A Importância da Higienizaçao dos Canais Foliculares

Propaganda
A IMPORTÂNCIA DA HIGIENIZAÇÃO DOS CANAIS FOLICULARES
NO TRATAMENTO DA ACNE VULGAR1
CRISTIANE DE LIMA PACHECO DE MIRANDA LIMA²
TATIANE LEONI³
RESUMO
A acne é uma das dermatoses mais frequentes e tem maior incidência na
puberdade. Aparece em forma de lesões inflamatórias dolorosas que podem
ocasionar diferentes graus de cicatrizes, levando desde a baixa autoestima até
casos graves de depressão devido sua maior incidência ocorrer na face.
Buscamos, por meio do referencial bibliográfico, o procedimento mais adequado
para amenizar as manifestações da acne, impedindo a evolução dos comedões
para lesões inflamatórias. A higienização e a desobstrução dos canais foliculares
são essenciais no tratamento da acne, pois com a extração dos comedões é
facilitada a excreção sebácea, impedindo a formação de lesões inflamatórias.
Descrevemos passo a passo os procedimentos corretos para a realização da
higienização dos canais foliculares, com o fim de garantir sua eficiência e evitar
danos à saúde do paciente.
Palavras-chave: Acne. Tratamentos. Higienização dos Folículos.
________________________________________________________________
¹ Artigo apresentado como requisito para conclusão do curso de Pós-Graduação em Estética
Corporal e Facial da Universidade do Vale do Itajaí, sob orientação da Profª. MSc. Juliana
Cristina Gallas, Professora do curso de Pós-Graduação em Estética Corporal e Facial da
Universidade do Vale do Itajaí, Coordenadora do curso de Tecnologia em Cosmetologia e
Estética na mesma instituição. E-mail: [email protected] e Co-orientação da Profª. Vandressa
Bueno de Paula, Professora do curso de Tecnologia em Cosmetologia e Estética da
Universidade do Vale do Itajaí. Pós-Graduada pela mesma instituição. E-mail:
[email protected].
² Enfermeira, Graduada pela Universidade do Contestado, Pós Graduada pela Uniguaçu em
saúde do Trabalhador e em Enfermagem do Trabalho pela Universidade do Contestado e PósGraduanda em Estética Facial e Corporal pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali).
[email protected]. R: Luiz Balistieri, 298 ap. 07 Imigrantes, Guaramirim, CEP: 89270000.
³ Administradora de Empresas, Graduada pelo Centro universitário de Jaraguá do Sul (Unerj),
Pós-Graduanda em Estética Facial e Corporal pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali).
Técnica em Estética Facial pela CR Escola de Estética (Clinicorpo). [email protected] R:
Carlos Niels, 65 Vila Nova, Jaraguá do Sul CEP: 89259-370.
2
1. INTRODUÇÃO
A acne é a dermatose mais frequente da segunda e terceira décadas,
conforme escreve Taborda (2005). Esta enfermidade está localizada no
pilossebáceo, formando comedões, pápulas e cistos. Em casos de inflamação
mais intensa, formam-se pústulas e abcessos que regridem e geralmente
deixam cicatrizes. A acne é típica de adolescentes, sendo mais precoce no sexo
feminino, por influência do ciclo menstrual; mas no sexo masculino ocorrem as
formas mais intensas e graves e em ambos os casos costumam regredir após os
20 anos de idade. Em alguns casos mais graves pode vir a perturbar a qualidade
de vida e desencadear ou agravar problemas emocionais. Isto também pode
ocorrer em casos de tratamentos inadequados, que acabam deixando cicatrizes
(TABORDA, 2005).
Para Sampaio e Riviti (2001, p. 291), a acne é uma afecção dos folículos
pilossebáceos que se localizam na face e na região antero-posterior do tórax. A
característica desses folículos é ter uma glândula sebácea hipertrofiada e um
pelo fino rudimentar.
Conforme Kede e Sabatovich (2009), em alguns pacientes ocorre o
agravamento da acne por influência de fatores psicológicos, em especial nas
mulheres. Suspeita-se que ocorra o aumento da seborreia pela ação do córtex
cerebral sobre o sistema neuroendócrino devido à produção aumentada de
andrógenos adrenais na fase de estresse.
Outro fator determinante para desencadear o aparecimento da acne é a
herança genética, que influenciará o tamanho da glândula sebácea e sua
atividade na puberdade (KEDE; SABATOVICH, 2009).
