Janeiro 2010 Convicções para 2010 Gestão de Activos Os mercados accionistas têm registado fortes valorizações desde Março de 2009, e espera-se que esta tendência se mantenha. A Paulo Monteiro [email protected] Telf.: 21 382 17 48 performance das acções tem superado o desempenho das Raúl Póvoa Obrigações de Dívida Pública e de Dívida Privada. [email protected] Telf.: 21 382 17 48 Joana Fernandes [email protected] Telf.: 21 382 17 48 No segundo semestre de 2009, as principais economias desenvolvidas iniciaram, finalmente, a tão esperada recuperação da pior recessão dos últimos sessenta anos. O ritmo da recuperação, contudo, antecipa-se lento e vulnerável a vários factores, nomeadamente, à reversão dos estímulos monetários e governamentais, e à retoma do consumo e investimento privados. Os mercados accionistas valorizaram mais de 70%, desde osmínimos deMarço. Desde os mínimos de Março, os índices accionistas registaram um dos melhores períodos de sempre, com valorizações superiores a 70%. Após as quedas abruptas nos últimos meses de 2008, induzidas, em larga medida, por pânico e deleveraging, os mercados encetaram uma recuperação praticamente ininterrupta, acompanhada por uma diminuição acentuada da volatilidade implícita nas opções sobre acções e Banco Invest, SA índice accionistas. www.bancoinvest.pt Av. Eng. Duarte Pacheco Torre 1, 11º andar 1070-101 Lisboa Portugal Neste documento, agora que se inicia um novo ano, são apresentadas as 10 mais fortes convicções para 2010, no que respeita a investimentos e alocação de activos. Página 1 Janeiro 2010 10 Convicções para 2010 Neste início de 2010, propomo-nos partilhar as nossas 10 mais fortes convicções, no que respeita a investimentos e alocação de activos nos próximos doze meses: 1. As Acções mantém a tendência de valorização iniciada em 2009, e que deverá manter-se por vários anos. Com efeito, sem considerar os dividendos, a rendibilidade anualizada, por exemplo, do S&P-500 nos últimos dez anos é de -2.6% (!), o que compara com uma média de 6.5%. Ou seja, os últimos dez foram (anormalmente) negativos para Acções. E, mais importante, historicamente períodos tão negativos, como este último foi, são seguidos de prolongadas valorizações. Rendibilidade anual do S&P-500, em períodos móveis de 10 anos 20% + 2 D.Padrão 15% 10% 5% Média 0% -5% - 2 D.Padrão 19 37 19 42 19 47 19 52 19 57 19 62 19 67 19 72 19 77 19 82 19 87 19 92 19 97 20 02 20 07 -10% Fonte: Bloomberg, Banco Invest 2. Enquanto classe de activos, as Acções registam um melhor desempenho que as Obrigações de Dívida Pública. Considerando os resultados por acção (EPS) para, por exemplo, o Índice S&P-500 e as actuais yields da dívida soberana, as acções situam-se a níveis muito interessantes, a médio prazo. Por outro lado, o nível de endividamento público nas economias desenvolvidas (EUA, Europa e Japão) limita os ganhos da Dívida Pública. Página 2 Janeiro 2010 Yield Gap – S&P-500 versus Taxas de Juro 10 anos 4% Acções Sobreavaliadas 3% 2% 1% 0% -1% Acções Subavaliadas -2% 1987 1992 1997 Média 2002 -1 DevPad 2007 +1 DevPad Fonte: Bloomberg, Banco Invest 3. As Acções batem, igualmente, as Obrigações de Dívida Privada (Corporate). A forte redução dos spreads de crédito, ocorrida desde meados de Março último, antecipa mais ganhos para as Acções, cujo upside, neste momento, é, mais interessante. Com efeito, considerando a relação histórica (últimos cinco anos) entre, por exemplo, os índices EuroStoxx-50 e iTraxx Main, verifica-se que o primeiro está subavaliado, cerca de 15%. EuroStoxx-50 (Acções) versus iTraxx Main (Spreads) 5500 y = -9.3924x + 3976.3 2 R = 0.4168 EuroStoxx-50 4500 3500 2500 Actual 1500 0 50 100 150 200 Spreads Crédito (Itrx Main) 250 Fonte: Bloomberg, Banco Invest 4. Os mercados accionistas dos países em desenvolvimento voltam a registar subidas superiores aos dos congéneres desenvolvidos. Líderes e impulsionadores do crescimento económico mundiais, os mercados accionistas dos países em desenvolvimento continuarão a atrair as atenções (e os fundos) dos investidores. Página 3 Janeiro 2010 MSCI World versus MSCI Emerging Markerts 350 MSCI Daily TR Net World USD 300 MSCI Daily TR Net Emerging Mkts USD 250 200 150 100 50 0 Dez-99 Dez-01 Dez-03 Dez-05 Dez-07 Dez-09 Fonte: Bloomberg 5. Ao nível dos países em desenvolvimento, a grande surpresa poderá ser o desempenho dos mercados africanos. Desde meados de 2005, o índice MSCI Arabian Markets desvalorizou 45% e o índice MSCI FM Africa valorizou 15%, ambos em USD. No mesmo período, o índice MSCI BRIC valorizou 133%, também em USD. Em relação a estes dois últimos, é interessante notar que evoluíram em linha até 2008. Desde então, os mercados africanos registaram uma significativa underperformance, a qual esperamos que se reduza no próximo ano. Com efeito, os países africanos registam taxas de crescimento económico semelhantes às dos BRIC, não têm endividamento