FACULDADE 7 DE SETEMBRO - FA7 CURSO GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO EM PUBLICIDADE DIET, LIGHT, ZERO: O MENOS QUE VALE MAIS JULIANA ALEXANDRE LIMA FORTALEZA – 2010 JULIANA ALEXANDRE LIMA DIET, LIGHT, ZERO: O MENOS QUE VALE MAIS Monografia apresentada à Faculdade 7 de Setembro como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social – Habilitação Publicidade. Orientador: Prof. Leonardo Macêdo de Paiva. FORTALEZA – 2010 2 DIET, LIGHT, ZERO: O MENOS QUE VALE MAIS Monografia apresentada à Faculdade 7 de Setembro como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social – Habilitação Publicidade. __________________________ Juliana Alexandre Lima Monografia aprovada em: ______ / ______ / ______ ___________________________________ Prof. Leonardo Macêdo de Paiva, Ms (FA7) 1º Examinador: _______________________________ Prof. Erick Picanço Dias, Esp. (FA7) 2º Examinador: ________________________________ Profa. Leonilia Gabriela Bandeira de Souza, Ms. (FA7) _________________________________________ Profa. Juliana Lotif Araújo, MSc. (FA7) Coordenadora do Curso 3 Dedicatória A minha mãe, que é o orgulho e exemplo da minha vida. AGRADECIMENTOS 4 A Deus. Ao meu marido que amo tanto, pela dedicação e amor recebido, pela compreensão, companheirismo e apoio. Aos meus pais que sempre me proporcionaram bons estudos e estão sempre ao meu lado me apoiando em todos os momentos. E a minha mãe por estar sempre comigo, me ajudando e orientando meus passos. Ao meu irmão por me ajudar. Ao meu orientador pela grande paciência e dedicação no desenvolvimento do trabalho de conclusão de curso. 5 RESUMO Fatores como sustentabilidade, qualidade de vida e bem-estar são hoje determinantes e condicionantes do comportamento de compra do consumidor. Pesquisas são amplamente desenvolvidas de modo a conhecer e antecipar necessidades e expectativas dos consumidores, influenciando o planejamento das estratégias de marketing e segmentação para o lançamento e comunicação de novos produtos. Preocupados com a aparência e a saúde, o consumidor atual muda constantemente seus hábitos alimentares influenciados pela propaganda, no sentido de consumir produtos com redução ou isenção de açúcares, gorduras, calorias, sódio, dentre outras substancias ditas prejudiciais. Giglio e Kotler como dois marcos representativos no estudo do comportamento do consumidor e marketing respectivamente, embasam teoricamente nossos estudos ao apresentarmos o caso bem sucedido da The Coca-Cola Company na pesquisa e desenvolvimento da Coca-Cola Zero, antecipando-se da concorrência e conquistando lugar de destaque no mercado de bebidas não carbonatadas. Conhecer e analisar situações como esta, destaca a importância da pesquisa e desenvolvimento a criação de estratégias de comunicação e marketing. Palavras-chave: consumidor, sustentabilidade, qualidade de vida, estratégias de segmentação, refrigerante. 6 SUMÁRIO Dedicatória.............................................................................................................................4 Agradecimentos .....................................................................................................................4 Resumo ..................................................................................................................................6 Sumário..................................................................................................................................7 Lista de figuras.......................................................................................................................8 Introdução..............................................................................................................................9 1 CONSUMIDOR................................................................................................................11 1.1 Comportamento do Consumidor .................................................................................12 1.1.1 O crescimento da classe C....................................................................................19 1.1.2 Consumidor e a Qualidade de Vida ......................................................................22 1.1.2.1 Consumidor e a Sustentabilidade.......................................................................24 1.1.2.2 Consumidor Saudável .......................................................................................26 2 ESTRATÉGIAS DE MARKETING..................................................................................29 2.1 Estratégias para o Consumidor....................................................................................34 2.1.1 Estratégias para classe C ......................................................................................34 2.1.2 Estratégias de Qualidade de Vida .........................................................................36 2.1.2.1 Estratégia de Sustentabilidade ...........................................................................36 2.1.2.1 Estratégia do Consumidor Saudável ..................................................................39 2.2 Estratégias de Marketing para Segmentação de Mercado ............................................44 2.2.1 Posicionamento Competitivo ...............................................................................44 2.2.2 Segmentação de Mercado.....................................................................................46 2.2.3 Marketing de Nicho .............................................................................................47 3 CONSUMIDOR ZERO.....................................................................................................50 3.1 Surgimento de Produtos Diet e Light ..........................................................................50 3.1.1 A diferença entre Diet, Light e Zero.....................................................................51 3.1.2 Consumidor Light, Diet e Zero ............................................................................51 3.2 Estudo de Caso do Refrigerante Zero..........................................................................54 3.2.1 Refrigerante ........................................................................................................54 3.2.2 Refrigerante Zero................................................................................................55 3.2.3 Coca-Cola Zero....................................................................................................57 considerações finais .............................................................................................................60 referência bibliográfica.........................................................................................................63 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1: processo de compra ...............................................................................................14 Figura 2: Supremacia da Classe C. Fonte – Revista Época, publicação em agosto de 2008. ..22 Figura 3: O papel do Marketing na liderança do gerenciamento estratégico. Fonte – Estratégia de Marketing e Posicionamento Competitivo, 2001. .............................................................32 8 INTRODUÇÃO A velocidade com que as transformações geradas pelo desenvolvimento tecnológico e pela economia nos comportamentos e hábitos de compra dos consumidores, no que diz respeito à alimentação, faz com que as empresas necessitem constantemente investir em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, para conhecer melhor esses consumidores e adequar suas vendas e produtos às necessidades de seus públicos. Do ponto de vista de Giglio, entender e conhecer o comportamento do consumidor ajuda na otimização dos investimentos, proporcionando maior retorno e lucrabilidade. Nosso primeiro capítulo se dedica a conhecer melhor as teorias de Freud, Skinner e Adler que estudam esses comportamentos de modo a compreender o que influencia o consumidor no seu processo de compra e como este reage em relação as suas necessidades e expectativas. Restringimos-nos a aprofundar nosso conhecimento no mercado consumidor da classe C, que são hoje, devido às mudanças econômicas os mais novos targets1. Outra preocupação atual e que tem gerado muita transformação tanto no mercado como também na operacionalização das empresas, diz respeito às tendências de qualidade de vida e bem-estar social, bem como a sustentabilidade. Após conhecer sobre o consumidor, no segundo capítulo, foram abordadas a relevância das estratégias de marketing, para atender as segmentações de mercado que estão sempre surgindo. Através dessas estratégias analisamos o marketing de nicho na perspectiva de Kotler, que torna-se a tática de venda direcionada na segmentação de produtos de determinados grupos específicos, como acontece com os consumidores da nova classe média e os consumidores que estão constantemente buscando uma melhor qualidade de vida e bemestar através de produtos desenvolvidos ou aperfeiçoados para eles. No terceiro capítulo estudamos um case de sucesso da The Coca-Cola Company, de forma a identificar quais estratégias foram utilizadas para trabalhar com seu público-alvo, antecipando-se da concorrência e conquistando lugar de destaque no mercado. Essa empresa ao reconhecer as exigências do mercado e as atuais necessidades de seus consumidores, que buscam uma alimentação saudável e balanceada, onde os produtos contenham uma maior redução ou isenção total de gorduras, açúcares e calorias. Com posse dessas informações a Coca-Cola lançou um produto que supriu às necessidades desses consumidores, que foi o 1 Público-alvo. 9 produto zero, lançado em 2005 ocasionando a extinção do refrigerante diet e redução da fabricação do light com tendências a extinção também. 10 1 CONSUMIDOR Ao estudar o consumidor deve-se ter a certeza de que cada pessoa é única, já que o pressuposto mais forte do ser humano é diferenciar-se na capacidade de raciocínio, solução lógica de problemas e a flexibilidade na busca da diversidade para encontrar soluções para situações vivenciadas. Mesmo com tantas diversidades existentes entre as pessoas há similaridades, como por exemplo, as necessidades biológicas; outra semelhança é a busca de produtos que satisfaçam seus desejos e necessidades atuais. Atualmente as pessoas estão modificando seus hábitos alimentares, pois desejam prolongar sua expectativa de vida com qualidade e saúde, para isso é preciso consumir produtos saudáveis, logo o consumo e a busca por produtos, light, diet ou zero está crescendo. O poder do consumidor é importantíssimo para a economia de um país, pois suas decisões afetam a indústria, transporte, produção da matéria-prima, serviços bancários, pode aumentar ou diminuir o quadro de funcionários de uma empresa, o sucesso e fracasso de uma indústria dentre outros. Com o avanço da tecnologia, globalização e rapidez da informação, as sociedades estão constantemente sendo bombardeadas com o surgimento de novos produtos e serviços que acabam sendo impostos e necessários para o dia-a-dia da grande maioria. Novas fórmulas, pesquisas, marcas e produtos que com a ajuda do marketing e da propaganda, aguçam o desejo desses consumidores que buscam pela satisfação e perfeição do “eu”. No século XX as empresas assumiam que os consumidores eram os passivos receptores das suas decisões, julgamentos e produtos, um modelo fácil de operar, pois os mercados eram vendedores e autoritários (Valentine e Gordon, 2000, apud Kotler, 2006). Os tempos mudaram, as exigências aumentaram e com isso as indústrias estão investindo muito alto para atender com maior qualidade e variedade seus clientes, realizando pesquisas e inovações para se aproximar de seu consumidor final e fabricar novos produtos para satisfazêlos e criar necessidades ainda não exigidas. Para isso acontecer e as empresas conseguirem atender e satisfazer as necessidades dos clientes, é preciso realizar um estudo aprofundado sobre esse consumidor, abordando o que compram, porque compram, quando compram, onde compram, com que freqüência compram e com que freqüência usam o que compram, etc. Agindo assim, consegue-se determinar o público-alvo de cada segmento e o consumidor facilita o desenvolvimento e criação de mercadorias, já que se sabe realmente o que busca. “A chave para a sobrevivência de qualquer empresa, lucratividade e crescimento em um ambiente de marketing altamente competitivo é a sua habilidade de identificar e satisfazer necessidades do consumidor melhor e antes do que a concorrência.” (Schiffman, 2000:59) As organizações do século XXI direcionam suas atenções e investimentos para os consumidores, pois, é através do conhecimento sobre eles que será possível conquistar espaço no mercado, e estar a frente da concorrência. 1.1 Comportamento do Consumidor O comportamento humano constitui um conjunto de temas que fundamentam as variadas teorias sobre o comportamento do consumidor. Ter o comportamento racional e ditado pela razão, ou ser emocional e movido por afetos conscientes / inconscientes, ou ser social e movido pelas regras do grupo, ou ser dialético e movido por oposições, são pressupostos que fundamentam as teorias racionais, motivacionais e comportamentais relacionadas ao comportamento do consumidor. A origem da teoria racional é ligada a teoria da consciência do século XIX, ao afirmar que o traço distintivo da pessoa é a capacidade de consciência e raciocínio, baseada em significados particulares (Giglio, 2005). A Economia está totalmente relacionada à teoria racional, pois uma decisão de compra é tomada de acordo com a condição e recursos financeiros para obtê-los. A renda de uma família é o fator direto para o consumo de determinadas categorias de produtos, à medida que a renda aumenta crescem as condições de consumo e iniciam-se as compra de supérfluos. As técnicas dessa teoria estão voltadas ao consumidor organizacional, já que a compra é um processo que envolve passos e funções delimitadas, ou seja, comprar o estritamente necessário pelo menor preço, melhor qualidade e melhor condição. De acordo com Giglio (2005) o homem tem infinitos desejos, mas limitadas possibilidades de satisfazê-los, por isso tem que escolher produtos / serviços que lhe dêem o máximo de satisfação. Apesar do embasamento de informações e ampla aceitação das teorias racionais, há questionamentos sobre ela. A teoria de motivação de Freud2, do inconsciente de Jung3, do 2 Para uma visão introdutória dos pressupostos de Freud, tem os textos Cinco Lições de Psicanálise, encontrado no v. XI das Obras Completas, e Esboço psicanálise, encontrado no v. XXIII das obras completas. 12 poder de Adler4 e outros autores do início do século XX são contrários a essa teoria de consciência. Pois, eles se questionam se o consumidor sabe o que quer e se quando eles compram ou consome algo se têm consciência do ato, da influência e de suas necessidades. Para Freud5 as pessoas não conhecem seus verdadeiros desejos. Como algumas idéias são prejudiciais a saúde e a vida do sujeito, elas são reprimidas no inconsciente, logo a verdadeira fonte de desejos e motor do comportamento está no inconsciente, com isso a razão e consciência passam para segundo plano. Como a teoria de Freud surgiu pela associação livre6 e a partir daí ele criou seu conceito mais importante: o inconsciente e o mecanismo de repressão, o consumo seria explicado como uma das formas de satisfação dos desejos inconscientes (Giglio, 2005). Pode-se exemplificar isso através do processo de compra de um carro. Um automóvel nada mais é que um meio de transporte, porém, a mensagem de venda não é transmitida para o consumidor dessa maneira. A propaganda propõe que determinada pessoa ao adquirir o carro anunciado terá uma bela companhia, ou seja, o carro torna a pessoa mais atraente. Claro que ninguém fica mais bonito ao comprar um automóvel, mas o desejo do consumidor de tornar-se bonito faz com que ele compre o produto, pois a beleza do produto será de certa forma transferida pra ele. Enquanto para Freud o comportamento de consumo pode ser explicado por desejos inconscientes, para Maslow7 a teoria motivacional do consumo é baseada em cinco planos básicos da vida: satisfazer necessidades fisiológicas (são as necessidades básicas para sobrevivência como fome, sede e sono), de segurança física (ter roupa e casa, dinheiro e benefícios para sua vida), de afeto (necessidade de ser amado e reconhecido por outras pessoas, está incluso as necessidades eróticas e sexuais) de relacionamento ( necessidade de status e reconhecimento dos outros pelo seu valor) e de auto-realização (é o nível mais elevado, em que o indivíduo procura desenvolver suas potencialidades e autoconhecimento). Para Maslow8 esses planos básicos são independentes um do outro, ou seja, varia de pessoa para pessoa a importância e prioridade de cada plano. Já a teoria comportamental, busca, experimentalmente, modelar o comportamento da pessoa. Nela, os objetos de estudo são apenas os observáveis, eliminando, portanto, as 3 Informações retiradas do livro Comportamento do Consumidor (Giglio 2005, capítulo 2). Informações retiradas do livro Comportamento do Consumidor (Gilgio, 2005). 