O folículo piloso pode sofrer uma anomalia, na qual ocorre a obstrução do
folículo, formando o comedão. No início, ele é fechado, chamado de comedão
branco, que fica com aspecto similar ao millIium sebáceo e depois, com a
hipersecreção sebácea, ocasiona a formação do comedão aberto e negro,
devido à presença de melanina, vulgar cravo. Portanto os comedões são
considerados as lesões básicas da acne, pois são neles que ocorrem fenômenos
que levam a formação de lesões inflamatórias chamadas de acne de acordo com
Fiqueiredo et al. (2011).
Brenner et al. (2006) descrevem que a formação do comedão ocorre pela
obstrução do óstio folicular devido à hipercornificação ductal folicular decorrente
3
da ação androgênica, favorecendo as condições para a formação do comedão,
impedindo a excreção sebácea, ocorrendo a hipertrofia da glândula e
consequentemente ocasionando a acne.
A comedogênese, alteração no processo de descamação que ocorre
nos queratinócitos do ducto folicular, é o fator central no
desenvolvimento da acne e tem esse nome por determinar a formação
de microcomedões, que, por sua vez, podem evoluir para comedões
fechados (pontos brancos) ou abertos (pontos pretos). A
comedogênese ocorre especificamente no folículo sebáceo. As
glândulas sebáceas estão conectadas ao canal folicular principal por
meio de ductos sebáceos curtos. Dentro do canal folicular encontramse escamas de queratina soltas e impregnadas por lipídios. As
alterações histológicas mais precoces na acne são leve dilatação do
canal folicular, discreta hiperplasia do epitélio folicular e aumento na
quantidade da queratina dentro do canal folicular. Essas alterações
constituem o chamado microcomedão. Há nítida correlação entre a
severidade da acne e quantidade destes microcomedões, que refletem
a retenção de queratinócitos ductais hiperproliferados. (HASSUN,
2000, p. 9).
Figura 1. Folículo Piloso
Fonte: Brenner et al. (2006)
Classificação da acne conforme Sampaio e Riviti (2001):
• Grau I: a forma mais leve, não inflamatória ou comedoniana,
caracterizada pela presença de comedões fechados e abertos;
• Grau II: acne inflamatória ou papulopustulosa, em que aos comedões se
associam pápulas e pústulas de conteúdo purulento;
4
• Grau III: acne nódulo-cística, quando se somam nódulos mais
exuberantes;
• Grau IV: acne conglobata, na qual há formação de abscessos e fístulas;
Grau V: acne fulminans, que é extremamente rara e ocorre por vasculite
leucocitoclàstica.
Pode
ocorrer
eritema
inflamatório,
necrose
e
hemorragia.
As complicações mais relevantes da enfermidade são cicatrizes físicas e
sequelas psicossociais, que podem persistir após o desaparecimento das lesões
ativas.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
De acordo com Sampaio e Riviti (2001), o tratamento da acne é
compreendido pelos períodos: Tratamento Tópico, Tratamento Sistêmico,
Tratamento Sistêmico com Isotretinoína Oral e Tratamento Cirúrgico quando
predominam cicatrizes. Apesar de muitos pacientes referirem a piora do grau da
acne ao ingerir determinados alimentos, não há estudos comprovando este fato.
O paciente acneico deve ser avaliado individualmente para que se possa
definir qual o tratamento mais adequado, sendo que na maioria dos casos os
tratamentos tópico e sistêmico são associados. A higienização dos canais
foliculares atua como coadjuvante no tratamento da acne grau I e II.
TRATAMENTO TÓPICO
É o tratamento empregado na maioria dos pacientes com acne leve e
moderada, fazendo uso de loções desengordurantes e antissépticas leves ou
preparações esfoliantes de enxofre, ácido salicílico, resorcina e higienização dos
canais foliculares (KEDE; SABATOVICH, 2009).
Seguem algumas das principais drogas utilizadas nos tratamentos
tópicos:
5
Retinoides
Segundo Kede e Sabatovich (2009), retinoides são hormônios que regulam
a atividade dos genes. Nas suas funções biológicas, incluem a diferenciação e a
proliferação das células.
