Gestão de Projetos de TI - II: Fluxo de Caixa Operacional e

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Gestão de Projetos de TI - II: Fluxo de Caixa Operacional e Técnicas de Avaliação
Este tutorial parte II aborda os elementos relacionados à modelagem econômico-financeira de projetos de
investimento de TI.
Seu conteúdo foi produzido a partir do artigo "Determinação do fluxo de caixa operacional do projeto e
técnicas empregadas em sua avaliação" elaborado pelo autor.
Marcello Muniz da Silva
Doutorando e Mestre em Engenharia Naval e Oceânica pela POLI/USP, Bacharel em Ciências Econômicas
pela FEA/USP e Coordenador do MBA em Gestão de Projetos e Inovação da Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas (FIPE).
Foi Pesquisador da Divisão de Economia do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo
(IPT) e Companhia de Processamento de dados do Estado de São Paulo (PRODESP). Participou do Projeto
Políticas Públicas do Projeto Gestão da Inovação no Setor de Telecomunicações do NPGT/USP - Financiado
pela FAPESP.
Atualmente é Pesquisador do Núcleo de Política e Gestão Tecnológica da Universidade de São Paulo
(NPGT/USP) e Consultor em Finanças Corporativas e Teoria Econômica. Participa também como autor em
livros e artigos relacionados à gestão de sistemas de informação, gerenciamento de projetos e finanças.
Email: [email protected]
Categoria: Operação e Gestão
Nível: Introdutório
Enfoque: Negócios
Duração: 20 minutos
Publicado em: 12/05/2008
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Gestão de Projetos de TI - I: Introdução
O presente material constitui o segundo de uma série de três tutoriais desenvolvidos para o Teleco. Em seu
conjunto, esses materiais procuram dar conta da seguinte questão:
Por que o profissional de TI envolvido em projetos deve estar familiarizado com
temas relacionados aos domínios da ciência econômica e finanças corporativas?
Enquanto o primeiro tutorial ([1] e [2]) tratou de forma sumária a questão do valor, procurando indicar os
aspectos financeiros relacionados às decisões corporativas (investimento, financiamento e operações), bem
como, a importância e finalidade de uso de Demonstrações Financeiras, o presente material aborda
elementos relacionados à modelagem econômico-financeira de projetos de investimento.
Ao fazer isso apresenta exemplos de emprego de técnicas de avaliação de projetos que envolvem a
implementação de sistemas de informação (SI).
Ao tratar do assunto, esse tutorial tem por objetivo apresentar esquemas de enquadramento para a
formatação do fluxo de caixa operacional de um projeto bem como modelos e instrumentos
amplamente empregados nos processos de avaliação de projetos.
Além da apresentação de conteúdo, este tutorial conta com uma planilha que sumariza e relaciona os
principais passos da modelagem econômica e financeira de projetos de investimento. A rigor, o
exercício apresentado aborda a formatação e análise de um projeto que envolve investimento em TI.
Especificamente, explora a análise de investimento na área de vendas por meio de três alternativas
mutuamente excludentes: criação de um sistema de call center, implantação de sistema de e-commerce
ou treinamento de equipe de vendas. Por meio desses exemplos, os temas relacionados abaixo são
explorados.
Este tutorial trata dos seguintes aspectos da modelagem econômico-financeira de projetos:
Elementos da avaliação de projetos.
Fundamentos da análise quantitativa da avaliação.
Aspectos críticos do dimensionamento de um projeto.
Ferramentas de avaliação retrospectiva e prospectiva, incluindo indicadores econômico-financeiros.
Sistematização do fluxo de caixa operacional de um projeto.
Principais indicadores quantitativos orientados para a tomada de decisões de investimento.
[1] O primeiro tutorial da série pode ser acessado através do link Gestão de Projetos de TI - I: Importância
dos Aspectos Financeiros e Econômicos.
[2] Foram os seguintes os temas abordados no primeiro tutorial da série: conceito e importância da geração
de valor; relação do conceito de valor com as principais dimensões econômicas que afetam o retorno sobre
investimentos; tipos e importância das Demonstrações Contábeis na modelagem e avaliação de projetos;
importância de uso de ferramentas destinadas ao dimensionamento e estratégia econômica da operação;
entendimento e identificação de aspectos relevantes na exposição de projetos a linhas de crédito.
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Gestão de Projetos de TI - II: Avaliação de Projetos
Momento e elementos da avaliação de projetos
Conforme definido nos manuais de gestão de projetos, entre eles o PMBoK ®, os projetos possuem
características únicas, assim como as organizações. Os projetos são executados por pessoas, exigem
planejamento e utilizam recursos escassos. Estes empreendimentos podem e devem ser divididos em fases ou
estágios para facilitar seu gerenciamento (entendido como a ação orientada para o planejamento). Esse inclui
o controle de execução e o emprego de medidas e ou ações corretivas. Além disso, os projetos podem ser
divididos em diversos subprojetos, cada um deles com um ciclo de vida próprio, porém interdependentes.
Na maior parte dos projetos, a análise de viabilidade técnica e econômica se dá durante antes da fase de
iniciação do projeto. De acordo com o PMBoK®,quanto uma organização identifica uma oportunidade
de inversão, em geral irá autorizar um estudo de viabilidade para decidir se deve realizar ou não o
projeto. Embora a equipe de gerenciamento do projeto possa auxiliar na redação do termo de
abertura, a aprovação e o financiamento são tratados fora dos limites do projeto. Dessa forma, a
avaliação constitui uma atividade que deve ser abordada como um projeto a parte. Como é conhecido,
as técnicas de avaliação não são contempladas pelo PMBoK®.
Assim como a fase de iniciação, o estudo de viabilidade envolve poucos recursos (pessoas, equipamentos,
dinheiro, etc.) quando comparadas às demais fases de um projeto (iniciação, planejamento, execução,
controle, etc.). Nunca podemos esquecer que o estudo de viabilidade do projeto atende a restrições de dados
devendo respeitar as características da organização (estrutura funcional, setor de atividade, capacitações
adquiridas, etc.).
Embora a análise econômica do projeto dependa da expectativa de retornos associados ao projeto (receitas
estimadas durante o período de vida útil do empreendimento), uma das entradas fundamentais constitui um
esboço preliminar dos gastos associados ao projeto. Esse resume os prováveis valores que esperamos
gastar/empregar ao longo do ciclo de vida do projeto. Evidentemente, este custo reflete o escopo do projeto
que, por sua vez, se relaciona com o escopo do produto.
Como será descrito abaixo, para construir o fluxo de caixa estimado do projeto devemos, em cada ponto no
tempo, avaliar o saldo líquido entre as receitas e gastos estimados. Estes gastos são compostos por uma série
de subitens que possuem uma classificação padrão: investimento, custos, despesas, etc.. Essa classificação
de gastos e seu tratamento constituem as entradas do processo de avaliação de projetos.
Como vimos, o estudo de viabilidade constitui três estudos específicos:
Dimensionamento (prospecção de demanda/oferta).
Estudos técnicos (localização, tamanho e seleção de tecnologia).
Análise econômica (compreende análise custo/benefício e depende do dimensionamento e estudos
técnicos descritos acima).
Sob o ponto de vista da análise econômico-financeira do projeto as entradas constituem as receitas,
orçamento e custos/despesas estimados para o projeto. Esses dependem das vendas estimadas, origem do
capital que será aplicado durante as fases do projeto e estimativas de custo efetuadas; já aquelas dependem
de estimativas de mercado.
As ferramentas para a análise econômico-financeira advêm da disciplina Finanças Corporativas e a saída
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fundamental consubstancia diversos indicadores (Net Present Value, Internal Return Rate, Payback,
Indicadores Econômico-Financeiros, etc.) que darão subsídios à tomada de decisão. Certas questões são
críticas:
O projeto contribui para atingir os objetivos estabelecidos no planejamento estratégico?
O projeto é atrativo?
Comparado a outras alternativas de investimento, qual projeto é mais vantajoso?
Que fatores afetam de maneira mais severa a lucratividade do projeto
Como o projeto afeta a composição de ativos e passivos e a estrutura de capital da empresa?
O modelo I, que se encontra na planilha que pode ser acessada pelo link abaixo, aborda parte desses
aspectos. O modelo está organizado num conjunto de tabelas que objetivam fixar os passos da modelagem
econômico-financeira de projetos de investimento.
Modelo I: Organização de receitas e gastos de projeto
(Clique aqui para fazer o download)
Aspectos Quantitativos da Avaliação
A fase conceitual (da qual a análise de viabilidade econômica faz parte), dentro dos processos de
planejamento, constitui um dos pontos de partida para a elaboração do projeto. Nesta “etapa” não são
lançadas medidas precisas os custos. Esses, por exemplo, são lançados em termos paramétricos. Os objetivos
básicos do projeto e seu impacto na estratégia da organização são esboçados.