5 Para uma visão introdutória dos pressupostos de Freud, tem os textos Cinco Lições de Psicanálise, encontrado no v. XI das Obras Completas, e Esboço psicanálise, encontrado no v. XXIII das obras completas. 6 Técnica que consiste em pedir ao paciente para dizer tudo o que lhe vier à cabeça, sem nenhuma censura ou preocupação com a lógica. 7 Abraham Maslow foi um psicólogo americano conhecida pela hierarquia das necessidades. 8 Para mais informações sobre a teoria de Maslow, consultar Giglio 2005. 4 13 emoções, os afetos e qualquer noção de inconsciente. Essa teoria é defendida por Skinner9 através de sua teoria de condicionamento, que explica a diferença de estímulos apresentados antes e depois da compra (Giglio, 2005). O estímulo apresentado antes da compra é o estímulo eliciador do comportamento – o que pretende levar a pessoa a comprar. O estímulo apresentado depois da compra é o condicionante de comportamento – estímulo que pretende fazer com que a pessoa continue comprando ou aumentar a frequência do campo. O estímulo eliciador está relacionado a uma promessa; seja ela um brinde, presente ou prêmios que a pessoa vai receber e o estímulo condicionante é o cumprimento dessa promessa ao cliente. A partir de informações obtidas pela teoria de condicionamento de Skinner, a figura 1 para ilustra a ordem do processo de compra e facilita o entendimento do processo de consumo que está totalmente ligado ao estímulo eliciador e estímulo condicionante ou reforçador. Figura 1: processo de compra Para Skiner10 o comportamento do consumidor pode e deve ser incrementado, isto é, sua frequência pode ser aumentada se for sucedido de uma recompensa importante para o sujeito. Pode-se citar como exemplo o caso de uma mãe que dá um doce ao filho por ele ter comido todo o prato do almoço; o trato feito antes do almoço (a promessa) é o estímulo eliciador, que pretende fazer que o comportamento (comer todo o almoço) ocorra. O doce é o estímulo condicionante que vem imediatamente após o comportamento, reforçando-o. Logo, quando é dito que o estímulo é condicionante, significa que existe a possibilidade de a pessoa continuar comprando ou aumentar a frequência da compra. Se a criança gosta de doce, essa atitude pode ser renovada ou modificada em troca de obter o que se deseja da criança, não se pode esquecer que para ter um maior sucesso no estímulo reforçador é necessário que esteja sendo modificada a promessa, para assim sempre atrair o mesmo público. Portanto, toda promessa de algum benefício segue a mesma estrutura do estímulo eliciador e do estímulo reforçador. 9 Burrhus Frederic Skinner é psicólogo e tem como base de seu trabalho a compreensão do comportamento humano através do comportamento operante. 10 Teoria comportamental sobre o consumo, mais informações sobre os fundamentos da teoria de Skinner consultar Giglio capítulo 2. 14 O estímulo reforçador muda não só em questão de tempo, como de categoria e de importância. O profissional de marketing deve acompanhar e pesquisar a liberdade das pessoas sem alterar a importância dada ao presente. Para Skinner defensor da teoria comportamental11 o comportamento do consumidor está relacionado com a história social e cultural da pessoa, podendo ser explicado pelas variáveis externas. Desde que nascemos estamos rodeados de estímulos externos que influenciam o poder de decisão e compra do consumidor, já que o meio em que se vive (amigos, família, trabalho) é um fator importante para persuadir e levar a pessoa a adquirir determinado produto. O consumo é influenciado por um processo de socialização, na qual os mais jovens adquirem habilidades, conhecimentos e atitudes relevantes para sua atuação como consumidores no mercado. Nessa teoria12 o consumo pode ser explicado como resultado de estímulos operantes que funcionaram, ou seja, uma cadeia de estímulos eliciadores que levaram ao consumo e uma cadeia de estímulos operantes (resultado) que mantiveram o comportamento. Por exemplo, a visão de ter emagrecidos alguns quilos é o estímulo operante13 para continuar a consumir produtos dietéticos. A teoria comportamental tem apoio nos fatos e no embasamento lógico, isso falta na teoria de motivação de Freud (Giglio, 2005). O marketing de uma empresa utiliza bastante os métodos de condicionamento para atrair o seu público, e provocar estímulos eliciadores e operantes no roteiro de hábitos14 das pessoas. De acordo com Giglio (2005), o processo de consumo inicia-se com as experiências da vida, que originam expectativas em torno de eixos centrais, que são as ideias e emoções, o corpo, as relações sociais, a natureza e os objetos e a passagem do tempo. Essas experiências não são a consciência de tudo que acontece com a pessoa, mas, uma seleção do modo de viver atual dela. Pode-se citar como exemplo uma mulher quando fica grávida, as atenções e interesses naquele determinado momento de sua vida são direcionados a gestação. 11 Informações disponíveis no livro de Gíglio, capítulo item 2.3. Skinner estimulou uma série de pesquisas para tratamento de doenças psquiátricas e psicológicas, entre as quais o alcoolismo. Em um artigo intitulado O Bar de Coral Gables, explicou como se aplicava a teoria do condicionamento. Esse artigo está inserido no livro de Giglio 2005, como um exemplo de condicionamento operante no item 2.3.3. 13 As pesquisas de Skinner mostram que o castigo é mais eficientes que a recompensa na modelagem dos comportamenos. 14 O hábito não é obrigatoriamente o resultado de um condicionamento, é relacionado a fidelidade em comprar o mesmo produto e a mesma marca. Mas, o hábito do consumidor pode ser influenciado na compra dos produtos. 12 15 O processo de compra não acontece apenas quando o consumidor entra na loja, já que a compra é o resultado de um projeto em andamento (Giglio, 1995). As escolhas remontam às expectativas mais básicas da existência humana, que nascem das experiências de vida, na busca de ordem, necessidades, superação e prazer. É Através dessas experiências que o sujeito sinaliza o tipo de vida que ele espera no futuro. Segundo Giglio (2005)15 a palavra necessidade está associada a três sentidos que pouco auxiliam na compreensão do comportamento. O primeiro desses sentidos é que a palavra necessidade tem o sentido de algo que não pode ser modificado, tal como aparece nos princípios da teoria de Maslow. O segundo sentido dado a essa palavra está associado ao seu número finito, para o autor é inútil discutir se é possível criar necessidade nas pessoas. O terceiro sentido é que a palavra necessidade refere-se a uma falta do organismo, portanto, abrange apenas a busca de ordem e reequilíbrio das pessoas. Já o conceito de expectativa para o autor está relacionado ao campo da liberdade, onde cada um cria as suas expectativas em uma dinâmica interminável, o que liquida a discussão. As expectativas são as representantes psíquicas, quando se tem consciência delas, das mudanças que se esperam na vida. De acordo com Giglio (2005), esses horizontes básicos podem ser explicados como expectativas em relação ao corpo, expectativas em relação ao psiquismo, expectativas em relação à outras pessoas e expectativas em relação à natureza e aos objetos. As expectativas em relação ao corpo está relacionada à uma situação futura do corpo diferente do atual. Por exemplo: praticar exercícios físicos para tornar-se mais esbelto, modificar a alimentação para ter uma melhor qualidade de vida, sair da rotina para relaxar o corpo e a mente. Qualquer que seja o caso é eleita uma variada gama de produtos e serviços com o objetivo de modificar a situação. As expectativas em relação ao psiquismo (idéias, afetos e valores) têm relação com as idéias de participar de encontros, cursos, treinamentos que levem ao aumento do conhecimento. Os valores estão ligados a éticas, crenças e psicoterapias. E os conteúdos afetivos são experimentar emoções que a vida atual não proporciona. Já as expectativas em relação às outras pessoas consistem em as pessoas estabelecerem relações humanas, diferentes da que estão estabelecidas. Por exemplo: o empregado quer ser o patrão, o filho quer comandar suas atitudes, os namorados desejam ter poder sobre o outro isso desperta na pessoa um desejo de superioridade. 15 O consumo é entendido como um processo de etapas. 16 E as expectativas em relação à natureza e aos objetos, refere-se ao fato de as pessoas estarem constantemente insatisfeitas com seus objetos e a forma que lidam com eles. Renovação esse é o nome que se pode dar a essa expectativa. Modificar o ambiente de trabalho, a casa, roupas, restaurar objetos dá a sensação de mudança. Uma grande vantagem do conceito das expectativas para o Marketing de alguma organização é que ela é consciente e revela tendências das pessoas e dos grupos sobre situações futuras, abrindo espaço para o aperfeiçoamento e desenvolvimento de novos produtos (Giglio, 2005). Com a quantidade de produtos e serviços oferecidos no mercado, não é fácil o consumidor escolher uma opção, por isso uma das saídas mais fáceis encontradas pelo sujeito é buscar a ordem limitando as alternativas e estabelecer rotinas comportamentais. As etapas de alternativas para escolha de um novo produto são selecionadas a partir das necessidades/desejos do consumidor que busca soluções para sua realização. Conforme Giglio (1995) nessas etapas entra em jogo os processos de: aprendizagem, memória, razão, afeto e relacionamento. Segundo Giglio (1995) o primeiro passo para realização da compra é a “aprendizagem”, ou seja, quando a pessoa consegue relacionar o produto a experiências positivas (um bom relacionamento), criativas (forma de pagamento diferenciada) e gratificantes (pós-compra) ou recordar relatos de amigos valorizando esse produto. O próximo passo é a “memória”, quando as experiências passadas influenciam nas decisões do presente e futuro; por exemplo, uma pessoa não gosta de andar de barco porque quando era criança quase se afogou essa lembrança, é uma seleção das experiências passadas negativas que interferem no presente e futuro. Há também o caso de experiências positivas, uma empresa cria um produto e para fazer o lançamento dele puxa na memória de seu cliente o passado positivo de seus produtos. O terceiro passo é a “razão”, significa que o consumidor antes de efetuar uma compra faz a análise das vantagens oferecidas do produto pesquisando no mercado e diferenciando marcas com produtos/serviços com as mesmas funcionalidades. Após a análise para ter a certeza que está fazendo um bom negócio, ele avança para a parte financeira vendo os custos x benefícios do investimento que será feito. O último passo para compra é o “relacionamento”, o bom atendimento oferecido ao cliente como a paciência do vendedor em explicar detalhes, passar segurança, gentileza antes e depois da compra são muito valorizados e armas decisivas no mercado. Um exemplo claro 17 são lojas revendedoras de uma mesma marca que possui os mesmo produtos com preços semelhantes, o atendimento será a peça chave para garantir a venda já que é através dele que o cliente vai sentir-se valorizado e importante para o estabelecimento. Algumas vezes mesmo após a seleção de experiências/necessidades/desejos, conhecer as expectativas, escolher a alternativa e ter o recurso para compra o consumidor não a realiza. Isso está relacionado ao conceito de representação social, que são formas de conhecimento socializadas (partilhadas em grupos) tendo o lado social e o lado afetivo/simbólicos interligados (relação entre o sujeito e o objeto – o ponto de vista que é formado em relação a algo). Para a compra acontecer é necessário que o consumidor aprove seu ato, e isso depende da representação social sobre o produto/serviço que determina a disposição negativa ou positiva em adquiri-lo. Uma forma de exemplificar essa representação social é a compra de um imóvel – o apartamento tem o tamanho desejado, é ventilado, possui segurança 24h, a taxa do condomínio está acessível, possuem muitas garagens, o valor cabe no seu orçamento, mas, o possível comprador não gosta do bairro, isso é uma representação social negativa. Portanto, se existe a necessidade e houve a escolha do produto que satisfaça, mas, as representações são negativas o pensamento do consumidor é “eu quero e posso, mas acho que não devo, logo não vou comprar”. Segundo as representações sociais e o marketing de Giglio (2005) uma empresa pode usar as representações sociais do consumidor, entendendo como elas se formam e mudam e a partir daí atrair seu público. Uma empresa que tem no mercado produtos de cabelo, mas percebe a resistência do consumidor, ela deve pesquisar as cinco características das representações que são a referência de alguém para alguma coisa (coloca uma atriz famosa para representar o produto e passar a imagem de que toda mulher vaidosa usa), seu caráter imaginativo (quando você usa os cremes todos os homens vão elogiá-la e desejá-la), sua autonomia (o produto existe independente se você usa ou não), sua criatividade e natureza social (relacionar o consumidor com alguma coisa). Existem muitos produtos oferecidos no mercado que apesar de serem desejados, causam resistência no consumidor. Pode-se relacionar essa resistência, por exemplo, ao homem usar peruca, pintar os cabelos, acessórios eróticos, ir ao cabeleireiro cuidar das madeixas para atingir essas pessoas é necessários quebrar os tabus e conseguir utilizar os conhecimentos das etapas de julgamento para diminuir e ultrapassar essas resistências (Giglio, 2005). 18 Uma empresa que deseja atrair seu consumidor e diferenciar-se de seu concorrente deve saber qual a diferencial pode oferecer, quais as expectativas das pessoas em relação ao produto existente, saber por que o produto concorrente é aprovado ou reprovado e quais representações sociais negativas ligadas ao produto. Ao juntar todas essas informações, elas devem ser pensadas e estudadas o suficiente para permitir a remodelagem ou criação de um novo produto. A maneira mais equivocada de querer superar o concorrente é quando o empreendimento utiliza a mesma estratégia da concorrência – se ambos acreditam que baixar o preço é o que o consumidor almeja isso se tornará um círculo vicioso, pois a vantagem pode constantemente ser superada (Giglio, 2005). É preciso abrir os olhos para as transformações das novas gerações, acompanhar os modismos que logo se extinguem e compreender as grandes mudanças de representações sociais que moldam as vidas das pessoas. O “novo mundo” traz novas experiências para a sociedade (mudanças nos hábitos alimentares e valorização da qualidade de vida, visando prolongar ao máximo os anos de existência com saúde e bem-estar), novas expectativas (como o encasulamento e a segurança da casa), novas formas de busca de soluções (como a internet) e novas representações sociais (como a valorização do egoísmo). 1.1.1 O crescimento da classe C A classe C a cada dia ganha mais espaço no mercado, ampliando seus horizontes e alcançando a porta de entrada para a sociedade de consumo. De acordo com informações da Revista Veja (edição 2054)16 em dois anos a classe C ganhou 23,5 milhões de pessoas e transformou-se no mais numeroso estrato econômico da população, a grande maioria desses brasileiros saíram das classes pobres (D e E), devido à estabilidade econômica, à popularização do crédito e aos programas sociais do governo. Uma pesquisa realizada pelo Grupo Ibope17 entre fevereiro de 2009 e janeiro de 2010, nas regiões Nordeste, Sul e Sudeste, faz uma descrição dessa nova classe média (Target 16 Revista Veja edição 2054, publicação de 2 de abril de 2008. Multinacional brasileira de capital privado, é uma das maiores empresas de pesquisa de mercado da América Latina. 