Os retinoides aumentam a renovação das células epiteliais, normalizando a
queratinização e inibindo a formação de novos comedões. Porém o paciente
pode relatar alguns efeitos colaterais conforme a concentração do retinoide,
podendo aparecer eritema e descamação. Em geral, na segunda ou na terceira
semana de tratamento pode haver piora do quadro, mas seu resultado pode ser
visível de um a três meses após o início do tratamento. O uso de filtro solar é
indispensável, pois ocorre aumento da irritabilidade da pele (STEINER, 2003).
Tretinoína
É um derivado do ácido retinoico e tem a capacidade de modificar a
queratinização
folicular
anormal,
tendo
efeito
comedolítico.
Indicado
principalmente nas formas comedolíticas, não inflamatórias da acne e também
aumenta a permeação de outros ativos. É bem tolerado devido à baixa absorção
através da epiderme. Utilizado nas concentrações de 01 a 0,01%, dependendo
da gravidade, à noite (VAZ, 2003).
Isotretinoína
É similar aos efeitos do ácido retinoico, porém não apresenta os efeitos
colaterais indesejáveis. Utilizado nas concentrações 0,05% em gel ou creme
(KEDE; SABATOVICH, 2009).
Adapaleno
Possui potencial comedolítico em acne leve à moderada e efeito antiinflamatório. Utilizado nas concentrações 0,1% em forma de gel ou creme (VAZ,
2003).
6
Tazaroteno
Acredita-se que sua ação esteja na normalização da hiperqueratinização
celular e nos marcadores inflamatórios, prevenindo a formação de novos
comedões. Utilizado nas concentrações de 0.1% e 0,05% na acne de
intensidade leve à moderada (SAMPAIO; RIVITI, 2001).
Peróxido Benzoíla
Facilita a permeação das drogas tópicas, principalmente em combinação
com antibióticos tópicos. É o mais utilizado na terapia da acne inflamatória.
Utilizado em concentrações de 5 a 10%. Para pacientes sensíveis e crianças
utilizar 2% (SAMPAIO; RIVITI, 2001).
Ácido Azelaico
É um comedolítico suave e um anti-inflamatório leve com ação na redução
da população do Propionibacterium Acnes. Utilizado no tratamento da acne
inflamatória moderada e não inflamatória. Utilizado nas concentrações de 15%
em creme ou loções. Ele atua na normalização da queratinização do óstio
folicular, geralmente não há efeitos colaterais e é seguro para ser utilizado na
gestação e na lactação (MONTAGNER, 2010).
Eritromicina
Tem uma boa resposta ao tratamento associado ao peróxido de benzoíla,
devendo ser utilizado principalmente nas lesões pustulosas. Utilizado nas
concentrações de 2 a 4% em gel (SAMPAIO; RIVITI, 2001).
Clindamicina
Eficaz no tratamento de pústulas e pequenas lesões papulosas na
concentração de 1% gel ou loção. Apresenta maior eficácia quando associado
ao peróxido de benzoíla (SAMAPIO; RIVITI, 2001).
7
TRATAMENTO SISTÊMICO
É o tratamento terapêutico oral utilizado nos casos graves de acne
inflamatória, quando não houver resposta ao tratamento tópico. As drogas mais
utilizadas são hormônios, corticoides e antibióticos (SAMPAIO; RIVITI, 2001).
Terapia Hormonal
Os anticoncepcionais mais indicados para acne devem conter progestinas
de menores propriedades androgênicas. Eles incluem o norgestrel, o
levonorgestrel, a noretindrona e o acetato de noretindrona (SAMPAIO; RIVITI,
2001).
O
acetato
de
ciproterona
está
indicado
no
tratamento
do
hiperandrogenismo feminino. São limitados os estudos em relação ao acetato de
ciproterona quanto à sua atuação positiva nos quadros de acne (LOURENÇO,
2011).
Corticoides Orais
Indicado no tratamento da acne inflamatória ou quística ou em doentes
com níveis elevados de sulfato de dehidroepiandrosterona (DHEAS). Podem ser
usados
isoladamente
ou
associados
com
os
contraceptivos
orais
ou
antiandrogénios. Pode-se utilizar a dexametasona na dose de 0,125-0,5 mg ao
deitar ou utilizar a prednisona na dose de 2,5 mg ao acordar e 2,5-7,5 mg ao
deitar. O tratamento deve manter-se durante seis a 12 meses e a dose deverá
ser aumentada se os níveis de DHEAS não baixarem depois de quatro semanas
de tratamento (SAMPAIO; RIVITI, 2001).