As premissas (o que é dado como certo ou provável) e restrições (o que não é provável ou factível) são
formuladas e os problemas devem ser definidos (grau de influência de fatores econômicos, políticos,
estruturais, legais, ambientais, culturais, entre outros). Ainda não há pleno detalhamento das metas e escopo
do produto e do projeto.
A medida que o projeto é melhor definido dentro das condições de operação da empresa e do mercado a
análise econômico-financeira pode ser delineada: com o avanço dos estudos conceituais, podemos obter uma
perfeita definição do escopo do produto e do escopo do projeto, só a partir dai torna-se possível fazer
projeções acerca dos investimentos, custos diretos, indiretos, despesas, etc., associados ao projeto (incluindo
despesas financeiras, overheads, etc.). Assim, o estudo de viabilidade econômica e financeira pode ser feito
em duas etapas:
Análise paramétrica (onde obtemos informações preliminares orientadas ao estudo de viabilidade de
um ou vários projetos).
Análises não paramétricas (onde já possuímos uma melhor definição do escopo do produto, escopo
do projeto).
Nessa etapa, as informações são obtidas com maior grau de precisão e isso permite o estudo mais acurado
acerca da viabilidade de um ou vários projetos. De fato, a análise não paramétrica se baseia em um conjunto
maior e mais preciso de informações o que inclui dados mais precisos acerca do dimensionamento
(prospecção de demanda/oferta) e estudos técnicos (localização, tamanho e tecnologia adequada).
Portanto, é com base nas projeções de gastos (investimento, custos, despesas, etc.) e receitas que é
elaborado a análise econômica e o estudo de viabilidade econômica do projeto. É possível afirmar ainda que
a análise econômica é mais complexa que o estudo de viabilidade econômica do projeto pois:
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A primeira inclui estudos sobre o dimensionamento do projeto (o que inclui avaliar o comportamento
futuro da oferta e demanda) e os estudos técnicos (o que inclui determinar a localização, selecionar a
tecnologia, definir a escala das operações, tamanho da planta).
Já o estudo de viabilidade econômica ou análise custo/benefício, fixa seu foco no aspecto
financeiro associado ao projeto e trabalha com estimativas de orçamento (o que inclui o tratamento de
dados levantados).
Portanto, na fase conceitual circunscreve uma etapa preliminar que envolve a análise de ambiente de
negócios, descrevendo suas potencialidades em termos de recursos disponíveis e receitas prováveis.
Inclui também as estimativas de necessidades de recursos financeiros (próprios e de terceiros) que deverão
sustentar o empreendimento.
Nessa etapa, argumentos e medidas preliminares sobre a viabilidade dos objetivos são levantados. Os
recursos necessários são estimados em termos paramétricos e posteriormente refinados por meio de
projeções financeiras associadas aos gastos e receitas esperadas (por meio de estudos não paramétricos).
Essa massa de informações constitui o substrato da avaliação, seleção e decisão de execução de projetos.
Modelo II: Passos para enquadramento de projetos de TI
(Clique aqui para fazer o download)
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Gestão de Projetos de TI - II: Dimensionamento do Projeto
Os projetos emergem no sistema econômico e exigem planejamento. Qualquer que seja o projeto a ser
concebido é necessário realizar estudos de dimensionamento, viabilidade técnica e econômica.
Muitas vezes, os estudos de viabilidade técnica tendem a ser colocados em segundo plano; porém, eles são
críticos para o êxito do empreendimento. De fato, o projeto deve, em primeiro lugar, possuir viabilidade
técnica, isto é, ele deve ser realizado de acordo com os procedimentos de engenharia e com base nos
conhecimentos (codificados e tácitos) existentes/disponíveis.
Trata-se de aproveitar os conhecimentos e capacitações disponíveis intra-muros (pessoal e equipamentos de
propriedade da empresa) e extra-muros (acesso a máquinas equipamentos e insumos; uso de conhecimento
codificado presente em publicações, manuais, etc.; serviços de consultoria, estudos laboratoriais, pareceres
técnicos, etc.). É a escolha técnica, combinada com os aspectos relacionados ao dimensionamento do
projeto, que irá determinar a lucratividade do empreendimento.
Não devemos confundir a viabilidade técnica aplicada ao projeto (que tem a ver com o escopo do projeto, ou
seja, com a tecnologia mais eficiente a ser empregada para a execução de todas as atividades destinadas a
possibilitar a entrega do projeto dentro dos parâmetros planejados de prazo, qualidade e custo) com a
viabilidade técnica aplicada ao processo e ao produto (atividade rotineira de produção e reprodução das
condições de oferta do produto ou serviço originário do projeto).
Por outro lado, uma escolha técnica inadequada associada ao projeto pode comprometer as metas de
atendimento do escopo, custo e qualidade, fundamentalmente. A viabilidade técnica é necessária, mas é não
suficiente [1].
A viabilidade econômica é igualmente importante. Ela não se confunde com o dimensionamento do projeto
que está associado a estudos prospectivos quanto a demanda e oferta (tamanho, estrutura de mercado,
identificação de concorrentes, fornecedores, etc.). O dimensionamento do projeto trata de estimar os
parâmetros da função demanda e função oferta e sua evolução ao longo do tempo.
Conforme representado abaixo, a demanda deve ser expressa por feio da função demanda. Essa relaciona a
quantidade demandada ao preço do bem (p), preços dos bens relacionados (pc = preço dos bens
complementares, ps = preço dos bens substitutos, R = renda e demais fatores que determinam a quantidade
demandada.
Em contrate, a oferta deve ser expressa por feio da função oferta. Essa relaciona a quantidade ofertada ao
preço do bem (p), custos dos insumos (w = salários, k = custo fixos de imobilizados, r = custo de capital e
demais fatores que determinam a quantidade ofertada. A função oferta descreve uma relação técnica dada a
tecnologia adotada.
Mais especificamente; considerando que a avaliação de projetos se encontra relacionada à alocação de
recursos entre fins alternativos como meio de gerar valor e que este depende, entre outros fatores, da
interação entre oferta e demanda: como modelar o comportamento dessas unidades de consumo e
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produção? Um primeiro passo consiste em definir de maneira precisa as características do produto e do
mercado alvo (quadro 1).
Embora fuja ao escopo dessa análise, cabe salientar que as funções demanda e oferta devem ser estimadas a
partir de uma descrição do mercado (quadro 1). Esse exercício visa identificar e relacionar variáveis. A
partir desse processo podem ser levantados dados para que seja possível empregar técnicas econométricas
destinadas a obter os parâmetros que quantifiquem a posição e formato de ambas.
Quadro 1: Modelo 3 - Resumo de passos para a caracterização do mercado alvo e
levantamento de dados para estimar a curva de demanda e oferta.
Passo 1: Caracterização do produto.
(descrever sumariamente as principais características econômicas do produto)
O objetivo é descrever as principais características do produto do ponto de vista econômico (bem de
consumo não durável, bem de consumo durável, bem de capital, serviço, etc.) e suas implicações:
Passo 2: Caracterização do mercado alvo.
(descrever sumariamente as principais características do mercado)
O objetivo é descrever as principais características do mercado do ponto de vista econômico (bem de
consumo não durável, bem de consumo durável, bem de capital, serviço, etc.) e suas implicações.
Passo 3: Relacionar variáveis que afetam a DEMANDA do mercado alvo.
(relacionar variáveis críticas que tendem a afetar a demanda, avaliar possível forma de medição)
N
o que medir?
(apresentar
relevantes)
por que medir?
variáveis (justificar
uso
relacionadas)
de
como medir?
variáveis (relacionar
estatísticas
orientadas para a medição)
1
2
3
4
5
Passo 3: Relacionar variáveis que afetam a OFERTA do mercado alvo.
(relacionar variáveis críticas que tendem a afetar a oferta, avaliar possível forma de medição)
N
o que medir?
(apresentar
relevantes)
por que medir?
uso
variáveis (justificar
relacionadas)
de
como medir?
variáveis (relacionar
estatísticas
orientadas para a medição)
1
2
3
4
7
5
Passo 5: Fatores que afetam direta e indiretamente o funcionamento do mercado.
(descrever sumariamente as principais variáveis que afetam o funcionamento dos mercados relacionadas à
regulação pública, fatores ambientais, etc.)
O objetivo é descrever sumariamente as principais variáveis relacionadas à regulação pública, fatores
ambientais, etc., que afetam o funcionamento dos mercados.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Note que é por meio do estudo da interação entre demanda e oferta que se obtêm estimativas de receitas e
não apenas a partir da análise da demanda como muitas vezes é feito. Nesse contexto, consumidores e
empresas se relacionam por meio do mercado – lócus onde são determinados os preços e quantidades
transacionadas dos bens e ou serviços. É sob a ótica dessa interação que os ganhos previstos devem ser
dimensionados e avaliados. Isso nos remete a uma análise sumária da figura 1.