17 19 Group Index, fevereiro de 2009 a janeiro de 2010)18. Essa classe é composta por uma população mais jovem onde a maior quantidade de pessoas possui até 34 anos e o afrodescendente é a maioria; as mulheres exercem mais responsabilidade sobre a família, portanto possuem mais autonomia socioeconômica e consequentemente de consumo; possui segmentações atitudinais dentro dessa classe, que revela quatro grupos consistentes que são os conformistas (maior quantidade de homens), personalistas (maioria são jovens), consumistas (maioria mulheres) e racionais (maioria homens acima de 35 anos); menos preocupada com a qualidade da alimentação, menos propensa aos excessos alimentares e à atividade física e menos ligada à prevenção; a minoria dessas pessoas está estudando atualmente, grande parte é formada no ensino fundamental e é muito baixa a proporção de pessoas que tem domínio de outro idioma; a TV aberta está presente no entretenimento e lazer dessas pessoas através de programas humorísticos, auditórios e novelas. A TV por assinatura já é realidade na vida de alguns consumidores da classe C e a internet é muito utilizada através de lan house; no ato da compra os consumidores da classe C dão preferência em lojas de rua. Essa história de sucesso no Brasil está relacionada à ascensão política e econômica da classe média. A evolução da classe surgiu na Europa onde sociedades estratificadas deram lugar a países dinâmicos após a difusão do capitalismo. O Brasil teve sua ascensão tarde, já que o milagre econômico da década de 70 não vingou e o plano cruzado foi uma falsa expectativa de crescimento (Revista Veja, edição 2054). O país tem conseguido reduzir a população miserável e ao mesmo tempo formar uma sociedade de consumo de massa, devido aos ajustes econômicos do Plano Real e o combate à inflação. A classe C deu um novo ânimo à economia, pois possibilitou o surgimento de novos negócios criando empregos e aproximando o Brasil de uma verdadeira economia de mercado. De acordo com Fábio Reis, cientista político e professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (Revista Veja, edição 2054), “O aumento do poder de consumo nas classes mais baixas, associado à estabilidade da economia, trouxe uma nova dinâmica social e resultou numa situação inédita de redistribuição de renda”. A obsessão dos empresários pela classe C é explicada pelo lucro que eles podem ter e que estão acima dos lucros obtidos através das classes sociais A e B em qualquer setor da economia, seja do varejo a finanças, como essa nova classe tem um menor poder de negociação submetem-se a tarifas e juros mais elevados, tornando-se uma riquíssima fonte de lucros desde que consuma muito e a crédito. Com esse ponto de vista econômico as empresas 18 Pesquisa disponível realizada pelo Target http://www.ibope.com.br/maximidia2010/download/Classe_C.pdf Group Index, disponível em 20 passaram a investir em pesquisas de mercado direcionadas para a classe C, e obtiveram valiosas informações de como atrair esse público, uma delas é que seus integrantes rejeitam o termo “popular” e “pobre” por que se identificam como consumidores da classe média – que de fato são, mas, nas camadas inferiores desse estrato econômico (Revista Veja, edição 2054). Em 2001, o total de crédito disponível na economia brasileira representava 22% do PIB19, em 2007 o percentual chegou a 35% e de acordo com o Banco Central no final de 2008 as projeções atingiram 40%. Esse avanço beneficiou as classes baixas que antes consideravam o crédito artigo de luxo. Uma loja do Nordeste que teve nos últimos anos uma ascensão de 200% foi a Insinuante, que garante 85% da venda de seus produtos através do financiamento, logo esse estabelecimento está ligado aos consumidores da classe mais baixa. “Os prazos se ampliaram, as parcelas são menores e a classe C consegue comprar mais produtos e administrar a renda disponível”, diz Henrique Frayha, presidente da financeira Losango, do banco HSBC (Revista Veja, 2008) . A classe C compra 4 de cada 10 computadores vendidos no país; compra 4 de cada 10 linhas de celulares; 70% dos apartamentos financiados destina-se a essa classe; 34% já tem carro na garagem e 7 de cada 10 cartões de créditos emitidos são para elas. Uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas, definiu como classe média as famílias com renda mensal entre R$ 1.065 e R$ 4.591. Podemos observar na figura 2 que o percentual da pobreza despencou, já que as pessoas estão migrando das classes mais baixas para a classe C, com isso o miolo da pirâmide engordou e agora é maioria absoluta. A emergência da nova classe média é um fenômeno nacional, mas, afeta mais profundamente as regiões onde a desigualdade é maior, enquanto o país cresceu 5,4% em 2007, Pernambuco cresceu 5,9%. Se a economia do Nordeste cresceu mais que a média nacional, é natural que o consumo das famílias nordestinas tenha seguido igual ritmo. Responsáveis por quase 20% do consumo nacional, os nordestinos só ficam atrás dos habitantes do Sudeste. 19 PIB – Produto Interno Bruto representa a soma em valores monetários de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região. 21 Figura 2: Supremacia da Classe C. Fonte – Revista Época, publicação em agosto de 2008. 1.1.2 Consumidor e a Qualidade de Vida No século XVI quando a comida era escassa, ser gordo era sinônimo de saúde, fartura e prosperidade; enquanto a magreza sugeria a miséria (Souza, 2006). Atualmente, com as mudanças ocorridas no comportamento do consumidor, os papéis foram modificados, e a magreza tornou-se sinônimo de beleza, vaidade, cuidado com o corpo e saúde; já uma pessoa gorda passa a imagem de desleixada e que não tem interesse pelo próprio corpo. A sociedade a cada dia tolera cada vez menos a gordura, pois ser gordo depende do sujeito. Academias, alimentação balanceada, produtos diets, exercícios e etc, são algumas das diversas opções para combater aquela gordurinha que chega a ser considerada um motivo de exclusão para determinado grupo; já a pessoa com aquele corpinho definido é vista de maneira positiva e exaltada (Souza, 2006). As pessoas, ao enxergarem que a gordura só traz malefícios à saúde e proporciona uma imagem negativa perante a sociedade, estão modificando seus hábitos alimentares e trocando o fast-food por uma alimentação balanceada e saudável. De acordo com a 22 Organização Mundial da Saúde (Site Dr. Drauzio Varella, dados de 2001)20, no mundo há aproximadamente 1 bilhão de adultos com sobrepeso, e mais 300 milhões de obesos, isto gera doenças adquiridas como diabetes melitus tipo 221 e hipertensão o que pode levar a pessoa ao óbito. Segundo divulgação da Organização Mundial da Saúde em fevereiro de 2010 cerca de 1,5 bilhão de pessoas sofrerão com a obesidade em 2015 se não mudarem o estilo de vida e hábitos alimentares pouco saudáveis. (Site Record, página de saúde)22. Nesse sentido, mudanças nos hábitos alimentares da população têm ocorrido, fazendo com que as pessoas busquem alimentos que reduzam as enfermidades e prolonguem a vida com qualidade (SOUZA, 2006). Os alimentos saudáveis estão ganhando cada vez mais espaço nas prateleiras das lojas e na vida do consumidor, já que eles não são mais comprados somente por diabéticos e hipertensos e sim por pessoas interessadas em cuidar da saúde e manter a beleza. Os restaurantes que incluem no seu cardápio opções de comidas leves, livres de gorduras saturadas, os nutricionistas que fazem refeições balanceadas (almoço, jantar, sopa) e vendem congeladas para seus clientes, estão conquistando espaço na vida do consumidor e no mercado. A alimentação saudável deixou de ser algo trabalhoso e difícil e tornou-se possível, já que é fácil comprar almoço balanceado semi pronto. É prático ter sucos / néctar embalados, refrigerantes com redução ou isenção de algum ingrediente, barra de cereal e muitas outras opções de alimentação de fácil acesso. Com isso, os alimentos sem açúcar e redução de alguma substância tem se tornado um forte aliado das pessoas que estão mudando seus hábitos. Segundo a Associação Brasileira de Alimentos Dietéticos Especiais (Site ABIAD, 2004), as empresas ao perceberem que a atual necessidade dos consumidores são produtos saudáveis, tem feito um alto investimento para o desenvolvimento de produtos que venham a satisfazer o cliente. Esses produtos atraem um número cada vez maior de consumidores e já são responsáveis pela movimentação de US$5,2 bilhões por ano em negócios no Brasil, cerca de 5% do mercado de alimentos, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos Dietéticos Especiais (ABIAD). Somente de 2001 a 2005, as vendas saltaram de US$2,2 bilhões para US$ 4,3 bilhões (para mais informações, consultar o site da ABIAD)23 A busca por ingredientes que contribuam para o controle de peso e um estilo de vida mais saudável, está levando as empresas a pesquisar e investir em substâncias que contribuam 20 http://www.drauziovarella.com.br/ExibirConteudo/497/inimigo-traicoeiro Ocorre pelo excesso de peso e má alimentação. 22 http://noticias.r7.com/saude/noticias/quase-1-5-bilhao-de-pessoasserao-obesas-em-2015-diz-oms20100201.html 23 Site da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos Dietéticos Especiais: http://www.abiad.org.br/ 21 23 para a redução da obesidade. Essa visão mercadológica faz com que o fabricante aumente a suas vendas e fixe-se no mercado. Apesar do ponto de vista do consumidor estar mudando em relação aos hábitos alimentares, há ainda uma grande parte da população consumindo a comida rápida, o fastfood e alimentos prejudiciais a saúde. Como diz o ditado popular: “tudo que é gostoso engorda e faz mal a saúde”. Muita gente se inspira nessa frase, pois cresceu ouvindo isso dentro de casa, portanto, o hábito de alimentar-se corretamente deve ser inserido na rotina desde cedo, por que depois de adulto é mais difícil mudar essa concepção de que o gorduroso é mais gostoso (Projeto Brasil Foods 2020, 2010)24. São muitas as mudanças positivas relacionadas a qualidade de vida, mas, é necessário estar reforçando constantemente para o consumidor. 1.1.2.1 Consumidor e a Sustentabilidade Sustentabilidade é a capacidade de um indivíduo, grupo de indivíduos ou empresas e aglomerados produtivos em geral; têm de manterem-se inseridos num determinado ambiente sem, contudo, impactar violentamente esse meio. Assim, pode-se entender como a capacidade de usar os recursos naturais e, de alguma forma, devolvê-los ao planeta através de práticas ou técnicas desenvolvidas para este fim (Site Ecologia Urbana, 2008)25. Um estudo realizado pela Associação Brasileira de Limpeza Pública e Resíduos Especiais em 2009, revela que o brasileiro gera aproximadamente 1,252 quilo de lixo por dia. Do total de 150 mil toneladas diárias de resíduos sólidos produzidos em todo país, apenas 6% são reciclados e as redes de reciclagem que atuam hoje no Brasil empregam cerca de 450 mil pessoas na informalidade. Esse mesmo estudo revela que 65% dos brasileiros já começam a apresentar os primeiros passos em direção ao consumo consciente e adotam entre três e sete comportamentos sustentáveis, atos simples como apagar a luz e fechar a torneira enquanto escova os dentes (Revista Consumidor Moderno, edição 148). 24 25 http://www.brasilfoodtrends.com.br/Brasil_Food_Trends/index.html Informação disponível em: http://www.ecologiaurbana.com.br/sustentabilidade/o-que-e-sustentabilidade/ 24 A escolha de produtos do consumidor compostos por elementos de Ecoeficiência26 é mais intensa em grupos das classes sociais A e B, pois possuem um nível de instrução superior. A grande maioria dos integrantes da classe C, ainda não conhece a sustentabilidade, portanto não investem nisso. As pessoas cresceram numa cultura que não valoriza o meio ambiente, os hábitos, símbolos, tradições e normas acabam tornando-se para o consumidor natural o certo apesar de errado. Essas atitudes têm que ser extintas, as pessoas precisam ser reeducadas para o ambiente, e com essas mudanças, o ponto de vista da sustentabilidade será o novo conceito do mundo. As empresas com visão estratégica perceberam as necessidades dessas mudanças, e enxergaram isso com um diferencial e valorização de sua marca a longo prazo (Revista Consumidor Moderno, edição 148). Os grandes aliados da sustentabilidade as empresas que apoiaram essa causa e aderiram ao desenvolvimento de produtos com elementos de ecoeficiência, elas que podem influenciar o comportamento do consumidor sobre a decisão de compra, quando divulgam novos hábitos, desenvolvem campanhas de caráter educativo, são maneiras de fazer com que o consumidor incorpore práticas sustentáveis todos os dias. Um exemplo de empresa que aderiu aos elementos da sustentabilidade é a Unilever, ela desenvolveu um amaciante concentrado apostando na aceitação do público e visando retirar do mercado os produtos tradicionais de 500ml, 1litro e 1,5 litro. A migração do produto tradicional para o concentrado representa uma redução de 78% no uso de água na formulação do produto – o equivalente a 30,5 piscinas olímpicas por ano; 37% de redução do consumo de plástico para a embalagem, 37% de redução na quantidade de resíduo sólido no pós-consumo, gera uma redução de 63% no consumo de papel na caixa de papelão usada no transporte do mesmo e 71% de redução das emissões de CO2. Essa mudança faz parte de ações que visam mudar a cultura do consumidor e ainda diminuir o custo do produto, já que o custo para fabricação do amaciante concentrado é 20% menor (Revista Consumidor Moderno, edição 148). Em Fortaleza, a Coelce27 em parceria com a Universidade de Fortaleza (Unifor), com a empresa Knowledge Networks and Business Solutions e com a empresa de coleta de 26 É alcançada mediante o fornecimento de bens e serviços a preços competitivos que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida, ao mesmo tempo em que reduz progressivamente o impacto ambiental e o consumo de recursos ao longo do ciclo de vida, a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada da Terra (conceito elaborado pelo World Business Council for Sustainable Development – WBCSD, em 1992). Informação disponível no site da Câmara Temática de Comunicação e Educação do Conselho empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), http://www.cebds.org.br/cebds/eco-rbe-ecoeficiencia.asp 27 Companhia de Energia Elétrica do Ceará 25 resíduos Organizações Gonçalves desenvolveu um projeto, chamado Ecoelce, que oferece uma alternativa de geração de renda, propiciando a liquidez das contas de energia e redução dos índices de inadimplência. Esse projeto funciona da seguinte maneira: o cliente recebe o cartão Ecoelce com a identificação da sua residência gravada em um chip; o consumidor leva os resíduos recicláveis devidamente separados a um posto credenciado de coleta; o volume do lixo é pesado e uma máquina registra o valor referente ao bônus; os dados são enviados a central de processamento de dados e remete ao sistema o faturamento da Coelce; por fim o valor do bônus é creditado na conta de energia do consumidor. O projeto está crescendo nos bairros da cidade além de ser uma fonte educativa sobre a coleta seletiva e sustentabilidade (Revista Consumidor Moderno, edição 148)28. Os consumidores estão conhecendo e entendendo a sustentabilidade através das campanhas realizadas pelas empresas, governo e a CEBDS. Logo esses consumidores passarão a valorizar empresas adeptas ao sustentável. O indivíduo é resistente a mudanças, mas quando percebe os benefícios que ela proporciona a sua vida, passa implementá-las no seu cotidiano, como por exemplo a alimentação saudável que antes era restrito a um grupo, assim o consumidor preocupado com a sustentabilidade e o meio ambiente é um novo nicho de mercado, que merece atenção. 1.1.2.2 Consumidor Saudável Fibras, chás, soja, sucos, refrigerantes de composição com redução e/ou isenção de açúcares e calorias são alguns dos produtos que estão expandindo-se no mercado atual, pois esses alimentos ditos contribuem para uma nutrição com menor teor de gordura, menor quantidade de açúcar e sódio, trazendo benefícios à saúde. “Propriedades funcionais que venham a somar aos benefícios de um produto estão oferecendo oportunidades de crescimento para alguns mercados. Esta tendência se fortalece em mercados emergentes, onde os consumidores estão dispostos a pagar mais por produtos que contenham estas substâncias e ingredientes funcionais”, menciona a Euromonitor International29 (2008). 28 Para mais informações acessar http://www.ecoelce.com.br/projeto.html A Euromonitor Internacional é uma referência em inteligência de mercado com informações detalhadas sobre indústrias, países e perfil de consumidores. Possui mais de 30 anos de experiência na produção de 29 26 Segundo dados da Euromonitor International (2009)30, o setor de produtos saudáveis no Brasil cresceu 852%, nos últimos 5, anos no país, as vendas de produtos com fibras tiveram alta de 11% em 2008, em relação a 2007 e em 2009 somente de Janeiro a Setembro, já batem os 9,2% segundo. Em busca de um corpo perfeito e saudável, os consumidores estão alterando seu cardápio e incluindo na alimentação frutas, verduras, legumes, fibras e cereais buscando chegar a terceira idade livres de problemas relacionados à alimentação, como é o caso do diabetes, hipertensão dentre outras doenças. A forma física e a saúde estão se tornando alternativas de estilo de vida para muitos consumidores, dentre eles uma grande parte é composta por pessoas do sexo feminino, a diminuição do consumo de gorduras é motivada pela prevenção da saúde como também pela estética corporal. Os consumidores estão aos poucos incluindo fibra nas suas refeições, pois a ingestão de fibra está associada a uma melhor digestão e à sensação de saciedade prolongada, o que retarda a sensação de fome e o aumento no consumo de calorias. Alimentos como cereais (matinais, barrinhas, massas secas, sopas), pães (bolos, tortas, biscoitos), produtos lácteos (iogurtes, sorvetes, pudins, leite com sabor) e bebidas (sucos, águas, refrigerantes), já podem se beneficiar da adição das fibras alimentares, substâncias de origem vegetal, fundamentais ao funcionamento dos intestinos e para uma digestão mais saudável, como um diferencial, de modo a atingir e suprir essa necessidade de mercado. A pesquisa de consumidores exclusiva da Tate & Lyle31 foi realizada durante o primeiro semestre de 2008 no Brasil pela Illuminas, uma agência de pesquisa de consumidores a uma combinação de estudos qualitativos e quantitativos, com uma amostra de 1.399 adultos das principais capitais brasileiras, revelou que ao procurar produtos que sejam considerados saudáveis, 49% dos brasileiros lêem os rótulos dos produtos e quase 50% lêem os rótulos quando desejam acrescentar fibra em suas dietas. A pesquisa descobriu ainda, que 67% das brasileiras passaram a pensar mais sobre alimentação saudável nos últimos dois anos e 52% estão procurando alternativas mais saudáveis de alimentação (Site Mundo Mulher, 2010)32 . relatórios de mercado, na publicação de livros especializados em negócios, informações on-line e projetos de consultoria. 