comedão aberto e negro, devido à presença de melanina, vulgar cravo. Portanto os comedões são considerados as lesões básicas da acne, pois são neles que ocorrem fenômenos que levam a formação de lesões inflamatórias chamadas de acne de acordo com Fiqueiredo et al. (2011). Brenner et al. (2006) descrevem que a formação do comedão ocorre pela obstrução do óstio folicular devido à hipercornificação ductal folicular decorrente 3 da ação androgênica, favorecendo as condições para a formação do comedão, impedindo a excreção sebácea, ocorrendo a hipertrofia da glândula e consequentemente ocasionando a acne. A comedogênese, alteração no processo de descamação que ocorre nos queratinócitos do ducto folicular, é o fator central no desenvolvimento da acne e tem esse nome por determinar a formação de microcomedões, que, por sua vez, podem evoluir para comedões fechados (pontos brancos) ou abertos (pontos pretos). A comedogênese ocorre especificamente no folículo sebáceo. As glândulas sebáceas estão conectadas ao canal folicular principal por meio de ductos sebáceos curtos. Dentro do canal folicular encontramse escamas de queratina soltas e impregnadas por lipídios. As alterações histológicas mais precoces na acne são leve dilatação do canal folicular, discreta hiperplasia do epitélio folicular e aumento na quantidade da queratina dentro do canal folicular. Essas alterações constituem o chamado microcomedão. Há nítida correlação entre a severidade da acne e quantidade destes microcomedões, que refletem a retenção de queratinócitos ductais hiperproliferados. (HASSUN, 2000, p. 9). Figura 1. Folículo Piloso Fonte: Brenner et al. (2006) Classificação da acne conforme Sampaio e Riviti (2001): • Grau I: a forma mais leve, não inflamatória ou comedoniana, caracterizada pela presença de comedões fechados e abertos; • Grau II: acne inflamatória ou papulopustulosa, em que aos comedões se associam pápulas e pústulas de conteúdo purulento; 4 • Grau III: acne nódulo-cística, quando se somam nódulos mais exuberantes; • Grau IV: acne conglobata, na qual há formação de abscessos e fístulas; Grau V: acne fulminans, que é extremamente rara e ocorre por vasculite leucocitoclàstica. Pode ocorrer eritema inflamatório, necrose e hemorragia. As complicações mais relevantes da enfermidade são cicatrizes físicas e sequelas psicossociais, que podem persistir após o desaparecimento das lesões ativas. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA De acordo com Sampaio e Riviti (2001), o tratamento da acne é compreendido pelos períodos: Tratamento Tópico, Tratamento Sistêmico, Tratamento Sistêmico com Isotretinoína Oral e Tratamento Cirúrgico quando predominam cicatrizes. Apesar de muitos pacientes referirem a piora do grau da acne ao ingerir determinados alimentos, não há estudos comprovando este fato. O paciente acneico deve ser avaliado individualmente para que se possa definir qual o tratamento mais adequado, sendo que na maioria dos casos os tratamentos tópico e sistêmico são associados. A higienização dos canais foliculares atua como coadjuvante no tratamento da acne grau I e II. TRATAMENTO TÓPICO É o tratamento empregado na maioria dos pacientes com acne leve e moderada, fazendo uso de loções desengordurantes e antissépticas leves ou preparações esfoliantes de enxofre, ácido salicílico, resorcina e higienização dos canais foliculares (KEDE; SABATOVICH, 2009). Seguem algumas das principais drogas utilizadas nos tratamentos tópicos: 5 Retinoides Segundo Kede e Sabatovich (2009), retinoides são hormônios que regulam a atividade dos genes. Nas suas funções biológicas, incluem a diferenciação e a proliferação das células. Os retinoides aumentam a renovação das células epiteliais, normalizando a queratinização e inibindo a formação de novos comedões. Porém o paciente pode relatar alguns efeitos colaterais conforme a concentração do retinoide, podendo aparecer eritema e descamação. Em geral, na segunda ou na terceira semana de tratamento pode haver piora do quadro, mas seu resultado pode ser visível de um a três meses após o início do tratamento. O uso de filtro solar é indispensável, pois ocorre aumento da irritabilidade da