No plano preço/quantidade a curva de demanda (representação da função demanda) apresenta inclinação
negativa em relação ao preço. Sua posição, no entanto, é determinada pelos fatores que afetam a demanda e
que não estão diretamente relacionados na representação gráfica (preferências do consumidor, preços dos
bens complementares, substitutos, renda, etc.). Dados esses, a curva de demanda representa todos os pontos
de equilíbrio do consumidor.
Figura 1: Significado do equilíbrio entre oferta e demanda.
Fonte: Ferguson, 1999.
Por outro lado, a curva de oferta (representação da função oferta) apresenta inclinação positiva. Sua
posição é determinada pelas condições de custo. Esta se relaciona com a tecnologia empregada e grau de
utilização de recursos, bem como comportamento empresarial em relação e estrutura de mercado. Com
efeito, a curva de oferta representa todos os pontos de equilíbrio da firma (dada a estrutura de custos e
tecnologia empregada). Feitas essas considerações, qual o significado do equilíbrio no ponto E?
Conforme a teoria econômica, caso o preço praticado seja 0P1 a firma desejará ofertar QS1. A esse preço os
consumidores desejarão comprar apenas QD1. Isso fará com que as empresas acumulem estoques
indesejados. Dessa forma, terão incentivos a reduzi-los e só poderão fazer isso baixando seus preços. A rigor,
em qualquer ponto acima de P* isso se verificará, pois a quantidade que os vendedores desejam vender
excede o que consumidores desejam adquirir.
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Por outro lado, quanto o preço se encontra abaixo do preço de equilíbrio (P*) os compradores tomam a
iniciativa. Ao preço 0P2 os consumidores desejam adquirir QD2. Contudo, a esse mesmo preço os
produtores desejam vender apenas QS2. A esse preço nem todos que desejam adquirir o bem o encontram.
Alguns compradores insatisfeitos passam a oferecer um pouco mais para obter o produto. Parte deles será
bem sucedida, outros desistirão pois seu preço de reserva poderá menor. Em geral o ajustamento é feito
pelos ofertantes. Como esses são sensíveis aos preços de reserva dos consumidores, esses agentes farão
ajustamentos no preço aumentando-o. Assim, no curto prazo o preço tenderá a P*.
Uma vez alcançado o equilíbrio a receita total (RT) pode ser obtida da seguinte forma: RT = p* Q*
(geometricamente compreende a área definida pelos pontos 0P*EQ*). Observe que a receita total esperada
depende da interação entre demanda e oferta. Daí surge a seguinte pergunta: como determinar a posição e
formato da curva de demanda?
Por fim, cabe ainda salientar que a análise de viabilidade técnica reúne três elementos relativos à engenharia
do projeto: tecnologia, tamanho e localização e que nunca a análise de viabilidade econômica deve ser
confundida com os estudos técnicos, embora seus resultados dela dependa.
Adicionalmente, nas planilhas se assumiu que a corporação avaliou previamente o impacto de cada projeto:
call center, e-commerce e treinamento de equipe de vendas. As técnicas de estimação de aumento de vendas
fogem ao escopo desse tutorial. Programa-se, em outro tutorial discutir tais técnicas de maneira mais
específica. Por ora, o quadro 1 deve dar subsídios à fase preliminar da avaliação.
[1] Cabe ainda observar que um projeto pode ser eficiente do ponto de vista técnico sem, contudo, ser
eficiente do ponto de vista alocativo.
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Gestão de Projetos de TI - II: Avaliação Retrospectiva e Prospectiva
No tutorial anterior, argumentou-se que a análise de viabilidade econômica de um projeto é tributária da
disciplina Finanças Corporativas. Essa permite um estudo mais estruturado do projeto sob o ponto de vista
financeiro e contábil. Nesse contexto, os decision makers utilizam técnicas e demonstrativos financeiros
diversos para avaliar o projeto e seu impacto na organização antes de decidir executá-lo.
A disciplina Finanças Corporativa sistematiza um instrumental técnico que permite manter o valor financeiro
da corporação, maximizar o valor do acionista, monitorar e interpretar as informações financeiras do
negócio. Nesse sentido, existe uma grande preocupação com o tratamento dado aos aspectos financeiros pois
as “finanças são [definidas como] a força direcionadora das corporações”. Mais precisamente, a disciplina
Finanças Corporativas é o ramo da Administração Financeira que estuda captação e o uso/gestão do capital
em uma empresa.
Um dos objetivos básicos da disciplina constitui a elaboração de planejamento e controle orçamentários que
possam: viabilizar os recursos necessários para as decisões do plano estratégico de gestão; criar valor
econômico agregado no curto prazo; gerar caixa no curto e longo prazos; aumentar o valor patrimonial da
empresa; aumentar o retorno sobre os ativos e PL; incrementar o uso dos ativos minimizando sua ociosidade,
seu crescimento e rentabilidade.
Outros fatores, como a análise de risco e retorno, estrutura de capital, orçamento de capital e, o que nos
interessa no momento, regras de decisão de investimentos ( NPV, IRR, payback, etc.) devem ser estudados
no âmbito da disciplina Finanças Corporativas e Administração Financeira.
Parte-se do princípio que uma empresa é constituída por unidades de negócio que devem ser estruturadas
por processos e corpos funcionais que possibilitem a geração de valor ao nível das atividades principais e de
suporte. Nesse sentido, é necessário a definição de metas e métricas para a avaliação do desempenho
financeiro. Nesse ínterim, os projetos surgem como conjuntos estruturados de atividades capazes de
viabilizar o processo de geração de valor. Assim, os projetos devem atender aos objetivos financeiros, de
mercado, de tecnologia e processos internos e de inovação e capabilities da força de trabalho. As Finanças
Corporativas fornecem os elementos necessários à tomada de decisão – o que abarca as atividades
operacionais e as orientadas à projetos.
Os Demonstrativos Financeiros são as ferramentas necessárias à gestão, podem indicar a saúde financeira da
empresa e responde a questões formuladas pelos interessados. As respostas, associadas ao presente e futuro,
dependem da habilidade de elaborar, interpretar e projetar demonstrativos. Essa deve ser uma principais
virtudes do gestor de recursos.
É evidente que os negócios das organizações, entre eles as atividades denominadas projetos, emergem em
meio a um cenário mais amplo. Por esta razão as condições gerais dos negócios devem ser avaliadas o que
inclui aspectos macroeconômicos, microeconômicos e financeiros – conforme explicitados na figura acima.
Os indicadores financeiros para a tomada não devem ser encarados como os únicos critérios para a tomada
de decisões. Estes devem ser complementados com critérios econômicos e técnicos (eficiência alocativa,
eficiência dinâmica, estratégia, critérios técnicos, jurídicos, etc.). Embora úteis para a tomada de decisão,
muitas vezes os indicadores financeiros baseiam-se em hipóteses restritivas e devem ser avaliados com
cautela.
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Os projetos interferem na posição patrimonial das organizações. Imagine que a empresa queira ampliar
suas instalações através da elaboração de um projeto: a conta diferido (que capta as despesas que irão trazer
benefícios futuros) irá sofrer alterações. Quando o projeto for concluído e as novas instalações estiverem
operando, serão outras as necessidades de matérias primas exigidas em estoque, o volume de contas a pagar
e a receber sofreu alterações (ou seja, a “estrutura de financiamento” entre a empresa e o mercado), novos
trabalhadores estão operando, etc. Portanto, dependendo do projeto é mister avaliar seu impacto sobre
a composição do ativo e do passivo da organização. Vale mencionar que muitas empresas vão à
falência em virtude de não realizarem estes estudos!
Há diversos índices econômico-financeiros. Estes podem ser classificados como: índices de solvência ou
liquidez (índice de liquidez imediata, índice de liquidez corrente, índice de liquidez seca), índices de
endividamento (índice de endividamento geral, índice de cobertura de juros) e índices de lucratividade.
Entre os índices de lucratividade encontra-se o Retorno sobre o Patrimônio (ROE), este é obtido a partir
da razão entre o lucro líquido e patrimônio líquido. Esse mede o retorno sobre as ações ordinárias. Já o
Retorno sobre os Ativos Totais (ROA) é obtido a partir da razão entre o lucro líquido e os ativos totais
medindo o retorno sobre os ativos totais operados pela corporação.
Conforme a figura 2, como o ROA pode ser decomposto em margem e giro, esse apresenta vantagens na
avaliação de projetos de TI. O enquadramento e significados dos indicadores econômico financeiros são
apresentados em maior detalhe na próxima seção.
Figura 2: Decomposição do ROA ao nível das operações corporativas.
Fonte: Elaborado pelo autor.
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Gestão de Projetos de TI - II: Índices Econômico-Financeiros
Conforme discutidos no primeiro tutorial, há grande importância no uso das Demonstrações Contábeis.
Essas são elaboradas a partir de certos princípios contábeis e são usadas pelos interessados nos negócios
(acionistas, credores, fornecedores, governo, etc.) para as mais diversas finalidades.