TRATAMENTO SISTÊMICO COM ISOTRETINOÍNA ORAL
O Tratamento Sistêmico com Isotretinoína Oral é utilizado na acne
inflamatória grave, cística, conglobata e fulminante nos graus III, IV, V e na acne
papulo-pustulosa grau II (SAMPAIO; RIVITI, 2001).
Conforme Steiner (2003), a isotretinoína deve ser reservada para os casos
mais graves e resistentes aos tratamentos tradicionais, pois ela promove
8
elevação do colesterol e dos triglicerídeos, sendo necessário acompanhamento
laboratorial para controle.
A IMPORTÂNCIA DA HIGIENIZAÇÃO DOS CANAIS FOLICULARES
Segundo kede e Sabatovich (2009, p. 173), a desobstrução de comedões,
conhecida popularmente como limpeza de pele, deve seguir algumas regras
básicas. Não se deve deixar que o próprio paciente faça a extração manual de
suas lesões, para não causar cicatrizes e manchas residuais. A melhor maneira
é a extração dos comedões por profissionais experientes, a cada três semanas,
que deve ser orientada após o início da terapia, principalmente nas lesões
inflamatórias.
Conforme Miola et al. (2009), limpeza de pele é o tratamento facial cuja
finalidade é realizar a higienização dos canais foliculares, extraindo os
comedões e impedindo a formação de lesões inflamatórias.
Para o procedimento de higienização dos canais foliculares, é necessário
que o profissional esteja habilitado a realizar a higienização de forma correta,
prevenindo o surgimento de cicatrizes e manchas na pele do cliente.
HIGIENIZAÇÃO DOS CANAIS FOLICULARES PASSO A PASSO
O profissional apto para realização do procedimento deve estar
corretamente paramentado, fazendo uso dos Equipamentos de Proteção
Individual. Os equipamentos que serão utilizados no procedimento devem estar
esterilizados ou serem de natureza descartável.
Passo Nº 1. Ficha de Avaliação: Iniciar o tratamento com o preenchimento
da Ficha de Avaliação (Anamnese), com o objetivo de conhecer a saúde e os
hábitos de nosso cliente. Verificar se o cliente está apto para a realização da
higienização dos canais foliculares ou se há alguma doença que possa vir a
impedir a utilização de algum aparelho, produto ou ainda haja contraindicação ao
procedimento, podendo evitar possíveis alergias, danos à saúde e demais
efeitos desagradáveis. O preenchimento da ficha de avaliação também auxilia
9
em orientações ao cliente quanto aos cuidados diários que o mesmo deve ter em
seu dia a dia, contribuindo positivamente no sucesso do tratamento.
Passo Nº 2. Higienizar: Utilizar demaquilante se a cliente estiver usando
maquiagem. Em seguida, higienizar a pele com sabonete líquido facial
específico para o tipo de pele do cliente, fazendo movimentos circulares com as
mãos, para remover sujidades, impurezas e excesso de oleosidade da pele.
Figura 1: Ilustrativa
Passo Nº 3. Esfoliar: Realizar a esfoliação da pele para reduzir a
hiperqueratinização e facilitar a extração dos comedões. Pode ser utilizado
esfoliante mecânico, químico ou enzimático, fazendo escolha da melhor opção
de acordo com o tipo de pele a ser tratado.
Figura 2: Ilustrativa
10
Passo Nº 4. Tonificar: Utilizar tônico facial para corrigir o PH da pele e
remover as sujidades, auxiliando na higienização da pele.
Figura 3: Ilustrativa
Passo Nº 5. Emoliência dos Comedões: Aplicar algodões ou máscara
desidratada facial embebida em solução de trietanolamina sobre a pele para
promover emoliência dos comedões e abertura dos óstios foliculares, facilitando
a extração. Sobre a solução emoliente, podemos utilizar a máscara térmica facial
ou o aparelho de vapor de ozônio. O vapor de ozônio tem propriedades
bactericidas, anti-inflamatórias, antimicrobiana e anti-séptica que também
auxiliam no tratamento da acne.
Figura 4: Ilustrativa
11
Figura 5: Ilustrativa
Passo Nº 6. Extração: Realizar a extração dos comedões, milIiuns e
pústulas. Se necessário, utilizar agulhas e extratores.
Figura 6: Ilustrativa
12
Figura 7: Ilustrativa
Figura 8: Ilustrativa
Passo Nº 7. Loção Anti-séptica: Aplicar loção anti-séptica, calmante ou
tônica com auxílio de algodão, para remover os resíduos da extração, acalmar a
pele e realizar assepsia.