pele (STEINER, 2003). Tretinoína É um derivado do ácido retinoico e tem a capacidade de modificar a queratinização folicular anormal, tendo efeito comedolítico. Indicado principalmente nas formas comedolíticas, não inflamatórias da acne e também aumenta a permeação de outros ativos. É bem tolerado devido à baixa absorção através da epiderme. Utilizado nas concentrações de 01 a 0,01%, dependendo da gravidade, à noite (VAZ, 2003). Isotretinoína É similar aos efeitos do ácido retinoico, porém não apresenta os efeitos colaterais indesejáveis. Utilizado nas concentrações 0,05% em gel ou creme (KEDE; SABATOVICH, 2009). Adapaleno Possui potencial comedolítico em acne leve à moderada e efeito antiinflamatório. Utilizado nas concentrações 0,1% em forma de gel ou creme (VAZ, 2003). 6 Tazaroteno Acredita-se que sua ação esteja na normalização da hiperqueratinização celular e nos marcadores inflamatórios, prevenindo a formação de novos comedões. Utilizado nas concentrações de 0.1% e 0,05% na acne de intensidade leve à moderada (SAMPAIO; RIVITI, 2001). Peróxido Benzoíla Facilita a permeação das drogas tópicas, principalmente em combinação com antibióticos tópicos. É o mais utilizado na terapia da acne inflamatória. Utilizado em concentrações de 5 a 10%. Para pacientes sensíveis e crianças utilizar 2% (SAMPAIO; RIVITI, 2001). Ácido Azelaico É um comedolítico suave e um anti-inflamatório leve com ação na redução da população do Propionibacterium Acnes. Utilizado no tratamento da acne inflamatória moderada e não inflamatória. Utilizado nas concentrações de 15% em creme ou loções. Ele atua na normalização da queratinização do óstio folicular, geralmente não há efeitos colaterais e é seguro para ser utilizado na gestação e na lactação (MONTAGNER, 2010). Eritromicina Tem uma boa resposta ao tratamento associado ao peróxido de benzoíla, devendo ser utilizado principalmente nas lesões pustulosas. Utilizado nas concentrações de 2 a 4% em gel (SAMPAIO; RIVITI, 2001). Clindamicina Eficaz no tratamento de pústulas e pequenas lesões papulosas na concentração de 1% gel ou loção. Apresenta maior eficácia quando associado ao peróxido de benzoíla (SAMAPIO; RIVITI, 2001). 7 TRATAMENTO SISTÊMICO É o tratamento terapêutico oral utilizado nos casos graves de acne inflamatória, quando não houver resposta ao tratamento tópico. As drogas mais utilizadas são hormônios, corticoides e antibióticos (SAMPAIO; RIVITI, 2001). Terapia Hormonal Os anticoncepcionais mais indicados para acne devem conter progestinas de menores propriedades androgênicas. Eles incluem o norgestrel, o levonorgestrel, a noretindrona e o acetato de noretindrona (SAMPAIO; RIVITI, 2001). O acetato de ciproterona está indicado no tratamento do hiperandrogenismo feminino. São limitados os estudos em relação ao acetato de ciproterona quanto à sua atuação positiva nos quadros de acne (LOURENÇO, 2011). Corticoides Orais Indicado no tratamento da acne inflamatória ou quística ou em doentes com níveis elevados de sulfato de dehidroepiandrosterona (DHEAS). Podem ser usados isoladamente ou associados com os contraceptivos orais ou antiandrogénios. Pode-se utilizar a dexametasona na dose de 0,125-0,5 mg ao deitar ou utilizar a prednisona na dose de 2,5 mg ao acordar e 2,5-7,5 mg ao deitar. O tratamento deve manter-se durante seis a 12 meses e a dose deverá ser aumentada se os níveis de DHEAS não baixarem depois de quatro semanas de tratamento (SAMPAIO; RIVITI, 2001). TRATAMENTO SISTÊMICO COM ISOTRETINOÍNA ORAL O Tratamento Sistêmico com Isotretinoína Oral é utilizado na acne inflamatória grave, cística, conglobata e fulminante nos graus III, IV, V e na acne papulo-pustulosa grau II (SAMPAIO; RIVITI, 2001). Conforme Steiner (2003), a isotretinoína deve ser reservada para os casos mais graves e resistentes aos tratamentos tradicionais, pois ela promove 8 elevação do colesterol e dos triglicerídeos, sendo necessário acompanhamento laboratorial para controle. A IMPORTÂNCIA DA HIGIENIZAÇÃO DOS CANAIS FOLICULARES Segundo kede e Sabatovich (2009, p. 173), a desobstrução de comedões, conhecida popularmente como limpeza de pele, deve seguir algumas regras básicas. Não se deve deixar que