Em termos mais globais, os demonstrativos constituem um instrumento de acompanhamento e controle da
situação econômica, financeira e patrimonial das empresas. Essas peças traduzem, em uma linguagem
específica, os resultados das atividades empresariais e permitem que os usuários, internos e externos,
avaliem o empreendimento em um sentido estático e dinâmico.
Sempre devemos considerar que cada decisão corresponde a um impacto econômico, financeiro e
patrimonial cuja extensão depende de muitas variáveis. A avaliação por meio de indicadores econômicofinanceiros se presta as análises retrospectiva (avaliação das ações levadas a cabo pelos gestores, credores,
etc.) e prospectiva (avaliação provável do impacto de decisões gerenciais e da implementação de novos
projetos).
Índices de Solvência ou Liquidez
Os índices de solvência medem a capacidade de uma empresa de saldar suas obrigações de curto e de
curtíssimo prazo; ou seja, indicam a capacidade de pagamento de suas contas repetitivas. Freqüentemente
esta classe de índice se encontra associada às exigências de capital de giro (razão entre ativos e passivos
circulantes e variações nas demais contas do ativo e passivo que geram mudanças nos níveis de caixa).
A fonte principal de pagamento dessas dívidas de curto prazo é o ativo circulante (AC) – embora as
empresas possam se desfazer de ativos imobilizados (AI) ou outros ativos fixos (AF) como meio de fazer
frente a dificuldades de caixa. As informações obtidas em sua apuração provêem do Balanço Patrimonial.
Contudo, a origem dos movimentos na liquidez também pode ser capitada por meio do Demonstrativo de
Fluxo de Caixa. Uma operação de financiamento ou a venda de um ativo pode ampliar o volume de caixa.
Por outro lado, o pagamento de juros ou a aquisição de um ativo pode diminuir o nível de caixa de uma
empresa.
Conforme o quadro 1, duas formas de medir a solvência são largamente utilizadas. O índice de liquidez
corrente (ILI) é obtido por meio da razão caixa (C) que compreendem recursos imediatamente disponíveis
(recursos monetários em espécie, depósitos bancários e aplicações em papeis de curto e curtíssimo prazo) e
passivo circulantes (PC). O ILI indica qual a proporção entre ativos imediatamente líquidos e passivos
exigíveis no curto prazo.
O índice de liquidez corrente (ILC) é obtido por meio da razão entre ativo (AC) e passivo circulantes (PC).
Caso tenha problemas de saldar as dívidas de curto prazo a empresa poderá passar por sérios problemas
sendo obrigada a renegociá-las ou obter crédito bancário adicional – em condições nem sempre favoráveis.
Neste caso, o passivo circulante pode crescer ainda mais rápido que o ativo circulante conduzindo a graves
problemas de solvência no futuro. Um baixo ILC representa o primeiro sinal de problemas financeiros. Da
mesma maneira com que devem ser lidas as demais classes de índices apresentadas a seguir, estes devem ser
avaliados sob uma perspectiva histórica e comparado aos níveis verificados em outras empresas do setor.
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O índice de liquidez seco (ILS) é calculado por meio da razão entre a diferença entre o ativo circulante total
e os estoques (Est) e o passivo circulante. Considera-se que os ativos prontamente disponíveis são
rapidamente conversíveis em caixas sem grandes perdas de valor; o que não é o caso dos estoques. Portanto,
este indicador mede a capacidade da empresa de saldar suas dívidas de curto e curtíssimo prazo sem abrir
mão de seus estoques. O quadro 2 apresenta os referidos índices de liquidez.
Quadro 2: Classes, definições e finalidade dos Indicadores de Liquidez – IL.
Classe de
Índice
Índice de
Liquidez
Corrente (ILC)
Índice de
Liquidez Seco
(ILS)
Índice de
Liquidez
Imediata (ILI)
Definições
Ativo Circulante/
Passivo Circulante
(Ativo Circulante Estoque Total)/
Passivo Circulante
(Caixa)/
Passivo Circulante
Notação
Matemática
O que
mede?
Quem se
interessa
Informação
mais
utilizada
diretamente?
AC
ILC = -----PC
Capacidade
de
pagamento
de contas,
necessidade
de
empréstimos
para
financiar
Capital de
Giro.
Financiadores
de curto prazo
Ativo
(fornecedores, Circulante e
mão-de-obra,
Passivo
credores,
Circulante
etc.).
AC - Est
ILS = --------PC
C
ILI = -----PC
Estoques
são menos
líquidos que
Financiadores
Ativo
demais
de curto prazo Circulante,
ativos. O
(fornecedores,
Passivo
ILS mede a
mão-de-obra, Circulante e
solvência
etc.).
Estoque
imediata do
Passivo
Circulante.
Capacidade
imediata de
pagamento
de contas,
necessidade
de
empréstimos
para
financiar
Capital de
Giro.
Financiadores
Ativo
de curto prazo Circulante,
(fornecedores,
Passivo
mão-de-obra, Circulante e
etc.).
Estoque
Fonte: Elaborado pelo autor.
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Em suma, o índice de liquidez corrente (ILC) mede a disponibilidade de recursos e a capacidade de
pagamento de contas das empresas. Dá uma idéia a cerca da necessidade de empréstimos para
financiamento de capital de giro. Já o índice de liquidez seco (ILS) deduz do ativo líquido a conta estoques,
pois da classe de ativos circulantes, são os ativos de menor liquidez perdendo grande parte de valor em caso
de sua liquidação.
Os índices de solvência ou de liquidez se relacionam diretamente com uma série de fontes de riscos
(operacional, financeiro, de mercado, de liquidez, cambial e de poder aquisitivo). Quanto maior a
previsibilidade das receitas e dos custos correntes, maior o grau de aceitação de índices de liquidez
relativamente baixos.
Índices de Atividade ou Administração de Ativos
O nível de investimento em ativos está relacionado a vários fatores: setor de atividade, sazonalidade,
características do ciclo operacional, volume de capital alocado (dada a estratégia adotada pela empresa),
etc. Portanto, refletem peculiaridades setoriais e as decisões dos gestores. Como pode ser observado no
quadro 3, os índices de atividade são construídos para medir a eficácia com que os ativos de uma empresa
são empregados e a velocidade com que as várias contas são convertidas em receitas operacionais.
Um dos indicadores mais empregados para medir a eficiência na gestão de ativos é o índice de giro total de
ativos (IGT). Este é obtido por meio da razão entre a receita operacional e o ativo total. Se este índice for
elevado, quando comparado a empresas do mesmo setor, há indícios que a empresa gerencia bem seus
ativos. Caso contrário, ela deve avaliar a magnitude desses e ou aumentar seu esforço na obtenção de
receitas. A interpretação desse indicador deve ser ponderada pela idade dos ativos que ela dispõe.
Ativos mais antigos possuem valor de livro mais baixo do que os ativos mais novos, distorcendo sua
interpretação. Dado o nível de receitas, o processo de acumulação de capital de cada empresa também
interfere na magnitude do GAT. O índice de poder de ganho (IPG) mede a relação entre o lucro líquido e o
total de ativos e servindo como medida da eficiência global na alocação de ativos por parte da empresa.
Outro importante indicador do grau de eficiência com que uma empresa gere seus ativos é o índice de giro
do ativo imobilizado (GAI). Este é obtido por meio da razão entre a receita operacional bruta e o ativo
imobilizado. A partir do saldo médio de contas a receber (SMR) é possível obter o giro de contas a
receber (GCR). Este capta apura quantas vezes a receita operacional é maior que o volume de vendas entre
dois exercícios.
Em suma, o SMR e GCR medem a eficiência com a qual a empresa gere seus investimentos em contas a
receber refletindo a política de crédito junto a seus clientes. Há outros tipos de índices de atividade, entre
eles o índice de índice de rotação estoque (IRE) que mede a eficiência na gestão de estoques.
A figura 3 ilustra os prazos médios de recebimento, pagamento, estoques e a determinação do período de
caixa (número de dias em que parte das despesas da empresa fica a descoberto). A avaliação desses prazos
médios é vital. Muitos dos problemas de insolvência estão relacionados a descompassos entre pagamentos,
estoque e recebimentos.
14
Figura 3: Representação dos prazos de estoque, recebimento, pagamento e caixa.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Para medir o prazo de pagamento, estoques, contas a pagar e período de caixa há índices específicos. O
número de dias de contas a receber (DCR) ou prazo médio de recebimento (PMR) compreende a razão
entre o volume de contas a receber (CR) e as vendas médias diárias (obtidas por meio do volume global de
rendas ou receita operacional bruta dividido pelo número de dias no ano). Note o DRE registra o volume de
vendas ao longo do ano. Já o BP registra as contas a receber um momento do ano. O DCR apura em quantos
dias, em média, são recuperadas as contas a receber.
O número de dias de estoque (DEst) ou prazo médio de estoque (PMEst) compreende a razão entre o
volume de estoques (Est) e as vendas médias diárias (obtido por meio do volume global de rendas ou receita
operacional bruta dividido pelo número de dias no ano). Ele apura quantos dias, em média, os recursos de
curto prazo ficam alocados em estoque (matérias primas, produtos em processamento e produtos acabados).
