GLEICE CRISTINA DOS SANTOS PREVALÊNCIA DE MICRODELEÇÕES NAS REGIÕES AZFa, AZFb e AZFc DO CROMOSSOMO Y EM INDIVÍDUOS COM OLIGOZOOSPERMIA OU AZOOSPERMIA EM MATO GROSSO Orientador: Dr. Sebastião Freitas de Medeiros Co-Orientador: Dr. Marcial Francis Galera UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE MEDICINA COORDENAÇÃO DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE ÁREA DE CONCENTRAÇÃO – REPRODUÇÃO HUMANA E CLIMATÉRIO CUIABÁ-MT 2011 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE MEDICINA COORDENAÇÃO DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE ÁREA DE CONCENTRAÇÃO – REPRODUÇÃO HUMANA PREVALÊNCIA DE MICRODELEÇÃO NAS REGIÕES AZFa, AZFb e AZFc DO CROMOSSOMO Y EM INDIVÍDUOS COM OLIGOZOOSPERMIA OU AZOOSPERMIA EM MATO GROSSO Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Ciências da Saúde, como prérequisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Ciências da Saúde – Área de Concentração Reprodução Humana e Climatério e área de atuação Reprodução Humana. GLEICE CRISTINA DOS SANTOS Cuiabá – MT 2011 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE MEDICINA COORDENAÇÃO DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE ÁREA DE CONCENTRAÇÃO – REPRODUÇÃO HUMANA Diretor da Faculdade de Ciências Médicas Prof Dr Antônio José de Amorim Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde Prof Dr Amílcar Sabino Damazo CUIABÁ-MT 2011 Dados Internacionais de Catalogação na Fonte. S237p Santos, Gleice Cristina dos. PREVALÊNCIA DE MICRODELEÇÕES NAS REGIÕES AZFa, AZFb e AZFc DO CROMOSSOMO Y EM INDIVÍDUOS COM OLIGOZOOSPERMIA OU AZOOSPERMIA EM MATO GROSSO / Gleice Cristina dos Santos. -- 2011 xxi, 59 f. ; 30 cm. Orientadora: Sebastião Freitas de Medeiros. Co-orientadora: Marcial Francis Galera. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Mato Grosso, Faculdade de Ciências Médicas, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Cuiabá, 2011. Inclui bibliografia. 1. Microdeleção. 2. Azoospermia. 3. Infertilidade. 4. Oligozoospermia. I. Título. Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a). Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte. iv O presente estudo foi desenvolvido na Unidade de Genética e Biologia Molecular UNIC/HGU em parceria com INTRO – Instituto Tropical de Medicina Reprodutiva e Menopausa. Recebeu apoio das seguintes instituições: Universidade Federal de Mato Grosso, Faculdade de Ciências Médicas. Universidade de Cuiabá, Faculdade de Medicina. INTRO – Instituto Tropical de Medicina Reprodutiva e Menopausa. GLEICE CRISTINA DOS SANTOS PREVALÊNCIA DE MICRODELEÇÃO NAS REGIÕES AZFa, AZFb e AZFc DO CROMOSSOMO Y EM INDIVÍDUOS COM OLIGOZOOSPERMIA OU AZOOSPERMIA EM MATO GROSSO Presidente da Banca Dr. Sebastião Freitas de Medeiros BANCA EXAMINADORA Profº. Dr. Marcial Francis Galera Profª. Dra. Bianca Borsatto Galera vi MENSAGEM PESSOAL “Não existe crescimento sem mudança, nem crescimento sem renúncia, sem dor. Há coisas que só compreendemos na volta....” vii DEDICATÓRIA À minha mãe Joana Leia, por sempre acreditar em mim, pelas orações e carinho incondicional, por me ensinar qual o caminho em que devo andar. Ao meu marido Gilberto, pelo total apoio e compreensão, por ser o meu “porto seguro”, por me dar sempre muito mais que eu poderia desejar em oração. Aos meus irmãos Wilson e Afonso pelo apoio nessa etapa importante da minha vida. À minha sobrinha Adriana, pelo carinho de amiga, apoio de irmã, obrigada pelo incentivo. E por fim ao meu filho Lucas, que me ensinou o significado do amor verdadeiro e sublime, a sua existência me da forças para superar os obstáculos e continuar “SEMPRE”, nós dois sabemos a importância que temos um para o outro. É na família que se mede o verdadeiro sucesso de uma pessoa, a minha família é o meu maior patrimônio! viii AGRADECIMENTOS A Deus, por estar comigo em todos os momentos me fortalecendo e restaurando. Ao Profº Dr. Sebastião Freitas de Medeiros, agradeço por toda calma e serenidade que teve para me orientar, o senhor é para mim exemplo de equilíbrio. Obrigada pelo incentivo, pelos conhecimentos compartilhados, foi um privilégio ter sido sua orientanda. Ao meu co-orientador Profº Dr. Marcial Francis Galera, por ter sonhado esse projeto e pela confiança em dividir esse sonho comigo, pelo TOTAL apoio, sem a sua colaboração não seria possível a realização deste trabalho. À Profª Dra. Bianca Borsatto Galera, pelos seus conhecimentos, pelo apoio, confiança, e incentivo que fizeram desse período algo que poderei me orgulhar em ter trabalhado ao lado de pessoa com tamanho conhecimento. À Profª Dra. Claudinéia de Araújo, exemplo de profissional, obrigada pelas noites despendidas durante a padronização da técnica. Em muitos momentos difíceis a sua amizade e suas palavras de incentivo e orientação foram primordiais para que eu pudesse continuar sempre. Obrigada por estar sempre ao meu lado amiga querida. À Kelly Matos “Guima”, amiga de longa data, obrigada pela sua amizade, fidelidade e acima de tudo pela sua sinceridade, sempre me dizendo o que eu precisava ouvir afinal nossa amizade permite isso. Você dividiu comigo momentos de tristeza e alegria, quero compartilhar essa realização contigo. Quero ressaltar aqui a admiração e respeito que tenho por você. Ao Max Fernando, que começou como estagiário de biologia e hoje colega de profissão, que me acompanhou durante toda a pesquisa, colaborando grandemente com o trabalho e tornando-se um grande amigo. Ao Dr. Luiz, urologista da Clínica Intro, pela colaboração e encaminhamento de pacientes. ix À Arlene, Fernando, Jaqueline, Sabrina, Dayane e toda equipe da Clínica Intro, pela disponibilidade em colaborar com a realização desta pesquisa. À Elizangela, do Laboratório Carlos Chagas, pela colaboração. À Camila Konopatzki, professora de inglês e amiga, que gentilmente colaborou na tradução do resumo desta pesquisa. Aos amigos, Sebastião Crispim, Cristina Sedlacek, Pedro Paulo, Ana Cristina, Norma, obrigada pelo apoio, incentivo e orações. À Jaqueline Seviero e Liége Fernandes, amigas queridas e grandes incentivadoras. Aos pacientes que participaram deste estudo, pela confiança e colaboração, tornando essa pesquisa possível, muito obrigada. Vocês transformaram esse estudo em uma oportunidade única na minha vida profissional e Enfim, a todos que de alguma maneira me ajudaram e apoiaram na realização deste sonho. x SUMÁRIO Abreviaturas e Siglas xiii Equipamentos xv Lista de Tabelas xvi Lista de Figuras xviii I.Resumo xx II.Abstract xxi 1 – INTRODUÇÃO 1 1.1- Anatomia e fisiologia do aparelho reprodutor masculino 2 1.2- Esterilidade por fator masculino 5 1.2.1 – Causas genéticas da infertilidade masculina 5 1.2.1.1 – Anomalias cromossômicas 6 1.2.1.1.1 – Síndrome de Klinefelter 7 1.2.1.1.2 – Síndrome 47,XYY 9 1.2.1.1.3 – Translocações recíprocas 10 1.2.1.1.4 – Translocações Robertsonianas 11 1.2.1.2 – Alterações gênicas 11 1.2.1.2.1 – Fibrose Cística 11 1.2.1.3 – Microdeleções do cromossomo Y 12 1.3 – Avaliação do fator masculino 15 1.3.1 – Análise seminal 15 1.3.2 – Dosagem hormonal 17 1.3.3 – Avaliação genética 17 1.3.3.1 – Cariótipo de banda G 18 1.3.3.2 – Microdeleção do cromossomo Y 18 2 – JUSTIFICATIVA 19 3 – OBJETIVOS 20 3.1 – Objetivo Geral 20 3.2 – Objetivos Específicos 20 4 - MATERIAL E MÉTODOS 21 4.1 - Tipo de Estudo 21 4.2. – Tamanho da amostra 21 xi 4.3 – Pacientes 21 4.4 – Critérios de inclusão 21 4.5 – Critérios de exclusão 22 4.6 – Coleta de sangue 22 4.7 – Avaliação e procedimentos iniciais 22 4.8 - Técnicas Citigenéticas 22 4.8.1 - Cultura de linfócitos 22 4.8.2 - Preparação Citológica 23 4.8.3 - Método de Coloração - Bandeamento G 23 4.8.4 – Análise Cromossômica 23 4.8.5 – Documentação 24 4.9 – Análise Molecular 24 4.9.1 - Extração de DNA 24 4.9.2 – Quantificação do DNA 25 4.9.3 – Reação em cadeia de polimerase (PCR) 25 4.9.4 – Detecção do DNA amplificado 27 4.9.5 – Documentação 28 4.10 - Considerações Éticas 28 4.11 – Análise Estatística 28 5 – RESULTADOS 29 5.1 – Análise Descritiva 29 5.2 – Análise Bivariada 32 5.2.1 – Associação entre os cariótipos dos pacientes e o grau de 32 comprometimento no número de espermatozóide 5.2.2 - Identificação do gene SRY, do marcador SY86 na região AZFa, do 33 marcador SY134 na região AZFb e do marcador SY254 na região AZFc 6 – DISCUSSÃO 35 7 – CONCLUSÃO 44 8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 45 9 – ANEXOS 56 9.1 – Anexo 1 - Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de 56 Cuiabá (CEP/UNIC) 10 - APÊNDICE 57 xii 10.1 – Apêndice 1 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 57 10.2 – Apêndice 2 - Questionário 58 xiii ABREVIATURAS E SIGLAS µL: microlitros AIDS: Síndrome da Imunodeficiência Adquirida Azf: Fator para azoospermia AZFa: Fator para azoospermia localizado na região a AZFb: Fator para azoospermia localizado na região AZFc: Fator para azoospermia localizado na região CBAVD: Ausência congênita bilateral dos vasos deferentes CEP/UNIC: Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Cuiabá CFTR: Gene regulador da condutância transmembrana da fibrose cística DAZ (Deleted in Azoospermi): Genes suprimido em azoospermia DBY (Mortos-box Y human RNA helicase): Gene que se expressa no testículo Del: Deleção DNA (Deoxyribonucleic acid): Ácido desoxirribonucléico EDTA (Ethylenediamine tetraacetic acid): Ácido etilenodiamino tetra-acético FC: Fibrose cística FIV: Fertilização in vitro FSH: Hormônio Folículo Estimulante GnRH: Hormônio Liberador de Gonadotrofinas HERVs (Human Endogenous Retroviral): Retrovírus endógenos humanos HGU: Hospital Geral Universitário de Cuiabá HUJM: Hospital Universitário Júlio Muller ICSI: Injeção intracitoplasmática de espermatozóides KCl: Cloreto de potássio LH: Hormônio Luteinizante mg/mL: Miligramas por mililitros MgCl2: Dicloreto de magnésio NaCl: cloreto de sódio ºC: graus Celsius OMS: Organização Mundial de Saúde p: Braço curto do cromossomo p+: Adição de região no braço curto do cromossomo pb: Pares de base xiv PCR (Polymerase Chain Reaction): Reação em cadeia de polimerase q: Braço longo do cromossomo qter: Da região terminal do braço longo do cromossomo RBMY (RNA binding motif on the Y): Gene que codifica células germinativas masculinas associada a espermatogênese rpm: Rotação por minuto RPMI 1640: Meio de cultivo celular SCO I (Sertoli cell-only): Células de Sertoli SDS: Dodecil sulfato de sódio SGA: Impedimento espermatogênico SK: Síndrome de Klinefelter SPAG11 (Organization and Expression in Cattle): Gene antígeno de espermatozóides associado 11 SRY: Gene responsável pelo desenvolvimento testicular STS (Sequence Tagged Sites): Seqüência conhecida do DNA TBE: Tampão tris-borato – EDTA TE: Tampão tris – EDTA TM1: Solução de lavagem para extração de DNA Tris-HCl: Sal de hidroximetil - aminometano UFMT: Universidade Federal de Mato Grosso USP9Y (ubiquitina-specific protease Peptidase específica ubiquitina 9, Y): enzima que codifica gene USP9Y xv EQUIPAMENTOS Agitador de Tubos - FANEM® mod. 251 Agitador Magnético - FANEM® mod. 258 Balança Digital - ACCULAB® V-400 Banho-Maria 37°C - FANEM® 102 R Bomba a Vácuo - FISATON® MODELO 820 Capela de Fluxo laminar - TROX® DO BRASIL serie 1388 Centrífuga Baby l - FANEM® Contador de Tempo - CIENCOR® Estufa de Cultura - FANEM® mod. 502 Forno Microondas - BRASTEMP® Freezer FE - ELETROLUX® Geladeira 330 Lts - BRASTEMP® Microscópio Óptico Binocular – ZEISS® AXIOSTAR Medidor de PH (PH-Metro) - MICRONAL® B474 Pipetador Automático – PIPET-AID DRUMOND® Sistema de Computação – WINDOW XP Software CHROMU - CITOGEM® Software Excel 2007 – banco de dados Software L-PIX-STR – LOCCUS BIOTECNOLOGIA® - sistema de captura de imagem Software estatístico SPSS – programa para análise estatística Termociclador TC – 400 - TECHNE® Transluminador – BIO RAD® xvi LISTA DE TABELAS Tabela 1 16 Características do sêmen normal em humanos. Tabela 2 26 Sequências dos STS (Sequence Tagged Sites – seqüência conhecida do DNA) SRY, SY86, SY134, SY254 usados nas análises de biologia molecular. Tabela 3 27 Descrição dos parâmetros usados nos ciclos de amplificação gênica da técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR). Tabela 4 29 Características gerais dos pacientes com união estável incluídos no estudo. Tabela 5 30 Características sócio-econômicas dos pacientes incluídos no estudo. Tabela 6 31 Aspectos clinico-epidemiológicos dos pacientes incluídos no estudo. Tabela 7 31 Resultados da análise seminal básica dos pacientes incluídos no estudo segundo a OMS 2010. Tabela 8 32 Distribuição dos pacientes segundo o diagnóstico de oligozoospermia ou azoospermia. Tabela 9 32 xvii Resultados das análises citogenética e biologia molecular. Tabela 10 33 Cariótipo (normal e alterado) dos pacientes de acordo com as características espermatozóides. seminais referentes à concentração dos xviii LISTA DE FIGURAS 3 Figura 1 Representação esquemática do sistema reprodutor masculino. 