13
Figura 9: Ilustrativa
Passo Nº 8. Alta Frequência: Aplicar alta frequência durante 5 a 10
minutos, com ênfase nos pontos de maior inflamação, com finalidade de
promover cicatrização, esse procedimento é contra bactérias e contra fungos.
Figura 10: Ilustrativa
Passo Nº 9. Máscara: Aplicar máscara para acalmar e clarear a pele
irritada ou máscara secativa se necessário.
14
Figura 11: Ilustrativa
Passo Nº 10. Filtro Solar: Finalizar aplicando filtro solar de acordo com o
tipo de pele para proteger da radiação solar.
Figura 12: Ilustrativa
15
CONTRAINDICAÇÕES DA HIGIENIZAÇÃO DOS CANAIS FOLICULARES
A princípio não há contraindicações para realizar a higienização, porém o
profissional deve investigar no momento da Anamnese possíveis alergias ou
sensibilidade de algum componente dos produtos utilizados. Também deve ficar
atento ao uso da alta frequência que é contraindicado durante a gravidez, em
pacientes que possuem marca-passo, próteses metálicas e neoplasias.
BIOSSEGURANÇA NOS PROCEDIMENTOS ESTÉTICOS
A biossegurança tem como objetivo controlar os métodos de segurança,
evitando riscos de acidentes químicos, físicos e microbiológicos para os
profissionais, clientes e população em geral, preservando o meio ambiente e
melhorando a qualidade de vida. Ao atendermos em uma cabine ou clínica de
estética, precisamos estar cientes dos cuidados com a saúde e o bem-estar dos
clientes. Para isto, faz se necessário seguir as normas de biossegurança
estipuladas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), oferecendo
proteção ao cliente e ao profissional contra a contaminação de diversas doenças
(MOLINA, 2010).
Os riscos aos quais os clientes e os profissionais estão expostos variam de
acordo com o ambiente, as atividades desenvolvidas e a sua frequência. Podem
ser riscos biológicos, quando ocorre contaminação por meio de secreções e
materiais infectados; riscos físicos, quando há má utilização dos equipamentos;
postura inadequada; exposição à radiação ultravioleta; situação de estresse;
riscos químicos por meio de intoxicação por algum produto químico ou
cosmético utilizado na cabine ou no ambiente (MOLINA, 2010).
16
EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)
Para os fins de aplicação desta Norma Regulamentadora (NR) 6 considerase EPI todo dispositivo ou produto de uso individual utilizado pelo trabalhador,
destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde
no trabalho (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO – NR 6, 2001).
Os equipamentos de proteção individual que devem ser usados na área de
estética são:
Óculos de proteção: promove barreira de proteção para os olhos durante os
procedimentos, protegendo de impacto de partículas, respingos de líquidos
agressivos, poeiras e radiação ultravioleta;
Touca descartável: utilizada para evitar queda de cabelo, auxiliando na
higiene do procedimento;
Luvas descartáveis: são indispensáveis em qualquer tratamento estético
tanto para o profissional quanto para o cliente. Utilizar um par de luvas
exclusivo para cada paciente, descartando após o atendimento. As mãos
devem ser bem lavadas antes e após a utilização das luvas e estas devem
cobrir os punhos do jaleco. Não manipule nenhum objeto que não seja o
material do cliente durante sua utilização, como, por exemplo, canetas, fichas
de anamnese, telefone, portas ou gavetas. Após finalizar o procedimento,
descartar as luvas no lixo para materiais contaminados;
Jaleco de manga longa: a manga do jaleco deve ser coberta pela luva de
procedimento, diminuindo o risco de contaminação por meio de sangue,
secreções e material infectado. Deve ser trocado diariamente ou quando
apresentar sujidades. Utilizar apenas na área de trabalho e não guardar junto
aos objetos pessoais;
Máscara descartável: é uma importante barreira de proteção das mucosas da
boca e nariz. Protege contra inalação de microrganismos presentes na tosse,
espirro e durante a fala. Deve ser descartada ao término de cada
atendimento ou a cada 2 horas. Retirar da face somente após descarte das
luvas e lavagem das mãos;
Sapatos fechados e calça comprida: evita a contaminação por meio de
material contaminado ou secreções que possam vir a cair.