Já o número de dias de contas a pagar (DCP) ou prazo médio de pagamento (PMP) compreende a razão
entre contas a pagar (CP) e as vendas médias diárias (obtido por meio do volume global de rendas ou receita
operacional bruta dividido pelo número de dias no ano). Ele apura quantos dias, em média, os recursos de
curto prazo ficam alocados em contas a pagar, ou seja, quantos dias a empresa usa recursos dos fornecedores
para se financiar.
Por fim, o período de caixa (PCx) compreende a diferença entre (DCR + DEst) e DCP. Ele indica o
período em que a firma fica a descoberto, tendo que financiar suas operações com recursos próprios.
Note que a maior parte dos indicadores de gestão de ativos compreende razões entre certas contas presentes
no Balanço Patrimonial (BP) e no Demonstrativo de Resultados do Exercício (DRE).
Quadro 3: Classes, definições e finalidade dos Indicadores de Administração de Ativos (IAA).
Classe de
Índice
Definições
Notação
Matemática
Giro de Ativos
(IGA)
Receita
Operacional/
Ativo Total
RO
IGA = ------AT
Giro Ativo
Imobilizado
(GAI)
Receita
Operacional/
Ativo
RO
GAI = ------AI
Quem se
Informação
interessa mais
utilizada
diretamente?
Eficiência global Financiadores de
Receita
com que os ativos curto e longo
Operacional
da empresa são prazo (Gestores,
Bruta e
administrados
Acionistas e
Ativo Total
para gerar vendas.
Credores)
O que mede?
Eficiência com Financiadores de
que uma empresa curto e longo
utiliza suas
prazo (Gestores,
Receita
operacional
Bruta e
15
máquinas,
instalações e
equipamentos.
Imobilizado
Contas a
Saldo Médio
Receber (CR)
Contas a
Receber (SCR)
(média)
Política de
Financiadores de
CRt – CRt-1
financiamento da
curto prazo
SCR = -------------organização junto
(Gestores e
2
aos seus clientes
Acionistas)
Receita
Giro Contas a Operacional/
Receber (GCR) Saldo Médio
Recebimento
RO
GCR = ------SCR
Eficiência com
que a empresa
opera sua política
de financiamento
junto a clientes.
Receita
Operacional/
Estoque
RO
IRE = ------Est
Índice de
Rotação de
Estoques (IRE)
Dias de Contas
a Receber
Contas a
(DCR) ou Prazo
Receber/
Médio de
Vendas diárias
Recebimento
(PMR)
Dias de Estoque
Estoques/
(DEst) ou Prazo
Médio de
Vendas diárias
Estoques (PME)
Dias de Contas
Contas a
a Pagar (DCP)
ou Prazo Médio Pagar/ Vendas
de Pagamento
diárias
(PMR)
Período de
Caixa (PCx)
DCR + DEst –
DCP
Acionistas e
Credores)
Ativo
Imobilizado
Média das
Contas a
receber
Gestores,
Acionistas e
Credores
Receita
operacional e
Saldo médio
Recebimento
Eficiência na
administração de
estoques e sua
rotatividade.
Gestores e
Acionistas
Receita
Operacional
Bruta (ROB)
e
Estoques
CR
DCR = ---------(V/360)
Avalia as políticas
de crédito e
cobrança.
Gestores,
Acionistas e
Fornecedores
Contas a
receber e
Vendas
diárias (ROB)
Est
DEst = ---------(V/360)
Avalia as políticas
de crédito e
cobrança.
Gestores,
Acionistas e
Fornecedores
Estoques e
Vendas
diárias (ROB)
CP
DCP = ---------(V/360)
Avalia as políticas
de crédito e
cobrança.
Gestores,
Acionistas e
Fornecedores
Contas a
receber e
Vendas
diárias (ROB)
PCx = (DCR +
DEst) – DCP
Avalia as políticas
de crédito e
cobrança.
Gestores,
Acionistas e
Fornecedores
Diferença
entre DCR +
DEst e DCP
Fonte: Elaborado pelo autor.
Esta classe de índices econômico-financeiros também possui relação com os riscos operacional, financeiro,
de mercado e de poder aquisitivo apresentados, sendo afetados pela variação no nível de receitas de vendas
e volume de estoques. Assim, estão associados à política de administração de ativos da empresa (composição
de contas a receber, magnitude e tipos de ativo imobilizados, etc.). Particularmente, as estratégias de
investimento de cada empresa afetam consideravelmente a magnitude dos índices de poder de ganho e de
gestão de ativos totais e imobilizados.
Índices de Alavancagem Financeira ou Endividamento
16
A capacidade de investimento aumenta o potencial de retorno de um empreendimento e sua
correspondente capacidade de endividamento uma vez que ampliam o volume de ativos e capacidade
de geração de receitas. A composição de recursos destinada a financiar o empreendimento deve ser
planejada com objetivo de maximizar o valor do empreendimento. Em geral, o uso elevado de capital de
terceiros indica uma situação financeira precária, a depender do setor de atividade.
O analista financeiro se preocupa mais com as dívidas de longo prazo, uma vez que estas comprometem a
capacidade da empresa ao longo de muitos períodos. Quanto maior a utilização de recursos de terceiros
maior seu nível de alavancagem financeira, ou seja, ocorre a ampliação conjunta dos níveis de risco e do
retorno.
Conforme o quadro 4, o grau de alavancagem financeira pode ser medido por meio de vários índices. O
nível desses indicadores dá uma noção acerca da “probabilidade” de não pagamento das dívidas
contraídas. Quanto mais endividada uma empresa estiver, maior o peso da dívida onerosa e a possibilidade
de não cumprimento de suas obrigações contratuais. Diferentemente do pagamento de dividendos, que
dependem da política de redistribuição do lucro líquido da empresa. Dívidas geram obrigações jurídicas e seu
não pagamento pode levar a sanções por parte dos credores e até a liquidação da empresa (DAMODARAN,
2004; GITMAN, 2000).
O índice de endividamento geral (IEG) é obtido por meio da razão entre o total das dívidas (Passivo
Circulante e Exigíveis a Longo Prazo – ELP) e total dos ativos. Quanto maior seu valor maior a participação
de capital de terceiros no financiamento das operações corporativas. Outros índices bastante empregados são
o multiplicador de capital próprio e de terceiros (MKPT) e o multiplicador de capital próprio (MKP).
Estes informam sobre a proteção dos credores contra insolvência e a capacidade de obtenção de
financiamento adicional – tendo em vista o aproveitamento de oportunidades de investimento entendidas
como potencialmente atraentes.
O índice de cobertura de juros (ICJ) mede a capacidade da empresa de efetuar pagamentos de juros
previstos em contratos. Ele é obtido por meio da razão entre o lucro antes de impostos e juros (EBIT [1]) e o
valor dos juros (J). Vale destacar que o valor EBIT corresponde ao resultado operacional apresentado no
Demonstrativo de Resultados.
Quadro 4: Classes, definições e finalidade dos Indicadores de Endividamento (IE).
Classe de
Índice
Quem se interessa Informação
mais diretamente?
utilizada
(Passivo
Avalia o grau de
Credores. Quanto
Passivo
Circulante +
alavancagem ou
menor este índice Circulante e
Índice de
Exigível a
percentagem de
menor o risco de
Exigível a
Endividamento
Geral (IEG)
Longo Prazo)/
recursos fornecidos perda em caso de Longo Prazo
Ativo Total
pelos credores.
liquidação.
Ativo Total
Grau de cobertura
Acionistas e
Ativo
Total/
AT
dos
ativos
em
Credores.
Quanto Ativo Total e
Multiplicador do
Patrimônio
Capital Próprio Patrimônio MKP = ------- termos dos recursos maior este índice
(MKP)
aportados pelos
Líquido
PL
maior o uso de
Líquido
acionistas.
capital de terceiros.
Definições
Notação
Matemática
O que mede?
17
Multiplicador do
Dívida Total/
Capital Próprio e
Patrimônio
de Terceiros
Líquido
(MKPT)
Índice de
Cobertura de
Juros (ICJ)
EBIT/
Juros
PC +
ELP
MKPT =
-----------PL
Passivo
Circulante,
Acionistas. Quanto
Grau de cobertura
Exigível a
maior este índice
de obrigações sobre
Longo Prazo
maior a exposição ao
recursos próprios.
(ELP_ e
risco de terceiros.
Patrimônio
Líquido
Mede a capacidade
de atender ao
EBIT pagamento de juros.
ICJ = ------- Extensão do grau de
J
redução de lucro
para atender
serviços da dívida.
Credores, Acionistas.
Mede a capacidade
de geração de lucro
suficiente para
pagamento de juros
previstos em
contratos.
Lucro antes
de Impostos
e Juros e
Pagamento
de Juros /1/
Fonte: Elaborado pelo autor.