o próprio paciente faça a extração manual de suas lesões, para não causar cicatrizes e manchas residuais. A melhor maneira é a extração dos comedões por profissionais experientes, a cada três semanas, que deve ser orientada após o início da terapia, principalmente nas lesões inflamatórias. Conforme Miola et al. (2009), limpeza de pele é o tratamento facial cuja finalidade é realizar a higienização dos canais foliculares, extraindo os comedões e impedindo a formação de lesões inflamatórias. Para o procedimento de higienização dos canais foliculares, é necessário que o profissional esteja habilitado a realizar a higienização de forma correta, prevenindo o surgimento de cicatrizes e manchas na pele do cliente. HIGIENIZAÇÃO DOS CANAIS FOLICULARES PASSO A PASSO O profissional apto para realização do procedimento deve estar corretamente paramentado, fazendo uso dos Equipamentos de Proteção Individual. Os equipamentos que serão utilizados no procedimento devem estar esterilizados ou serem de natureza descartável. Passo Nº 1. Ficha de Avaliação: Iniciar o tratamento com o preenchimento da Ficha de Avaliação (Anamnese), com o objetivo de conhecer a saúde e os hábitos de nosso cliente. Verificar se o cliente está apto para a realização da higienização dos canais foliculares ou se há alguma doença que possa vir a impedir a utilização de algum aparelho, produto ou ainda haja contraindicação ao procedimento, podendo evitar possíveis alergias, danos à saúde e demais efeitos desagradáveis. O preenchimento da ficha de avaliação também auxilia 9 em orientações ao cliente quanto aos cuidados diários que o mesmo deve ter em seu dia a dia, contribuindo positivamente no sucesso do tratamento. Passo Nº 2. Higienizar: Utilizar demaquilante se a cliente estiver usando maquiagem. Em seguida, higienizar a pele com sabonete líquido facial específico para o tipo de pele do cliente, fazendo movimentos circulares com as mãos, para remover sujidades, impurezas e excesso de oleosidade da pele. Figura 1: Ilustrativa Passo Nº 3. Esfoliar: Realizar a esfoliação da pele para reduzir a hiperqueratinização e facilitar a extração dos comedões. Pode ser utilizado esfoliante mecânico, químico ou enzimático, fazendo escolha da melhor opção de acordo com o tipo de pele a ser tratado. Figura 2: Ilustrativa 10 Passo Nº 4. Tonificar: Utilizar tônico facial para corrigir o PH da pele e remover as sujidades, auxiliando na higienização da pele. Figura 3: Ilustrativa Passo Nº 5. Emoliência dos Comedões: Aplicar algodões ou máscara desidratada facial embebida em solução de trietanolamina sobre a pele para promover emoliência dos comedões e abertura dos óstios foliculares, facilitando a extração. Sobre a solução emoliente, podemos utilizar a máscara térmica facial ou o aparelho de vapor de ozônio. O vapor de ozônio tem propriedades bactericidas, anti-inflamatórias, antimicrobiana e anti-séptica que também auxiliam no tratamento da acne. Figura 4: Ilustrativa 11 Figura 5: Ilustrativa Passo Nº 6. Extração: Realizar a extração dos comedões, milIiuns e pústulas. Se necessário, utilizar agulhas e extratores. Figura 6: Ilustrativa 12 Figura 7: Ilustrativa Figura 8: Ilustrativa Passo Nº 7. Loção Anti-séptica: Aplicar loção anti-séptica, calmante ou tônica com auxílio de algodão, para remover os resíduos da extração, acalmar a pele e realizar assepsia. 13 Figura 9: Ilustrativa Passo Nº 8. Alta Frequência: Aplicar alta frequência durante 5 a 10 minutos, com ênfase nos pontos de maior inflamação, com finalidade de promover cicatrização, esse procedimento é contra bactérias e contra fungos. Figura 10: Ilustrativa Passo Nº 9. Máscara: Aplicar máscara para acalmar e clarear a pele irritada ou máscara secativa se necessário. 