30 Para mais informações consultar http://www.toquefeminino.com.br/v2/noticias/418-vendas-de-alimentoscom-fibras-crescem 31 Tate & Lyle é uma das empresas líderes mundiais no setor de ingredientes alimentícios e industriais de fontes renováveis, com mais de 50 fábricas nas Américas, na Europa e no Sudeste da Ásia. 32 http://www.mundomulher.com.br/?pg=17&sec=18&sub=86&idtexto=9074&keys=ALIMENTOS+COM+FIBRAS 27 Segundo pesquisa da ABIAD (2004), 35% dos domicílios brasileiros consomem algum tipo de produto diet/light, sendo 61% deles por questão de saúde, 48% por controle de peso e 13% por hábito. Em relação à frequência, 47% consomem sempre, 23% frequentemente e 30% ocasionalmente (ao menos duas vezes por mês). Entre os itens mais adquiridos estão sopas, refrigerantes, iogurtes, adoçantes, sorvetes, manteigas, sobremesas e sucos prontos. Schiffman e Kanuk (2000) afirmam que entender os hábitos dos consumidores, é entender como eles estão dispostos a gastar seus recursos – dinheiro, tempo e esforço. Segundo Souza (2006), há dois fatores influenciam uma pessoa a buscar uma alimentação saudável. Um é a estética, já que o corpo magro nos dias de hoje é motivo de ser admirado e enaltecido; o outro é a preocupação com a saúde, para as pessoas terem uma boa qualidade e durabilidade na vida tem que possuir hábitos saudáveis. Um motivo que pode ser visto como um fator de resistência para consumir os produtos, com redução de sódio, açúcares, gorduras e calorias, diet/light é o sabor que em alguns alimentos é muito diferente dos produtos normais, então esse é um dos desafios que as empresas buscam superar, unir o produto saudável ao gosto saboroso. A cada dia o número de produtos industrializados expande-se no mercado, já que a correria das pessoas exige produtos práticos e alimentos fáceis de preparar. Com isso os alimentos integrais, diet, light, frutas, ganham destaque na preferência dos consumidores, que tentam manter os hábitos alimentares saudáveis e consequentemente fazem com as empresas, apesar de oferecer produtos industrializados, incluam em seus produtos ingredientes naturais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que um em cada três casos de doenças cardíacas e um em cada dez derrames acontecem porque as pessoas não comem frutas e verduras suficientes (Revista Tetra Park Magazine, edição 97). Alimentação saudável, prática de exercícios físicos e sustentabilidade é a nova tendência dos consumidores que estão a cada dia mais exigentes e preocupados com o futuro. O presente deixou de ser o momento de aproveitar sem limites e tornou-se a época de cuidar do corpo e mente valorizando o bem-estar e desenvolvimento tanto individual quanto social e ambiental. 28 2 ESTRATÉGIAS DE MARKETING Enquanto no século passado as organizações competiam no mercado por diferenciação de produto ou serviço, através da distribuição ou canais, atualmente o enfoque da competição passou a ser o cliente e o conhecimento a respeito dele (Schultz, 2001). No século XX algumas organizações concorriam na distribuição, pois o objetivo naquela época era que os produtos / serviços fossem de fácil acesso. A The Coca-Cola Company é um exemplo dessas organizações, pois optou pela distribuição como o principal fator de diferenciação já que a meta era ser onipresente, ou seja, estar sempre ao alcance do cliente; isso se deu através de máquinas automáticas de vendas, restaurantes de refeições rápidas, lojas de produtos alimentícios, comercialização em massa. Sempre que o consumidor tivesse sede a Coca-Cola queria que seus produtos estivessem à mão (Schultz, 2001). Segundo Schultz (2001) há 3 maneiras das organizações competirem para fixarem-se no mercado, são elas: a) produto – é quando existem vários produtos com o mesmo objetivo, mas cada um com sua singularidade. O foco no produto é algo histórico logo as empresas não utilizam mais, pois com a concorrência é praticamente impossível continuar no mercado com uma tática ultrapassada; b) distribuição – as empresas do século XX usavam a distribuição como diferencial de mercado, com as mudanças tecnológicas de informação essa tática não possui o mesmo efeito; c) cliente – no século XXI as empresas têm como foco de competição o conhecimento ou especialização no cliente, ou seja, desenvolver novos produtos / serviços para atender as necessidades de um grupo de clientes específicos atuais ou prospectivos. Na década de 90 o marketing era visto pelos altos executivos como mais um nome para ações de venda e publicidade. Atualmente os pontos de vista mudaram, já que o marketing deixou de ser uma simples ferramenta funcional e tornou-se um conceito de como os negócios devem ser dirigidos (Schultz, 2001). Para as organizações do século XXI conquistar seu espaço, é necessário desenvolver uma estratégia de marketing33 baseada no 33 A estratégia de marketing de uma empresa busca responder três perguntas: Em qual negócio está no momento? O que acontece no ambiente? O que o negócio deveria estar fazendo? Com essas respostas é possível traçar todo o planejamento. 29 conhecimento profundo do mercado para definir uma posição competitiva defensível, que é apoiada por um processo contínuo de aprendizado e melhorias no valor para o cliente (Schultz, 2001). E o que é esse marketing tão importante para as organizações? De acordo com Hooley, Saunders, Piercy (2001) o conceito de marketing diz que em mercados cada vez mais competitivos e dinâmicos, as empresas ou organizações mais prováveis a vencer são aquelas sensíveis às expectativas, desejos e necessidades e que se empenham para satisfazer mais seus clientes do que fariam seus competidores. Isso prova que não há razão para os consumidores comprarem os produtos ou serviços de uma empresa, a não ser que essa empresa esteja de algum modo oferecendo uma melhor forma de atender a seus desejos e necessidades do que aquelas formas disponíveis pelos concorrentes. A partir desse conceito surge um conjunto de cinco princípios básicos34 que servem para guiar as estratégias da ação de marketing. De acordo com Frederick Webster (1997, apud Hooley; Saunders; Piercy, 2001) esses princípios já revolucionaram a maneira das organizações encarem seus clientes. O primeiro princípio básico é que o cliente é o centro de tudo, ou seja, os objetivos de longo prazo da organização sejam eles financeiros ou sociais poderão ser mais facilmente alcançados se o cliente estiver extremamente satisfeito. Para conseguir atingir o cliente de maneira tão eficaz é necessária uma pesquisa aprofundada sobre seus desejos e necessidades. O segundo princípio diz que os clientes não compram produtos, ou seja, o consumidor compra o que o produto faz para ele - produtor faz batatinha, o varejista vende salgadinho e o cliente compra refeição - as organizações precisam preparar-se para solucionar os problemas dos clientes, e não promover exclusivamente sua solução atual (e frequentemente transitória). O terceiro princípio afirma que o marketing é importante demais para ser deixado a cargo apenas do departamento de marketing, em outras palavras, o marketing é uma tarefa de todos na empresa, as ações de todos podem ter um impacto sobre os clientes finais e sobre sua satisfação – fica evidente a importância do marketing para a sobrevivência e prosperidade de uma empresa. O penúltimo princípio que é o quarto, diz que os mercados são heterogêneos, pois, é constituído de consumidores individuais diferentes e segmentado. Um exemplo desse princípio é que enquanto um cliente compra um suco industrializado para beber na hora do lanche, outro cliente comprará um suco light livre do colesterol e o outro comprará um suco zero que faz parte da sua dieta, pois é zero açúcar e zero colesterol, nesses casos há 3 34 Esses princípios surgem das mudanças ocorridas no marketing, de acordo com Schultz (2001) no livro Campanhas Estratégias de Comunicação de Marca. 30 consumidores de um mesmo produto mais cada cliente compra a singularidade desse produto, ou seja, um compra o suco, o outro compra suco light, e o outro compra o zero. O quinto e último princípio afirma que os mercados e clientes mudam constantemente, ou seja, os mercados são dinâmicos e praticamente todos os produtos têm uma lifetime35 até ser descoberta uma nova maneira de satisfazer o desejo ou a necessidade que os geraram. Uma organização para ter sucesso na sua linha de produtos, tem que acompanhar as mudanças na vida de seu consumidor e os avanços tecnológicos, isso é possível através de pesquisas de mercado. Com isso o consumidor detém um grande poder sobre o mercado, porque com o acesso as informações do produto, a capacidade de comparar preços, prazos e opções de entrega ele usa essas informações para colocar um fabricante contra o outro e o canal de distribuição contra o outro. Nos séculos passados o produtor/distribuidor que dava as cartas, isso mudou a medida que aumentaram as variedades e facilidades em vender e adquirir algum produto, e a tecnologia passou a fazer parte da vida do consumidor. Agora as informações são de fácil acesso, a internet, por exemplo, é uma ferramenta de pesquisa rápida e sem fronteiras, pois o consumidor pode em algumas horas, consultar especificidades, preço e aceitação do produto no mercado e a partir daí decidir onde fará seu investimento. As organizações têm que investir para conhecer seu público, a pesquisa, e a partir daí desenvolver seus produtos. (Schultz, 2001). Em razão do deslocamento da tecnologia da informação, a maioria das organizações já acha ou vai achar difícil competir na diferenciação ou superioridade do produto / serviço. Hoje a tecnologia permite que os concorrentes copiem ou reproduzam qualquer melhoria ou aperfeiçoamento feito em um produto em questão de dias, semanas ou no máximo meses. Portanto, os cinco princípios descritos acima mostram que a concorrência acirrada entre as empresas fez com que elas optassem em desenvolver novos produtos e singulares, ou aperfeiçoar as existentes linhas de produção para estar um passo a frente na concorrência e atender a um grupo de clientes específicos atuais ou prospectivos conseguindo a aprovação dos clientes (Schultz, 2001). Para entender seu cliente e possuir um diferencial sobre a concorrência, é necessário um gerenciamento estratégico que consiga fazer frente ao ambiente mutável do marketing estando orientado para o mercado. A figura 3 apresenta uma organização ao assumir a liderança no desenvolvimento e implementação de uma estratégia, pode definir o marketing 35 Vida limitada. 31 sobre três aspectos, identificar e comunicar-se com seu cliente é a maneira mais fácil de saber o que ele deseja e atender a s expectativas dele. Quando ocorre a identificação torna-se mais fácil identificar o posicionamento da empresa e implementar a estratégia que dará satisfação ao cliente. Figura 3: O papel do Marketing na liderança do gerenciamento estratégico. Fonte – Estratégia de Marketing e Posicionamento Competitivo, 2001. A essência do desenvolvimento de uma estratégia de marketing para uma empresa é assegurar que suas capacidades sejam compatíveis com o ambiente competitivo do mercado em que opera, não apenas hoje, mas no futuro previsível. Isso implica a avaliação dos pontos fortes e fracos da empresa, bem como das oportunidades e ameaças que ela enfrenta (Hooley; Saunders; Piercy, 2001). O desenvolvimento de estratégia de marketing pode ser analisado em três níveis: o estabelecimento de uma estratégia central, a criação do posicionamento competitivo da empresa e a implementação da estratégia. O estabelecimento de uma estratégia efetiva começa com uma avaliação detalhada e criativa, tanto das capacidades da empresa, seus pontos fortes e seus pontos fracos em relação à concorrência, como das oportunidades e ameaças apresentadas pelo ambiente. Com base nessa análise é formulada a estratégia central da empresa36, identificando os objetivos de marketing e o enfoque mais amplo para atingi-los. No nível seguinte são selecionados e/ou 36 É uma declaração tanto dos objetivos da empresa como das estratégias mais amplas que ela usará para atingi-los. Os componentes principais dessa estratégia são: definir a missão do negócio; analisar o perfil das capacidades da empresa, ou de seus pontos fortes e fracos; examinar os clientes e concorrentes em que a empresa opera ou deseja operar. 32 identificados os mercados-alvo (formado por clientes e concorrentes). Ao mesmo tempo, é definida a vantagem diferencial ou vantagem competitiva da empresa. A identificação das metas e a definição da vantagem diferencial a um só tempo resultam na criação do posicionamento competitivo da organização37 e naquilo que ela oferece (Hooley; Saunders; Piercy, 2001). Na implementação é preciso que se crie uma organização de marketing capaz de colocar a estratégia em prática – a concepção da organização de marketing pode ser crítica para o sucesso da estratégia. A implementação também implica o estabelecimento de um mix de produtos, preço, promoção e distribuição que levam tanto o posicionamento como os próprios produtos e serviços para os mercados-alvo. Finalizado, os métodos de controle é preciso serem concebidos modos que garantam o sucesso da implementação da estratégia38, ou seja, monitorar o processo através de uma avaliação detalhada de cada um dos elementos do mix de marketing (Hooley; Saunders; Piercy, 2001). Uma estratégia de marketing usada com sucesso em empresas respeitadas e posicionadas no mercado, é a estratégia institucional, pois divulga e reforça o poder da marca. O termo marca, de brand, vem da palavra norueguesa to burn que significa queimar, ele foi desenvolvido para significar o fabricante ou proprietário e a partir daí desenvolveu-se o costume de marcar gado ou outros bens. Com o passar do tempo e desenvolvimento do comércio, a marca passou a significar a origem da fonte de um produto e atualmente é usada para significar ou identificar um produto / serviço. Hoje as marcas ocupam uma posição única no mercado, elas podem ser compradas ou vendidas, franqueadas ou alugadas, protegidas nacional e internacionalmente. A marca é o alicerce de um produto ou serviço, portanto a identidade e exploração delas é muito importante para o marketing (Schultz, 2001). As marcas permanecem uma questão-tópico de marketing importante, porque são difíceis de construir, adicionam vantagens ao cliente, criam posições competitivas defensivas, constroem retenção de clientes, podem transformar mercados e trabalham financeiramente. A marca possui um forte poder sobre o cliente, pois o valor dela afeta em suas decisões de compra. As marcas líderes de mercado são geralmente mais valorizadas do que as marcas que desfrutam boas participações de mercado, mas que operam em mercados em que outra marca 37 É uma declaração dos mercados-alvo, isto é, em que a empresa irá competir, e a vantagem diferencial, ou seja, como a empresa irá competir. O posicionamento é desenvolvido para que as metas estabelecidas pela estratégia central sejam atingidas. 38 Após selecionar a estratégia central e posicionamento competitivo, a tarefa do gerenciamento de marketing consiste em implementá-los através do mix de marketing, organização e controle. 33 é dominante. Marcas que duraram por muitos anos têm mais probabilidade de criar lealdade de clientes e tornar-se parte do tecido do mercado Schultz (2001). A Coca-cola possui um grande valor ligado a sua marca, então ao lançar um novo produto no mercado, como por exemplo, um refrigerante com zero calorias e zero açúcar, o consumidor apesar de não conhecer esse produto, ele irá adquiri-lo, pois tem a certeza da qualidade dos produtos dessa empresa. Já uma marca desconhecia não terá essa fácil aceitação e confiabilidade do consumidor. 