Considerando o valor dos ativos (financiados com capital próprio e de terceiros), os índices de alavancagem
ou endividamento são afetados pelo estoque da dívida, fluxo de pagamento de amortizações e pelo nível de
taxas de juros possuindo relação direta com o risco de taxa de juros e cambial (a depender do contrato de
financiamento) e com o risco de tributação (em razão da possibilidade de se afetar o lucro tributável).
Como o setor naval é intensivo em capital, se espera que os índices de endividamento das empresas ligadas
ao setor sejam elevados quando comparado a outros setores da economia. Contudo, como o cálculo do ativo
imobilizado é feito a partir do valor do livro pode haver distorções na interpretação no ICJ. Apesar disso,
para intervalos curtos de tempo estes constituem uma boa ferramenta analítica uma vez que o setor possui
baixa velocidade no incremento de investimentos e no correspondente incremento do endividamento.
Índices de Rentabilidade ou Retorno sobre Investimento
No mercado internacional, as taxas de juros sobre as dívidas são pós-fixadas, um dos atributos de mais difícil
“visualização” e medição em uma empresa é a sua taxa de rentabilidade. Os indicadores consideram um dos
conceitos de lucro (contábil, operacional, bruto, etc.) obtidos a partir do Demonstrativo de Resultados e o
dividem por um indicador de alocação de capital (ativo total, imobilizado, etc.) presente no Balanço
Patrimonial. A depender da metodologia adotada, a rentabilidade de uma empresa reflete sua capacidade de
auto-financiamento, as políticas de distribuição de dividendos e sua capacidade de gerar receitas.
Os principais índices de rentabilidade são apresentados no quadro 4. A margem de lucro bruta (MB) é
calculada a partir da razão entre o lucro bruto e receita operacional. Já a margem de lucro líquida (ML) é
calculada a partir da razão entre o lucro líquido e receita operacional. Ambos medem a capacidade de uma
empresa vender um produto ou prestar um serviço a baixo custo e ou preço elevado. As margens não são
medidas diretas da rentabilidade sobre ativos por que se baseiam na receita operacional e não no
investimento efetuado pela empresa. Empresas comerciais tendem a ter margens mais estreitas e as empresas
prestadoras de serviços tendem a apresentar margens mais elevadas.
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) mede a razão entre o lucro líquido para os acionistas e o
capital dos acionistas (patrimônio líquido). Empresas tradicionais que operam em mercados altamente
competitivos possuem baixo ROE. Como indicado no quadro 4, o ROE pode ser decomposto a fim de
18
avaliar quanto do retorno depende da margem (LL/Vendas), giro de ativos (Vendas/AT) e
alavancagem financeira (AT/PL).
Já o retorno sobre ativos totais (ROA) mede a eficiência no uso dos ativos por parte da empresa. Trata-se
de uma das medidas mais comuns de desempenho gerencial e é obtido por meio da razão entre o lucro
líquido e o ativo total. Quanto mais capitalizada a empresa menor o ROA. Este indicador de rentabilidade
pode ser desdobrado dando uma idéia de ligação com os demais indicadores financeiros. A relação mais
famosa é conhecida como sistema DuPont de controle financeiro. Como indicado no quadro 4, esse realça o
fato de que o ROA pode ser expresso em termos da margem de lucro liquido (LL/Vendas) e giro dos
ativos (Vendas/AT).
Conforme o quadro 5, é possível encontrar das relações entre o ROA e o ROE. Isso é feito multiplicando o
ROA pela relação entre o ativo total e o patrimônio líquido dos acionistas. Este índice, ao decompor a
eficiência operacional de uma empresa, reflete o que deve ser associado como margem de ganho, giro de
ativos e contribuição incremental dos recursos de parceiros.
Outro coeficiente associado ao ROA é o grau de alavancagem financeira (GAF). Este é obtido por meio da
razão entre o ROE e o ROA. Este mede o grau com que a empresa consegue alavancar sua rentabilidade a
partir do uso de capital de terceiros.
Quadro 5: Classes, definições e finalidade dos Indicadores de Rentabilidade (IR).
Definições
Notação
Matemática
O que mede?
Quem se
interessa mais
diretamente?
Informação
utilizada
Lucro Bruto/
Receita Bruta
LB
MB = ------RO
Parcela sobre as
vendas que resta
para cobrir demais
despesas.
Gestores,
Acionistas e
Credores
Lucro Bruto e
Receita Bruta
Total
LO
MO = ------RO
Mede a renda por
unidade monetária
de vendas após
dedução de todos
os custos e
despesas (incluindo
gastos com juros).
Acionistas,
Gestores
Lucro
Operacional e
Receita Bruta
Total
Lucro Líquido/
Vendas
LL
ML = ------RO
Mede a renda por
unidade monetária
de vendas após
dedução de todos
os custos e
despesas (incluindo
gastos com juros).
Acionistas,
Gestores
Lucro Líquido e
Receita Bruta
Total
Retorno sobre Lucro Líquido/
Patrimônio
Patrimônio
Líquido (ROE)
Líquido
LL
ROE = ------RL
Retorno obtido
com o capital
provido pelos
acionistas.
Acionistas
Lucro Líquido e
Patrimônio
Líquido
Classe de
Índice
Margem Bruta
(MB)
Margem
Operacional
(MO)
Margem
Líquida (ML)
Resultado
Operacional/
Vendas
19
Margem Líquida
x
Decomposição Giro Ativos x
ROE
Multiplicador do
Capital Próprio
(Alavancagem)
Componentes que
contribuem para a
geração de valor ao
acionista
Acionistas e
Credores
Lucro Líquido,
Ativo Total,
Receita Bruta
Total e
Patrimônio
Líquido
Retorno sobre
Ativos Totais
(ROA)
Eficiência
operacional em
gerar lucros a partir
dos ativos após os
efeitos dos
financiamentos
Acionistas,
Gestores e
Credores
Lucro Líquido e
Ativo Total
Eficiência
LL
V
operacional em
ROA = ---- * gerar lucros a partir
---dos ativos após os
V AT
efeitos dos
financiamentos
Acionistas,
Gestores e
Credores
EBIT,
Ativo Total
(Total ativos
Impostos/EBIT)
Grau com que a
empresa consegue
alavancar o retorno
do acionista com
emprego de capital
de terceiros.
Acionistas
ROE e
ROA-
Lucro Líquido/
Ativo Total
(Lucro Líquido/
Vendas) x
Decomposição
ROA
(Vendas/ Ativo
Total)
Grau de
Alavancagem
Financeira
(GAF)
Razão ROE/
ROA-
LL
ROA = ----AT
ROE
GAF = -------ROA
Fonte: Elaborado pelo autor.
Os índices de rentabilidade possuem relação direta com a gestão de ativos das empresas, sua política de
investimento/desinvestimento e forma de financiamento de seus ativos. Particularmente, o ROE sofre de três
deficiências: não leva em conta a perspectiva histórica, oferecendo uma visão de médio prazo; leva em conta
o valor de livro do Patrimônio Líquido, que pode ser muito diferente do valor de mercado, e tem pouco a
dizer acerca do risco do negócio associado ao nível de endividamento da companhia.
Embora o ROA não apresente esta última deficiência (uma vez que toma o valor total do ativo que em
muitas situações é financiado por recursos de terceiros), sofre influência da estratégia de investimento da
empresa. Desta forma, o ROA pode ser muito distorcido pelo nível de endividamento e, portanto, deve ser
olhado com cuidado na comparação de dois negócios diferentes.
[1] Do inglês: Earning Before Interest and Tax (EBIT). Constitui o resultado antes das deduções de Juros e
Impostos e mede a capacidade de saldar estas obrigações garantindo um excedente ao acionista.
20
Gestão de Projetos de TI - II: Fluxo de Caixa Operacional
As próximas seções resgatam os principais passos relacionados a análise econômico-financeira de projetos.
Todos os passos da modelagem se encontram relacionados na planilha, que trata da alternativa de call
center, e-commerce e treinamento de vendas, e que pode ser obtida a partir do link abaixo.
Modelo III: Passos associados à análise econômico-financeira de projetos
(Clique aqui para fazer o download)
Como pode ser observado com base no material, é preciso estabelecer os objetivos e escopo de cada projeto
e confrontar esses com os respectivos benefícios esperados. Assim, definidas as metas de cada alternativa de
investimento é preciso coletar informações e organizá-las. A saída do processo consiste na determinação do
Fluxo de Caixa Operacional de cada alternativa de investimento. Só a partir daí é possível empregar as
técnicas de avaliação do fluxo de caixa.
Fluxo de caixa operacional de projetos
Muitas operações financeiras, incluindo as associadas ao um projeto, envolvem extensas seqüências de
pagamentos e/ou recebimentos. As seqüências de pagamento podem ser classificadas quanto à duração (se o
número de termos de entradas, e/ou saídas de caixa, for limitado a seqüência de pagamentos é temporária; se
o número de termos for infinito ou indeterminado a seqüência é perpétua); valores (nas séries uniformes as
entradas e/ou saídas do caixa possuem o mesmo valor); períodos de ocorrência (pagamentos ou
recebimentos realizados ao final de cada período de capitalização são chamados de termos postecipados);
periodicidade (nas seqüências periódicas o intervalo de tempo entre pagamentos e/ou recebimentos
consecutivos é constante).
