Testemunho 1 - Carmelo de Santos

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Testemunho
Minha
vocação
ao
Carmelo
brotou
de
uma
experiência profunda de fé em um Deus que me amou por
primeiro.
Não creio que exista, para a pessoa humana, momento mais
importante, mais belo e mais decisivo do que esse. Pela primeira vez captei o
que significava não ter necessidade de nada, isto é, como Deus é suficiente,
só Deus basta!
Somente essa experiência tão jubilosa e profunda pode transformar
minha vida.
Antes nunca pensara em fazer-me religiosa e menos ainda
Monja Carmelita descalça. Quando jovem, toda vez que passava pelo
Carmelo sentia-me tomada por um não sei quê de transcendente e
misterioso. Representando-o austero e quase inacessível por sua elevação,
julgava-me indigna da tal aspiração. Além disso, as Carmelitas que ali viviam,
pareciam-me criaturas privilegiadas desde a infância e como que feitas de
outra massa...
Por outra parte, animava-me o espírito apostólico; empolgava-me o
exemplo de Santa Teresa do Menino Jesus que, sem sair da clausura, foi
proclamada por Pio XI Padroeira das Missões.
Estava convicta de que, aplicando totalmente minha capacidade de
amar na adoração e na prece, tudo seria assumido, santificado e utilizado
para a Redenção do mundo. Sentia que a clausura não isolava as
contemplativas da comunhão do Corpo Místico de Cristo, mas as colocava no
Coração mesmo da Igreja. Aliás, não podia ser de outro modo, pois quem se
doa totalmente a Deus, abre-se ao mesmo tempo para uma dimensão
universal de amor desinteressado por todos os homens.
A fé fez-me entrever a Deus como o Bem Supremo, como o Único
Necessário. Assim, atraída por Ele como a um pólo de atração irresistível,
entrei para o Carmelo.
O Carmelo trouxe-me a resposta a todas as minhas aspirações, ou
melhor, ultrapassou minhas expectativas. Passaram-se os anos, mas o
Senhor Jesus tem servido o “bom vinho” até agora...Deus é sempre novo,
sempre surpreendente.
O contentamento e a alegria que experimento dentro destes muros
são indizíveis. Estar reservada para o amor é algo tão sublime, que torna
impossível qualquer consideração que não seja de agradecimento, de
adoração e de ação de graças.
“Quisera que todos se fizessem como eu!”
No Carmelo tudo é simples, porque tudo fala de Deus. Vamos a Ele no
acontecer das pequenas coisas do dia a dia; é o sabor de Deus na insipidez
do humano.
Constatei a misteriosa relação que pode existir entre a renúncia e a
alegria, entre o sacrifício e a expansão do coração, entre a disciplina e a
liberdade espiritual. É a alegria feita oferenda e doação.
A própria feminilidade – muitas vezes considerada pela opinião pública
como loucamente sacrificada na vida religiosa – é reencontrada e dilatada
num plano superior: o do Reino de Deus.
O coração da monja contemplativa não está fechado em si mesmo;
pela íntima união com Cristo torna-se sensível para captar e sentir as
necessidades da humanidade. Assim, nos colocamos como Moisés no alto da
montanha para interceder pelo povo. Usando uma comparação mais moderna:
procuramos abrasar o mundo com o fogo da Verdade e do amor revelados,
assim como os técnicos do átomo acendem os foguetões espaciais; à
distância.
Concluo em Ação de Graças; é o sentimento que predomina
constantemente em experimentou a bondade de Deus.
Por Ele, com Ele e nEle toda a honra e toda a glória a Deus Pai, na
unidade do Espírito Santo!
Irmã Teresa Margarida do Coração de Jesus, ocd
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