2.1 Estratégias para o Consumidor 2.1.1 Estratégias para classe C A nova classe média do Brasil, a classe C, deseja comprar eletrodomésticos, decorar a casa, comprar móveis, trocar de celular e viajar a passeio. Com uma renda familiar média de R$ 1.062,00 reais a grande maioria dessas pessoas possui conta bancária, cartão de crédito, computador e acesso a internet banda larga. Essa população emergente com seu desejo de continuar a consumir e com foco no progresso pessoal, é uma sintonia de que o Brasil está melhorando (Revista Época, edição 534). Uma pesquisa realizada pela revista Época (2008), diz que por causa da nova classe média o Brasil tornou-se em 2006 o terceiro maior fabricante de computadores do mundo, com 6 milhões de aparelhos e em 2008 atingiu uma média de 13,5 milhões. No setor automobilístico, o país bateu recordes durante todo o ano de 2006 – mais de 70% dos carros foram financiados em até 60 meses, já o mercado imobiliário cresceu com os lançamentos de apartamentos populares financiados em 25 anos. As empresas estão investindo nessa nova classe, facilitando as formas de pagamento através do aumento no número de parcelas e consequentemente às prestações ficam mais acessíveis ao bolso desse novo consumidor. Com a estabilidade financeira do país, o crédito também continua crescendo, pois, parte da população principalmente impulsionada pela classe C, continua com planos de viagens, utilização de financiamentos para compras de carros, casa e bens de consumo como produtos para a casa. 34 Conforme informação contidas na revista Consumidor Moderno (2010, edição 146)39, a expectativa para o ano de 2010 é que o crédito ao consumidor cresça entre 20 a 25%, e de acordo com a Serasa Experian40 e o índice de inadimplência do consumidor brasileiro teve o maior recuo mensal desde 2004. Medidas governamentais, como a redução do IPI41 e o pacote anticrise, reduziram as taxas de juros e fizeram com que o crédito não recuasse, o incentivo da redução do IPI deixou o mercado aquecido para obtenção de automóveis e imóveis. O Brasil por ser um país emergente, desponta como um dos principais pontos de grandes potências para investidores internacionais, o que também impulsiona o crédito. Para Luiz Rabi (Revista Consumidor Moderno, 2edição 146)42, economista da Serasa Experian, o Brasil está preparado para o aumento de juros, impulsionado por setores específicos. No setor imobiliário somente por meio do programa Minha Casa, Minha Vida43 que objetiva ampliar o acesso das famílias de baixa renda à casa própria e gerar emprego e renda por meio do aumento do investimento na construção civil, foram inseridos do PAC244 R$ 71,8 bilhões para serem usados nos próximos três anos, segundo a Caixa Econômica Federal. A carta de crédito é outra modalidade de financiamento que pode ser usada dentro da Minha Casa, Minha Vida, e que utiliza recursos da poupança ou do FGTS do trabalhador (Revista Consumidor Moderno, edição 146). Através da estabilidade das instituições financeiras do país, é possível conceder crédito de longos prazos para os consumidores, a classe C com esses créditos prolongados aumentaram seu poder de compra, pois, sobra mais dinheiro devido à redução no valor das parcelas. De acordo com a Serasa, em março de 2010 a quantidade de pessoas que procurou crédito cresceu 18,3% em relação ao mês anterior. A loja Riachuelo que tem como maior público a classe C, teve em 2009 um aumento de um milhão e cem mil novos usuários do crédito da loja, o que fez com que aumentasse a base de clientes que compram para 16 milhões, conta José Rodrigues diretor de crédito e de risco da Riachuelo (Revista Consumidor Moderno, edição 146). 39 Revista com assuntos focados em negócio, consumidor e cidadania. Centraliza serviços de confecção de ficha cadastral única, transmitindo para todos os segmentos da economia análises de crédito consumidor. Para mais informações acesse www. Serasaexperian.com.br 41 Imposto Sobre Produtos Industrializados. 42 Gerente de indicadores de mercado da Serasa Experian. 43 Lançado em abril de 2009 pelo Governo Federal com o objetivo de implementar o Plano Nacional de Habilitação, que visa construir um milhão de moradias. O projeto financia habitação para quem ganha até 10 salários mínimos, além de fornecer subsídios e redução de encargos dependendo da faixa de renda do consumidor. 44 Programa de Aceleração do Crescimento. 40 35 Para atingir esse público é necessário pensar neles separado. Os consumidores da classe C desejam sempre, mas, consomem quando pode os ícones de mercado que são os equipamentos domésticos, de tecnologia, automóveis e imóveis – possuem um ritmo de consumo esporádico e sazonal. Ao invés dos filtros conceituais desenvolvidos pela população que exercita mais formalmente o intelecto, a interação dessa classe baseia-se mais em vivências concretas e diretas e no seu efeito imediato. No consumo o planejamento e pesquisa de preços são as diretrizes universais de compra. As empresas lançam produtos que sejam acessíveis à realidade econômica desses novos consumidores, pois esse público tem um grande poder de consumo. A multinacional suíça Nestlé, a The Coca-Cola Company são exemplos de empresas que criaram novas linhas de produtos para atingir as camadas mais populares. Cuidar da saúde e do corpo através de uma boa alimentação tornou-se possível para essa nova classe, pois os produtos voltados para linha light e zero tornaram-se acessíveis a compra do consumidor (Revista Veja, edição 2054). 2.1.2 Estratégias de Qualidade de Vida 2.1.2.1 Estratégia de Sustentabilidade Apesar de o consumo sustentável estar começando a ser divulgado para as pessoas, a resistência do consumidor em mudar seus hábitos é muito forte. As pessoas foram criadas numa cultura de desperdício, portanto pedir para elas que reduzam o consumo e se adéqüem tão prontamente a sustentabilidade é o equivalente a pedir que elas deixem de respirar – por um momento elas vão conseguir, mas depois, vão sentir-se sufocadas e respirarão novamente. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Panorama dos resíduos sólidos no Brasil em 2009, somente em 2008 foram vendidos no mundo 68 milhões de veículos, 85 milhões de refrigeradores, 297 milhões de computadores e 1,2 bilhão de aparelhos celulares. Para produzir tantos bens é necessário produzir mais e mais recursos naturais, em 55 anos a produção de metais aumentou seis vezes, o consumo de petróleo cresceu oito vezes e o de gás natural 14 vezes. Apesar de excessivo, o consumo não é igual em todos os países, logo sem 36 uma mudança cultural do mundo, que valorize a sustentabilidade e o consumo consciente, qualquer esforço tecnológico será pequeno e ineficaz diante dos riscos ambientes, sociais e climáticos (Revista Consumidor Moderno, edição 148). Os brasileiros têm pouquíssimo conhecimento sobre a sustentabilidade e a classe C que representa a maioria da população, somada com a classe D e E praticamente não tem conhecimento algum sobre esses problemas ambientais que o país está enfrentando. Como essa nova classe está tendo acesso ao mercado consumidor agora, ela quer aproveitar e gastar, ela quer consumir. Portanto os holofotes da comunicação estão voltados para eles, com intuito de esclarecer a necessidade do consumo sustentável (Revista Consumidor Moderno, edição 148). A Gfk45 realizou uma pesquisa com uma metodologia diferente da convencional, na qual informou ao consumidor algumas características adicionais do produto no momento da decisão de compra, por exemplo, escolheu produtos comuns como batom e lâmina de barbear e entre as ações de responsabilidade social e ambiental do questionário, colocou alternativas dizendo que determinada empresa destina parte do lucro obtido na venda do produto para o hospital de câncer infantil, ou que mantém escolas de alfabetização em escolas carentes, ou que o processo de produção previne e minimiza os riscos ambientais. Mais da metade dos entrevistados valorizaram marcas que praticassem ações de sustentabilidade e com isso decidiram suas compras com base não só em critérios ligados a marca, qualidade e preço. O questionamento é: se tanta gente se importa, porque isso não modifica os hábitos do consumidor? E a resposta é muito sim: falta de informação (Revista Consumidor Moderno, edição 148). Com isso, chega-se a conclusão que o desafio das empresas é muito maior do que apenas divulgar o que a organização faz para que sua operação seja sustentável, é papel das empresas educar e inspirar seus consumidores para a mudança. Para Eraldo Carneiro, presidente da CEBDS46, as empresas têm um poder muito grande de influenciar comportamentos, as marcas fortes são capazes de estimular atitudes do consumidor, mas é preciso que elas usem a comunicação com esse objetivo, porque não é só uma questão de divulgar novos hábitos, e sim, de ensiná-los. O cliente não é apenas um 45 GfK Custom Research Brasil é a quarta maior empresa de pesquisa de mercado do mundo. Possuem metodologias qualitativas e quantitativas inovadoras, desenvolvidas internacionalmente, testadas e adaptadas à realidade do consumidor brasileiro. 46 Câmara Temática de Comunicação e Educação do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável. Esse conselho tem o objetivo de criar condições no meio empresarial e nos demais segmentos da sociedade para que haja uma relação harmoniosa entre essas três dimensões da sustentabilidade - econômica, social e ambiental. 37 consumidor, ele é acima de tudo um cidadão, portanto temos que tratá-lo com tal e incentiválo a criar novos hábitos de consumo (Revista Consumidor Moderno, edição 148). Um exemplo de empresa que aderiu a sustentabilidade é a Unilever, ela lançou e divulga para todo o Brasil o amaciante Fofo Concentrado e Comfort Concentrado. Para desenvolver esses dois produtos dentro de uma plataforma de sustentabilidade, atendendo aos pilares sociais, econômicos e ambientais foi feito um investimento de 19 milhões (Revista Consumidor Moderno, edição 148). Outra empresa que está investindo forte em produtos ecológicos é Bombril que há 60 anos vende a lã de aço, um produto que é ecologicamente correto. Esse produto é originário do ferro e após algum tempo de uso ele se degrada virando ferrugem e desaparecendo da natureza sem deixar resíduo. Você sabia dessa informação? É um produto fantástico para o meio ambiente, não acha? Mas, muito consumidores da Bombril não sabiam dessa maravilhosa informação, porque a comunicação não divulgava. As coisas mudaram e a estratégia da Bombril é querer que todos saibam que a empresa apóia a sustentabilidade e desenvolve produtos ecologicamente corretos, para isso a organização está investindo cerca de R$ 30 milhões em campanhas e eventos ligados a sustentabilidade, além de colocar a palavra Eco na embalagem. A empresa investiu também no desenvolvimento de uma nova linha com 24 itens ecológicos, a Ecobril, que traz soluções sustentáveis para a limpeza da casa e das roupas. Foram dois anos de pesquisa, um investimento de sete milhões e para composição de cada produto foram selecionadas matérias-primas naturais e de fontes renováveis com ativos biodegradáveis (Revista Consumidor Moderno, edição 148). Organizações como Santander, Pernambucanas, Green Building Council Brasil47, Unicamp, Tetra Park e etc, são algumas de muitas empresas que estão aderindo e investindo em produtos e campanhas sustentáveis (Revista Consumidor Moderno, edição 148). A Unicamp e a Tetra Park desenvolveram um projeto chamado Cultural Ambiental nas Escolas, onde estudantes de quase 40 mil escolas do ensino fundamental em todo país aprenderam sobre o gerenciamento do lixo urbano, coleta seletiva, reciclagem e ciclo de vida dos materiais. Cada escola participante recebe um kit com material didático que contém: cartilha A Embalagem e o Ambiente para aluno; caderno do professor Meio Ambiente, Cidadania e Educação; vídeo Quixote Reciclado; informativo das oficinas pedagógicas; folheto Faça seu Papel; e pôster Ciclos de Vida das Embalagens. Esse projeto com a 47 Empresa que promove a construção sustentável 38 distribuição de materiais teve início em 2001, já no ano de 2009 foi iniciada uma nova etapa com o portal48 cultural ambiental nas escolas (Tetra Park Cultura Ambiental, 2009). Os hábitos dos consumidores devem ser modificados. As crianças já devem ser educadas numa cultura ecológica, ou seja, nada de consumismo exagerado, desperdício de água, uso excessivo de sacolas plásticas e compreender quais são os gases poluentes responsável pelo efeito estufa e consequentemente aquecimento global são algumas atitudes que se tornarão hábitos e contribuirão para uma vida e ambiente com qualidade. É possível o sujeito contribuir ao mesmo tempo com a qualidade do ambiente e sua alimentação, para isso acontecer bastar consumir alimentos orgânicos. O produto orgânico é cultivado sem o uso de fertilizante e adubos químicos ou agrotóxicos, ou seja, tem como base de produção o uso de estercos animais, rotação de culturas49, adubação verde, compostagem50 e controle biológico das pragas, além o alimento orgânico ser totalmente saudável e sustentável, ele é muito saboroso, respeita o meio ambiente é saudável e valoriza a mão-deobra. A única desvantagem encontra nesses produtos é que eles são mais caros, devido a produção ser em menor escala e por os custos de produção serem mais elevados, mesmo assim a quantidade de consumidores dessa linha está crescendo timidamente. 2.1.2.1 Estratégia do Consumidor Saudável As empresas estão investindo cada vez mais em produtos práticos e saudáveis e com isso tornam seus alimentos a cada dia mais presentes na vida do consumidor. Foi realizada uma pesquisa mundial chamada Brasil Food Trends 2020, com o objetivo de conhecer as principais tendências do consumo alimentício no mundo, cujo resultado destacou que as tendências ficaram divididas em cinco grupos, que são denominados de sensorialidade e prazer, saudabilidade e bem-estar, conveniência e praticidade, confiabilidade e qualidade, sustentabilidade e ética. 48 Portal http://www.culturaambientalnasescolas.com.br/institucional/site/educacao-ambiental nesse portal o professor tem acesso direto ao material. 49 Técnica agrícola de conservação que visa diminuir a exaustão do solo, isto é feito trocando as culturas a cada novo plantio de forma que as necessidades de adubação sejam diferentes a cada ciclo. 50 Técnica aplicada para controlar a decomposição de materiais orgânicos, com a finalidade de obter, no menor tempo possível, um material estável, rico em húmus e nutrientes minerais. 39 As tendências relacionadas à sensorialidade e prazer estão relacionadas com o aumento do nível de educação, informação e renda da população. Esses consumidores estão valorizando as artes culinárias e as experiências gastronômicas, influenciando tanto o setor de serviços de alimentação como também o desenvolvimento de produtos industrializados, destacando-se os foodies51. Entretanto, cada vez mais preocupados também com a saúde e a forma física, o que tem levado à demanda por produtos saborosos, porém saudáveis (Publicação do projeto no site Brasil Food Trends 2020). A tendência relacionada à conveniência e prática estimula a demanda por produtos que permitem a economia de tempo e esforço do consumidor. Com isso cresce a demanda por refeições prontas e semiprontas, alimentos de fácil preparo, embalagens de fácil abertura, fechamento e descarte; para o alimento fora de casa aumenta o consumo de produtos snackin52, monodoses53 e produtos para comer em trânsito e diferentes lugares e situações. Apesar de toda essa praticidade esses consumidores sentem a necessidade de um alimento de saudabilidade e bem-estar (Publicação do projeto no site Brasil Food Trends 2020). A penúltima tendência é a de confiabilidade e qualidade, onde esses consumidores são mais conscientes e informados, logo tendem a consumir produtos seguros e de qualidade testada, valorizando a garantia de origem e selos que garantam a qualidade a partir de boas práticas de fabricação e controle de riscos. Essa tendência contribui para construir a credibilidade das marcas dos produtos dos produtos e ganhar a confiança e a preferência dos consumidores (Publicação do projeto no site Brasil Food Trends 2020). A última tendência é a sustentabilidade e ética que está surgindo, pois, os consumidores ao terem acesso às informações estão preocupando-se com o meio ambiente interessando-se nas possibilidades de contribuírem para causas sociais ou auxiliarem pequenas comunidades agrícolas por meio da compra de produtos alimentícios. Vários aspectos como baixo impacto ambiental, não estar associado a maus-tratos a animais, ter rotulagem ambiental, embalagem reciclável estão sendo valorizados pelos consumidores (Publicação do projeto no site Brasil Food Trends 2020). A FIESP54 para avaliar a aderência do consumidor brasileiro a tendências internacionais encomendou ao Ibope Inteligência55 uma pesquisa nacional, realizada nas 51 Consumidores aficionados por novos produtos e novas experiências em torno da alimentação. Alimentos em pequenas porções. 