Muitas operações financeiras envolvem extensas seqüências de pagamentos e/ou recebimentos. Essas podem
ser representadas e analisadas com base no diagrama de fluxo de caixa.
Observe o fluxo de caixa representado a baixo:
Considerando a classificação apresentada acima é possível afirmar que se trata de uma seqüência de
pagamentos:
Periódica – o intervalo de tempo entre os recebimentos consecutivos é constante;
Finita – o número de termos R que representa cada recebimento é finito;
Postecipada – cada recebimento consecutivo é realizado ao final de cada período;
Com valores constantes – em cada período o recebimento R é idêntico.
As setas orientadas para cima representam entradas de caixa (recebimentos) de R no instante t, onde t = (1,
2, 3, ..., n – 1, n). Assim, também é possível afirmar que o diagrama de fluxo de caixa representado acima foi
construído sob a ‘ótica do credor’.
Sob a ‘ótica do devedor’ o mesmo fluxo pode ser representado como:
21
Seja qual for à ótica considerada é possível determinar o valor atual P e o montante S da seqüência de
pagamentos se forem dados: o valor do pagamento periódico R , o número de períodos da operação n e a
taxa de juros i . Ora, isso equivale a dizer que é possível referenciar os fluxos de pagamentos (ou
recebimentos) no instante t = 0 ou no instante t = n. Exatamente como foi feito quando se calculou o valor
presente e o valor futuro de determinado capital.
Valor presente (PV) de fluxo de caixa de uma operação
O calculo do valor presente da seqüência de pagamentos representada acima é a soma do valor presente de
cada um dos termos R (as n parcelas de pagamentos):
Para obter o valor presente P do fluxo de pagamentos de uma série uniforme com termos postecipados basta
trazer cada termo R ao valor atual e depois somá-los.
Ou de forma equivalente utilizando a notação de somatório:
Simplificando a expressão obtêm-se:
22
Note que essa simplificação só foi possível porque todas as n as parcelas eram iguais em valor, ou seja, iguais
a R. Assim, o valor presente deste fluxo de pagamentos (ou recebimentos) pode ser calculado por meio de
uma fórmula fechada e compacta, ou seja, em função dos parâmetros conhecidos R, i e n. O segundo termo
do lado direito da expressão é o fator de valor atual (FVA).
Exemplo: Um banco concede um empréstimo cobrando uma taxa de 3% a.m. a ser pago em 5 prestações
iguais de $100,00. A primeira prestação é paga um mês após a assinatura do contrato. Calcule o valor
presente da série.
O fluxo de caixa desta operação pode ser representado da seguinte forma:
Para calcular o valor presente da seqüência de pagamentos, basta substituir os dados na fórmula do NVP:
Calculando a expressão, temos: PV = $ 100 X 4,58, ou PV = $ 458,00. Dimensionado o projeto, essas
técnicas podem ser implementadas rapidamente por meio do Excel.
23
Gestão de Projetos de TI - II: Tomada de Decisões
Os principais indicadores para a tomada de decisões são apresentados a seguir.
Net Present Value (NPV)
Denomina-se net present value (NPV) do fluxo de caixa de um projeto de investimento, à soma algébrica de
todos os recebimentos e pagamentos atualizados com base em uma taxa de descontos. Essa deve
corresponder ao custo de oportunidade do capital investido. Sendo i a taxa de descapitalização, n a vida útil
do investimento, e, Rn o valor do fluxo de caixa do instante n:
É possível utilizar este modelo para avaliar a viabilidade econômica de um projeto. Suponha que o gasto
estimado para a execução de um projeto seja R0 = C (só há um desembolso associado ao projeto) e que as
receitas esperadas do empreendimento (atividade contínua resultante do projeto) durante os próximos n
períodos sejam iguais a R. O fluxo de caixa deste projeto encontra-se representado abaixo (como podemos
classificar esse projeto do ponto de vista de seu fluxo de caixa?).
Neste caso o NPV (i) – dado o retorno mínimo exigido pelos acionistas, ou seja, a taxa mínima de
atratividade i – será obtido por meio da seguinte expressão:
Note que só possível aplicar o fator de valor atual na última expressão devido a igualdade dos termos
associados a receita esperada R1 = R2 = R3 = ... = Rn. Caso contrário teríamos que multiplicar cada termo
da série pelo seu respectivo valor de correção 1 / (1 + i)t para que pudéssemos atualizar os valores da série.
À medida que a taxa mínima de atratividade aumenta os valores presentes do fluxo de caixa diminuem.
24
Vejamos a razão através de um exemplo.
Exemplo: Suponha que os custos associados um projeto de construção de uma nova planta industrial foram
estimados em $750 milhões e que o fluxo de receitas durante a vida útil do equipamento seja de $250
milhões para os próximos 4 anos. Para que possamos calcular o NPV (i) temos que considerar a taxa mínima
de atratividade que é a taxa mínima segundo que os investidores exigem para alocar recursos no projeto.
Utilizando uma as formas de cálculo apresentadas obtemos um valor de presente líquido de $42,5 milhões,
dada uma taxa de mínima de atratividade de 10%. Isso indica que, dada esta taxa, este projeto cobre seus
custos, o retorno exigido pelo investidor e ainda apresenta um ganho de $ $42,5 milhões em termos
monetários.
Lembre-se que trata-se do resultado líquido trazido ao valor presente a taxa i = 10%. Como NPV (10%) é
positivo o projeto é atrativo e deve ser executado. Caso tivéssemos várias opções de projeto com o mesmo
horizonte de tempo, optaríamos por aquela que possuísse o maior NPV, dada uma idêntica taxa mínima de
atratividade.
O mesmo projeto calculado para diferentes taxas mínimas de atratividade apresentaria NPV’s diferenciados
uma vez que, para taxas maiores, o fluxo das n parcelas trazidas ao valor presente diminuem ou mesmo se
tornam negativas para dado um valor de i muito elevado – não se esqueçam que o custo estimado do projeto
C é fixo e depende da definição precisa do escopo do produto da qual irá derivar o escopo do projeto. Essa
relação é indicada no gráfico abaixo onde o eixo das abscissas (horizontal) mede a taxa mínima de
atratividade i e o eixo das ordenadas (vertical) mede os respectivos NPV’s.
Gráfico 1: Cálculo do NPV e sensibilidade em relação a taxa de retorno.
Note que só há uma raiz, ou seja, apenas um valor de i torna o NPV (i) = 0. Isso se dá porque só há uma
mudança de sinal no fluxo de caixa estimado do projeto. Esta raiz é o que se denomina de taxa interna de
retorno ou, simplesmente, TIR.
Internal Return Rate (IRR)
Dentre todos os indicadores mais utilizados a IRR é aquele que, ao primeiro exame, aparenta apresentar as
25
menores limitações. Isso se deve, possivelmente, a independência de informações exógenas ao projeto para
a sua obtenção. Em particular, não depende da definição “a priori” de um custo de oportunidade (ou
taxa mínima de atratividade) do capital para sua elaboração, como ocorre nos casos dos outros
indicadores considerados.
Todavia, essa vantagem é apenas aparente, pois a IRR somente será um indicador consistente, em uma
situação em que um investidor que dispuser de um capital para aplicação de valor C, tendo como
alternativas de investimento projetos mutuamente exclusivos, não puder aplicar o valor residual de seu
capital inicial após o investimento no projeto escolhido, o que é uma situação bem pouco realista.
A IRR é definida por:
Onde:
j é a taxa de desconto;
Bi e Ci são os fluxos de benefícios e custos no período i;
(Ri - Ci) é o fluxos de caixa estimado do projeto.
Lembre-se que estes valores representam uma estimativa de todas as receitas e custos estimados associados
ao projeto.
Taxa Interna de retorno modificada (TIRM)
Apesar de uma forte preferência acadêmica pelo NPV, as pesquisas indicam que os executivos preferem a
IRR. Aparentemente é intuitivamente mais atraente analisar os investimentos em termos de taxas de retorno
porcentuais do que em valores de NPV. Diante disso, a solução é elaborar um indicador melhor de
lucratividade relativa do que a IRR. O novo indicador é chamado de IRR modificado (TIRM), definido por:
Valor presente dos custos = Valor presente do valor terminal
Aqui, SC refere-se às saídas de caixa, ou o custo do projeto, e EC refere-se às entradas de caixa. O termo à
esquerda é simplesmente o valor presente dos dispêndios dos investimentos feitos e o numerador do termo
da direita é o valor futuro das entradas, supondo que as entradas de caixa são reinvestidas ao custo de
capital. O valor futuro das entradas de caixa é também chamado de valor terminal (VT). A taxa de desconto
que força o valor presente do VT a se igualar ao valor presente dos custos é definida como TIRM.