4 Figura 2 Desenho mostrando as fases da espermatogênese e representação histológica de seus diferentes tipos celulares. 7 Figura 3 Ilustração da formação de gametas e zigotos não equilibrados. 8 Figura 4 Efeitos da não-disjunção meiótica e mitótica na origem da síndrome de Klinefelter clássico e mosaico. 10 Figura 5 Recombinações cromossômicas possíveis nos gametas de portadores de translocações recíprocas. 13 Figura 6 Ilustração do cromossomo Y em humanos e as regiões envolvidas na fertilidade e infertilidade. 26 Figura 7 Ideograma do cromossomo Y. 33 Figura 7 Gel de eletroforese mostrando as análises das regiões AZFa, AZFb e AZFc.No “poço” 12 é possivel observar deleção da região AZFc. P: marcador usado como padrão, M2:controle positivo (homem positivo+SRY+AZFb, normal)+SRY+Azfa+AZFc, F4:controle M2: controle negativo xix (feminino)+SRY+AZFa+AZFc, F5:controle negativo+ ZRY+AZFb, P1 (6, 8,10,12,14): paciente+SRY+Azfa+AZFc, (7,9,11,13,15): paciente+SRY+AZFb.P: paciente. feitas duas reações de multiplex para cada amostra P2 Nota: foram xx I. RESUMO Objetivos: estabelecer a prevalência de alterações cromossômicas e microdeleções do cromossomo Y em indivíduos com oligozoospermia ou azoospermia no Estado de Mato Grosso. Material e métodos: foram selecionados 95 pacientes. O período de estudo foi entre 14 de março de 2009 e 14 de junho de 2011. Um paciente foi excluído por não ter realizado espermograma. Desta forma, a amostra foi estabelecida em 94 pacientes. A metodologia utilizada para análise cromossômica foi baseada na técnica de cultura de linfócitos, proposta por Moorhead et al (1960), e as amostras de DNA foram extraidas utilizando o método descrito por Lahiri e Nurnberg (1991). A investigação da microdeleção foi realizada por técnica de PCR. Resultados: Na avaliação citogenética dos pacientes, cinco (5,4%) apresentaram cariótipo alterado, um deles com oligozoospermia grave tinha cariótipo 46,XY,8p+. Outro paciente com azoospermia tinha cariótipo 46,XY,t(7;1)(qter-p35). O terceiro com oligozoospermia leve tinha cariótipo 46,XY,delY(q). Em adição, outros dois pacientes azoospérmicos apresentaram cariótipo 47,XXY, compatível com a síndrome de Klinefelter. Microdeleção do cromossomo Y foi detectada apenas na região AZFc, em um paciente (1/94; 1,1%), com azoospérmia. Conclusão: conclui-se que todos os pacientes que procurem tratamento para infertilidade com uma baixa contagem espermática deveria ser submetidos à pesquisa de microdeleções e análise citogenética. O diagnóstico correto permite ao médico encaminhar o paciente para tratamento clínico mais adequado. Palavra chave: Microdeleção, azoospermia, infertilidade e oligozoospermia. xxi II.ABSTRACT Objectives: to establish the prevalence of chromossomal alterations and microdeletions of the chromosome Y in individuals with oligozoospermia or azoospermia in the Mato Grosso state. Material and methods: 95 patients were selected.The study period was between March 14, 2009 and June 14, 2011. A patient was excluded by not having fulfill a semen. This way, the sample was established in 94 patients. The methodology used for chromosomal analysis was based on the lymphocyte culture technique, proposed by Moorhead et al (1960), and DNA samples were extracted using the method described by Lahiri and Nurnberg (1991). The investigation of microdeletion was performed by PCR technique. Results: In the cytogenetic evaluation of patients, five (5.4%) had altered karyotype, one with severe oligozoospermia had karyotype 46,XY, 8p+. Another patient with azoospermia had karyotype 46,XY,t(7; 1)(qter-p35). The third had mild oligozoospermia with karyotype 46, XY,del(q). In addition, two other patients had azoospermia karyotype 47, XXY, consistent with the Klinefelter syndrome. Y chromosome microdeletion was detected only in the AZFc region in one patient (1 / 94, 1.1%) with azoospermia. Conclusion: We conclude that all patients seeking treatment for infertility with low sperm count should be tested for analysis microdeletions and cytogenetic. The correct diagnosis allows the physician to refer the patient to most appropriate medical treatment and provide a more accurate diagnosis of infertility. Keyword: Microdeletion, azoospermia, oligozoospermia e infertility. 1 1 – INTRODUÇÃO A definição de infertilidade adotada pela Organização Mundial de Saúde (OMS)1 é a ausência de concepção após 24 meses de relações sexuais regulares e desprotegidas 2,3. Por outro lado, o Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia propõe como definição a incapacidade para conseguir uma gravidez clinicamente reconhecida após um ano de tentativa por parte do casal 4. De acordo com a OMS, a infertilidade primária implica em casal que mantenha relações sexuais regulares desprotegidas e nunca tenha conseguido uma concepção1. A infertilidade secundária refere-se ao casal que já conseguiu uma concepção, mas que posteriormente tornou-se incapaz, considerando que mantêm relações sexuais regulares e desprotegidas durante um período de dois anos2, 5,6. A infertilidade foi reconhecida pela OMS como um problema de extrema relevância em Saúde Pública, representando um fenômeno mundial que afeta entre 50 e 80 milhões de pessoas em idade reprodutiva4. A diferença entre infertilidade e esterilidade baseia-se no fato de que a esterilidade representa uma condição em que os recursos terapêuticos atuais não proporcionam cura5, 6. Numa revisão de estudos de prevalência verificou-se que, nos países mais desenvolvidos, a prevalência de infertilidade após 12 meses de coito sem contraceptivo variou entre 3,5% e 16,7% e, nos países menos desenvolvidos, entre 6,9% e 9,3%; média global de prevalência de 9%. No Brasil, a infertilidade acomete cerca de 18% dos casais e um dos fatores mais comuns é a ocorrência de processos infecciosos pélvicos, adquiridos por contato sexual, pós-parto ou pósabortamento em condições precárias4. A proporção de infertilidade primária é maior nos países desenvolvidos do que nos países em desenvolvimento, devido, sobretudo à idade mais avançada da mulher na primeira tentativa de concepção4. É possível que a infertilidade secundária seja menos frequente nos países desenvolvidos devido à maior acessibilidade aos cuidados de saúde, maior controle das doenças sexualmente transmissíveis e melhores práticas de higiene, principalmente no período pós-parto4. Considerando a infertilidade como problema de saúde do casal, qualquer investigação deve incluir necessariamente a avaliação dos fatores masculinos e 2 femininos. Esta investigação consiste na elaboração de um histórico prévio de fertilidade, exame físico detalhado e testes laboratoriais complementares para investigar possíveis disfunções orgânicas e funcionais nos dois cônjuges 7. As causas mais freqüentes da infertilidade feminina são as alterações cervicais (10%), uterinas (<10%), tubárias (40%), hormonais ou ovulatórias (20%) e peritoneais (1015%). Recentemente, tem-se dado maior ênfase à saúde reprodutiva masculina, visto que entre 30% a 50% dos casais a infertilidade envolve uma causa masculina8. Fatores como idade, nível socioeconômico, atividade profissional, freqüência das relações sexuais, utilização de métodos contraceptivos, qualidade da assistência à saúde, condições ambientais e a exposição a potenciais substâncias tóxicas (solventes orgânicos, plásticos, mercúrio, álcool, nicotina, cafeína, cocaína e maconha) ou medicamentos devem ser consideradas9-15. Fatores genéticos, obesidade, perda ou ganho excessivo de peso, perturbações alimentares, má nutrição ou exercícios físicos excessivos podem também estar associados à infertilidade16, 17. O aparelho reprodutor masculino é constituído pelo pênis, uretra, testículos, canais deferentes, túbulos seminíferos, túbulos retos, ductos ejaculatórios, epidídimos e glândulas acessórias incluindo a próstata, glândulas bulbouretrais, vesículas seminíferas (Figura 1)18,19. A função endócrina do testículo é regulada pelo eixo hipotálamo-hipofisário através da interação do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) com a hipófise e desta com o testículo, fechando-se o circuito endócrino com a produção de testosterona, inibina e espermatozóides20. As gonadotrofinas, FSH - hormônio folículo estimulante e LH – hormônio luteinizante, participam diretamente do controle endócrino da espermatogênese 21. Estas gonadotrofinas são os principais reguladores endócrinos da espermatogênese. LH estimula a célula de Leydig para a secreção de testosterona, que, por sua vez, age nos receptores androgênios localizados no epitélio seminífero para controlar a espermatogênese. O FSH estimula os receptores específicos nas células de Sertoli estimulando a produção de inúmeros fatores nestas células. Os papéis da testosterona e FSH no testículo têm sido extensivamente estudados, ainda que relativamente pouco se saiba sobre o modo exato como estes hormônios agem dentro da célula de Sertoli para estimular e manter a espermatogênese22, 23, assim, 3 embora FSH não seja essencial para a espermatogênese, é relevante para a espermatogênese ser quantitativamente normal24-25. Figura 1- Representação esquemática do sistema reprodutor masculino (Fonte: Moore KL et al, 200719). A espermatogênese é definida como o processo de diferenciação e maturação da espermatogônia (célula indiferenciada situada na porção basal dos túbulos seminíferos) em espermatozóides maduros24. Os estágios da espermatogênese são mostrados na figura 2. Os espermatozoides são formados nos túbulos seminíferos dos testículos após ter sido atingida a maturidade sexual. Os túbulos são revestidos de espermatogônias, que estão em estágios diferentes de diferenciação. Estas células desenvolveram-se de células germinativas primordiais por uma longa série de mitoses. O último tipo de célula na sequencia de desenvolvimento é o espermatócito primário, que sofre meiose l para formar dois espermatócitos secundários haploides. Os espermatócitos secundários rapidamente entram em meiose ll, cada um formando duas espermátides, que se diferenciam sem outras divisões em espermatozoides. espermatogônias até a A formação espermatogênese, desde a dos espermatozoides, espermiogênese, ocorre em aproximadamente dois meses 27. origem passando das pela 4 Figura 2 – Desenho mostrando as fases da espermatogênese e representação histológica de seus diferentes tipos celulares (Fonte: Moore KL et al, 200719). A espermatogênese ocorre em todos os tubos seminíferos, durante a vida do homem, iniciando-se, em torno dos 13 anos em consequência do estímulo dos hormônios gonadotróficos adeno-hipofisários e prosseguindo durante todo resto da vida 28,29. O desenvolvimento das células germinativas tem uma interação altamente coordenada com a célula de Sertoli, pois elas podem comunicar-se diretamente através de interações mediadas ligante-receptor ou fatores parácrinos. A produção e secreção de muitas proteínas das células de Sertoli estão envolvidas no desenvolvimento de células germinativas ocorrendo em cada fase de forma dependente30, refletindo na capacidade da célula de Sertoli em se adaptar à evolução das necessidades das células germinativas31. 