53 Produtos embalados para consumo individual. 54 Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. 55 É uma organização considerada referência no mercado de pesquisa e de informação nas áreas de opinião 52 pública, mercado, produtos, serviços, marcas, comunicação, consumo, eleições e políticas públicas. Ela realiza 40 nove56 principais regiões metropolitanas do país, chamada Brasil Food Trens 202057, com o objetivo de tornar os produtos brasileiros mais competitivos, com qualidade assegurada, saborosos e saudáveis dentro de um cenário de sustentabilidade e ética cada vez mais importante para 2020. Com isso obteve como resultado que o Brasil tem hoje forte aderência às tendências atitudinais de consumo de alimentos encontradas em outros países. Essas tendências estão divididas em quatro agrupamentos que são conveniência e praticidade, confiabilidade e qualidade, sensorialidade e prazer e uma quarta tendência que é a saudabilidade e bem-estar e sustentabilidade e ética. A primeira tendência conveniência e praticidade atualmente é o maior segmento atitudinal encontrado no país e divide-se igualmente entre as classes sociais AB e C. Os consumidores desse segmento são descritos como pessoas que tem uma vida corrida, trabalham em tempo integral e dispões de pouco tempo para cuidar da casa e família. Apesar de confiarem na qualidade dos produtos industrializados, priorizam sabor e variedade e declaram-se dispostos a aumentar o consumo desses produtos, especialmente quando o preço está mais acessível (Publicação do projeto no site Brasil Food Trends 2020, capítulo 3). Confiabilidade e qualidade é uma tendência forte, pois, determinam as escolhas e a fidelização dos consumidores, seja por empresa, marcas, tipos de produtos ou estabelecimentos comerciais. São clientes dispostos a pagar um pouco mais, quando detectam maior qualidade no produto e por marcas que confiam. (Publicação do projeto no site Brasil Food Trends 2020, capítulo 3). Outra tendência dos brasileiros é sensorialidade e prazer, essa tendência é muito valorizada quando se trata de alimentação, seja ela do tipo que for. O importante para os consumidores desse segmento é que a comida seja gostosa, já que esse grupo tem um estilo mais impulsivo na hora de comer e são guiados pelo prazer sem culpa. Guloseimas?! São as queridinhas dessas pessoas. Esses consumidores são altamente determinados e decididos, na hora de resolver o que vai comer. Entre o mais gostoso e o mais saudável, o que eles escolhem? É isso mesmo, com toda certeza eles escolhem o mais gostoso (Publicação do projeto no site Brasil Food Trends 2020, capítulo 3). estudos customizados, qualitativos e quantitativos, fornecendo relatórios diagnósticos e estratégicos, de acordo com as necessidades dos clientes. 56 Principais regiões metropolitanas: São Paulo. Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Fortaleza, Salvador e Recife. 57 Visa saber quais os Hábitos alimentares do Consumidor em 2020. Para mais informações acesse http://www.brasilfoodtrends.com.br 41 Para finalizar as tendências concluímos com saudabilidade e bem-estar e sustentabilidade e ética, que no Brasil o engajamento a favor do meio ambiente e questões sociais estão atrelados as questões de saudabilidade e bem-estar. Esse grupo tem um forte potencial de crescimento na classe C e está presente na vida dos casados com destaque para a região Nordeste; o destaque para esse segmento é a busca por alimentos que possam trazer algum benefício à saúde. Esses consumidores priorizam a compra de alimentos industrializados se souberem que o fabricante protege o meio ambiente ou tem projetos sociais, mas, deixam de comprar o produto de empresas envolvidas com irregularidades, mesmo sendo de uma marca conhecida ou de confiança (Publicação do projeto no site Brasil Food Trends 2020, capítulo 3). Você conseguiu se identificar com alguma tendência? De acordo com a pesquisa realizada esse é o perfil do brasileiro no segmento de alimentação. Há 10 ou 15 anos atrás os consumidores encaravam a alimentação como mais artesanal, aquela comidinha feita em casa, o alimento industrialização não tinha tanto espaço na cozinha do consumidor. Hoje a oferta de produtos industrializados e marcas é bastante variada; num futuro não muito distante as pessoas estarão mais preocupadas com a qualidade de vida e saúde, portanto valorizarão produtos com mais atributos de qualidade e com menor utilização de produtos químicos (Publicação do projeto no site Brasil Food Trends 2020). As mulheres acima de 45 anos demonstram preocupação com a saúde, principalmente quando percebem mudança no organismo e manifestações de herança familiar (um exemplo é a diabetes), com essas constatações elas passam a aderir comportamentos preventivos ou curativos que motivam uma reeducação alimentar. As pessoas das classes sociais mais abastadas demonstram, classe A, tem conhecimento sobre os benefícios e malefícios (gordura saturada e trans, sódio, etc) dos alimentos oferecidos no mercado; esses consumidores prestigiam empresas com comportamento sustentável, pois pensam que se uma empresa investe em produtos ecológios, ela fabricará um produto de qualidade. Já para a nova classe média o preço é um fator decisivo na hora de escolher o produto, inclusive os alimentos; esses consumidores valorizam a fartura na alimentação e prevalência no sabor e praticidade (Publicação do projeto no site Brasil Food Trends 2020). No mercado atual que tem uma concorrência tão acirrada, manipular as características do produto é uma estratégia utilizada na indústria alimentícia para influenciar a demanda e conquistar uma grande fatia do mercado. A organização quer que o consumidor ao fazer a 42 relação entre o benefício e custo do produto, ele tenha como retorno a satisfação em perceber o desempenho do produto em relação às expectativas antes da compra. As empresas estão investindo para conhecer seus clientes e compreender a maneira como é vista por eles, com a obtenção dessas informações elas poderão oferecer valores exclusivos como maneira de criar um relacionamento duradouro com seus consumidores (Hooley; Saunders; Piercy, 2001). Desenvolvimento de novos produtos, inovar no design, introduzir uma nova versão que está disponível em outros mercados, copiar produtos das demais empresas, modificar sabor, etc, são estratégias com o objetivo de superar o valor de algum produto oferecido no mercado e assim atrair ou fidelizar os consumidores (Hooley; Saunders; Piercy, 2001). De acordo com a Natural Marketing Institute58 o desejo de prevenir doenças é um dos principais motivos para que os consumidores valorizem uma alimentação mais saudável (Projeto Brasil Food Trens 2020). As empresas alimentícias fabricantes de produtos como cereais, soja, antioxidante, chá, .diet, light, etc estão agindo massivamente para atender a seus consumidores, um exemplo de empresa é Coca-Cola ao lançar o chá gelado Ice Tea da marca Matte Leão (Informação cedidas pela Norsa Refrigerantes, distribuidora do chá). A Coca-Cola ao adquirir a marca Matte Leão optou por descontinuar sua linha de chás gelado Nestea, licenciada pela Nestlé, e dar início ao lançamento do chá gelado Ice Tea. Isso porque a Leão é líder absoluta do mercado de chás e tem credencial para compensar a perda de Nestea, já que a marca Matte Leão é 10 vezes maior que a Nestea. O mercado de chás prontos para beber está crescendo ano a ano e o chá Mate representa 46%59 do mercado, o Brasil é um dos mercados com maior potencial de crescimento de chás no mundo (Informações cedidas pela Norsa Refrigerantes, ao elaborar a estratégia de marketing do produto). Os diferenciais da marca do chá é que ela investe em sustentabilidade e bem-estar, uso de ingredientes naturais, propriedades funcionais, tradição e patrimônio, numa cadeia de distribuição e pesquisa e desenvolvimento. Além de ser considerada uma marca autêntica brasileira é líder de mercado em chás seco e pronto para beber. Nos dias de hoje a demanda do consumidor é uma rotina acelerada, onde se tenta acompanhar o ritmo que a tecnologia e a informação estão impondo às nossas vidas, os momentos de bem estar, o relaxamento e atividades desetressantes são extremamente valorizadas pelas pessoas. As palavras que 58 É uma empresa americana de consultoria de pesquisa e estratégias de mercado especializado em saúde, bem-estar e sustentabilidade. 59 Informações fornecidas pela Norsa Refrigerantes. Pesquisa realizada pela Nielsen em 2009. 43 traduzem esse produto são tradição, liderança, qualidade, confiança, sabor e saudabilidade (Informações cedidas pela Norsa Refrigerantes, ao elaborar a estratégia de marketing do produto). Uma motivação de consumo é que a Categoria de Chá Gelado parece atender a busca por um estilo de vida mais saudável, que também inclui a escolha do que se vai beber. Muitos consumidores assumiram ter se surpreendido com a categoria, porque não têm o hábito de tomar chá e não imaginariam como poderia ser boa a versão gelada, mesmo que uma minoria admita tomar chá gelado por hábito, a grande maioria entrou na categoria com uma finalidade que é beber sem culpa. 2.2 Estratégias de Marketing para Segmentação de Mercado Com o atual mercado na qual as organizações são movidas pela concorrência e disputa para estabelecer-se na mente do consumidor, o diferencial, seja ele no produto/serviço ou marca, é de extrema relevância para o produto ter destaque e vantagem competitiva entre seus concorrentes. Uma empresa ao conhecer as necessidades de seus clientes torna possível a segmentação do mercado, e com isso facilita o desenvolvimento ou adaptação de produtos para um grupo específico, satisfazendo as expectativas de seu cliente (Hooley; Saunders; Piercy, 2001). Para obter êxito na segmentação de mercado de determinado produto, é necessário primeiramente que a empresa compreenda qual o seu posicionamento competitivo no mercado. De acordo com Kotler (1997, apud Hooley; Saunders; Piercy, 2001) posicionamento é o ato de fazer o projeto da oferta e imagem da empresa de forma que ela ocupe uma posição competitiva significativa e distrital nas mentes dos clientes-alvo. 2.2.1 Posicionamento Competitivo Saber como os clientes percebem as ofertas comparados as outras, ou seja, entender como os clientes em diferentes partes do mercado percebem os concorrentes, 44 produtos/serviços e marcas é uma estratégia de marketing denominada posicionamento competitivo. O posicionamento pode ser visto como um resultado de tentativas das empresas de criar diferenciação efetiva competitiva para seus produtos e serviços. Para Kotler (1997, apud Hooley; Saunders; Piercy, 2001) as tentativas de criar diferenciações devem atender aos critérios de importância, distinto e disponível, superior, comunicável, acessível e rentável. a) importância: uma diferença deveria criar um benefício altamente valorizado por um significante número de clientes. b) distinto e disponível: a diferença não pode ser imitada ou melhor desempenhada por outros. c) superior: a diferença deveria providenciar uma maneira superior para o cliente obter o benefício em questão. d) comunicável: a diferença deveria ser capaz de ser comunicada para clientes e ser entendida por eles. e) acessível: os clientes-alvo podem pagar pela diferença. f) rentável: a diferença irá dominar um preço adequado para torná-lo rentável para a empresa. Uma posição competitiva pode ser construída em qualquer dimensão do produto ou serviço que produz benefícios ao cliente no mercado, mas uma ênfase importante no posicionamento é que interessa nas percepções dos clientes, em outras palavras quer dizer que é necessário reconhecer o impacto de cada aspecto da oferta de mercado que é percebido pelos clientes como fator importante para criar um valor distinto. “Você não compra carvão, você compra calor; você não compra entrada para circo, você compra emoções; você não compra jornais, você compra notícias; você não compra espetáculos, você compra visão; você não vende produtos, você cria posições”. (Hooley; Saunders; Piercy, 2001:180) Kotler (1997, apud Hooley; Saunders; Piercy, 2001) ressalta que para haver um posicionamento competitivo claro e forte, não podem acontecer erros como subposicionamento60, supraposicionamento61, posicionamento confuso62 e posicionamento duvido63, pois se isso acontecer a estratégia de marketing será um fracasso. 60 Quando clientes têm apenas ideias vagas sobre uma empresa ou seus produtos, e não percebem nada de especial sobre isso, o produto torna-se um apenas mais produto um no mercado. 45 O posicionamento é a primeira medida (ou primeiro passo) desenvolvida por uma empresa que queira desenvolver uma segmentação estratégica de mercado. Portanto, entender como os clientes comparam as ofertas no mercado e construir estratégias que descrevam os clientes é essencial para as segmentações. 2.2.2 Segmentação de Mercado Quando existem diferenças nos desejos dos consumidores, ou em suas atitudes e predisposições quanto às ofertas de mercado, entre grupos ou indivíduos no mercado, existem oportunidades para segmentação do mercado, como por exemplo, subdividir um mercado maior em grupos menores (segmentos) os quais fornecem mercados-alvo. Pode-se dizer que a segmentação do mercado é quando se ajusta as ofertas, em diversas maneiras para satisfazer mais precisamente as exigências de um grupo específico (Weinstein, 1995). Para haver segmentação de mercado ser útil é necessário que os clientes sejam diferentes, em algum aspecto importante, caso eles não tenham alguma diferença significante, é desnecessário que haja uma segmentação, pois com um mercado homogêneo não é preciso ter um produto destinado a grupo específico. Outra premissa para a segmentação é que os clientes possam ser identificados por características mensuráveis, para que seja possível identificar os valores e segmento que eles estejam inseridos. Outro dado importante para tornar-se possível a segmentação é que haja seleção das bases64, para obter uma imagem clara da natureza do mercado e proporcionar novas oportunidades. Por exemplo, para traçar a segmentação dos mercados de consumo é necessário traçar as características básicas do cliente (características demográficas, socioeconômicas, ciclo de vida do consumidor, características de personalidade e estilo de vida), as atitudes dos clientes (segmentação por benefício e percepções e preferências) e 61 É quando o cliente tem uma ideia estreita sobre a empresa, marca ou produto. Um exemplo são as canetas Mont Blanc, todo consumidor sabe que elas são vendidas a milhares de libras, mas, é importante para empresa que o consumidor saiba que canetas dessa marca também podem ser vendidas por menos de 100 libras. 62 Acontece quando as mensagens são frequentemente mudadas ou contraditórias, pois, isso pode simplesmente confundir o consumidor. 63 As reivindicações feitas pela empresa, produto ou marca podem simplesmente não serem aceitas, apesar de serem ou não serem verdadeiras. 64 Definir por exemplo a preferência de marca do consumidor, isso é uma base de segmento. Pois através dele pode-se buscar características do cliente através de dados demográficos, estilo de vida e etc. 46 comportamento do cliente (comportamento de compra, comportamento de comunicação, respostas aos elementos do mix de marketing e características de procura de relacionamento). Conforme Piercy (2001; p. 200, apud Kotler, 2006) existem vários benefícios que derivam da segmentação de mercado. São eles: a) a segmentação é uma abordagem muito útil ao marketing de uma empresa menor. Ela possibilita visar a mercados adequados às competências da empresa e torna possível a empresa menor criar um nicho defensível; b) ajuda a identificar as lacunas do mercado, isto é, segmentos não atendidos ou subtendidos. Estes podem fornecer áreas para o desenvolvimento de novos produtos ou a extensão da gama de produtos ou serviços existentes; c) em mercados maduros ou sem declínio, será possível identificar segmentos específicos ainda em crescimento; d) a segmentação permite ao profissional de marketing adequar melhor o produto o serviço às necessidades do mercado-alvo. Desta maneira, pode-se construir uma posição competitiva mais forte; e) nunca é demais enfatizar os perigos de não segmentar o mercado quando os concorrentes o fazem. Uma maneira para fazer o alcance de segmentação de maneira mais clara é distinguir os três níveis de segmentação; tem a segmentação estratégica que está relacionada com as preocupações gerenciais para a missão corporativa, que é baseada no uso de produto/serviço e benefícios para o cliente; a segmentação gerencial que se preocupa com os orçamentos e funcionários para o mercado-alvo; e a segmentação operacional que visa atingir as comunicações de marketing e vender esforços nos canais de distribuição, para alcançar e influenciar os mercados e suas subdivisões. Uma empresa que tem como foco consumidores que possuam hábitos saudáveis, podese afirmar que ela identificou seu mercado-alvo através da segmentação de consumidores com base no estilo de vida. Portanto, ela vai desenvolver e/ou criar produtos (cereais ou refrigerantes zero ou alimentos orgânicos e etc) que atendam as expectativas de seus clientes de modo que eles se tornem um grupo específico do seu público (Kotler, 2006). 