"Planejadores serão os novos líderes publicitários" O marketing não é mais o mesmo. É o que diz um dos maiores especialistas no assunto, Francisco Alberto Madia de Souza, dono da consultoria Madia & Associados. Desde que o conceito começou a ser trabalhado mais fortemente, na década de 50, já se passaram dez gerações, período que refletiu mudanças não apenas nas necessidades de comunicação das empresas, mas também no negócio da propaganda. "Este setor, que viveu o auge na década de 80, pode enfrentar uma crise mais grave se não adaptar-se à nova comunicação", diz Madia, que trabalhou no projeto de lançamento de algumas das maiores agências do Brasil, entre elas W/Brasil, Loducca22, NeogamaBBH e Lew,Lara. Para Madia, a principal condição para uma agência permanecer forte no setor é saber identificar e resolver os problemas do anunciante, usando para isso a comunicação em todas a suas dimensões - não apenas um filme de TV. "Por isso, os próximos líderes das agências virão do planejamento." "Planejadores serão os novos líderes... Algumas possíveis situações para o futuro do mercado publicitário, identificadas por Francisco Alberto Madia de Souza, dono da consultoria Madia & Associados, podem, à primeira vista, assustar este setor. Ou, segundo o especialista, devem preocupar pelo menos as agências que hoje resistem a não se adaptar às novas necessidades do cliente, que mudou muito nos últimos anos em razão, principalmente, da postura atual do consumidor. Aliás, se ele é justamente o causador de tantas mudanças no marketing, Madia afirma que sim. Nos cálculos do consultor, é possível que apenas dez das 30 maiores agências do Brasil sobrevivam ao novo modelo de negócio. "Isso não significa que todas vão desaparecer do mercado, mas podem ser compradas, partir para uma fusão, entre outras saídas. 10% devem fazer com sucesso a mudança para a nova fase da comunicação", pontua. Muitas das grandes, inclusive, já estão adaptadas a esta nova fase do marketing, o que mostra que a propaganda não está condenada ao fim, reforça Madia. "Prova disso é o surgimento da Africa. A agência é bem sucedida, entre outras coisas, porque já nasceu neste novo modelo, de oferecer soluções completas de comunicação para o cliente, que inclusive tem uma sala exclusiva na Africa", exemplifica Madia. O especialista cita ainda a Giovanni, FCB como um bom modelo de negócios e, para não ficar apenas naquelas que têm participação estrangeira, menciona a hoje gigante Lew, Lara. "Elas já estão caminhando para esta nova direção, que exige criatividade, mas com planejamento", lembra Madia. "Não adianta fazer o filme sem antes conhecer a fundo o que quer o anunciante, conhecer o seu público-alvo", faz questão de destacar. Para o consultor de marketing, diante deste cenário os próximos líderes (leia-se presidentes das agências) serão da área de planejamento. "Os criativos que assumiram mais recentemente já têm esta mentalidade, de trabalhar com uma comunicação completa." Madia comenta que o cliente deve ter à disposição de três a quatro ferramentas, sendo que quase sempre uma delas é a propaganda na internet. "Ela hoje está presente em todos os processos de marketing. Depois, não vejo outra estratégia que se destaque", diz, referindo-se a marketing direto, promocional, etc. "Muda muito conforme a necessidade do cliente. Não dá mais para generalizar propaganda para tudo", diz, lembrando da concentração da verba publicitária no meio televisão, 1 que chega a ser um caso a parte no Brasil com toda a força da Rede Globo. "A audiência na TV aberta está caindo em todo o mundo. Será inevitável que aconteça o mesmo no Brasil", considera Madia. O especialista diz acreditar ainda que um dos fatores que fazem com que falte força a outras divisões da publicidade é a ausência de uma figura que se destaque, lideranças mesmo, a exemplo do que acontece na propaganda convencional. As opiniões de Francisco Madia, 62 anos, são baseadas numa experiência de alguns anos no setor. Formado em Direito, Madia conta que foi parar no mundo do marketing por ajuda da mãe, numa época em que ninguém sabia o que esta tal palavra significava. "Ela recortava alguns anúncios de emprego e colocava embaixo do meu travesseiro. Um deles falava de marketing. Fui a uma livraria, comprei os dois únicos livros que existiam à época, importados, e comecei a gostar do assunto", conta Madia. Bem no início da década de 70, participou da criação da marca do Itaú, empresa na qual foi gerente de marketing. "Trabalhei em algumas agências, na indústria e, quando chegaram os anos 80, vi que era hora de montar a minha empresa, uma consultoria". Planejamento estratégico até hoje é o mote de trabalho da Madia & Associados (que reúne a consultoria e ainda uma escola de marketing), que não atende somente a agências de propaganda, mas companhias de todos os setores. "Fazemos o planejamento estratégico sob a ótica do mercado." Madia comenta ainda que atualmente muitas áreas de uma empresa convergem para a de marketing. "Todos são responsáveis pelos resultados da corporação e têm o mesmo objetivo: conquistar e fidelizar clientes. O RH é uma das áreas que mais estão se aproximando." Madia lembra ainda que a tecnologia é um dos fatores que provocou tantas mudanças no marketing - já se vão, desde a década de 50, dez gerações. "O computador, na década de 80, passou a ser a caderneta, aquela que aproximava o consumidor do vendedor", diz Madia. Fonte AZEDO, Sandra. Planejadores serão os novos líderes publicitários. Gazeta Mercantil, São Paulo, 02 ago. 2005. Disponível em: <http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2005/8/2/noticia.2110 02/>. Acesso em: 26 mar. 2007. 2