5 1.2 – Esterilidade por fator masculino Um homem anteriormente fértil pode se tornar infértil ou até mesmo estéril devido a problemas ocorridos ao longo da vida. Além disso, o próprio envelhecimento provoca alterações que geram a redução na produção espermática32. Nos dias atuais, a procura do fator masculino na esterilidade conjugal tem se tornado cada vez mais importante durante a investigação dos casais inférteis 12, visto que, isoladamente, representa cerca de 50% dos casos de esterilidade conjugal 11,6. As causas de esterilidade masculina sejam estas pré- testiculares, testiculares ou pós-testiculares, devem ser investigadas. É importante considerar que as causas pré-testiculares incluem disfunções hormonais como hipogonadismo (hipogonadotrópico), hiperestrogenismo, hiperandrogenismo, hiperprolactinemia e excesso de glicocorticóides. Entre as testiculares, estão os distúrbios genéticos, varicocele, distrofia miotônica, orquite, criptorquidia, uso de drogas (álcool, tabaco), oligozoospermia idiopática, insuficiência testicular idiopática, obesidade e anemia falciforme. As causas pós-testiculares incluem os distúrbios do transporte e função dos espermatozóides2. 1.2.1 - Causas genéticas da infertilidade masculina Nos últimos anos o conhecimento sobre a etiologia genética da infertilidade tem ampliado graças aos avanços neste campo, pois diferentes anormalidades genéticas têm sido identificadas. Os erros acontecem na replicação do material genético, transcrição dos genes e alterações em todo o cromossomo 32. As possibilidades de fatores genéticos devem ser avaliadas em todos os pacientes com problemas de infertilidade, principalmente naqueles que serão submetidos a programa de reprodução assistida33. A incidência de oligozoopermia grave (abaixo de 5 milhões de espermatozóides/mL) e azoospermia é de aproximadamente 10 a 12% de toda a população masculina infértil. Os três fatores genéticos mais frequentemente relacionados à infertilidade masculina são as aberrações cromossômicas, as mutações gênicas e as microdeleções do cromossomo Y. Atualmente essas alterações, em conjunto, são responsáveis por cerca de 15% dos casos de infertilidade masculina 34. 6 1.2.1.1- Anormalidades cromossômicas As anormalidades cromossômicas podem ser numéricas ou estruturais e envolver um ou mais cromossomos autossômicos, sexuais ou ambos. A maioria destas anomalias são acontecimentos de novo, secundárias a mutações nas células germinativas parentais, podendo igualmente ser herdadas com um padrão de transmissão mendeliano35. Sabe-se que indivíduos portadores de anomalias cromossômicas somáticas, numéricas ou estruturais, têm maior probabilidade de infertilidade, abortamentos espontâneos ou de repetição e maior risco de filhos portadores de deficiências graves33. A prevalência de anomalias cromossômicas em homens inférteis é superior à da população geral, variando inversamente com a contagem espermática. Pode estar presente em 19% dos homens com azoospermia não obstrutiva36. Nas últimas décadas, com o avanço tecnológico, foi possível realizar estudos mais aprofundados e com isso prover uma melhor compreensão dos processos de recombinação durante a meiose37. A análise de espermatozoides por imunofluorescência em homens inférteis, em particular naqueles com azoospermia, revelou uma elevada prevalência de erros no emparelhamento e na recombinação dos cromossomos durante a meiose, com conseqüente formação de um número significativo de espermatozoides aneuplóides38 (Figura 3). Atualmente as técnicas de reprodução assistida permitem que muitos homens inférteis sejam pais. Porém é importante a realização do estudo citogenético nos homens que pretendam recorrer a estas técnicas, de forma a evitar a transmissão dos erros cromossômicos à descendência33. 7 Figura 3 - Ilustração da formação de gametas e zigotos não equilibrados (Adaptado de Thompson et al, 200239) 1.2.1.1.1 – Síndrome de Klinefelter A Síndrome de Klinefelter (SK) é uma anormalidade cromossômica numérica altamente prevalente em indivíduos do sexo masculino. Incide em cerca de 1 entre 500 a 1000 nativivos masculinos e em 1 entre 300 abortamentos espontâneos, sendo que somente 40% dos conceptos afetados sobrevivem ao período fetal. A prevalência é 5 a 20 vezes maior em pessoas com retardo mental. Não há preferência por grupos étnicos específicos40. Os achados clínicos são variáveis, os sinais mais azoospermia, específicos deficiência encontrados androgênica, são estatura hipogonadismo, elevada, ginecomastia, anormalidades de maturação física e disfunção cognitiva. O desenvolvimento na infância processa-se normalmente, pois as manifestações iniciais tornam-se aparentes durante a 8 puberdade, fase adequadamente41, em 42. que a diferenciação sexual secundária não ocorre Muitos diagnósticos são firmados quando o paciente realiza avaliação durante a investigação de esterilidade, uma vez que a SK é a síndrome genética que mais ocasiona infertilidade masculina, sendo responsável por 3% de todos os casos43. A variante em mosaico da SK é geralmente menos severa do que a forma clássica, e os portadores podem apresentar testículos de tamanho normal e, com menor frequência, ginecomastia e azoospermia43. O diagnóstico da SK é feito quando o cariótipo revela a presença de um ou mais cromossomos X, sendo a forma mais frequente 47,XXY. Os mecanismos de ocorrência são mostrados na figura 4. Figura 4 - Efeitos da não-disjunção meiótica e mitótica na origem da síndrome de Klinefelter clássica e mosaico (Fonte: Cruz, Joana Pereira da, 201044). A alta prevalência de aneuploidia espermáticas em pacientes com SK pode ser explicada por duas teorias: a primeira afirma que espermatogônias 47, XXY prosseguem na meiose, resultando num aumento da incidência de hiperploidias38; a 9 segunda teoria baseia-se no fato de existirem vários mecanismos de controle da meiose, que levam à perda do cromossomo X adicional em fases precoces da espermatogênese40. Nesse caso, apenas as espermatogônias normais 46,XY prosseguem na espermatogênese, num ambiente testicular desfavorável e propenso a novos erros de segregação cromossômica, nomeadamente nos autossomos41. 1.2.1.1.2 – Síndrome 47,XYY A Síndrome 47,XYY é a segunda aneuploidia de cromossomos sexuais mais freqüentes40, ocorrendo entre 1/1000 e 4/1000 nascidos do sexo masculino42. É consequência de uma não disjunção na meiose II paterna43. Na avaliação citogenética em espermatozoides de indivíduos com Síndrome 47, XYY, a literatura relata uma frequência desta aneuploidia que varia entre 0,3 e 15%40. Entretanto, estudo recente realizado em dois homens 47,XYY com oligozoospermia grave, demonstrou uma taxa de aneuploidia de 37-38%, metade das quais, aneuploidia dos cromossomos sexuais45. Observou-se também neste estudo que os indivíduos 47,XYY apresentavam proporções variáveis de células germinativas em mosaico XY/XYY de forma inversamente proporcional à contagem espermática 45. A análise de células germinativas XYY no estágio de paquíteno revelou diferentes combinações possíveis para o emparelhamento dos cromossomos sexuais, sendo a mais prevalente o emparelhamento bivalente de dois cromossomos Y, permanecendo o cromossomo X isolado YY+X. Outras combinações possíveis incluem XY+Y, X+Y+Y e as XYY. Ao contrário do que acontece com as células YY+X que tendem a ser letais, verificou-se que as células XY+Y e as trivalentes XYY progridem na espermatogênese, levando à produção de espermatozoides com aneuploidia 24,XY e 24,YY. Por outro lado, tal como ocorre em indivíduos com SK, foi relatado um aumento da prevalência de dissomias dos cromossomos 13 e 21, assim como de nulissomias45. 10 1.2.1.1.3 – Translocações recíprocas As translocações recíprocas são relativamente comuns e são encontradas em cerca de 1 em 600 neonatos46. Estas translocações consistem na troca de material genético entre os braços de dois cromossomos não-homólogos, resultando nas alterações sequenciais do material genético, sem que seja alterada a quantidade de material cromossômico39. É mais comum encontrar translocações balanceadas em casais que já tiveram dois ou mais abortamentos espontâneos e em homens inférteis do que na população em geral. Durante a meiose I, os cromossomos translocados formam quadrivalentes com os respectivos homólogos normais; na anáfase os cromossomos em geral se segregam desta configuração em um dentre três modos, descritos como segregação alternada, adjacente-1 e adjacente-2. Na segregação alternada formam-se espermatócitos cromossomicamente balanceados, com cromossomos portadores da translocação ou com os homólogos normais. Na segregação adjacente produzem-se gametas cromossomicamente não- balanceados, responsáveis pela geração de embriões portadores de monossomia ou trissomia46 (Figura 5). Figura 5 – Recombinações cromossômicas possíveis nos gametas de portadores de translocações recíprocas (Adaptado de Cruz, Joana Pereira da, 201044). 11 1.2.1.1.4 – Translocações Robertsonianas Este tipo de rearranjo envolve dois cromossomos acrocêntricos que se fundem perto da região do centrômero com a perda dos braços curtos 46. No entanto, uma vez que os braços curtos dos cromossomos acrocêntricos são constituídos unicamente por genes NOR (nucleolar organizer genes), esta perda de material cromossômico não se traduz em consequências fenotípicas para os seus portadores46. A prevalência de translocações Robertsonianas na população masculina infértil varia entre 0,8 e 0,95%, sendo nove a dez vezes superior à da população em geral48. Durante a meiose I, os cromossomos emparelham-se de forma trivalente, podendo segregar na forma alternada ou adjacente. Da segregação alternada resultam espermatozoides normais e espermatozoides com aneuploidia balanceados (com a translocação do progenitor). Da segregação adjacente resultam gametas não-balanceadas, responsáveis pela formação de zigotos com monossomia ou trissomia para um dos cromossomas envolvidos45. As monossomias não são compatíveis com a vida e a maioria das concepções trissômicas resultam em abortamento espontâneo45. 1.2.1.2 – Alterações gênicas Um distúrbio monogênico é aquele determinado por um alelo específico num único locus em um ou ambos os membros de um par de cromossomos. O alelo variante que surgiu, em geral relativamente raro, substitui um alelo do tipo selvagem normal em um ou ambos os cromossomos. Foi identificado um número considerável de genes, com funções essenciais nas diferentes etapas da reprodução humana e, quando ausentes ou mutados, dão origem a anomalias no sistema reprodutor masculino48. 1.2.1.2.1 – Fibrose Cística A fibrose cística (FC) é uma doença autossômica recessiva, causada por mutações no gene regulador da condutância transmembrana da fibrose cística (CFTR), afetando a proteína CFTR correspondente. A FC pode ser causada por uma serie de diferentes mutações, sendo a mais frequente, a deleção de um códon na 12 posição 508, responsável por 70 a 90% dos casos, dependendo da região geográfica49. Mais de 95% dos homens com FC são também inférteis, primeiramente devido à ausência congênita bilateral dos vasos deferentes (CBAVD). A FC contribui com 2% das causas de infertilidade masculina49. Entretanto, nem todos os homens com CBAVD têm FC, isso parece fazer parte de uma má-formação do sistema urogenital. Estas más-formações geralmente não estão associadas com FC, porém o risco de CBAVD nos descendentes masculinos é desconhecido. CBAVD sem mutação identificada no gene CFTR pode ser devido a mutações em outros genes até agora não identificados50. Homens com CBAVD devem ser rastreados para mutações no gene CFTR, entretanto, este rastreamento é muito complexo, já que mais de 500 diferentes mutações têm sido detectadas em pacientes com FC. Apesar das dificuldades técnicas usadas na análise dos três tipos mais frequentes de mutações, pode-se afirmar que 95% dos casos de FC serão detectados49. 