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Ecossistemas de
Recifes Coralíneos
Reconhecidos como valiosa fonte de pesquisa, os recifes coralíneos são
comparados somente às florestas tropicais, em nmção da sua enorme
biodiversidade.S uas principais características, que são a formação de coraispétreos com as suas rosetas coloridas, os octocorais e os corais de fogo.
Vemos, também, algumas espécies que habitam esses ecossistemas como a
estrela do mar, peixes e cavalo-marinho. A técnica utilizada foi a fotografia.
Cenário de uma infinidade de espécies marinhas, a costa litorânea brasileira
possui um dos mais ricos ecossistemas do planeta, os recifes de coral ou
recifes coralíneos. Por abrigarem uma extraordinária variedade de plantas e
animais, os recifes de coral são considerados como o mais diverso hábitat
marinho do mundo. A emissão destes selos pelos Correios pretende contribuir
para a preservação desse importante ambiente, fundamental para a
biodiversidade das nossas águas tropicais.
Os recifes de coral são ecossistemas encontrados em regiões de águas quentes
e claras, formados pela deposição do esqueleto calcáreo de organismos como
corais, algas e moluscos. São ricos em recursos naturais e de grande
importância ecológica, econômica e social, pois abrigam recursos pesqueiros,
atuam na proteção da orla marítima e contribuem com seus recursos na
economia de várias comunidades costeiras. Além disso, a beleza natural dos
recifes representa um importante atrativo turístico em todo o mundo.
No Brasil, os recifes de corais se distribuem por cerca de 3.000 km, desde o
sul da Bahia até o Maranhão, constituindo-se nos únicos ecossistemas recifais
do Atlântico Sul. A maioria das espécies de corais que forma os recifes
brasileiros só ocorre em nossas águas.
O uso inadequado destes ecossistemas pela pesca, pelo turismo desordenado,
pelo mau uso da terra, na orla marítima e nas margens dos rios, causando o
aumento do aporte de sedimentos, e, ainda, pela poluição costeira, podem
estar comprometendo o futuro desses ambientes.
Em toda a extensão em que os recifes ocorrem, existem 9 unidades de
conservação marinhas, entre federais, estaduais e municipais, que englobam
os dois grupos de categorias de manejo: proteção integral e uso sustentável.
São de proteção integral: Reserva Biológica do Atol das Rocas, Parque
Nacional Marinho de Femando de Noronha, Parque Nacional Marinho dos
Abrolhos, Parque Estadual do Parcel do Manoel Luís (MA) e Parque Municipal
do Recife de Fora, Porto Seguro (BA). Já as de uso sustentável são: Área de
Proteção Ambiental Costa dos Corais (PE e AL), Área de Proteção Ambiental
Estadual da Ponta da Baleia (BA), Área de Proteção Ambiental Estadual dos
Recifes de Corais (RN) e a Reserva Extrativista de Corumbau (BA).
Colaboração de Ana Paula leite Prates, do Ministério do Meio Ambiente.
Oceano a desvendar
Recursos econômicos
Projeto Revizee
O caso dos Corais
Trabalhando com Bio
Entrevista a
Sérgio Bonecker
Entrevista a Marcelo
Medeiros
O Caso dos Corais
O Prof. Dr. Clovis Barreira e Castro conversou com a Revista
ComCiência sobre seus estudos com corais dentro do Projeto
Revizee e a problemática envolvida com a conservação de
biodiversidade dos ambientes de recifes de coral. A respeito
da conservação de biodiversidade, seja ela terrestre ou
aquática, é preciso ter em mente que cada espécie tem seus
próprios requisitos e especificidades. Uma área de mata
definida como reserva para uma espécie de primata pode não
ser eficiente para conservar felinos. Freqüentemente
ambientalistas e ecólogos debatem quais são as melhores
políticas para se desenhar áreas de conservação adequadas
para cada espécie-alvo.
Porém o grande problema é que, com o ritmo atual de
crescimento das populações humanas e de atividades
econômicas predatórias, biomas inteiros estão desaparecendo.
Os profissionais de conservação da atualidade têm se
perguntado qual é a melhor maneira de desenhar áreas que
conservem trechos representativos do bioma ou ecossistema
em questão. É aí que começa a confusão. Biomas são
formados por inúmeras espécies vivas. Quais delas escolher
como indicadores de saúde da área estudada? Vegetais?
Mamíferos? Insetos? Ou antes: quais espécies devemos inclui
como típicas de um dado ecossistema? Existem critérios para
isso? Infelizmente as respostas para estas perguntas não são
simples e depende do caso.
No Brasil um ecossistema muito frágil, porém rico em
biodiversidade e ainda pouco conhecido, é o dos recifes de
coral. Corais são organismos agregadores, pois quando
crescem formando suas colônias, acabam servindo de abrigo
para vários outros organismos diferentes. Uma área de
tamanho razoável de recifes de coral pode conter centenas ou
milhares de outras espécies marinhas que ali buscam comida,
abrigo para si ou para seus ovos e filhotes e também proteção
contra as correntes marítimas e contra predadores. Estes
organismos que vivem nos recifes de coral por sua vez,
alimentam organismos maiores, como
peixes.
Vista parcial da Ilha de Santa
Barbara e da ilha Redonda (ao
fundo) no Arquipélago de
Abrolhos. Foto: Karla Yotoko.
A costa brasileira, vista na sua
totalidade, possui diversas formações
rochosas - de norte a sul - ricas em
corais que merecem atenção de estudo.
