caracterização morfofisiológica do manguezal de cananéia

CARACTERIZAÇÃO MORFOFISIOLÓGICA DO MANGUEZAL DE CANANÉIA – SP
Carine Sérgio, Elaine Leite, Heidy Pitteri, Juliana Martuscelli, Patrícia Machado.
Abstract  Mangroves are coastal ecossystems typical of
estuarine áreas. In Cananéia there are three common
producers Rhizophora mangle, Avicennia shaueriana e
Laguncularia racemosa, which are well adapted to the saline
conditions of water and soil.
Resumo - The aerial roots que se adaptam as características
físico-químicas do solo. O Rizophora mangle (mangue
vermelho) é de fácil adaptação em ambientes de solo
instável e encharcado sendo assim, apresenta raízes
fixadoras. Já a Avicennia shaueriana (mangue amarelo)
concentra-se em solos com alta salinidade, devido a sua
capacidade de experir sal. Por fim temos a Laguncularia
racemosa (mangue branco) que são encontrados em áreas
que sofrem constante lavagem, isso acontece pelo fato de
conseguir sobreviver por grandes períodos em água
estuariana. Os resultados obtidos na região de Cananéia
estão de acordo com o mapeamento proposto por Yara
Schaeffer, onde a Laguncularia racemosa é predominante em
números de indivíduos e a Rizophora mangle em numero de
biomassa e ainda visualmente.
INTRODUÇÃO
Manguezais são ecossistemas altamente produtivos
e que contribuem efetivamente para a fertilidade das águas
costeiras, devido a grande produção de matéria orgânica e
exportação da mesma para o ambiente estuarino (Adaime,
1985). Esta produção de matéria orgânica se dá
principalmente pela transformação do material foliar em
partículas de detritos que são usadas por um grande número
de organismos consumidores, em sua maioria de hábitos
alimentares detrítivoros. São ecossistemas costeiros típicos
de regiões com clima quente e estão localizados junto à foz
dos rios no interior de baias, estuários e outros locais
protegidos da ação das ondas do mar onde a água doce e
salgada se misturam em diferentes proporções.
Na região de Cananéia são observadas três espécies
de mangue; Rhizophora mangle, Avicennia schaueriana
Laguncularia racemosa, sendo predominante o mangue
vermelho (Rhizophora mangle). O solo local bastante
instável e úmido, favorece a dominância do mesmo.
O objetivo do trabalho foi avaliar a distribuição das
espécies produtoras de mangue de acordo com
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características físico-quimicas do solo tais com estabilidade
do sedimento, salinidade e grau de imersão pela maré e
comparara-los com a estrutura de mangue característica para
a região descrita por Yara Schaeffer Novelli em 1991.
METODOLOGIA
A partir da relevância dos produtores como base da
cadeia trófica, procedeu-se um levantamento da vegetação e
análise da estrutura de um bosque (de cerca de 300m²)
inserido entre uma “gamboa” e um canal de maré, ao sul da
Ilha de Cananéia, litoral do Estado de São Paulo (fig. 1).
Foram identificadas e contadas as espécies lenhosas, e
buscando parâmetros indicadores do desenvolvimento
estrutural e da tipologia deste sistema, de cinco indivíduos
de cada espécie foram obtidos os valores do DAP (diâmetro
à altura do peito) e da área do perímetro de suas raízes. Para
o mapeamento da área, o manguezal foi dividido em 12 lotes
de 8x8m, a partir disso foram analisados os tipos de mangue
através de características como caule, folha e raízes assim
classificando cada árvore como Mangue Branco, Vermelho e
Amarelo. Foram retiradas amostras de solo para avaliação da
granulometria
Fig. 1 – Área estudada. Cananéia, São Paulo
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RESULTADOS
.
Foram identificadas três espécies lenhosas típicas dos
manguezais da região: Rhizophora mangle (mangue
vermelho), Laguncularia racemosa (mangue branco) e
Avicennia schaueriana (mangue preto/amarelo). O DAP
médio de cada espécie foi de respectivamente 40,8 cm, 5,22
cm, e 5,05 cm; e a área do perímetro das raízes, 15,6 m2,
14,36 m2 e 2,62 m2. Foi verificada uma maior concentração
de Avicennia schaueriana nas regiões próximas a “gamboa”,
de Rhizophora mangle na área intermediária e mais interna
do sistema, e de Laguncularia racemosa na franja do canal
de maré (fig. 2)
Tabela I – Relação dos tipos de mangue e características
ambientais
Características do
ambiente
Tipos de mangue predominante
Solo Instável
Mangue Vermelho
Salinidade alta
Mangue Amarelo
Influência da maré
Mangue Branco
Tipos de mangue predominante
Influência
da maré
Salinidade
Solo
Instável
40
30
20
10
0
Figura 3 - Porcentagem de colonização de Mangues amarelo,
vermelho e branco com caracterização ambiental mais
caracterísitica
DISCUSSÃO
Figura 2 – Distribuição espacial dos diferentes tipos de
mangue
No campo, as três espécies de mangue foram analisadas.
Com essa analise pode se ver a distribuição destas e a forma
de adaptação ao ambiente. Mangue Vermelho é o mangue
que se adapta a solos instáveis encharcados, por isso este foi
encontrado nas proximidades do córrego. Já o Mangue
Amarelo é encontrado na parte mais interna do manguezal,
essas áreas são mais altas e com maior salinidade. Percebese ainda que o Mangue Branco tem grande influência da
oscilação da maré (gamboa) (Figura 3 e Tabela I).
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A partir de todo o método utilizado e dos resultados, pode-se
analisar os tipos de mangue e suas características de
adaptação. Como Mangue Vermelho que é facilmente visto
devido ao seu tipo de raiz em forma de arcos para sua
fixação nas áreas lodosas do manguezal, diferentemente
desse temos o mangue amarelo que possui raízes curtas e na
vertical, como se fossem espetos, próprias para solos salinos.
Por fim a espécie mais abundante, o mangue branco, esse se
adapta bem a regiões de submersão frequente pela maré.
Conclui-se então que cada espécime de mangue tem
características próprias para adaptação do manguezal,
ocorrendo assim um equilíbrio morfofisiológico e ecológico
deste ecossistema.
Com isso nota-se que mesmo com menor diversidade
que outros ecossistemas costeiros, a complexidade e
importância do manguezal é muito grande pelo fato de com
uma pequena diversidade seu desenvolvimento sustentável é
superior a outros ecossistemas.
Somados às observações da distribuição espacial das
espécies no perfil transversal da área de estudo, esses
resultados permite-nos classificar esse sistema como um
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mangue do tipo ribeirinho (cf. Cintron & Schaeffer-Novelli,
1983).
REFERÊNCIAS
[1]
Novelli, Yara, Schaeffer, "Perfil dos ecossistemas litorâneos
brasileiros, com especial ênfase sobre o ecossistema manguezal",
Publicação do Instituo Oceanográfico da Universidade de São Paulo ,
Vol: único, No 7., 1989, 1-16.
[2]
Novelli, Yara, Schaeffer, "The Cananéia Lagoon Estuarine
System, São Paulo, Brazil", Estuaries , Vol: 13, No 2., 1990, 193-203.
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