1.2.1.3 – Microdeleções do cromossomo Y O cromossomo Y é essencial para determinação sexual masculina, formação e manutenção de células germinativas, sendo seu braço curto o responsável pelo desenvolvimento testicular e o braço longo responsável pelos fatores envolvidos na espermatogênese51,52. A translocação do gene SRY com o cromossomo X explica os casos de homens com 46,XX, indivíduos com fenótipo masculino, cariótipo 46,XX e positivos para o gene SRY53. Isto resulta de uma recombinação que ocorre perto do limite pseudoautossômico do gene SRY, de tal forma que este fica translocado no cromossomo X. Aproximadamente 10% dos homens com cariótipo 46,XX não apresentam SRY detectável. A maioria destes indivíduos tem genitália externa ambígua, embora um fenótipo masculino completo possa ser observado. Estudos indicam que pode haver desenvolvimento testicular mesmo na ausência do SRY54. Microdeleções no braço longo deste cromossomo Y estão associadas com falhas da espermatogênese e algumas outras deleções neste cromossomo parecem estar associadas com a contagem reduzida de espermatozóides54. Há mais de três décadas verificou-se que microdeleções no braço longo do cromossomo Y (Yq) representam a causa genética molecular mais freqüente da infertilidade masculina, traduzida por azoospermia não obstrutiva ou oligozoospermia grave53. As áreas do 13 braço longo do cromossomo Y, responsáveis pela espermatogênese, foram denominadas de azoospermia ou fatores de infertilidade (AZF) e estão localizadas no intervalo 5-6 da banda Yq1153. Esta região AZF está subdividida em 43 intervalos, explicando a existência de múltiplos genes nesse locus, todos responsáveis por etapas diferentes da espermatogênse. De acordo com as microdeleções encontradas nos pacientes masculinos inférteis, a região AZF foi redesenhada nos seus intervalos, estando mapeada em três subregiões: AZFa na parte proximal (intervalo D3-D6), AZFb na porção mediana (D13-D16) e AZFc na região distal (D20-D22)54,55. Recentes estudos demonstraram microdeleções em outra região, AZFd, localizada entre AZFb e AZFc55. Esta região estaria associada a oligozoospermia leve e anormalidades importantes na morfologia do espermatozóide54. Figura 6 - Ilustração do cromossomo Y em humanos e as regiões envolvidas na fertilidade e infertilidade (Adaptado de Repping S et al 200256). O gene DAZ (Deleted in Azoospermi), localizado na região AZFc, está ausente em 10 a 15% de homens cromossomicamente normais e azoospermia não obstrutiva ou oligozoopermia grave. A freqüência relativa de microdeleções individuais é de 60, 5 e 16%, respectivamente para as regiões AZFc, AZFa e AZFb. Deleções combinadas ocorrem em cerca de 15% dos casos 57 . Pelo fato das deleções terem tendência para ocorrer entre grandes sequências repetidas palindrômicas, alguns pesquisadores propuseram uma nomenclatura mais 14 apropriada, usando o nome das sequências repetidas terminais para os diferentes tipos de deleções recorrentes55 (Figura 6). Homens com infertilidade ligada ao cromossomo Y que apresentam oligozoospermia ou azoospermia no ejaculado, mas com espermatozóides recuperados de seus testículos56, 57 poderão gerar gravidez pela injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI). A presença de uma deleção não tem, aparentemente, efeitos negativos sobre a fertilização ou a gravidez e não aumenta o risco de defeitos congênitos em crianças concebidas por meio da tecnologia de reprodução assistida68. As microdeleções no cromossomo Y resultam de processos de recombinação homóloga entre sequências de DNA repetitivas que ocorrem anormalmente dentro do mesmo braço longo 58. As 19 alterações estruturais do Y decorrem da meiose paterna, mesmo sem história familiar prévia e constituem mutações de novo54, 55,57. Dentro de uma mesma família, a mesma deleção do cromossomo Y poderá causar infertilidade em alguns homens e não em outros; portanto, alguns homens férteis com deleção das regiões AZF podem ter gerado filhos inférteis59. Em gestações obtidas por ICSI, originadas de homens com infertilidade causada pela deleção das regiões AZF, os descendentes do sexo masculino terão a mesma deleção de seus pais. A presença de espermatozoides em homens com microdeleções do cromossomo Y varia com o tipo de deleção. Fenótipos testiculares associados à microdeleções na região AZFa são os mais graves e incluem um padrão histológico contendo apenas células de Sertoli (Sertoli cell-only; SCO)60. Fenótipos testiculares associados a microdeleções somente na região AZFc variaram de azoospermia a oligozoospermia moderada, enquanto microdeleções na AZFb estão frequentemente associados à azoospermia. Indivíduos com microdeleções na região AZFd manifestam a mais ampla gama de fenótipos testiculares. Em pacientes azoospérmicos com deleção parcial ou completa da região AZFc , espermatozóides podem ser encontrados nos testículos em 70% dos casos. Em contra partida, é improvável que se encontrem espermatozóides em homens azoospérmicos com deleções completas nas regiões AZFa ou AZFb61. Grandes deleções envolvendo múltiplas regiões AZF geralmente apresentam fenótipos testiculares semelhantes àqueles com deleções restritas à região AZFa 58. 15 Havendo alteração no espermograma, o cromossomo Y assume importância central na fertilidade masculina e a pesquisa de microdeleções no seu braço longo deve ser incluída no protocolo básico de investigação do homem infértil, juntamente com o cariótipo convencional55,62. Com base nas informações moleculares sobre a estrutura genômica do cromossomo Y63, a contribuição da primeira pesquisa brasileira foi a seleção de um conjunto de seis marcadores estrategicamente localizados entre sequências de repetições específicas para compor um teste simples, capaz de identificar 95% das microdeleções descritas na literatura. 1.3 – Avaliação do fator masculino Na avaliação do fator masculino, torna-se relevante a anamnese, exame físico e exames complementares. Além dos exames complementares dosagens hormonais, imagens do genital e análise seminal são essenciais48. 1.3.1 – Análise seminal A análise seminal é geralmente o primeiro e o mais comum teste realizado na investigação da infertilidade masculina64, 65,. Este exame tem como base os parâmetros seminais estabelecidos pela OMS66. Apesar disso alguns autores defendem a ideia de que a análise do sêmen fornece informações prognósticas limitadas sobre a fertilidade67, 68,69. A análise ideal da fertilidade masculina deverá fornecer dados concretos a respeito da avaliação funcional do espermatozoide, assim como a concentração, motilidade e morfologia58. Os critérios de normalidade para avaliação seminal, de acordo com a OMS, baseiam-se na experiência clínica de muitos investigadores que estudaram populações de homens férteis saudáveis. Abaixo seguem os valores de referência de acordo com a OMS: 16 Tabela 1: Características do sêmen normal em humanos Parâmetros Valores de Referência Volume ≥ 1,5 mL pH > 7,2 Concentração ≥ 15 milhões/mL Motilidade ≥ 40% com motilidade A + B ou ≥ 32% exibindo progressão rápida (grau A) após 60 minutos da ejaculação Vitalidade ≥ 58% vivos Morfologia ≥ 4% normais Viscosidade < 3 (escala 0-4) Leucócitos < 1 x 106/ mL Aglutinação espermática < 2 (escala 0-3) (Fonte: OMS. 2010) O período de abstinência para realização da análise seminal deve ser entre dois a sete dias. Para uma avaliação mais fidedigna e real da espermatogênese, são recomendáveis no mínimo duas coletas de sêmen com intervalo de tempo entre as coletas de aproximadamente quinze dias. Se os resultados provenientes do espermograma diferirem muito entre si, uma nova análise seminal deverá ser realizada. Para otimizar os resultados, recomenda-se que a primeira análise seja básica e, de acordo com os resultados iniciais, solicitar exames complementares como testes de função espermática e processamento seminal prognóstico na segunda coleta. Por razões de padronização, e para que os resultados obtidos em locais diferentes sejam comparáveis, os testes seminais devem ser realizados de acordo com diretrizes. A concentração deve ser igual ou superior a 15 milhões. A vitalidade deve apresentar uma porcentagem de espermatozoides vivos de até 58%. A motilidade analisa 4 tipos de movimentos divididos em 4 grupos nomeados A, B, C e D. O Grupo A (progressão linear rápida) é considerado o melhor por ter a maior chance de fertilizar o óvulo. O Grupo B (progressão linear lenta) é também considerado bom e deve estar em uma proporção que somado ao tipo A, totalize 32% segundo parâmetros atuais. O grupo C (motilidade não progressiva) tem menor chance de fertilização, mas, ainda assim, pode fertilizar. São considerados “espermatozoides moveis totais” os somatórios dos grupos A, B e C, sendo que esta 17 proporção deve ser maior ou igual a 40%. O grupo D é totalmente imóvel e incapaz de fertilizar o óvulo. A morfologia espermática normal segundo a OMS é realizada pelo critério de Kruger (1986), definindo-se como morfologicamente normais os ejaculados que mostraram formas normais em maior ou igual a 4% dos espermatozoides analisados. Os espermatozoides com a cabeça de formato oval e com a parte intermediária e cauda perfeitas, são os que têm maior chance de fertilização. Quando um ou mais desses critérios apresentam alterações podemos ter: azoospermia – ausência completa de espermatozoides na ejaculação, após a centrifugação; oligozoospermia – corresponde a diminuição do número de espermatozoides. Pode ser discreta, moderada ou grave dependendo da proporção desta redução; astenozoospermia – é quando a motilidade dos espermatozoides está diminuída; teratozoospermia – são alterações do formato do espermatozóide66. 1.3.2 – Dosagem hormonal Recomenda-se avaliação endócrina do homem infértil quando houver concentração espermática <10 x 106 espermatozóides/mL, disfunção erétil, sinais e sintomas de hipoandrogenismo ou endocrinopatias relacionadas. A avaliação inicial deverá incluir níveis séricos de testosterona, hormônio folículo estimulante (FSH), prolactina (PRL), hormônio estimulante da tireoide (TSH), estradiol (E2), globulina de ligação dos esteroides hormonais (SHBG) e hormônio luteinizante (LH). Muito embora endocrinopatias sejam encontradas em 10% dos homens inférteis, comprometimento clinicamente significativos são encontrados em menos de 2% dos casos70. A dosagem de inibina B também deve ser considerada. 1.3.3 – Avaliação genética Nos indivíduos com alterações na concentração espermática ou com exame físico anormal, além do perfil hormonal, deve ser solicitada a pesquisa genética de cariótipo e de microdeleções do cromossomo Y71. 18 1.3.3.1 – Cariótipo de banda G O exame de cariótipo deve ser realizado em homens para diagnosticar alterações cromossômicas responsáveis pela infertilidade masculina. Até 25% dos pacientes com oligozoospermia grave ou azoospermia não obstrutiva podem ter alteração no cariótipo48. 1.3.3.2 – Microdeleção do cromossomo Y A pesquisa de microdeleções do cromossomo Y pode fornecer um diagnóstico preciso sobre a causa da infertilidade masculina 72. O teste molecular é realizado através da técnica PCR (reação em cadeia da polimerase) que consiste em extrair o DNA das células do sangue e colocar esse DNA em vários tubos plásticos contendo sondas e enzimas. Essas sondas são construídas sob medida, de modo que, quando misturadas ao DNA do homem, elas são capazes de identificar especificamente as regiões do cromossomo Y que se deseja estudar. As sondas devem ser escolhidas de forma a identificar ou não a presença das 3 regiões AZF no cromossomo Y72,73. 19 2 – JUSTIFICATIVA Devido à significância clínica e grande número de homens inférteis com alteração cromossômica numérica ou estrutural, mais especificamente de microdeleções do cromossomo Y, a definição da prevalência e das características dessas alterações na população masculina infertil é necessária. Com a relativa popularização das técnicas de reprodução assistida, muitos homens anteriormente tidos como “inférteis” passaram a ter a possibilidade de procriar com utilização destas técnicas, com destaque para a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI). Assim, a investigação mais ampla dos homens com oligozoospermia grave ou azoospermia não obstrutiva deve ser realizada, visto que alguns distúrbios genéticos implicam em alto risco de transmissão aos descendentes masculinos, tendo como consequências a transferência da infertilidade masculina e das anormalidades cromossômicas74. Este risco deve ser avaliado antes da tentativa de fertilização ser feita em homens azoospérmicos ou oligozoospérmicos. Em Mato Grosso não há estudos avaliando defeitos no cromossomo Y até o momento e os serviços de reprodução humana que usam técnicas de reprodução assistida de alta complexidade não realizam essa investigação como rotina. É justificável então a realização deste estudo na população mato-grossense com objetivo de verificar a dimensão desta condição nesta população. Espera-se assim prover intervenções adequadas aos pacientes, médicos e gestores de saúde no sentido de estabelecer diretrizes a serem observadas na assistência ao homem infertil. 