ESCOLA SECUNDÁRIA DE PINHEIRO E ROSA FILOSOFIA -10º ANO Ano Lectivo: 2005/2006 O Professor: Carlos Pires Compare os tópicos a seguir apresentados com os tópicos por si elaborados (a partir da leitura dos textos indicados pelo professor). Depois, como foi feito na aula, aplique as ideias a casos concretos e pense: afinal, há ou não liberdade? A perspectiva determinista acerca da liberdade Tese determinista: Os seres humanos não são livres. Porque: § Segundo Espinosa, um ser livre seria alguém capaz de agir de modo autónomo, sem influências exteriores, sem constrangimentos, apenas por vontade própria. § Os seres humanos não são livres, pois tudo aquilo que fazem é influenciado, é comandado, pelos diversos “factores condicionantes da acção humana”. § Os seres humanos (tal como as coisas inanimadas, os animais e as plantas) estão submetidos às leis da Física: não conseguem pairar no ar nem dar saltos de 18 metros de altura, por exemplo. § Os seres humanos (tal como os outros animais e as plantas) estão dependentes de diversos mecanismos biológicos que não controlam e que permitem certas acções e tornam outras impossíveis: Têm de dormir e de comer – senão morrem; não têm membros que permitam voar; se por qualquer motivo ingerirem drogas ou álcool podem ficar viciados – o cérebro fá-los sentir um enorme desejo de voltar a consumir; herdam dos pais genes que controlam o desenvolvimento do corpo – levando a que tenham 5 dedos em cada mão, sendo um deles um polegar oponível (dedos capazes de tocar guitarra e escrever mas incapazes de agarrar um ramo e saltar como fazem os orangotangos); genes esses que (provavelmente em interacção com outros factores) também influenciam a inteligência e a personalidade – que por sua vez vão influenciar as acções e a vida em geral; etc. § A cultura em que os seres humanos são educados infiltra-se profundamente na sua maneira de pensar, levando-os a achar certas coisas certas erradas e certas coisas certas, certas coisas feias e certas coisas bonitas, etc. Por exemplo: alguns povos consideram apropriado enterrar os mortos, outros preferem queimá-los, outros preferem deitá-los a um rio que julgam sagrado, mas também existem povos que consideram que o seu dever é comer os entes queridos falecidos. 1 § Ao longo da vida, mas sobretudo na infância, acontecem experiências (positivas ou negativas) que marcam a pessoa psicologicamente (mesmo que ela não tenha consciência), levando-a a detestar, adorar ou recear certas coisas (que noutra pessoa – devido a outras influências – podem não provocar essa reacção). Por exemplo: uma criança, que ao ser amamentada, era tratada carinhosamente poderá vir a associar (mesmo que inconscientemente) o leite ao prazer e ao bem-estar – e preferindo, portanto, o leite a outras bebidas; uma criança, cuja mãe, durante a amamentação, gritasse e se mostrasse nervosa, poderá vir a associar (mesmo que inconscientemente) o leite ao desprazer e ao desconforto. § Emoções como o medo, a raiva, a inveja, o amor, o ciúme, etc., por vezes arrebatam as pessoas, fazem-nas realizar acções que de outro modo não realizariam. § Todos esses condicionalismos (e outros) são exteriores à vontade humana, são factores que não se consegue controlar, mas que actuam sobre os seres humanos, por vezes isoladamente, muitas vezes misturados uns aos outros. § A sua influência faz-se sentir em toda a vida humana: naquilo que as pessoas desejam, naquilo que fazem, no modo como avaliam o que fizeram (sentindo-se orgulhosas ou envergonhadas), etc. Todos esses condicionalismos são, portanto, as causas das acções humanas – causas exteriores à vontade de cada ser humano. § Se os seres humanos pudessem conhecer todo o conjunto desses condicionalismos, perceberiam que eles os “empurram” para um certo caminho, os obrigam a realizar cada uma das acções que realizam. Perceberiam que cada acção que realizam era inevitável, era a única que poderiam fazer, pois estava pré-determinada. Perceberiam que – mesmo quando aparentemente existem várias alternativas – nunca escolhem verdadeiramente. As suas escolhas são aparentes, ilusórias. § Como não conhecem, vivem na ilusão de que são livres. Como disse Espinosa, “os Homens têm consciência dos seus desejos” mas “ignoram as causas que os determinam”. § A ilusão da liberdade humana é tão forte que resiste a todos os desmentidos e provas em contrário, trata-se de um preconceito muito enraizado. Por exemplo: Sucede por vezes que uma pessoa está de tal modo dominada por um certo desejo (beber álcool, drogar-se, etc.) que, apesar de saber que é nocivo, o põem em prática – “vêem o melhor e executam o pior” –, mas mesmo depois disso “continua a acreditar que é livre”. Reflicta: Concorda com o determinismo? Porquê? 2