14 Figura 11: Ilustrativa Passo Nº 10. Filtro Solar: Finalizar aplicando filtro solar de acordo com o tipo de pele para proteger da radiação solar. Figura 12: Ilustrativa 15 CONTRAINDICAÇÕES DA HIGIENIZAÇÃO DOS CANAIS FOLICULARES A princípio não há contraindicações para realizar a higienização, porém o profissional deve investigar no momento da Anamnese possíveis alergias ou sensibilidade de algum componente dos produtos utilizados. Também deve ficar atento ao uso da alta frequência que é contraindicado durante a gravidez, em pacientes que possuem marca-passo, próteses metálicas e neoplasias. BIOSSEGURANÇA NOS PROCEDIMENTOS ESTÉTICOS A biossegurança tem como objetivo controlar os métodos de segurança, evitando riscos de acidentes químicos, físicos e microbiológicos para os profissionais, clientes e população em geral, preservando o meio ambiente e melhorando a qualidade de vida. Ao atendermos em uma cabine ou clínica de estética, precisamos estar cientes dos cuidados com a saúde e o bem-estar dos clientes. Para isto, faz se necessário seguir as normas de biossegurança estipuladas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), oferecendo proteção ao cliente e ao profissional contra a contaminação de diversas doenças (MOLINA, 2010). Os riscos aos quais os clientes e os profissionais estão expostos variam de acordo com o ambiente, as atividades desenvolvidas e a sua frequência. Podem ser riscos biológicos, quando ocorre contaminação por meio de secreções e materiais infectados; riscos físicos, quando há má utilização dos equipamentos; postura inadequada; exposição à radiação ultravioleta; situação de estresse; riscos químicos por meio de intoxicação por algum produto químico ou cosmético utilizado na cabine ou no ambiente (MOLINA, 2010). 16 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI) Para os fins de aplicação desta Norma Regulamentadora (NR) 6 considerase EPI todo dispositivo ou produto de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO – NR 6, 2001). Os equipamentos de proteção individual que devem ser usados na área de estética são: Óculos de proteção: promove barreira de proteção para os olhos durante os procedimentos, protegendo de impacto de partículas, respingos de líquidos agressivos, poeiras e radiação ultravioleta; Touca descartável: utilizada para evitar queda de cabelo, auxiliando na higiene do procedimento; Luvas descartáveis: são indispensáveis em qualquer tratamento estético tanto para o profissional quanto para o cliente. Utilizar um par de luvas exclusivo para cada paciente, descartando após o atendimento. As mãos devem ser bem lavadas antes e após a utilização das luvas e estas devem cobrir os punhos do jaleco. Não manipule nenhum objeto que não seja o material do cliente durante sua utilização, como, por exemplo, canetas, fichas de anamnese, telefone, portas ou gavetas. Após finalizar o procedimento, descartar as luvas no lixo para materiais contaminados; Jaleco de manga longa: a manga do jaleco deve ser coberta pela luva de procedimento, diminuindo o risco de contaminação por meio de sangue, secreções e material infectado. Deve ser trocado diariamente ou quando apresentar sujidades. Utilizar apenas na área de trabalho e não guardar junto aos objetos pessoais; Máscara descartável: é uma importante barreira de proteção das mucosas da boca e nariz. Protege contra inalação de microrganismos presentes na tosse, espirro e durante a fala. Deve ser descartada ao término de cada atendimento ou a cada 2 horas. Retirar da face somente após descarte das luvas e lavagem das mãos; Sapatos fechados e calça comprida: evita a contaminação por meio de material contaminado ou secreções que possam vir a cair. 17 LIMPEZA DO AMBIENTE E ESTERILIZAÇÃO DOS MATERIAIS As cabines e as clínicas de estética estão classificadas no nível 2 de biossegurança, conforme as normas da ANVISA. Este nível refere a qualquer trabalho que envolva sangue humano, líquidos corporais, tecidos ou linhas de células humanas. Neste caso, é obrigatória a instalação de pia para higienização das mãos no ambiente de atendimento (MOLINA, 2010). Toda a clínica e ambiente de atendimento devem estar iluminados, limpos e arejados e o local do atendimento deve ser desinfetado a cada procedimento. Utilizar álcool 70º para limpar superfícies por fricção. Caso haja utilização de material que deva ser esterilizado, como, por exemplo, pinças, alicates, extratores de comedões e outros instrumentos de metal, devem ser lavados com detergente enzimático e, posteriormente, esterilizados em autoclave (MOLINA, 2010). Devemos estar atentos a outros cuidados