20 3 - OBJETIVOS 3.1 – Objetivo Geral Estabelecer a prevalência de alterações cromossômicas e microdeleções do cromossomo Y em indivíduos com oligozoospermia acentuada ou azoospermia no estado de Mato Grosso. 3.2 – Objetivos Específicos 1. Estabelecer o cariótipo dos pacientes oligozoospérmicos e azoospérmicos em união infertil. 2. Estimar a freqüência do gene SRY, localizado no braço curo do cromossomo Y. 3. Identificar microdeleções na região AZF, através do marcador SY86 na região AZFa, do marcador SY134 na região AZFb e do marcador SY254 na região AZFc, localizadas no braço longo do cromossomo Y. 4. Examinar a relação entre os parâmetros seminais observados no espermograma com cariótipo e tipo de deleção. 21 4 – MATERIAL E MÉTODOS 4.1 - Tipo de Estudo Estudo descritivo, de corte transversal, incluindo indivíduos em união infértil com oligozoospermia acentuada ou azoospermia de causa não identificada, encaminhados a serviços de referência em Reprodução Humana no Estado de Mato Grosso. 4.2. – Tamanho da amostra Na determinação do tamanho da amostra, considerou-se o desenho do estudo, uma prevalência de microdeleções do cromossomo Y em 7% dos homens com oligozoospermia e azoospermia34,35, intervalo de confiança de 95% e imprecisão de 5%35, segundo a formula: N= (1,96)² x p.(1 – p)/є² onde p= prevalência de 0,07 e є² imprecisão de 0,0581. Após a resolução a quantidade estimada foi de 100 pacientes. 4.3 – Pacientes Os pacientes foram previamente triados por serviços de Reprodução Humana e Urologia do estado de Mato Grosso (Clínica Intro, Hospital Geral Universitário de Cuiabá – HGU e Hospital Universitário Júlio Muller – HUJM). Fez-se inicialmente revisão do histórico reprodutivo negativo e reavaliou-se o resultado do diagnóstico do espermograma. Todos os homens foram então submetidos à anamnese padronizada para a coleta das variáveis de interesse: idade, tempo de vida conjugal, ausência de prole, história familiar de esterilidade, resultado do espermograma e outros exames de investigação pertinentes a cada caso (apêndice 1 e 2). 4.4 – Critérios de inclusão Indivíduos em união infértil com oligozoospermia grave ou azoospermia, diagnosticados pelo espermograma. 22 4.5 – Critérios de exclusão Foram excluídos do estudo indivíduos com doenças adquiridas (orquite, doenças causadas por álcool ou outros tipos de drogas) e agenesia congênita bilateral dos ductos deferentes. 4.6 – Coleta de sangue Todos os indivíduos foram submetidos à coleta de 10 mL sangue periférico, por venopunção. As amostras colhidas foram fracionadas; 5 mL foram utilizados para o exame citogenético (cariótipo) e 5 mL foram submetidos à extração de DNA. Os estudos citogenético e molecular foram realizados no Laboratório da Unidade de Genética Médica e Biologia Molecular da UNIC/Hospital Geral Universitário (HGU). 4.7 – Avaliação e procedimentos iniciais Após seleção dos indivíduos elegíveis foi realizada entrevista padronizada com todos os participantes para obtenção do consentimento e coleta de dados clínicos. Os pacientes que concordaram em participar do estudo assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido antes de submeterem-se a realização da colheita de sangue. 4.8 - TÉCNICAS CITOGENÉTICAS 4.8.1 - Cultura de linfócitos As culturas de linfócitos periféricos foram realizadas a partir da técnica modificada de Moorhead et al (1960)74. Em cada frasco de cultura de 15 mL (Gibco, EUA) foram adicionados 5 mL de meio RPMI 1640 (Difco, EUA) enriquecido com 20% de soro fetal bovino (Gibco, EUA), 250 g/mL de fito-hemaglutinina P (Gibco, EUA) e 25-30 gotas de sangue total, previamente homogeneizado. Os frascos foram incubados em estufa a 37ºC por 72 horas. Toda a semeadura foi realizada em capela de fluxo laminar. Após cerca de 70 horas de incubação, os frascos foram retirados da estufa, adicionando-se a cada frasco 250 g/ml de colchicina (Sigma, 23 Brasil) na concentração final de 0,08 g/mL para promover a parada da divisão celular na metáfase. 4.8.2 - Preparação Citológica Após 40 minutos do tratamento com colchicina (Sigma, Brasil), o material foi submetido à centrifugação 12879xg a 8000 rpm durante 5 minutos. O sobrenadante foi desprezado e o sedimento ressuspendido em 5 mL de solução hipotônica de KCl 0,075 M (Merck - Brasil). Os frascos de cultura foram então incubados em estufa (FANEM M502) a 37ºC por 45 minutos. Após esta incubação, repetiu-se a centrifugação e o sobrenadante foi novamente desprezado. Adicionou-se 5 mL da solução fixadora (Metanol e Ácido Acético Glacial, 3:1 - Merck) ao sedimento. Este processo de fixação foi repetido por 3 vezes. Após a fixação, o material foi mantido em geladeira a 4ºC por pelo menos uma hora antes da preparação das lâminas. 4.8.3 - Método de Coloração - Bandeamento G As lâminas usadas para bandeamento foram preparadas pelo menos 5 dias antes da data da coloração. O bandeamento G foi realizado segundo técnica de Sanchez et al, 197375. Em síntese, as lâminas foram incubadas em tampão fosfato 0,06 M, pH 6,8 (Merck - Brasil), durante 1 minuto à 37ºC, lavadas em água deionizada e secas em temperatura ambiente. Colocou-se então uma camada de solução corante, preparada com corante Wright (Merck , Brasil) e tampão fosfato 0,06 M(Merck - Brasil), numa proporção de 3:1, aguardando-se 3 a 4 minutos. Após este procedimento as lâminas foram mantidas em temperatura ambiente ou em estufa a 37ºC. 4.8.4 – Análise Cromossômica Foram analisadas 15 metáfases, 5 por coloração convencional e 10 por banda G de cada indivíduo. No caso de mosaico, foram analisadas 50 metáfases, sendo 10 por coloração convencional e 40 por banda G. A cada metáfase foi realizada a contagem total de cromossomos e análise da estrutura do mesmo para a verificação da presença de anormalidades cromossômicas numéricas (trissomias, 24 monossomias, e triploidias) e estruturais (deleções, translocações, inserções, entre outras). Os resultados foram encaminhados ao médico do paciente para que tivessem livre acesso aos mesmos e fossem orientados. 4.8.5 – Documentação A documentação fotográfica das metáfases analisadas dos pacientes participantes do estudo foi realizada através do microscópio AXIOSTAR (ZEISS - Alemanha) auxiliado pelo software de captura de imagem CROMHU (Atonus - Brasil). 4.9 - ANÁLISE MOLECULAR 4.9.1 - Extração de DNA Amostras de sangue periférico foram coletadas por venopunção em tubos contendo EDTA 0,1% (volume final na concentração de 1mg/dL). A extração de DNA será realizada utilizando o método descrito por Lahiri e Nurnberg (1991) 76, com modificações. Para tanto, foram utilizados 5 mL de sangue periférico de cada indivíduo, após a coleta a amostra foi foi transferida para tubos falcon de 15 mL (Gibco® - EUA), identificados. Os tubos foram centrifugados por 8 minutos a 2236xg. Após a centrifugação o sobrenadante foi retirado e a membrana celular submetida à primeira etapa de lise, utilizando a solução 1xTM1, a partir da solução 10xTM1 100mM Tris-HCl (Invitrogen® - Brasil) 100mM KCl (Merck®- Alemanha), 100mM MgCl2 (Merck®- Alemanha), 20 mM EDTA (Merck®- Alemanha) diluída em Triton X-100 2,75% (USB Corporation Cleveland, EUA). O material foi centrifugado e após a retirada do sobrenadante o sedimento foi novamente lavado em 8,5 mL de 1xTM1. Esse procedimento (centrifugação, retirada do sobrenadante, lavagem e ressuspensão) foi repetido até que o precipitado de células estivesse isento de hemoglobina. Após centrifugação, o sobrenadante foi retirado e o sedimento ressuspendido em 1,6 mL de 1xTM2 (10 mM Tris HCl; 10 mM KCl; 10 mM MgCl 2; 2 mM EDTA; 0,4 N NaCl) para segunda etapa de lise. Adicionou-se 160 µL de dodecil sulfato de sódio (SDS) 10% ao sedimento, incubou-se a mistura em banho-maria à 56 C por 15 minutos. Em seguida, adicionou-se 480 µL de 5M NaCl e o material foi 25 centrifugado a 12879xg por 5 minutos. O sobrenadante foi transferido para tubo falcon 15 mL (Gibco®, EUA) contendo 10 mL de etanol absoluto gelado. Após esta etapa, o DNA foi retirado do tubo falcon com pipeta Pauster e transferido para microtubos de 0,5 mL, contendo em 200 L de TE (10mM Tris; 1mM EDTA pH 7,5) e armazenado em freezer -20°C, até seu uso para a amplificação gênica por reação em cadeia da polimerase (PCR). 4.9.2 – Quantificação do DNA Para a quantificação das amostras de DNA extraídas adicionou-se 5 L do material obtido a 1 L de tampão azul de bromofenol. Esta amostra foi submetida à eletroforese em gel de agarose 1% diluída em TAE 1x (Tris 0,089 M, Acetato 0,089 M, EDTA 0,01 M pH 7,5). Para essa técnica utilizou-se campo elétrico de 148 Volts por aproximadamente 1 hora. Em seguida, o gel foi corado em solução de brometo de etídio 0,5 g/mL por cerca de 10 minutos e visualizado sob luz ultravioleta. A quantificação do DNA foi feita por comparação padrões de pesos moleculares ʎ Hind lll (Invitrogen®, Brasil). 4.9.3 – Reação em cadeia de polimerase (PCR) Para verificar a ocorrência de microdeleção no cromossomo Y, utilizou-se quatro diferentes pares de oligonucleotídeos iniciadores sintetizados a partir de regiões ao redor do centrômero e braços curto e longo do cromossomo Y. A PCR usada para a amplificação do DNA e investigação dos marcadores SRY gene localizado no braço curto (Yp) com 472 pb, SY86 (seqüência localizada na região AZFa com 320 pb), SY134 (seqüência localizada na região AZFb com 301 pb), SY254 (seqüência localizada na região AZFc com 400 pb). (Figura 6 e Tabela 4). 26 Figura 6: Ideograma do cromossomo Y (Adaptado de Jobling et al, 2004). As setas indicam as regiões investigadas no presente trabalho. Tabela 2: Sequências dos STS (Sequence Tagged Sites – seqüência conhecida do DNA) SRY, SY86, SY134, SY254 usados nas análises de biologia molecular. Pares de base (pb) Primers Região STS SRY Yp do produto Seqüência 5’ - 3’ dos primers: amplificado forward/reverse 472 pb F 5’ – GAATATTCCCGCTCTCCGGA - 3’ R 5’ – GCTGGTGCTCCATTCTTGAG - 3’ SY86 AZFa 320 pb F 5’ – ACACACAGAGGGACAACCCT – 3’ R 5’ – GTGACACACAGACTATGCTTC – 3’ SY134 AZFb 301 pb F 5’ – GTCTGCCTCACCATAAAACG – 3’ R 5’ – ACCACTGCCAAAACTTTCAA – 3’ SY254 AZFc 400 pb F 5’ – GGGTGTTACCAGAAGGCAAA – 3’ R 5’ – GAACCGTATCTACCAAAGCAGC – 3’ A PCR foi realizada com volume final de 25 µL. Constitui-se de 50 µL de PCR Supermix com Taq Platinun (Invitrogen®, Brasil), 0,40 µL de cada seqüência iniciadora (concentração final de 0,2 µM) e 1 µL de DNA. Os ciclos de desnaturação, anelamento e extensão da PCR foram realizados em aparelho termociclador (Gene Amp PCR System 9600 – Perkin Elmer®). O processo de amplificação foi constituído de 35 ciclos com diferentes programas para cada par de 27 oligonucleotídeos iniciadores (Tabela 3). Para cada processo de amplificação utilizou-se, além das amostras de DNA dos pacientes em avaliação, amostras de DNA controles: indivíduo normal do sexo masculino (controle positivo), indivíduo normal do sexo feminino (controle negativo). Tabela 3: Descrição dos parâmetros usados nos ciclos de amplificação gênica da técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) Primers Temperatura/Tempo Temperatura/Tempo Temperatura/Tempo STS de desnaturação de anelamento de extensão SRY 94°C – 1 minuto 64°C – 1 minuto 72°C – 2:30 minutos SY86 72°C – 1 minuto 72°C – 10 minutos 4°C – 5 minutos SY134 94°C – 5 minutos 94°C – 1 minuto 56°C – 30 segundos SY254 72°C – 1 minuto 72°C – 10 minutos 4°C – 5 minutos 4.9.4 – Detecção do DNA amplificado A verificação da amplificação do DNA foi efetuada através de eletroforese em gel de agarose 1,0% corado com brometo de etídio. Está técnica foi realizada em Cuba Horizontal 20.25 Life Technologies (Gibco® - Brasil). Para o preparo do gel usou-se 3 g de agarose dissolvida em 300 mL de tampão Tris-Acetato-EDTA (TAE) 1X (Tris 0,089 M, Borato 0,089 M, EDTA 0,01 M pH 7,5). A mistura foi aquecida em forno microondas por aproximadamente 3 minutos ou até que a agarose estivesse totalmente dissolvida. Despejou-se a solução em cuba de eletroforese, contendo pentes com caneletas adequadas deixando em repouso de 20 minutos para total gelificação. Preparou-se tampão de migração usando 1000 mL de tampão TrisAcetato-EDTA (TAE) 1X, colocando-o em cuba de eletroforese, cobrindo totalmente o gel de agarose para a homogeneização da temperatura. Com uma micropipeta de 10-20 µL, adicionou-se uma mistura de 19 µL do produto de amplificação (amplicon) e 1 µL de tampão de corrida (azul de bromofenol 0,1%) em cada amostra. Utilizou-se um marcador de peso molecular, DNA Ladder 100 pb (Invitrogen®- Brasil) como padrão para análise das bandas. A migração ocorreu em voltagem de 98 V por aproximadamente 40 minutos. Após esse período o gel foi transferido para cuba contendo solução corante composta de brometo de etídio dissolvido em água destilada na concentração de 10 mg/mL e estocada em ambiente escuro por cerca 28 de 10 minutos. Após a revelação o gel foi transferido para um transluminador (Bio Rad®, USA). 