2.2.3 Marketing de Nicho 47 Um nicho é um grupo definido mais estritamente para quem procura por um mix de benefícios distintos, em geral, para identificar nichos os profissionais de marketing subdividem um segmento em subsegmentos, por exemplo, uma seguradora de automóveis que vende seguros fora do padrão aos motoristas de risco – com histórico de dirigir alcoolizado, cobrando um alto valor por essa cobertura. Ela vende um produto diferenciado, para um cliente diferenciado, mas, para ele adquiri esse serviço é necessário desembolsar uma quantia elevada. Para Kotler (2006) um nicho atraente tem seguintes características: os clientes têm um conjunto de necessidades distintas, esses mesmo clientes concordam em pagar um preço mais alto à empresa que melhor suprir essas necessidades, o nicho não costuma atrair outros concorrentes, ele gera receitas por meio da especialização, tem potencial para crescer e gerar lucros maiores. O nicho e segmentação de mercado são similares, mas enquanto os segmentos são grandes e atraem vários concorrentes, os nichos são pequenos e normalmente atraem apenas uma ou duas empresas. Algumas grandes empresas estão aderindo ao marketing de nicho e segmentando rigorosamente seu negócio. As organizações que praticam esse marketing entendem tão profundamente as necessidades de seus clientes, e atendem as suas expectativas, que eles estão dispostos a pagar um valor alto para usufruir desse produto/serviço (Weinstein, 1995). Em geral as empresas aderentes a essa estratégia, se encontram em mercados estáveis, são familiares ou de capital fechado e antigas. São dedicadas aos seus clientes, oferecem desempenho superior, serviço responsável, entrega pontual e proximidade com o consumidor, o preço baixo e promoção não faz parte da realidade desses negócios. As estratégias de nicho são bastante adequada para situações nas quais existem dentro do mercado total, bolsões definidos e rentáveis, mas mal atendidos, então a empresa seu diferencial como a vantagem para atender a esses clientes. O primeiro passo da estratégia é escolher em quais mercados vai se concentrar e depois colocar todos os esforços para atender exclusivamente os alvos. Uma característica dessa estratégia é a capacidade de segmentar o mercado de forma criativa, buscando identificar os nichos novos e potenciais, que ainda não foram detectados pela concorrência. A escolha deve ser feita levando em consideração a atratividade tanto do mercado como dos pontos fortes atuais ou potenciais da empresa que vai atender aquele 48 mercado. Ao selecionar o mercado é necessário investir esforços nas atividades e nos alvos selecionados, para que o tiro não saia pela culatra. O sucesso desses nichos é que ao reconhecer seu cliente em potencial eles mostram que os sonhos que até então pareciam ser impossíveis serão realizados por essa empresa, que está ao seu lado pronta para atendê-lo como um diferencial de mercado e atender as suas expectativas de forma que consiga prendê-lo ao produto/serviço, pois isso que ele deseja só se encontra com determinada organização. 49 3 CONSUMIDOR ZERO 3.1 Surgimento de Produtos Diet e Light Até os anos 80 os produtos diet e light eram restritos a comercialização apenas em farmácias e se constituíam basicamente de adoçantes dietéticos, por serem considerados medicamentos, eram controlados pela Vigilância Sanitária de Medicamentos. Em 07 de janeiro de 1988, através da portaria nº 165 da Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária / Ministério da Saúde, estes produtos passaram a ser considerados alimentos e passaram a ser controlados pela Divisão Nacional de Vigilância Sanitária de Alimentos (Hara, 2003). Paralelos a isto, as indústrias de bebidas também aguardavam a definição dos Ministérios da Saúde, Agricultura Indústria e Comércio, quanto à liberação da produção e Comercialização de refrigerantes dietéticos, que foi concedido em junho de 1988. Estes fatos foram decisivos para a expansão do mercado de alimentos para fins especiais no Brasil, iniciando-se no país a onda diet (Hara, 2003). Os alimentos para fins especiais são definidos pela legislação brasileira como alimentos especialmente formulados ou processados, nos quais se introduzem modificações no conteúdo de nutrientes, adequados à utilização em dietas diferenciadas e/ou opcionais, atendendo às necessidades de pessoas em condições metabólicas e fisiológicas. (Portaria 29/98, item 2.1)66 No Brasil os processos de globalização que vem ocorrendo desde a década de 90 juntamente com o avanço tecnológico, urbanização, industrialização e rapidez da informação, contribuíram para mudanças significativas nos hábitos alimentares das pessoas. Souza (2006) identificou que as mudanças conjunturais ocorridas no Brasil têm levado o consumo de alimentos a duas vertentes: a primeira constituída de pessoas que buscam viver mais tempo e com mais qualidade, e que preconizam a ingestão de alimentos ricos em fibras e frutas, legumes e verduras e pouca proteína animal; a segunda vertente preocupa-se com a estética e com a melhoria da performance física, visando alimentos de baixo teor calórico, principalmente os diet/light. 65 66 Registro de produtos para dietas especiais e edulcorantes passa a ser competência da área alimentos. Informações disponíveis no artigo de Celso Minoru Hara. 50 3.1.1 A diferença entre Diet, Light e Zero O termo diet começou a ser usado em nossa linguagem para indicar uma sofisticação do produto dietético, conferindo-lhe um conceito mais leve. É um termo estrangeiro que significa “dieta” ou “regime”, permitido pela legislação brasileira na rotulagem dos alimentos para fins especiais e se relaciona com alimentos dietéticos (Castro e Silva, 2005). O termo light foi criado pelo marketing para diferenciar um produto saudável de um produto dietético. (CASTRO e SILVA, 2005). Isso acabou provocando muitas dúvidas, principalmente nos consumidores. De acordo com a legislação brasileira, o termo dietético não se aplica apenas aos alimentos isentos de açúcar, ou de baixas calorias, como as maiorias das pessoas acreditam. O termo diet pode ser utilizado para alimentos destinados a dietas com restrição de nutrientes, ou seja, dietas com restrição de carboidratos, gorduras, proteínas e sódio. Então o alimento diet é aquele que recebe isenção de um dos seus componentes, podendo ser o alimento sem açúcar, mas também podendo ser alternativamente ou concomitantemente, sem gordura, ou sem sal, ou sem proteína (Hara, 2003). Já os alimentos light são aqueles que experimentaram uma redução de 25% em alguns de seus componentes, seja nos açúcares, nas gorduras totais, no sódio ou no colesterol total. Apesar das definições, encontram-se no mercado muitos alimentos intitulados como light, porém, com isenção de açúcar. E os produtos zero não possuem muita diferença quando comparados aos produtos diet, neles também existe a isenção de alguma substância presente no alimento original. A única mudança é que os alimentos zero geralmente possuem menos quilocalorias que os produtos originais (Hara, 2003). 3.1.2 Consumidor Light, Diet e Zero Os consumidores de produtos diet normalmente apresentam condições metabólicas ou fisiológicas específicas, devido a isso, precisam de alimentos especialmente formulados que elimine ou substitua algum componente como o açúcar (diabéticos), e o sal (hipertensos). Os consumidores light são pessoas que buscam produtos com menos calorias ou com quantidade 51 reduzida de algum nutriente, em comparação com o mesmo alimento em sua fórmula convencional. O consumidor zero é o consumidor dos tempos modernos, o descolado, ele busca alimentos que na sua fórmula contenham zero teor de açúcar e colesterol, e o sabor do alimento tem quer ser muito semelhante ao comum, o zero é o novo produto do mercado que é diet e light ao mesmo tempo. Esses alimentos são recomendados, por exemplo, em dietas para perder peso e manter qualidade de vida mais equilibrada. Não se pode esquecer que os alimentos zero antes de serem considerados alimentos para doenças, são os alimentos que foram lançados com a função de prevenir essas doenças crônicas (XIII SIMPEP, 2006). A Organização Mundial da Saúde considera a obesidade uma das dez maiores ameaças à integridade da saúde do mundo, pois aumenta o risco das doenças crônicas não transmissíveis67 e essas doenças são um risco considerável a saúde, além de afetam o bom desempenho da qualidade de vida e bem-estar (Lemos, 2005). “Seja por preocupação com a estética, questão de saúde ou qualidade de vida, os produtos naturais, integrais, diets e lights atraem um número cada vez maior de consumidores e já são responsáveis pela movimentação de US$5,2 bilhões por ano e negócios no país, cerca de 5% do mercado de alimentos, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos Dietéticos e Especiais (ABIAD). Somente de 2001 a 2005, as vendas saltaram de US$2,2 bilhões para US$4,3 bilhões. Nos últimos dez anos, o setor testemunhou um crescimento de 800%. (site ABIR – Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e bebidas não alcoólicas)68 Em outubro de 2004 foi realizada pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentos Dietéticos e para Fins Especiais uma pesquisa com o objetivo de detectar onde o segmento diet/light, teve maior participação no mercado. De acordo com a pesquisa69 foi constatado uma participação nos seguintes ramos alimentícios: 23% de participação no leite Longa Vida; 20,7% no mercado de goma de mascar; 19,1% no mercado de chá pronto para consumo; 18,6% no mercado de cappuccino; 11,8% no segmento de leite em pó e pão industrializado; 10,1% no mercado de maionese; 9,9% em produtos de iogurte; 9,5% no segmento de presuntos e 8,3% no segmento de refrigerantes (Pesquisa disponível nos artigos do site da Abiad). Nessa mesma pesquisa70 foi avaliado o consumo desses produtos por região e foi visto o consumo diet/light está conquistando espaço nos Estados brasileiros. Na região Norte 67 São doenças infecciosas como diabetes, cálculo biliar, doenças cardiovasculares, hipertensão e etc. http://www.abir.org.br/article.php3?id_article=3068&var_recherche=linhas+diet+e+light+engordam+lucros+ das+empresas 69 Fonte: AC Nielsen – Índice ACNielsen de Varejo. http://www.abiad.org.br/pdf/mercado_diet_light_novo.pdf 70 Fonte: Latin Panel. http://www.abiad.org.br/pdf/mercado_diet_light_novo.pdf 68 52 juntamente com o Nordeste o consumo é de 26%, no Centro-Oeste é de 29%, no leste do Rio de Janeiro é 29%, no Grande Rio de Janeiro é de 37%, na grande São Paulo é de 29%, no interior de São Paulo 35%, na região Sul 31%, em Salvador 44%, Recife 29%, Fortaleza 19%, Distrito Federal 39%, Belo Horizonte 33%, Curitiba 34% e Porto Alegre 38%. Desses Estados os produtos os mais consumidos são adoçantes participação de 100%, sucos e/ ou refrigerantes participação de 85%, pães equivalentes à 75%, sobremesas lácteas 72%, biscoitos correspondem a 34%, leite Longa Vida (Semi+Desnatado) 27%, margarinas equivalentes a 18%, aveias 16%, sorvetes 12%, maionese 7%, creme de leite 8% e requeijão com 6%. Desses consumidores relacionados acima 89% buscam saudabilidade e estão dispostos a pagar mais pela comida saudável e alimentos naturais e 50% fazem exercícios regularmente (Abiad, 2004). Por ser uma linha de produtos em expansão e com maior valor agregado, os retornos financeiros para as organizações que desenvolvem produtos diet/light são maiores, já que o mercado-alvo dessas empresas recebem uma grande pressão da sociedade e dele mesmo, para consumir alimentos que lhe proporcionem uma melhor qualidade de vida. Esses consumidores estão modificando seus hábitos alimentares, estando voltados para um padrão mais equilibrado, sem restrições e exageros, isso faz com que o consumo de alimentos com redução de açúcares, gordura aumentem a cada dia. Apesar de a classe C não ter sido o público-alvo da The Coca-Cola Company, quando foi lançado no mercado o refrigerante zero, esses consumidores devido ao aumento do seu poder aquisitivo e estabilidade financeira, aderiram ao consumo dessa nova bebida que está no mercado. Um produto isento de açúcar ou algum ingrediente, além de ser mais saudável para o consumidor também está na moda, ou seja, está em alta no mercado e tornou-se uma opção para os consumidores de bebidas carbonatadas. Logo esses consumidores que compõem essa nova classe, estão interessados em consumir produtos que possuam preço acessível ao seu bolso, e com isso o refrigerante Zero entra para as escolhas da classe C emergente, porque ela além de ser de fácil acesso é um produto mais saudável e possui um sabor muito semelhante ao refrigerante normal. Apesar de os produtos mais saudáveis serem mais caros a Coca-Cola oferece um produto com isenção de algum ingrediente com o mesmo valor do produto normal, esse diferencial faz com que o consumidor que recursos financeiros mais limitados, optem em escolher esse produto. 53 3.2 Estudo de Caso do Refrigerante Zero 3.2.1 Refrigerante O refrigerante, que é uma bebida carbonatada71, surgiu em 1772 quando um químico inglês chamado Joseph Pristly no meio de seus experimentos fez uma mistura de água com gás carbônico. Após alguns anos em 1871 nos Estados Unidos foi criada a primeira indústria de refrigerantes no mundo, a Coca-Cola que até hoje é considerada um sucesso mundial, nasceu em Atlanta no ano de 1886. Após esse ano as fábricas de refrigerantes e outras marcas da bebida não carbonatadas tiveram seu ponta pé inicial (Informações disponíveis no site da Coca-Cola Brasil)72. O consumo de alimentos líquidos numa população pode ser dimensionado pela informação aceita no mercado de que uma pessoa ingere aproximadamente 700 litros de bebidas por ano. Baseando-se num total de 288 litros per capita/ano de bebidas que são pagas, pode-se admitir que o restante, para atingir o limite de 700 litros, é constituído de água. A indústria de refrigerante é o segmento mais representativo do setor de bebidas do mercado brasileiro, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes existem aproximadamente 700 empresas de refrigerantes no Brasil essas indústrias de refrigerantes, atendem cerca de um milhão de pontos-de-venda (Silva; Yang; Costa, 2006).73 Informações cedidas pelo setor de Marketing da Norsa Refrigerantes74 apontam market share75 no segmento de refrigerantes de 55,5% em 2008; em 2009 uma participação de 54,7%; e no primeiro semestre de 2010 market share de 56%. A companhia está sempre como líder no mercado no segmento dessas bebidas gaseificadas. 71 Bebida que contém gás carbônico. Para mais Informações acessar o site da Coca http://www.cocacolabrasil.com.br/conteudos.asp?primeiro=1&item=2&secao=39&conteudo=103&qtd_conteu dos=1 73 A influência das estratégias de marketing no processo de decisão de compra dos consumidores jovens nos mercados de cerveja e refrigerantes. Artigo disponível em http://mackenzie.br/dhtm/seer/index.php/jovenspesquisadores/article/viewFile/891/408 74 Norsa Refrigerantes é fabricante dos produtos da The Coca-Cola Company no Nordeste (Estado do CE, PI, RN, BA) 75 Fatia do produto no mercado, ou seja, participação de mercado das bebidas da Coca-Cola. 72 54 3.2.2 Refrigerante Zero A empresa The Coca-Cola Company sempre buscando a melhor maneira de estar próxima ao seu cliente, e atender as suas expectativas de maneira satisfatória, foi progredindo ao longo dos anos em suas estratégias de marketing. Como no século XX as organizações competiam pela distribuição dos produtos, a Coca-Cola para estar a frente da concorrência, fez com que sua empresa torna-se um referencial na distribuição, investindo na onipresença de seus produtos. Como foi visto anteriormente, devido à concorrência acirrada no século XXI o foco das empresas deixou de ser a distribuição e passaram a ser os clientes. A Coca-Cola para estar à frente novamente dos concorrentes, investiu em pesquisas que possibilitassem compreender as expectativas do consumidor. Com esse conhecimento a empresa teria uma grande vantagem, pois, saberia quais as tendências das pessoas e dos grupos sobre as situações futuras e com isso aperfeiçoaria ou desenvolveria produtos que satisfizessem as expectativas de seus clientes. Ao assimilar essas informações essa organização estudou quais as etapas de alternativas para escolha de um produto e investiu nos processos de aprendizagem, memória, afeto e relacionamento com seu cliente. A The Coca-Cola Company percebeu que o refrigerante diet era muito associado a pessoas doentes, e que os consumidores tenham uma grande resistência em consumir esse produto. Sentindo a necessidade do consumidor em ter ao seu alcance um refrigerante com isenção de açúcares e/ou gorduras, destinado a um público moderno a empresa lançou o primeiro refrigerante light. Lançada em 1997 a Coca-Cola Light, superou a marca de 30 milhões de embalagens comercializadas por mês e se tornou líder nos refrigerantes de baixas calorias tendo participação no mercado de 27%. Apesar de ser líder no ramo dos refrigerantes a Coca-Cola mantém um contínuo processo de aprendizagem sobre seus clientes, está constantemente se renovando e buscando aperfeiçoar seus produtos para permanecer a frente na memória do consumidor. Com isso ela percebeu que o Refrigerante light apesar de ter uma boa aceitação no mercado, ainda era associado a pessoas doentes, que precisavam ter ingredientes nutricionais diferenciados, e também muitos consumidores associavam o produtos a mulheres que estavam sempre buscam o corpo mais esbelto (Informações cedidas pelo setor de Comunicação Institucional da Norsa Refrigerantes). 