O Arquipélago de Abrolhos talvez seja o
mais famoso deles. Existem outros
também muito importantes, como o
Parcel do Manoel Luís e o Atol das
Rocas, na região norte do país. Porém, o
Brasil ainda não instituiu áreas de
conservação em formações importantes, gerando lacunas no
sistema. Nas palavras do professor Clovis, "o Brasil tem já
várias unidades de conservação, mas existem de fato algumas
lacunas de distância. As principais áreas onde não existem
unidades que protejam esses antozoários recifais seriam entre
o Parcel do Manoel Luis e o Atol das Rocas, que são mais de
mil kilômetros de distância. Isso fica na região norte do litoral
Rio Grande do Norte, Maranhão e Ceará. A outra lacuna que
eu acho até mais importante, porque é uma área mais rica (em
corais), é entre Alagoas e Porto Seguro. Tem ali uns 700 ou
800 km de costa sem unidades de conservação marinha que
protejam ambientes recifais, que são reconhecidos como de
alta diversidade".
A importância de conservar estas formações rochosas e
coralíneas da destruição pela atividade econômica tem a ver
tanto com a forma como os corais se reproduzem quanto com
as espécies que ocorrem em cada um destes locais. Os recifes
e colônias de corais que tipicamente vemos agarrados às
pedras no fundo do mar são são corais adultos, já maduros.
Porém, para se reproduzirem, estes corais lançam seus óvulos
e espermatozóides na água, em grandes quantidades. A
fecundação ocorre na água. Alguns corais podem lançar na
água já os ovos fecundados. Desta sopa de óvulos, esperma e
ovos resultam as larvas, que podem ficar boiando como
formas planctônicas durante um bom tempo, dependendo da
espécie de coral. Quando surgem condições adequadas, estas
larvas se fixam à rocha e formam uma colônia adulta.
Casal de Atobas brancos (Sula
dactylatra) escolhendo o local do
ninho, que corresponde a uma
circunferência rodeada por pedras.
Esta circunferência passa a ser uma
espécie de território inviolável,
defendido por ambos, principalmente
quando estão chocando os ovos ou
cuidando do(s) filhote(s). Foto: Karla
Yotoko.
A moral da história é a seguinte: através desta forma de
reprodução, os corais conseguem cruzar uns com os outros,
mesmo se suas formas adultas estiverem a centenas de
kilômetros de distância entre si. Ou ainda, filhotes vão se fixa
e crescer muito longe dos pais, pois ficaram boiando muito
tempo ao sabor das correntes, antes de se fixarem nas rochas.
Nos planos de conservação marítimos os parques são fundado
com base nas ocorrências de formas adultas de corais. Mas
isso não é o bastante. É preciso manter uma certa proximidade
entre as regiões de recifes de corais, para que eles cruzem
entre si e assim renovem os estoques de formas adultas. " Na
Austrália, que é onde há o maior número de estudos de recifes
de coral, chegou-se à conclusão de que a maior parte das
larvas geradas nos recifes tende a se dispersar. Por isso a
necessidade de se criar um sistema de áreas de conservação e
não somente parque isolados. Daí o problema das lacunas
gigantescas de áreas de conservação prejudicarem a
conservação dos ambientes
como um todo", explica
Clovis.
O segundo motivo é relativo às
espécies que ocorrem em cada
um destes locais.
Freqüentemente na natureza as
espécies animais ocorrem em
áreas restritas. Isso se deve ao
fato de que os requerimentos ambientais de cada espécie são
muito estreitos. Poucas espécies animais conseguem se
adaptar a condições ambientais muito variadas. No mar isso é
ainda mais acentuado, pois as condições, principalmente de
salinidade e temperatura, são determinantes fortes da
ocorrência ou não de espécies animais. Isso equivale a dizer
que o Parcel do Manoel Luís abriga espécies que só existem lá
e em poucos outros lugares. Este fenômeno é conhecido como
endemismo. Uma localidade com alto grau de endemismo
signfica que possui muitas espécies que só ocorrem ali. Por
isso é prioridade de conservação.
Tudo isso diz respeito às áreas que ainda não são de
conservação. Porém, não basta decretar que uma área é um
parque nacional. É preciso fiscalizar as áreas de parques
contra o turismo predatório e a exploração econômica
clandestina. "A região de Abrolhos está inteiramente protegid
por duas unidades de conservação. O Parque Nacional de
Abrolhos, em que existe uma sede e alguma fiscalização pelo
menos em uma das duas áreas (que são descontínuas). E há a
Área de Proteção Ambiental (APA) da Ponta da Baleia, que é
estadual. Mas essa não foi implementada até hoje. Se essas
duas áreas de proteção funcionassem bem, todo o sistema do
complexo recifal de Abrolhos estaria protegido. De uma form
mais restritiva no Parque Nacional e de uma forma menos
restritiva na APA, mas estaria protegido. Na questão de
Abrolhos acho que falta então implementar as unidades de
forma mais adequada do que hoje. Uma delas, que é o Parque
tem problemas sérios de fiscalização e a outra só existe no
papel", conclui Clovis.
Saiba mais sobre o trabalho de coleta e acondicionamento de
organismos vivos...
Veja também a entrevista com o professor Sérgio Luiz Costa
Bonecker, coordenador da parte de oceanografia biológica do
Revizee.
Esta reportagem tem
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 documentos
Bibliografia / Créditos
http://www.epub.org.br/comciencia
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© 2000
Universidade Estadual de Campinas
Campinas, Brasil
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