4.9.5 – Documentação Verificou-se no transiluminador o aparecimento ou não das bandas indicativas de microdeleções. Foto foi obtida, sob luz ultravioleta através de Sistema de Captura de Imagens L-PIX-STR (Loccus Biotecnologia® – Brasil). 4.10 - Considerações Éticas O protocolo dessa pesquisa foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Cuiabá CEP/UNIC. Todos os participantes foram esclarecidos sobre os objetivos e procedimentos do presente estudo (punção venosa, entrevista e revisão de prontuários médicos) e sobre sua total liberdade para participar ou não sem prejuízo para sua assistência. Os participantes que concordaram em fazer parte do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido previamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIC. 4.11 – Análise Estatística A análise descritiva dos dados inclui as características gerais dos pacientes incluídos no estudo. Para os valores numéricos são descritos: média, erro padrão, desvio padrão, qui-quadrado com correção de Fischer e valores mínimos e máximos. Para os dados categóricos são descritas freqüência e prevalência de cada categoria estabelecida. Os bancos de dados foram primeiramente compilados no software Excel 2007 e posteriormente transferidos para os software estatístico SPSS. 29 5 - RESULTADOS De acordo com critérios de inclusão foram selecionados inicialmente para análise citogenética e biologia molecular 95 pacientes, entretanto houve exclusão de 01 paciente que por ter 13 anos de idade na época, não realizou análise seminal. 5.1 - ANÁLISE DESCRITIVA Da amostra de 94 pacientes, a idade média observada foi de 35,3 anos com desvio padrão de 7,2, a média do tempo de união entre os casados foi de 8,6 anos e 4,9 de desvio padrão e o tempo médio de exposição sem método contraceptivo foi de 5,7 anos com desvio padrão de 4,8 (Tabela 4). Tabela 4: Características gerais dos pacientes com união estável incluídos no estudo Erro Desvio N Mínimo Máximo Média Padrão Padrão Idade (anos) 92 19,0 64,0 35,3 0,7 7,2 Tempo de união do casal (anos) 92 1,00 23,00 8,6 Tempo de união do 91 1,00 23,00 5,7 casal sem anticoncepção (anos) *Um paciente não respondeu a data de nascimento durante o questionário. 0,5 4,9 0,5 4,8 Na tabela 5 pode-se observar a distribuição dos pacientes estudados segundo estado civil, escolaridade, renda familiar e raça. 30 Tabela 5: Características sócio-econômicas dos pacientes incluídos no estudo Freqüência % Estado Civil Casado 89/94 94,7 Separado 1/94 1,1 Solteiro 4/94 4,2 Escolaridade E.FI* E.FII** E.M*** E.S**** P.G***** 1/94 5/94 47/94 40/94 1/94 1,1 5,3 49,5 42,1 1,1 Raça Branca Negra Parda 45/94 8/94 41/94 47,4 8,4 43,2 Até 3 2/94 2,1 3-10 10-20 20-30 30 76/94 8/94 4/94 4/94 80,0 8,4 4,2 4,2 Renda familiar (salários mínimos) *Ensino fundamental l, **Ensino fundamental ll, ***Ensino médio, ****Ensino superior, *****Pós-graduação A tabela 6 apresenta os aspectos epidemiológicos dos pacientes envolvidos no estudo. 31 Tabela 6: Aspectos clinico-epidemiológicos dos pacientes incluídos no estudo Frequência % Doença genital Criptorquidia 1/94 1,1 DST 1/94 1,1 Prostatite 2/94 2,1 Varicocele 10/94 10,6 Varicocelectomia 8/94 8,5 Linfoma 2/94 2,1 Outra 3/94 3,2 Exposição ao calor intenso ou radiação 18/94 3,2 Caxumba na infância 49/94 52,1 Trauma na região genital 24/94 25,5 Doença autoimune 3/94 3,2 Infertilidade na família 17/94 18,1 Doença genética na família 14/94 14,7 Uso de cigarro (atual ou anterior) 32/94 34,0 Uso de drogas (atual ou anterior) 6/94 6,4 Uso de álcool (atual ou anterior) 61/94 64,9 Tratamento anterior para engravidar 13/94 13,8 A análise seminal dos pacientes com relação à concentração, motilidade, morfologia e vitalidade estão descritos na tabela 7. Tabela 7: Resultados da análise seminal básica dos pacientes incluídos no estudo segundo a OMS 2010 Parâmetro Concentração (x106 sptz / mL) Motilidade progressiva (% A+B) Morfologia de Kruger (% normais) Vitalidade (% sptz vivos) N 53 Erro Mínimo Máximo Média Mediana Padrão 1,0 68,0 8,6 7,0 1,4 39 2,0 85,0 38,0 35,0 3,5 27 1,0 11,0 5,0 5,0 0,4 31 46,0 88,0 57,3 53,0 2,0 Na tabela 8 são mostradas as proporções de indivíduos com oligozoospermia e azoospermia. 32 Tabela 8: Distribuição dos pacientes segundo o diagnóstico de oligozoospermia ou azoospermia Parâmetro Oligozoospermia leve (5-20 x 106 sptz/mL) Oligozoospermia grave (<5 x 106 sptz/mL) Azoospermia Freqüência (%) 38/94 50.4 25/94 26.6 31/94 33.0 Na avaliação genética das amostras, cinco (5,4%) apresentaram cariótipo alterado, microdeleção foi encontrada em apenas 1 paciente, com azoospermia (Tabela9). Tabela 9: Resultados das análises citogenética e biologia molecular Frequência (%) Cariótipo normal 46,XY 86/91 94.5 Cariótipo alterado 46,XY,delY(q) 1/91 1,1 46,XY,8p+ 1/91 1,1 46,XY,t(7;1) 47,XXY 1/91 2/91 1,1 2,2 AZFa 94/94 100,0 AZF AZFb AZFc 94/94 93/94 100,0 98,9 Microdeleção AZFc 1/94 1,1 Presença das regiões 5.2 - ANALISE BIVARIADA 5.2.1 – Associação entre os cariótipos dos pacientes e o grau de comprometimento no número de espermatozóide Nas culturas de 3 pacientes não houve crescimento celular, impedindo assim a realização do cariótipo; todos os três pertenciam ao grupo de pacientes oligozoospérmicos. Como não foi possível fazer uma nova coleta, os três foram excluídos da análise seminal. Dos 91 cariótipos analisados, 3 apresentaram alteração estrutural. Um deles com oligozoospermia grave tinha cariótipo 33 46,XY,8p+. Outro com cariótipo 46,XY,t(7;1)(qter-p35) era azoospérmico. O terceiro com cariótipo 46,XY,delY(q) tinha oligozoospermia leve. Em adição, outros dois pacientes azoospérmicos apresentaram cariótipo 47,XXY, compatível com a SK. Na tabela 10 observa-se a provável associação entre a alteração numérica dos espermatozóides com o cariótipo encontrado. Tabela 10 – Cariótipo (normal e alterado) dos pacientes de acordo com as características seminais referentes à concentração dos espermatozóides Sêmen Cariótipo Subtotal Normal Anormal Oligozoospermia leve 34 01 35 Oligozoospermia grave 24 01 25 Azoospermia 28 03 31 Total 86 05 91 Qui-quadrado=1,62 p=0,462 5.2.2 - Identificação do gene SRY, do marcador SY86 na região AZFa, do marcador SY134 na região AZFb e do marcador SY254 na região AZFc Microdeleção do cromossomo Y foi detectada apenas na região AZFc, em um paciente (1/94; 1,1%), com azoospermia e cariótipo normal (figura 7). P 1 M 2 F 3 4 P1 5 6 P2 7 8 P3 9 10 P4 11 12 P5 13 14 15 Figura 7 – Gel de eletroforese mostrando as análises das regiões AZFa, AZFb e AZFc.No “poço” 12 é possivel observar deleção da região AZFc. P: marcador usado como padrão, M2:controle positivo (homem normal)+SRY+Azfa+AZFc, M2: controle positivo+SRY+AZFb, F4:controle negativo (feminino)+SRY+AZFa+AZFc, F5:controle negativo+ ZRY+AZFb, P1 (6, 8,10,12,14): paciente+SRY+Azfa+AZFc, P2 (7,9,11,13,15): paciente+SRY+AZFb.P: paciente. Nota: foram feitas duas reações de multiplex para cada amostra. 34 No experimento foi detectado associação entre pacientes azoospermicos e microdeleção na região AZFc com p=0,524, não foi possível realizar teste estastístico de correlação com as variáveis AZFa e AZFb, já que todos os pacientes analisados não apresentaram microdeleção nessas regiões. 35 6 – DISCUSSÃO A infertilidade masculina é uma desordem multifatorial complexa que pode levar a diferentes graus de falha espermatogênica, sendo caracterizada pela impossibilidade do casal conceber após um ano de relações sexuais normais desprotegidas59. A idade do paciente e o tempo de infertilidade são considerados fatores importantes na tomada de decisões a respeito da conduta de investigação, tratamento e no prognóstico da infertilidade. No presente estudo, dos 94 participantes, a idade mínima foi de 19 anos e a máxima 64 anos, com média de 35,3 anos e, o período de união sem anticoncepcional apresentou uma média de 5,7 anos, dados que corroboram com os encontrados na literatura, o que é também explicado pelo fato de nos centros urbanos, a maternidade tem sido adiada em função principalmente da busca pela estabilidade profissional e financeira 77. A literatura mostra também que os casais desejam ter filhos unidos por um vínculo biológico, uma vez que, para estes a paternidade é a expressão de uma função biológica normal e de um relacionamento íntimo entre um homem e uma mulher, ela é vista como um critério necessário à realização pessoal78. Dos 94 pacientes incluídos nesse estudo, 89 eram casados, 1 separado e 4 eram solteiros, constataram a infertilidade em exames de rotina, já que não apresentavam nenhuma causa aparente e nem tinham casos de infertilidade na família. Quanto aos dados epidemiológicos, 49,5% dos participantes haviam concluído, no mínimo, o ensino de nível médio, e outra grande parte 42,1% tinham concluído o ensino superior o que leva a crer que esses pacientes possuíam conhecimento sobre a fisiologia do processo reprodutivo, bem como acesso à informação sobre diagnóstico e tratamento da infertilidade. Pela participação restrita de homens com menor escolaridade, presumivelmente de classes socioeconômicas mais baixas, constata-se a deficiência ao acesso às informações e aos serviços de infertilidade existentes. Observou-se também que a grande maioria dos casais que procuraram um serviço médico especializado, 80% tinham uma renda entre 3 a 10 salários mínimos e uma minoria 2,1% a renda era de até três salários mínimos. Os casais considerados de baixa renda apresentam maior dificuldade ainda, uma vez que nem o SUS nem os planos de saúde oferecem cobertura para o tratamento da 36 infertilidade, e assim, pacientes que não possuem condições econômicas favoráveis, quase sempre não têm acesso a um diagnostico e um possível tratamento. Quanto à raça não houve uma associação estatística entre esta variável e a presença de microdeleção do cromossomo Y, os resultados demonstraram que tanto indivíduos de raça branca e parda apresentaram uma prevalência da microdeleção equiparada (47,4% e 43,2%) respectivamente e 8,4% eram negros. Vários fatores relacionados com infertilidade masculina já foram descritos, e são divididos em fatores pré-testiculares, testiculares e pós-testiculares. Quanto aos fatores pré-testiculares podemos citar os hormonais, onde a função endócrina do testículo é regulada pelo eixo hipotálamo-hipofisário através da produção de hormônios liberador de gonadotrofinas para os testículos produzirem testosterona, inibina e espermatozóides27, 29. Entre as causas testiculares podemos destacar os distúrbios genéticos, distrofia miotônica, orquite, criptorquidia, obesidade, varicocele, uso de drogas como álcool e tabaco. No presente trabalho 52,1% dos pacientes inférteis relataram ter tido caxumba na infância. A orquite pós-caxumba no póspúbere destrói o epitélio germinativo e é reconhecida como causa de infertilidade. Aproximadamente 15 a 20% dos homens adultos que contraem caxumba podem desenvolver orquite normalmente unilateral, embora comprometimento bilateral ocorra em aproximadamente 10% dos homens afetados. Pode ocorrer desenvolvimento de atrofia testicular em 1 a 6 meses, ou mesmo depois de anos. Menos de um terço dos homens com orquite bilateral voltam a apresentar parâmetros seminais normais79. Agentes inalados, ingeridos ou injetados que alterem a produção dos espermatozóides são chamados de fatores gonadotóxicos e podem estar presentes na rotina por contaminação ambiental, prescritos como tratamento médico, envolvidos na atividade profissional ou utilizados como drogas ilícitas. São exemplos de agentes gonadotóxicos: pesticidas, sulfasalazina, nitrofurantoína, cimetidina, cafeína, nicotina, álcool, maconha, tabaco, anabolizantes, quimioterápicos, radioterapia e fontes de calor80. A prevalência do consumo de álcool no presente estudo foi de 64,9%. 