17
LIMPEZA DO AMBIENTE E ESTERILIZAÇÃO DOS MATERIAIS
As cabines e as clínicas de estética estão classificadas no nível 2 de
biossegurança, conforme as normas da ANVISA. Este nível refere a qualquer
trabalho que envolva sangue humano, líquidos corporais, tecidos ou linhas de
células humanas. Neste caso, é obrigatória a instalação de pia para higienização
das mãos no ambiente de atendimento (MOLINA, 2010).
Toda a clínica e ambiente de atendimento devem estar iluminados, limpos
e arejados e o local do atendimento deve ser desinfetado a cada procedimento.
Utilizar álcool 70º para limpar superfícies por fricção. Caso haja utilização de
material que deva ser esterilizado, como, por exemplo, pinças, alicates,
extratores de comedões e outros instrumentos de metal, devem ser lavados com
detergente enzimático e, posteriormente, esterilizados em autoclave (MOLINA,
2010).
Devemos estar atentos a outros cuidados como: utilizar lixeiras acionadas
por pedal; prover sabonete líquido e toalha de papel em todos os lavatórios;
utilizar toalhas e lençóis limpos e individuais ou descartáveis; utilizar somente
cosméticos e demais produtos que possuam registro no Ministério da Saúde e
dentro do prazo de validade; e respeitar que materiais descartáveis e produtos
cosméticos tenham seus reaproveitamentos proibidos.
GERENCIAMENTO E DESCARTE DE MATERIAIS/RESÍDUOS
A Resolução RDC 306/2004 do Ministério da Saúde dispõe sobre
Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde e
a Resolução CONAMA 358/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente
dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de
saúde e dá outras providências. É de responsabilidade do estabelecimento de
beleza dar destino aos materiais e aos resíduos produzidos. Segue breve
disposição:
Resíduos Comuns: papel toalha usado e não contaminado com material
biológico e restos de alimentos. Têm as mesmas características dos resíduos
18
domésticos, portanto pode ser acomodado da mesma forma em saco plástico
comum.
Resíduos
Recicláveis
(Grupo
D):
papéis,
lenços
descartáveis
não
contaminados com material biológico, embalagens de produtos cosméticos
não tóxicos, latas, caixas de papelão e plásticos em geral. Acomodar em
recipientes específicos de acordo com cada material reciclável, exemplo,
separar vidro, papel, plástico e metal.
Resíduos Infectantes – Risco Biológico (Grupo A): unhas, cutículas, cabelos,
cera com pelos, luvas, máscaras, toucas, algodão, gaze e lençóis
descartáveis contaminados com material biológico. Deve ser acondicionado
em saco de lixo branco, permeável, resistente com inscrição ‘Risco Biológico’
e acomodado em cesto de lixo com tampa, pedal e inscrição ‘Risco
Biológico’.
Resíduos Químicos (Grupo B): embalagens de produtos cosméticos
contendo substâncias tóxicas, como amônia, peróxido de hidrogênio,
tioglicolato e ácidos esfoliantes. Também incluem resíduos e embalagens de
desinfetantes e saneantes. Deve ser identificado com inscrição ‘Risco
Químico’.
Resíduos Perfurocortantes ou Escarificantes (Grupo E): incluem agulhas,
lâminas, bisturis, lâminas de barbear, pinças, navalhas, tesouras, espátulas,
alicates, cortadores de unhas e utensílios de vidro quebrado. Os artigos
reaproveitáveis devem ser encaminhados para a lavação, a desinfecção e a
esterilização. As agulhas descartáveis devem ser desprezadas, sendo
proibido reencapar, entortar ou quebrar. O acondicionamento destes
materiais deve ser realizado em recipientes rígidos, resistentes à punctura,
ruptura e vazamento, possuir tampa e estar devidamente identificado
atendendo aos parâmetros referenciados na norma NBR 13853/97 da ABNT.
Exemplos de recipientes para descarte de perfurocortantes são os
recipientes Descarpack.
A coleta e o transporte externo dos resíduos dos grupos A, B e E devem
ser realizados pelo órgão de limpeza urbano responsável pela coleta especial.
19
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar dos inúmeros tratamentos para acne, a higienização dos canais
foliculares é essencial nos casos de acne Grau I e II, pois a extração dos
comedões impede a formação de lesões inflamatórias, reduzindo as sequelas na
pele. É importante salientar que todo tratamento iniciado precocemente contribui
para a redução das lesões e das cicatrizes, bem como para o agravamento dos
graus da acne.