como: utilizar lixeiras acionadas por pedal; prover sabonete líquido e toalha de papel em todos os lavatórios; utilizar toalhas e lençóis limpos e individuais ou descartáveis; utilizar somente cosméticos e demais produtos que possuam registro no Ministério da Saúde e dentro do prazo de validade; e respeitar que materiais descartáveis e produtos cosméticos tenham seus reaproveitamentos proibidos. GERENCIAMENTO E DESCARTE DE MATERIAIS/RESÍDUOS A Resolução RDC 306/2004 do Ministério da Saúde dispõe sobre Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde e a Resolução CONAMA 358/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências. É de responsabilidade do estabelecimento de beleza dar destino aos materiais e aos resíduos produzidos. Segue breve disposição: Resíduos Comuns: papel toalha usado e não contaminado com material biológico e restos de alimentos. Têm as mesmas características dos resíduos 18 domésticos, portanto pode ser acomodado da mesma forma em saco plástico comum. Resíduos Recicláveis (Grupo D): papéis, lenços descartáveis não contaminados com material biológico, embalagens de produtos cosméticos não tóxicos, latas, caixas de papelão e plásticos em geral. Acomodar em recipientes específicos de acordo com cada material reciclável, exemplo, separar vidro, papel, plástico e metal. Resíduos Infectantes – Risco Biológico (Grupo A): unhas, cutículas, cabelos, cera com pelos, luvas, máscaras, toucas, algodão, gaze e lençóis descartáveis contaminados com material biológico. Deve ser acondicionado em saco de lixo branco, permeável, resistente com inscrição ‘Risco Biológico’ e acomodado em cesto de lixo com tampa, pedal e inscrição ‘Risco Biológico’. Resíduos Químicos (Grupo B): embalagens de produtos cosméticos contendo substâncias tóxicas, como amônia, peróxido de hidrogênio, tioglicolato e ácidos esfoliantes. Também incluem resíduos e embalagens de desinfetantes e saneantes. Deve ser identificado com inscrição ‘Risco Químico’. Resíduos Perfurocortantes ou Escarificantes (Grupo E): incluem agulhas, lâminas, bisturis, lâminas de barbear, pinças, navalhas, tesouras, espátulas, alicates, cortadores de unhas e utensílios de vidro quebrado. Os artigos reaproveitáveis devem ser encaminhados para a lavação, a desinfecção e a esterilização. As agulhas descartáveis devem ser desprezadas, sendo proibido reencapar, entortar ou quebrar. O acondicionamento destes materiais deve ser realizado em recipientes rígidos, resistentes à punctura, ruptura e vazamento, possuir tampa e estar devidamente identificado atendendo aos parâmetros referenciados na norma NBR 13853/97 da ABNT. Exemplos de recipientes para descarte de perfurocortantes são os recipientes Descarpack. A coleta e o transporte externo dos resíduos dos grupos A, B e E devem ser realizados pelo órgão de limpeza urbano responsável pela coleta especial. 19 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Apesar dos inúmeros tratamentos para acne, a higienização dos canais foliculares é essencial nos casos de acne Grau I e II, pois a extração dos comedões impede a formação de lesões inflamatórias, reduzindo as sequelas na pele. É importante salientar que todo tratamento iniciado precocemente contribui para a redução das lesões e das cicatrizes, bem como para o agravamento dos graus da acne. A higienização dos canais foliculares deve ser realizada por profissional habilitado, que saiba avaliar o paciente e fazer uso dos melhores produtos para cada tipo de pele, levando a resultados eficientes e evitando possíveis danos ao paciente e à sua pele. Durante e após concluir qualquer tratamento para acne, o paciente deve estar ciente de que deverá aderir à terapêutica domiciliar indicada pelo profissional. 4. REFERÊNCIAS BRENNER, Fabiane Mulinari et al. Acne: Um tratamento para cada paciente. Maio de 2006. Disponível em: http://bases.bireme.br/cgibin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LILACS&la ng=p&nextAction=lnk&exprSearch=489229&indexSearch=ID. Acesso em: 03 de setembro de 2011. CONSELHO Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA Nº 358, de 29 de abril de 2005. 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