37 Nos casos de infertilidade, para além das alterações clássicas na qualidade do esperma, o tabaco pode afetar a qualidade do esperma de outras formas, tais como: diminuir a capacidade do espermatozoide fertilizar o ovócito; aumentar a probabilidade de aborto espontâneo da gravidez antes das 12 semanas; diminuir a taxa de implantação do blastocisto, entre outras81. Neste estudo 34% dos pacientes faziam uso de cigarro, destes apenas um teve alteração citogenética com um cariótipo compatível para SK (47,XXY), e nenhum apresentou microdeleção do cromossomo Y, portanto não foi encontrado associação entre tabagismo e alterações cromossômicas no sangue periférico. Em 1981, foi realizado o primeiro estudo que demonstrou anormalidades espermáticas em homens fumantes 79. Este estudo demonstrou que os fumantes têm uma percentagem significativa de anormalidades da qualidade do esperma, demonstrando que estas alterações espermáticas são fruto da exposição ao tabaco e aos seus constituintes82. Muitos outros estudos subseqüentes83,84,85,86 obtiveram resultados idênticos demonstrando os vários efeitos adversos que o cigarro provoca na qualidade do esperma. Em outro estudo um grupo dinamarquês, realizou análise transversal com o maior grupo de homens saudáveis36. Estes autores verificaram que quanto maior a quantidade de cigarros fumados, menor era a qualidade do esperma87. Foram observadas diferenças entre os 20‐30% em algumas características da qualidade do esperma, tais como: concentração do esperma, volume de esperma, número total de espermatozoides, mobilidade e densidade espermática87. Neste estudo a oligozoospermia leve foi o diagnóstico que apresentou maior prevalência de 50,4%, a oligozoospermia grave a prevalência foi de 26,6 e 33% dos pacientes eram azoospermicos (dados apresentados na tabela 10). Também foi observado que as alterações citogenéticas foram mais frequentes à medida que a concentração espermática diminuía, uma vez que nos pacientes com oligozoospermia leve 2,9% apresentaram análise citogenética alterada, nos oligozoospermicos grave a frequência encontrada foi 4,2 e 10,7% nos azoospermicos, um achado compatível com os da literatura 34,35,36 . Atualmente muitos dos casos de infertilidade idiopática podem ter uma base genética. A maioria das pesquisas relacionadas à infertilidade genética masculina 38 tem foco na análise do cromossomo Y59. O primeiro dado, sobre a existência de fatores genéticos relacionados com a fertilidade masculina, foi relatado no ano de 1976, quando Tiepoli e Zuffardi, estudaram 1160 homens e detectaram a presença de deleções citogenéticas na região Yq em 6 deles (0,5%). Com isso, postularam a existência de um locus relacionado à espermatogênese localizado no Yq11 definido como fator azoospérmico (AZF)63. Em dois casos, demonstraram que os pais desses pacientes com deleção carregavam um cromossomo normal, indicando que essas mutações eram eventos de novo63. Até 1996, não foi possível realizar mais análises do cromossomo Y devido ao tamanho reduzido deste e ausência de tecnologia. A partir desta data, com os avanços das técnicas de biologia molecular, verificou-se que o braço longo do cromossomo Y possui diferentes genes responsáveis pela espermatogênese capazes de atuarem em diferentes estágios de desenvolvimento das células germinativas; e que falhas nessa região, chamada de azoospermia, podem levar a parâmetros seminais anormais. Portanto, apesar dos vários fatores etiológicos, sabe-se hoje que a pesquisa genética desempenha um papel importante na investigação da infertilidade masculina59,61. No presente estudo, dos 94 pacientes estudados, foram encontradas alterações cromossômicas em 5 (5,3%) pacientes e microdeleção do cromossomo Y, na região AZFc em 1 (1,1%). Estudos já relatam uma incidência de 13,5% microdeleção no cromossomo Y73, entretanto outras pesquisas relatam que a frequência das microdeleções varia entre 0,7%-34,5%, com média de 8,2%61. Dentre as anomalias cromossômicas sexuais a SK é a causa mais frequente de infertilidade e está associada com insuficiência espermatogênica grave, causando uma redução acentuada no tamanho dos testículos e azoospermia64. No presente estudo, encontrou-se 2 pacientes com cariótipo 47,XXY sendo ambos azoospermicos, uma incidência de 6,4%. Esses achados são compatíveis com outros estudos já publicados88,89. O mecanismo que pode levar a essa alteração cromossômica é a não-disjunção, que se dá pela falta de ocorrência de segregação entre os cromossomos durante alguma etapa da divisão celular, seja ela mitótica ou meiótica. A meiose é a divisão celular através da qual as células diplóides da linhagem germinativa dão origem a células haplóides que irão se diferenciar em 39 gametas. Esse processo envolve 2 etapas ( meiose I e meiose II) cada uma delas acompanhada de uma redução do número de cromossomos, totalizando 23 no final em cada gameta90. O primeiro passo é o pareamento de todos os cromossomos replicados homólogos, após, os pares de cromátides homólogas trocam material genético entre si (crossing-over). Os homólogos separam-se e s ão colocados em polos celulares opostos, a célula divide-se e está concluída a primeira meiose. Imediatamente após, um novo fuso é formado em cada célula e as cromátides irmãs de cada homólogo são separadas migrando posteriormente para polos opostos celulares. Para que essa separação cromossômica ocorra corretamente, existem mecanismos celulares que atuam no controle desse processo. No começo da meiose I ou II, um complexo especializado de proteínas em cada cromátide ativa o cinetócoro, que se liga aos microtúbulos e regulam a migração dos cromossomos dirigindo-os para os polos opostos do fuso. Nem todos os cinetócoros ligam-se aos microtúbulos ao mesmo tempo, e alguns homólogos podem começar a mover-se em direção ao mesmo polo do fuso. O ponto de checagem do fuso (spindle checkpoint) atrasa a anáfase no seu início até que o cinetócoro livre ligue-se ao microtúbulo e mova-se em direção ao polo oposto. Após a anáfase da meiose I, o processo ocorre normalmente com a segregação dos pares homólogos. Durante a meiose II, ocorrerá a separação das cromátides irmãs, então ambos os polos do fuso terão o mesmo número de cromossomos e depois da anáfase II todos os quatro gametas herdarão o cromossomo complementar correto100. Se o funcionamento do ponto de checagem estiver comprometido, a célula vai iniciar a anáfase e começar a segregação cromossômica antes que todos os homólogos pareados estejam devidamente conectados com ambos os polos do fuso, alguns gametas irão herdar duas cópias do cromossomo não segregado (trissomia do embrião) e outros não herdarão nenhuma cópia (monossomia do embrião)100. A SK é uma forma de falência testicular primária, com níveis de gonadotrofina elevados, gerados pela perda de inibição por feedback da glândula pituitária91,92,93. Os pacientes apresentam testículos pequenos usualmente incapazes de produzir espermatozoides ou quantidades insuficientes de testosterona, resultando em infertilidade94. Na sua forma clássica, azoospermia apresenta-se em 85% dos casos, mas ocorre em apenas 50% dos pacientes com mosaicismo, pois esses indivíduos possuem espermatogênese preservada em um dos testículos, havendo alguns 40 espermatozoides na ejaculação. A explicação para que isso ocorra considera a possibilidade de existirem células maduras preservadas nos túbulos testiculares, nos quais as células com o cariótipo 46,XY são prevalentes. Entretanto, a presença da espermatogênese pode ser considerada como um passo de transição na degeneração progressiva nos túbulos seminíferos que ocorre após a puberdade nos pacientes sindrômicos, em homologia aos casos clássicos92. No presente estudo foi observada uma translocação autossômica 46,XY,t(7;1)(p35→qter) em um paciente do grupo de azoospérmicos. De fato, esse tipo de anomalia tem sido relatado em homens inférteis com oligozoospermia grave ou azoospermia. A hipótese levantada para essa ocorrência é que translocações equilibradas interferem no emparelhamento de cromossomos normais e segregação na meiose l, levando à uma potencial formação de gametas desbalanceados e prole desequilibrada subsequente anormal43,56. Outra hipótese pressupõe que de potenciais genes autossômicos envolvidos na gametogênese masculina podem ser desregulados por breakpoints. A relação entre pontos de interrupção cromossômica e infertilidade masculina tem sido investigada. Verificou-se que há uma distribuição não-aleatória de pontos de interrupção associada à infertilidade 88, entretanto mais pesquisas nesta direção são necessárias. Estudos relatam que deleções no braço longo do cromossomo Y que envolvem um determinado e consistente segmento, podem levar à oligozoospermia grave e até azoospermia 73. Entre os pacientes com oligozoospermia leve, foi encontrado um com 46,XY,delY(q) foi detectado no grupo dos oligozoospérmicos leves, entretanto, esse paciente não apresentou microdeleção em nenhuma das três regiões analisadas e a hipótese provável para esse fato é que a região perdida do braço longo do cromossomo Y possa ser de heterocromatina. Além dos genes presentes no cromossomo Y, alguns genes localizados nos cromossomos autossomos são também importantes para a fertilidade masculina. Rearranjos intracromossômicos parecem envolver um único cromossomo. Estes incluem deleções intersticiais e terminais, duplicações, cromossomos marcadores, inversões e isocromossomos. Alguns rearranjos poderiam envolver um único cromossomo homólogo (troca de cromátides irmãs) enquanto que outros poderiam 41 envolver ambos os cromossomos homólogos (recombinação entre homólogos) 64. As duplicações, assim como as deleções, podem se originar por crossing desigual ou por segregação anormal da meiose em um portador de uma translocação ou inversão. Em geral, a duplicação parece ser menos prejudicial que a deleção. Como a duplicação em um gameta resulta em desequilíbrio cromossômico (trissomia parcial), as quebras cromossômicas podem romper genes, assim a duplicação em geral leva a alguma anomalia fenotípica. Embora muitas duplicações tenham sido relatadas, poucos tipos foram estudados até o momento. Entretanto, alguns fenótipos parecem estar associados a duplicações de determinadas regiões cromossômicas96,97. Espermatozoides sofrem alterações de maturação no epidídimo necessárias para a motilidade, capacitação e interação esperma-ovo. Proteínas específicas que afetam a maturação do espermatozoide são secretadas, muitas vezes de uma maneira dependente de testosterona, e codificadas pelo gene SPAG11. Através da técnica de Southern blot e análises de sequência genômica determinou-se que o gene SPAG11, que eles chamaram EP2 se localiza em uma região do braço curto do cromossomo Y98. Posteriormente demonstrou-se que esse gene codifica uma proteína importante para a aquisição de motilidade espermática e o início da maturação dos espermatozóides99. No presente estudo um paciente com oligozoospermia grave, apesar de não ter nenhuma região do cromossomo Y deletada, apresentou cariótipo 46,XY,(8p+). A pesquisa de microdeleções do cromossomo Y (regiões AZFa, AZFb e AZFC) realizada nos 94 homens inférteis revelou microdeleção apenas da região AZFc em um dos paciente, de acordo com os dados levantados o mesmo não teve caxumba, nunca sofreu algum tipo de acidente na região genital, não sofre de doença autoimune, nem faz uso de medicamentos, não fuma, bebe aos fins de semana, sem histórico familiar de infertilidade e apresentou cariótipo normal. Sabese que microdeleções envolvem mais frequentemente a região AZFc (60%), com menor frequência a região AZFb (16%) e raramente a região AZFa (5%). Grandes microdeleções envolvendo duas ou três regiões AZF são diagnosticadas em 14% dos casos. No entanto, nos 5% restante as microdeleções são localizadas em regiões não sobrepostas AZFa, b ou c52,53,61. Não existe correlação clara entre o 42 tamanho e a localização da deleção e o fenótipo dos testículos. Entretanto, sabe-se que deleções maiores estão associadas com dano testicular mais grave52,53,61. Esta dificuldade de associar o genótipo com o fenótipo pode originar-se do critério de seleção utilizado para os diferentes pacientes