externo, possuem elevadas reservas financeiras, e a população continua a crescer e a, progressivamente, a consumir mais. Mercados Africanos versus BRIC 350 300 MSCI BRIC MSCI FM Africa 250 200 150 100 50 Jun-05 Jun-06 Jun-07 Jun-08 Jun-09 Fonte: Bloomberg 6. O dólar norte-americano aprecia face ao euro e ao iene. Várias razões sustentam a expectativa de apreciação do dólar: Em primeiro lugar, o cidadão europeu que viaje para os Estados-Unidos não pode deixar de considerar o dólar “barato”... Ou seja, pela teoria da Paridade de Poder de Compra (PPP), o dólar está subavaliado. Em segundo, o elevado Página 4 Janeiro 2010 endividamento externo dos EUA, se por um lado constitui uma ameaça ao dólar, por outro, conduzirá à subida das yields dos Treasuries, no sentido de manter e atrair os financiadores. Também a procura por parte dos bancos de Treasuries tenderá a reduzir-se, à medida que a economia melhora e começam novamente a financiar as empresas e as famílias. Esta subida das yields, possibilitará o repatriamento de fundos de volta para os EUA e, assim, a recuperação do dólar. 7. As acções norte-americanas são outperformers relativamente às europeias. Analisando o desempenho relativo dos mercados accionistas europeu e norte-americano, medidos pelos índices DJ Stoxx 600 e S&P-500, respectivamente, constata-se que, em euros, o segundo tem perdido terreno, encontrando-se a relação entre os dois bastante abaixo da média. Numa óptica de reversão para a média, conjugada com a perspectiva de apreciação do dólar, as acções norte-americanas parecem-nos mais interessantes. Entre estas, a preferência recai nas empresas de grande capitalização bolsista (large caps) e exposição global, nomeadamente, aos países em desenvolvimento. Rácio DJ Stoxx 600 / S&P-500, em Eur 5.0 Europa subavaliada +1 D.Padrão 4.0 Média 3.0 -1 D.Padrão Europa sobreavaliada 2.0 Dez-99 Dez-01 Dez-03 Dez-05 Dez-07 Dez-09 Fonte: Bloomberg, Banco Invest 8. Beneficiando da depreciação do iene, as acções nipónicas encerram o ano com um dos melhores desempenhos. Numa economia fortemente exportadora, a eventual depreciação do iene será certamente positiva para os resultados das empresas nipónicas. Por outro lado, importa relembrar que o índice Nikkei-225 transacciona a 1/4 do valor máximo, registado em 1989. Página 5 Janeiro 2010 Evolução do Nikkei-225, em ienes 120 Nikkei-225 (base 100) 100 80 60 40 20 0 Dez-89 Dez-93 Dez-97 Dez-01 Dez-05 Dez-09 Fonte: Bloomberg, Banco Invest 9. Sectorialmente, as Telecom, as Farmacêuticas e as Financeiras batem os tradicionais benchmarks accionistas. MSCI World versus Telcom, Healthcare e Financials 180 MSCI Daily TR Net World USD Global 1200 Telecom Srvs USD 140 Global 1200 Healthcare USD Global 1200 Financial USD 100 60 20 Dez-99 Dez-01 Dez-03 Dez-05 Dez-07 Dez-09 Fonte: Bloomberg 10. Entre as Commodities, o diferencial de rendibilidade entre o Gás Natural e o Petróleo reduz-se (ver edição de Outubro-09). Spread Gás Natural - Petróleo 5 4 + 1 D.Padrão 3 2 Média 1 0 -1 - 1 D.Padrão -2 -3 Jan00 Jan02 Jan04 Jan06 Jan08 Fonte: Bloomberg, Banco Invest Página 6 Janeiro 2010 Disclaimer A informação contida neste documento tem um carácter exclusivamente informativo e particular. A informação foi obtida junto de fontes consideradas fiáveis, não sendo, contudo, possível garantir a sua precisão. As opiniões expressas são da inteira responsabilidade dos seus autores, reflectindo apenas os seus pontos de vista, os quais podem não ser coincidentes com opiniões expressas por outras áreas do Banco Invest, SA. O Banco Invest, SA rejeita qualquer responsabilidade por eventuais danos ou prejuízos resultantes, directa ou indirectamente, da utilização da informação referida neste documento. O Banco Invest, SA e os seus colaboradores poderão deter posições em qualquer activo mencionado neste documento. A reprodução de parte ou totalidade desta publicação é permitida, sujeita a indicação da fonte. Relativamente ao produto “Invest – Crescimento Dinâmico” (Carteira), as taxas de rendibilidade apresentadas são líquidas de comissões, apuradas através da média simples das carteiras individuais sob gestão discricionária. As rendibilidades dos índices que compõem o Benchrmark são obtidas junto da Bloomberg. Taxas de rendibilidade e risco calculadas com base na cotação dos diversos activos a 31-Dez09. Rendibilidades passadas não constituem garantia de rendibilidades futuras. A rendibilidade do investimento depende da evolução dos activos detidos em Carteira, e pode ser influenciada por factores políticos, económicos e financeiros, incluindo variações cambiais, que estão inter-relacionados, bem como por outros factores que afectam, genericamente, os mercados financeiros. O Desvio-Padrão mede a volatilidade das taxas de rendibilidade da Carteira – quanto maior (menor) a volatilidade, maiores (menores) as flutuações (positivas e negativas) no valor da Carteira. Página 7