a revolucionária descoberta no rio amazonas

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A REVOLUCIONÁRIA DESCOBERTA NO RIO AMAZONAS
POR CLIPPING · 28/04/2016
A água doce do rio Amazonas,
repleta de sedimentos, desemboca
no Oceano Atlântico. Até agora,
acreditava-se
que
a
pouca
luminosidade e o baixo nível de
oxigênio, assim como a elevada
acidez do rio, resultavam numa
espécie de ruptura nos recifes de
corais que ocupam a costa do
continente americano. Mas uma
equipe de cientistas acaba de revolucionar essa crença.
Pesquisadores americanos e brasileiros revelaram a existência de um recife de coral com
cerca de mil quilômetros de extensão na foz do rio Amazonas, entre a fronteira da Guiana
Francesa e o estado do Maranhão.
“Esta é a primeira vez que um recife foi descoberto em tais condições”, disse Fabiano
Thompson, um dos cientistas da equipe. “Consta nos livros que é impossível haver recifes
em áreas desse tipo, que recifes não se formam na foz de grandes rios, como o
Amazonas e o Ganges, por causa das águas ácidas e repletas de sedimentos.”
Rico ecossistema
No recife do Amazonas, os pesquisadores identificaram 61 diferentes tipos de esponjas –
incluindo três novas espécies – e 73 espécies de peixes, assim como lagostas e
ofiuroides. Devido à baixa luminosidade, o recife contém poucos corais, sendo dominado
pela esponjas e por um tipo de alga marinha de aparência semelhante à dos corais.
Diferentemente dos recifes de coral tropicais, o do Amazonas depende menos da
fotossíntese de mais da quimiossíntese – processo bioquímico e microbiano que produz
matéria orgânica a partir de minerais, e não da luz.
Cientistas acreditam que recife do
Amazonas seja mais resistente à
acidez que a Grande Barreira de
Corais australiana
“A fotossínteses não desempenha
um papel importante na base da
cadeia alimentar. É uma quebra de
paradigma encontrar um recife
baseado na quimiossíntese”, disse
Thompson à DW. Segundo o
pesquisador, recifes semelhantes podem estar “escondidos em muitos lugares do
mundo”.
O recife do Amazonas fica na plataforma continental, a cerca de 80 quilômetros da costa,
numa profundidade de até 120 metros – mais fundo do que recifes de coral costumam
ocorrer.1
Peixes e esponjas associados a corais foram registrados na área pela primeira vez em
1977, e em 1999, corais foram encontrados no extremo sul da foz do rio. Mas esta é a
primeira vez que o recife, descrito por Thompson como “gigantesco”, foi confirmado e
mapeado.
“Havia uma pequena evidência nos estudos de 1977 e 1999. Mas isso não garantia a
existência do recife e que ele era funcional. O recife está totalmente vivo, abrigando
grande quantidade de peixes e lagostas”, diz o cientista.
Exemplo útil
Thompson e sua equipe acreditam que estudar o recife poderia fornecer insights sobre
como ecossistemas de corais lidam com condições não ideais, com implicações para
outros corais mundo afora, que enfrentam pressão crescente das mudanças climáticas e
da acidificação dos mares.
Na semana passada, cientistas australianos relataram que 93% da Grande Barreira de
Coral – o maior sistema de recifes do mundo – foi afetado pelo processo de
branqueamento, que ocorre como resultado da elevação da temperatura dos mares.
Segundo Thompson, pode ser que recifes profundos sob condições marginais, como o do
Amazonas, sejam mais resistentes à acidificação que recifes de coral tropicais.
No entanto, o próprio recife amazônico pode estar em risco diante de uma ameaça ainda
mais imediata que o aquecimento global: a prospecção de petróleo. Num artigo publicado
na revista Science Advances, os cientistas apontam que 125 blocos petrolíferos foram
oferecidos para perfuração ao longo da plataforma amazônica. Desses, 20 “em breve
estarão produzindo petróleo próximo do recife de coral”.
Portanto, seriam necessários estudos mais abrangentes sobre a biodiversidade da área.
“Atividades industriais de larga escala desse tipo representam um grande desafio
ambiental. Empresas deveriam catalisar uma avaliação socioecológica mais completa
sobre o sistema [de recifes]”, escreveram os pesquisadores.
Até agora, os cientistas mapearam mil quilômetros quadrados – cerca de um nono da
área total do recife, que é maior do que as regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio
de Janeiro.
Fonte
http://www.revistaecologica.com/revolucionaria-descoberta-no-rio-amazonas/
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