Índice de Lucratividade (IL)
O índice de lucratividade (IL), ou índice de Valor Presente é um variante do método NPV. A obtenção de IL
é determinada por meio da divisão do valor presente dos benefícios líquidos de caixa pelo valor presente dos
dispêndios (desembolso de capital), ou seja:
26
Indica em termos de Valor Presente, quanto o projeto oferece de retorno para cada unidade monetária
investida.
Payback Simples
O payback simples (PBS), que não leva em consideração a dimensão tempo do dinheiro é obtido por:
O payback econômico (PBE) considera a dimensão tempo do dinheiro, é obtido por:
Caso essas relações não sejam satisfeitas, diz-se que o projeto não tem Payback.
O “payback” ou prazo para recuperação do capital é um indicador voltado à medida do tempo necessário
para que um projeto recupere o capital investido. É aplicável, sem restrições, a projetos convencionais de
investimento que apresentem um fluxo de caixa com as seguintes características:
Onde Fi é o fluxo de caixa no ano i definido por Bi - Ci, os fluxos de benefícios e de custos dos projetos.
Em projetos onde ocorrem múltiplas mudanças de sinal no fluxo de caixa líquido, a obtenção do Payback
deve ser realizada com cautela, assim como sua interpretação, para que os resultados sejam consistentes.
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Gestão de Projetos de TI - II: Considerações Finais
O presente material procurou apresentar de maneira esquemática o tipo de problema envolvido em uma
decisão de investimento em projeto. A equipe envolvida nas propostas teve de partir de certas questões. O
primeiro passo compreende em relacionar as alternativas de investimento com as metas definidas no plano
estratégico. Em seguida é preços fixar o volume provável de recursos a serem alocados em cada alternativa e
seu desembolso ao longo do tempo.
Outro aspecto importante consiste em avaliar as condições de aquisição e formação de preço no mercado de
fatores necessários à produção e comercialização do bem ou serviço. Também é necessário dimensionar o
custo do capital em cada alternativa e o comportamento dos agentes em relação aos riscos financeiros. Em
linhas gerais, a análise microeconômica fornece elementos para a melhor elaboração de projetos ao focalizar
em aspectos relevantes da tomada de decisões.
Uma vez definidas as alternativas, feita a análise não paramétrica e paramétrica de receitas e gastos, essas
devem ser refinadas e se traduzir no fluxo de caixa operacional de cada alternativa. Só a partir de então
podem ser empregadas técnicas de avaliação do fluxo de caixa operacional de cada alternativa de
investimentos. Um importante passo consiste em definir a priori os critérios de avaliação.
Nesse tutorial foram apresentadas X técnicas: Net Present Value (NPV), Internal Return Rate, Índice de
Lucratividade (IL) e Período de Payback. Obtidos esses índices podem ser estabelecidas as análises de risco
de cada alternativa
A definição da taxa de desconto dos fluxos de caixa (definição da TMA) não foi aqui abordada. O tutorial
WACC: Weighted Average Cost of Capital apresenta técnicas (CAPM e WACC) que podem ser utilizada
para avaliar o EBIT (lucro antes de juros e impostos) do projeto. Nunca se deve esquecer que cada
alternativa irá alterar a composição de ativos e passivos e estrutura de capital da empresa (a depender da
forma como se espera financiar cada alternativa).
Assim, exercícios de projeção de Demonstrações Financeiras devem ser executados. A idéia é estabelecer a
análise retrospectiva e prospectiva (após o lançamento do projeto) por meio de projeções financeiras e sua
avaliação por meio dos indicadores econômico-financeiros apresentados nesse tutorial.
O tutorial disponibilizou três modelos de enquadramento de projetos. O Modelo 1 apresenta exemplo de
enquadramento do projeto por meio da sistematização de suas diversas contas (gastos com investimento,
receitas esperadas, custos das atividades operacionais, etc.), análise prospectiva de indicadores econômicofinanceiros e avaliação por meio técnicas NPV, IRR, etc. O Modelo 2 procurou detalhar os passos de
enquadramento de projetos de TI. O material é inspirado na teoria microeconômica e metodologia ITIL. O
Modelo 3 sugere um templete de enquadramento para análise e levantamento de dados associados ao
mercado.
A idéia é sistematizar informações para que seja possível a realização do dimensionamento de projetos
(análise e determinação da curva de demanda e curva de oferta). Por fim, o Modelo 4, resume os passos
relacionados a fase conceitual de projetos, sistematização de alternativas, organização de informações
quantitativas, determinação do fluxo de caixa operacional e sua avaliação.
Feita a apresentação e discutidas as técnicas, o terceiro tutorial da série, aborda elementos de economia da
informação e utiliza parte dos conceitos e técnicas apresentadas nos dois primeiros tutoriais para discutir
28
sumariamente o Case I-Phone da Apple.
Referências
1. ASSAF NETTO, A. Finanças corporativas e análise de valor. São Paulo: Atlas, 2002.
2. BLANARU, A.; TELES, E. L. Estudo sobre a avaliação de empresas diante das condições de
incerteza das premissas: análise probabilística gerada por simulação de Monte Carlo como auxílio ao
processo decisório. Disponível em:
http://www.investsul.com.br/textos_academicos.asp
Acesso em: 23 nov. 2006.
3. CARTON, D. W.; PERLOFF, J. M. Modern industrial organization. New York: Pearson Addison
Wesley, 2005.
4. COPELAND, T. E.; KOLLER, T.; MURRIN, J. Avaliação de empresas - valuation: calculando e
gerenciando o valor das empresas. Tradução Allan Vidigal Hastings. 3. ed. São Paulo: Makron Books,
2002.
5. COPELAND, T. E.; WESTON, J. F. Financial theory and corporate policy. 3rd ed. Reading:
Addison-Wesley, 1992.
6. DAMODARAN, A. Finanças corporativas: teoria e prática. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2004.
7. EHRLICH, P. J.; MORAES, E. A. Engenharia econômica: avaliação e seleção de projetos de
investimento. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
8. FERGUSON, C. E. Microeconomia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1999.
9. HELFERT, E. A. Técnicas de análise financeira. 9. ed. Porto Alegre: Bookman, 2000.
10. KERZNER, H. Gestão de projetos: as melhores práticas. Porto Alegre: Bookman, 2002.
11. PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomics. São Paulo: Makron Books, 2002.
12. POMERAZ, L. Elaboração e análise de projetos, São Paulo: Hucitex, 1985.
13. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. Um guia do conjunto de conhecimentos em
gerenciamento de projetos – guia PMBOK. 3. ed. Newtown Square: PMI, 2004.
14. ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Administração financeira: corporate finance.
Tradução Antonio Zoratto Sanvivente. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
15. RUTH, G. E. Empréstimos a pessoas jurídicas. São Paulo: IBCB, 1991.
16. SHAPIRO, C.; VARIAN, H. R. Information rules. Massachusetts: Havard Business School Press,
1999.
17. VARIAN, H; FARREL, J.; SHAPIRO, C. The economics of information technology. Cambridge:
Cambridge University Press, 2004.
18. VARIAN, H.R. Microeconomia: princípios básicos. Rio de Janeiro: Campus, 2003.
19. WOILER, S.; MATHIAS, W. F. Projetos: planejamento, elaboração e análise. São Paulo: Atlas, 1996.
294 p.
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Gestão de Projetos de TI - II: Teste seu Entendimento
1. Quais são as etapas do estudo de viabilidade econômica e financeira de um projeto de TI?
Análise Paramétrica, que se baseia em informações preliminares orientadas ao estudo de viabilidade do
projeto, e Análise Não Paramétrica, que se baseia numa melhor definição do escopo do projeto.
Análise Paramétrica, que se baseia numa melhor definição do escopo do projeto, e Análise Não
Paramétrica, que se baseia em informações preliminares orientadas ao estudo de viabilidade do
projeto.
Análise Objetiva, que se baseia em informações preliminares orientadas ao estudo de viabilidade do
projeto, e Análise Subjetiva, que se baseia numa melhor definição do escopo do projeto.
Análise Subjetiva, que se baseia em informações preliminares orientadas ao estudo de viabilidade do
projeto, e Análise Objetiva, que se baseia numa melhor definição do escopo do projeto.
2. Qual das alternativas abaixo representa um dos principais indicadores econômico-financeiros
usados na avaliação de um projeto de TI?
Índices de Solvência ou Liquidez.
Índices de Atividade ou Administração de Ativos.
Índices de Alavancagem Financeira ou Endividamento.
Índices de Rentabilidade ou Retorno sobre Investimento.
Todas as alternativas anteriores.
3. No contexto do tutorial, qual alternativa abaixo não apresenta alguns dos principais indicadores
para a tomada de decisões?
Net Present Value (NPV).
Internal Return Rate (IRR) e Taxa Interna de retorno modificada (TIRM).
Índice de Lucratividade (IL).
Tabela Price.
Payback Simples.
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