nos diversos estudos, habitualmente baseados somente em dados clínicos (infertilidade, história, concentração hormonal e volume testicular) e/ou em dados da análise seminal (normozoospérmico, oligozoospérmico ou azoospérmico) e/ou estrutura testicular (síndrome de células Sertoli, hipoespermatogênese, impedimento espermatogênico, formas obstrutivas)52. A correlação entre genótipo/fenótipo pode se tornar mais fidedigna através da seleção de pacientes, investigação clínica e histopatológica e definição precisa dos diferentes fenótipos. Estudos de grupos de homens de diferentes origens étnicas/geográficas são necessários para determinar se existe diferença populacional entre a frequência, posição ou extensão das deleções52,53,61. O primeiro gene candidato AZF foi isolado em 1993 de uma região que mostrou correspondência com AZFb. Dois anos depois, o segundo gene AZF candidato foi identificado na região AZFc. A estrutura do AZFa e os genes que ela possui foram descritos recentemente52,53,61. A região AZF possui três loci não sobrepostos, AZFa, AZFb, AZFc, necessários para a espermatogênese normal52. Deleção nas três regiões remove um ou mais desses genes (DAZ, RBMY, USP9Y e DBY) e causa severa testiculopatia levando à infertilidade masculina52,53,61. Deleções que ocorrem na AZFa resultam em síndrome de células de Sertoli tipo I (SCOS I) (nenhuma presença de espermatogônia), deleções na AZFb resultam em um impedimento espermatogênico (SGA) normalmente no estágio de espermatócitos e deleções na AZFc estão associadas a SCOS tipo II (algumas espermatogônias estão presentes com espermatogênese limitada) ou hipoespermatogênese 53. Não existe um tratamento correto para melhorar a fertilidade de homens com microdeleção do cromossomo Y. Entretanto, o conhecimento dessas microdeleções é útil por várias razões. Primeiro, a detecção de deleções no cromossomo Y fornece um diagnóstico para a infertilidade. Segundo, o diagnóstico de microdeleção do cromossomo Y permite ao médico renunciar a um tratamento empírico e direcionar o paciente a reprodução assistida ou à adoção em terceiro o conhecimento de microdeleções no cromossomo Y permite informar os casais que conceberam por reprodução assistida e aos que já têm um filho, a importância de uma investigação clinica sobre 43 infertilidade na idade apropriada, visto que filhos de homens com microdeleção do Y herdam esse cromossomo52. A baixa prevalência de microdeleção do cromossomo Y encontrada no presente trabalho poderia ser devido às características da população ou o limiar de concentração de espermatozoides incluído para análise microdeleção do cromossomo. Os critérios de inclusão foram menos rigorosos, já que todos os casos com concentração de espermatozoides menor que 15 × 106 espermatozoides/mL foram incluídos. No Estado de Mato Grosso não é relatado em literatura trabalho semelhante ao descrito, refletindo a necessidade de expansão de tal atividade e integração clínica-laboratorial, visto que até o momento os serviços de reprodução humana que usam técnicas de reprodução assistida não contam com a realização da pesquisa de microdeleção do cromossomo Y, apenas teste de cariótipo no sangue periférico. 44 7 – CONCLUSÃO O estudo citogenético e análise molecular de homens inférteis do Estado de mato Grosso permitiram as seguintes conclusões: 1 - A prevalência de alterações cromossômicas nos pacientes com oligozoospermia e azoospermia encontrada foi de 5,3% (n=5); 2 - Microdeleção do cromossomo Y foi detectada em 1,1% (n=1) dos pacientes; 3 – Dos 94 pacientes estudados, 34 tinha oligozoospermia leve, e destes 2,9% (n=1) apresentou cariótipo alterado; 24 eram oligozoospermicos grave e 4,2% (n=1) com alteração citogenética; dos 28 pacientes azoospermicos 10,7% (n=3) tinham cariótipo alterado; 4 – O gene SRY foi detectado em todos os pacientes analisados; 5 - Microdeleção do cromossomo Y foi encontrada na região AZFc em 1,1% (n=1) dos pacientes. Nas regiões AZFa e AZFb não foi encontrado microdeleção, e 6 - As alterações citogenéticas e microdeleção do cromossomo Y foram mais frequentes à medida que a concentração espermática diminuía, uma vez que nos pacientes com oligozoospermia leve 2,9% apresentaram análise citogenética alterada, nos oligozoospérmicos grave a frequência encontrada foi 4,2 e 10,7% nos azoospérmicos, microdeleção do cromossomo Y foi detectada somente em 1 homem com azoospermia. 45 8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. WHO. Infertility: a tabulation of available data on prevalence of primary and secondary infertility. Programme on Maternal and Child Health and Family Planning, Division of Family Health. World Health Organization, Geneva: 1991. 2. Niederberger CS, Meacham RB. Male infertility. Rev Urol. 2003;5(3):200-3. 3. Lunenfeld B, Van Steirteghem A, Bertarelli F. 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Organization of the Human Gene Encoding the Epididymis-Specific EP2 Protein Variants and Its Relationship to Defensin Genes1. Biol. Reprod.2001; 64(1):1072-79. 99. Zhou CX, Zhang Y-L, Xiao L, Zheng M, Leung KM, Chan MY, Lo, PS Tsang, LL Wong HY, Ho LS, Chung YW, Chan HC. An epididymis-specific β-defensin is important for the initiation of sperm. Biol Nature Cell. 2004;6(1):458-64. 100. Slude RG, Mccollum D: The ay meiosis science. 2000; 289(5477): 254-55. 56 9 – ANEXOS 57 10 – APÊNDICE 9.1 – Apêndice 1 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido PREVALÊNCIA DE MICRODELEÇÃO DO CROMOSSOMO Y NAS REGIÕES AZFa, AZFb e AZFc EM INDIVÍDUOS COM OLIGOZOOSPERMIA OU AZOOSPERMIA Gleice Cristina dos Santos Oliveira (UFMT/UNIC) Dr. Sebastião Freitas de Medeiros (UFMT) Dr. Marcial Francis Galera (UNIC) Com a relativa popularização das técnicas de reprodução assistida muitos homens “inférteis” passaram a ter a possibilidade de gerar filhos biológicos com utilização de técnicas como a injeção intracitoplasmática de espermatozóides (ICSI). Contudo, ao ultrapassar este bloqueio natural, se a causa da infertilidade for ordem genética, esses indivíduos podem transmitir aos seus descendentes masculinos o mesmo tipo de infertilidade. O presente estudo tem por objetivo a investigação do cromossomo Y em pacientes com oligozoospermia ou azoospermia através de técnicas de Biologia Molecular. Para a realização das técnicas serão coletados 10 mL de sangue periférico. Não é necessário jejum. Os desconfortos decorrentes da punção podem ser: dor e vermelhidão local, considerados sem complicações na clínica diária. Os resultados obtidos poderão ser consultados por você a qualquer momento. Em qualquer etapa do estudo, os profissionais responsáveis estarão à sua disposição para o esclarecimento de eventuais dúvidas. Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que foram lidas para mim, descrevendo o estudo. Ficaram claros também quais os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus riscos, as garantias de confiabilidade e de esclarecimentos permanentes. Entendo que terei garantia de confiabilidade, ou seja, que apenas dados consolidados serão divulgados e ninguém além dos pesquisadores terá acesso aos nomes dos pacientes desta pesquisa e que tenho direito a receber informações adicionais sobre o estudo a qualquer momento, mantendo contato com o pesquisador principal. Eu _______________________________________________________, fui informado dos motivos do estudo, procedimentos que serão realizados, riscos e benefícios da pesquisa. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidade ou prejuízo. Compreendo tudo o que me foi explicado sobre o estudo a que se refere este documento e concordo em participar do mesmo. _______________________________________ Assinatura do Participante _______________________________________ Assinatura do Pesquisador Principal Em caso de necessidade, contate a pesquisadora Gleice Cristina Santos Oliveira pelos telefones (65) 3363-7086 ou 9983-0381 ou na Unidade de Genética Médica e Biologia Molecular do Hospital Geral, situado à Rua 13 de Junho, nº 2101 Centro. CEP: 78016-000 Cuiabá, ______ de _______________________ de 20____. 58 10.2 – Apêndice 2 – Questionário UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE CIÊNCIAS MEDICA MESTRADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE UNIDADE DE GENÉTICA MÉDICA E BIOLOGIA MOLECULAR UNIC/HGU PROJETO: ESTUDO DA PREVALÊNCIA DE MICRODELEÇÃO DO CROMOSSOMO Y NAS REGIÕES AZFa, AZFb e AZFc EM INDIVÍDUOS COM OLIGOZOOSPERMIA OU AZOOSPERMIA Registro: _______________ Data:__________________ Nome:_____________________________________________________________ Endereço:__________________________________________________________ Telefone de contato:__________________________ e-mail:__________________ Data de nascimento:____________ Naturalidade:__________________________ Profissão:__________________________________________________________ CPF:____________________________ RG:________________ UF:__________ Nome do seu médico(a): ___________________Telefone:___________________ Espermograma:_________________ Resultado:___________________________ Local de realização do exame:__________________________________________ 1- Serviço de procedência: (1) HGU (2) HUJM (3) outros:__________________ 2- Estado civil: (1) solteiro (2) casado (3) viúvo (4) separado (5) outros ____ 3- Raça: (1) branco (2) negro (3) pardo (4) outros 4- Escolaridade: (1) Analfabeto (2) Alfabetizado (3) Ensino Fundamental(1ª a 4ª série) (4) Ensino Fundamental(5ª a 8ª série) ____ (5) Ensino médio(2ª grau) incompleto (6) Ensino médio(2ª grau) completo (7) Ensino Superior incompleto (8) Ensino Superior completo 5- Qual a faixa de renda mensal das pessoas que moram em sua casa?____ (1) Até 3 salários-mínimos (2) De 3 a 10 salários-mínimos (3) De 10 a 20 salários-mínimos (4) De 20 a 30 salários-mínimos (5) mais de 30 salários-mínimos FATORES DE RISCO 6- Tempo que o casal tem de união? __________________________________________________________________________________________ 7- Tempo de união sem anticoncepção? __________________________________________________________________________________________ 8- Quando foi a primeira vez que procurou auxílio médico após a suspeita de infertilidade? (1) Logo após o casamento (2) Após varias tentativas para ter filhos (3) Na infância (4) Na adolescência (5) Na idade adulta 9- Já foi submetido a algum tratamento para ter filho? (1) Sim (2) Não (3) Qual: ____________________________________ 10- Na sua atividade profissional você fica ou já ficou exposto ao calor excessivo ou a algum tipo de radiação? (1) Sim Qual: _______________________________________ (2) Não 59 11- Já teve caxumba quando era criança? (1) Sim (2) Não 12- Já sofreu acidente ou teve algum trauma na região genital? (1) Sim Quando? _______________________ (2) Não 13- Teve algum tipo de doença reumática? (1) Sim (2) Não Caso resposta positiva, relate qual o tratamento realizado, quais os medicamentos usados e por quanto tempo;_____________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 14- Faz uso de algum medicamento? (1) Sim Qual/is: ____________________________________________ (2) Não 15- Em sua família tem alguém com história de esterilidade? (1) sim Qual o grau de parentesco? ____________________________ (2) não 16- Tem na família indivíduos com alguma doença genética? (1) Sim Qual? _____________________________________________ Qual o grau de parentesco? ____________________________ (2) Não 17- Faz uso de cigarro? (1) Sim Quantos cigarro consome por dia? _______________________ Quanto tempo faz que fuma? ___________________________ (2) Não (3) Já fez uso. Mas parou desde _______________________________________ 18- Usa algum tipo de droga ilícita? (1) Sim Qual? ______________________________________________ Usa há quanto tempo? _________________________________ Faz uso com que freqüência? ___________________________ (2) Não (3) Já fez uso Qual substância? _____________________________________ Parou há quanto tempo?________________________________ 19- Faz uso de bebida alcoólica? (1) Sim Qual a freqüência?________________ ____________________ (2) Não 20- Já fez exame genético para a pesquisa de infertilidade? (1) sim Qual? ______________________________________________ (2) não (3) Resultado: ______________________________________________________