A higienização dos canais foliculares deve ser realizada por profissional
habilitado, que saiba avaliar o paciente e fazer uso dos melhores produtos para
cada tipo de pele, levando a resultados eficientes e evitando possíveis danos ao
paciente e à sua pele.
Durante e após concluir qualquer tratamento para acne, o paciente deve
estar ciente de que deverá aderir à terapêutica domiciliar indicada pelo
profissional.
4. REFERÊNCIAS
BRENNER, Fabiane Mulinari et al. Acne: Um tratamento para cada paciente.
Maio
de
2006.
Disponível
em:
http://bases.bireme.br/cgibin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LILACS&la
ng=p&nextAction=lnk&exprSearch=489229&indexSearch=ID. Acesso em: 03
de setembro de 2011.
CONSELHO Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA Nº 358, de 29
de abril de 2005. Resolução CONAMA Nº 358/2005. Disponível em:
http://www.siam.mg.gov.br/sla/download.pdf?idNorma=5046. Acesso em: 28 de
janeiro de 2012.
FIGUEIREDO, Américo et al. Avaliação e tratamento do doente com acne –
Parte I: Epidemiologia, etiopatogenia, clínica,classificação, impacto
psicossocial, mitos e realidades, diagnóstico diferencial e estudos
complementares. Dossier: pele. Rev Port Clin Geral 2011; 27:59-65 Disponível
em http://www.scielo.oces.mctes.pt/scielo. Acesso em: 16 de julho de 2011.
HASSUN, Karime Marques. Acne: Etiopatogenia. Disponível em:
http://scholar.google.com.br/scholar?q=canais+foliculares&hl=ptBR&btnG=Pes
quisar&lr=lang_pt. Acesso em: 28 de janeiro de 2012.
KEDE, Maria Paulina Villarejo; SABATOVICH, Oleg. Dermatologia Estética.
Ed. Atheneu, 2009.
20
LOURENÇO,
Benedito.
Acne
Juvenil.
Disponível
http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?id_materia=4609&fase=imprime.
Acesso em: 28 de janeiro de 2012.
em
MINISTÉRIO da Saúde. Resolução Nº 306, de 07 de dezembro de 2004.
Resolução
RDC
306/2004.
Disponível
em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2004/res0306_07_12_2004.ht
ml. Acesso em: 28 de janeiro de 2012.
Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria Nº 25, de 15 de outubro de 2001.
NR 6 – Equipamento de Proteção Individual – EPI. Disponível
em:http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812DC56F8F012DCDAD35721F50
/NR-06%20(atualizada)%202010.pdf. Acesso em: 28 de janeiro de 2012.
MIOLA, Ana Regina et al. Tratamentos Estéticos na Acne da Adolescência.
2009. Disponível em: http://scholar.google.com.br/scholarq=related:M8SOH2NFiAJ:scholar.google.com/&hl=pt-BR&as_sdt=0,5. Acesso em: 03 de setembro
de 2011.
MOLINA, Raquel. Biossegurança na Estética. Revista Vida Estética. Rio de
Janeiro, v.143, n. 13, p.57-58, 2010.
MONTAGNER, Suelen; COSTA, Adilson. Diretrizes modernas no tratamento
da acne vulgar: da abordagem inicial à manutenção dos benefícios
clínicos. Surg Cosmet Dermatol. 2010; 2(3): 205-13 Disponível em:
http://www.surgicalcosmetic.org.br/public/artigo.aspx?id=81. Acesso em: 31 de
janeiro de 2012.
SAMPAIO, Sebastião A. P.; RIVITTI, Evandro A. Dermatologia. 2. ed. São
Paulo: Artes Médicas, 2001.
STEINER,
Denise.
Acne
Vulgar.
Disponível
em
http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=2366. Acesso
em: 30 de janeiro de 2012.
TABORDA, M. L. V. V.; WEBER, M. B., FREITAS, E.S. Avaliação da
prevalência de sofrimento psíquico em pacientes com dermatoses do
espectro dos transtornos psicocutâneos. An Bras Dermatol. 2005; 80:351-4.
VAZ, Ana Lucia. Acne vulgar: bases para seu tratamento. Rev Port Clin Geral
2003;
19:561-70.
Disponível
em:
http://www.saudinha.com/parcerias/publicacoes/diversos/acne_resumo.pdf.
Acesso em: 30 de janeiro de 2012.
Download