1 Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos V. 1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 A FACE PEDAGÓGICA DE EROS EM BUSCA DA VALORIZAÇÃO DA DOCÊNCIA Luciana Rodrigues Martins RESUMO O que eu pretendo neste trabalho é relacionar e discutir uma temática tão atual que é mostrada de maneira equivocada pela nossa sociedade, que é a docência, resultando em um futuro comprometedor para a profissão dos professores. Quando busco interrelacionar a face pedagógica de Eros com a docência, viso mostrar algo que é bem pouco visto pelas pessoas, devido ao fato do pouco conhecimento que se tem sobre: a mitologia, Eros, filosofia e a pedagogia, Essa falta de esclarecimento gera conceitos que não condizem com a realidade. Como o mito de Eros nos ajuda a compreender melhor essa relação de amor, amizade e porque não dizer paixão dos docentes com essa causa bonita e complexa que é a educação? Como Eros era alguém que não estava feliz com o que possuía, sempre ia em busca de algo que saciasse a sua vontade, assim é o professor, que não estando feliz com a sua formação vai sempre em busca de novos conhecimentos para saciar a sua sede do saber, consequentemente melhorando a sua vida pessoal, profissional gerando frutos na sala de aula, promovendo aos seus alunos a possibilidade de serem mais críticos e uma formação mais humana, resultando em vida familiar e social melhor. Logo notarão que isso foi resultado do trabalho do professor, assim este terá a sua valorização perante toda a sociedade. Porém, isso não acontecerá do dia para a noite. É preciso a conscientização e maior informação para os professores saberem como podem ser promotores da sua valorização. Almejo através deste artigo promover uma reflexão do que é ser professor, baseado nos estudos da doutora em filosofia Marlene de Sousa Dozol, em um dos seus artigos a “Face Pedagógica de Eros”. PALAVRAS CHAVES: Docência, Eros, Valorização, Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos v.1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 2 Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos V. 1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 Antes de fazermos a relação entre o mito de Eros com a carreira da docência temos de entender como se originou e o que é o mito de Eros, que se dá de duas maneiras uma delas é descrita por Maria Lucia de Arruda Aranha: Na Teogonia de Hesíodo, as entidades que saem do seio de Caos - vazio da desorganização inicial surgem por segregação, por separação. Até que nasce Eros o Amor, força de natureza espiritual que preside a partir daí a coesão, a ordem do universo nascente. No ciclo dos mitos olimpianos, Eros (Cupido. Para os romanos), filho de Afrodite representado por uma criança travessa ocupada em flechar os corações para torná-los apaixonados. Mas ele próprio se apaixona por Psique (Alma). Afrodite, invejosa da beleza de Psique, afastaa do filho e a submete às mais difíceis provas e sofrimentos, dando-lhe como companheiras a Inquietude e a Tristeza; até que Zeus, atendendo aos apelos de Eros, liberta-a para que o casal se una novamente. Aranha(1993) A outra maneira é descrita por Marlene de Souza Dozol em seu artigo “A Face pedagogica de Eros: Eros nasce numa festa na qual os deuses comemoram nascimento de Afrodite. Seu vínculo com a deusa do amor, torna-o companheiro e servo da Beleza. Gerado nesse dia, é filho de Pênia (a Pobreza) e Poros (o Recurso). Por conta de seus progenitores, Eros é duplo. Da mãe herda a carência, a falta e a busca. Do pai, o poder ou a possibilidade de saciar a fome, suprir a falta, urdir estratégias para satisfazer suas necessidades e desejos. Porém, esta satisfação nunca é definitiva. Sempre provisória, impõe a Eros uma espécie de sina: a de viver a festa de uma fome saciada, de uma falta suprida, de um prazer lúdico propiciado pela estratégia acertada e a de morrer em seguida, tendo que sentir e recomeçar tudo para novamente viver. Daí seu destino de andarilho (cf. Pessanha, in: CIVITA, 1993, p.33). Socrates em um dos seus dialogo dizia que Eros representava:” Eros representa 'um anelo de qualquer coisa que não se tem e se deseja ter". Pela origem de Eros e pelo que ele