Sons anormais do coração Nas doenças do coração, os sons anormais podem aparecer durante o silêncio sistólico ou durante o silêncio diastólico. Se ocorrerem no início do silêncio usa- se para defini-los o prefixo proto, mas se eles se estendem do início ao meio do silêncio, então se usa meso. Também são meso os sons anormais que ocorrem apenas no meio do silêncio. Quando eles aparecem no final dos silêncios, são designados pelo prefixo tele. Quando o ruído anormal ocupa todo o silêncio, usa- se o prefixo holo. Esses prefixos são aplicados tanto na sístole quanto na diástole. Alteração da intensidade das bulhas A intensidade da 1ª e da 2ª bulha pode ser aumentada (hiperfonese) e diminuída (hipofonese). A 1ª bulha depende da posição dos folhetos atrioventriculares no início da sístole ventricular. Depende também do estado contrátil do miocárdio. Também alguns fatores extracardíacos, tais como derrame pericárdio, pulmões enfisematosos e parede torácica espessa, tedem abafar os sons gerados pelo coração, levando à hipofonese das 2 bulhas cardíacas. Os sons da 2ª bulha dependem do gradiente de pressão existente entre as grandes artérias (aorta e pulmonar) e os respectivos ventrículos. A aceleração de cada válvula é proporcional ao gradiente de pressão a que ela está submetida. Desdobramento de bulha Tanto a 1ª quanto a 2ª bulha são formadas por dois sons. Os sons formados pela 1ª bulha são gerados pelo fechamento das válvulas tricúspide e mitral, enquanto da 2ª bulha são formadas pelo fechamento das vávulas semilunares aórtica e pulmonar. Quando o fechamento das valvas atrioventriculares não é simultâneo, então se ouvirá a 1ª bulha desdobrada em dois sons que correspondem as válvulas tricúspide e mitral. O mesmo pode acontecer com as outra duas válvulas e nisso ocorre a substituição de um dos sons normais do coração e isso chamamos de desdobramento de bulha. O desdobramento da 1ª bulha não deve ser confundido com a presença de Quarta bulha (S4) ou de cliques pré ou proto- sistólicos. Os principais cliques são: os estalidos de abertura e as bulhas de ejeção sistólica. O desdobramento da 2ª bulha deve ser distinguido da presença de S3 ou de um clique proto- diastólico. Sopros Os sopros cardíacos são ruídos longos que muitas vezes substituem as bulhas cardíacas normais. Todavia, podem ocorrer também entre elas, ocupando total ou parcialmente os silêncios do ciclo cardíaco. Os sopros se formam quando ocorrem turbilhões na massa sanguínea. Esses movimentos do sangue em remoinhos são produzidas quando o sangue está em alta velocidadee passa pelos orifícios valvares estriados ou ainda quando as valvas não se fecham adequandamente, permitindo o refluxo sanguineo. O sopro será sistólico nos casos de influência mitral ou tricúspide. Quando existe estenose das valvas atrioventriculares ou insuficiência das valvas arteriais, o sopro ocorrerá na diástole ventricular (diastólico), pois, nesse caso, é no grande silêncio que ocorre o refluxo das artérias para os ventrículos (valva insuficiente), ou a turbulência gerada pelo sangue ao passar pela valva atrioventricular estriada. Quanto às variações de intensidade, os sopros podem ser classificados também em: - crescendo = quando a energia cinética do turbilhão de sangue vai aumentando progressivamente. - decrescendo = quando a velocidade é inicialmente alta e então decai progressivamente com o tempo. - crescendo- decrescendo = quando a energia cinética do turbilhão sanguineo aumenta e em seguida diminui. - Constante = quando se mantém invariável com o decorrer de tempo. Os cliques: bulha de ejeção sistólica e estalido de abertura valvar Quando há prolapso valvar ou então dos folhetos valvares, podem ser gerados sons curtos, agudos e secos (pouco reverberantes) resultantes da súbita desaceleração das válvulas acometidas pela doença. Tais movimentos são conhecidos como bulhas ou cliques de ejeção. Nas patologias que produzem endurecimento e espessamento valvular, a aberturada valva pode gerar estalidos típicos. Um exemplo importante é o que ocorre na valva mitral afetada pela febre reumática. As bulhas de ejeção exigem diagnóstico diferencial com o desdobramento da primeira bulha e com a presença de S4, enquanto os estalidos de abertura mitral e da tricúspide precisam ser diferenciados dos desdobramentos da Segunda bulha e da presença de S3. Em ambos os casos, o caráter reverberante, sonoro e grave, tanto de S3 como de S4, é fator fundamental na distinção entre esses sons.