55 Como essa organização está com os olhos abertos para as transformações das gerações, fortalecendo seu relacionamento com os clientes, acompanhando as expectativas do consumidor em relação ao produto existente. Ela juntou todas as informações obtidas sobre as expectativas e frustrações de seus consumidores e objetivando atender as necessidades de seus grupos específicos que buscavam um produto diet/light onde o sabor não variasse muito comparado ao refrigerante comum, passou anos investindo em pesquisas e estudos para que fosse criado um refrigerante sem adição de açúcar e caloria com o sabor muito semelhante ao refrigerante original. Após anos de pesquisa e investimentos a Coca-Cola conseguiu desenvolver um produto que atendesse a necessidade do consumidor no ramo dos refrigerantes, surgiu no mercado o primeiro refrigerante zero, Sprite Zero, lançado em janeiro de 2005 na qual sua participação no segmento de refrigerantes de baixas calorias, saltou de 2,5% para 5,4% no dezembro de 2006 segundo instituto AC Nielsen. Em dois anos (2005 e 2006) o volume de vendas mensal teve um crescimento de 129% (Site da Coca-Cola Brasil).76 Em 2006 foi criado o “Kuat Zero” com as características de um produto jovem, moderno e ousado para substituir a versão do kuat light nos pontos de vendas, em fevereiro de 2007 o kuat chegou a 19% de participação do mercado. Para o lançamento desse novo produto foi criada pela Giovanni, FCB, o filme publicitário "Nhé-nhé-nhé", com formatos de 80 e 30 segundos, e dá seqüência à proposta de associar o sabor de Kuat a beijos na boca. O roteiro começa mostrando vários casais de jovens trocando carícias bem conservadoras e falando "nhé-nhé-nhé" um para o outro, em uma alusão aos discretos romances. Até que são interrompidos pelo personagem criado para as campanhas de Kuat, interpretado pelo ator Rubens Cristóforo, que anuncia: "Chegou o guaraná Kuat Zero. Agora você vai ter zero açúcar e zero nhé-nhé-nhé". Em seguida, o filme volta às cenas iniciais, mas os casais se agarram em ritmo frenético após beberem o novo refrigerante embalados por uma trilha mais rápida. No fim, o ator Rubens Cristóforo - conhecido pelo bordão "Ah, moleque" e por ser parecido com o Mr. Bean - ensaia uns passos de dança que lembram John Travolta e faz o trocadilho "Guaraná Kuat Zero: chegou, pega logo!" (Informações disponíveis no site da Coca-Cola Brasil)77 76 Informações disponíveis no site da Coca-Cola Brasil. http://www.cocacolabrasil.com.br/release_detalhe.asp?release=90&Categoria=41 77 Informações disponíveis em http://www.cocacolabrasil.com.br/release_detalhe.asp?release=34&Categoria=21 56 Alguns fatores que contribuíram pelo lançamento do Kuat Zero: acelerar a conquista do público jovem e light, através de uma nova proposta de benefício; reforçar e evoluir a idéia principal da marca, dando um papel ainda mais extremo à versão zero; apropriar-se do conceito zero, se antecipado à concorrência; obter a liderança no segmento de guaraná de baixa caloria, pois essa conquista é decisiva para assumir a liderança em guaraná total. O refrigerante zero chegou ao mercado, mostrando-se como um produto moderno, falando a língua dos jovens e mostrando que é possível unir o sabor delicioso do kuat original com benefícios de saudabilidade, ou seja, com zero açúcar.78 O objetivo da mudança do nome light para “zero” foi enfatizar que o refrigerante tem zero açúcar. Para a The Coca-Cola Company, foi constatado que o nome zero é de extrema relevância para o consumidor, pois, é uma versão para pessoas modernas que querem uma dieta mais equilibrada, e querem consumir no dia-a-dia produtos que lhes proporcionem esse bem estar mas sem abrir mão de todo o prazer. É bem diferente dos produtos diet, desenvolvidos para diabéticos, com sabor claramente inferior. 3.2.3 Coca-Cola Zero Em 2007 foi lançada a Coca-Cola Zero, um refrigerante dietético com o sabor inigualável da deliciosa Coca-Cola tradicional. Foi um sucesso, porque esse novo refrigerante de cola atendeu as expectativas dos consumidores, pois a Coca Zero não tinha o gosto residual da diet e light. Em sua estratégia de marketing, o desafio da empresa foi eliminar antigos focos de resistência, já que o maior problema dos produtos light e diet da Coca-Cola é que sempre tiveram pouco sucesso entre jovens e o público masculino, porque esses produtos diet é muito associado a mulheres com idade entre 30 e 45 anos. As palavras diet e light foram suprimidas, o nome atual é Coca Zero (o nome é o mesmo no mundo todo). As fórmulas de Coca-Cola Zero, muda de acordo com o país, o produto é adaptado às preferências de sabor dos consumidores e ajustado às respectivas legislações locais. Pode-se caracterizar a The Coca-Cola Company como uma empresa vencedora, já que ela é sensível as expectativas, desejos e necessidades de seus consumidores. Essa afirmação reforça que os consumidores somente compram produtos / serviços de uma empresa, quando 78 Informações disponibilizadas pelo setor de Comunicação Institucional da Norsa Refrigerantes Ltda. 57 ela de alguma maneira busca a melhor forma de atender a suas expectativas de seus consumidores. Ela parte do conceito de que é necessário ter suas estratégias de marketing, relacionadas aos cinco princípios básicos de Schultz (2001), na qual o cliente é o centro de tudo, os objetivos de uma organização serão mais facilmente alcançados se o cliente estiver complemente satisfeito; compreender que o cliente não compra produto e sim o que o produto faz para ele – refrigerantes zero, vende isenção de açúcares e gorduras; saber reconhecer que os mercados são heterogêneos, constituído de consumidores individuais e segmentado; os mercados são dinâmicos e praticamente todos os produtos tem uma vida limitada – o que aconteceu com os refrigerantes, diet e light. O lançamento da campanha para esse novo produto estreou no Brasil com uma campanha que traz na assinatura a sensação de poder consumir o sabor inigualável de CocaCola, mas em uma versão sem açúcar: “O que você não esperava. O sabor de sempre, zero açúcar”. A campanha conta com os filmes para TV “Revelação”, “Sutiã” e “Boomerang”, além de ações de mídia externa e Internet (disponível no site da Coca-Cola Brasil, nos releases da imprensa)79 A tabela de ingredientes80 e nutricionais da Coca-Cola zero é composta por: água gaseificada, extrato de noz de cola, cafeína, aroma natural, corante caramelo IV, acidulante ácido fosfórico e os seguintes edulcorantes artificiais: ciclamato de sódio 24mg/100ml, acessulfame de potássio 15mg/100 ml, aspartame 12mg/100ml, conservador benzoato de sódio, regulador de acidez citrato de sódio. O diferencial da Coca-Cola Zero para a light é que a zero possui menos aspartame e mais sódio, essa diferença na fórmula é para ajustar o sabor ao refrigerante normal (Rótulo da Coca-Cola Zero). Baseada em informações do relatório anual da Norsa Refrigerantes81, no primeiro mês a Coca-Cola zero conquistou 1,8% de participação no segmento de refrigerantes e as metas nos pontos de vendas ficaram em 86% acima da meta estabelecida internamente pela CocaCola Brasil. Com isso a marca ampliou sua liderança para o segmento de baixas calorias, passando de 40% (em abril de 2007), para 45,8% (em maio de 2007). Mesmo com o lançamento da Coca Zero o intuito era que a Coca light permanecesse no mercado, diferentemente do que aconteceu com o Kuat light, já que esses produtos estavam sendo destinados a públicos diferentes, mais o que começou a acontecer foi que o 79 http://www.cocacolabrasil.com.br/release_detalhe.asp?release=103&Categoria=41 Informações disponibilizadas na embalagem do produto. 81 Informações disponibilizadas pelo setor de Comunicação Institucional da Norsa Refrigerantes, informações disponíveis no Relatório Anual de 2006 Ligados pelo Sucesso. 80 58 refrigerante zero canibalizou o light além do planejado, pois a grande maioria das pessoas migraram para esse novo produto, ocasionando uma queda de 30% do mercado light, para 21%. Com isso o refrigerante light aos poucos está saindo do mercado e dando espaço para a Coca-Cola Zero que se tornou líder em vendas nos refrigerantes de baixas calorias (Informações disponibilizadas pelo setor de Comunicação Institucional da Norsa Refrigerantes). Fatores indicam que o sucesso do novo refrigerante da The Coca-Cola Company, a Coca-Cola Zero, aconteceu porque a empresa soube reconhecer as necessidades de seus consumidores e usar os princípios das estratégias de marketing, citado por Schultz, para fixar seu novo produto no mercado. Com isso concluí-se que a organização enquadrava-se na tendência de mercado de confiabilidade e qualidade, na qual os consumidores desse segmento são pessoas que possuem uma vida corrida, trabalham tempo intregal e dispõem de pouco tempo para cuidar da casa, logo eles priorizam o sabor, qualidade do produto e confiança transmitida pela marca. 59 CONSIDERAÇÕES FINAIS O consumismo exacerbado estimulado pela propaganda ocasiona uma alimentação inapropriada. Doenças crônicas surgiram numa população que modificou seus hábitos. Percebendo esta mudança e em busca de uma alimentação mais saudável, o consumidor almeja hoje por alimentos menos prejudiciais, consumindo assim aqueles que se apresentam ou indicam de algum modo isenção de gordura, açúcares, calorias e ingredientes que não sejam prejudiciais ao bom funcionamento do corpo. A necessidade de o consumidor ter uma melhor qualidade de vida gerou uma nova segmentação no mercado. Surgiram produtos diet, light, zero e sustentáveis. As empresas para atender a demanda desses novos clientes passaram a fazer altos investimentos, com o objetivo de desenvolver produtos que se adequassem as expectativas deste consumidor saudável e preocupado com o meio ambiente. Os hábitos de consumo estão em constate transformação. Estar a par dessas mudanças e acompanhar o consumidor, se faz necessário para criação de estratégias bem sucedidas e manutenção do aumento do consumo. No Brasil, a classe C vem ganhando espaço e se transformando na nova classe média, fato esse possível hoje pela estabilidade financeira do país e expansão da indústria. O acesso ao consumo da classe antes inativas / inexpressivas aqueceu o mercado. Com a nova classe média entrando no mercado consumidor e aumentando consideravelmente o consumo, muitas empresas estão investindo nesses novos consumidores, que antes tinham o poder de compra limitado, devido aos baixos salários e às dificuldades encontradas na liberação do crédito. Atualmente com uma renda maior e as grandes facilidades de crédito (parcelamento esticado e prazo para pagamento) essas pessoas adquirirem produtos que antes eram considerados artigos de luxo ou supérfulos, como por exemplo, computadores, mais de um aparelho celular, eletrodomésticos sofisticados, carros, etc. Esses consumidores deixaram de gastar apenas com o essencial a sobrevivência e passaram a investir em qualidade de . Os produtos que focam na qualidade de vida e bem-estar, estão conquistando cada vez mais espaço na vida do consumidor e nas prateleiras do mercado. Os conceitos de saudável, ecologicamente correto e sustentável chegaram para ficar, e tornam-se cada vez mais valorizados. As organizações estão desenvolvendo produtos que atendam as necessidades desse público. Assim, faz com que elas sejam vistas como organizações que se preocupa com 60 o bem-estar de todos. Utilização de produtos orgânicos, reciclagem, utilização de madeira de reflorestamento, diminuição e reaproveitamento do consumo de água são algumas das várias soluções adotadas pelas empresas no sentido de se fazer preocupadas com o meio ambiente e sustentável. No século XXI a preocupação com a saúde e estética vem impulsionando outro mercado. Surgiram então os produtos isentos ou com redução satisfatória de gordura ou açúcares ou calorias. Primeiramente surgiram os produtos diet que eram direcionados para pessoas diabéticas/ doentes, por isso as pessoas saudáveis não consumiam esses produtos diets; as empresas ao perceberem que não estavam atingindo esses novos consumidores de alimentos saudáveis, pois eles não se enquadravam nos públicos das pessoas doentes, investiram na criação e lançamento de um novo produto destinado a eles, que foram os produtos light destinados a pessoas modernas que cuidam da sua saúde e beleza do corpo. O lançamento do light foi um sucesso, teve uma excelente aceitação no mercado e esses produtos conquistaram rapidamente os consumidores saudáveis que passaram a ser os consumidores light, esses produtos de acordo com a ANVISA possuem uma redução de 25% em algum ingrediente do produto. Um desses produtos lançados, foi o refrigerante light que apesar de ter sido muito aceito no mercado, e ter atingido uma grande parte dos consumidores. A empresa The Coca-Cola Company percebendo que o consumo de refrigerantes estava perdendo sua fatia de mercado para as bebidas não carbonatadas, pensou uma maneira de reverter essa situação e investiu em uma grande pesquisa para conseguir fabricar um produto que tivesse isenção de açúcar e redução de calorias. Surgiu assim, o refrigerante zero, que conseguiu somar a esse novo produto um valor agregado, além de o sabor do refrigerante muito semelhante ao refrigerante normal, destinando-se a um público descolado, homens e mulheres de diversas faixas etárias que se preocupa com a alimentação, mas não deixa de lado o interesse de ter um corpo definido e bem cuidado. Qualidade de vida, sustentabilidade e o avanço da classe C são as novas tendências que estão crescendo e chamando atenção das organizações. Crescer no mercado e ter um diferencial é a vantagem competitiva que fará com que a empresa sobressalte-se no mercado, e para isso acontecer é necessário que a empresa conheça seu cliente, compreenda quais suas expectativas em relação aos produtos e procure a melhor maneira de atendê-lo fazendo que ele torne-se leal a marca. Ao conhecer o cliente a organização pode optar e ter nichos de marketing, já que um grupo específico que tem uma necessidade específica está disposto a pagar mais caro para satisfazer seus desejos. 61 A Coca-Cola Zero é um exemplo de estratificação de nicho de marketing de sucesso, pois ela detectou a necessidade do consumidor, que era ter um produto saudável com o sabor semelhante ao original, e desenvolveu um produto que atendesse as expectativas de grupo específico. O ramo alimentício tem que estar sempre se renovando e buscando novas técnicas que superem as já existentes, pois o alimento saudável é consumido não somente pela necessidade de ter uma maior expectativa de vida juntamente com uma melhor qualidade de vida e sim pelo sabor e prazer que proporciona ao consumidor. Um produto zero quanto mais próximo tiver seu sabor ao original, mais ele estará presente nas compras do consumidor. A The Coca-Cola Company está constantemente se reciclando de modo a adaptar-se as mudanças dos consumidores, sugerindo produtos e/ou comunicações que se adéqüem as necessidades destes consumidores ou até mesmo percebendo-as antes do próprio mercado. 62 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ABIAD. Disponível em: <http://www.abiad.org.br/>. Acesso em 10 jul. 2010. ALCALDE, T. Consumo Insustentável. As Novas Regras do Jogo. Revista Consumidor Moderno, edição 148, junho de 2010. ANVISA. Resolução - RDC nº 39, de 21 de março de 2001, Diário Oficial da União D.O.U. de 22/3/2001. BAUDRILLARD, J. A sociedade de consumo. Rio de Janeiro: Elfos, 1995. BLACKWELL, Roger D.; MINIARD, Apul W.; ENGEL, James F. Comportamento do consumidor. São Paulo: Cenga Ge Learning, 2009. Brasil Food Trends 2020. Disponível em: <http://www.brasilfoodtrends.com.br/Brasil_Food_Trends/index.html>. Acesso em 12 out. 2010. CASTRO, A.G.P.; SILVA, S.M.C.S. Afinal o que é diet e light? 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