significa para a mitologia Grega não fica tão dificil interrelacionar-lo com a pedagogia como faz a doutora em filosofia Marlene de Sousa Dozol em seus artigos onde ela busca fazer um comparação do mito com a pedagogia surgindo assima o que ela chama de “face padagógia de Eros”, comparação essa que é muito bem explicada em seu artigo que tem como nome:” A Face Pedagogica de Eros”, permitindo assimilar as atitudes e intenções do professor com as de Eros,ele sendo filho de Pênia( a pobreza) e de Poros ( o recurso), nunca está saciado com o que tem e quer ir sempre em busca de algo para satisfazer o seu dejeso, assim também é o professor que ama a sua profissão, ele vai sempre se aperfeiçoando e aprendendo novos conhecimentos para assim suprir o dejeso que é de levar aos seus alunos o conhecimento de forma criativa, irresistivel e crítica para que os mesmos possam aprender e continuarem indo atras dos seus sonhos. Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos v.1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 3 Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos V. 1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 Muitos destes sonhos são alimentados pelo amor , paixão e outros sentimentos que movem as pessoas para além do que elas vivem, esses sonhos fazem parte também do imaginario dos professores, quando eles são alcançados vemos docentes felizes com a sua carreira e com os resultados obtidos pelo sua luta, e estes acabam por levar para sala de aula e para a sociedade todos esses frutos, posteriormente a sociedade valorizará a sua profissão, por ser algo que muda a realidade que existe nela. O mito de Eros ajuda na valorização dos professores, pois dá a eles um grande incentivo e desperta neles um sentimento de nobreza e poder explicando como usar todo seu conhecimento de forma criativa para que os seus alunos se sintam atraidos pelo conhecimento, de modo que o professor use todo o seu saber de forma atraente por meio da fala dos gestos e de sua subjetividade, de inicio parece ser um pouco sem sentido, mas se usam toda a sua paixão tudo flui de maneira que eles nem poderão imaginar, nesse caso que utilizaremos a teoria da face pedagogica de Eros, esta que interralaciona o mito de eros com o ato de ensinar, Eros que para alguns é o cupido, tem o poder de seduzir e encantar a todos que ele toca com a sua fecha, assim será o professor que seduzirar e encantará os alunos com o seu conhecimento que é a sua flecha, mas do que isso ele tem de execer uma atração muito forte em seus alunos para que estes nunca mais esqueçam o que lhes é ensinado e veja como é util para a vida deles, mudando assim essa ideia falsa de que estudar é ruim e não serve pra nada, o professor que busca mudar essa realidade atraves de leitura de textos que os ajudem a compreender a trabalhar melhor na sala de aula com esses alunos tornando a aula mais atraente e o conhecimento mais dinâmico, mudará o que esses alunos pensam e passará a ser exemplo para os mesmos, mostrará um mundo novo que há por tras de dos livros e conceitos, dando um sentido mais concreto para tudo que é estudado para que os alunos passem a viver aquilo que está escrito que parecia está tão longe e intrangivél, nessa troca ganha o professor, o aluno e toda a escola, que notando o rendimento do professor valorizará mais o seu trabalho pelo esforço pra mudar a realidade, refletindo muito significativamente na educação que é ministrada naquele ambiente, ganhando o respeito dos pais, e posteriormente de toda sociedade em que ele vive. Notamos que não é uma tarefa muito fácil trabalhar esse lado pedagógico de Eros que existe em cada professor, mas tudo começa quando este desperta por estudar aquilo Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos v.1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 4 Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos V. 1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 que ele mas se identifica e esse despertar irá desabrochar nele o Eros que estava ainda oculto com isso se tornará mas compromissado com algo que é de fundamental importância para a nossa sociedade que é a educação, sendo esse o caminho para se buscar a sua valorização, pois a mesma sociedade que menospreza a docência e isso atinge a educação do nosso país será a que notará o fruto do seu trabalho quando se deparar com cidadãos mais críticos, atentos aos valores morais que são tão pouco praticados na sociedade, fazendo a mesma ser obrigada a enxergar o quanto é importante o professor na formação de pessoas comprometidas com um mundo mais ético e crítico, ou seja um mundo em que sonhamos viver, mas, esse caminho é árduo e difícil de ser trilhado por haver tantas barreiras que transpõem- se para que o docente venha desistir, mas nem tudo está perdido, basta que o docente busque a força em si mesmo através do Eros que existe dentro dele, força essa que fará com que ele lute pra cada vez mais se aperfeiçoar e buscar mais conhecimento, essa é a maneira de saciar a sede que o mesmo tenham sendo ele o exemplo de como é que se revelará a face pedagógica de Eros para as demais pessoas que lhes cercam, vivendo uma oportunidade de poder mostrar toda a sua força pra lutar em busca do seu objetivo que é de ter uma educação voltada para uma formação mas crítica e humana, preceitos esses que não são mais prioridades em nosso meio educacional, onde que o professor é visto como mero instrumento para se levar o conhecimento e não mais como um profissional respeitado e valorizado pelo seu conhecimento o que acaba nos deixando desanimados a querer seguir na carreira por essa está tão em baixa em nossa sociedade, contudo temos de buscar a mudança, e aqui é o começo pra essa lutar, colocar em discussão uma temática não tão atual por ser já a muito tempo pensada dessa forma e pouco repensada e refletida em nosso meio, temática essa que é de estrema importância na formação dos novos educadores que irão para sala de aula já sabendo dessa força que ele tem e como deverá usa lá em seus futuros trabalhos que venham a desempenhar em sala de aula com seus alunos. Quando fazemos a associação de Eros com o professor vai mais além do desejar ardentemente, associamos também pelo outro significado que os gregos davam para o Eros que é: o amor que seduz o corpo e alma dos que se aproxima e envolvem-se com ele, ou seja, o erotismo. O professor deve buscar esse envolvimento com os seus alunos, envolvimento esse que está relacionado com a troca de conhecimento, onde o professor “seduzirá “ os alunos com o conhecimento que ele tem, é a utilização do erotismo de uma forma pedagógica com a utilização de algo que foi citado anteriormente que é a palavra, Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos v.1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 5 Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos V. 1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 essa tem o poder de transmitir aos outros o que há no nosso interior como: pensamentos, conhecimentos, sensações e emoções, e o professor tem uma arma que é de fundamental importância para fazer isso acontecer que é a palavra, segundo Dozol: O uso da palavra, mais de que uma função meramente caracteristica da espécie humana, requer especial qualificação e é isto que distingue reis e poetas dos demais serem ouvidos precisam seduzir e quando seduzem tranformam -se em autoridades. Dozol (2005). Vemos que somos especiais e a importancia das palavras para nos comunicarmos com quem está proximo de nós, e como a palavra tem o poder de mudar, mas não adianta ter a palavra tem de ter eloqüência de saber falar o que vai ser apropriado para cada aluno sendo que eles são todos diferentes uns dos outros, alunos esses que poderão serem professores. trabalhar essa palavra juntamente com a eloqüência de falar sabiamente um discurso. Como cita Torrano“ ...a autoridade de ambos se estriba na sedução e no fascínio que através da palavra exercem sobre seu ‘entourage’ “ (1995, p.37). Fazendo isso por meio de uma observação para saber qual será a melhor maneira de agir e que linguagem específica usará, para que com esse discurso consiga seduzir as “almas”, pois ela só se deixa raptar com um bom discurso; que tenha palavras convincentes que elas gostam de ouvir. Deve também existir a sutileza de saber o momento de falar e de ficar em silêncio, haverá momentos em que calar será mais propício, para que esse jogo de sedução aconteça. E quando for falar análise bem a entonação da voz para que o discurso seja apaixonante, dramático, sedutor, romântico ou mesmo compassivo, ela é a parte importante do discurso e se estiver combinando com (entoação da voz com o discurso) o docente conseguirá o seu objetivo ( que é a atenção dos discentes). Uma vez que conseguiu ter o aluno próximo e atento ao que for trabalhado em sala de aula o professor poderá analisar melhor a sua prática, se está atendendo as expectativas suas ou se ele tem de melhorar em alguma coisa, quanto mais o professor ter sede por querer saber mais, quanto mais ele está vivendo o Eros que habita dentro dele, que lhe faz querer ir mais longe do que todos pensam, desejar aquilo que parece impossível aos olhos dos outros, que se deixam dominar por: palavras, atos problemas familiares e profissionais, esses acabam por trabalhar por obrigação, e o seu trabalho lhe Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos v.1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 6 Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos V. 1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 causa angustia, tristeza e até mesmo dores, resultando assim na baixa produção de conhecimento dele para passar para os seus alunos tendo como conseqüência uma educação desigual, resultando na falta de valorização que existem na profissão de docência, sendo isso o que não deve acontecer com os docentes, ao contrario devem ir em busca da fonte que irá saciar a sua sede de saber. Diante de tudo que foi dito temos de acrescentar que esse processo de valorização do professor não acontecerá de uma hora para outra, mudanças assim demoram um certo tempo para acontecer devido a lentidão com que as pessoas demoram para aceitar as transformações. No entanto o professor não pode desanimar diante desse lento processo, ele tem de continuar o seu o seu trabalho em sala de aula para que as mudanças comecem acontecer nos próprios alunos, fazendo-os pensarem cada vez mais de forma crítica, mudando assim a sua maneira de pensar e agir na família e no meio social. Com o passar do tempo poderemos notar as transformações de forma mais concreta, a ponto dos alunos notarem que estão contribuindo para a existência de uma sociedade mais crítica, ética e solidaria, e quando forem questionados a respeito de quem foi o promotor dessa transformação, saberão que foi o professor. A partir dessas mudanças resultantes do trabalho do professor irão realmente valorizar o trabalho e a dedicação do docente. Resultados esses que só ocorreram graças a ação do professor de ir em busca de capacitação e aperfeiçoamento dos conhecimentos, sem duvida nenhuma pelo fato dele acreditar na possibilidade de haver mudanças e não deixarem se abater pelo pessimismo e pelos problemas econômicos que passam do decorrer da sua vida e que agrava mais ainda na sua formação e no seu trabalho, pelo fato de terem salários que não dão para eles viverem dignamente, por isso tem de haver uma força maior que o fará ir em busca de seus objetivos de obter mais conhecimento não somente para a sua formação pessoal, e sim para que possa trabalhar cada vez melhor para a formação de cidadãos críticos, e essa força nada mais é do que “A face Pedagógica de Eros que há dentro de cada um deles, despertando cada vez mais uma paixão por uma das profissões mais importantes, a docência resultando assim em ganhos para os alunos, os professores e a sociedade. REFERÊNCIAS: Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos v.1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 7 Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos V. 1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 DOZOL, M. S. A face pedagógica de Eros. In: 28ª Reunião da ANPED, 2005, Caxambu. CD-ROM - 28ª Reunião da ANPED, 2005. V. 1. HESÍDIO. Teogenia – a origem dos deuses. Estudo e trad. de Jaa Torrano. São Paulo: Iluminuras, 1995. ARANHA, Maria lucia De Arruda. Filosofando introdução a filosofia. São paulo, Mordena, 1993 Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos v.1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319